Este boletim organizativo defende uma Greve Geral em 22 de Março contra as políticas de austeridade do governo. Critica as declarações de Cavaco Silva e Passos Coelho em defender os cortes. Também denuncia as más condições de trabalho dos precários, incluindo limitações no gozo de férias e aumento da pressão e horas extras.

1. PrecariAcções
Fevereiro 2012
8
Boletim organizativo e de luta dos precários
Contra o roubo, todos à Greve Geral!
Cavaco Silva e Passos Coelho são hoje
os rostos de uma política sem futuro,
onde a única linha de conduta
é o
saque
generalizado
ao
povo.
A
subserviência
destes aos planos de
austeridade engendrados pela troika,
que deixam o nosso país naufragado em
recessão, desemprego e miséria tornaos, aos olhos da troika, excelentes
alunos para desempenharem a
grande
tarefa dos poderosos: serem os pobres
e os trabalhadores a suportarem esta
crise.
Cavaco Silva, confesso adepto
do plano de austeridade da Troika/PSD/
CDS , brindou-nos recentemente com o
seu irresistível sentido de humor,
dizendo
que com os cortes que foi
vítima “não vai chegar para pagar as
minhas despesas”. Cavaco Silva que
aufere anualmente 146 mil euros de
pensões, não deve conhecer a realidade
do seu próprio país. Em Portugal o
valor médio das pensões é 400 euros,
para
Cavaco
Silva,
licenciado
em
economia, não será necessário recorrer
à calculadora para perceber que aufere
25 vezes mais que a maioria dos
pensionistas.
O
Presidente
da
República, um dos obreiros do caixão
onde quer encarcerar o povo, esquecese que hoje há 2 milhões de pessoas a
viver abaixo do limiar da pobreza,
esquece-se que o desemprego atinge 14%
da população e um em cada 3 jovens não
tem
oportunidade
no
mercado
de
trabalho. Para não ficar atrás destas
declarações, Passos Coelho aconselhou
o povo a não ser piegas, porque só
assim , segundo este, conseguiremos
sair da crise. Para Passos Coelho, que
não vive com os
nossos salários
míseros, que não precisa de ficar
horas num hospital para ser atendido e
que
não
precisa
de
emigrar
para
sustentar a sua família, é fácil
viver. Mas na verdade Passos Coelho
sabe que o povo não é piegas. É por
isso que treme, é por isso que pede
serenidade e sacrifícios, porque sabe
que a mesma força que nos permite
criar riqueza é a mesma força que pode
derrubar este governo e mandar os
senhores da Troika para casa sem
grandes cordialidades.
AS FÉRIAS
Com o descanso não se brinca
Recentemente recebeu-se um email por parte das entidades empregadoras
(Adecco e Raanstad) relativo à marcação de férias para o corrente ano. Como
todos podemos constatar existem sérias limitações relativas ao período no qual
nos é permitido marcar os dias de férias a que temos direito.
De acordo com as regras apresentadas pelas empresas de trabalho temporário
que nos contratam, durante os meses de Julho, Agosto, Setembro e Dezembro
não podemos marcar mais do que 5 dias no total e têm de ser marcados todos
juntos. Restar-nos-ão 17 dias para distribuir pelos meses de Junho, Outubro e
Novembro, atendendo ao facto que Maio já está encerrado. Ainda por cima
somos obrigados a marcar,pelo menos, 10 dias seguidos nestes 3 meses.
As férias são um direito de quem trabalha e não um brinde do patronato.
Segundo a Lei:
- As férias são marcadas mediante acordo entre o trabalhador e a entidade
empregadora. Caso não haja acordo, esta é obrigada por lei a marcar as
férias do trabalhador no período entre 1 de Maio e 31 de Outubro.
- O mapa de férias de todos os trabalhadores tem de ser afixado entre 15 de
Abril e 31 de Outubro no local de trabalho em sitio em que seja visível.
- A totalidade das férias têm de ser gozadas no ano civil a que correspondem.
No caso de a entidade patronal obstar ao gozo das férias nos termos
previstos na lei, o trabalhador receberá, a título de indemnização, o triplo da
retribuição correspondente ao período em falta, que deverá obrigatoriamente
ser gozado no 1.º trimestre do ano civil subsequente.
Diário da República, 1.ª série — N.º 30 — 12 de Fevereiro de 2009
CÓDIGO DO TRABALHO - SUBSECÇÃO X - Férias
Alem das violações claras à lei que são todos os anos cometidas na marcação
das férias, existem ainda algumas questões práticas que podem prejudicar os
trabalhadores. Sendo que o número de meses que temos para marcar férias é
de apenas 3 (Junho, Outubro e Novembro), irá ser possível todos poderem
gozar as férias nos dias que marcaram durante estes meses? Ou irá a entidade
empregadora ilegalmente impedir que os trabalhadores gozem as férias neste
ano civil para as linhas não ficarem vazias?
É obrigatório que a lei seja cumprida quanto à marcação das férias, as
empresas de trabalho temporário não podem fazer o que lhes apetece com
os nossos direitos.
Por todas estas razões, no dia 22 de
Março façamos uma grande Greve Geral!
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2. BASTA DE PRESSÃO
15 MINUTOS
Assim ninguém aguenta
A diferença que 15 minutos fazem
As equipas de advisors da IBM Braga prestam um serviço de
qualidade que não é reconhecido por ninguém. O salário não
reflecte nem os resultados obtidos nem o esforço físico e
psicológico inerentes ao desempenho do nosso trabalho, e, como
se não bastasse, sempre que as métricas individuais ou de
conjunto da equipa baixam ligeiramente, somos automaticamente
chamados a sessões de “levar na cabeça”, obrigados a entregar
ficheiros diários com o nosso resultado e sujeitos às mais
variadas criticas a qualquer um dos parâmetros que compõem as
métricas. Usa-se uma abordagem de pegar por tudo e por nada,
seja pelo AHT, nº de surveys recebidos, tempo de ACW, taxa de
loggin ou CSAT, como se a forma de alguém melhorar em alguma
coisa fosse ser constantemente pressionado. Estas situações e a
forma por vezes cínica como lidam connosco não só prejudicam o
nosso trabalho provocando stress constante, mas também levam
muita gente a ter que sair por já não aguentar mais o desgaste.
Já não basta o pedido insistente de horas extra a que somos
submetidos, somos agora informados que o período dos turnos irá ter
mais 15 minutos de duração forçando o horário de trabalho a
prolongar-se para além da hora que foi acordada nos nossos
contratos. Esta medida é ilegal e é uma violação clara do contrato,
não podem mudar as regras a meio do jogo. Querem que agora
adaptemos as nossas vidas e horários, que já de si são
tremendamente irregulares, a sair mais tarde 15 minutos. Tendo nós
que incorporar esta mudança aos nossos ritmos e todas as suas
condicionantes (deslocação,horários dos filhos, actividades pessoais
e vida familiar).
Basta de horários irregulares que só provocam stress e não nos
deixam ter uma vida com um mínimo de estabilidade.
No mesmo registo de puxar a corda até ela rebentar, multiplicamse cada vez mais os pedidos de horas extra, sendo que estes têm
aumentado não só na sua quantidade mas também na insistência
com que são feitos. Como ninguém gosta de trabalhar mais pelo
mesmo, é normal que, quando fazer horas extras não serve para
compensar atrasos ou faltas e a sua remuneração tem valores
ridículos, o número de pessoas a voluntariar-se desça. A resposta
da empresa é clara, aumentar a pressão para que os advisors
façam mais horas extras. Se de facto existe a necessidade de
preencher mais turnos, não pode ser às custas de quem todos os
dias deixa 8 horas da sua vida na linha; a solução é simples:
contratem mais gente.
ATRASO DE VIDA
Como podemos perder um prémio sem nos informarem
como?
Já que falamos de questões de tempo, não esqueçamos o tempo
dos atrasos do qual depende o prémio de assiduidade. Não
podemos perder 50€ por atrasos sem que nos seja mostrado e
explicado quais foram e quando foram. Da forma pouco
transparente com que neste momento a atribuição do prémio de
assiduidade é feito, esta não passa de mais um mecanismo da
empresa embolsar uns trocos à nossa custa.
Basta de termos 50€ flutuantes no nosso salário dependentes
de tempos que nem nos são devidamente explicados.
A precariedade faz com que a incerteza e a falta de perspectivas de futuro muitas vezes coloquem demasiada pressão sobre nós. Cada
vez mais há razões para que nos juntemos na reivindicação das nossas vidas mas o nosso posto de trabalho está constantemente em
risco.
Colega, desabafa as angústias, exorciza os receios, partilha a opinião, escreve-nos. A informação é confidencial. Este boletim existe para
que te possas organizar na defesa dos teus direitos, para que possas ter um espaço onde anonimamente exponhas os teus problemas e
denúncias, onde te possas exprimir.
Contacta-nos através de:
Email: precariaccoesbraga@gmail.com Blog: precariaccoesbraga.blogspot.com
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