SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 5
Colégio Jesus Maria José
Poços de Caldas – MG
CONSIDERAÇÕES:
1. Esta prova contém 4questões.
Prova:
(___) Calendário
(___) Substitutiva
2. Redija suas respostas com tinta azul ou preta, com letra legível e evite
rasuras.
3. Questões a lápis não serão corrigidas.
4. A primeira coisa a fazer é: se identificar: nome, número e turma.
5. Respostas completas.
6. Permitido o uso de dicionário
7. Concentre-se e BOMTRABALHO!!!
Nós, os humanos verdadeiros.
Precisei escutar o discurso do bem. O que dizem aqueles que acorrentaram um
menino negro a um poste com uma trava de bicicleta no Flamengo, no Rio, em 31 de
janeiro. Aqueles que cortaram sua orelha, aqueles que arrancaram suas roupas. O que
dizem aqueles que defendem os jovens brancos que torturaram o jovem negro. Eu sei
que os homens e as mulheres que evocam o direito de acorrentar adolescentes negros
em postes, cortar a sua orelha e arrancar suas roupas porque se anunciam como homens
e mulheres de bem – e homens e mulheres de bem podem fazer tudo isso – estão ao meu
redor. Eu os encontro na padaria, os cumprimento no elevador, agradeço a eles quando
me permitem atravessar na faixa de segurança. Eles estão lá ao ligar a TV. Mas o que
eles dizem que é preciso escutar?
O discurso do bem cabe em poucas frases. O Estado é omisso. A polícia é
desmoralizada. A Justiça é falha. Diante desses fatos, e todos os fatos são sempre
inquestionáveis no discurso do bem, acorrentar jovens negros em postes com trava de
bicicleta, cortar a sua orelha e arrancar suas roupas é um direito de legítima defesa dos
cidadãos de bem. Se quiserem torturar o menino negro, como fizeram, eles podem,
assegura o bem. Se quiserem matá-lo, eles podem, também. E alguns o fazem. Meninos
negros não são meninos. Não é preciso investigação, não é preciso julgamento, não é
preciso lei. Os cidadãos de bem sabem, porque são a lei. Também são a justiça. O
menino é um marginalzinho, é também um vagabundo, diz o bem. E bandido bom é
bandido morto, garante o bem. Se você não pensa assim, o bem tem um pedido a lhe
fazer: faça um favor ao Brasil, adote um bandido. Simples, direto, objetivo. O discurso
do bem orgulha-se de ser simples, orgulha-se de só ter certezas.
A dúvida atrapalha o bem. E o bem não deve ser perturbado. (...) Quem
acorrenta um jovem negro a um poste, corta um pedaço da sua orelha e arranca suas
Aluno: Nº: Nota:
Prof: Diego Prezia Conteúdo:
Ensino: (___) Fund II (___) Médio Serie:
Valor: 5 pontos Data:
roupas – e quem defende o direito de fazer tudo isso – são os “verdadeiros humanos”. E
também os “humanos verdadeiros”. É uma guerra, descubro, entre humanos verdadeiros
e humanos falsos. (...). O que os humanos verdadeiros – ou verdadeiros humanos –
viram ao arrancar a roupa do menino negro? O que eles enxergaram ao se deparar com
sua nudez? Será que foi por isso que arrancaram suas roupas, para provar que ele não
era humano? O que aconteceu quando descobriram que seu corpo era igual ao deles? Ou
não era? Será que foi nesse momento que cortaram a sua orelha, para marcá-lo como um
humano falso, já que Deus ou a evolução não haviam providenciado essa diferença no
corpo? Ou basta a cor, como já disse um pastor evangélico dedicado aos direitos
humanos? Que perturbadora pode ter sido a nudez do menino, ao se tornar espelho dos
justiceiros e os deixar nus, enquanto batiam nele com seus capacetes.
Quem estava nu nessa cena? Difícil não é me diferenciar, mas me igualar,
perceber em que esquinas minha humanidade se encontra com a do menino negro preso
ao poste e também com a humanidade dos jovens brancos que acorrentaram o jovem
negro ao poste. Para isso, eu preciso perceber que aqueles que arrancaram as roupas do
menino ficaram nus, sim, mas também me deixaram nua. Nos deixaram nus. Nós, que
não compactuamos com quem acorrenta jovens negros em postes, somos aqueles que
estavam na cena, mas não aparecem na imagem. E por isso podem se esconder melhor.
Os justiceiros nos dão a chance de exaurirmos nossa omissão em ruidosa revolta
e voltar esgotados de imagem para o sono dos justos. É preciso encarar nossa nudez
nesse espelho em que a imagem, sempre incompleta, mostra apenas o menino negro nu.
E abrir mão de uma certa soberba que faz com que, no fundo, acreditemos que somos
nós os cidadãos de bem – os civilizados contra os bárbaros. E que dizer isso basta para
um sono sem sobressaltos.
Somos os “sonsos essenciais”. O termo é de Clarice Lispector, no melhor texto
que li sobre a cena do menino negro acorrentado a um poste pelo pescoço. Com o
detalhe que foi escrito na década de 60 do século passado. “Essa justiça que vela meu
sono, eu a repudio, humilhada por precisar dela. Enquanto isso durmo e falsamente me
salvo. Nós, os sonsos essenciais. Para que minha casa funcione, exijo de mim como
primeiro dever que eu seja sonsa, que eu não exerça a minha revolta e o meu amor,
guardados. Se eu não for sonsa, minha casa estremece. Eu devo ter esquecido que
embaixo da casa está o terreno, o chão onde nova casa poderia ser erguida. Enquanto
isso dormimos e falsamente nos salvamos. (...) E eu sei que não nos salvaremos
enquanto nosso erro não nos for precioso. Meu erro é o meu espelho, onde vejo o que
em silêncio eu fiz de um homem”.
Para fazer a diferença é necessário se diferenciar. Mas só se diferencia aquele
que antes se iguala. Levanta os olhos e encara, no espelho que é o outro, a enormidade
de sua nudez.
(Texto adaptado. Nós, os humanos verdadeiros. BRUM, Eliane. Retirado de
http://brasil.elpais.com/brasil/2014/02/17/opinion/1392640036_999835.html)
1)a) O texto aborda um tema que fora amplamente debatido no Brasil – o
acorrentamento e a mutilação de um jovem afrodescendente na cidade do Rio de
Janeiro. Por ser um texto opinativo, a autora revela seu viés ideológico sobre os fatos.
Dentro do texto, a autora faz um jogo de palavras “verdadeiros humanos” e “humanos
verdadeiros” – qual seria a diferença de sentido que a troca de posição do substantivo
com o adjetivo? Veja o trecho: Quem acorrenta um jovem negro a um poste, corta um
pedaço da sua orelha e arranca suas roupas – e quem defende o direito de fazer tudo
isso – são os “verdadeiros humanos”. E também os “humanos verdadeiros”.
Lembrando que uma versão fala sobre um nível filosófico, já outra, sobre um nível
biológico. (1,0 ponto)
O texto aborda um tema que fora amplamente debatido no
Brasil – o acorrentamento e a mutilação de um jovem
afrodescendente na cidade do Rio de Janeiro. Por ser um
texto opinativo, a autora revela seu viés ideológico sobre
os fatos. Dentro do texto, a autora faz um jogo de palavras
“verdadeiros humanos” e “humanos verdadeiros” –a
diferença de sentido que a troca de posição do substantivo
com o adjetivo é de que em humanos verdadeiros, temos
em segundo plano de importância a palavra “verdadeiros”
e em primeiro, o vocábulo “humanos”. Por enfatizar a
palavra “humanos”, fazemos a inferência de que se trata
de uma palavra no nível biológico de humanidade: ser
humano como espécie. Ao procurar no texto, tal inferência
é confirmada por “(...) Será que foi nesse momento que
cortaram a sua orelha, para marcá-lo como um humano
falso, já que Deus ou a evolução não haviam
providenciado essa diferença no corpo? (...)”.
Já em “verdadeiros humanos” a palavra destacada, ou seja
em primeiro plano, é “verdadeiros”, revelando que a
intenção é enfatizar o caráter filosófico deste significado.
b) Porém, o título se diferencia da parte acima e caracterizaria outro tipo de ser
humano. Quem seriam, realmente, os humanos verdadeiros aos quais a autora se
refere ao dar nome ao texto? (0,5 ponto)
O título se diferencia da parte acima e caracterizaria outro
tipo de ser humano. Os humanos verdadeiros aos quais a
autora se refere ao dar nome ao texto são todos os seres
humanos, em geral. O que pode ser inferido ao final da
leitura, quando percebemos que a autora deixa claro não
existirem humanos falsos.
c) Ainda sobre o título, por que se fez necessário o sujeito simples para explorar o
intuito geral do texto? Explique. (0,5 ponto)
Ainda sobre o título, o sujeito simples se fez para explorar
o intuito geral do texto, pois sem a palavra “nós” a
compreensão de que todos, independentemente de
quaisquer características, somos seres humanos.
2) Durante todo o texto, a autora se vale de um recurso linguístico expressivo para
tornar sua crítica mais enfática. Esta figura de linguagem se chama ironia. Encontre, no
texto, um exemplo deste recurso e explique de que maneira este ocorre, com relação ao
sentido proposto. (1,0 ponto)
Durante todo o texto, a autora se vale de um recurso
linguístico expressivo para tornar sua crítica mais
enfática. Esta figura de linguagem se chama ironia.
No texto, um exemplo deste recurso é: “(...)E
bandido bom é bandido morto, garante o bem (...)”.
É uma ironia, pois exigir a morte de alguém não
possui coerência com um discurso dito, do bem – já
que as características positivas dentro da nossa
sociedade, associadas à figura de um bem, teriam
como premissas básicas a defesa de toda a vida
humana.
3) “ (...)Nós, os sonsos essenciais. Para que minha casa funcione, exijo de mim como
primeiro dever que eu seja sonsa, que eu não exerça a minha revolta e o meu amor,
guardados. Se eu não for sonsa, minha casa estremece. Eu devo ter esquecido que
embaixo da casa está o terreno, o chão onde nova casa poderia ser erguida. Enquanto
isso dormimos e falsamente nos salvamos.(...)”.
Durante a primeira parte do texto, a autora critica os justiceiros que mutilaram o menino
– já neste trecho ela inverte a crítica para as próprias pessoas que pensariam como ela e
que seria reforçada pela citação de Clarice Lispector. Em que consiste esta crítica que
ela faz a si mesma? Justifique COM SUAS PALAVRAS. (1,0 ponto)
Durante a primeira parte do texto, a autora critica os
justiceiros que mutilaram o menino – já neste trecho
ela inverte a crítica para as próprias pessoas que
pensariam como ela e que seria reforçada pela
citação de Clarice Lispector. Esta crítica consiste em
que pessoas como a autora, explicitamente contra a
violência, ao invés de se revoltarem contra os atos
de barbárie ocorridos, apenas permanecem em suas
casas – tentando satisfazer suas consciências com o
fato de a revolta ter surgido, algo que alivia a
moralidade. Porém, continuam em suas vidas
pacatas e cotidianas, e apenas se horrorizam frente a
torturas e injustiças cometidas pelo mundo.
4)Analise SINTATICAMENTE as três frases adaptadas do texto. (Sujeito, Predicado,
Transitividade, Adjuntos etc) (1,0 ponto)
Escutei o discurso do bem.
Sujeito desinencial: (eu)
Predicado verbo-nominal: escutei o
discurso do bem.
Núcleos do predicado verbo-nominal:
escutei; (do) bem.
Verbo transitivo direto: escutei.
Objeto direto: discurso.
Predicativo do objeto: (do) bem.
Adjunto adnominal: o ; do.

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

Conotação e denotação
Conotação e denotaçãoConotação e denotação
Conotação e denotaçãocepmaio
 
Mineirinho clarice lispector a legião estrangeira
Mineirinho clarice lispector   a legião estrangeiraMineirinho clarice lispector   a legião estrangeira
Mineirinho clarice lispector a legião estrangeiraFaço livros por encomenda
 
Interpretação e Compreensão de Texto
Interpretação e Compreensão de Texto Interpretação e Compreensão de Texto
Interpretação e Compreensão de Texto Cláudia Heloísa
 
Redação geral final
Redação geral finalRedação geral final
Redação geral finalJosi Motta
 
SIMULADO UNIFICADO ESCOLA CORNÉLIA. 2º ANO ENSINO MÉDIO. DOCUMENTO PÚBLICO.
SIMULADO UNIFICADO ESCOLA CORNÉLIA. 2º ANO ENSINO MÉDIO. DOCUMENTO PÚBLICO.SIMULADO UNIFICADO ESCOLA CORNÉLIA. 2º ANO ENSINO MÉDIO. DOCUMENTO PÚBLICO.
SIMULADO UNIFICADO ESCOLA CORNÉLIA. 2º ANO ENSINO MÉDIO. DOCUMENTO PÚBLICO.Antônio Fernandes
 

Mais procurados (8)

Conotação e denotação
Conotação e denotaçãoConotação e denotação
Conotação e denotação
 
Mineirinho clarice lispector a legião estrangeira
Mineirinho clarice lispector   a legião estrangeiraMineirinho clarice lispector   a legião estrangeira
Mineirinho clarice lispector a legião estrangeira
 
Interpretação e Compreensão de Texto
Interpretação e Compreensão de Texto Interpretação e Compreensão de Texto
Interpretação e Compreensão de Texto
 
Redação geral final
Redação geral finalRedação geral final
Redação geral final
 
Interpretação De Texto
Interpretação De TextoInterpretação De Texto
Interpretação De Texto
 
Artigos
ArtigosArtigos
Artigos
 
SIMULADO UNIFICADO ESCOLA CORNÉLIA. 2º ANO ENSINO MÉDIO. DOCUMENTO PÚBLICO.
SIMULADO UNIFICADO ESCOLA CORNÉLIA. 2º ANO ENSINO MÉDIO. DOCUMENTO PÚBLICO.SIMULADO UNIFICADO ESCOLA CORNÉLIA. 2º ANO ENSINO MÉDIO. DOCUMENTO PÚBLICO.
SIMULADO UNIFICADO ESCOLA CORNÉLIA. 2º ANO ENSINO MÉDIO. DOCUMENTO PÚBLICO.
 
2º simulado
2º simulado2º simulado
2º simulado
 

Semelhante a conforme solicitado - Sintetiza de forma concisa o tema central abordado no texto, que é o debate sobre o racismo a partir do caso do jovem negro acorrentado no Rio de Janeiro.O tema do racismo é o assunto principal discutido no texto através da anál

Atividades de pontuação
Atividades de pontuaçãoAtividades de pontuação
Atividades de pontuaçãoDireito Nabuco
 
Simulado 3°ano -1dia
Simulado 3°ano -1diaSimulado 3°ano -1dia
Simulado 3°ano -1diaDanielly26
 
Simulado 3°ano -1dia
Simulado 3°ano -1diaSimulado 3°ano -1dia
Simulado 3°ano -1diaDanielly26
 
Simulado português e matematica 3 em ok
Simulado português e matematica 3 em okSimulado português e matematica 3 em ok
Simulado português e matematica 3 em okEderson Jacob Zanardo
 
Conotação e denotação
Conotação e denotaçãoConotação e denotação
Conotação e denotaçãocepmaio
 
Conotação e denotação
Conotação e denotaçãoConotação e denotação
Conotação e denotaçãocepmaio
 
Conotação e denotação
Conotação e denotaçãoConotação e denotação
Conotação e denotaçãoAlvaro Morais
 
Conotação e denotação
Conotação e denotaçãoConotação e denotação
Conotação e denotaçãocepmaio
 
Conotação e denotação
Conotação e denotaçãoConotação e denotação
Conotação e denotaçãocepmaio
 
Conotação e denotação
Conotação e denotaçãoConotação e denotação
Conotação e denotaçãocepmaio
 
Conotação e denotação
Conotação e denotaçãoConotação e denotação
Conotação e denotaçãocepmaio
 
A vontade de deus para os escravos paul david washer
A vontade de deus para os escravos   paul david washerA vontade de deus para os escravos   paul david washer
A vontade de deus para os escravos paul david washerDeusdete Soares
 
D1 - Descritores do SAEB LP.pptx
D1 - Descritores do SAEB LP.pptxD1 - Descritores do SAEB LP.pptx
D1 - Descritores do SAEB LP.pptxSheilaFernandes41
 
Redacao 8serie-ef
Redacao 8serie-efRedacao 8serie-ef
Redacao 8serie-efsachagomes
 
Resenha o homem deliquente
Resenha o homem deliquenteResenha o homem deliquente
Resenha o homem deliquenteDireito Fasec
 

Semelhante a conforme solicitado - Sintetiza de forma concisa o tema central abordado no texto, que é o debate sobre o racismo a partir do caso do jovem negro acorrentado no Rio de Janeiro.O tema do racismo é o assunto principal discutido no texto através da anál (20)

Atividades de pontuação
Atividades de pontuaçãoAtividades de pontuação
Atividades de pontuação
 
Simulado 3°ano -1dia
Simulado 3°ano -1diaSimulado 3°ano -1dia
Simulado 3°ano -1dia
 
Simulado 3°ano -1dia
Simulado 3°ano -1diaSimulado 3°ano -1dia
Simulado 3°ano -1dia
 
Simulado português e matematica 3 em ok
Simulado português e matematica 3 em okSimulado português e matematica 3 em ok
Simulado português e matematica 3 em ok
 
Conotação e denotação
Conotação e denotaçãoConotação e denotação
Conotação e denotação
 
Conotação e denotação
Conotação e denotaçãoConotação e denotação
Conotação e denotação
 
Conotação e denotação
Conotação e denotaçãoConotação e denotação
Conotação e denotação
 
Conotação e denotação
Conotação e denotaçãoConotação e denotação
Conotação e denotação
 
Conotação e denotação
Conotação e denotaçãoConotação e denotação
Conotação e denotação
 
Conotação e denotação
Conotação e denotaçãoConotação e denotação
Conotação e denotação
 
Conotação e denotação
Conotação e denotaçãoConotação e denotação
Conotação e denotação
 
Apostila concurso-anatel
Apostila concurso-anatelApostila concurso-anatel
Apostila concurso-anatel
 
Escola renascer
Escola  renascerEscola  renascer
Escola renascer
 
A vontade de deus para os escravos paul david washer
A vontade de deus para os escravos   paul david washerA vontade de deus para os escravos   paul david washer
A vontade de deus para os escravos paul david washer
 
D1 - Descritores do SAEB LP.pptx
D1 - Descritores do SAEB LP.pptxD1 - Descritores do SAEB LP.pptx
D1 - Descritores do SAEB LP.pptx
 
Redacao 8serie-ef
Redacao 8serie-efRedacao 8serie-ef
Redacao 8serie-ef
 
Teste de sondagem bbs 2011
Teste de sondagem   bbs 2011Teste de sondagem   bbs 2011
Teste de sondagem bbs 2011
 
Coerência e coesão
Coerência e coesãoCoerência e coesão
Coerência e coesão
 
Resenha o homem deliquente
Resenha o homem deliquenteResenha o homem deliquente
Resenha o homem deliquente
 
AVALIAÇÃO DE PORTUGUÊS_8ºano
AVALIAÇÃO DE PORTUGUÊS_8ºanoAVALIAÇÃO DE PORTUGUÊS_8ºano
AVALIAÇÃO DE PORTUGUÊS_8ºano
 

Mais de Diego Prezia

Mais de Diego Prezia (20)

Prova setimos ii ii resp
Prova setimos ii ii resp Prova setimos ii ii resp
Prova setimos ii ii resp
 
Fling
FlingFling
Fling
 
Funções
FunçõesFunções
Funções
 
Pronomes incompleto (4)
Pronomes   incompleto (4)Pronomes   incompleto (4)
Pronomes incompleto (4)
 
Vozes do verbo
Vozes do verboVozes do verbo
Vozes do verbo
 
Adjetivadetalhada 101019051533-phpapp02
Adjetivadetalhada 101019051533-phpapp02Adjetivadetalhada 101019051533-phpapp02
Adjetivadetalhada 101019051533-phpapp02
 
Etapa v e orações
Etapa v e oraçõesEtapa v e orações
Etapa v e orações
 
Oração adjetiva
Oração adjetivaOração adjetiva
Oração adjetiva
 
Prova setimos ii i resp
Prova setimos ii i resp Prova setimos ii i resp
Prova setimos ii i resp
 
Prova oitavos ii i -respostas
Prova oitavos ii i -respostas Prova oitavos ii i -respostas
Prova oitavos ii i -respostas
 
Fonética e fonologia
Fonética e fonologiaFonética e fonologia
Fonética e fonologia
 
Capítulos 1 e 2
Capítulos 1 e 2Capítulos 1 e 2
Capítulos 1 e 2
 
Etapa ii correção
Etapa ii  correçãoEtapa ii  correção
Etapa ii correção
 
Numerais
NumeraisNumerais
Numerais
 
Correção etapa i
Correção etapa iCorreção etapa i
Correção etapa i
 
Prova oitavo
Prova oitavoProva oitavo
Prova oitavo
 
Medo
MedoMedo
Medo
 
Sintaxe tudo2
Sintaxe tudo2Sintaxe tudo2
Sintaxe tudo2
 
Interpretação básico
Interpretação   básicoInterpretação   básico
Interpretação básico
 
Sintaxe tudo2
Sintaxe tudo2Sintaxe tudo2
Sintaxe tudo2
 

conforme solicitado - Sintetiza de forma concisa o tema central abordado no texto, que é o debate sobre o racismo a partir do caso do jovem negro acorrentado no Rio de Janeiro.O tema do racismo é o assunto principal discutido no texto através da anál

  • 1. Colégio Jesus Maria José Poços de Caldas – MG CONSIDERAÇÕES: 1. Esta prova contém 4questões. Prova: (___) Calendário (___) Substitutiva 2. Redija suas respostas com tinta azul ou preta, com letra legível e evite rasuras. 3. Questões a lápis não serão corrigidas. 4. A primeira coisa a fazer é: se identificar: nome, número e turma. 5. Respostas completas. 6. Permitido o uso de dicionário 7. Concentre-se e BOMTRABALHO!!! Nós, os humanos verdadeiros. Precisei escutar o discurso do bem. O que dizem aqueles que acorrentaram um menino negro a um poste com uma trava de bicicleta no Flamengo, no Rio, em 31 de janeiro. Aqueles que cortaram sua orelha, aqueles que arrancaram suas roupas. O que dizem aqueles que defendem os jovens brancos que torturaram o jovem negro. Eu sei que os homens e as mulheres que evocam o direito de acorrentar adolescentes negros em postes, cortar a sua orelha e arrancar suas roupas porque se anunciam como homens e mulheres de bem – e homens e mulheres de bem podem fazer tudo isso – estão ao meu redor. Eu os encontro na padaria, os cumprimento no elevador, agradeço a eles quando me permitem atravessar na faixa de segurança. Eles estão lá ao ligar a TV. Mas o que eles dizem que é preciso escutar? O discurso do bem cabe em poucas frases. O Estado é omisso. A polícia é desmoralizada. A Justiça é falha. Diante desses fatos, e todos os fatos são sempre inquestionáveis no discurso do bem, acorrentar jovens negros em postes com trava de bicicleta, cortar a sua orelha e arrancar suas roupas é um direito de legítima defesa dos cidadãos de bem. Se quiserem torturar o menino negro, como fizeram, eles podem, assegura o bem. Se quiserem matá-lo, eles podem, também. E alguns o fazem. Meninos negros não são meninos. Não é preciso investigação, não é preciso julgamento, não é preciso lei. Os cidadãos de bem sabem, porque são a lei. Também são a justiça. O menino é um marginalzinho, é também um vagabundo, diz o bem. E bandido bom é bandido morto, garante o bem. Se você não pensa assim, o bem tem um pedido a lhe fazer: faça um favor ao Brasil, adote um bandido. Simples, direto, objetivo. O discurso do bem orgulha-se de ser simples, orgulha-se de só ter certezas. A dúvida atrapalha o bem. E o bem não deve ser perturbado. (...) Quem acorrenta um jovem negro a um poste, corta um pedaço da sua orelha e arranca suas Aluno: Nº: Nota: Prof: Diego Prezia Conteúdo: Ensino: (___) Fund II (___) Médio Serie: Valor: 5 pontos Data:
  • 2. roupas – e quem defende o direito de fazer tudo isso – são os “verdadeiros humanos”. E também os “humanos verdadeiros”. É uma guerra, descubro, entre humanos verdadeiros e humanos falsos. (...). O que os humanos verdadeiros – ou verdadeiros humanos – viram ao arrancar a roupa do menino negro? O que eles enxergaram ao se deparar com sua nudez? Será que foi por isso que arrancaram suas roupas, para provar que ele não era humano? O que aconteceu quando descobriram que seu corpo era igual ao deles? Ou não era? Será que foi nesse momento que cortaram a sua orelha, para marcá-lo como um humano falso, já que Deus ou a evolução não haviam providenciado essa diferença no corpo? Ou basta a cor, como já disse um pastor evangélico dedicado aos direitos humanos? Que perturbadora pode ter sido a nudez do menino, ao se tornar espelho dos justiceiros e os deixar nus, enquanto batiam nele com seus capacetes. Quem estava nu nessa cena? Difícil não é me diferenciar, mas me igualar, perceber em que esquinas minha humanidade se encontra com a do menino negro preso ao poste e também com a humanidade dos jovens brancos que acorrentaram o jovem negro ao poste. Para isso, eu preciso perceber que aqueles que arrancaram as roupas do menino ficaram nus, sim, mas também me deixaram nua. Nos deixaram nus. Nós, que não compactuamos com quem acorrenta jovens negros em postes, somos aqueles que estavam na cena, mas não aparecem na imagem. E por isso podem se esconder melhor. Os justiceiros nos dão a chance de exaurirmos nossa omissão em ruidosa revolta e voltar esgotados de imagem para o sono dos justos. É preciso encarar nossa nudez nesse espelho em que a imagem, sempre incompleta, mostra apenas o menino negro nu. E abrir mão de uma certa soberba que faz com que, no fundo, acreditemos que somos nós os cidadãos de bem – os civilizados contra os bárbaros. E que dizer isso basta para um sono sem sobressaltos. Somos os “sonsos essenciais”. O termo é de Clarice Lispector, no melhor texto que li sobre a cena do menino negro acorrentado a um poste pelo pescoço. Com o detalhe que foi escrito na década de 60 do século passado. “Essa justiça que vela meu sono, eu a repudio, humilhada por precisar dela. Enquanto isso durmo e falsamente me salvo. Nós, os sonsos essenciais. Para que minha casa funcione, exijo de mim como primeiro dever que eu seja sonsa, que eu não exerça a minha revolta e o meu amor, guardados. Se eu não for sonsa, minha casa estremece. Eu devo ter esquecido que embaixo da casa está o terreno, o chão onde nova casa poderia ser erguida. Enquanto isso dormimos e falsamente nos salvamos. (...) E eu sei que não nos salvaremos enquanto nosso erro não nos for precioso. Meu erro é o meu espelho, onde vejo o que em silêncio eu fiz de um homem”. Para fazer a diferença é necessário se diferenciar. Mas só se diferencia aquele que antes se iguala. Levanta os olhos e encara, no espelho que é o outro, a enormidade de sua nudez. (Texto adaptado. Nós, os humanos verdadeiros. BRUM, Eliane. Retirado de http://brasil.elpais.com/brasil/2014/02/17/opinion/1392640036_999835.html) 1)a) O texto aborda um tema que fora amplamente debatido no Brasil – o acorrentamento e a mutilação de um jovem afrodescendente na cidade do Rio de Janeiro. Por ser um texto opinativo, a autora revela seu viés ideológico sobre os fatos. Dentro do texto, a autora faz um jogo de palavras “verdadeiros humanos” e “humanos verdadeiros” – qual seria a diferença de sentido que a troca de posição do substantivo com o adjetivo? Veja o trecho: Quem acorrenta um jovem negro a um poste, corta um pedaço da sua orelha e arranca suas roupas – e quem defende o direito de fazer tudo
  • 3. isso – são os “verdadeiros humanos”. E também os “humanos verdadeiros”. Lembrando que uma versão fala sobre um nível filosófico, já outra, sobre um nível biológico. (1,0 ponto) O texto aborda um tema que fora amplamente debatido no Brasil – o acorrentamento e a mutilação de um jovem afrodescendente na cidade do Rio de Janeiro. Por ser um texto opinativo, a autora revela seu viés ideológico sobre os fatos. Dentro do texto, a autora faz um jogo de palavras “verdadeiros humanos” e “humanos verdadeiros” –a diferença de sentido que a troca de posição do substantivo com o adjetivo é de que em humanos verdadeiros, temos em segundo plano de importância a palavra “verdadeiros” e em primeiro, o vocábulo “humanos”. Por enfatizar a palavra “humanos”, fazemos a inferência de que se trata de uma palavra no nível biológico de humanidade: ser humano como espécie. Ao procurar no texto, tal inferência é confirmada por “(...) Será que foi nesse momento que cortaram a sua orelha, para marcá-lo como um humano falso, já que Deus ou a evolução não haviam providenciado essa diferença no corpo? (...)”. Já em “verdadeiros humanos” a palavra destacada, ou seja em primeiro plano, é “verdadeiros”, revelando que a intenção é enfatizar o caráter filosófico deste significado. b) Porém, o título se diferencia da parte acima e caracterizaria outro tipo de ser humano. Quem seriam, realmente, os humanos verdadeiros aos quais a autora se refere ao dar nome ao texto? (0,5 ponto) O título se diferencia da parte acima e caracterizaria outro tipo de ser humano. Os humanos verdadeiros aos quais a autora se refere ao dar nome ao texto são todos os seres humanos, em geral. O que pode ser inferido ao final da
  • 4. leitura, quando percebemos que a autora deixa claro não existirem humanos falsos. c) Ainda sobre o título, por que se fez necessário o sujeito simples para explorar o intuito geral do texto? Explique. (0,5 ponto) Ainda sobre o título, o sujeito simples se fez para explorar o intuito geral do texto, pois sem a palavra “nós” a compreensão de que todos, independentemente de quaisquer características, somos seres humanos. 2) Durante todo o texto, a autora se vale de um recurso linguístico expressivo para tornar sua crítica mais enfática. Esta figura de linguagem se chama ironia. Encontre, no texto, um exemplo deste recurso e explique de que maneira este ocorre, com relação ao sentido proposto. (1,0 ponto) Durante todo o texto, a autora se vale de um recurso linguístico expressivo para tornar sua crítica mais enfática. Esta figura de linguagem se chama ironia. No texto, um exemplo deste recurso é: “(...)E bandido bom é bandido morto, garante o bem (...)”. É uma ironia, pois exigir a morte de alguém não possui coerência com um discurso dito, do bem – já que as características positivas dentro da nossa sociedade, associadas à figura de um bem, teriam como premissas básicas a defesa de toda a vida humana. 3) “ (...)Nós, os sonsos essenciais. Para que minha casa funcione, exijo de mim como primeiro dever que eu seja sonsa, que eu não exerça a minha revolta e o meu amor, guardados. Se eu não for sonsa, minha casa estremece. Eu devo ter esquecido que embaixo da casa está o terreno, o chão onde nova casa poderia ser erguida. Enquanto isso dormimos e falsamente nos salvamos.(...)”. Durante a primeira parte do texto, a autora critica os justiceiros que mutilaram o menino – já neste trecho ela inverte a crítica para as próprias pessoas que pensariam como ela e que seria reforçada pela citação de Clarice Lispector. Em que consiste esta crítica que ela faz a si mesma? Justifique COM SUAS PALAVRAS. (1,0 ponto)
  • 5. Durante a primeira parte do texto, a autora critica os justiceiros que mutilaram o menino – já neste trecho ela inverte a crítica para as próprias pessoas que pensariam como ela e que seria reforçada pela citação de Clarice Lispector. Esta crítica consiste em que pessoas como a autora, explicitamente contra a violência, ao invés de se revoltarem contra os atos de barbárie ocorridos, apenas permanecem em suas casas – tentando satisfazer suas consciências com o fato de a revolta ter surgido, algo que alivia a moralidade. Porém, continuam em suas vidas pacatas e cotidianas, e apenas se horrorizam frente a torturas e injustiças cometidas pelo mundo. 4)Analise SINTATICAMENTE as três frases adaptadas do texto. (Sujeito, Predicado, Transitividade, Adjuntos etc) (1,0 ponto) Escutei o discurso do bem. Sujeito desinencial: (eu) Predicado verbo-nominal: escutei o discurso do bem. Núcleos do predicado verbo-nominal: escutei; (do) bem. Verbo transitivo direto: escutei. Objeto direto: discurso. Predicativo do objeto: (do) bem. Adjunto adnominal: o ; do.