1. O relatório técnico analisa as cadeias de comercialização de 34 produtos florestais não madeireiros na Região de Integração Tocantins no Pará;
2. Utilizando o método Contas Sociais Ascendentes Alfa, identificou-se o valor da produção de R$ 205,5 milhões desses produtos em 10 municípios, e os fluxos ao longo das cadeias;
3. Os principais produtos foram açaí, cacau, castanha-do-brasil e cupuaçu, que geraram renda bruta total
1. Cadeias de Comercialização de Produtos Florestais Não
Madeireiros na Região de Integração Tocantins, Estado do
Pará
RELATÓRIO TÉCNICO
2012
BELÉM – 012
2. Governo do Estado do Pará
Simão Robison Oliveira Jatene
Governador
Helenilson Cunha Pontes
Vice-Governador / Secretário Especial de Estado de Gestão - Seges
Governador
Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará
Maria Adelina Guglioti Braglia
Presidente
Diretoria de Estudos e Pesquisas Socioeconômicas e Análise Conjuntural
Cassiano Figueiredo Ribeiro
Diretor
Diretoria de Pesquisa e Estudos Ambientais
Jonas Bastos da Veiga
Diretor
Diretoria de Estatística, Tecnologia e Gestão da Informação
Sérgio Castro Gomes
Diretor
Diretoria de Administração, Planejamento e Finanças
Planejamento
Helaine Cordeiro Félix
Diretora
2
3. Cadeias de Comercialização de Produtos Florestais Não
Madeireiros na Região de Integração Tocantins, Estado do
Pará
RELATÓRIO TÉCNICO
2012
BELÉM – PARÁ
2012
3
4. Expediente
Diretor de Pesquisa e Estudos ambientais
Jonas Bastos Veiga
Coordenadora
Marli Maria de Mattos
Elaboração Técnica: Coleta de dados:
Antônio Marcos da Silva Pereira Antônio Marcos da Silva Pereira
Daniela Monteiro da Cruz Daniela Monteiro da Cruz
Ellen Claudine Cardoso Castro Ellen Claudine Cardoso Castro
José de Alencar Costa José de Alencar Costa
Maricélia Gonçalves Barbosa Maricélia Gonçalves Barbosa
Nelma Santos Amorim dos Santos Nelma Santos Amorim dos Santos
Rafael da Silva Moraes Rafael da Silva Moraes
Tânia de Sousa Leite Tânia de Sousa Leite
Apoio Técnico:
Bruna Stafanie Carvalho Maia
Revisão:
Jonas Bastos Veiga, Fernanda Graim e Gustavo Silva
Normalização:
Glauber Ribeiro
_______________________________________________________________________
INSTITUTO DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO, SOCIAL E AMBIENTAL
DO PARÁ
Cadeias de comercialização de produtos florestais não madeireiros na Região de
Integração Tocantins, Estado do Pará: relatório técnico 2011./ Belém: IDESP, 2011.
222p.
1.Cadeias de comercialização.2.Produtos florestais não madeireiros.3.Contas sociais
alfa.4.Economia regional.I.Região de Integração.II.Pará (Estado).III.Titulo.
CDD: 381.098115
________________________________________________________________________
4
5. APRESENTAÇÃO
A extração dos produtos florestais não madeireiros (PFNM) no Brasil é de grande
importância social, econômica e ambiental. Apresenta-se como uma forma de exploração
sustentável, pois, na maioria das vezes, não implica na remoção dos indivíduos das espécies
utilizadas. Há tempos, populações tradicionais, extrativistas, ribeirinhas e agricultores
familiares utilizam produtos não madeireiros (frutos, fibras, resinas, plantas medicinais,
utensílios entre outros) para subsistência e renda. Apesar da relevância do tema, há poucas
informações sobre o mercado das espécies florestais não madeireiras, constituindo dessa
forma um fator crítico para a gestão das florestas.
O mercado internacional desses produtos é relativamente conhecido, todavia, o
mesmo não ocorre sobre a cadeia de produção e comercialização do mercado doméstico. Não
há, nos sistemas de dados oficiais, uma lista completa de produtos florestais que sejam
comercializados, principalmente no que diz respeito às espécies locais e regionais, como as
várias espécies medicinais e frutíferas. No estado do Pará, bem como em todos os estados da
Amazônia Legal, há uma carência de dados sobre o mercado de muitos produtos não
madeireiros de valor local ou regional e sua relevância para as populações rurais e urbanas
envolvidas nas cadeias de produção. As estatísticas oficiais não detectam as espécies
extrativistas que possuem mercado local, bem como as recentes demandas por produtos para
atender as indústrias cosméticas no mercado nacional e internacional.
Os resultados destas pesquisas podem contribuir para o entendimento da economia
dos PFNM no estado do Pará, destacando as potencialidades econômicas e identificando
entraves (produção e comercialização) desses diversos produtos, evidenciando os PFNM não
detectados nas estatísticas oficiais, contribuindo assim para a conservação e gestão florestal.
O presente relatório contempla os resultados das análises das cadeias de
comercialização dos PFNM da Região de Integração (RI) Tocantins.
5
6. RESUMO
Na busca do desenvolvimento sustentável, o estado do Pará necessita de atividades
econômicas produtivas que dinamizem e gerem renda às populações locais, que evitem o
desmatamento, que agreguem valor aos produtos e que reduzam as desigualdades entre
regiões. O método das Contas Sociais Ascendentes Alfa (CSα) aplicado neste estudo,
utilizando o modelo Matriz Insumo-Produto, permitiu identificar o valor da produção de Base
Agroextrativista, de 34 produtos, em 10 municípios da Região de Integração Tocantins e
acompanhar os fluxos ao longo das cadeias estudadas, passando pelos setores de
beneficiamento, transformação, comércio e serviços até seu destino final. Constatou-se que os
produtos estudados (10 alimentícios; 7 artesanatos e utensílios; 11 fitoterápicos e cosméticos;
1 derivado da madeira e; 1 derivado animal) têm significativa importância na dinâmica da
economia local, assim como para outras regiões do Pará, além dos mercados nacional e
internacional. O principal produto de destaque na RI foi o açaí (R$ 1,3 bilhão), porém com
37% da renda bruta gerada e circulada na RI Tocantins, diferente do palmito (R$ 5 milhões)
com 74% gerada e circulada fora do Pará. Outros produtos de destaque foram o cacau
amêndoa, a castanha-do-brasil, o cupuaçu, o carvão, o artesanato de miriti, o buriti e o mel. A
contabilidade social ascendente na região tem origem em milhares de famílias envolvidas no
setor da produção extrativa local, que receberam pela venda de todos os produtos o montante
de R$ 205,5 milhões (VBPα), o qual gerou R$ 766,1 milhões (VBP) na compra destes
produtos (predomínio in natura) e agregando mais de R$ 712,9 milhões (VAB), chegando a
uma renda bruta total (RBT) gerada e circulada de R$ 1,4 bilhão, com seus efeitos para frente
e para trás nas cadeias de comercialização. O estudo também demonstrou as fragilidades e
potencialidades identificadas nas cadeias, envolvendo a iniciativa privada, os órgãos
governamentais e a sociedade direta e indiretamente relacionada com as cadeias dos produtos
do agroextrativismo.
Palavras-chave: 1.Cadeias de comercialização, 2.Produtos florestais não madeireiros,
3.Contas sociais alfa, 4.Economia regional.
6
7. LISTA DE SIGLAS
ATER Assistência Técnica e Extensão Rural
CONAB Companhia Nacional de Abastecimento
CSα Contas Ascendentes Alfa
EMATER Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural
EMBRAPA Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
GPS Sistema de Posicionamento Global
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IDEFLOR Instituto de Desenvolvimento Florestal do Estado do Pará
IDESP Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará
LSPA Levantamento Sistemático da Produção Agrícola
MDA Ministério do Desenvolvimento Agrário
MDS Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome
MIP Matriz Insumo Produto
MMA Ministério do Meio Ambiente
NAEA/UFPA Núcleo de Altos Estudos Amazônicos / Universidade Federal do Pará
PAA Programa de Aquisição de Alimentos
PAM Pesquisa Agrícola Municipal
PEVS Produção da Extração Vegetal e da Silvicultura
PFNM Produtos Florestais Não Madeireiros
PIB Produto Interno Bruto
PPM Produção da Pecuária Municipal
PRBα Produto Regional Bruto de Base Agroextrativista
RBT Renda Bruta Total
RI Região de Integração
SEIR Secretaria de Estado de Integração Regional
SEMAGRI Secretaria Municipal de Agricultura
STR Sindicato dos Trabalhadores Rurais
UFPA Universidade Federal do Pará
VAB Valor Agregado Bruto ou Valor Adicionado Bruto
VABα Valor Agregado Bruto de Base Agroextrativista
VBP Valor Bruto da Produção
VBPα Valor Bruto da Produção de Base Agroextrativista
VTE Valor Transacionado Efetivo
7
8. LISTA DE FIGURAS
Figura 1- Municípios pertencentes à Região de Integração Tocantins. ..................... 30
Figura 2- Localização da Região de Integração Tocantins, estado do Pará. .............. 32
Figura 3- Delimitação do município de Cametá (linha vermelha) e a localização de
pontos georeferenciados dos agentes mercantis, entrevistados em diversas regiões do
município (pontos numerados). ................................................................................................ 33
Figura 4- Pontos georeferenciados dos agentes mercantis entrevistados na área
urbana de Cametá (pontos numerados). ................................................................................... 33
Figura 5- Estrutura (%) da quantidade amostral do açaí comercializado na RI
Tocantins, estado do Pará, no período de 2008 a 2009. ........................................................... 37
Figura 6- Principal fluxo de comercialização do açaí na RI Tocantins, estado do Pará,
no período de 2008 a 2009. ...................................................................................................... 38
Figura 7- Preço médio do açaí (R$/kg de fruto in natura) praticado nas transações
entre os setores da cadeia de comercialização, no período de 2008 a 2009, da RI Tocantins,
estado do Pará. .......................................................................................................................... 39
Figura 8- Estrutura (%) da quantidade amostral do cacau amêndoa comercializada na
RI Tocantins, no período de 2008 a 2009. ................................................................................ 51
Figura 9- Variação de preço do cacau amêndoa no mercado internacional, com base
na Bolsa de Nova York, 2008................................................................................................... 52
Figura 10- Preço médio do cacau amêndoa (R$/kg) praticado nas transações entre os
setores da cadeia de comercialização, no período de 2008 a 2009, da RI Tocantins, estado do
Pará. .......................................................................................................................................... 53
Figura 11- Estrutura (%) da quantidade amostral do palmito comercializado na RI
Tocantins, estado do Pará, no período de 2008 a 2009. ........................................................... 60
Figura 12- Preço médio do palmito (R$/kg) praticado nas transações entre os setores
da cadeia de comercialização, no período de 2008 a 2009, da RI Tocantins, estado do Pará. . 61
Figura 13- Estrutura (%) da quantidade amostral da castanha-do-brasil
comercializada na RI Tocantins, estado do Pará, no período de 2008 a 2009. ........................ 68
Figura 14- Preço médio da castanha-do-brasil (R$/kg) praticado nas transações entre
os setores da cadeia de comercialização, no período de 2008 a 2009, da RI Tocantins, estado
do Pará. ..................................................................................................................................... 69
Figura 15- Estrutura (%) da quantidade amostral do cupuaçu comercializado na RI
Tocantins, estado do Pará, no período de 2008 a 2009. ........................................................... 75
8
9. Figura 16- Preço médio do cupuaçu (R$/un.) praticado nas transações entre os
setores da cadeia de comercialização, no período de 2008 a 2009, da RI Tocantins, estado do
Pará. .......................................................................................................................................... 77
Figura 17- Estrutura (%) da quantidade amostral do carvão comercializado na RI
Tocantins, estado do Pará, no período de 2008 a 2009. ........................................................... 82
Figura 18- Preço médio do carvão (R$/saca) praticado nas transações entre os setores
da cadeia de comercialização, no período de 2008 a 2009, da RI Tocantins, estado do Pará. . 83
Figura 19- Estrutura (%) da quantidade amostral do buriti comercializado na RI
Tocantins, estado do Pará, no período de 2008 a 2009. ........................................................... 89
Figura 20- Preço médio do buriti (R$/kg) praticado nas transações entre os setores da
cadeia de comercialização, no período de 2008 a 2009, da RI Tocantins, estado do Pará....... 90
Figura 21- Estrutura (%) da quantidade amostral da bacaba comercializada na RI
Tocantins, no período de 2008 a 2009. ..................................................................................... 95
Figura 22- Preço médio da bacaba (R$/kg) praticado nas transações entre os setores
da cadeia de comercialização, no período de 2008 a 2009, da RI Tocantins, estado do Pará. . 96
Figura 23- Estrutura (%) da quantidade amostral do mel comercializado na RI
Tocantins, estado do Pará, no período de 2008 a 2009. ......................................................... 101
Figura 24- Preço médio do mel (R$/l) praticado nas transações entre os setores da
cadeia de comercialização, no período de 2008 a 2009, da RI Tocantins, estado do Pará..... 102
Figura 25- Estrutura (%) da quantidade amostral comercializada e preço médio
praticado (R$ correntes/un.) dos utensílios comercializados na RI Tocantins, estado do Pará,
no período de 2008 a 2009. .................................................................................................... 108
Figura 26- Estrutura (%) da quantidade amostral comercializada e preço médio
praticado (R$ correntes/un.) do coratá comercializado na RI Tocantins, estado do Pará, no
período de 2008 a 2009. ......................................................................................................... 112
Figura 27- Estrutura (%) da quantidade amostral comercializada e preço médio
praticado (R$ correntes/un.) do bacuri comercializado na RI Tocantins, estado do Pará, no
período de 2008 a 2009. ......................................................................................................... 116
Figura 28- Estrutura (%) da quantidade amostral comercializada e preço médio
praticado (R$ correntes/Kg) do murumuru comercializado na RI Tocantins, estado do Pará, no
período de 2008 a 2009. ......................................................................................................... 121
Figura 29- Estrutura (%) da quantidade amostral do artesanato de miriti
comercializado na RI Tocantins, no período de 2008 a 2009. ............................................... 125
9
10. Figura 30- Preço médio do artesanato de miriti (R$/braça) praticado nas transações
entre os setores da cadeia de comercialização, no período de 2008 a 2009, da RI Tocantins,
estado do Pará. ........................................................................................................................ 126
Figura 31- Estrutura (%) da quantidade amostral da andiroba comercializado na RI
Tocantins, estado do Pará, no período de 2008 a 2009. ......................................................... 132
Figura 32- Preço médio da andiroba (R$/ l) praticado nas transações entre os setores
da cadeia de comercialização, no período de 2008 a 2009, da RI Tocantins, estado do Pará.
................................................................................................................................................ 133
Figura 33- Estrutura (%) da quantidade amostral comercializada e preço médio
praticado (R$ correntes/ l) da copaíba na RI Tocantins, estado do Pará, no período de 2008 a
2009. ....................................................................................................................................... 139
Figura 34- Estrutura (%) da quantidade amostral comercializada e preço médio
praticado (R$ correntes/kg) do inajá na RI Tocantins, estado do Pará, no período de 2008 a
2009. ....................................................................................................................................... 143
Figura 35- Estrutura (%) da quantidade amostral comercializada e preço médio
praticado (R$ correntes/kg) do breu-branco comercializado na RI Tocantins, estado do Pará,
no período de 2008 a 2009. .................................................................................................... 147
Figura 36- Estrutura (%) da quantidade amostral comercializada e preço médio
praticado (R$ correntes/rolo) dos cipós comercializado na RI Tocantins, estado do Pará, no
período de 2008 a 2009. ......................................................................................................... 151
Figura 37- Estrutura (%) da quantidade amostral comercializada e preço médio
praticado (R$ correntes/l) dos leites na RI Tocantins, estado do Pará, no período de 2008 a
2009. ....................................................................................................................................... 155
Figura 38- Estrutura (%) da quantidade amostral comercializada e preço médio
praticado (R$ correntes/kg) do taperebá comercializado na RI Tocantins, estado do Pará, no
período de 2008 a 2009. ......................................................................................................... 159
Figura 39- Estrutura (%) da quantidade amostral comercializada e preço médio
praticado (R$ correntes/kg) do urucum comercializado na RI Tocantins, estado do Pará, no
período de 2008 a 2009. ......................................................................................................... 163
Figura 40- Estrutura (%) da quantidade amostral comercializada e preço médio
praticado (R$ correntes/kg) das plantas medicinais na RI Tocantins, estado do Pará, no
período de 2008 a 2009. ......................................................................................................... 167
10
11. Figura 41- Estrutura (%) da quantidade amostral comercializada e preço médio
praticado (R$ correntes/kg) da semente de cupuaçu na RI Tocantins, estado do Pará, no
período de 2008 a 2009. ......................................................................................................... 172
Figura 42- Estrutura (%) da quantidade amostral comercializada e preço médio
praticado (R$ correntes/kg) do cumaru na RI Tocantins, estado do Pará, no período de 2008 a
2009. ....................................................................................................................................... 176
Figura 43- Estrutura (%) da quantidade amostral comercializada e preço médio
praticado (R$ correntes/braça) do guarumã na RI Tocantins, estado do Pará, no período de
2008 a 2009. ........................................................................................................................... 180
11
12. LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1- VBP, em R$, pela ótica da oferta na comercialização do açaí da RI
Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008. ....................................................................... 41
Gráfico 2- VBP, VAB e a margem de comercialização (mark-up) em %, gerado na
comercialização do açaí da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008....................... 42
Gráfico 3- RBT, em R$, gerada e circulada na comercialização do açaí, considerando
sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), a partir da RI Tocantins, estado do
Pará, estimado para 2008. ......................................................................................................... 44
Gráfico 4 - Destino do volume (%) de açaí identificado na RI Tocantins, a fim de
atender as demandas de consumo local, estadual e nacional. ................................................... 45
Gráfico 5- VBP, em R$, pela ótica da oferta na comercialização do cacau amêndoa
da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008. ............................................................. 54
Gráfico 6- VBP, VAB e a margem de comercialização (mark-up) em %, gerado na
comercialização do cacau amêndoa da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008. ... 55
Gráfico 7- RBT, em R$, gerada e circulada na comercialização do cacau amêndoa,
considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), a partir da RI Tocantins,
estado do Pará, estimado para 2008.......................................................................................... 56
Gráfico 8- VBP, em R$, pela ótica da oferta na comercialização do palmito da RI
Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008. ....................................................................... 62
Gráfico 9- VBP, VAB e a margem de comercialização (mark-up) em %, gerado na
comercialização do palmito da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008. ................ 63
Gráfico 10- RBT, em R$, gerada e circulada na comercialização do palmito,
considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), a partir da RI Tocantins,
estado do Pará, estimado para 2008.......................................................................................... 64
Gráfico 11- VBP, em R$, pela ótica da oferta na comercialização da castanha-do-
brasil da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008. ................................................... 70
Gráfico 12- VBP, VAB e a margem de comercialização (mark-up) em %, gerado na
comercialização da castanha-do-brasil da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008.
.................................................................................................................................................. 71
Gráfico 13- RBT, em R$, gerada e circulada na comercialização da castanha-do-
brasil, considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), a partir da RI
Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008. ....................................................................... 72
Gráfico 14- VBP, em R$, pela ótica da oferta na comercialização do cupuaçu da RI
Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008. ....................................................................... 78
12
13. Gráfico 15- VBP, VAB e a margem de comercialização (mark-up) em %, gerado na
comercialização do cupuaçu da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008. ............... 79
Gráfico 16 - RBT, em R$, gerada e circulada na comercialização do cupuaçu,
considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), a partir da RI Tocantins,
estado do Pará, estimado para 2008.......................................................................................... 80
Gráfico 17- VBP, em R$, pela ótica da oferta na comercialização do carvão da RI
Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008. ....................................................................... 84
Gráfico 18- VBP, VAB e a margem de comercialização (mark-up) em %, gerado na
comercialização do carvão da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008. ................. 85
Gráfico 19- RBT, em R$, gerada e circulada na comercialização do carvão,
considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), a partir da RI Tocantins,
estado do Pará, estimado para 2008.......................................................................................... 86
Gráfico 20- VBP, em R$, pela ótica da oferta na comercialização do buriti da RI
Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008. ....................................................................... 91
Gráfico 21- VBP, VAB e a margem de comercialização (mark-up) em %, gerado na
comercialização do buriti da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008. ................... 92
Gráfico 22- RBT, em R$, gerada e circulada na comercialização do buriti,
considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), a partir da RI Tocantins,
estado do Pará, estimado para 2008.......................................................................................... 93
Gráfico 23- VBP, em R$, pela ótica da oferta na comercialização da bacaba da RI
Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008. ....................................................................... 97
Gráfico 24- VBP, VAB e a margem de comercialização (mark-up) em %, gerado na
comercialização da bacaba da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008. ................. 98
Gráfico 25- RBT, em R$, gerada e circulada na comercialização da bacaba,
considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), a partir da RI Tocantins,
estado do Pará, estimado para 2008.......................................................................................... 99
Gráfico 26- VBP, em R$, pela ótica da oferta na comercialização do mel da RI
Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008. ..................................................................... 103
Gráfico 27- VBP, VAB e a margem de comercialização (mark-up) em %, gerado na
comercialização do mel da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008. .................... 104
Gráfico 28- RBT, em R$, gerada e circulada na comercialização do mel,
considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), a partir da RI Tocantins,
estado do Pará, estimado para 2008........................................................................................ 105
13
14. Gráfico 29- VBP, em R$, pela ótica da oferta na comercialização dos utensílios da RI
Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008. ..................................................................... 109
Gráfico 30- VBP, VAB e a margem de comercialização (mark-up) em %, gerado na
comercialização dos utensílios da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008. ......... 110
Gráfico 31- RBT, em R$, gerada e circulada na comercialização dos utensílios,
considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), a partir da RI Tocantins,
estado do Pará, estimado para 2008........................................................................................ 111
Gráfico 32- VBP, em R$, pela ótica da oferta na comercialização do coratá da RI
Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008. ..................................................................... 113
Gráfico 33- VBP, VAB e a margem de comercialização (mark-up) em %, gerado na
comercialização do coratá da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008. ................ 114
Gráfico 34- RBT, em R$, gerada e circulada na comercialização do coratá,
considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), a partir da RI Tocantins,
estado do Pará, estimado para 2008........................................................................................ 115
Gráfico 35- VBPα, em R$ gerado na comercialização do bacuri, pela óptica da oferta,
em 2008, em dez municípios da RI Tocantins, estado do Pará. ............................................. 117
Gráfico 36- VBP, VAB e a margem de comercialização (mark-up) em %, gerado na
comercialização do bacuri da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008. ................ 118
Gráfico 37- RBT, em R$, gerada e circulada na comercialização do bacuri,
considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), a partir da RI Tocantins,
estado do Pará, estimado para 2008........................................................................................ 119
Gráfico 38- VBPα, em R$ gerado na comercialização do murumuru, pela óptica da
oferta, em 2008, em dez municípios da RI Tocantins, estado do Pará. .................................. 122
Gráfico 39- VBP, VAB e a margem de comercialização (mark-up) em %, gerado na
comercialização do murumuru da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008. ......... 123
Gráfico 40- A RBT, em R$ na comercialização do murumuru, considerando sua
composição pela óptica da demanda (VBP + VAB), em dez municípios da RI Tocantins,
estado do Pará, em 2008. ........................................................................................................ 124
Gráfico 41- VBP, em R$, pela ótica da oferta na comercialização do artesanato de
miriti da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008. ................................................. 127
Gráfico 42- VBP, VAB e a margem de comercialização (mark-up) em %, gerado na
comercialização do artesanato de miriti da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008.
................................................................................................................................................ 128
14
15. Gráfico 43- RBT, em R$, gerada e circulada na comercialização do artesanato de
miriti, considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), a partir da RI
Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008. ..................................................................... 129
Gráfico 44- VBP, em R$, pela ótica da oferta na comercialização da andiroba da RI
Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008. ..................................................................... 134
Gráfico 45- VBP, VAB e a margem de comercialização (mark-up) em %, gerado na
comercialização da andiroba da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008. ............ 135
Gráfico 46- RBT, em R$, gerada e circulada na comercialização da andiroba,
considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), a partir da RI Tocantins,
estado do Pará, estimado para 2008........................................................................................ 136
Gráfico 47- VBP, em R$, pela ótica da oferta na comercialização da copaíba da RI
Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008. ..................................................................... 140
Gráfico 48- VBP, VAB e a margem de comercialização (mark-up) em %, gerado na
comercialização da copaíba da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008. .............. 141
Gráfico 49- RBT, em R$, gerada e circulada na comercialização da copaíba,
considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), a partir da RI Tocantins,
estado do Pará, estimado para 2008........................................................................................ 142
Gráfico 50- VBP, em R$, pela ótica da oferta na comercialização do inajá da RI
Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008. ..................................................................... 144
Gráfico 51- VBP, VAB e a margem de comercialização (mark-up) em %, gerado na
comercialização do inajá da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008. .................. 145
Gráfico 52- RBT, em R$, gerada e circulada na comercialização do inajá,
considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), a partir da RI Tocantins,
estado do Pará, estimado para 2008........................................................................................ 146
Gráfico 53- VBP, em R$, pela ótica da oferta na comercialização do breu-branco da
RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008. ................................................................ 148
Gráfico 54- VBP, VAB e a margem de comercialização (mark-up) em %, gerado na
comercialização do breu-branco da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008. ....... 149
Gráfico 55- RBT, em R$, gerada e circulada na comercialização do breu-branco,
considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), a partir da RI Tocantins,
estado do Pará, estimado para 2008........................................................................................ 150
Gráfico 56- VBP, em R$, pela ótica da oferta na comercialização dos cipós da RI
Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008. ..................................................................... 152
15
16. Gráfico 57- VBP, VAB e a margem de comercialização (mark-up) em %, gerado na
comercialização dos cipós da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008. ................ 153
Gráfico 58- RBT, em R$, gerada e circulada na comercialização dos cipós,
considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), a partir da RI Tocantins,
estado do Pará, estimado para 2008........................................................................................ 154
Gráfico 59- VBP, em R$, pela ótica da oferta na comercialização dos leites da RI
Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008. ..................................................................... 156
Gráfico 60- VBP, VAB e a margem de comercialização (mark-up) em %, gerado na
comercialização dos leites da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008. ................ 157
Gráfico 61- RBT, em R$, gerada e circulada na comercialização dos leites,
considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), a partir da RI Tocantins,
estado do Pará, estimado para 2008........................................................................................ 158
Gráfico 62- VBP, em R$, pela ótica da oferta na comercialização do taperebá da RI
Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008. ..................................................................... 160
Gráfico 63- VBP, VAB e a margem de comercialização (mark-up) em %, gerado na
comercialização do taperebá da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008. ............ 161
Gráfico 64- RBT, em R$, gerada e circulada na comercialização do taperebá,
considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), a partir da RI Tocantins,
estado do Pará, estimado para 2008........................................................................................ 162
Gráfico 65- VBP, em R$, pela ótica da oferta na comercialização do urucum da RI
Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008. ..................................................................... 164
Gráfico 66- VBP, VAB e a margem de comercialização (mark-up) em %, gerado na
comercialização do urucum da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008. .............. 165
Gráfico 67- RBT, em R$, gerada e circulada na comercialização do urucum,
considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), a partir da RI Tocantins,
estado do Pará, estimado para 2008........................................................................................ 166
Gráfico 68- VBP, em R$, pela ótica da oferta na comercialização das plantas
medicinais da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008. ......................................... 168
Gráfico 69- VBP, VAB e a margem de comercialização (mark-up) em %, gerado na
comercialização das plantas medicinais da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008.
................................................................................................................................................ 169
Gráfico 70- RBT, em R$, gerada e circulada na comercialização das plantas
medicinais, considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), a partir da RI
Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008. ..................................................................... 170
16
17. Gráfico 71- VBP, em R$, pela ótica da oferta na comercialização da semente de
cupuaçu da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008. ............................................. 173
Gráfico 72- VBP, VAB e a margem de comercialização (mark-up) em %, gerado na
comercialização da semente de cupuaçu da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008.
................................................................................................................................................ 174
Gráfico 73- RBT, em R$, gerada e circulada na comercialização da semente de
cupuaçu, considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), a partir da RI
Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008. ..................................................................... 175
Gráfico 74- VBP, em R$, pela ótica da oferta na comercialização do cumaru da RI
Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008. ..................................................................... 177
Gráfico 75- VBP, VAB e a margem de comercialização (mark-up) em %, gerado na
comercialização do cumaru da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008. .............. 178
Gráfico 76- RBT, em R$, gerada e circulada na comercialização do cumaru,
considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), a partir da RI Tocantins,
estado do Pará, estimado para 2008........................................................................................ 179
Gráfico 77- VBP, em R$, pela ótica da oferta na comercialização do guarumã da RI
Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008. ..................................................................... 181
Gráfico 78- VBP, VAB e a margem de comercialização (mark-up) em %, gerado na
comercialização do guarumã da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008. ............ 182
Gráfico 79- RBT, em R$, gerada e circulada na comercialização do guarumã,
considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), a partir da RI Tocantins,
estado do Pará, estimado para 2008........................................................................................ 183
17
18. LISTA DE TABELAS
Tabela 1- Produtos florestais não madeireiros identificados na Região de Integração
Tocantins, com quantidade e valor pago à produção local, de acordo com a amostragem
realizada em campo, no período de 2008 a 2009. .................................................................... 34
Tabela 2- Demanda final (local, estadual e nacional), em R$ e %, dos produtos
florestais não madeireiros, identificados nos dez municípios da RI Tocantins, PA, em 2008.
................................................................................................................................................ 185
Tabela 3- VAB (local, estadual e nacional), em R$ dos produtos florestais não
madeireiros, identificados nos dez municípios da RI Tocantins, PA, em 2008. .................... 186
Tabela 4- VAB (R$) na esfera local, estadual e nacional dos produtos florestais não
madeireiros, identificados na RI Tocantins, em 2008; organizados em cinco categorias:
alimentícios, derivados de madeira, artesanato, derivados de animal e
fitoterápicos/cosméticos. ........................................................................................................ 187
Tabela 5- RBT, em (R$), na esfera local, estadual e nacional dos produtos florestais
não madeireiros, identificados na RI Tocantins, em 2008, organizados em três categorias
relativas com escalas de valor da RBT (acima de R$ 600 mil, entre R$ 90 mil a 599 mil e
abaixo de R$ 90 mil). ............................................................................................................. 188
Tabela 6- Variáveis econômicas dos produtos florestais não madeireiros,
identificados na RI Tocantins, compostas pelo VBPα, a margem de lucro (mark-up), o VBP, o
VAB e a RBT, em R$ nas esferas local, estadual e nacional, em 2008. ................................ 190
18
22. 1 INTRODUÇÃO
O crescimento das atividades produtivas econômicas e principalmente o aumento da
densidade demográfica em escala mundial, resultou em um forte avanço sobre os recursos
naturais, dentre eles as florestas primárias, culminando em altos índices de desmatamento.
Diante desse contexto a Região Amazônica vem alcançando destaque, ao longo dos anos, no
cenário mundial, explicitando a necessidade da conservação de sua mega diversidade pelo
papel que esta desempenha, bem como em razão dos riscos assumidos conforme o quadro de
mudanças globais (IPCC, 2007).
Diante da ênfase dada às questões ambientais na Região Amazônica, o Pará é um dos
estados que antecedem os primeiros lugares no ranking do desmatamento na região, com uma
área desmatada de 63.235 km², no acumulado de 1999 a 2008, cerca de 5% do seu território.
Quando relacionado com o desmatamento da Amazônia Legal, no período, o Estado contribui
com aproximadamente 34% do total da região amazônica (INPE, 2009).
Em resposta a esse cenário, o governo estadual assumiu o compromisso com um
modelo de desenvolvimento baseado na sustentabilidade, apresentando políticas para o
desenvolvimento e valorização do extrativismo, incentivo ao surgimento de novos
empreendedores florestais e de produtos sustentáveis (Ideflor, 2008).
Em 2009, o governo federal formalizou o Plano Nacional de Promoção das Cadeias
de Produtos da Sociobiodiversidade (PNPSB), que seleciona dez produtos-chave em função
do papel desempenhado por estes na economia e do envolvimento de famílias com esses
produtos em todo o Brasil, com ações integradas para a promoção e o fortalecimento das
cadeias, iniciado em 2007 pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA), Ministério do
Desenvolvimento Agrário (MDA), e do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à
Fome (MDS) - (PNPSB, 2009). Quatro dessas cadeias prioritárias ocorrem no Pará (açaí,
castanha-do-brasil, andiroba e copaíba). De forma concomitante, em 2008, o Ideflor passa a
ser um dos interlocutores pelo Pará junto ao PNPSB, com o apoio de outros órgãos do Estado,
de organizações de produtores e extrativistas, assim como da sociedade civil.
Considerando a pressão sofrida e a importância das nossas florestas no cenário
nacional, o estado do Pará necessita de modelos de desenvolvimento com atividades
econômicas produtivas que evitem o desmatamento. O manejo de recursos florestais, dadas às
características e potencialidades da Região Amazônica, se coloca como um dos principais
caminhos para se alcançar um desenvolvimento em bases sustentáveis.
17
23. Diversos estudos realizados nos últimos dez anos por (Monteiro, 2003; Couly, 2004;
Medina e Ferreira, 2004; Shanley & Medina, 2005; Castro, 2006; Gomes, 2007; Dürr &
Costa, 2008), apontam o potencial econômico dos Produtos Florestais Não Madeireiros, além
da sua grande relevância sociocultural e ambiental. O manejo dos PFNM, conduzido de
maneira racional, além de tornar as florestas rentáveis, mantém sua estrutura e biodiversidade
praticamente inalteradas (MACHADO, 2008).
Um estudo desenvolvido por Menezes, Homma & Santana (2001), dentro de um
assentamento agroextrativista no município de Nova Ipixuna-PA, identificou que a produção
agrícola e extrativa é muito superior a que vem sendo estimada ou conhecida pelas estatísticas
oficiais de produção. Esses produtos acabam compondo a renda familiar de forma indireta por
meio do consumo familiar, troca e/ou até mesmo de venda esporádica.
No nordeste paraense, um estudo das cadeias de comercialização dos PFNM1,
desenvolvido em três municípios, detectou a circulação aproximada de quatro milhões de
reais, para o ano de 2005, identificando a importância da vegetação secundária como reserva
de valor e agente dinamizador da renda rural e dos setores econômicos associados, como os
atacadistas, varejistas e agroindústrias (GOMES, 2007).
Poucos são os estudos desenvolvidos para entender a estrutura das cadeias de
comercialização dos PFNM, as relações estabelecidas entre os agentes mercantis e sua
respectiva participação na composição do valor dos produtos que apontem os principais
gargalos para o desenvolvimento dessa economia. Esse tipo de estudo permite entender como
o produtor participa no processo mercantil e as possibilidades existentes para que o mesmo
atue mais eficientemente nas respectivas cadeias de comercialização. Esse viés metodológico
é utilizado para a formulação de estratégias de comercialização que aumentem o resultado
econômico e a eficiência reprodutiva dos estabelecimentos familiares (INHETVIN, 1998).
Diante do exposto, o “Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Florestais
Não Madeireiros no Pará” se propõe a identificar e a caracterizar as cadeias de
comercialização de produtos florestais não madeireiros em municípios do Estado, descrever e
quantificar como se dá a participação dos diferentes setores da cadeia na economia regional e
seus desdobramentos para o Estado e fora dele, além de testar uma metodologia de coleta de
dados que viabilize informações mais precisas desses produtos, que apresentam um papel
importante para a renda de milhares de famílias, que contribuem para a manutenção da
1
Produtos estudados: açaí, bacuri, buriti, mel, unha-de-gato, verônica, copaíba, andiroba, sucuuba, lenha, carvão
e estaca.
18
24. floresta em pé e que colaboram de maneira considerável para o Produto Interno Bruto (PIB)
do Estado.
Esse método se revela rápido na coleta de dados em campo, mas requer uma base
técnica científica densa para as análises das matrizes, com resultados que permitam identificar
possibilidades produtivas locais e regionais, gargalos tecnológicos, necessidades de
investimentos, regularização e especialização dos agentes locais e regionais, além de apontar
novos produtos que não constam das estatísticas oficiais, ou que são subestimados.
19
25. 2 OBJETIVOS
2.1 GERAL
• Identificar e analisar as cadeias de comercialização de produtos florestais não
madeireiros da Região de Integração Tocantins, estado do Pará, identificando fatores críticos
e potencialidades.
2.2 ESPECÍFICOS
• Identificar e descrever as estruturas das cadeias de comercialização dos produtos
florestais não madeireiros da Região de Integração Tocantins, e
• Quantificar o Valor Bruto da Produção (VBP), explicitando a produção
agroextrativista do setor alfa (VBPα), o Valor Agregado Bruto (VAB) juntamente com a
margem bruta de comercialização (mark-up) e a Renda Bruta Total (RBT) gerada e circulada
na comercialização dos produtos identificados.
20
26. 3 METODOLOGIA
No intuito de descrever e analisar as cadeias de comercialização dos produtos
florestais não madeireiros (PFNM) a partir do conjunto dos 10 municípios pertencentes a RI
Tocantins, estado do Pará, desde os agentes que compraram do produtor até os que venderam
para o consumidor, este estudo baseou-se na metodologia das Contas Ascendentes Alfa CSα
(COSTA, 2002, 2006 e 2008a), que permite construir Contas Sociais de base agroextrativista,
para uma dada região, utilizando o modelo Matriz Insumo-Produto de Leontief (1983).
As “Contas Sociais Alfa” (CSα) referem-se à metodologia de cálculo ascendente de
matrizes de insumo-produto de equilíbrio computável que se baseia nos parâmetros e
indicadores de cada produto que compõem os setores originários e fundamentais, justifica-se
pelo fato de permitir uma análise pontual ou com foco na problemática local, haja vista que as
estatísticas de produção são obtidas mais irredutível possível de uma economia local. Ou seja,
este método além de fazer uma “fotografia” da realidade macroeconômica e social de uma
delimitação geográfica, fornece respostas a questões que envolvem os impactos gerados por
ações e programas de desenvolvimento ali implementados.
Conforme explica Costa (2008b), o método consiste em identificar a produção de
cada agente que pode ser agregado nos “setores alfa”, de certa delimitação geográfica e
acompanhar os fluxos até sua destinação final. Nesse trajeto define parametricamente as
condições de passagem pelas diversas interseções entre os setores derivados (quantidades
transacionadas em cada ponto e o mark-up correspondente), tratados como “setores beta”, os
quais são ajustados a três níveis diferentes: o local (βa), o estadual (βb) e o nacional (βc).
Esta metodologia foi aplicada na região sudeste do Pará, caracterizada por tensões
entre grandes projetos pecuários e minerais, e a expansão camponesa, com assentamentos da
reforma agrária. O trabalho desenvolvido por Costa (2008b) contempla a análise de insumo-
produto com metodologia ascendente que explicita a diversidade estrutural dos setores de
base primária e os impactos econômicos da programação de investimento da Companhia Vale
do Rio Doce (CVRD) de 2004 até 2010. Os resultados do estudo indicam que a metodologia
ascendente CSα permitiu fazer as diferenciações estruturais necessárias à geração de uma
matriz de insumo-produto mais aderente a complexidade da economia local, evidenciando a
influência expressiva na economia do setor mineral do Sudeste Paraense, com complexidade
de tal ordem que sua expansão cria possibilidades de crescimento para os demais setores da
economia local. Por outro lado, demonstrou vazamentos de vulto (em termos de renda,
21
27. agregação de valor, entre outros) – tanto da economia local e entorno quanto, para a economia
do resto do Pará, e do resto do Brasil.
Em outro estudo, Costa e Costa (2008) descreveram a economia da cultura do
festival de bois de Parintins, estado do Amazonas, utilizando a metodologia das CSα
conjuntamente orientada pelo conceito de Arranjos Produtivos Locais (APL). O estudo
identificou limitações de infraestrutura, apontou impactos para a economia do município com
a produção e realização do evento, com isso o município recebeu tratamento diferenciado por
parte dos poderes públicos, que se converteram em investimentos reais e o APL da cultura
identificado representou 10% da economia local e se apresentou como uma nova base de
exportação, com um efeito multiplicador elevado.
A aplicação da metodologia CSα por Dürr (2008) no Departamento2 de Sololá, na
Guatemala, permitiu descrever as cadeias produtivas dos principais produtos da agricultura
camponesa, construiu a Contabilidade Social de base agrária do Departamento, ou seja,
calculou o Produto Interno Bruto mostrando a contribuição de diferentes setores,
especialmente no setor rural e da economia regional e, por último, identificou os impactos
sobre a agricultura e o desenvolvimento econômico das zonas rurais locais, estimado através
do uso de Matrizes de Insumo-Produto como ferramenta para o planejamento estratégico do
Departamento de Sololá. Devido as repercussões deste estudo, o autor replicou para o
departamento de El Quiché (DÜRR et al., 2009), para o território chamado de Bacia do rio
"Polochic. "(LOZA et al., 2009) e para o departamento de Petén (DÜRR et al., 2010).
O trabalho de Carvalho (2010) apresenta as contribuições que os produtos florestais
não madeireiros têm na economia do estado do Amapá, fazendo o uso do método de Contas
Sociais Alfa em razão da inexistência de informações sistematizadas ou agregadas em nível
local. Contudo, consegue estabelecer as análises estruturais a partir das interrelações
existentes entre os agentes mercantis que participam do arranjo produtivo dos PFNM,
analisando os efeitos dos multiplicadores setoriais, os impactos do crescimento econômico na
produção, trabalho e renda setorial de toda a economia.
Na mesma linha, Gomes (2007) identificou e caracterizou cadeias de
comercialização de produtos existentes nas florestas secundárias nas categorias de frutíferas,
derivados da madeira (lenha, carvão e estaca), mel e diversas plantas medicinais nos
municípios de Bragança, Capitão Poço e Garrafão do Norte, estado do Pará. A autora utilizou
o método de Contas Sociais Alfa para captar as especificidades econômicas e sociais que ao
2
Unidade federativa equivalente a estado.
22
28. contrário dos cálculos das contas regionais do IBGE, que consideram as regiões homogêneas
nas estimações conjunturais impossibilita captar as especificidades locais. O estudo detectou a
circulação aproximada de quatro milhões de reais, para o ano de 2005, identificando a
importância da vegetação secundária como reserva de valor e como agente dinamizador da
renda rural e dos setores econômicos associados como atacadistas, varejistas e agroindústrias.
No caso deste estudo desenvolvido pelo Idesp, a metodologia foi adequada para a
contabilidade social ascendente que engloba além da produção agroextrativista, as atividades
na indústria e nos serviços que atuam diretamente nos setores com foco nos produtos
florestais não madeireiros. Trata-se de um modelo de cálculo de renda e do produto social do
agroextrativismo que permitiu mensurar variáveis como o Valor Bruto da Produção de Base
Agroextrativista (VBPα), o Valor Agregado Bruto de Base Agroextrativista (VABα) e o
Produto Regional Bruto de Base Agroextrativista (PRBα). De acordo com Considera et al.
(1997) o Produto Regional Bruto (PRB) seria o equivalente regional ao Produto Interno Bruto
(PIB) deste setor.
O modelo também produziu as matrizes das inter-relações intersetoriais que as
fundamentam, por uma metodologia que maximiza a utilização dos dados do IBGE, tanto os
do Censo Agropecuário de 2006, quanto às séries históricas de 1990 a 2008 da Produção
Agrícola Municipal (PAM), da Produção da Extração Vegetal e da Silvicultura (PEVS) e da
Produção da Pecuária Municipal (PPM) e, correlacionando-os aos dados da pesquisa primária
executada pelo Idesp, permitiu agregações as mais variadas, orientadas tanto por atributos
geográficos, quanto por atributos estruturais do setor.
A metodologia adotada permite descrever trajetórias de agregação, tanto em função
de um espaço geográfico limitado (município, região, território, etc.), quanto em decorrência
das estruturas da produção: formas de produção, tipos de atividades, níveis tecnológicos,
sistemas de produção, entre outros. A metodologia apresenta uma série de vantagens, tais
como: rapidez na coleta de dados primários em campo, identificação dos maiores volumes
comercializados junto aos agentes mercantis chaves, quantificação dos valores pagos ao setor
da produção agroextrativista, principais gargalos evidenciados nas cadeias de
comercialização, a economia antes invisível passa a ser explícita para diversos produtos e
aponta indicativos para subsidiar políticas publicas.
As etapas adotadas desde a identificação do agente mercantil, até as análises das
cadeias de comercialização, consistiram em uma série de ações descritas a seguir.
Articulação prévia, feita em Belém e/ou na chegada a cada um dos dez municípios
visitados da Região de Integração Tocantins, junto a informantes-chaves (como os técnicos
23
29. dos escritórios da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do Pará -
Emater/Pará, dos sindicatos de trabalhadores rurais, das secretarias municipais de agricultura,
das cooperativas, das associações, das feiras, dos mercados locais, entre outros), no que se
referiu a produção e/ou comercialização dos produtos florestais não madeireiros existentes no
município, para o período de doze meses e, fazer a identificação dos agentes mercantis
envolvidos nestas atividades, para serem entrevistados.
A coleta de dados ocorreu junto aos agentes mercantis com aplicação de questionário
(Apêndice A). Nesta etapa, buscou-se os principais agentes (vendedores/compradores) de
cada produto, que geralmente representam importantes elos da cadeia, os quais direcionam os
elos para trás (comprou de quem) e para frente (vendeu para quem) na cadeia, compondo uma
amostragem não probabilística autogerada (CABRAL, 2000), até chegar a produção local de
um lado, bem como ao último que vendeu o produto para o consumidor final, no outro
extremo da cadeia (DÜRR; COSTA, 2008). Esta metodologia identificou relações existentes
entre agentes mercantis, que atuam tanto na formalidade quantos que atuam na completa
informalidade, sendo capaz de apontar o fluxo de comercialização para cada produto
identificado. Neste tipo de amostragem o tamanho e a localização da população não são
conhecidos a priori pelo pesquisador, então, esta é composta na medida em que o pesquisador
identifica um agente mercantil, e solicita ao mesmo que indique os que também fazem parte
da população em estudo, e assim, sucessivamente, a amostra é construída (MATTAR, 1997).
Deste modo, para o levantamento dos dez municípios foram aplicados trezentos e noventa e
sete questionários junto aos agentes mercantis envolvidos direta ou indiretamente com a
comercialização dos PFNM.
Durante a aplicação dos questionários, foi possível georreferenciar cada
estabelecimento, utilizando o sistema de posicionamento global (GPS), compondo uma das
bases de dados com as coordenadas geográficas. Além disso, foi possível compor uma base de
dados qualitativos disponíveis na plataforma Windows, Microsoft Office 2007 no aplicativo
Access, e outra base de dados quantitativos no sistema NETZ3, com circuitos (referentes aos
produtos) e lançamentos (referentes às transações comerciais realizadas pelos agentes, por
produtos).
A padronização dos dados coletados em cada entrevista foi necessária para que as
unidades de quantidade (medida usada em kg, litro, saca entre outros) e de preço praticado
fossem uniformizadas conforme cada produto. As informações inseridas no sistema NETZ
3
Software desenvolvido por Francisco de Assis Costa – NAEA/UFPA.
24
30. referem-se aos dados primários de preço e quantidade para cada produto, em cada relação
mercantil de compra e venda, classificando por setor (produção, varejo, atacado, indústria e
consumidor) e por recorte espacial (local, estadual e nacional).
Depois deste processo, foram elaboradas as matrizes que descrevem a probabilidade
da distribuição das quantidades e atribuição dos preços a partir das relações entre os agentes,
uma vez determinadas suas posições estruturais, entre os setores. As Matrizes Insumo-Produto
(MIP) descrevem nas colunas as compras e nas linhas as vendas dos setores da produção
primária e intermediaria (indústria, atacado e varejo), entre si, e as vendas para a demanda
final local, estadual ou nacional. No entanto, como forma de melhor visualizar cada matriz, a
equipe do Idesp envolvida no estudo desenvolveu um modelo para apresentar os mesmos
dados, com os fluxos de compra e venda e os setores responsáveis por cada elo da cadeia. A
inovação trata-se da disposição visual dos diversos agentes mercantis ou setores representados
por pequenas caixas retangulares (produção local, varejo, indústria de beneficiamento, de
transformação, atacado, consumidor, etc.), espacialmente distribuídos na economia local,
estadual ou fora do estado (nacional e internacional), representados por retângulos maiores em
três cores distintas. Foram adotadas setas em diferentes formatos para a representação dos
canais ou fluxos de comercialização, que iniciam na produção local e vão até os consumidores
finais.
Os fluxos da comercialização por produto estudado foram organizados para três
dimensões geográficas: a) local, que corresponde aos dez municípios pesquisados na RI
Tocantins; b) estadual, para os demais municípios do estado do Pará e; c) nacional, que foram
comercializados para outros estados e/ou países. O estudo possibilitou compreender os fluxos
existentes nas relações entre agentes/setores e seu papel relativo ao longo da cadeia em função
dos volumes transacionados. Ainda com base nas matrizes de preço e quantidade, a relação
dessas gerou os respectivos preços médios praticados ou implícitos por produto e por setor
(em Reais por unidade do produto), agregado ou não, ao longo da cadeia, da produção até o
seu consumo final.
A metodologia permite a atualização dos dados para os anos seguintes da
Contabilidade Social da Produção de Base Agroextrativista (CSα) obtida com os dados mais
recentes divulgados pelo IBGE, neste caso com o Censo Agropecuário de 2006. Para tanto,
foram construídos indexadores de quantidade e preço baseados nas séries municipais da PAM,
PEVS e PPM, no mesmo recorte regional, assim como as séries de preços dos produtos da
agricultura do Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA).
25
31. Existem duas especificidades na construção dos indexadores: aquela em que o produto
em questão é levantado sistematicamente e faz parte do acervo de estatísticas conjunturais,
acima explicitado, e aquela em que o produto estudado não é levantado sistematicamente. Na
primeira situação os indexadores de quantidade (IQ) são os números índices do total das
quantidades do produto v, para o conjunto dos municípios que atendem a restrição s, tendo no
caso do agroextrativismo, 2006 como ano base. E para os indexadores de preço (IP) os
números índices do preço médio do produto v, para os municípios que atendem a restrição
geográfica s, tendo 2006 também como ano base (COSTA, 2002, 2006 e 2008a).
Os indexadores de quantidade e de preço são assim construídos:
ࡽ ࢙࢜ࢇ ഥ
ࡼ࢙࢜ࢇ
ࡵ࢙࢜ࢇ ൌ ࢋ ࡵࡼ ൌ
࢙࢜ࢇ
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ࡼ࢙࢜
Onde:
:ݏatributo geográfico (local: municípios da RI Tocantins; estadual: demais
municípios do estado do Pará e nacional: outros estados e/ou países),
:ݒproduto,
ܽ: ano da pesquisa oficial (2006, 2007 e 2008),
ݍ௦௩ : quantidade do produto conforme seu atributo geográfico no ano da pesquisa
oficial,
ݍ௦௩ଶ : quantidade do produto conforme atributo geográfico no Censo Agropecuário
de 2006,
ҧ௦௩ : preço médio (ou implícito) conforme seu atributo geográfico no ano da
pesquisa, e
ҧ௦௩ଶ : preço médio (ou implícito) conforme atributo geográfico no Censo de 2006.
Em relação aos produtos não levantados sistematicamente, estes foram indexados
pela evolução do conjunto da produção numa certa delimitação geográfica. A evolução do
conjunto da produção é observada pelos números índices da evolução do produto real e dos
preços implícitos para a restrição geográfica s. O produto real é a soma dos resultados da
multiplicação das quantidades de cada produto no ano a, pelo preço em um ano escolhido
para fornecer o vetor de preços, neste caso, média dos anos de 2006, 2007 e 2008. Portanto,
os indexadores dos PFNM que não estão presentes nas estatísticas oficiais foram elaborados
conforme agrupamentos, tendo como referências as categorias dos alimentícios, dos
oleaginosos e gerais do IBGE.
26
32. Sendo assim, para os frutos bacaba, bacuri, buriti e taperebá foram utilizados os
indexadores da categoria de alimentícios. Na categoria de indexador geral das oleaginosas
foram cinco produtos: andiroba, copaíba, cumaru, inajá e murumuru. E na categoria de
indexador geral (que utiliza o conjunto de todos os produtos identificados pelo IBGE) foram
utilizados quinze produtos: resina do breu-branco, cascas de barbatimão, pau-doce, unha-de-
gato e verônica, cipó timbó, cipó torcido, leites de amapá, de jatobá e de sucuúba, cupuaçu
semente, cuia, paneiro de guarumã, tipiti de guarumã, tala de guarumã e coratá.
Os únicos produtos que tiveram seus próprios indexadores, criados com base nas
estatísticas oficiais, foram: açaí fruto, cacau amêndoa, carvão, castanha-do-brasil, cupuaçu,
fibra de buriti, mel, palmito de açaí e o urucum.
Foi estimada a CSα para o ano de 2008, por ser o início do estudo, multiplicando os
indexadores obtidos com a matriz de estrutura, que descrevem a probabilidade da distribuição
das quantidades e, com a matriz de preços a partir das relações entre os agentes. O resultado
gera uma Matriz de Insumo Produto (MIP) para cada produto pesquisado, contendo o Valor
Bruto da Produção de base agroextrativista (VBPα) sob a ótica da oferta, o VBP sob a ótica da
demanda (ou seja, compra de insumo), o Valor Transacionado Efetivo (VTE) que equivale ao
Valor Adicionado ou Agregado Bruto (VAB), a Renda Bruta Total (RBT) e, a margem bruta
de comercialização (mark-up), que é a relação entre a diferença do valor estimado do VAB
com o VBPα (sob a ótica da oferta) pelo VBPα, para que sejam feitas as análises econômicas
(estimadas para 2008) e os impactos que cada produto não madeireiro exerceu na economia
local, estadual e fora do estado. Frisa-se, no entanto, que no cálculo do VAB como na
estimação do mark-up, não se levou em consideração os custos produtivos e/ou de
comercialização, pois não foram foco da pesquisa. Em algumas cadeias, também não foi
possível descrever a proporção dos PFNM utilizados como insumo na preparação de certos
produtos finais, como doces, cosméticos, medicinais, entre outros.
A proposta metodológica de estimar a CSα para o ano de 2008 foi adotada para este
estudo (Tocantins) e para as demais regiões estudadas (Guamá, Rio Caeté, Xingu, Marajó e o
Baixo Amazonas), permitindo assim comparações entre as economias de cada região. O
método permite também fazer atualizações desta economia conforme novos cálculos dos
indexadores por produto, após divulgação de estatísticas oficiais.
Para cada um dos 34 produtos não madeireiros identificados em campo (Tabela 2),
24 deles constam no Apêndice B. Tais produtos foram classificados em nove alimentícios
[açaí (fruto e palmito), bacaba, bacuri, cacau (amêndoa), castanha-do-brasil (fruto), cupuaçu
(fruto), taperebá, buriti e urucum]; onze fitoterápicos e cosméticos [andiroba, barbatimão,
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33. copaíba, cumaru, jatobá (leite), murumuru, pau-doce, leite-de-amapá, cupuaçu, sucuúba
(leite), unha-de-gato e verônica] e seis artesanatos e utensílios [breu-branco, fibra de buriti,
cipó timbó (em rolo), cuieira, guarumã (tipiti e peneira) e inajá (coratá)].
Cada produto identificado foi analisado individualmente, por estruturas de fluxo de
quantidade e preço médio praticado ao longo das cadeias de comercialização e, descritos os
setores mercantis das esferas local, estadual e nacional. Além disso, as análises econômicas
detalhadas estão apresentadas com VBP pela ótica da oferta, com VAB e a margem bruta de
comercialização por setor, assim como a RBT gerada pela ótica da demanda.
Para outros produtos que apresentaram similitude como: uma pequena amostragem
de dados, semelhança do fluxo de comercialização entre os agentes e, principalmente,
utilidades similares, as análises foram agrupadas em: utensílios, leites e plantas medicinais.
A classificação dos agentes nas cadeias de comercialização foram adaptadas aos
seguintes conceitos, conforme Costa (2002) e Dürr (2004).
• Produção local: Produção primária agroextrativista do município ou da região;
• Varejo rural local: Pequenos comerciantes do interior dos municípios que
compram dos produtores, comumente denominados atravessadores rurais;
• Indústria de beneficiamento local: Unidades de beneficiamento da produção,
localizadas na região;
• Indústria de transformação local: Unidades de transformação da produção,
localizadas na região;
• Atacado local: Grandes compradores (atacadistas, representantes de empresas),
localizados nos centros urbanos da região, que normalmente compram do varejo
e/ou vendem para o varejo;
• Varejo urbano local: Pequenos comerciantes nas cidades (varejistas, feirantes,
marreteiros, vendedores ambulantes);
• Indústria de beneficiamento estadual: Unidades de beneficiamento no Pará,
localizadas além da RI Tocantins;
• Indústria de transformação estadual: Unidades de transformação no Pará;
• Atacado estadual: Empresas compradoras da produção no Pará;
• Varejo urbano estadual: Comércios (supermercados, etc.) no Pará, que vendem
para o consumidor estadual;
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34. • Indústria de beneficiamento nacional: Unidades de beneficiamento no Brasil;
• Indústria de transformação nacional: Unidades de transformação no Brasil;
• Atacado nacional: Empresas compradoras do nível nacional;
• Varejo urbano nacional: Comércios nacionais que vendem para o consumidor
nacional.
As categorias de agentes mercantis estão descritas por produto não madeireiro
identificado, quer seja individual ou em grupo.
As análises econômicas de todos os produtos identificados estão descritas em
detalhes no item 4.2.
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35. 4 RESULTADOS
4.1.1 Caracterização da RI Tocantins
A Região de Integração Tocantins abriga um total de onze municípios (Figura 1),
com uma população de aproximadamente 655.955 habitantes. A região abriga o porto de Vila
do Conde, o maior do Estado. Suas principais cargas são minérios (bauxita), alumínio, óleos
combustíveis e madeira (Secretaria de Estado de Integração Regional - SEIR, 2007).
No ano de 2009, até o mês de novembro, o porto teve uma participação de 80,11% na
movimentação de cargas do Estado (Companhia Docas do Pará - CDP, 2010).
Em 2007, o Produto Interno Bruto (PIB) da RI Tocantins somou R$ 5.408.071,00
mil, ocupando a terceira colocação e participando com um percentual representativo no
Estado no valor de 10%, que se deve ao polo mineral e portuário do município de Barcarena.
As participações dos setores econômicos corresponderam a: 8% no setor Agropecuário, 50%
no setor da Indústria e 42% no setor de Serviços. Dentro da composição do setor agropecuário
a participação dos produtos de origem extrativista corresponde a 12,7 % (Idesp, 2009).
Figura 1- Municípios pertencentes à Região de Integração Tocantins.
Fonte: IDESP
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36. Apesar das grandes mudanças econômicas que alguns municípios da região sofreram
nos últimos anos, em Barcarena, por exemplo, foi instalado o complexo da companhia
Alumínio Brasileiro S.A. (Albras) e da Alumina do Norte do Brasil S.A. (Alunorte); sendo
que na sua estrutura econômica ainda sobrevive uma cultura tradicional ribeirinha. É uma
região de colonização antiga com forte identidade cultural. Existe no local uma extensa área
de várzeas propícias à produção do açaí. Em termos de potencialidades econômicas destacam-
se: o extrativismo da madeira; o setor da indústria moveleira; o setor oleiro-cerâmico; o
beneficiamento de fibras vegetais (coco); a fruticultura do açaí; a cultura da mandioca e outras
culturas permanentes como o dendê, a pimenta-do-reino e o coco, como também a do
artesanato (SEIR, 2007).
4.1.1.1 Características gerais
• População Absoluta (Idesp, 2009): 655.955 habitantes;
• Densidade Demográfica (Idesp, 2009): 18,29 hab./km²;
• PIB 2007 (Idesp, 2009): R$ 5.408.071,00 mil;
• Índice de Desenvolvimento Humano (IDH, 2000): 0,68;
• PIB 2007 Per capita (Idesp, 2009): R$ 8.245,00;
• Valor Adicionado – Setor Agropecuário (Idesp, 2009): 8 %;
• Valor Adicionado – Setor Industrial (Idesp, 2009): 50 %;
• Valor Adicionado – Setor Serviços (Idesp, 2009): 42 %.
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37. 4.2 ANÁLISES DAS CADEIAS DE COMERCIALIZAÇÃO
Dos onze municípios pertencentes à Região de Integração Tocantins (Figura 2), dez
foram estudados, a saber: Abaetetuba, Acará, Baião, Barcarena, Cametá, Igarapé-Miri,
Limoeiro do Ajuru, Mocajuba, Moju e Oeiras do Pará.
Figura 2- Localização da Região de Integração Tocantins, estado do Pará.
Fonte: IDESP.
Foram aplicados trezentos e noventa e sete questionários junto aos agentes mercantis,
com pontos georeferenciados (Figuras 3 e 4). Houve necessidade de fechamento de algumas
cadeias em municípios fora da região tocantina, como foram os casos de Castanhal e de
Belém, principalmente. A comercialização de dezenas destes produtos acontece em diferentes
estabelecimentos e feiras, explicitando a diversidade e a realidade regional, conforme imagens
registradas nos municípios visitados (Apêndice C).
32
38. Figura 3- Delimitação do município de Cametá (linha vermelha) e a localização de pontos
georeferenciados dos agentes mercantis, entrevistados em diversas regiões do município
(pontos numerados).
Fonte: IDESP.
Elaboração: IDESP.
Figura 4- Pontos georeferenciados dos agentes mercantis entrevistados na área urbana de Cametá
(pontos numerados).
Fonte: IDESP.
Elaboração: IDESP.
33
39. Com base na comercialização dos mais de trinta produtos identificados em nossa
amostragem, as produções vendidas e os valores pagos aos produtores da região foram
organizados em ordem decrescente em função do percentual de valor (Tabela 1).
Tabela 1- Produtos florestais não madeireiros identificados na Região de Integração Tocantins, com quantidade e
valor pago à produção local, de acordo com a amostragem realizada em campo, no período de
2008 a 2009.
PFNM Quantidade Valor (R$) Valor/Total (%)
Açaí fruto (kg) 59.116.449 43.916.347,45 88,25
Cacau amêndoa (kg) 646.845 2.452.930,21 4,93
Palmito (kg) 834.656 1.406.997,35 2,83
Castanha-do-brasil (kg) 680.450 734.695,00 1,48
Cupuaçu (un.) 402.468 448.908,42 0,90
Carvão (saca) 91.087 349.636,99 0,70
Buriti (kg) 173.586 178.056,96 0,36
Bacaba (kg) 93.438 71.107,52 0,14
Mel (l) 3.949 53.430,00 0,11
(1)
Utensílios (un.) 18.736 42.500,72 0,09
Coratá (un.) 62.000 31.000,00 0,06
Bacuri (un.) 36.050 14.866,00 0,03
Murumuru (kg) 9.640 11.280,00 0,02
Artesanato miriti (braça) 26.500 10.107,50 0,020
Andiroba (l) 1.111 8.159,00 0,016
(2)
Cipós (kg) 2.155 8.105,00 0,0163
Copaíba (l) 253 6.250,00 0,0126
Inajá semente (kg) 5.200 5.040,00 0,0101
Breu-branco (kg) 1.725 4.112,50 0,0083
(3)
Leites (l) 476 3.121,50 0,0063
Taperebá (kg) 2.100 2.400,00 0,0048
Urucum (kg) 470 965,00 0,0019
(4)
Plantas medicinais (kg) 200 600,00 0,0012
Cupuaçu semente (kg) 300 360,00 0,0007
Cumaru (kg) 20 60,00 0,00012
Guarumã (braça) 100 12,00 0,00002
Total 49.761.049,11 100,00
(1)
Cuia, paneiro e tipiti.
(2)
Cipó timbó e cipó torcido.
(3)
Amapá, jatobá e sucuúba.
(4)
Cascas de barbatimão, pau-doce, unha-de-gato e verônica.
Fonte: IDESP.
34
40. 4.2.1 Açaí
a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização do
açaí.
O açaí é o principal produto comercializado na RI Tocantins, tanto em volume
quanto em moeda circulante. Sua produção provém tanto de açaizais nativos quanto de áreas
de manejo ou plantações. A seguir a descrição dos agentes mercantis identificados na cadeia
de comercialização do açaí (Figura 5), considerando a abrangência para o âmbito local (os
dez municípios), estadual (fora da RI Tocantins) e nacional (outros estados do Brasil e outros
países).
LOCAL (Municípios da RI Tocantins)
Produção: Trata-se da produção primária da agropecuária e extrativista dos dez
municípios da RI Tocantins;
Varejo rural: Incluem todos os pequenos comerciantes do interior do Município que
compram o açaí in natura dos produtores, comumente denominados atravessadores;
Indústria de beneficiamento: É a empresa que realiza o processamento do açaí in
natura. Existem dois tipos de estrutura de empresa beneficiadora, a composta por pequenos
comerciantes, as quais possuem máquinas despolpadeiras, chamadas de “batedores de açaí” as
quais vendem diretamente a polpa do açaí para os consumidores locais. A segunda categoria é
composta por um número reduzido de agroindústrias, as quais realizam a primeira agregação
de valor ao açaí in natura, ou seja, a produção de polpa de açaí pasteurizada e/ou congelada;
Atacado: São os comerciantes (atacadistas ou representantes de empresas) que
compram o fruto in natura em grandes quantidades do varejo rural (e/ou do produtor) e
vendem para agroindústrias estaduais;
ESTADUAL (Municípios paraenses que estão fora da RI Tocantins)
Indústria de beneficiamento: Tratam-se as unidades de beneficiamento da produção
localizadas no Pará, fora da região tocantina, que apenas beneficiam o açaí em polpa
pasteurizada e/ou congelada;
Indústria de transformação: Englobam as unidades de transformação da produção
estadual. São processadoras e beneficiadoras de polpa de açaí e também de geleias, compotas,
etc.; e em pequena escala, os blends (açaí misturado com outras frutas, guaraná, etc.) e para
empresa de cosméticos;
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41. Atacado: São as empresas (atacadistas, representantes de empresas) compradoras da
produção do Estado diretamente dos produtores regionais;
Varejo urbano: Tratam-se dos comerciantes varejistas que realizam a venda da polpa
de açaí para o consumidor estadual;
NACIONAL (Fora do estado do Pará)
Indústria de beneficiamento: Englobam as unidades de beneficiamento situadas fora
do Estado que apenas beneficiam o açaí em polpa pasteurizada e/ou congelada;
Indústria de transformação: Incluem as unidades de beneficiamento situadas fora do
Estado que beneficiam o açaí em blends (lanchonetes, sorveterias, restaurantes, entre outros);
Atacado: São as empresas (atacadistas, representantes de empresas) compradoras no
âmbito nacional;
Varejo urbano: Englobam os comércios varejistas situados fora do Estado que
vendem para o consumidor nacional.
b) Estrutura da quantidade comercializada (%) do açaí.
A cadeia de comercialização do açaí possui a mais complexa estrutura dentre todas
as identificadas no estudo. Nos dez municípios foram entrevistados duzentos e oitenta e cinco
agentes mercantis que atuam, em média, há onze anos no ramo (variação de um a quarenta
anos). Os que trabalham somente com o açaí são 84% e os demais trabalham com outros
produtos (artesanato, bacaba, patauá, andiroba, murumuru, cupuaçu, buriti, cacau, carvão,
cipó, palmito, mel e taperebá).
Na descrição da capacidade instalada dos agentes mercantis entrevistados da região
identificou-se que 28% possuem local para armazenagem com capacidade média de 16m2
(variação de 4 a 144 m2); 37% possuem transporte (oitenta e sete barcos com capacidade de
0,5 a 15 toneladas, cinco canoas, uma caminhonete, onze motos e dezessete bicicletas). Em
relação aos equipamentos 61% possuem (cento e setenta e cinco despolpadeiras, setenta e um
freezers, doze filtros, onze geladeiras, três câmaras frias, dois pasteurizadores, dois seladores,
duas envasadoras, um container, uma caldeira e uma balança), 38% não possuem
equipamentos e 3% não informaram.
A mão-de-obra predominante é a familiar em 47% dos entrevistados, com uma
equipe de até cinco pessoas. Dos demais agentes mercantis, 6% pagam uma diária para cinco
pessoas em média, no valor de R$ 10,00 a R$ 30,00; 2% pagam semanalmente para uma a
três pessoas, valores entre R$ 20,00 a R$ 120,00; 3% pagam em média para seis pessoas por
36