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A música ouve-se ainda antes de se
                                                                  atravessar as portas da Igreja de Santa
                                                                  Isabel, em Lisboa. É terça-feira à noite e
                                                                  há dezenas de braços erguidos no ar. To-
                                                                  dos cantam: «Vem Espírito Santo, Vemí».
                                                                  Mal a música termina explodem numa
                                                                  salva de palmas que contagia o altar; onde
                                                                  um padre e sete católicos de mãos dadas
                                                                  formam uma corrente.
                                                                    Esta não é uma missa tradicional, mas
                                                                  um encontro de oração dos membros do
o Renovamento    Carismático está a ganhar força em Portugal e    Renovamento Carismático, um movi-
tem cada vez mais adeptos entre os católicos. Serão já dezenas    mento da Igreja Católica que tem cada
                                                                  vez mais adeptos em Portugal. Chegou
de milhares em todo o país. Têm missas próprias, que frequentam
                                                                  ao país em 1974e hoje terá dezenas de mi-
além das tradicionais, e encontros de oração para louvar a Deus   lhares de seguidores de Norte a Sul. No
Texto de Joana Ferreira da Costa   Fotografias de Raquel Wlse     mundo, serão cerca de 110milhões.
A cada reunião há sempre uma cara
  nova, garantem os fiéis que nesta noite
  gelada e de chuva enchem quase metade
  da igreja lisboeta. Quando há missa ca-
  rismática é que o espaço «fica repleto, há
  gente mesmo até à porta». Reúnem-se ali
 mais de 300 pessoas.
    As palmas põem fim a mais de hora e
 meia de oração, sempre intercalada por
 cânticos. Os carismáticos levam à letra
 as palavras de Santo Agostinho, que di-
 zia que «cantar é rezar duas vezes». Têm
 um coro durante a oração e cantam sem-
 pre que termina cada oração feita de im-
 proviso por uma das oito pessoas senta-
 das lado a lado nas cadeiras que enchem
 o altar.
    Há salmos, hinos tradicionais em latim
 e uma língua desconhecida e incom-
 preensível. «Rezamos em línguas, que é        cheia. Além dos Carismáticos, também         nha todas as terças-feiras. Rezava muito
 um dos carismas do Espírito Santo», vai       os Focolares ou o Movimento de Schoens-      e iniciei um caminho de cura que me tor-
 explicando João, 65 anos, um dos mem-         tatt - que chegaram a Portugal na déca-      nou uma mulher nova». Ali, tem sempre
 bros do movimento. <<É dom que se
                            um                 da de 60 e 70do século XX pela mão de pa-    vontade de regressar.
 recebe, deixamo-nos ir e os sons saem         dres - têm cada vez mais adeptos. Reú-
 sem esforço. Mas nem todos os carismá-        nem-se para rezar, em encontros onde         Fugia do seminário
 ticos o conseguem fazer e por isso cada       também participam jovens e até crian-        para a oração
 um canta como pode».                          ças, ou em peregrinações.                    o padre João Luís Paixão também sai
    A oração continua depois de mais um          Numa das capelas do movimento de           «destes encontros sempre a querer mais».
 cântico, sempre ao ritmo do improviso.        Nossa Senhora de Schoenstatt em Lisboa,      Vem de Cacilhas, na outra margem do Te-
 O microfone passa para a mão de uma           no Restelo, juntam-se todos os domingos      jo, para Santa Isabel, onde partilha o al-
 das seis mulheres no altar. Nesta noite,      dezenas e dezenas de famílias, com mui-      tar com outros fiéis. «Para mim o Cris-
 todas as orações se voltam para o Vatica-                                                  tianismo é encontro. Aqui há um encon-
 no, onde o conclave está ainda reunido.       «As pessoas vão à missa como                 tro com Deus, não só afectivo mas
 Só no dia seguinte será escolhido o car-      vão ao café, num ritual, e saem              efectivo», diz o sacerdote, que ainda antes
 deal Bergoglio como o sucessor de Bento       com cara de enterro. Aqui                    de ser ordenado padre já era carismáti-
 XVI. Por isso, falar do «vazío na cadeira     libertam-se», diz o padre                    coo«Fugía do seminário para poder par-
 de Pedro» é incontornável. Na oração                                                       ticipar na oração».
 pede-se que os cardeais reunidos «façam       tas crianças e jovens. «São missas leves,      Para este pároco muitos católicos vivem
 a vontade de Deus». Reza-se por João Pau-     onde os padres são jovens e falam sobre      a missa como mais um ritual, o que aju-
 lo 11. Só depois por Bento XVI, o Papa        a forma de ultrapassar os problemas e        da a explicar o seu progressivo afasta-
.Eméríto, recolhido em Castel Gandolfo         melhorar o dia-a-dia», conta Catarina, de    mento das celebrações tradicionais. <<As
 desde que resignou.                           40 anos. «Sentimo-nos bem quando saía-       pessoas vão à missa como vão ao café,
                                               mos dali. Saímos alegres».                   num rítual, e saem com cara de enterro»,
Acolher os católicos para                        Foi isso que Ana, de 55 anos, divorcia-    lamenta. «Aqui as pessoas libertam-se,
combater o afastamento                         da e afastada da Igreja há vários anos,      deixam-se navegar. Rezamos com as
Num país onde o número de católicos            descobriu nos carismáticos. «Reencon-        mãos, rezamos com o corpo e extravasa-
está a diminuir e a participação nas mis-      trei aqui o Jesus da minha infância», ex-    mos a nossa alegria. Isso faz muita falta
sas de domingo é cada vez mais reduzi-         plica. Foi o acolhimento que aqui rece-      nos dias de hoje».
da, sobretudo nas-grandes cidades, há          beu que a fez mudar de vida, deixando          Os braços estão constantemente no ar
movimentos na Igreja que têm casa              para trás o álcool. «Comecei por vir sozi-   e muitos rezam de mãos abertas, como é ~

                                                                                                                        22/03/13   SOL   I 51
o coro tem mais de uma
                                                                                                 dezena de elementos e
                                                                                                 canta durante toda a
                                                                                                 oração, acompanhado pOr
                                                                                                 um órgão. Há cânticos em,
                                                                                                 latim e músicas tradicionais.
                                                                                                 mas os carismáticos têm
                                                                                                 repertório próprio, que é
                                                                                                 cantado por todos os fiéis
                                                                                                 nas cerimónias

                                                                                                 tualidade ligada ao Espirito Santo.
                                                                                                 «Este não é um movimento de ideias
                                                                                                 teológicas ou de concepções sobre a
                                                                                                 vida espiritual É umfenómeno místí-
                                                                                                 00; as pessoasapaixonam-sepor Deus»,
                                                                                                 explica Mário Pinto, professor de Di-
vulgar entre os padres. A forma como todos parti-         Nessa noite Maria Emilia é o centro    reito da Universidade Católica,que per-
cipam faz o tempo passar a correr, garante João.        das atenções. Faz anos e tem direito a   tence aos carismáticos há 24 anos. <<Não
«Vamo-nos libertando aos poucos. Mas lembro-me          uma oração especial. De joelhos no       há um fundador, não há regras. O que
que quando comecei a participar nos encontros, o        centro do altar, o padre João e os ou-   háé uma enorme en1rega».
tempo passava e nem me lembrava de fumar».              tros carismáticos rodeiam-na e rezam       O movimento chegou a Portugal
  As missas carismáticas podem demorar duas ho-         com as mãos sobre a sua cabeça.          no mesmo ano da revolução de 25
ras, porque apesar de seguirem a liturgia tradicio- .                                            de Abril, pela mão do padre Lapa,
nal há momentos de oração mais prolongados e a          Sem fundador                             da comunidade Espiritana da Es-
música está sempre presente. E todos os meses há        nem hierarquia                           trela, em Lisboa. O padre começou
encontros de oração que não duram menos de hora         o Renovamento Carismático que nas-       por formar um grupo de oração,
e meia. Ninguém parece importar-se. «As pessoas         ceu na Universidade Católica de Du-      que se encontrava semanalmente
querem libertar-se e aqui a entrega é grande», diz o    quesne nos EUA,no frnalda década de      para rezar à porta fechada. A pri-
padre João Luís.                                        60,defende uma renovação da espiri-      meira missa aberta aconteceria no
PEDIDOS DE AJUDA                                 traçadodépojsda~odafnJilcafaztemer                  Iamenlepranllroapoioem(luaSiÚ'eilSJIriaM;i-
   SUBlRAMII%                                       oplor. CoiDa!ljuda de cerca dedolsmU voIun-         pais:allmelllaçlQehph4taçAoA adtasJ!l1!Pll-
   VOWNTÁRIOS GARANTEM RESPOSTA                     táItos,aCáittasdlSbtlRdulefelç6es,roupasell-        ra-setambémpua      apoIarosdas !llPieaados.
   SOCIAL DA IGREJA                                 nandou com dinheiro nmdas de casa epropl-          ·lnõentlvando-osaataroseu~~_
   Os pecUdos de ajuda à Cái'itàssublram 60%   DO   nasdeestudáides,despesas      comps,eledricl-         AIgIejacatóJk:aéN&pClllSl!lvelJlOl'17460111as
   i1DOpa55iIdo,sobnlluclO~Pi!P"M"*'derea-          dadeesaúdea56.235famfUas.                           deacçAosoclal~p;ds.SIoaeclH!S.JBrntnsde
   das de casa. facturàs de Ps e lUze prestaç6es      «Vamosb!tdeserc:adavezmaisatlerieSosna            infAnda,Jareseequlpasde~doinIr:ftIArtó,
   bancárias. «Houve umaw:tleDto brutald05 pe-      ~dãquelesquepodemosaludar».adIid-                   Çiijofimckm;gnento~dlfa             laiiM+ilh+éIa
   did05deajudaemrelaçãoa2OD.      OnúJnerode       teEqénioFonseca,lembIaDdoquea      verbaan-         ~daJgreja.DesdeoélllavaiDeJdoda
   novos casos subiu 45%». expUca aoSOL Eusé-       gariadaparaoFUndoSodaldaJpejaCsobretu-              SitüaçIoeconóndéaque,~aoape-
   DioFonseca,presidentedeSteorganlsmo.Noto-        do através deContrlbutos de empresas) e pelo        lo~bIspos,aspalÕqUJassetêm~
   taL as 20 Cáritas dlocesanas espalhadas pelo     peditórlonadoí:lalnlocbegaparafazerfaceao           ~aumentarestesapoi()S,abavés.vo1un-              .
   pafsajudaram mais de 158300 pe5SQa!! o aao
                                          n         ~daSlluaçio.Parajá,esteOlpnismo                     tários.HáparóquJasondesesenem.,,380
   PàSSadO.«Eospedidosvãoagravar-seestei1DO».       catóDco prepara-se para rec:Iefil1II'as
                                                                                          pric:)rid;t- ~          PQrdia e se faz apoio doàiltili;árió a
   a1eJ:taoresponsãveJ.,lembràndoqueocenário        despara~ano;sabendoqueaescolbílvücer-             . idôsosqueviVemSÓfl. .lF.(:.



final de 1974 e reuniu 120 pessoas.            Em Fátima reúnem-se três                      memória dessa experiência», explica Mário Pin-
Na celebração seguinte, em Janei-              mil pessoas, a capacidade                     to. <<É uma renovação dos dons do baptismo».
ro, eram já 200 e o movimento nun-             múbna do espáço.                                Há cerca de três semanas, um grupo de 40crentes
ca mais parou de crescer.                                                                    recebeu a infusão do Espírito. É nesta cerímônia
  Por todo o país se formaram gru-
                                               Mas houve anos em que os                      que os carismáticos acreditam que o Espírito San-
pos de oração, que podem rezar em              pedidos foram tantos que se                   to se revela, dando a cada um dons, os chamados
conjunto, mesmo sem a presença de              organizaram dois encontros                    carismas, que devem ser usados para o bem da co-
padres. Os grupos reúnem-se em pa-                                                           munidade. «O que acontece é muito semelhante ao
róquias onde os padres são carísmá-                                                          descrito nos actos dos Apóstolos durante os bap-
ticos ou permitem que as portas se             Efusio do espírito                            tismos dos primeiros cristãos. Éum momento úni-
abram a estes católicos, como é o              Todos os anos, durante a Quares-              co e ínesquecível», remata Mário Pinto,
caso da paróquia de Santa Isabel.              ma, realizam-se em Lisboa seminá-
  O Vaticano viria a reconhecer o              rios carismáticos, que duram vá-              Reconquistar 0$ que se afastam
movimento já na década de 1990,                rias semanas e culminam com este              A existência destes movimentos católicos - com vida
dando-lhe estatutos próprios, mas              acto, onde se renovam os dons do              própria dentro e fora das paróquias - pode ajudar a
os carismáticos há muito que se                baptismo. «A maioria das pessoas              Igreja a recuperar terreno, agarrando uma franja
multiplicavam pelo mundo.                      foi baptizada em criança e não tem            de católicos que se tem afastado das práticas da Igre-
                                                                                                          ja. Sobretudo nas zonas urbanas, onde
                                                                                                          a percentagem dos .que se afirmam ca-
                                                                                                          tólicos é mais reduzida (26 %).
                                                                                                            O coordenador do último retrato so-
                                                                                                          bre os fieis no.país - Identidades Reli-
                                                                                                          giosas em Portugal, divulgado no ano
                                                                                                          passado pela Conferência Episcopal-
                                                                                                          lembra que «os estudos mais recentes
                                                                                                          demonstram que há muitos católicos
                                                                                                          que vão irregularmente à missa e têm
                                                                                                          uma vivência pessoal da sua fé».
                                                                                                            Para Alfredo Teixeira, coordenador do
                                                                                                          Centro de Estudos e Culturas da Univer-
                                                                                                          sidade Católica, «muitas Ve'l.eS estas pes-
                                                                                                          soas não vêem reconhecida a sua díver-
                                                                                                          sidade e iniciam um caminho de afasta-
                                                                                                          mento». Perante esta realidade, defende,
                                                                                                          a Igreja tem duas opções: «Ou finge que
                                                                                                          não vê estes fiéis que continuam a afas-
                                                                                                          tar-se ou então encontra-lhes um lugar,
                                                                                                          acelhendoas como preeísam» .•

                                                                                                                                          22/03/13 SOL   I53

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RCC semanário SOL (revista tabu)

  • 1. A música ouve-se ainda antes de se atravessar as portas da Igreja de Santa Isabel, em Lisboa. É terça-feira à noite e há dezenas de braços erguidos no ar. To- dos cantam: «Vem Espírito Santo, Vemí». Mal a música termina explodem numa salva de palmas que contagia o altar; onde um padre e sete católicos de mãos dadas formam uma corrente. Esta não é uma missa tradicional, mas um encontro de oração dos membros do o Renovamento Carismático está a ganhar força em Portugal e Renovamento Carismático, um movi- tem cada vez mais adeptos entre os católicos. Serão já dezenas mento da Igreja Católica que tem cada vez mais adeptos em Portugal. Chegou de milhares em todo o país. Têm missas próprias, que frequentam ao país em 1974e hoje terá dezenas de mi- além das tradicionais, e encontros de oração para louvar a Deus lhares de seguidores de Norte a Sul. No Texto de Joana Ferreira da Costa Fotografias de Raquel Wlse mundo, serão cerca de 110milhões.
  • 2. A cada reunião há sempre uma cara nova, garantem os fiéis que nesta noite gelada e de chuva enchem quase metade da igreja lisboeta. Quando há missa ca- rismática é que o espaço «fica repleto, há gente mesmo até à porta». Reúnem-se ali mais de 300 pessoas. As palmas põem fim a mais de hora e meia de oração, sempre intercalada por cânticos. Os carismáticos levam à letra as palavras de Santo Agostinho, que di- zia que «cantar é rezar duas vezes». Têm um coro durante a oração e cantam sem- pre que termina cada oração feita de im- proviso por uma das oito pessoas senta- das lado a lado nas cadeiras que enchem o altar. Há salmos, hinos tradicionais em latim e uma língua desconhecida e incom- preensível. «Rezamos em línguas, que é cheia. Além dos Carismáticos, também nha todas as terças-feiras. Rezava muito um dos carismas do Espírito Santo», vai os Focolares ou o Movimento de Schoens- e iniciei um caminho de cura que me tor- explicando João, 65 anos, um dos mem- tatt - que chegaram a Portugal na déca- nou uma mulher nova». Ali, tem sempre bros do movimento. <<É dom que se um da de 60 e 70do século XX pela mão de pa- vontade de regressar. recebe, deixamo-nos ir e os sons saem dres - têm cada vez mais adeptos. Reú- sem esforço. Mas nem todos os carismá- nem-se para rezar, em encontros onde Fugia do seminário ticos o conseguem fazer e por isso cada também participam jovens e até crian- para a oração um canta como pode». ças, ou em peregrinações. o padre João Luís Paixão também sai A oração continua depois de mais um Numa das capelas do movimento de «destes encontros sempre a querer mais». cântico, sempre ao ritmo do improviso. Nossa Senhora de Schoenstatt em Lisboa, Vem de Cacilhas, na outra margem do Te- O microfone passa para a mão de uma no Restelo, juntam-se todos os domingos jo, para Santa Isabel, onde partilha o al- das seis mulheres no altar. Nesta noite, dezenas e dezenas de famílias, com mui- tar com outros fiéis. «Para mim o Cris- todas as orações se voltam para o Vatica- tianismo é encontro. Aqui há um encon- no, onde o conclave está ainda reunido. «As pessoas vão à missa como tro com Deus, não só afectivo mas Só no dia seguinte será escolhido o car- vão ao café, num ritual, e saem efectivo», diz o sacerdote, que ainda antes deal Bergoglio como o sucessor de Bento com cara de enterro. Aqui de ser ordenado padre já era carismáti- XVI. Por isso, falar do «vazío na cadeira libertam-se», diz o padre coo«Fugía do seminário para poder par- de Pedro» é incontornável. Na oração ticipar na oração». pede-se que os cardeais reunidos «façam tas crianças e jovens. «São missas leves, Para este pároco muitos católicos vivem a vontade de Deus». Reza-se por João Pau- onde os padres são jovens e falam sobre a missa como mais um ritual, o que aju- lo 11. Só depois por Bento XVI, o Papa a forma de ultrapassar os problemas e da a explicar o seu progressivo afasta- .Eméríto, recolhido em Castel Gandolfo melhorar o dia-a-dia», conta Catarina, de mento das celebrações tradicionais. <<As desde que resignou. 40 anos. «Sentimo-nos bem quando saía- pessoas vão à missa como vão ao café, mos dali. Saímos alegres». num rítual, e saem com cara de enterro», Acolher os católicos para Foi isso que Ana, de 55 anos, divorcia- lamenta. «Aqui as pessoas libertam-se, combater o afastamento da e afastada da Igreja há vários anos, deixam-se navegar. Rezamos com as Num país onde o número de católicos descobriu nos carismáticos. «Reencon- mãos, rezamos com o corpo e extravasa- está a diminuir e a participação nas mis- trei aqui o Jesus da minha infância», ex- mos a nossa alegria. Isso faz muita falta sas de domingo é cada vez mais reduzi- plica. Foi o acolhimento que aqui rece- nos dias de hoje». da, sobretudo nas-grandes cidades, há beu que a fez mudar de vida, deixando Os braços estão constantemente no ar movimentos na Igreja que têm casa para trás o álcool. «Comecei por vir sozi- e muitos rezam de mãos abertas, como é ~ 22/03/13 SOL I 51
  • 3. o coro tem mais de uma dezena de elementos e canta durante toda a oração, acompanhado pOr um órgão. Há cânticos em, latim e músicas tradicionais. mas os carismáticos têm repertório próprio, que é cantado por todos os fiéis nas cerimónias tualidade ligada ao Espirito Santo. «Este não é um movimento de ideias teológicas ou de concepções sobre a vida espiritual É umfenómeno místí- 00; as pessoasapaixonam-sepor Deus», explica Mário Pinto, professor de Di- vulgar entre os padres. A forma como todos parti- Nessa noite Maria Emilia é o centro reito da Universidade Católica,que per- cipam faz o tempo passar a correr, garante João. das atenções. Faz anos e tem direito a tence aos carismáticos há 24 anos. <<Não «Vamo-nos libertando aos poucos. Mas lembro-me uma oração especial. De joelhos no há um fundador, não há regras. O que que quando comecei a participar nos encontros, o centro do altar, o padre João e os ou- háé uma enorme en1rega». tempo passava e nem me lembrava de fumar». tros carismáticos rodeiam-na e rezam O movimento chegou a Portugal As missas carismáticas podem demorar duas ho- com as mãos sobre a sua cabeça. no mesmo ano da revolução de 25 ras, porque apesar de seguirem a liturgia tradicio- . de Abril, pela mão do padre Lapa, nal há momentos de oração mais prolongados e a Sem fundador da comunidade Espiritana da Es- música está sempre presente. E todos os meses há nem hierarquia trela, em Lisboa. O padre começou encontros de oração que não duram menos de hora o Renovamento Carismático que nas- por formar um grupo de oração, e meia. Ninguém parece importar-se. «As pessoas ceu na Universidade Católica de Du- que se encontrava semanalmente querem libertar-se e aqui a entrega é grande», diz o quesne nos EUA,no frnalda década de para rezar à porta fechada. A pri- padre João Luís. 60,defende uma renovação da espiri- meira missa aberta aconteceria no
  • 4. PEDIDOS DE AJUDA traçadodépojsda~odafnJilcafaztemer Iamenlepranllroapoioem(luaSiÚ'eilSJIriaM;i- SUBlRAMII% oplor. CoiDa!ljuda de cerca dedolsmU voIun- pais:allmelllaçlQehph4taçAoA adtasJ!l1!Pll- VOWNTÁRIOS GARANTEM RESPOSTA táItos,aCáittasdlSbtlRdulefelç6es,roupasell- ra-setambémpua apoIarosdas !llPieaados. SOCIAL DA IGREJA nandou com dinheiro nmdas de casa epropl- ·lnõentlvando-osaataroseu~~_ Os pecUdos de ajuda à Cái'itàssublram 60% DO nasdeestudáides,despesas comps,eledricl- AIgIejacatóJk:aéN&pClllSl!lvelJlOl'17460111as i1DOpa55iIdo,sobnlluclO~Pi!P"M"*'derea- dadeesaúdea56.235famfUas. deacçAosoclal~p;ds.SIoaeclH!S.JBrntnsde das de casa. facturàs de Ps e lUze prestaç6es «Vamosb!tdeserc:adavezmaisatlerieSosna infAnda,Jareseequlpasde~doinIr:ftIArtó, bancárias. «Houve umaw:tleDto brutald05 pe- ~dãquelesquepodemosaludar».adIid- Çiijofimckm;gnento~dlfa laiiM+ilh+éIa did05deajudaemrelaçãoa2OD. OnúJnerode teEqénioFonseca,lembIaDdoquea verbaan- ~daJgreja.DesdeoélllavaiDeJdoda novos casos subiu 45%». expUca aoSOL Eusé- gariadaparaoFUndoSodaldaJpejaCsobretu- SitüaçIoeconóndéaque,~aoape- DioFonseca,presidentedeSteorganlsmo.Noto- do através deContrlbutos de empresas) e pelo lo~bIspos,aspalÕqUJassetêm~ taL as 20 Cáritas dlocesanas espalhadas pelo peditórlonadoí:lalnlocbegaparafazerfaceao ~aumentarestesapoi()S,abavés.vo1un- . pafsajudaram mais de 158300 pe5SQa!! o aao n ~daSlluaçio.Parajá,esteOlpnismo tários.HáparóquJasondesesenem.,,380 PàSSadO.«Eospedidosvãoagravar-seestei1DO». catóDco prepara-se para rec:Iefil1II'as pric:)rid;t- ~ PQrdia e se faz apoio doàiltili;árió a a1eJ:taoresponsãveJ.,lembràndoqueocenário despara~ano;sabendoqueaescolbílvücer- . idôsosqueviVemSÓfl. .lF.(:. final de 1974 e reuniu 120 pessoas. Em Fátima reúnem-se três memória dessa experiência», explica Mário Pin- Na celebração seguinte, em Janei- mil pessoas, a capacidade to. <<É uma renovação dos dons do baptismo». ro, eram já 200 e o movimento nun- múbna do espáço. Há cerca de três semanas, um grupo de 40crentes ca mais parou de crescer. recebeu a infusão do Espírito. É nesta cerímônia Por todo o país se formaram gru- Mas houve anos em que os que os carismáticos acreditam que o Espírito San- pos de oração, que podem rezar em pedidos foram tantos que se to se revela, dando a cada um dons, os chamados conjunto, mesmo sem a presença de organizaram dois encontros carismas, que devem ser usados para o bem da co- padres. Os grupos reúnem-se em pa- munidade. «O que acontece é muito semelhante ao róquias onde os padres são carísmá- descrito nos actos dos Apóstolos durante os bap- ticos ou permitem que as portas se Efusio do espírito tismos dos primeiros cristãos. Éum momento úni- abram a estes católicos, como é o Todos os anos, durante a Quares- co e ínesquecível», remata Mário Pinto, caso da paróquia de Santa Isabel. ma, realizam-se em Lisboa seminá- O Vaticano viria a reconhecer o rios carismáticos, que duram vá- Reconquistar 0$ que se afastam movimento já na década de 1990, rias semanas e culminam com este A existência destes movimentos católicos - com vida dando-lhe estatutos próprios, mas acto, onde se renovam os dons do própria dentro e fora das paróquias - pode ajudar a os carismáticos há muito que se baptismo. «A maioria das pessoas Igreja a recuperar terreno, agarrando uma franja multiplicavam pelo mundo. foi baptizada em criança e não tem de católicos que se tem afastado das práticas da Igre- ja. Sobretudo nas zonas urbanas, onde a percentagem dos .que se afirmam ca- tólicos é mais reduzida (26 %). O coordenador do último retrato so- bre os fieis no.país - Identidades Reli- giosas em Portugal, divulgado no ano passado pela Conferência Episcopal- lembra que «os estudos mais recentes demonstram que há muitos católicos que vão irregularmente à missa e têm uma vivência pessoal da sua fé». Para Alfredo Teixeira, coordenador do Centro de Estudos e Culturas da Univer- sidade Católica, «muitas Ve'l.eS estas pes- soas não vêem reconhecida a sua díver- sidade e iniciam um caminho de afasta- mento». Perante esta realidade, defende, a Igreja tem duas opções: «Ou finge que não vê estes fiéis que continuam a afas- tar-se ou então encontra-lhes um lugar, acelhendoas como preeísam» .• 22/03/13 SOL I53