Este documento discute a concepção de Hannah Arendt sobre o regime totalitário. Arendt argumenta que o totalitarismo se diferencia das ditaduras do passado pelo uso sistemático do terror para governar massas obedientes. Os campos de concentração eram laboratórios onde se verificava a crença de que tudo é possível e permitido, com o objetivo de transformar a natureza humana. O documento também descreve como os campos criavam uma atmosfera de irrealidade para esconder as atrocidades cometidas dentro deles.
Este documento discute o livro "As Origens do Totalitarismo" de Hannah Arendt. O totalitarismo é caracterizado como um regime político onde o Estado controla todos os aspectos da sociedade. A autora compara o nazismo e o comunismo como ideologias totalitárias que exploraram a solidão das massas para ganhar poder. O documento também lista características comuns e divergentes dos regimes totalitários de direita e esquerda.
O documento descreve a vida e obra da filósofa Hannah Arendt, desde seus estudos universitários na Alemanha nos anos 1920 até sua morte em 1975 nos EUA. Detalha seu trabalho inicial sobre o antissemitismo na Alemanha nazista, sua fuga para a França e posteriormente para os EUA, onde se tornou cidadã. Arendt é conhecida por seu conceito da "banalidade do mal" desenvolvido no livro "Eichmann em Jerusalém".
Hannah Arendt analisou as origens e características do totalitarismo em sua obra "As Origens do Totalitarismo" de 1951. Ela distinguiu o totalitarismo de outras formas de governo autoritário e apontou que se caracteriza pelo terror como instrumento de dominação e busca constante por inimigos. Seus estudos sobre o julgamento de Adolf Eichmann levaram ao conceito da "banalidade do mal".
O documento discute o livro "As Origens do Totalitarismo" de Hannah Arendt, no qual ela compara criticamente o nazismo e o comunismo como ideologias totalitárias. O texto também define o que é um regime totalitário, caracterizando-o como aquele que estende o poder do Estado a todos os níveis da sociedade. Por fim, lista características comuns e divergentes dos regimes totalitários de esquerda e direita.
O documento apresenta um resumo do capítulo "A crise da Educação" do livro "Entre o Passado e o Futuro" de Hannah Arendt. A autora analisa os desafios da educação em tempos de crise da modernidade e defende uma educação para a natalidade, conservação e responsabilidade.
Totalitarismo e biopolítica na sociedade de controleArlindo Picoli
O documento discute as ideias de Hannah Arendt sobre totalitarismo e biopolítica. Apresenta as origens e características do totalitarismo de acordo com Arendt, incluindo a busca por inimigos, o uso sistemático do terror e a privação dos direitos humanos. Também resume o livro "Eichmann em Jerusalém" e o conceito da "banalidade do mal". Por fim, aborda brevemente as visões de Foucault sobre soberania, disciplina e biopoder.
Crime politico, Terrorismo e Extradição: nos passos de Hannah ArendtGustavo Pamplona
O que é um crime político? E terrorismo? Qual a diferença entre criminoso político e terrorista? Como fazer a distinção destes agentes num processo de extradição? São estas as perguntas que este livro, a partir da lógica argumentativa e a obra de Hannah Arendt, procura responder.
SINOPSE
A proteção aos Direitos Humanos e a cooperação penal internacional exigem medidas efetivas de combate ao terror, desde que se observe a segurança e maior certeza jurídica. Contudo, a ausência de definição de terrorismo, no âmbito interno e internacional, conjugada com a diversidade de concepções, notadamente de caráter subjetivo, referentes ao crime político desafiam a fundamentação racional das decisões judiciais. A problemática ganha vulto ao se constatar que inúmeras Constituições de países Ibero-americanos, por vedarem a extradição do criminoso político, acabam por lhe conferir tratamento de proteção. Entretanto, em função da Convenção Interamericana contra o terrorismo, há o compromisso de repressão ao terrorista. A definição de crime motivado por razões política é controversa e inconclusiva, e, consequentemente, pode haver uma assimilação conceitual e impedir a extradição de terroristas. Torna-se imperiosa a análise desses dois delitos em função dos resultados díspares que geram. Com o escopo de categorizar o debate, opta-se por fundamentá-lo conforme a obra de Hannah Arendt. As reflexões arendtianas sobre liberdade, consenso, legitimidade, espaço público, contradição, dentre outros, perfazem não apenas conceitos que se inter-relacionam e se complementam dentro de um sistema filosófico político, entretanto garantem coerência e razoabilidade argumentativa a esta obra. Ademais, a filosofia arendtiana harmoniza-se com a doutrina do Direito pós-positivista e contribui para a construção jurídica legítima e democrática. O objetivo prático deste livro é propor uma sistemática conceitual que permita ao aplicador do direito diferençar os atos do criminoso político daqueles perpetrados pelo terrorista, portanto, autorizando a extradição destes para serem julgados ou para o cumprimento de pena. Justifica-se a importância da solução teorética em função da ausência da fase probatória do processo de extradição. A extradição passiva, nos moldes do direito brasileiro, não possibilita a comprovação probatória da motivação do agente e nem a aquilatação processual do contexto histórico político que se insere o crime. Tal objetivo ficará explícito na análise de caso da extradição de número 700 do Supremo Tribunal Federal do Brasil. Por fim, a distinção entre terrorismo e crime político requer o afastamento das propostas subjetivistas apregoadas tanto pela doutrina quanto pela jurisprudência. A solução jurídica está numa hermenêutica fundada no giro linguístico do texto constitucional e a constitucionalização do Direito Internacional à luz do Estado Democrático de Direito aliada à proteção e defesa dos Direitos Humanos.
Totalitarismo e sociedade de massas o espaço público em riscoricardogeo11
O documento discute o totalitarismo e sua relação com as massas. Aponta que o totalitarismo se apoiou nas massas, que estavam desprovidas de significado político, para implantar sua ideologia de domínio total através da propaganda e da violência. As massas, atomizadas e politicamente desinteressadas, foram facilmente manipuladas pelos regimes totalitários.
Este documento discute o livro "As Origens do Totalitarismo" de Hannah Arendt. O totalitarismo é caracterizado como um regime político onde o Estado controla todos os aspectos da sociedade. A autora compara o nazismo e o comunismo como ideologias totalitárias que exploraram a solidão das massas para ganhar poder. O documento também lista características comuns e divergentes dos regimes totalitários de direita e esquerda.
O documento descreve a vida e obra da filósofa Hannah Arendt, desde seus estudos universitários na Alemanha nos anos 1920 até sua morte em 1975 nos EUA. Detalha seu trabalho inicial sobre o antissemitismo na Alemanha nazista, sua fuga para a França e posteriormente para os EUA, onde se tornou cidadã. Arendt é conhecida por seu conceito da "banalidade do mal" desenvolvido no livro "Eichmann em Jerusalém".
Hannah Arendt analisou as origens e características do totalitarismo em sua obra "As Origens do Totalitarismo" de 1951. Ela distinguiu o totalitarismo de outras formas de governo autoritário e apontou que se caracteriza pelo terror como instrumento de dominação e busca constante por inimigos. Seus estudos sobre o julgamento de Adolf Eichmann levaram ao conceito da "banalidade do mal".
O documento discute o livro "As Origens do Totalitarismo" de Hannah Arendt, no qual ela compara criticamente o nazismo e o comunismo como ideologias totalitárias. O texto também define o que é um regime totalitário, caracterizando-o como aquele que estende o poder do Estado a todos os níveis da sociedade. Por fim, lista características comuns e divergentes dos regimes totalitários de esquerda e direita.
O documento apresenta um resumo do capítulo "A crise da Educação" do livro "Entre o Passado e o Futuro" de Hannah Arendt. A autora analisa os desafios da educação em tempos de crise da modernidade e defende uma educação para a natalidade, conservação e responsabilidade.
Totalitarismo e biopolítica na sociedade de controleArlindo Picoli
O documento discute as ideias de Hannah Arendt sobre totalitarismo e biopolítica. Apresenta as origens e características do totalitarismo de acordo com Arendt, incluindo a busca por inimigos, o uso sistemático do terror e a privação dos direitos humanos. Também resume o livro "Eichmann em Jerusalém" e o conceito da "banalidade do mal". Por fim, aborda brevemente as visões de Foucault sobre soberania, disciplina e biopoder.
Crime politico, Terrorismo e Extradição: nos passos de Hannah ArendtGustavo Pamplona
O que é um crime político? E terrorismo? Qual a diferença entre criminoso político e terrorista? Como fazer a distinção destes agentes num processo de extradição? São estas as perguntas que este livro, a partir da lógica argumentativa e a obra de Hannah Arendt, procura responder.
SINOPSE
A proteção aos Direitos Humanos e a cooperação penal internacional exigem medidas efetivas de combate ao terror, desde que se observe a segurança e maior certeza jurídica. Contudo, a ausência de definição de terrorismo, no âmbito interno e internacional, conjugada com a diversidade de concepções, notadamente de caráter subjetivo, referentes ao crime político desafiam a fundamentação racional das decisões judiciais. A problemática ganha vulto ao se constatar que inúmeras Constituições de países Ibero-americanos, por vedarem a extradição do criminoso político, acabam por lhe conferir tratamento de proteção. Entretanto, em função da Convenção Interamericana contra o terrorismo, há o compromisso de repressão ao terrorista. A definição de crime motivado por razões política é controversa e inconclusiva, e, consequentemente, pode haver uma assimilação conceitual e impedir a extradição de terroristas. Torna-se imperiosa a análise desses dois delitos em função dos resultados díspares que geram. Com o escopo de categorizar o debate, opta-se por fundamentá-lo conforme a obra de Hannah Arendt. As reflexões arendtianas sobre liberdade, consenso, legitimidade, espaço público, contradição, dentre outros, perfazem não apenas conceitos que se inter-relacionam e se complementam dentro de um sistema filosófico político, entretanto garantem coerência e razoabilidade argumentativa a esta obra. Ademais, a filosofia arendtiana harmoniza-se com a doutrina do Direito pós-positivista e contribui para a construção jurídica legítima e democrática. O objetivo prático deste livro é propor uma sistemática conceitual que permita ao aplicador do direito diferençar os atos do criminoso político daqueles perpetrados pelo terrorista, portanto, autorizando a extradição destes para serem julgados ou para o cumprimento de pena. Justifica-se a importância da solução teorética em função da ausência da fase probatória do processo de extradição. A extradição passiva, nos moldes do direito brasileiro, não possibilita a comprovação probatória da motivação do agente e nem a aquilatação processual do contexto histórico político que se insere o crime. Tal objetivo ficará explícito na análise de caso da extradição de número 700 do Supremo Tribunal Federal do Brasil. Por fim, a distinção entre terrorismo e crime político requer o afastamento das propostas subjetivistas apregoadas tanto pela doutrina quanto pela jurisprudência. A solução jurídica está numa hermenêutica fundada no giro linguístico do texto constitucional e a constitucionalização do Direito Internacional à luz do Estado Democrático de Direito aliada à proteção e defesa dos Direitos Humanos.
Totalitarismo e sociedade de massas o espaço público em riscoricardogeo11
O documento discute o totalitarismo e sua relação com as massas. Aponta que o totalitarismo se apoiou nas massas, que estavam desprovidas de significado político, para implantar sua ideologia de domínio total através da propaganda e da violência. As massas, atomizadas e politicamente desinteressadas, foram facilmente manipuladas pelos regimes totalitários.
Hannah Arendt era uma filósofa judia que analisou o totalitarismo nazista e soviético em seu livro "Origens do Totalitarismo". Ela acreditava que esses regimes se desenvolveram a partir da degradação do Estado-nação e ideias antissemitas e mantinham o poder através do terror e propaganda. Seu livro "Eichmann em Jerusalém" examinou o julgamento do oficial nazista Adolf Eichmann e introduziu o conceito da "banalidade do mal".
Este documento discute as ideias da filósofa política Hannah Arendt sobre a relação entre filosofia e política. Arendt acreditava que a filosofia deveria estar presente na vida política e que os cidadãos deveriam pensar como filósofos. Ela rejeitava regimes totalitários e defendia o pluralismo político.
Marcuse criticou como o progresso tecnológico e capitalista é usado para controlar socialmente as pessoas e reprimir o prazer livre em prol do trabalho. Ele acreditava que as pessoas apenas escolhem entre opções permitidas e que o proletariado deixou de ser agente de transformação social. Marcuse via a sociedade de consumo como não livre e questionava se precisamos de tudo o que compramos.
O documento discute os conceitos de violência e concórdia. Apresenta diferentes tipos de violência como violência estrutural, simbólica e por omissão. Também aborda temas como discriminação, preconceito, guerras, genocídios e terrorismo. Por fim, define concórdia como uma paz compartilhada construída por todos e apresenta a filosofia da não-violência de Gandhi.
Hannah Arendt nasceu na Alemanha em 1906 e exilou-se nos Estados Unidos para escapar do nazismo. Estudou filosofia e teologia na Alemanha e tornou-se conhecida por seus escritos sobre totalitarismo e política. Lecionou em universidades americanas e criticou regimes totalitários e a guerra do Vietnã.
Este documento apresenta o prefácio do livro "A Ideologia da Sociedade Industrial" de Herbert Marcuse. No prefácio, Marcuse discute como a sociedade industrial desenvolvida parece ter alcançado um grau de integração e dominação total que dificulta a crítica social. A sociedade consegue reprimir a necessidade de transformação através do progresso técnico e do aumento do padrão de vida. Isso deixa a teoria crítica sem bases para transcender a sociedade estabelecida e propor alternativas.
Herbert Marcuse foi um filósofo e sociólogo alemão que criticou as sociedades capitalistas e comunistas por suas falhas no processo democrático. Ele desenvolveu os conceitos de "indústria cultural" e "necessidades falsas" para analisar como a sociedade moderna controla as massas através da produção em massa e da manipulação de desejos. Marcuse viu a arte como um meio de resistência à opressão dos sistemas estabelecidos.
Marxismo e feminismo: encontros e desencontrosisameucci
O documento resume a história do encontro e desencontro entre marxismo e feminismo ao longo dos séculos XIX e XX, desde as primeiras tentativas de união por Flora Tristan até os debates nas décadas de 1960-1970 sobre se o gênero é uma classe ou não. Também apresenta a autora Cinzia Arruzza e seu livro "Ligações Perigosas", que defende uma união queer e unitária entre as duas teorias.
1) O documento discute as teorias contratualistas sobre a origem do Estado e do poder político, segundo autores como Hobbes, Locke e Rousseau.
2) Hobbes via o estado de natureza como um estado de guerra de todos contra todos, onde o contrato social estabelece um Estado absoluto para garantir a segurança.
3) Locke defendia que o estado de natureza tinha falta de regras, surgindo o Estado por meio de contrato para julgar disputas de forma imparcial.
4) Rousseau via o estado de natureza como harmônico,
Antonio Gramsci (1891-1937) foi um filósofo, político e intelectual italiano comunista que se opôs ao fascismo. Passou seus últimos anos preso pelo regime fascista, onde escreveu seus influentes Cadernos do Cárcere.
O documento discute os totalitarismos de esquerda e direita, comparando o regime de Stalin na União Soviética com o nazismo de Hitler na Alemanha. Ele lista as características comuns do totalitarismo, como partido único, propaganda em massa e campos de concentração. Também menciona o fascismo de Mussolini na Itália e discute o existencialismo como uma filosofia que surgiu em resposta aos horrores da guerra.
Lênin foi um revolucionário russo e líder da Revolução Russa de 1917. Stalin comandou a União Soviética de forma autoritária, censurando e assassinando opositores. Trotsky também participou da Revolução Russa de 1917 e foi assassinado por Stalin.
O documento descreve a vida e obra do filósofo francês Michel Foucault. Ele dividiu os modos de objetivação do ser humano em três: a arqueologia do saber, a genealogia do poder e a ética. Foucault criticou a noção de que o poder é detido pelo Estado e propôs em vez disso a noção de micropoderes que disciplinam os corpos e biopoder, que disciplina a população por meio de discursos científicos.
O documento descreve a trajetória de Herbert Marcuse na Escola de Frankfurt, contextualizando seu pensamento no desenvolvimento da Teoria Crítica. Apresenta os principais conceitos da Teoria Crítica como uma escola independente baseada em Hegel, Marx e Freud, que se preocupou em criticar a sociedade visando a liberdade humana. Também relata a construção do Instituto para Pesquisa Social e a participação de Marcuse nesse projeto.
1) O documento discute se existe o conceito de "fascismo de esquerda" e analisa as semelhanças entre extremos políticos.
2) É introduzida a noção da "fita de Möbius", onde extremos opostos se encontram, como comunismo e nazismo em seus atos autoritários.
3) A violência para fins antidemocráticos ou a eliminação física de opositores podem ser consideradas atitudes fascistas tanto da direita quanto da esquerda.
O documento discute os totalitarismos de esquerda e direita, comparando o regime de Stalin na União Soviética com o nazismo de Hitler na Alemanha. Ele lista as características comuns do totalitarismo, como partido único, propaganda em massa e campos de concentração. Também menciona o fascismo de Mussolini na Itália e o existencialismo de Sartre como resposta filosófica aos horrores da guerra.
Hannah Arendt analisa o totalitarismo nazista e stalinista, que se caracterizam pela manipulação das massas e banalização do poder. Ela também estuda o julgamento de Adolf Eichmann em Jerusalém e a noção da "banalidade do mal". Por fim, defende que a política deve ser um espaço de liberdade e participação cidadã, não de opressão como ocorre nos regimes totalitários.
O documento discute vários conceitos relacionados à violência, incluindo suas definições, tipos e causas. A violência é definida como um ato intencional de destruição de outrem que envolve conflito entre partes. Diferentes tipos de violência são discutidos, como estrutural, passiva e simbólica. O documento também aborda discriminação, preconceito e elitismo.
1) O documento discute a tensão entre liberalismo e democracia radical na Revolução Francesa e como filósofos como Rousseau, Kant e Fröbel tentaram conciliar igualdade e liberdade.
2) Fröbel propôs que a vontade geral deve ser formada através de discussão e votação livre dos cidadãos, ligando o discurso público ao princípio da maioria.
3) Isso permitiria conciliar a razão com a vontade majoritária e daria assentimento condicional da minoria, resolv
Slides - Aula 04 - Arendt, a condição humana e o totalitarismo.pdfNatan Baptista
O documento discute a filósofa Hannah Arendt e suas ideias sobre a condição humana e o totalitarismo. Arendt estudou com grandes filósofos alemães e fugiu da Alemanha após a ascensão do nazismo. Suas obras principais analisam as origens do totalitarismo e do poder total e a condição humana frente a esses regimes políticos opressivos. Ela cunhou o termo "banalidade do mal" após observar o julgamento de Adolf Eichmann, apontando que atos impensáveis
Origens do Totalitarismo - Hannah Arendt.pdfVIEIRA RESENDE
1. Este livro analisa o antissemitismo, imperialismo e totalitarismo do século XX e como esses fenômenos destruíram a estrutura da civilização ocidental.
2. A autora argumenta que o antissemitismo moderno surgiu no século XIX e difere do ódio religioso aos judeus da Idade Média, tendo origem no nacionalismo e no conceito moderno de nação.
3. Ela também discute como o hiato de quase 200 anos entre a Idade Média e a era moderna foi importante para a autoidentidade jud
Hannah Arendt era uma filósofa judia que analisou o totalitarismo nazista e soviético em seu livro "Origens do Totalitarismo". Ela acreditava que esses regimes se desenvolveram a partir da degradação do Estado-nação e ideias antissemitas e mantinham o poder através do terror e propaganda. Seu livro "Eichmann em Jerusalém" examinou o julgamento do oficial nazista Adolf Eichmann e introduziu o conceito da "banalidade do mal".
Este documento discute as ideias da filósofa política Hannah Arendt sobre a relação entre filosofia e política. Arendt acreditava que a filosofia deveria estar presente na vida política e que os cidadãos deveriam pensar como filósofos. Ela rejeitava regimes totalitários e defendia o pluralismo político.
Marcuse criticou como o progresso tecnológico e capitalista é usado para controlar socialmente as pessoas e reprimir o prazer livre em prol do trabalho. Ele acreditava que as pessoas apenas escolhem entre opções permitidas e que o proletariado deixou de ser agente de transformação social. Marcuse via a sociedade de consumo como não livre e questionava se precisamos de tudo o que compramos.
O documento discute os conceitos de violência e concórdia. Apresenta diferentes tipos de violência como violência estrutural, simbólica e por omissão. Também aborda temas como discriminação, preconceito, guerras, genocídios e terrorismo. Por fim, define concórdia como uma paz compartilhada construída por todos e apresenta a filosofia da não-violência de Gandhi.
Hannah Arendt nasceu na Alemanha em 1906 e exilou-se nos Estados Unidos para escapar do nazismo. Estudou filosofia e teologia na Alemanha e tornou-se conhecida por seus escritos sobre totalitarismo e política. Lecionou em universidades americanas e criticou regimes totalitários e a guerra do Vietnã.
Este documento apresenta o prefácio do livro "A Ideologia da Sociedade Industrial" de Herbert Marcuse. No prefácio, Marcuse discute como a sociedade industrial desenvolvida parece ter alcançado um grau de integração e dominação total que dificulta a crítica social. A sociedade consegue reprimir a necessidade de transformação através do progresso técnico e do aumento do padrão de vida. Isso deixa a teoria crítica sem bases para transcender a sociedade estabelecida e propor alternativas.
Herbert Marcuse foi um filósofo e sociólogo alemão que criticou as sociedades capitalistas e comunistas por suas falhas no processo democrático. Ele desenvolveu os conceitos de "indústria cultural" e "necessidades falsas" para analisar como a sociedade moderna controla as massas através da produção em massa e da manipulação de desejos. Marcuse viu a arte como um meio de resistência à opressão dos sistemas estabelecidos.
Marxismo e feminismo: encontros e desencontrosisameucci
O documento resume a história do encontro e desencontro entre marxismo e feminismo ao longo dos séculos XIX e XX, desde as primeiras tentativas de união por Flora Tristan até os debates nas décadas de 1960-1970 sobre se o gênero é uma classe ou não. Também apresenta a autora Cinzia Arruzza e seu livro "Ligações Perigosas", que defende uma união queer e unitária entre as duas teorias.
1) O documento discute as teorias contratualistas sobre a origem do Estado e do poder político, segundo autores como Hobbes, Locke e Rousseau.
2) Hobbes via o estado de natureza como um estado de guerra de todos contra todos, onde o contrato social estabelece um Estado absoluto para garantir a segurança.
3) Locke defendia que o estado de natureza tinha falta de regras, surgindo o Estado por meio de contrato para julgar disputas de forma imparcial.
4) Rousseau via o estado de natureza como harmônico,
Antonio Gramsci (1891-1937) foi um filósofo, político e intelectual italiano comunista que se opôs ao fascismo. Passou seus últimos anos preso pelo regime fascista, onde escreveu seus influentes Cadernos do Cárcere.
O documento discute os totalitarismos de esquerda e direita, comparando o regime de Stalin na União Soviética com o nazismo de Hitler na Alemanha. Ele lista as características comuns do totalitarismo, como partido único, propaganda em massa e campos de concentração. Também menciona o fascismo de Mussolini na Itália e discute o existencialismo como uma filosofia que surgiu em resposta aos horrores da guerra.
Lênin foi um revolucionário russo e líder da Revolução Russa de 1917. Stalin comandou a União Soviética de forma autoritária, censurando e assassinando opositores. Trotsky também participou da Revolução Russa de 1917 e foi assassinado por Stalin.
O documento descreve a vida e obra do filósofo francês Michel Foucault. Ele dividiu os modos de objetivação do ser humano em três: a arqueologia do saber, a genealogia do poder e a ética. Foucault criticou a noção de que o poder é detido pelo Estado e propôs em vez disso a noção de micropoderes que disciplinam os corpos e biopoder, que disciplina a população por meio de discursos científicos.
O documento descreve a trajetória de Herbert Marcuse na Escola de Frankfurt, contextualizando seu pensamento no desenvolvimento da Teoria Crítica. Apresenta os principais conceitos da Teoria Crítica como uma escola independente baseada em Hegel, Marx e Freud, que se preocupou em criticar a sociedade visando a liberdade humana. Também relata a construção do Instituto para Pesquisa Social e a participação de Marcuse nesse projeto.
1) O documento discute se existe o conceito de "fascismo de esquerda" e analisa as semelhanças entre extremos políticos.
2) É introduzida a noção da "fita de Möbius", onde extremos opostos se encontram, como comunismo e nazismo em seus atos autoritários.
3) A violência para fins antidemocráticos ou a eliminação física de opositores podem ser consideradas atitudes fascistas tanto da direita quanto da esquerda.
O documento discute os totalitarismos de esquerda e direita, comparando o regime de Stalin na União Soviética com o nazismo de Hitler na Alemanha. Ele lista as características comuns do totalitarismo, como partido único, propaganda em massa e campos de concentração. Também menciona o fascismo de Mussolini na Itália e o existencialismo de Sartre como resposta filosófica aos horrores da guerra.
Hannah Arendt analisa o totalitarismo nazista e stalinista, que se caracterizam pela manipulação das massas e banalização do poder. Ela também estuda o julgamento de Adolf Eichmann em Jerusalém e a noção da "banalidade do mal". Por fim, defende que a política deve ser um espaço de liberdade e participação cidadã, não de opressão como ocorre nos regimes totalitários.
O documento discute vários conceitos relacionados à violência, incluindo suas definições, tipos e causas. A violência é definida como um ato intencional de destruição de outrem que envolve conflito entre partes. Diferentes tipos de violência são discutidos, como estrutural, passiva e simbólica. O documento também aborda discriminação, preconceito e elitismo.
1) O documento discute a tensão entre liberalismo e democracia radical na Revolução Francesa e como filósofos como Rousseau, Kant e Fröbel tentaram conciliar igualdade e liberdade.
2) Fröbel propôs que a vontade geral deve ser formada através de discussão e votação livre dos cidadãos, ligando o discurso público ao princípio da maioria.
3) Isso permitiria conciliar a razão com a vontade majoritária e daria assentimento condicional da minoria, resolv
Slides - Aula 04 - Arendt, a condição humana e o totalitarismo.pdfNatan Baptista
O documento discute a filósofa Hannah Arendt e suas ideias sobre a condição humana e o totalitarismo. Arendt estudou com grandes filósofos alemães e fugiu da Alemanha após a ascensão do nazismo. Suas obras principais analisam as origens do totalitarismo e do poder total e a condição humana frente a esses regimes políticos opressivos. Ela cunhou o termo "banalidade do mal" após observar o julgamento de Adolf Eichmann, apontando que atos impensáveis
Origens do Totalitarismo - Hannah Arendt.pdfVIEIRA RESENDE
1. Este livro analisa o antissemitismo, imperialismo e totalitarismo do século XX e como esses fenômenos destruíram a estrutura da civilização ocidental.
2. A autora argumenta que o antissemitismo moderno surgiu no século XIX e difere do ódio religioso aos judeus da Idade Média, tendo origem no nacionalismo e no conceito moderno de nação.
3. Ela também discute como o hiato de quase 200 anos entre a Idade Média e a era moderna foi importante para a autoidentidade jud
1) O documento discute a violência pública e privada na sociedade brasileira e como as elites se tornaram indiferentes aos problemas dos mais pobres.
2) As elites veem os pobres como "estranhos" sem valor moral e se preocupam apenas com seus problemas privados em vez de problemas coletivos.
3) Essa indiferença levou a uma reação dos pobres, que agora veem os ricos apenas como objetos para roubo ou violência.
A bioética e sua relação com os direitos humanos pdfricardogeo11
1) O documento discute a relação entre bioética e direitos humanos segundo o pensamento de Hannah Arendt.
2) Arendt acreditava que os direitos humanos surgem da necessidade de proteger a dignidade humana e o direito de pertencer a uma comunidade política.
3) O totalitarismo representou a negação total dos direitos humanos através da violência e desumanização nos campos de concentração.
O documento discute a necessidade de se opor à cultura da violência e promover uma cultura da paz. A cultura atual é estruturada em torno do poder e da dominação, enquanto a cultura da paz prega a cooperação e o cuidado com o outro. Promover a paz é imperativo para evitar a destruição da humanidade e do planeta.
O documento discute as origens e expressões históricas do ideal humanista ao longo da história. Afirma que o humanismo surgiu dissociado da técnica, trabalho e política na Grécia antiga, focando-se inicialmente em questões intelectuais e estéticas durante o Renascimento. Somente no século XIX é que o humanismo foi incorporado pelas correntes socialistas, associando a emancipação humana à emancipação do trabalho.
Este documento descreve os movimentos sociais e políticos da década de 1960, conhecidos como "anos da utopia". Influenciados por pensadores como Marx, Sartre e Marcuse, jovens em todo o mundo contestaram os valores burgueses e propuseram uma nova ordem baseada no bem-estar coletivo, amor e pacifismo. No entanto, cada país teve suas próprias manifestações de acordo com suas questões sociais específicas.
1) O documento é um prefácio para uma edição de manuscritos póstumos de Hannah Arendt que fornecem insights sobre sua filosofia política.
2) Arendt acreditava que a política deveria proteger a liberdade e espontaneidade humanas, em contraste com regimes totalitários.
3) Embora tenha vivido tempos sombrios, Arendt manteve fé na capacidade humana de começar algo novo através da ação política.
Este documento discute como os mitos criam e organizam comunidades. Aponta que os mitos dão vida a uma sociedade, organizando-a e lançando-a rumo ao seu destino, através de um sentimento do mundo compartilhado que cria laços sociais e normas comunitárias. Também estrutura as personalidades individuais e origina visões de mundo coerentes.
A TOMADA DO PODER GRAMSCI E A COMUNIZAÇÃO DO BRASILLucio Borges
[1] Gramsci propôs que o comunismo deveria ser implantado de forma pacífica, infiltrando gradualmente as ideias revolucionárias na sociedade por meio de intelectuais e meios de comunicação. [2] No Brasil, o PT vem aplicando as teses de Gramsci para conquistar espaços e estabelecer a "hegemonia", despertando pouca resistência do povo. [3] O documento alerta que os valores ocidentais e a democracia brasileira correm perigo devido à aplicação das ideias de Gramsci.
Manifesto do Partido Comunista de 1848 - Marx e Engels (Resenha)Kary Subieta Campos
O documento resume o Manifesto do Partido Comunista de Marx e Engels, descrevendo suas principais ideias como a luta de classes e a exploração do proletariado pela burguesia, a abolição da propriedade privada, e a visão do comunismo como o caminho para a igualdade social.
O autor descreve o pensamento autoritário de direita que domina o Brasil quando se deixa influenciar por essa ideologia. Ele argumenta que esse pensamento traz consigo valores como a intolerância, a xenofobia e o domínio de uma classe sobre a outra, reproduzindo a estrutura de "casa grande e senzala". Também critica a atuação da Câmara dos Deputados brasileira, dominada por grupos conservadores, e os projetos que reduzem direitos.
O documento discute a necessidade da emancipação humana através da rebeldia e da autonomia contra a submissão e clonagem social. Defende que cada pessoa deve cultivar sua consciência crítica e capacidade de questionamento para se auto-definir de forma autônoma, em vez de ser conduzida passivamente.
O documento discute a obra "O Mundo Novo" de Aldous Huxley, comparando a sociedade distópica retratada no livro com aspectos da sociedade moderna. A manipulação da felicidade e liberdade dos indivíduos através de métodos como medicamentos que controlam emoções e hipnose durante o sono é apresentada como forma de manutenção do controle social tanto no livro quanto atualmente por meios de comunicação e indústria.
1) O documento apresenta resumos de 25 obras filosóficas essenciais, incluindo livros de autores como Kant, Debord, Beauvoir e Russell.
2) As obras datam de diferentes épocas e abordam temas como moral, religião, gênero, poder e história da filosofia.
3) Entre os destaques estão "A Sociedade do Espetáculo" de Guy Debord, "O Segundo Sexo" de Simone de Beauvoir e "Crítica da Razão Pura" de Kant.
O documento resume a vida e o pensamento de Karl Marx. Apresenta os principais conceitos marxistas como alienação, luta de classes, materialismo histórico e a previsão da revolução proletária que levaria ao fim do capitalismo. Explica como Marx foi influenciado por Hegel e como desenvolveu suas próprias teorias econômicas e políticas.
O documento discute como minorias dominaram a história da humanidade através de manipulação ideológica e discurso demagógico, mantendo a maioria da população em um "sono dogmático". Questiona se a democracia moderna perpetua este padrão de governo para benefício de poucos, e propõe a necessidade de desmistificar a retórica democrática para acordar deste "crepúsculo demagógico".
O texto discute as consequências negativas de movimentos que buscam igualdade social através da força e da violência ao longo da história, resultando em atrocidades e genocídios. Aponta como exemplos a Revolução Russa e a criação do Comando Vermelho no Brasil, que disseminou o crime organizado. Defende que esses movimentos criaram pessoas incapazes de admitir os erros cometidos e que debilitaram o Estado brasileiro.
O documento discute as transformações sociais decorrentes da Revolução Industrial e do surgimento da cultura de massa, como a concentração populacional e a nova relação entre capital e trabalho. Também aborda a representação da modernidade na obra de Baudelaire e a crítica à sociedade de massas por pensadores como Tocqueville, Nietzsche e Ortega y Gasset.
Semelhante a Regime totalitário na concepção de hannah arendt (20)
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karl marx biografia resumida com suas obras e história de vida
Regime totalitário na concepção de hannah arendt
1. REGIME TOTALITÁRIO NA CONCEPÇÃO DE HANNAH ARENDT
Wesley Santos Souza1
O Totalitarismo no Contexto da Era Moderna
Dentre todas as experiências da Era Moderna, a mais asquerosa foi a dos
movimentos totalitários, que durante a Segunda Grande Guerra Mundial, dizimou
milhares de pessoas, na sua maioria judeus e deficientes físicos, ou pessoas indiferentes
às ideologias do terror. Esta nova lei imposta, não só ao povo judeu, mas também à
humanidade é de maneira inóspita, a desagregação de todos os compromissos do
homem com a vida. Esse tirocínio estará marcado na história como a mais cruel forma
de deterioração da vida.
A condição do homem na modernidade junto à vontade de criar e governar uma nova
humanidade fez, por meio do terror, com que indivíduos ferissem de todos os modos,
com suas ideologias, a composição da vida enquanto algo dado e de direito de todos.
No totalitarismo, o terror é a essência da barbárie. Hannah Arendt2 pensa o totalitarismo
a partir de sua especificidade, que é basicamente sua ideia de domínio, definido como a
“dominação permanente de todos os indivíduos em toda e qualquer esfera da vida”. 3
O totalitarismo, enquanto uma forma de governo burocrática e de intimidação estende
sua ingerência à vida interior de todos os seus governados, tirando deles a liberdade e a
privacidade.
Desta maneira Arendt esclarece que
A diferença fundamental entre as ditaduras modernas e as tiranias do passado
está no uso do terror não como meio de extermínio e amedrontamento dos
oponentes, mas como instrumento corriqueiro para governar as massas
perfeitamente obedientes4
1
Acadêmico do Curso de Filosofia da Universidade Estadual de Montes Claros – UNIMONTES.
2
Hannah Arendt nasceu Linden, perto de Hannover, Alemanha, em 1906. É filha de Paul Arendt e
Martha Cohn. Estudou nas universidades de Marburg e Freiburg, e obteve seu doutorado em filosofia na
universidade de Heidelberg, sob a orientação de Karl Jaspers. Em 1933 fugiu para Paris e em 1941, por
decorrência da deflagração da Segunda Guerra Mundial, se estabeleceu nos Estados Unidos, onde faleceu
em dezembro de 1975. Professora visitante em várias universidades, Arendt fez sua carreira acadêmica
em New School For Social Research de Nova York. É autora, entre outros livros, de A condição Humana,
Entre o Passado e o Futuro, Homens em Tempos Sombrios, Eichmann em Jerusalém e Responsabilidade
e Julgamento. Foi uma intelectual que se colocou a serviço das idéias contrárias aos regimes totalitários
que pontuaram a história do século XX.
3
ARENDT, 1989, p. 375.
4
ARENDT, 1989, p. 26.
2. Porém, o novo do totalitarismo e o que o difere dos antigos regimes autoritários é que
este está calcado no terror e na intromissão da vida privada, e de forma radical tende a
destruir os próprios grupos e as instituições que formam o tecido das relações privadas
do homem, principalmente a família, fazendo com que o homem se torne estranho ao
mundo privando-o de seu próprio eu.
Arendt distingue assim, o regime totalitário da ditadura e da tirania
A distinção decisiva entre o domínio totalitário, baseado no terror, e as
tiranias e ditaduras, impostas pela violência, é que o primeiro volta-se não
apenas contra os seus inimigos, mas também contra os amigos e
correligionários, pois teme todo poder, até mesmo o poder dos inimigos. O
clímax do terror é alcançado quando o estado policial começa a devorar os
seus próprios filhos, quando o carrasco de ontem torna-se a vítima de hoje. É
este o momento quando o poder desaparece inteiramente. 5
O espanto que aqueles que estiveram sujeitos aos domínios nazistas não pode ser
relatado em palavras, tamanha a brutalidade desenvolvida pelos regimes totalitários com
a finalidade de levar a cabo os seus planos de destruição de tudo o que era indiferente às
suas ideologias.
Para Souki
O conceito de novidade é um dos pontos mais expressivos de toda obra de
Hannah Arendt, e a compreensão profunda das implicações disso faz
reconhecer a pertinência do conceito de banalidade do mal, no quadro da
filosofia contemporânea.6
Na filosofia de Arendt este ideal de novidade é destacado, principalmente no que tange
à capacidade do homem moderno, de ser um iniciador de novos processos. Sendo que,
esta foi uma das esperanças da modernidade, que diante da possibilidade de alcançar
novos patamares na história, e com a introdução da tecnologia em diversos campos da
sociedade, trazia consigo a esperança de que os ideais de fraternidade e solidariedade
viessem a ser reconstruídos e respeitados, no entanto, os processos históricos são
criados e constantemente interrompidos.
Arendt observa que
No advento dos regimes totalitários que estudou, foi a existência de pessoas
como desempregados, marginais, refugiados, que são percebidos como
5
ARENDT, 1985, p 30.
6
SOUKI, 1998, p 39.
3. supérfluos. “ A tentativa totalitária de tornar supérfluos o homens reflete a
sensação da superfluidade das massas modernas numa terra superpovoada.”
Neste sentido é apenas na perspectiva de um bom senso tradicional que “ o
mundo dos agonizantes, no qual os homens aprendem que são supérfluos
através de um modo de vida em que o castigo nada tem a ver com o crime,
em que a exploração é praticada sem lucro e em que o trabalho é realizado
sem proveito” pode ser visto como: “ lugar onde a insensatez é diariamente
renovada”.7
A era moderna quando proclamava a liberdade e a ação como direito exclusivo do ser
humano, buscava garantir ao homem o encontro de sua subjetividade por meio da
técnica, e mais ainda apontava para ele uma direção para seguir os seus objetivos. Nesta
perspectiva o regime total provoca um impasse por meio de sua ideologia invertida,
vitimando pessoas inocentes, caracterizando-se, assim, como uma afronta e uma
inversão completa dos direitos humanos.
Ressalta Souki que
A terrificante originalidade do totalitarismo não se refere a uma nova “idéia”
que apareceu no mundo, mas a atos de ruptura com toda a nossa tradição.
Esses atos, literalmente, pulverizam nossas categorias políticas e nossos
critérios de julgamento moral.8
A novidade do fenômeno totalitário põem por terra as categorias de pensamento político
e moral, demonstrando a incapacidade destes na promoção da vida, destruindo todas as
maneiras de aperfeiçoamento intelectual das massas, de maneira que elas sejam
sufocadas e dizimadas pelos regimes totalitários.
Sobre isto, Castoriadis diz
Está implícito na análise de Arendt o pressuposto de que nós enfrentamos
aqui algo que não apenas transcende as “teorias sobre a história” herdadas,
mas transcende qualquer “teoria”. Na verdade, o totalitarismo é, a esse
respeito, o exemplo monstruosamente privilegiado e extremo daquilo que é
verdade para toda a história e para todos os tipos de sociedade. 9
É neste confronto com o novo e com o espanto frente às atrocidades e perplexidades que
Arendt tenta compreender o fenômeno totalitário e suas manifestações, que desafiam a
todos os critérios de julgamento.
7
LAFER, 1988, p. 112 e 113
8
SOUKI. 1998, p 44.
9
CASTORIADIS, citado por Souki. 1998, p.44.
4. Na concepção de Souza: “A questão é ainda mais ampla, já que o totalitarismo é, ao
mesmo tempo, causa e conseqüência da inadequação entre a tradição intelectual do
ocidente e a novidade que ele representa; da ruptura entre o conhecimento e
realidade.” 10
Expandido para além das fronteiras da tolerância, o totalitarismo transformou pessoas
em animais, sujeitos a uma inumanidade sem precedentes, homens e mulheres e até
crianças, despojados de seus diretos, subordinados a penosos trabalhos, cujo salário para
a maior parte deles era apenas o prolongamento da vida.
O totalitarismo é um tipo distinto de dominação, sob uma aparência moderna. É uma
forma de ascendência que não se contenta com o superficialismo atroz, mas invade
todos os campos da perversidade, em prol da conquista de uma raça que obedeça aos
requisitos estéticos, políticos e culturais da minoria dominante, e que emprega sobre as
massas a barbárie e a falência ética.
Para Arendt, o totalitarismo está apoiado em dois pilares: ideologia e terror. Enquanto a
ilegalidade é a essência do governo tirânico, o terror é a própria essência do domínio
totalitário.
Os Campos de Concentração
A conotação do terror ganha força diante da crueldade dos campos de
concentração, que eram verdadeiros laboratórios, nos quais se verifica a dupla crença de
que tudo é possível e que tudo é permitido. Consentido, não no significado das
liberdades individuais, mas, ao contrário, do ponto de vista dos detentores do poder.
Enfatiza Lafer que
O internato do campo de concentração, vê-se separado por um abismo
intransponível do mundo dos vivos. Ingressa no mundo dos mortos-vivos.
Não tem preço algum porque sempre pode ser substituído. Ninguém sabe a
quem ele pertence, porque nunca é visto e, do ponto de vista da sociedade, é
absolutamente supérfluo, embora em épocas de intensa falta de mão-de-obra
tivessem os internatos nos campos sido utilizados, durante a guerra, na URSS
e na Alemanha, para o trabalho.11
O objetivo do totalitarismo é o de transformar por meio da desagregação e violência a
natureza humana, tornando-a uma raça pura, conforme os parâmetros ideológicos dos
comandos totalitários, principalmente em relação ao povo semita. Junto ao extermínio
10
SOUZA, 2007, p. 246.
11
LAFER, 1988, p. 107.
5. de milhares de pessoas, se junta às memórias das vítimas inocentes e de grupos
humanos inteiros resumidos em sujeitos desolados e derrotados pela opressão
Na compreensão de Arendt
Os campos de concentração não são apenas destinados ao extermínio de
pessoas e à degradação de seres humanos: servem também à horrível
experiência que consiste em eliminar, em condições cientificamente
controladas, à própria espontaneidade enquanto expressão do comportamento
humano, e em transformar a personalidade humana em simples coisa, em
alguma coisa que nem mesmo os animais possuem12
Desta maneira, percebe-se entre outros fatores, que os campos de concentração tinham
um objetivo fundamental: a destruição da pessoa jurídica e moral do indivíduo, morta a
pessoa não restava mais a consciência contrária às idéias totalitárias, estes indivíduos
eclipsados e renegados eram experimentos vivos de mortos-vivos.
Evidência Souki que
O outro aspecto a ser ressaltado sobre os campos de concentração, e que se
situa no quadro das características essenciais do totalitarismo, é o da
atmosfera de irrealidade e seu equivalente clima de ficção e a fluidificação da
consciência. Convém lembrar que os campos são não apenas a sociedade
mais totalitária já realizada, mas também o modelo social perfeito para o
domínio total. Os campos constituem a verdadeira instituição central do
poder organizacional totalitário. Da mesma forma como a estabilidade do
regime totalitário depende do isolamento do mundo fictício criado pelo
movimento em relação ao mundo exterior, também a experiência dos campos
de concentração depende de seu fechamento ao mundo de todos os homens, o
mundo dos vivos em geral.13
Essa atmosfera de aturdimento psíquico e irrealidade, criada pela aparente ausência de
propósitos, é a verdadeira cortina de ferro que esconde, dos olhos do mundo, todas as
barbáries cometidas dentro dos campos de concentração.
Nesta mesma perspectiva destaca Lafer que
Os campos de concentração em síntese não é uma instituição criada em nome
da produtividade, não tem função econômica e não é útil do ponto de vista
12
ARENDT, 1989, p. 506.
13
SOUKI. 1998, p. 56.
6. prático. Daí a aparência de desatinada irrealidade, aos olhos do mundo do
bom senso, dos campos de concentração. 14
É esta uma característica da era moderna que com suas propagandas, engendram na
mentalidade da sociedade, realidades inexistentes, criando e disseminando uma ideia
superficial de que tudo vai bem, mas a realidade é outra e as coisas vão mal, pelo menos
para a maioria subjugada ao terror e às atrocidades dos que se acham melhores e
diferentes dos demais.
Destaca Lafer que
O totalitarismo concorre poderosamente, através da propaganda e da
ideologia instrumentalizada pelo terror, ao prender as pessoas ao mundo das
aparências ao agudizar, através da atomização do indivíduo na massa, o estar
sozinho da desolação.15
Segundo Arendt: “A igualdade de condições, embora constitua o requisito básico da
justiça, é uma das incertas especulações da humanidade moderna”.16 e isso fica
evidente diante da calamidade e da indiferença provocados por sentimentos
“Semitofóbico”. 17
Mais do que qualquer tipo de verdade moral é a desumanização e a descrença que
provocam uma crueldade que termina por levar à aceitação do extermínio como solução
perfeitamente normal.
A realidade totalitária é marcada pela existência camuflada de indivíduos desarticulados
de seu mundo, de suas crenças e até mesmo de sua humanidade; são seres
condicionados a aceitar, não importa o que, e eles terminam por não reagir a nada, nem
à vida nem à morte lhes importa mais, de forma que desempenham tarefas absurdas com
uma resignação absoluta.
Explicita Arendt que
A experiência dos campos de concentração demonstra que os seres humanos
podem transformar-se em espécimes do animal humano, e que a „natureza‟
do homem só é „humana‟ na medida em que dá ao homem a possibilidade de
tornar-se algo eminentemente não natural, isto é, um homem.18
14
LAFER, 1988, p. 107
15
LAFER, 1988, p. 239
16
ARENDT, 1989, p. 76.
17
Relativo à semitofobia, que é uma aversão ou intolerância aos judeus.
18
ARENDT, 1989, p 57.
7. Os campos minavam a personalidade dos prisioneiros e transformavam estes em cães,
sujeitos às piores humilhações, mas tão sofridos e dependentes ao regime já estavam,
que poucos eram os atos de resistência individual ou coletiva que surgia entre eles.
Os campos tronaram-se laboratórios experimentais para se estudar os meios mais
eficazes de se fazer o terror, onde imperava uma total desestruturação da condição da
humanidade, de forma que homens aplicavam o terror a outros homens, excluindo assim
todos os vínculos de igualdade, sem culpa ou ressentimento como se estes fossem
destituídos de qualquer posição ou proximidade com a vida humana.
Na concepção de Arendt:
É pelo fato de a igualdade exigir que eu reconheça que todo e qualquer
individuo é igual a mim que os conflitos entre os grupos diferentes, que por
motivos próprios relutam em reconhecer no outro essa igualdade básica,
assumem formas tão terrivelmente cruéis.19
O totalitarismo tinha uma eficácia técnica que colaborou dramaticamente para levar o
preconceito anti-semita às últimas consequências. Ademais, pode se caracterizar todo
este procedimento com o termo banalidade do mal, sendo que a banalidade do mal, da
qual Arendt fala quando analisa o comportamento burocrático do comandante do campo
de concentração em Auschwitz, “Eichmann20”, somente aproxima-se do nosso
entendimento quando observamos os procedimentos técnicos, regidos pela eficácia da
produção moderna, e desvinculados, na consciência dos protagonistas da matança, do
terror e da sua finalidade, que era a transformação radical da raça humana em uma raça
pura.
A realidade do governo totalitário era incomum e banal. Nele o cotidiano era marcado
pela novidade violenta e ameaçadora, sendo que a única frequência era a brutalidade
estúpida e covarde imposta a pessoas indefesas, como idosos e crianças, através da qual
muitos eram massacrados em praças públicas.
19
ARENDT, 1989, p 77.
20
O alemão Adolf Eichmann era um criminoso nazista da II Guerra Mundial que foi capturado em
Buenos Aires, na Argentina, em 1960, e levado a Jerusalém por um comendo militar para julgamento em
um tribunal de Israel, onde foi condenado por crime contra o povo judeu. Na concepção de Arendt, que
em 1961 se ofereceu ao jornal americano The New Yorker para fazer a cobertura do julgamento em
Jerusalém, à singularidade de Eichmann consistia em sua trivialidade, pois não se tratava de um herói,
nem de um fanático, nem de um doente, nem de um grande perverso, nem de um paranóico ou de um
personagem. Para ela Eichmann era fundamentalmente insignificante, mas que possuía vontade. Arendt
trabalhava fatos e traz a banalidade do mal ao nível do cotidiano, ou seja, o que caracterizava o sujeito era
um vazio de pensamento, que não quer dizer se tolo, mas que o predispôs a tornar-se o grande criminoso
que acabou sendo.
8. Tudo isso revela que a própria banalidade do mal que na concepção de Arendt consiste
no mal político, passa a aceitar o inaceitável, transformando-o em algo normal e legal.
Semelhante a isso Duarte destaca que: “Tipologias que designam aquelas cuja mera
existência implica discordância para com a ideologia totalitária, merecendo ser
sistematicamente exterminados, independentemente do que pensem, falem ou façam”. 21
Uma Sociedade Sem Classes
As causas do totalitarismo foram diversas, sendo que a “política imperialista”22
transformou-se em um dos pilares deste movimento. Uma vez que na concepção de
Arendt: “A força sem coibição só pode gerar mais força, e a violência administrativa
em benefício da força – e não em benefício da lei – torna-se um dos princípios
destrutivos que só é detido quando nada mais resta a violar”.23
Além destes, outro fator que permitiu o surgimento do totalitarismo foi a secularização,
este é um fator característico da modernidade, que tentou pulverizar da sociedade
moderna as marcas firmes da religiosidade. Sendo que: “A afirmação das leis
24
defendidas por nazistas e comunistas teve como base”, como evidencia Lefort:“A
erosão que havia sofrido anteriormente à fé numa verdade acima dos homens, à fé
numa lei transcendente, quer fosse definida como direito natural ou emanasse dos
mandamentos de Deus”.25
A era moderna reforçou a subjetividade humana, forçando os homens a uma vida em
que tudo é dinâmico e rápido, e todo tipo de ação comunitária é tido como perda de
tempo. E isso corroborou para a propagação dos ideais totalitários, nos quais os
governos do terror encontraram no individualismo exacerbado o terreno fértil, para a
acomodação de suas leis. Sendo que totalitarismo viu na organização de classes um
perigo, e para isso eles tiveram que buscar nos formadores de opiniões os inimigos que
poderiam destruir toda a sua organização.
O totalitarismo baseia-se em uma organização governamental e sistemática da vida dos
homens prescindindo-os do discurso da ação e de todas as formas de organização
voluntária ou involuntária em qualquer tipo de classe, considerando-os como animais
controláveis e descartáveis.
21
DUARTE, 2000, p. 251.
22
É a política de expansão e domínio territorial, cultural e econômico de um nação sobre outra, ou sobre
um ou varias regiões geográficas.
23
ARENDT, 1989, p.176.
24
SOUZA, 2007, p. 248.
25
LEFORT. 1999, p. 29.
9. O regime totalitário instigou a organização burocrática de massas, apoiando-se no
emprego do terror e da ideologia. Lafer ressalta que: “o fenômeno totalitário revelou
não existirem limites à deformação da natureza humana e provou com o genocídio, que
tudo é possível”.26
Diante do quadro de desordem moral e da brutalidade imposta às massas, os
movimentos totalitários governam massas humanas em que os indivíduos estão
totalmente desmotivados, isolados e desmoralizados, é uma sociedade atomizada e
despreparada, relegada aos mandis e desmandes.
É de maneira silenciosa, um meio de condicionar as massas a um comportamento único
de passividade e de obediência a tudo o que a ela estava sendo imposto, de forma que os
que são subjugados não tenham sequer o direito de pensar sobre as condições reais e
desumanas nas quais se encontravam.
Na visão de Souza
O processo de atomização que marcou o século XX é visto por Arendt como
o fator básico para o surgimento e consolidação do totalitarismo, ao gerar as
multidões desorientadas e compostas por indivíduos isolados e
desmoralizados que seria a base do sistema, fornecendo seus adeptos, seus
soldados e seus carrascos.27
Os movimentos totalitários caracterizam se desta maneira, na concepção de Arendt
Pela atomização e isolamento social de seus membros e pela exigência de
lealdade absoluta deles requerida: “essa exigência é feita pelos líderes dos
movimentos totalitários mesmo antes de tomarem o poder e decorre da
alegação, já contida em sua ideologia, de que a organização abrangerá, no
devido tempo, toda a raça humana”. 28
Transformando a em uma sociedade dócil às posições tomadas pelos seus governos
totalitários, de destituição das classes favorecendo em grande proporção o surgimento
de indivíduos intolerantes e individualistas que buscam um sentido para a sua
existência, que se perderam com as transformações modernas.
Escreve Melo que
Reverter as consequências da própria modernidade que gerou: “ destruição da
esfera pública força o homem solitário de massa a ir em busca de um
26
LAFER, C. 2003, p. 37.
27
SOUZA, 2007, p. 249.
28
ARENDT, 1989, p. 373.
10. universo de garantias, de certezas; onde a existência de um sistema
consistente e absolutamente coerente não permita a presença do acaso”.29
A destruição da esfera pública é um dos fatores chave para o isolamento de cidadãos
inocentes, marcados pela exclusão, e alienação daqueles que não lhe dão o direito a
liberdade. Segundo Wagner tal isolamento é visto por Arendt como “o resultado da
ocupação do espaço público pela atividade do labor, atividade que, anteriormente
havia se localizado sempre na esfera privada.” 30
O processo de desagregação social surgido com o totalitarismo é descrito por Young-
bruhel como uma deterioração das classes, fazendo com que os indivíduos se vissem em
meio a um clima de terror de maneira que não havia mais em quem buscar esperanças.
Segundo Young-bruhel: “Primeiro os indivíduos ficavam isolados em suas classes e
então, à medida que as próprias classes se deterioravam a partir de dentro, tornavam-
se atomizadas e desumanas.” 31
A nova sociedade totalitária é anti-semita, cria desigualdades e marginalização,
resultando em novas práticas sociais de isolamento e fechamento dos indivíduos, de
modo que os valores fraternos dão lugar à hostilidade e à desconfiança de todos contra
todos, criando assim uma ressonância de amplas dimensões, na sociedade marcada pelo
estigma da intolerância e da desolação.
Ao considerar a população apenas do ponto de vista biológico laborante, o governo
totalitário tratou de eliminar qualquer instituição ou vínculo humano que pudesse dar
abrigo à solidariedade, à ação e à diferenciação entre os indivíduos. Destituindo tudo no
qual as pessoas poderiam ser amparadas e respeitadas, como partidas, família, arte,
religiões, sindicatos, justiça e outras formas de organização.
A desconstrução dos valores humanos no período totalitário tem por meio a ação, onde
os homens mostram suas identidades singulares. A modernidade proporcionou ao
homem embarcar em um mundo onde a ação é o fator chave para a estruturação
material da vida. Os campos de concentração excluíram da vida de seus subjugados a
ação enquanto crescimento individual e material, proporcionando apenas o ato de agir
como forma de adiarem o seu fim inevitável.
A ação totalitária restrita aos campos de concentração não era uma ação política, mas
uma ação qualquer que estava em busca de um fim, que foi levado a cabo no genocídio
29
MELO, 2003, p. 13.
30
WAGNER, 2002, p. 152.
31
YOUNG-BRUHEL, 1997, p. 210.
11. de milhões de judeus, e que é caracterizado por Arendt como um crime contra a
humanidade, perpetrado no corpo do povo judeu.
Ressalta Lafer que
A destruição da personalidade moral se obtém, na análise de Hannah Arendt,
através do anonimato imposto pelo silêncio que cerca os campos de
concentração. O silêncio faz desaparecer a palavra escrita e falada, a dor e a
recordação, até mesmo na memória da família, dos internados. Por isso, os
campos não criam um espaço para o aparecimento nem de heróis nem de
mártires. Além disso, “os campos de concentração, tornando anônima a própria
morte e tornando impossível saber se um prisioneiro está vivo ou morto,
roubaram da morte o significado de desfecho de uma vida realizada. Em certo
sentido, roubaram a própria morte do indivíduo, provando que, doravante, nada –
nem a morte – lhe pertencia e que ele não pertencia a ninguém. A morte apenas
selava o fato de que ele jamais havia existido.32
Se por um lado a modernidade trouxe consigo a glorificação da técnica, e com isso um
nível de conforto material e riquezas jamais vistos, por outro lado, o totalitarismo
descortinou como um monstro, tamanha foi a sua desumanidade, sobrepujando o
interesse coletivo, transformando homens em seres desconexos com o seu tempo,
estagnados pela miséria e pela indiferença daqueles que estavam de fora do contexto
total.
O desenrolar da análise de Arendt, em relação aos regimes totalitários, dá-se no
processo de naturalização da sociedade e na instrumentalização da natureza ocorrido
com a massificação das escolhas e das organizações humanas na era moderna. Em que o
domínio total é mais destruidor que a escravidão e a miséria econômica.
Conclusão
A era moderna legou a humanidade um grande desenvolvimento tecnológico e
industrial, ao mesmo tempo em que favoreceu uma parte dos homens modernos a se
firmarem, por uma ideologia eufórica do ter, e do poder, garantindo para uma minoria
o domínio e o controle de uma maioria, alienada pelos sistemas de ideias politicas e
segregacionista que imperaram em alguns lugares do mundo.
É no contexto da era moderna que surgem os movimentos totalitários que destruíram
milhares de judeus, em campos de concentração, nestes, a vida humana perde
totalmente o seu valor, sendo o homem tratado de forma covarde e inumana.
32
LAFER, 1988, p. 111.
12. Assim a sociedade pós-moderna na qual estamos é intensamente influenciada pelos
ideais da era moderna; muito do que foi plantado lá, nós hoje colhemos, como por
exemplo, a desagregação social, e todos os tipos de violência contra vida.
No nosso contexto atual, as pessoas moram em condomínios, em apartamentos,
dividindo, as vezes, a mesma parede, mas não se conhecem; cada um se fecha no seu
mundo na medida em que pode; em muitas famílias as crianças crescem sem um
relacionamento íntimo e respeitoso para com os seus pais; é uma sociedade que não
oferece mais nenhuma segurança, onde o perigo se encontra nas ruas e até mesmo nas
escolas.
Refletir o pensamento de Arendt é lançar um olhar para esta sociedade atual e perceber,
nela os grandes dilemas que estão a nos sufocar. O pensamento político e filosófico de
Arendt conserva a pertinência, o caráter original e inusitado que fizeram dela uma
importante figura no cenário do pensamento filosófico e da teoria política
contemporânea.
A era moderna caracteriza-se para Arendt como a tentativa plausível do homem, de
construir um mundo melhor, levando em conta os ideais políticos de respeito e
favorecimento mútuo na promoção da vida.
A originalidade da perspectiva teórica arendtiana se revela, por exemplo, em sua
avaliação da crise política no mundo contemporâneo, no qual se mostram cada vez mais
exíguas as possibilidades de uma experiência democrática radical.
Para Arendt, o traço marcante da modernidade é o esquecimento das suas determinações
democráticas e tradicionais. Por um lado, isto se dá em função do crescente emprego
dos meios tecnológicos da violência, aspecto elevado ao paroxismo pelos totalitarismos
de esquerda e de direita ao longo do período moderno.
Esta pesquisa discute a condição humana no contexto da era moderna, as diversas
transformações, pelas quais a humanidade passara, e a inversão entre a contemplação e
a vita activa que o homem moderno impõe a si mesmo para sobreviver.
Neste sentido todos os homens são condicionados, até mesmo aqueles que condicionam
o comportamento de outros se tornam condicionados pelo próprio movimento de
condicionar.
Arendt demonstra ao longo de seu pensamento, que as construções humanas e tudo o
que espontaneamente adentra o mundo humano, ou para ele é trazido pelo esforço
humano, torna se parte da condição humana.
13. Esta pesquisa enfatiza a condição humana na era moderna, onde a partir da filosofia de
Arendt é feita uma análise dos desdobramentos da vida do homem à luz das mais novas
experiências, tendo também, como objeto de estudo o sistema totalitário e as suas
atrocidades, investigados pela pensadora.
É marcante na modernidade a introdução da técnica, como meio de favorecer as
inspirações humanas. Hannah Arendt percebia neste fato a necessidade do homem de
fugir da sua condição humana, e um apequenamento da terra a partir do advento da era
moderna mais precisamente com as grandes navegações, e com a descoberta de
telescópio por parte de Galileu, dando ao homem à oportunidade de sonda a
possibilidade de um dia viver fora da terra.
O mundo moderno é caracterizado por Arendt como um lar feito pelo homem, quer
dizer, um mundo como um artefato humano. A noção de mundo cumpre um papel
importante neste contexto, pois ela envolve as coisas interpostas entre os homens, a
partir das quais, estes, ao mesmo tempo em que conservam lugares distintos,
estabelecem uma relação entre o homem e as coisas interpostas entre ele, mesmo que
esta relação seja uma relação de condição.
Ao longo da pesquisa é evidenciada a grande importância da fabricação na vida do
homem, e tendo destaque o papel do home faber como fazedor de utensílios
condicionantes da vida.
A fabricação é uma das qualidades do homem moderno, que despreza cada vez mais a
sua capacidade de pensar em favor das atividades peculiares e necessárias ao ritmo
imposto pela nova forma de conceber e dar significado a sua existência.
A sobrevivência humana na era moderna estará condicionada a um grande aparato
técnico, que determinará o comportamento do individuo moderno e suas relações
cotidianas, de maneira que como é evidenciado por Arendt, é a máquina que
determinará o comportamento do homem na era moderna.
A ponderação acerca da vida humana na era moderna, feita por esta grande pensadora,
nos transmite uma ampla reflexão, que tem como cunho primordial o amplo
questionamento que perpassa a sua obra de maneira silenciosa, mas que, não deixa de
ser evidenciada: “o que estamos fazendo? 33”
Por outro lado, temos a partir das experiências colhidas pela modernidade o mais
eloquente compromisso de refletir sobre as nossas capacidades corrompidas pela
33
ARENDT, 2001, p. 13
14. introdução da técnica no nosso dia-a-dia, e de que modo elas estão nos tirando a
humanidade.
Através do caminho percorrido, concluímos a grande importância da reflexão do
pensamento arendtiano na nossa contemporaneidade e a pertinência do tema desta
pesquisa, e sua veracidade através dos desdobramentos da história que chegam até nós,
não só, por meio de escritos, mas, enraizados na nossa tradição ocidental, nos legando
uma gama de valores e contra valores que tendem a nos conduzir, a partir das nossas
escolhas, a um reto caminho de virtude e justiça.
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