SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 11
Poder, Autoridade, Dominação, Legalidade e Legitimidade II
Diferentes concepções de poder e suas implicações
FLS0648 – SOCIOLOGIA POLÍTICA
Prof. Dr. Sérgio Adorno
Poder, “probabilidade de impor a
própria vontade, dentro de uma
relação social, ainda que contra a toda
resistência e qualquer que seja o
fundamento dessa probabilidade”.
Estado, “deve entender-se um instituto
político de atividade continuada, quando e à
medida que seu quadro administrativo
mantenha com êxito a pretensão ao
monopólio legítimo da coação física para a
manutenção da ordem vigente”.
Dominação, “capacidade de certos agentes obterem
obediência para determinados mandatos”.
TIPOS PUROS
DE
AUTORIDADE
LEGÍTIMA
TRADIÇÃO LEGALIDADE
CARISMA
Weber, M. Economía y Sociedad, v. 1.
ARENDT, H. ISONOMIA E CIVITAS
“Quando a cidade-estado de Atenas chamou sua constituição de isonomia, ou quando os romanos
disseram ser a civitas sua forma de governo, tinham em mente um conceito de poder e lei cuja
essência não se fiava na relação ordem-obediência e não identificava poder com domínio ou lei com
ordens.” (Arendt, ‘Da Violência’ in Crises da República ([1969]1973), p. 120).
O POVO E O PODER
“É o apoio do povo que empresta poder às instituições de um país, e este apoio não é mais que a
continuação do consentimento que, de início, deu origem às leis. No governo representantivo, o
povo supostamente controle os que governam. Todas as instituições políticas são manifestações e
materializações de poder; petrificam e decaem quando o poder vivo do povo cessa de lhes
sustentar”. (Arendt, idem, p. 120).
FSLO648
2018
Conceito Conteúdo Atributo
Poder Agir em comum acordo
Participação no mundo
público
Admissão no mundo da
política
Liberdade política
Exclui emprego de
meios violentos
Requer legimitimidade
Depende do maior
número
Fim em si mesmo
Fonte de criação e
inovação
Fortaleza Propriedade natural Pessoa
Força Energia Natureza
Autoridade Reconhecimento de
obediência
Pessoa ou instituição
Violência Recurso de mando Requer implementos
Caráter instrumental
Destrutiva, associada ao
silêncio
Requer justificativa
PODER E VIOLÊNCIA
Arendt, H. ‘Da violência’ in Crises da República, São Paulo: Perspectiva, 1973, pp. 93-169.
“Resumindo: em termos de política, não basta dizer que violência e poder não são a mesma coisa. Poder e
violência se opõem; onde um deles domina totalmente o outro está ausente. A violência aparece onde o
poder está em perigo, mas se a permitem seguir seus próprios caminhos, resulta no desaparecimento do
poder. Isto implica em não ser correto pensar no oposto da violência como sendo a não-violência; falar em
poder não-violento é uma redundância. A violência pode destruir o poder, mas é totalmente incapaz de
criá-lo”. (Arendt, idem, p. 132).
“...desejo apenas recordar a perspectiva sui-generis
adotada por H. Arendt: um Estado, exonerado da
elaboração administrativa de matérias sociais; uma
política, depurada das questões relativas à política
social; uma institucionalização da liberdade pública
que independe da organização do bem-estar; um
processo radical de formação democrática da vontade,
que se abstém em face da repressão social – este não é
um caminho viável para nenhuma sociedade moderna”
Habermas, J. ‘O conceito de
poder de Hannah Arendt’.
Habermas, orgs. Barbara
Freitag e Sérgio Paulo
Rouanet, São Paulo, Ática,
1980, p. 110.
”O poder, para nossos propósitos, pode ser entendido, como a capacidade que a sociedade tem para mobilizar seus
recursos no interesse de seus objetivos definidos como algo sancionado de maneira mais positiva do que permissiva
pelo sistema como um todo – objetivos que são “afetados pelo interesse público. A quantidade do poder é um atributo
do sistema total e uma função de muitas variáveis. Estas, segundo minha concepção, são: o apoio que pode ser
mobilizado por aqueles que exercem o poder, os privilégios a que tem acesso (principalmente o controle da
produtividade da economia), a legitimidade que pode ser conferida às posições dos detentores do poder, e a lealdade
relativamente incondicional da população para com a sociedade em seus aspectos politicamente organizados. O centro
de nossas considerações no presente momento será, acima de tudo, o fator apoio. [Parsons, T. ‘Poder, Partido e
Sistema’ in Sociologia Política II, Rio de Janeiro: Zahar, 1970, pp. 9-10.
“”Os sistemas simbólicos devem sua força ao fato de as relações de força que ne se exprimem só se
manifestarem neles como forma irreconhecível de relações de sentido (deslocação). [...] O poder simbólico como
poder de constituir o dado pela enunciação, de fazer ver e crer, de confirmar ou transformar a visão de mundo...
Só se exerce se for reconhecido, quer dizer ignorado como arbitrário. [...] O poder simbólico, poder subordinado,
é uma forma transformada, quer dizer, irreconhecível, transfigurada e legitimada, das outras formas de poder.”
Bourdieu, P. ‘Sobre o poder simbólico’ in O poder simbólico. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1998, cap. 1, pp. 7-
15.
PODER E SISTEMA SOCIAL
PODER SIMBÓLICO
FOUCAULT E O PODER
“O que é o poder? (...) O que está em jogo é determinar quais são, em seus mecanismos, em seus efeitos, em suas
relações, esses diferentes dispositivos de poder que se exercem, em níveis diferentes da sociedade, em campos e com
extensões variadas. Grosso modo, acho que o que está em jogo em tudo isso é o seguinte: a análise do poder, ou a
análise dos poderes, pode, de uma maneira ou de outra, ser deduzida da economia?
[...] “...há um certo ponto em comum entre a concepção jurídica e, digamos, liberal do poder político – a que
encontramos nos filósofos do século XVIII – e também a concepção marxista ou, em todo caso, uma certa concepção
coerente que vale como sendo a concepção do marxismo. Esse ponto em comum seria aquilo que eu chamaria de
‘economicismo’ na teoria do poder. (...) no caso da teoria jurídica clássica do poder, o poder é considerado um direito
do qual se seria possuidor como um bem (...) que seria da ordem da cessão ou do contrato. [...] ... Na concepção
marxista geral do poder; nada disso, é evidente. Mas, vocês tem nessa concepção marxista algo diferente, que se
poderia chamar de ‘funcionalidade econômica’ do poder. (...) Neste caso, o poder político encontra na economia sua
razão de ser histórica.”
[...] O poder não se dá, nem se troca, nem se retoma, mas ele se exerce e só existe em ato. (...) o poder não é
primeiramente manutenção e recondução das relações econômicas, mas, em si mesmo, primariamente uma relação
de força”.
Foucault, M. Em defesa da sociedade. Curso no Collège de France, anos 1975-76. São Paulo, Martins Fontes, 1999, aula
de 07/01/76, pp. 19-21.
DUAS TRADIÇÕES FLS0648
2018
I – VIOLÊNCIA COMO RECURSO DE PODER
II – VIOLÊNCIA VERSUS PODER
(Arendt e a crítica da violência como categoria do pensamento
Político). Poder no contexto da ação comunicativa (Habermas)
 Comando
 Ordem
 Obediência
 Sujeição
Weber, Elias (monopólio estatal da
violência)
Clausewitz (Política como violência
por meios pacíficos)
Marx (Violência, parteira da história)
Sorel, Nietzsche, Fanon, Sartre
(violência como força vital)
Lorens (Violência como instinto
natural)
Foucault (poder, força e disciplina)
DOMINAÇÃO
TRADIÇÕES
LEGITIMIDADE
PODER COMO EXERCÍCIO CONCRETO CAPACIDADE DE FAZER OU FACILITAR ALGO
ABORDAGENS DO PODER
FORMAS
ELEMENTARES
CORRETIVA/REPRESSIVA
PERSUASIVA
 Força/coerção
 Restrição/limitação
 Manipulação/indução
 Resistência, oposição, protestos
 Significação/simbolização
 Comunicação
 Consenso
 Perícia/saber
especializado/autoridade
 Resistência, pressão,
heterogeneidade
 Legitimidade
Scott (2010).
SOCIEDADE
MERCADO, CORPORAÇÕES
FORÇA DE TRABALHO
CLASSES SOCIAIS, SINDICATOS,
MOVIMENTOS SOCIAIS, SOCIEDADE CIVIL
ELITES E BUROCRACIAS
CIÊNCIA, TECNOLOGIA, UNIVERSIDADES
OPINIÃO PÚBLICA, MASS MEDIA, ARTE
E CULTURA
PODER
PARTIDOS, ELEIÇÕES,
CULTURA POLÍTICA,
PODERES (LEGISLATIVO,
JUDICIÁRIO,
EXECUTIVO, MP)
SOCIEDADES COMPLEXAS
LEGITIMIDADE EM
SOCIEDADE
COMPLEXAS*
LEGITIMIDADE EM SOCIEDADES COMPLEXAS
“Reconhecimento de uma autoridade
e de seu direito a emitir comandos e
o consequente dever de obedecer”.
[Beetham, 1991)
CONDIÇÕES
CONSENTIMENTO LEGALIDADE
VALORES COMPARTILHADOS

Mais conteúdo relacionado

Semelhante a Poder, Autoridade, Dominação, Legitimidade.pptx

5. poder, participação e controle social
5. poder, participação e controle social5. poder, participação e controle social
5. poder, participação e controle socialLuiz-Salvador Miranda-Sa
 
Cap14 filosofiapoltica-130123100652-phpapp02
Cap14 filosofiapoltica-130123100652-phpapp02Cap14 filosofiapoltica-130123100652-phpapp02
Cap14 filosofiapoltica-130123100652-phpapp02Clesia Moreira
 
Poder, Política e Estado.
Poder, Política e Estado.Poder, Política e Estado.
Poder, Política e Estado.Paula Raphaela
 
Grupo de estudos anarquistas josé oiticica
Grupo de estudos anarquistas josé oiticicaGrupo de estudos anarquistas josé oiticica
Grupo de estudos anarquistas josé oiticicamoratonoise
 
Conceituando pol ticas_educacionais
Conceituando pol ticas_educacionaisConceituando pol ticas_educacionais
Conceituando pol ticas_educacionaisSyl Vidal
 
Ciência Política: Bonavides 3 4 5
Ciência Política: Bonavides 3 4 5Ciência Política: Bonavides 3 4 5
Ciência Política: Bonavides 3 4 5Israel serique
 
Atps fundamentos das políticas sociais 2
Atps fundamentos das políticas sociais 2Atps fundamentos das políticas sociais 2
Atps fundamentos das políticas sociais 2Marcia Almeida
 
Poder e Política - Sociologia
Poder e Política - SociologiaPoder e Política - Sociologia
Poder e Política - Sociologiaedsonfgodoy
 
Manipulacao da midia. marilene chaui
Manipulacao da midia. marilene chauiManipulacao da midia. marilene chaui
Manipulacao da midia. marilene chauiVinícius Cordeiro
 
Grupos e organizações
Grupos e organizaçõesGrupos e organizações
Grupos e organizaçõesSATAFE2508
 
A questão do poder - pensadores
A questão do poder - pensadoresA questão do poder - pensadores
A questão do poder - pensadoresNatz Lima
 
O sujeito e o poder - Michel Foucault
O sujeito e o poder - Michel FoucaultO sujeito e o poder - Michel Foucault
O sujeito e o poder - Michel FoucaultLeonardo Canaan
 

Semelhante a Poder, Autoridade, Dominação, Legitimidade.pptx (20)

5. poder, participação e controle social
5. poder, participação e controle social5. poder, participação e controle social
5. poder, participação e controle social
 
Poder e política
Poder e políticaPoder e política
Poder e política
 
Cap14 filosofiapoltica-130123100652-phpapp02
Cap14 filosofiapoltica-130123100652-phpapp02Cap14 filosofiapoltica-130123100652-phpapp02
Cap14 filosofiapoltica-130123100652-phpapp02
 
Poder, Política e Estado.
Poder, Política e Estado.Poder, Política e Estado.
Poder, Política e Estado.
 
POLITICA.pptx
POLITICA.pptxPOLITICA.pptx
POLITICA.pptx
 
Grupo de estudos anarquistas josé oiticica
Grupo de estudos anarquistas josé oiticicaGrupo de estudos anarquistas josé oiticica
Grupo de estudos anarquistas josé oiticica
 
Filosofia Política
Filosofia PolíticaFilosofia Política
Filosofia Política
 
5.. formas do poder político
5.. formas do poder político5.. formas do poder político
5.. formas do poder político
 
Conceituando pol ticas_educacionais
Conceituando pol ticas_educacionaisConceituando pol ticas_educacionais
Conceituando pol ticas_educacionais
 
Ciência política
Ciência política Ciência política
Ciência política
 
Aula estado dominação_poder
Aula estado dominação_poderAula estado dominação_poder
Aula estado dominação_poder
 
Ciência Política: Bonavides 3 4 5
Ciência Política: Bonavides 3 4 5Ciência Política: Bonavides 3 4 5
Ciência Política: Bonavides 3 4 5
 
4. poder, poder social e poder político
4. poder, poder social e poder político4. poder, poder social e poder político
4. poder, poder social e poder político
 
Atps fundamentos das políticas sociais 2
Atps fundamentos das políticas sociais 2Atps fundamentos das políticas sociais 2
Atps fundamentos das políticas sociais 2
 
Poder e Política - Sociologia
Poder e Política - SociologiaPoder e Política - Sociologia
Poder e Política - Sociologia
 
Manipulacao da midia. marilene chaui
Manipulacao da midia. marilene chauiManipulacao da midia. marilene chaui
Manipulacao da midia. marilene chaui
 
Grupos e organizações
Grupos e organizaçõesGrupos e organizações
Grupos e organizações
 
A questão do poder - pensadores
A questão do poder - pensadoresA questão do poder - pensadores
A questão do poder - pensadores
 
O sujeito e o poder - Michel Foucault
O sujeito e o poder - Michel FoucaultO sujeito e o poder - Michel Foucault
O sujeito e o poder - Michel Foucault
 
Sistema presidencialista
Sistema presidencialistaSistema presidencialista
Sistema presidencialista
 

Poder, Autoridade, Dominação, Legitimidade.pptx

  • 1. Poder, Autoridade, Dominação, Legalidade e Legitimidade II Diferentes concepções de poder e suas implicações FLS0648 – SOCIOLOGIA POLÍTICA Prof. Dr. Sérgio Adorno
  • 2. Poder, “probabilidade de impor a própria vontade, dentro de uma relação social, ainda que contra a toda resistência e qualquer que seja o fundamento dessa probabilidade”. Estado, “deve entender-se um instituto político de atividade continuada, quando e à medida que seu quadro administrativo mantenha com êxito a pretensão ao monopólio legítimo da coação física para a manutenção da ordem vigente”. Dominação, “capacidade de certos agentes obterem obediência para determinados mandatos”. TIPOS PUROS DE AUTORIDADE LEGÍTIMA TRADIÇÃO LEGALIDADE CARISMA Weber, M. Economía y Sociedad, v. 1.
  • 3. ARENDT, H. ISONOMIA E CIVITAS “Quando a cidade-estado de Atenas chamou sua constituição de isonomia, ou quando os romanos disseram ser a civitas sua forma de governo, tinham em mente um conceito de poder e lei cuja essência não se fiava na relação ordem-obediência e não identificava poder com domínio ou lei com ordens.” (Arendt, ‘Da Violência’ in Crises da República ([1969]1973), p. 120). O POVO E O PODER “É o apoio do povo que empresta poder às instituições de um país, e este apoio não é mais que a continuação do consentimento que, de início, deu origem às leis. No governo representantivo, o povo supostamente controle os que governam. Todas as instituições políticas são manifestações e materializações de poder; petrificam e decaem quando o poder vivo do povo cessa de lhes sustentar”. (Arendt, idem, p. 120). FSLO648 2018
  • 4. Conceito Conteúdo Atributo Poder Agir em comum acordo Participação no mundo público Admissão no mundo da política Liberdade política Exclui emprego de meios violentos Requer legimitimidade Depende do maior número Fim em si mesmo Fonte de criação e inovação Fortaleza Propriedade natural Pessoa Força Energia Natureza Autoridade Reconhecimento de obediência Pessoa ou instituição Violência Recurso de mando Requer implementos Caráter instrumental Destrutiva, associada ao silêncio Requer justificativa PODER E VIOLÊNCIA Arendt, H. ‘Da violência’ in Crises da República, São Paulo: Perspectiva, 1973, pp. 93-169.
  • 5. “Resumindo: em termos de política, não basta dizer que violência e poder não são a mesma coisa. Poder e violência se opõem; onde um deles domina totalmente o outro está ausente. A violência aparece onde o poder está em perigo, mas se a permitem seguir seus próprios caminhos, resulta no desaparecimento do poder. Isto implica em não ser correto pensar no oposto da violência como sendo a não-violência; falar em poder não-violento é uma redundância. A violência pode destruir o poder, mas é totalmente incapaz de criá-lo”. (Arendt, idem, p. 132). “...desejo apenas recordar a perspectiva sui-generis adotada por H. Arendt: um Estado, exonerado da elaboração administrativa de matérias sociais; uma política, depurada das questões relativas à política social; uma institucionalização da liberdade pública que independe da organização do bem-estar; um processo radical de formação democrática da vontade, que se abstém em face da repressão social – este não é um caminho viável para nenhuma sociedade moderna” Habermas, J. ‘O conceito de poder de Hannah Arendt’. Habermas, orgs. Barbara Freitag e Sérgio Paulo Rouanet, São Paulo, Ática, 1980, p. 110.
  • 6. ”O poder, para nossos propósitos, pode ser entendido, como a capacidade que a sociedade tem para mobilizar seus recursos no interesse de seus objetivos definidos como algo sancionado de maneira mais positiva do que permissiva pelo sistema como um todo – objetivos que são “afetados pelo interesse público. A quantidade do poder é um atributo do sistema total e uma função de muitas variáveis. Estas, segundo minha concepção, são: o apoio que pode ser mobilizado por aqueles que exercem o poder, os privilégios a que tem acesso (principalmente o controle da produtividade da economia), a legitimidade que pode ser conferida às posições dos detentores do poder, e a lealdade relativamente incondicional da população para com a sociedade em seus aspectos politicamente organizados. O centro de nossas considerações no presente momento será, acima de tudo, o fator apoio. [Parsons, T. ‘Poder, Partido e Sistema’ in Sociologia Política II, Rio de Janeiro: Zahar, 1970, pp. 9-10. “”Os sistemas simbólicos devem sua força ao fato de as relações de força que ne se exprimem só se manifestarem neles como forma irreconhecível de relações de sentido (deslocação). [...] O poder simbólico como poder de constituir o dado pela enunciação, de fazer ver e crer, de confirmar ou transformar a visão de mundo... Só se exerce se for reconhecido, quer dizer ignorado como arbitrário. [...] O poder simbólico, poder subordinado, é uma forma transformada, quer dizer, irreconhecível, transfigurada e legitimada, das outras formas de poder.” Bourdieu, P. ‘Sobre o poder simbólico’ in O poder simbólico. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1998, cap. 1, pp. 7- 15. PODER E SISTEMA SOCIAL PODER SIMBÓLICO
  • 7. FOUCAULT E O PODER “O que é o poder? (...) O que está em jogo é determinar quais são, em seus mecanismos, em seus efeitos, em suas relações, esses diferentes dispositivos de poder que se exercem, em níveis diferentes da sociedade, em campos e com extensões variadas. Grosso modo, acho que o que está em jogo em tudo isso é o seguinte: a análise do poder, ou a análise dos poderes, pode, de uma maneira ou de outra, ser deduzida da economia? [...] “...há um certo ponto em comum entre a concepção jurídica e, digamos, liberal do poder político – a que encontramos nos filósofos do século XVIII – e também a concepção marxista ou, em todo caso, uma certa concepção coerente que vale como sendo a concepção do marxismo. Esse ponto em comum seria aquilo que eu chamaria de ‘economicismo’ na teoria do poder. (...) no caso da teoria jurídica clássica do poder, o poder é considerado um direito do qual se seria possuidor como um bem (...) que seria da ordem da cessão ou do contrato. [...] ... Na concepção marxista geral do poder; nada disso, é evidente. Mas, vocês tem nessa concepção marxista algo diferente, que se poderia chamar de ‘funcionalidade econômica’ do poder. (...) Neste caso, o poder político encontra na economia sua razão de ser histórica.” [...] O poder não se dá, nem se troca, nem se retoma, mas ele se exerce e só existe em ato. (...) o poder não é primeiramente manutenção e recondução das relações econômicas, mas, em si mesmo, primariamente uma relação de força”. Foucault, M. Em defesa da sociedade. Curso no Collège de France, anos 1975-76. São Paulo, Martins Fontes, 1999, aula de 07/01/76, pp. 19-21.
  • 8. DUAS TRADIÇÕES FLS0648 2018 I – VIOLÊNCIA COMO RECURSO DE PODER II – VIOLÊNCIA VERSUS PODER (Arendt e a crítica da violência como categoria do pensamento Político). Poder no contexto da ação comunicativa (Habermas)  Comando  Ordem  Obediência  Sujeição Weber, Elias (monopólio estatal da violência) Clausewitz (Política como violência por meios pacíficos) Marx (Violência, parteira da história) Sorel, Nietzsche, Fanon, Sartre (violência como força vital) Lorens (Violência como instinto natural) Foucault (poder, força e disciplina) DOMINAÇÃO TRADIÇÕES LEGITIMIDADE
  • 9. PODER COMO EXERCÍCIO CONCRETO CAPACIDADE DE FAZER OU FACILITAR ALGO ABORDAGENS DO PODER FORMAS ELEMENTARES CORRETIVA/REPRESSIVA PERSUASIVA  Força/coerção  Restrição/limitação  Manipulação/indução  Resistência, oposição, protestos  Significação/simbolização  Comunicação  Consenso  Perícia/saber especializado/autoridade  Resistência, pressão, heterogeneidade  Legitimidade Scott (2010).
  • 10. SOCIEDADE MERCADO, CORPORAÇÕES FORÇA DE TRABALHO CLASSES SOCIAIS, SINDICATOS, MOVIMENTOS SOCIAIS, SOCIEDADE CIVIL ELITES E BUROCRACIAS CIÊNCIA, TECNOLOGIA, UNIVERSIDADES OPINIÃO PÚBLICA, MASS MEDIA, ARTE E CULTURA PODER PARTIDOS, ELEIÇÕES, CULTURA POLÍTICA, PODERES (LEGISLATIVO, JUDICIÁRIO, EXECUTIVO, MP) SOCIEDADES COMPLEXAS LEGITIMIDADE EM SOCIEDADE COMPLEXAS*
  • 11. LEGITIMIDADE EM SOCIEDADES COMPLEXAS “Reconhecimento de uma autoridade e de seu direito a emitir comandos e o consequente dever de obedecer”. [Beetham, 1991) CONDIÇÕES CONSENTIMENTO LEGALIDADE VALORES COMPARTILHADOS