O documento discute Graciliano Ramos e Clarice Lispector como representantes da segunda geração do modernismo brasileiro. Graciliano retratou a vida no sertão nordestino em obras como "Vidas Secas" e foi preso durante a ditadura de Vargas. Clarice foi uma importante escritora judia nascida na Ucrânia que estreou com "Perto do Coração Selvagem" e seu último livro foi "A Hora da Estrela". Ambos usaram técnicas literárias modernistas para analisar personagens de forma psicológica.
2. Graciliano Ramos
Graciliano Ramos marcou a literatura
brasileira com obras que retratam a vida
do homem nordestino no sertão. O
escritor fez parte da 2ª fase do
modernismo, que teve o regionalismo
como principal característica.Em
importantes obras, como “Vidas Secas” e
“São Bernardo”, é possível perceber o
realismo utilizado pelo autor para
descrever as dificuldades da vida no
sertão. Por ter vivido grande parte da
vida no interior de Alagoas, Graciliano
conhecia de perto essa realidade.
Pela ligação com o comunismo,
Ramos foi preso durante a
ditadura de Vargas. O período
na prisão foi retratado
em “Memórias do Cárcere”, que
traz um episódio importante da
história: a entrega de Olga
Benário aos alemães. O livro foi
lançado sem o último capítulo,
já que o autor morreu antes de
terminar a obra.
3. MOVIMENTO LITERÁRIO
O romance Vidas Secas, publicado em 1938, consegue a
proeza de apresentar de maneira sintética uma visão da
sociedade brasileira em seus níveis mais profundos. Há a
dimensão social da exploração e da opressão política. Há a
dimensão psicológica da repressão, fazendo surgir
indivíduos marcados pela introspecção. E há, por fim, a
dimensão natural da seca, flagelo nordestino.
A narrativa se relaciona a um período particularmente
complicado da política brasileira e mundial. No Brasil,
estava em vigor a ditadura Vargas, enquanto a Europa vivia
as tensões que resultariam na eclosão da 2ª Guerra
Mundial.
4. Clarice Lispector
Clarice Lispector (1920-1977) foi uma
escritora brasileira. De origem judia, nascida
na Ucrânia, é reconhecida como uma das
mais importantes escritoras do século XX.
Estreou na literatura ainda muito jovem com
o romance "Perto do Coração Selvagem"
(1943), que teve calorosa acolhida da crítica
e recebeu o Prêmio Graça Aranha.
Em 1944, recém-casada com um diplomata,
viajou para Nápoles, onde serviu num
hospital durante os últimos meses da Segunda
Guerra. Depois de uma longa estada na Suíça
e Estados Unidos, voltou a morar no Rio de
Janeiro.
Clarice Lispector começou a colaborar
na imprensa em 1942 e, ao longo de
toda a vida, nunca se desvinculou
totalmente do jornalismo. Trabalhou
na Agência Nacional e nos jornais A
Noite e Diário da Noite. Foi colunista
do Correio da Manhã e realizou
diversas entrevistas para a revista
Manchete. A autora foi cronista do
Jornal do Brasil. Produzidos entre
1967 e 1973, esses textos estão
reunidos no volume "A Descoberta do
Mundo".
5. MOVIMENTO LITERÁRIO
Em seu último romance, Clarice Lispector criou um narrador fictício, Rodrigo
S.M, que relata a vida da jovem nordestina Macabéa, ao mesmo tempo em
que reflete sobre os sonhos, as manias e os conflitos internos da garota.
Publicada pouco antes de sua morte, em 1977, "A Hora da Estrela" é a última
obra de Clarice Lispector. Nesse livro, que tem como narrador Rodrigo S.M.,
alter ego da autora, há o retrato de uma jovem nordestina, Macabéa, que tenta
sobreviver na cidade grande. A narrativa, complexa, é marcada pela presença
dos conflitos existenciais da protagonista, bem como do próprio Rodrigo S.M.
Em "A Hora da Estrela", ficam visíveis algumas das principais características
dos autores da terceira fase modernista no Brasil (posteriores aos romances
regionalistas), como a utilização de análise psicológica mais aprofundada dos
personagens, que revela, por meio da narrativa interior, o fluxo de consciência
e o intimismo. No plano formal, há a preocupação por uma linguagem mais
elaborada, com a presença das digressões, o uso inusitado da pontuação, ou
mesmo sua ausência, as metáforas e a metalinguagem.