O documento discute aspectos temáticos e formais do Simbolismo presentes na poesia de Cruz e Sousa. Tematicamente, valoriza-se as sensações, emoções e impressões, preferindo sugerir em vez de nomear, com desejo de elevação e transcendência e manifestações metafísicas e espirituais. Formalmente, destaca-se a musicalidade, sinestesia, linguagem vaga e imprecisa, maiúsculas alegorizantes e rebuscamento formal herdado do Parnasianismo.
2. SIMBOLISMO
aspectos temáticos
Para
as
Estrelas
de
cristais
gelados
Num
cortejo
de
cân=cos
alados
As
ânsias
e
os
desejos
vão
subindo,
Os
arcanjos,
as
cítaras
ferindo,
Galgando
azuis
e
siderais
noivados
Passam,
das
vestes
nos
troféus
prateados,
De
nuvens
brancas
a
amplidão
ves=ndo...
As
asas
de
ouro
finamente
abrindo...
Dos
etéreos
turíbulos
de
neve
E
as
ânsias
e
os
desejos
infinitos
Claro
incenso
aromal,
límpido
e
leve,
Vão
com
os
arcanjos
formulando
ritos
Ondas
nevoentas
de
Visões
levanta...
Da
Eternidade
que
nos
Astros
canta...
SOUZA,
Cruz
e.
Siderações.
Disponível
em:
hOp://www.casadobruxo.com.br/poesia/c/sidera.htm
valorização das sensações, das emoções e das impressões;
prefere-se sugerir a nomear;
desejo de elevação – transcendência;
manifestações metafísicas – espirituais.
3. SIMBOLISMO
aspectos formais
Ah!
Toda
a
alma
num
cárcere
anda
presa,
Tudo
se
veste
de
uma
igual
grandeza
Soluçando
nas
trevas,
entre
as
grades
Quando
a
alma
entre
grilhões
as
liberdades
Do
calabouço
olhando
imensidades,
Sonha
e,
sonhando,
as
imortalidades
Mares,
estrelas,
tardes,
natureza.
Rasga
no
etéreo
o
Espaço
da
Pureza.
Ó
almas
presas,
mudas
e
fechadas
Nesses
silêncios
solitários,
graves,
Nas
prisões
colossais
e
abandonadas,
que
chaveiro
do
Céu
possui
as
chaves
Da
Dor
no
calabouço,
atroz,
funéreo!
para
abrir-‐vos
as
portas
do
Mistério?!
SOUZA,
Cruz
e.
Cárcere
das
almas.
Disponível
em:
hOp://www.casadobruxo.com.br/poesia/c/carcere.htm
musicalidade – assonâncias, aliterações e onomatopeias;
sinestesia;
linguagem vaga e imprecisa;
maiúsculas alegorizantes;
rebuscamento formal – herdado do parnasianismo.
4. QUESTÃO 01
ENEM-2009
Os
elementos
formais
e
temá=cos
relacionados
ao
contexto
cultural
do
Simbolismo
encontrados
no
poema
Cárcere
das
almas,
de
Cruz
e
Sousa,
são
a
opção
pela
abordagem,
em
linguagem
simples
e
direta,
de
temas
filosóficos.
a
prevalência
do
lirismo
amoroso
e
in=mista
em
relação
à
temá=ca
nacionalista.
o
refinamento
esté=co
da
forma
poé=ca
e
o
tratamento
meta_sico
de
temas
universais.
a
evidente
preocupação
do
eu
lírico
com
a
realidade
social
expressa
em
imagens
poé=cas
inovadoras.
a
liberdade
formal
da
estrutura
poé=ca
que
dispensa
a
rima
e
a
métrica
tradicionais
em
favor
de
temas
do
co=diano.
5. SOLUÇÃO COMENTADA
ENEM-2009
O
Simbolismo,
que
tem
como
uma
das
principais
caracterís=cas
a
transcendência,
prefere
temas
universais
[amor,
sofrimento,
religiosidade]
e
abordagem
meta_sica.
Assinale-‐se,
pois,
a
alterna=va
“c”.
6. QUESTÃO 02
revisando o simbolismo
O
período
hegemônico
da
esté=ca
simbolista
correspondeu
ao
final
do
século
XIX.
A
temá=ca
da
transcendência,
do
desejo
de
elevação
e
de
integração
permaneceu,
entretanto,
na
poesia
de
autores
renomados
do
século
XX.
Nos
versos
abaixo,
de
Cecília
Meireles,
só
não
há
traço
simbolista
em:
Eu
–
fantasma
–
que
deixo
os
litorais
humanos,
sinto
o
mundo
chorar
como
em
língua
estrangeira:
eu
sei
de
outra
esperança:
eu
conheço
outra
dor.
Quero
uma
solidão,
quero
um
silêncio,
uma
noite
de
abismo
e
a
alma
inconsú=l,
para
esquecer
que
vivo
–
libertar-‐me
Eu
sou
essa
pessoa
a
quem
o
vento
chama,
a
que
não
se
recusa
a
esse
final
convite,
em
máquinas
de
adeus,
sem
tentação
de
volta.
Todo
horizonte
é
um
vasto
sopro
de
incerteza.
Eu
sou
essa
pessoa
a
quem
o
vento
leva:
já
de
horizontes
libertada,
mas
sozinha.
7. SOLUÇÃO COMENTADA
revisando o simbolismo
O
desejo
de
integração
com
o
todo
está
presente
nas
alterna=vas
“b”
[a
repe=ção
da
forma
verbal
quero
corrobora
a
ideia
segundo
a
qual
a
morte
é
libertação,
o
que
a
estrutura
libertar-‐
me
acaba
por
reforçar],
“c”
[neste
fragmento
o
chamado
do
vento
-‐
metáfora
da
morte
–
não
é
recusado
pelo
locutor]
e
“d”
[ao
se
sen=r
levado
pelo
vento,
o
locutor
afirma
sen=r-‐se
libertado].
Assinale-‐se,
pois,
a
alterna=va
“a”.
8. QUESTÃO 03
revisando o simbolismo
Só
não
foi
devidamente
associado
a
um
comentário
crí=co
o
seguinte
trecho
de
“Emparedado”,
de
Cruz
e
Souza:
Ou,
então,
massas
cerradas,
compactas,
de
harmonias
wagnerianas,
que
cresciam,
cresciam,
subiam
em
gritos,
em
convulsões,
em
alaridos
nervosos,
em
estrépitos
nervosos,
em
sonoridades
nervosas,
em
dilaceramentos
nervosos,
em
catadupas
ver=ginosas
de
vibrações,
ecoando
longe
e
alastrando
tudo,
por
entre
a
delicada
alma
su=l
dos
ritmos
religiosos,
alados,
procurando
a
serenidade
dos
Astros...
[musicalidade
tanto
na
forma
quanto
no
conteúdo]
Como
os
mar=rizados
de
outros
Gólgotas
mais
amargos,
mais
tristes,
fui
subindo
a
escalvada
montanha,
através
de
urzes
eriçadas,
e
de
brenhas,
como
os
mar=rizados
de
outros
Gólgotas
mais
amargos,
mais
tristes.
[explanações
metalinguís8cas
sobre
a
criação
ar;s8ca]
E,
descidas,
afinal,
as
névoas,
as
sombras
claustrais
da
noite,
imidas
e
vagarosas
Estrelas
começavam
a
desabrochar
florescentemente,
numa
tonalidade
peregrina
e
nebulosa
de
brancas
e
erradias
fadas
de
Lendas...
[uso
de
imagens
vagas
e
imprecisas]
Assim
é
que
eu
a
compreendia
em
toda
a
in=midade
do
meu
ser,
que
eu
a
sen=a
em
toda
a
minha
emoção,
em
toda
a
genuína
expressão
do
meu
Entendimento
—
e
não
uma
espécie
de
iguaria
agradável,
saborosa,
que
se
devesse
dar
ao
público
em
doses
e
no
grau
e
qualidade
que
ele
exigisse,
fosse
esse
público
simplesmente
um
símbolo,
um
bonzo
an=go,
taciturno
e
cor
de
oca,
uma
expressão
serôdia,
o
público
A+B,
cujo
consenso
a
Convenção
em
letras
maiúsculas
decretara.
[fusão
do
eu-‐lírico
com
o
eu-‐biográfico]
9. SOLUÇÃO COMENTADA
revisando o simbolismo
O
comentário
referente
à
alterna=va
“b”
é
incorreto.
Neste
fragmento,
por
intermédio
de
uma
intertextualidade
bíblica,
o
locutor
fala
do
sofrimento
dos
pertencentes
à
raça
negra.
10. TEXTO
revisando o simbolismo
Em
“Emparedado”,
Cruz
e
Sousa
discute
as
teorias
cienificas
e
aris=cas
do
final
do
século
XIX
e
demonstra
como
elas
influenciam
na
[não]
recepção
de
sua
obra
pelo
único
fato
de
ele
ter
nascido
negro.
Trata-‐se
de
um
libelo
contra
o
preconceito
racial,
social
e
esté=co
levado
a
cabo
por
intermédio
da
desconstrução
discurso
determinista
que
obstou,
por
muito
tempo,
que
parcela
significa=va
da
população
=vesse
chances
compe=r
em
igualdade
de
condições
com
“os
bem
nascidos”.
11. QUESTÃO 04
revisando o simbolismo
A
apropriação
paródica
do
discurso
de
fins
do
século
XIX
não
se
dá
apenas
no
fragmento
transcrito
em:
Deus
meu!
Por
uma
questão
banal
da
química
biológica
do
pigmento
ficam
alguns
mais
rebeldes
e
curiosos
fósseis
preocupados,
a
ruminar
primi=vas
erudições,
perdidos
e
atropelados
pelas
longas
galerias
submarinas
de
uma
sabedoria
infinita,
esmagadora,
irrevogável!
Nos
países
novos,
nas
terras
ainda
sem
=po
étnico
absolutamente
definido,
onde
o
sen=mento
d’Arte
é
silvícola,
local,
banalizado,
deve
ser
espantoso,
estupendo
o
esforço,
a
batalha
formidável
de
um
temperamento
fatalizado
pelo
sangue
e
que
traz
consigo,
além
da
condição
inviável
do
meio,
a
qualidade
fisiológica
de
pertencer,
de
proceder
de
uma
raça
que
a
ditadora
ciência
d’hipóteses
negou
em
absoluto
para
as
funções
do
Entendimento
e,
principalmente,
do
entendimento
aris=co
da
palavra
escrita.
—
"Tu
és
dos
de
Cam,
maldito,
réprobo,
anatema=zado!
Falas
em
abstrações,
em
Formas,
em
Espiritualidades,
em
Requintes,
em
Sonhos!
D’alto
a
baixo,
rasgam-‐se
os
organismos,
os
instrumentos
da
autópsia
psicológica
penetram
por
tudo,
sondam,
perscrutam
todas
as
células,
analisam
as
funções
mentais
de
todas
as
civilizações
e
raças;
mas
só
escapa
à
penetração,
à
inves=gação
desses
posi=vos
exames,
a
tendência,
a
índole,
o
temperamento
aris=co,
fugidios
sempre
e
sempre
imprevistos,
porque
são
casos
par=culares
de
seleção
na
massa
imensa
dos
casos
gerais
que
regem
e
equilibram
secularmente
o
mundo.
12. SOLUÇÃO COMENTADA
revisando o simbolismo
Na
alterna=va
“c”,
o
discurso
apropriado
é
o
bíblico.