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PerCeBer
 Partido Comunista Brasileiro www.pcb.org.br
. N° 271 – 09.08.2012
para.

Nota do Comitê Central                             Pode parecer difícil entender por que o Parti-
                                                   do Comunista Brasileiro (PCB) disputa as
Para que o PCB                                     eleições com poucos candidatos, em chapa
                                                   própria ou em algumas coligações com pouca

disputa eleições?                                  densidade eleitoral, reduzindo nossas chances
                                                   de vitória.
                                                   É porque o povo é levado a pensar que a “po-
                                                   lítica” se reduz às disputas eleitorais e acon-
                                                   tece apenas de quatro em quatro anos, ou de
                                                   dois em dois, já que eleições nos municípios
                                                   não coincidem com as estaduais ou federais.
                                                   A mídia faz com que as eleições se transfor-
                                                   mem num “show”, escondendo o debate sobre
                                                   os problemas reais vividos pela população.
                                                   Nós do PCB não somos um partido eleitorei-
                                                   ro; não queremos crescer a partir de alianças
                                                   e/ou acordos oportunistas, incompatíveis com
                                                   nossas ideias e convicções. Por isso, a história
                                                   das lutas dos trabalhadores brasileiros não
                                                   pode ser contada sem que se fale no PCB. São
                                                   90 anos de vida ativa e coerente em defesa da
                                                   classe trabalhadora.


O PCB desenvolve uma linha política revolu-          mais se tornando massa de manobra em favor
cionária, e acha que nas eleições deve ocorrer       dos interesses dos poderosos.
um debate profundo sobre a vida dos trabalha-        Não achamos que “é feio” perder eleições. En-
dores nas cidades e no campo, que não está des-      tendemos exatamente o contrário; feio é ganhar
colada da situação do país e do mundo.               eleições através da compra de votos, de falsas
Os candidatos do PCB não participam das elei-        promessas, de políticas inconsistentes que
ções apenas para tentar ganhá-las, mas para fa-      transformam tudo em jogo eleitoral e afastam a
zer com que este debate exista, avançando a          participação popular após o pleito, que trata o
luta dos trabalhadores e a organização dos mo-       eleitor como “consumidor” de candidatos trans-
vimentos sociais.                                    formados em “mercadoria” pelo marketing e as
O momento exige uma reflexão sobre a neces-          conveniências do momento.
sidade de uma mudança radical no “desenvol-
vimento” das cidades. Este deve existir a partir
das necessidades dos trabalhadores e das cama-
das populares, maiores vítimas da exploração e
do caos urbano gerado pelo capitalismo. Afinal
de contas, sentimos na pele a queda da qualida-
de de vida pelo aumento da violência e das do-
enças, pela desigualdade de acesso à educação,
ao conhecimento e à cultura, pela destruição do
meio ambiente.
O PCB se recusa a fazer parte do jogo sujo que
transforma os partidos políticos em meros fan-
toches de grandes grupos econômicos que não
se importam com os trabalhadores. Não usamos
as eleições para fazer falsas promessas e enga-
nar o povo. Afinal de contas, o trabalhador vai
sendo alijado dos fóruns de decisão e cada vez
Para o PCB, a política não se esgota no voto,
                                                    não se limita à época das eleições. Os trabalha-
                                                    dores devem fazer política o ano todo, organi-
                                                    zando-se, lutando e debatendo tudo que lhes diz
                                                    respeito como o orçamento público, a educação,
                                                    a saúde, os transportes, a cultura, a assistência
                                                    social, a reforma urbana e agrária, a preserva-
                                                    ção ambiental. E principalmente uma nova so-
                                                    ciedade, sem explorados nem exploradores.
                                                    Para podermos construir o verdadeiro Poder
                                                    Popular, só com muita luta e organização todos
                                                    os dias, não apenas no calendário eleitoral.
Nessas eleições, em todas as cidades em que         Convidamos você a fazer parte desse projeto,
tiver candidatos, o PCB falará uma só lingua-       não apenas através de seu voto consciente no
gem, pois tem um como princípio o compro-           PCB mas principalmente de sua participação
misso com os trabalhadores. Queremos sim ele-       nos movimentos sociais e políticos populares
ger alguns dos nossos candidatos, para que os       organizados.
comunistas transformem seus mandatos em ins-        Construa ao nosso lado
trumento a serviço da denúncia política, da crí-    a nova ordem socialista!
tica ao capitalismo, da apresentação de propos-     Só a luta muda a vida!
tas objetivas para os interesses da classe traba-
lhadora e, principalmente, do apoio às lutas po-    PCB – Partido Comunista Brasileiro
pulares e defesa de seus interesses.

Desinformação é                 Para cada real doado a políti-       Essa desinformação realmente
                                cos do partido do governo (PT)       existe: ela é tramada às escon-
deliberadamente                 em 2006, afirma esse estudo,         didas, da mesma forma que os
plantada por gestores           as empreiteiras receberam 8,5        contratos     mais    suspeitos.
incompetentes                   vezes o valor na forma de con-       Quanto mais nebuloso é um
e suspeitos                     tratos de obras escolhidas por       contrato e mais chama a aten-
                                políticos do mesmo partido e         ção dos cidadãos, da imprensa
                                incluídas nos orçamentos fede-       e do Ministério Público, mais
                                ral e estadual, ao longo de 33       insistentes e ofensivas são as
                                meses após as eleições.              declarações dos prefeitos e ex-
                                Semanalmente em Cascavel há          secretários municipais, especi-
                                notícias na imprensa sobre           almente os que concorrem a
                                promessas não cumpridas,             mandatos eletivos: eles não
                                contratos estranhos, obras sus-      explicam nem informam – a-
                                peitas, cronogramas desrespei-       penas afirmam que a reação
Desde que foi instalado, o tados e outros problemas de               negativa a esses contratos vem
Disque Corrupção do Governo gestão. No entanto, sequer os            de gente “desinformada”.
do Distrito Federal recebe uma vereadores recebem respostas
denúncia de fraude a cada qua- para seus pedidos de informa-         A desinformação sobre as tra-
tro dias envolvendo altos fun- ção, a não ser evasivas e tergi-      mas palacianas feitas às es-
cionários governamentais em versações. A imprensa é trata-           condidas, com efeito, é muito
relação a contratos públicos. É da como inimiga ao apenas            grande. Em Apucarana, os ve-
denúncia demais para não ser informar fatos, sem editoriali-         readores se estarreceram ao
alvo de auditoria e é fumaça zar as denúncias com cobran-            saber que a Prefeitura paga
demais revelando que em al- ças morais.                              aluguel para usar salas do
gum lugar tem fogo.             Há uma teimosa insistência           Terminal Rodoviário, que é do
Em março de 2011, professo- dos gestores públicos, quando            próprio Município. A Prefeitu-
res das universidades de Bos- acusados de tramar contratos           ra gasta mais de R$ 76 mil por
ton e da Califórnia, nos EUA, prejudiciais à população, em           ano alugando salas em um
publicaram o estudo “O espó- tentar desqualificar os interlo-        prédio que já é dela!
lio da vitória: Doações de cutores: “Você está desinfor-             O vereador Júnior da Femac,
campanha e contratos públicos mado”, diz o gestor, quando            do PDT, afirmou: “Existe mui-
no Brasil”, revelando que a encontra dificuldades para dar           ta desinformação em torno dos
doação para campanhas políti- uma resposta honesta e respei-         contratos públicos firmados”.
cas era “um bom negócio”.       tosa à população.
O extremo da arrogância de Se a auditoria apresentar indí-
                                 tais gestores ocorre quando, cios de prejuízos à população,
                                 em defesa apaixonada de tais o Ministério Público encami-
                                 contratos, alegam que se um nhar a denúncia e a Justiça
                                 governo popular tentar denun- derrubar tais contratos, o Mu-
                                 ciá-los e derrubar esses arran- nicípio ainda assim será preju-
                                 jos lesivos ao interesse públi- dicado com multas por quebra
                                 co, isso não vai dar em nada. de contrato? É essa a informa-
Apucarana é administrada pelo Dizem que a administração ção que precisamos para nos
PMDB, mas Cascavel tem ges- pública será acionada por que- considerar bem informados!
tão do PDT e a população é bra de contrato e com isso os É dever do Poder Popular ao
igualmente desinformada a prejuízos para os cofres públi- assumir a Prefeitura de Casca-
respeito de como, por que e em cos serão enormes. Confessam vel verificar um a um cada ato
que termos os contratos desse que plantaram uma bomba pa- do atual governo municipal,
tipo são firmados e renovados. ra estourar sobre as cabeças da para legitimar os atos corretos
Há, portanto, desinformação população.                           e denunciar por todos os mei-
generalizada entre os cidadãos O PCB, porém, afirma que os, ao público e à Justiça, a-
e até entre as lideranças muni- uma auditoria em regra poderá queles que não se enquadrem
cipais, não só em Cascavel verificar até que ponto os con- nos princípios de legalidade,
mas em muitos municípios. tratos são legítimos ou lesivos. moralidade e boa gestão.
Por haver escassez de infor- Se forem legítimos, serão É o que faremos, seja após a
mações e nenhuma transparên- cumpridos, mas também não posse, seja no curso de nossa
cia real, os piores e mais lesi- renovados, porque o transporte vida como cidadãos cascave-
vos contratos são tramados na público e outros megacontratos lenses.
calada da noite, como quem da administração pública são **
rouba. A população só recebe sempre e invariavelmente liga- Nada deve parecer
informações diluídas pela pro- dos a denúncias de fraudes e impossível de mudar!
paganda palaciana ou nos sí- corrupção.
tios oficiais.

Lavagem de dinheiro             Estado é burocrático, lento e     bal, enquanto os órgãos multila-
                                pesado, e este crime é tecnoló-   terais preferem falar de um arco
muda ao som das                 gico, moderno e inovador”, a-     entre 1,5% e 5%, pela ocultação
novas barreiras                 firmou à IPS o advogado vene-     do crime de legitimação de ca-
                                zuelano Alejandro Rebolledo,      pital de origem ilícita.
                                organizador da VII Conferência
                                Internacional Contra a Lava-      O Fundo Monetário Internacio-
                                gem de Dinheiro, Riscos e         nal o equipara a 40% da eco-
                                Fraudes, realizada no começo      nomia total latino-americana.
                                deste mês em Caracas.             Mediante a lavagem de dinheiro
                                                                  são colocados nos sistemas fi-
                                “O grande desafio deste crime é   nanceiro e comercial fundos de
                                ser eminentemente transnacio-     origem criminosa para que si-
                                nal”, afirmou o argentino Raúl    mulem proceder de atividades
                                Saccani, responsável pelos ser-   legítimas e possam circular e
                                viços contra esse crime e pela    serem usados sem que a justiça
Estrella Gutiérrez*             investigação de fraudes na A-     os detecte.
                                mérica Latina na firma mundial
Caracas, Venezuela, 6/8/2012 –  de auditoria KPMG, outro es-      As categorias do que se consi-
Pokemon, por sua capacidade     pecialista ouvido pela IPS du-    dera lavagem de capitais evolu-
de mutação, cavalo de moder-    rante a reunião. “A cada ano      em constantemente. Em feve-
nos cavaleiros do Apocalipse    são lavados US$ 1,6 trilhão,      reiro, o intergovernamental
(drogas, corrupção, crime orga- equivalentes a 2,7% do produto    Grupo de Ação Financeira In-
nizado, terrorismo) ou fenôme-  interno bruto mundial”, desta-    ternacional sobre Lavagem de
no de desordem social. Estas    cou Rebolledo, diretor do site    Ativos (Gafi) inclui neste item
são definições dos especialistasantilavadodedinero.com.           a evasão fiscal, o contrabando e
reunidos na capital venezuelana                                   o uso de armas de destruição
para a lavagem de dinheiro, um Associações financeiras elevam     em massa.
crime de infinitos disfarces. “O esse valor a 3,6% do PIB glo-
lipse criminal: drogas, crime       econômicos antes de trabalhar
                                   organizado, terrorismo e cor-       para a KPMG, entende que
                                   rupção.                             houve “um notável esforço” das
                    Fanny          Galindez lançou outra luz, ao       políticas internacionais e das
                    Galindez       qualificar o crime como “um         legislações para combater os
                                   fenômeno de desordem social,        crimes geradores de dinheiro
                                   sociocultural e socioeconômi-       ilegal. No entanto, “o espectro
                                   co”, atrás do qual há “socieda-     de crimes precedentes cresceu
                                   des alquebradas, setores da po-     exponencialmente”, e vão mu-
A mexicana Fanny Galindez          pulação que são deixados sem        dando. Outro problema funda-
pontuou que “a lavagem de ca-      opinião, sem educação e sem         mental é seu caráter transnacio-
pitais é um fenômeno que dá        recursos”. Desde 1989, quando       nal.
transparência a uma grande         o então Grupo dos Sete países       “A lavagem faz um shopping
quantidade de crimes, que po-      mais ricos, agora transformado      de jurisdições, para ver por on-
deriam ser chamados de produ-      em Grupo dos Oito mais pode-        de é mais conveniente passar o
to criminal bruto”, e criticou     rosos, criou o Gafi, a comuni-      dinheiro ilegal, porque, por
que as regulações ainda se con-    dade internacional tem regras       quantas mais passar, mais difí-
centrem no setor financeiro,       concertadas de regulação e ação     cil será para a justiça seguir a
sem tratar com o mesmo rigor       para um crime sem fronteiras.       rota e a cadeia de evidências
outras “atividades vulneráveis”.   O Gafi apresentou 40 recomen-       para conectar os fundos com o
São áreas tão díspares como        dações de cumprimento obriga-       crime de origem”, ressaltou
joalheria, blindagem e compra e    tório, que são revisadas perio-     Saccani. Além disso, segundo
venda de veículos, negócios de     dicamente. Seus membros dire-       ele, as leis não bastam. “É pre-
empréstimos, arte, imóveis,        tos são 35, mas somam mais de       ciso fazer com que a justiça a-
tecnologia, comunicação ou         uma centena com grupos regio-       tue” contra um tipo de crime de
entretenimento, entre outras       nais associados, como o Gafi-       “muitos atores e grande com-
dezenas. “Não é equitativo e       sud (dos países sul-americanos      plexidade probatória”. Para isso
gera fugas para que as células     mais o México) ou o Grupo de        é preciso que os juízes “se atua-
de criminalidade lavem. Todos      Ação Internacional Contra a         lizem e se capacitem” para en-
devem ser igualmente regula-       Lavagem do Oeste da África.         frentar “criminosos que têm
dos”, afirmou Galindez, direto-    Rebolledo afirmou que, no caso      todos os recursos e estão muito
ra da consultoria mexicana         americano, “os governantes          bem assessorados”, enfatizou.
Transactions. Talvez a comple-     propuseram este ano a criação       Bismark Rodríguez, represen-
xidade do fenômeno explique        de um Tribunal Penal Regional       tante do Panamá, onde é sócio
as múltiplas denominações do       destinado a combater o crime        para serviços de risco da audi-
crime de dar aparência legal ao    organizado”. Em particular, o       toria Deloitte, citou a comple-
dinheiro e aos ativos de origem    presidente da Colômbia, Juan        xidade de combater “um crime
ilegal: lavagem, branqueamento     Manuel Santos, propôs criar         alavancado com enormes recur-
ou legitimação de fundos são as    uma base de dados regional          sos e grande sofisticação tecno-
mais usadas, e nas jurisdições     “para acompanhar o fluxo de         lógica”. E acrescentou que “não
penais são usados termos como      dinheiro de supostos investido-     é um papel ou uma empresa: é
“crime de uso de recursos de       res”.                               uma estrutura, uma tipologia,
procedência ilícita”.              Para Rebolledo, a maior barrei-     um esquema eletrônico, e é
Algo parecido acontece com as      ra para o combate ao crime é a      muito difícil enquadrá-lo dentro
definições. O diplomata vene-      corrupção, porque impede a          dos crimes tipificados”. A seu
zuelano Julio Cesar Pineda dis-    investigação, a perseguição e as    ver, há grandes avanços quanto
se que a lavagem se chama Po-      condenações. “Quando há insti-      a normas e seu acatamento pelo
kemon, por ser como os bone-       tuições fracas a criminalidade      setor financeiro, com unidades
cos desse videogame japonês,       encontra facilmente as fendas       de cumprimento cada vez mais
que mudam constantemente           vulneráveis para penetrar”, opi-    capacitadas, “mas é preciso me-
para não serem apanhados. A-       nou. O especialista citou o es-     lhorar muito quanto ao seu en-
crescentou que funcionários da     critor italiano Francesco Forgi-    quadramento, processo e sen-
Organização das Nações Uni-        one, autor de Mafia Export, que     tença de casos particularmente
das (ONU) e de outras entida-      garante que “pode existir políti-   suspeitos”.
des multilaterais consideram a     ca sem máfia, mas não máfia         _________________
lavagem de dinheiro como o         sem política”.                      *Estrella Gutiérrez – Jornalista da
cavalo que transporta os quatro    Saccani, que ajudou a justiça       IPS
modernos cavaleiros do Apoca-      argentina a investigar crimes
Nós apoiamos o Projeto Livrai-Nos!      Por que, diante de tão alto grau de analfabetismo funcional e-
                                     xistente na sociedade, não se estimula a prática da leitura nem há
                                     incentivo à escrita e à difusão de textos? Por que a lei que institu-
                                     iu o Dia Municipal da Leitura, definido como 30 de setembro,
                                     não é cumprida?
                                        Na falta de respostas a essas perguntas brotou a ideia de criar
                                     um movimento social unindo autores de livros em torno da di-
                                     vulgação de seus textos. Surgiu assim o Projeto Livrai-Nos!,
                                     com o objetivo de reforçar a programação das bibliotecas e as
                                     atividades desenvolvidas pela Academia Cascavelense de Letras,
                                     Clube dos Escritores de Cascavel, Confraria dos Poetas e outras
                                     iniciativas particulares e oficiais com ênfase na leitura.
                                     http://livrai-noscascavel.blogspot.com.br/p/projeto-livrai-nos.html




                                                                O Grupo de Teatro Arquétipos
                                                                está desenvolvendo um grande
                                                                projeto de teatro popular e
                                                                precisa muito do apoio dos cas-
                                                                cavelenses acreditam no poten-
                                                                cial da arte contra a ignorân-
                                                                cia, o analfabetismo e a pro-
                                                                moção social.

                                                                Prestigie os espetáculos: leve as
                                                                crianças para assistir e partici-
                                                                pe dessa iniciativa sem prece-
                                                                dentes: gente do povo fazendo
                                                                teatro para o povo.

                                                                Apoiamos
                                                                “A Encruzilhada!”
Cidade, emprego, ambiente, juventude:
  por um programa revolucionário
     Nenhum direito a menos,
     só direitos a mais
 Ajude um desempregado: reduza a
  jornada de trabalho para 40 horas
Lembre-se: em Cascavel,
nós somos a Revolução!




Este espaço está sempre aberto para artigos
e manifestações da comunidade             Veja também o blog da Juventude
                                           Comunista de Cascavel:
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Twitter:                                              cionável de O Capital em
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Juventude Comunista de Cascavel:                      Frente Anticapitalista
http://twitter.com/#!/j_comunista
Lições de Comunismo
  número 63




A cada edição do PerCeBer você terá uma nova
página colecionável de O Capital em quadrinhos
FrenteAnticapitalista
 N° 19 – 07.08.2012

Nadia, uma lutadora
Sem uma classe trabalhadora
em movimento e organizada pela base,
não há mudança social
                                           Entrevistada: Nadia Gebara,
                                           sindicalista e militante das causas
                                           populares e operárias, hoje assessora
                                           do Sindicato dos Químicos Unificados
                                           de Campinas, Osasco e Vinhedo, e da
                                           Intersindical – a central que, ao lado
                                           da Conlutas, se descolou da política
                                           lulo-petista dos últimos anos
Por Gabriel Brito e Valéria Nader, jornalistas do Correio da Cidadania
Ao longo da conversa, fica no- pendência e articulação com as no Egito, Tunísia, Bahrein, em
tória a visão de Nadia a respei- bases, além de defender mu- vários lugares onde não é cor-
to da falta de compromisso do danças no próprio mundo sin- reto dissociar essas duas con-
governo com a classe que diz dical.                            dições. Nos países europeus, a
representar, o que se vê clara- “De repente, depois de negar a luta dos trabalhadores que es-
mente através das medidas abolição do imposto sindical tão perdendo direitos – de Por-
pró-capital tomadas por Dilma, por anos, as mesmas correntes tugal, Espanha, França, Itália,
tal como pelo seu antecessor. só falam em seu fim? Não! É Grécia – tem uma situação
É o caso da desoneração pa- liberdade sindical e também conjuntural mais ampla. O 1º
tronal na contribuição para a estabilidade, número de direto- de maio é um marco, mostra
previdência com vistas a in- res de acordo com a proporção que não é uma sociedade indis-
centivar a indústria, o que, na da base e ainda a organização tinta que se manifesta, e sim a
visão da sindicalista, garante com categorias diferentes. Es- classe trabalhadora, em suas
apenas a rotatividade e preca- tou apostando mais do que diversas formas e segmentos,
rização do trabalho, além de vendo, mas creio na possibili- inclusive com a participação
manter intactas as taxas de lu- dade de efetiva ação conjunta dos trabalhadores desempre-
cros.                            de campo e cidade neste ou no gados.
Além disso, desacredita a no- próximo ano”.
meação de Brizola Neto para o                                  Aqui no Brasil, temos movi-
Ministério do Trabalho, lem- Correio da Cidadania: Como mentações bem focadas na
brando que seu partido, o PDT, analisa as mobilizações que, construção civil, nas grandes
é dominado pela Força Sindi- de modo geral, marcaram o obras. O ano passado foi mar-
cal, fazendo o mero jogo da último 1º de maio dos traba- cado por muitas greves, não
“governabilidade”. No entanto, lhadores brasileiros? Em es- necessariamente de categorias,
Nadia também destaca a con- cala internacional, houve, a a não ser dos trabalhadores de
siderável quantidade de greves seu ver, movimentos destacá- segurança pública. Muitas pa-
recentes e um novo perfil da veis, talvez interligados com ralisações, não exatamente
atual classe trabalhadora, mais os movimentos ‘ocupas’ sur- greves maiores, têm ocorrido
instruída e interessada em rei- gidos no ano passado?          de dois anos pra cá. Apesar de
vindicar - porém, sob a contra- Nadia Gebara: Primeiramente, não ser economista ou soció-
dição de não se identificar com os movimentos internacionais loga, analiso que, enquanto
seu estrato e encarar certos não necessariamente são mar- tivermos grau de empregabili-
empregos de forma temporá- cados exatamente pelo 1º de dade como temos hoje, a luta
ria, como mera passagem na maio. Temos uma situação nos por salários e condições de
vida.                            povos árabes de luta por de- trabalho melhores chega até as
Por conta deste complexo qua- mocracia associada a questões greves, sua arma mais forte.
dro, Nadia cobra maior inde- do mundo do trabalho. É assim
conjuntura que você acaba de        em vários segmentos e uma
                                  destacar?                           relativa oferta de emprego.
                                  Nadia Gebara: Eu acho que           Quando houver refluxo nessa
                                  realmente tem a ver com o que       oferta, o problema tende a au-
                                  falei anteriormente, pelo me-       mentar.
                                  nos é o que me leva a pensar
                                  esse número do Dieese. Existe       Correio da Cidadania: Sinal
                                  uma entrada de jovens que vão       de que o momento ainda é
                                  se assalariando e têm menos         muito defensivo, pois as rei-
                                  medo de perder o emprego,           vindicações atuais passam
Até porque há algo que não        pois não têm família pra criar      apenas pela conservação de
vou chamar de nova classe o-      ou pais que dependam demais         velhos direitos, lutas imedia-
perária, mas sim uma classe       deles. Há também essa maior         tas pelas urgências da vida,
com um novo perfil, jovem.        escolaridade. Em alguns casos,      longe de discutir de forma
Nas fábricas, existe uma mo-      temos grandes greves. Mas,          mais profunda outras ques-
çada de 20, 25, 30 anos, com      em geral, muitas greves não         tões.
uma escolaridade maior. Ao        significam muitos grevistas.        Nadia Gebara: Mas luta sindi-
mesmo tempo, eles têm uma         Pode haver muitas greves com        cal, luta massiva, sempre é e
receptividade maior à luta por    o mesmo número de grevistas         foi por condições de vida. O
direitos, mais facilidade de se   que em um momento de pou-           que mobilizou os trabalhadores
movimentar na vida, menos         cas greves. Grandes greves          na Revolução Russa foi “pão,
medo de perder o emprego, até     com muitos grevistas só quan-       terra e liberdade”. Não foi so-
porque em geral têm menos         do envolvem categorias, gene-       cialismo. Depois se trata de
compromissos, do tipo filhos      ralizadas.                          formar, conscientizar. Tenho
ou necessidades de saúde. Têm     Número grande de greves pode        medo de usar o termo “defen-
ainda uma disposição um pou-      ser “pipoquinha”, uma fábrica       sivo” porque pode ser argu-
co maior. Mas há uma contra-      aqui, um funcionalismo muni-        mento para não ousar na luta.
dição, porque essas pessoas       cipal ali... Nesses estudos, se-    Desde as iniciativas neolibe-
olham a passagem pelo traba-      ria bom levantar as duas coi-       rais, temos de nos defender,
lho fabril como transitória.      sas: o número de greves e o         somos forçados, porque o ata-
Não é como um mecânico, um        número de grevistas, pois aju-      que é aos direitos já firmados
ferramenteiro, um auxiliar de     da a perceber se temos um           em leis. Enquanto tiver capita-
produção de 30 anos atrás, que    movimento de “sufoco” ou se         lismo, sempre haverá reivindi-
lutavam pra garantir inclusive    é algo que tende a uma organi-      cação por salário. Por mais que
uma promoção dentro da fir-       zação maior. Greves que en-         consiga aumentar, vem infla-
ma, se qualificar em outra li-    volvem categorias inteiras cos-     ção, que come o salário, aí tem
nha de produção, manter o         tumam ser mais organizadas.         que lutar de novo...
emprego, melhorar as condi-       Ou quando têm alguma reivin-        A exploração no capitalismo
ções. A ideia atual é mais de     dicação comum, como no caso         se dá através da parte não paga
“estou apenas passando por        de Suape, Belo Monte, nas           do trabalho. O problema não
aqui”.                            grandes obras que vêm sendo         existe por ser uma luta por sa-
De toda forma, isso dá ânimo,     feitas; a reivindicação não é       lário ou melhores condições,
porque há uma renovação, a-       sequer por condições melho-         isso haverá sempre, enquanto
pesar de ao mesmo tempo ha-       res, mas apenas por dignidade,      houver exploração de classe. O
ver uma grande falta de expe-     com salários que permitam           que nos força a nos defender é
riência nesse estrato da classe   sobrevivência. Há um dado           o ataque aos direitos garanti-
trabalhadora mais jovem.          comum e muito explosivo, por        dos em lei, como previdência,
                                  mais que haja agrupamentos          saúde, educação. Esses direitos
Correio da Cidadania: Apesar      tentando frear.                     estão sendo atacados, e signifi-
do pequeno destaque dado às       Fora esses casos, só me lembro      cam uma luta muito mais ge-
lutas do mundo do trabalho        de greve generalizada com os        neralizada do que por empresa
nos anos recentes, estudo re-     bancários, até porque, se for       ou categoria. Não consegui-
cente do Dieese contabilizou      greve relativa a salário, precisa   mos barrar a reforma previ-
que, nos últimos quatro anos,     ter escala nacional, porque os      denciária do FHC e tampouco
ocorreram cerca de 900 gre-       bancos têm estrutura nacional.      a do Lula. Nem o funcionalis-
ves no país. Esse número teria    Portanto, os elementos que fa-      mo público do Lula, nem os
a nos dizer algo sobre esta       vorecem um maior número de          trabalhadores das empresas
                                  greves e grevistas são uma          privadas no tempo de FHC
                                  classe trabalhadora mais jovem      conseguiram barrá-las.
pedir a organização e a luta do    Correio da Cidadania: Quan-
                                    povo – e dos trabalhadores, em     to à Conlutas e a Intersindi-
                                    particular.                        cal, as duas mais descoladas
                                    Há muitos indícios, em especi-     do governo lulo-petista, com
                                    al no estado de São Paulo, de      uma atuação mais à esquerda,
                                    que isso seja mais pesado ain-     como avalia os combates que
                                    da pelas mãos dos demotuca-        vêm travando atualmente?
                                    nos, numa política repressiva      Nadia Gebara: A Conlutas te-
                                    explícita, institucionalizando a   ve, e ainda tem, um papel de
                                    repressão, tal como se viu na      agregar em torno de si uma
                                    Cracolândia, no Pinheirinho,       parcela grande do funciona-
                                    na USP...                          lismo, em especial o federal, o
                                                                       que contribui pra dinamizar a
Correio da Cidadania: Junto         Correio da Cidadania: Qual a       luta. Há um projeto socialista,
disso, vemos que o número de        sua opinião, no geral, sobre       de ruptura com o capital, o que
greves consideradas ilegais         as centrais e movimentos sin-      impediu uma unificação de
tem crescido como nunca. O          dicais atuantes hoje em nosso      setores que fundaram e depois
que pensa sobre o combate           país?                              saíram da Conlutas, tal como o
judicial aos movimentos gre-        Nadia Gebara: A CUT, que           Sindicato dos Químicos de São
vistas, tanto por parte dos go-     fundamos há tantos anos, era       José dos Campos e alguns de
vernos como das empresas?           uma central que, embora já         previdenciários. Infelizmente,
Nadia Gebara: Estamos num           tivesse – no final dos anos 80,    trata-se de uma central que é
Estado capitalista, que serve       começo dos 90 – sindicatos e       uma correia de transmissão do
exatamente para assegurar as        correntes de opinião e política    PSTU. Isso não ajuda na busca
benesses da classe dominante.       com visões de parceria com o       por uma sociedade diferente e
Falo dos chamados três pode-        capital, ainda trazia o debate,    na discussão de projetos, fun-
res e outros setores, como pro-     dentro da nossa expectativa de     damental numa sociedade so-
paganda, igrejas... Por isso,       fazer uma central de luta dos      cialista. Tampouco ajuda o
tem aumentado a chamada             trabalhadores o mais unida e       crescimento da vanguarda da
criminalização, ou seja, os ata-    forte possível. Foi a primeira     classe trabalhadora. Ou seja,
ques aos movimentos que,            central fundada, com agrupa-       em vez de se formar mais gen-
mesmo na democracia burgue-         mentos que afirmavam que,          te, apenas se substitui a base, o
sa, capitalista, são considera-     enquanto não acabar a explo-       que não é bom, não ajuda a
dos ilegais, mas vão se tornan-     ração de classe, todo o resto é    pensar em conselhos de traba-
do legais, por brechas e altera-    maquiagem, enganação sobre         lhadores que verdadeiramente
ções nas próprias leis.             os trabalhadores. Quando aca-      assumam a democracia dos
Um grande exemplo disso é o         bou a possibilidade de disputar    trabalhadores em suas mãos, a
mecanismo do interdito proibi-      projetos dentro da CUT, sem        formar uma classe trabalhado-
tório. Ele é um dispositivo a       condição alguma de discussão,      ra disposta a derrubar a bur-
ser acionado quando uma pro-        inclusive com perseguição e        guesia. Essa concepção de luta
priedade se encontra ameaça-        calúnias, estava em ação uma       aparece no primeiro momento
da. Quando há uma greve e os        corrente governista, sem inde-     como problema de método,
trabalhadores estão fora da         pendência total de classe e        mas implica numa concepção
empresa, que propriedade está       com a parceira do capital.         de sociedade socialista.
ameaçada? O que justifica sua       A CUT está nesse caminho,          Na Intersindical, tentamos algo
concessão por alguns juízes e       apesar de ter ainda companhei-     diferente. Está em construção,
por outros, não? O lucro está       ros combativos em alguns sin-      ainda se formando, não pode
ameaçado?                           dicatos, com quem faremos          oficialmente ser chamada de
De quatro anos pra cá, come-        algumas lutas. No enfrenta-        central. Só o é para quem par-
çaram a ser concedidos tais         mento por salários, ainda é        ticipa. Existem várias catego-
interditos proibitórios em gre-     possível fazer algumas lutas       rias diferentes, sindicatos de
ves. Trata-se de uma crimina-       com setores da CUT. Nesse          várias regiões do Brasil. O que
lização, pois algo que, pela lei,   nível. À direita, nada. A Força    tem de apaixonante é a possi-
não é considerado crime passa       Sindical cumpre seu papel de       bilidade de fazer a classe cres-
a ter um precedente jurídico        sempre: estar a favor dos pa-      cer, atentar para algo que seri-
para ser considerado crime. E       trões e do governo. As outras      am esses conselhos de traba-
existem outros exemplos de          talvez nem cumpram papel,          lhadores que discutimos hoje
criação de mecanismos para          são marionetes. Não há muito       em dia.
aumentar a repressão, para im-      que dizer delas.
categoria decidir o número de     sindicatos que já passaram por
                                membros da direção do sindi-      tal processo estão tendo a car-
                                cato se apenas 7 (ou 14, na       ta, ou seja, sua legalização,
                                melhor das hipóteses) deles       negada. Desde o final de feve-
                                têm estabilidade enquanto re-     reiro temos este cenário. Uma
                                presentante sindical.             medida inconstitucional, que
                                                                  não aparece como Decreto ou
                                 Assim, discutir imposto sindi-   MP, e sim como norma interna
                                 cal significa afirmar, ao lado   do Ministério do Trabalho.
Em suma, organismos de base do fim do imposto, a efetiva
que se organizem para promo- liberdade sindical. Isso nos         Correio da Cidadania: Mas
ver mudanças. Esperamos que marcos do próprio capitalismo,        por que essa negação? O que
os companheiros que não estão nos marcos burgueses. Signifi-      há por trás disso?
na Intersindical, e nem mesmo ca direito de representação,        Nadia Gebara: Por coincidên-
venham a estar, compreendam estabilidade dos dirigentes e         cia, e deve ser só isso, o fato
que, sem uma grande parte da estatutos elaborados pela pró-       ocorreu logo depois da saída
classe trabalhadora em movi- pria base.                           do Carlos Lupi do ministério.
mento e organizada pela base, O imposto sindical deve ser         Essa norma interna foi assina-
não há mudança social.           abolido, mas, do mesmo modo,     da por alguém ligado ao PDT.
                                 deve ser abolido o limite de     Algo muito interessante...
Correio da Cidadania: O que apenas 7 diretores efetivos e 7       Quem seria eu pra dizer que há
pensa das discussões em torno suplentes com estabilidade. É       relação, mas acho muito inte-
do fim do imposto sindical?      impossível cobrir uma catego-    ressante. Agora, com o novo
Nadia Gebara: Sou parte de ria com mais de 1000 traba-            ministro do Trabalho, quem
uma geração que lutou muito lhadores com tal número de            sabe...
pelo fim do imposto sindical, diretores. Fragmenta mais ain-
porque ele significa algo que da a classe. Além da estabili-      Correio da Cidadania: Sendo
permite que o sindicato exista dade, deve-se permitir que os      assim, o que você achou da
sem que a própria categoria sindicatos não se organizem           nomeação de Brizola Neto
decida se deve existir. Sou a somente por categorias. Por         para o Ministério do Traba-
favor de sua abolição, claro. E que o sindicato não pode se       lho, após cerca de seis meses
me surpreendeu quando vi a organizar com duas categorias,         de vacância no cargo? O que
CUT encabeçando a discussão, numa determinada cidade?             se pode esperar do novo mi-
achei ótimo, se eles defendem                                     nistro?
isso, maravilha. Mas precisa Dessa forma, temos uma inge-         Nadia Gebara: Mais uma ren-
ser mais radical. Não basta a- rência efetiva do Estado atra-     dição da Dilma ao PDT e à
cabar com o imposto sindical. vés do Ministério do Trabalho       pior ala deste partido. Não co-
Precisa também de um critério e do Judiciário, que julgaria       nheço muito do Brizola Neto,
claro sobre concessões de carta tais questões, também no sen-     mas duvido que se possa espe-
sindical, sobre o que é o sindi- tido de seu financiamento. De    rar algo de novo, infelizmente,
cato, de modo que a categoria repente, depois de se negar a       apesar de todas as dificuldades
decida com a base.               abolição do imposto sindical     vividas pelo avô dele, muitas
                                 por anos, as mesmas correntes    histórias complicadas, porém,
Liberdade sindical tem como só falam em seu fim? Não!             um cara de briga. Agora não é
um dos elementos o fim do Precisamos ter liberdade sindi-         assim, o PDT está se dobran-
imposto sindical, mas não o cal na prática, com todos os          do, e a Dilma, com isso, voltou
único. Isso porque, se nos fi- seus elementos.                    a garantir a Força Sindical no
xarmos somente no fim do im-                                      Ministério do Trabalho.
posto sindical, esquecemos de Outro ponto interessante: fo-
nos focar na garantia de repre- ram suspensas todas as cartas     Correio da Cidadania: Mas
sentação, que não pode ser li- sindicais, ilegalmente, há cerca   ele não poderia ter, até pela
mitada a 7 diretores, ou 14 que de dois meses, por medida in-     carcaça histórica, um maior
seja. Quem tem que decidir o terna do Ministério do Traba-        comprometimento com a clas-
tamanho da diretoria de um lho. Nenhuma nova carta está           se trabalhadora?
sindicato é a própria categoria, sendo concedida, nenhum sin-     Nadia Gebara: O Lupi não ti-
a base, e não o judiciário ou o dicato novo está sendo reco-      nha nenhum, portanto, qual-
governo. Caso contrário, não nhecido. Até a chegada da car-       quer coisa que o Brizola Neto
há efetiva liberdade e autono- ta, passa-se por um processo       faça será lucro. O Lupi foi um
mia sindical. E não adianta a enorme, de um a dois anos. E        desastre.
ca deixar mais dinheiro ao lu-       O que ajudou o crescimento do
                                   cro, ao capital, e tirá-lo do tra-   emprego no país, nos últimos
                                   balho. E certamente significa        anos, foram os reflexos da e-
                                   piorar e desfalcar mais ainda a      conomia mundial, que agora
                                   previdência.                         vive outro momento. Como
                                    A previdência, por sinal, já        lidar com isso? Com certeza,
                                   passa por um enorme controle         não é desonerando a folha de
Ex-ministro Lupi
                                   no sentido de se negar auxílio-      pagamento e as contribuições
                                   doença e auxílio-acidente. Di-       patronais à previdência.
Não me parece ser possível
                                   go no sentido de não se conce-
esperar coisa melhor, pois o
                                   dê-los! Isso pra pessoas que         Correio da Cidadania: Na
novo ministro estará refém do
                                   claramente estão com necessi-        mesma esteira, como analisa
partido dele, por sua vez do-
                                   dade, por decorrência do traba-      a criação do Funpresp, o no-
minado pela Força Sindical.
                                   lho. Os médicos são estimula-        vo Fundo de Previdência do
Não me parece que terá liber-
                                   dos, até premiados, a não con-       Servidor Público, já sancio-
dade de ação. Não está sendo
                                   ceder o auxílio. Não é à toa         nado pela presidente Dilma?
colocado lá porque o governo
                                   que os ataques aos médicos           Nadia Gebara: Pouco sei sobre
federal avaliou que ele tem
                                   peritos são cada vez maiores,        isso até aqui. Mas todos os
méritos e compromissos com o
                                   uma vez que são eles os res-         fundos de previdência me pa-
trabalho, conhece o mundo e
                                   ponsáveis por indicar a con-         recem uma forma de envolver
as relações do trabalho etc.
                                   cessão dos auxílios. Esse tipo       o próprio funcionalismo, de
Não é por isso! O determinante
                                   de corte está preconizado –          forma sacana, na questão. Tal
é a “governabilidade”, porque
                                   não falo de pensões e aposen-        como se viu com bancários no
ele é do partido aliado.
                                   tadoria, e sim de amparo a pes-      Brasil, trata-se de criar no tra-
                                   soas jovens lesionadas no tra-       balhador o interesse na própria
Correio da Cidadania: Houve
                                   balho, ou ainda pelas condi-         capitalização de tal fundo. Dá
nas últimas semanas o anún-
                                   ções gerais de vida. Outra vez       a sensação de que o sujeito não
cio de algumas medidas pelo
                                   a tal norma interna, adminis-        é classe trabalhadora, e sim
governo, que impactam dire-
                                   trativa, preconizada por técni-      participante de um fundo de
tamente na questão trabalhis-
                                   cos, neste caso vinda dos iní-       investimento, interessado em
ta. Quanto à desoneração pa-
                                   cios do governo Lula.                sua capitalização e obtenção
tronal da folha de pagamento,
                                   Existem “técnicos” do INSS           de lucros. Ainda não tenho e-
com vistas a garantir incenti-
                                   que, ao serem perguntados so-        lementos suficientes pra anali-
vos à indústria nacional, teria
                                   bre como conseguir mais di-          sar o Funpresp, mas isso é o
algo a dizer?
                                   nheiro para a previdência, res-      que deduzo de fundos de pre-
Nadia Gebara: Outra vez a
                                   pondem: “cortando do auxílio-        vidência privados. Quebra-se a
mesma balela do governo, es-
                                   doença, do auxílio-acidente”.        identidade de trabalhador do
pecialmente a tal desoneração,
                                   Não se trata de fiscalizar me-       funcionário público, criando-se
exatamente em cima dos 20%
                                   lhor a real necessidade de con-      identidade com o próprio capi-
de contribuição patronal, o que
                                   ceder ou não, e sim de cortar        talismo em seu lugar. É um
significa apenas tirar dinheiro
                                   os auxílios e ponto.                 processo político-ideológico,
da previdência. Não é isso que
                                   Assim, aparece também toda a         portanto.
gera emprego, pelo contrário,
                                   discussão da aposentadoria.          João Bernardo, um sociólogo
só o precariza. Essa decisão
                                   Trata-se também de dificultá-        português, discute esse envol-
tem mais a ver com a aceitação
                                   la ao máximo. Esse é o impac-        vimento do trabalhador no
das chantagens patronais de
                                   to da desoneração da folha de        fundo de previdência privada
grupos que volta e meia fazem
                                   pagamento, especialmente no          há uns 10 anos. O neolibera-
essa pressão sobre o governo.
                                   que se refere à previdência. O       lismo e suas privatizações e
É o que se vê em São Paulo
                                   que mais querem, desonerar no        terceirizações vieram aí pra
claramente, com a defesa da
                                   FGTS? Significa que o empre-         isso, pra massacrar a classe
desoneração total, de tudo. É a
                                   gador demite mais à vontade.         trabalhadora e sua identidade.
linha do Estadão, por exemplo.
                                   Em vez de se garantir mais
Acham pouco desonerar 20%,
                                   emprego, garante-se mais rota-       Correio da Cidadania: Como
chegando a aventar outras pos-
                                   tividade, da mesma forma que         você enxerga a relação do go-
sibilidades de desoneração.
                                   todas as medidas de precariza-       verno Dilma, e dela própria,
O que falei antes era opinião,
                                   ção do FHC, que em momento           em seu segundo ano de man-
mas agora, a seguir, não: cortar
                                   algum ajudaram a segurar em-         dato, com os trabalhadores e
pagamento de contribuição
                                   prego.                               suas representações?
patronal à previdência signifi-
todos, mulheres e crianças. E        da classe trabalhadora têm
                                   no meio disso, é evidente que        consciência de sua necessida-
                                   o governo federal poderia ter        de, apesar da onda de indivi-
                                   intervindo. Até porque havia         dualismo que os anos 90 trou-
                                   senadores do partido envolvi-        xeram. Nessa movimentação,
                                   do, vários políticos e funcioná-     creio que depararemos com o
Moradora tenta argumentar          rios de governo passaram lá na       recrudescimento de uma polí-
com policial no despejo            véspera. E porque não teve           tica mais à direita, que já acon-
violento feito pela Polícia        intervenção federal? Estamos         tece, que continuará e se apro-
Paulista em Pinheirinho
                                   falando dos trabalhadores. A-        fundará.
                                   gir ali significava uma visão        O PSDB parece que desistiu da
Nadia Gebara: Não sei dizer,                                            imagem de um partido popular
                                   no mínimo humana, isto é,
porque me falta acompanhar                                              e vai se firmar como alternati-
                                   “não vamos deixar a polícia
sua relação com o funciona-                                             va à direita. E isso significa
                                   bater em trabalhador”.
lismo público. Em relação aos Só isso. E se tivesse bandido             legalizar mecanismos repressi-
trabalhadores, não tenho nada                                           vos, fortalecer o grande capital
                                   no meio também não, nem as-
a dizer sobre melhorias. Quan-                                          (não que eu seja favorável ao
                                   sim poderiam entrar batendo.
do tivemos o episódio do Pi-                                            pequeno).
                                   Mas nem esse argumento exis-
nheirinho, no começo deste                                              Tenho impressão de que al-
                                   tia. O caso do Pinheirinho é
ano, uma não omissão teria                                              guns setores do PT vão pular
                                   uma mostra típica da falta de
sido fundamental. O governo algo efetivo no combate a uma               do barco, mas não sei se irão
estadual e a polícia agiram na                                          atrás de ter um novo partido.
                                   ação fascista. Em suma, o go-
noite de sábado pra domingo.                                            Há uma ala que não tem mais
                                   verno não tomou uma ação em
Interesses da prefeitura de São                                         o que fazer lá, está ausente de
                                   favor da pobreza, diante de
José dos Campos são pouco                                               tudo, e acho, não tenho certe-
                                   todos os interessados na ques-
pra esclarecer a questão.                                               za, que o mesmo ocorrerá na
                                   tão – construtoras, tucanos e
Interessava comercialmente às                                           CUT. Espero que gente que
                                   burguesia da cidade em geral.
construtoras e interessava à Da mesma forma que no go-                  ainda tem brio tome essa atitu-
burguesia e ao governo Alck-                                            de, pois são pessoas que não
                                   verno Lula, toda ação, ou o-
min destruir essa experiência                                           dedicaram a vida para servi-
                                   missão, vem no sentido de ig-
de auto-organização, uma ex-                                            rem de capachos do capital.
                                   norar os direitos dessas pesso-
periência de vida muito bonita.                                         Sobre a aliança entre o que se
                                   as, assim como o Bolsa-
                                   Família, por exemplo. A Dil-         pode chamar de capital nacio-
Diferentemente de outros as- ma não faz um movimento de                 nal com o estrangeiro, vai se
sentamentos, esse completava                                            aprofundar. Algumas empre-
                                   transformar tais benesses em
10 anos, com níveis de plane-                                           sas, como, por exemplo, a Na-
                                   direito, isto é, apresentar proje-
jamento e articulação impor-                                            tura, a Hypermarcas, vão virar
                                   tos de leis que façam esses
tantes, com apoio da Conlutas                                           multinacionais de origem bra-
                                   programas se converterem em
e do PSTU. Havia lotes de ter-                                          sileira. Elas e outras, na verda-
                                   direitos.
ra urbanizados, decisões cole- E, por fim, ela, da mesma for-           de. É um pouco diferente de
tivas, organização coletiva ma que Lula, continua cedendo               simplesmente se integrar ao
presente, com planejamento                                              capital internacional, como já
                                   aos capitalistas quando fala em
técnico e urbano. Eram lotes,                                           se sabe, tratando-se da existên-
                                   desoneração previdenciária e
não cortiços. Era pobre, mo-                                            cia de um status diferente na
                                   outras contribuições patronais.
desto, mas muito organizado.                                            presença das empresas brasi-
                                   Este tipo de medida só serve
Isso jamais poderia ser um e-                                           leiras na economia mundial.
                                   para precarizar ainda mais as
xemplo, na opinião da direita.     condições de vida dos traba-         Vão passar ao papel de imperi-
Portanto, juntaram-se três ob-                                          alistas em alguns países, ex-
                                   lhadores.
jetivos fundamentais: em pri-                                           plorando a classe trabalhadora
meiro lugar, dar o exemplo                                              em outros países além do Bra-
                                   Correio da Cidadania: Qual o
capitalista, de que aquela expe-                                        sil.
                                   cenário que você vislumbra
riência não daria certo, não                                            Creio na possibilidade de efe-
                                   para a luta de classes no Bra-
poderia vencer; em segundo,                                             tiva ação conjunta de campo e
                                   sil nos próximos tempos, e
pobre fica longe das decisões;                                          cidade. Não necessariamente
                                   quais os maiores desafios do
terceiro, desde quando uma                                              assentamentos, e sim trabalha-
                                   sindicalismo neste contexto?
área daquela vai ficar com                                              dores rurais. Até onde vai, de-
                                   Nadia Gebara: Eu acho que
gente pobre? Era muita polícia,                                         pende da economia. E também
                                   durante o ano teremos o mes-
tropa de choque, cachorros,                                             de certas direções.
                                   mo ou maior número de gre-
maltratando          absolutamente
                                   ves, o que significa que setores
Se nós da esquerda, e isso vale   sa, temos a possibilidade de      go, evitar o pulo no desempre-
pra gente que saiu da CUT,        dar um salto de qualidade na      go até 2013. E no que toca às
representantes sindicais, lide-   força da classe trabalhadora no   direções, trata-se de ter a capa-
ranças, MST, Conlutas, Inter-     próximo tempo, de um ou dois      cidade de formar e organizar
sindical, MTST, Terra Livre,      anos.                             tal frente de massas e o enfren-
efetivamente      conseguirmos    Mas depende desses dois fato-     tamento a ser feito.
lutas conjuntas, entendermos o    res. Objetivamente, a luta é
significado de frentes de mas-    para manter o nível de empre-
Nas eleições municipais, a opção anticapitalista está na combinação destas siglas:

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Per ceber 271 09.08.12

  • 1. PerCeBer Partido Comunista Brasileiro www.pcb.org.br . N° 271 – 09.08.2012 para. Nota do Comitê Central Pode parecer difícil entender por que o Parti- do Comunista Brasileiro (PCB) disputa as Para que o PCB eleições com poucos candidatos, em chapa própria ou em algumas coligações com pouca disputa eleições? densidade eleitoral, reduzindo nossas chances de vitória. É porque o povo é levado a pensar que a “po- lítica” se reduz às disputas eleitorais e acon- tece apenas de quatro em quatro anos, ou de dois em dois, já que eleições nos municípios não coincidem com as estaduais ou federais. A mídia faz com que as eleições se transfor- mem num “show”, escondendo o debate sobre os problemas reais vividos pela população. Nós do PCB não somos um partido eleitorei- ro; não queremos crescer a partir de alianças e/ou acordos oportunistas, incompatíveis com nossas ideias e convicções. Por isso, a história das lutas dos trabalhadores brasileiros não pode ser contada sem que se fale no PCB. São 90 anos de vida ativa e coerente em defesa da classe trabalhadora. O PCB desenvolve uma linha política revolu- mais se tornando massa de manobra em favor cionária, e acha que nas eleições deve ocorrer dos interesses dos poderosos. um debate profundo sobre a vida dos trabalha- Não achamos que “é feio” perder eleições. En- dores nas cidades e no campo, que não está des- tendemos exatamente o contrário; feio é ganhar colada da situação do país e do mundo. eleições através da compra de votos, de falsas Os candidatos do PCB não participam das elei- promessas, de políticas inconsistentes que ções apenas para tentar ganhá-las, mas para fa- transformam tudo em jogo eleitoral e afastam a zer com que este debate exista, avançando a participação popular após o pleito, que trata o luta dos trabalhadores e a organização dos mo- eleitor como “consumidor” de candidatos trans- vimentos sociais. formados em “mercadoria” pelo marketing e as O momento exige uma reflexão sobre a neces- conveniências do momento. sidade de uma mudança radical no “desenvol- vimento” das cidades. Este deve existir a partir das necessidades dos trabalhadores e das cama- das populares, maiores vítimas da exploração e do caos urbano gerado pelo capitalismo. Afinal de contas, sentimos na pele a queda da qualida- de de vida pelo aumento da violência e das do- enças, pela desigualdade de acesso à educação, ao conhecimento e à cultura, pela destruição do meio ambiente. O PCB se recusa a fazer parte do jogo sujo que transforma os partidos políticos em meros fan- toches de grandes grupos econômicos que não se importam com os trabalhadores. Não usamos as eleições para fazer falsas promessas e enga- nar o povo. Afinal de contas, o trabalhador vai sendo alijado dos fóruns de decisão e cada vez
  • 2. Para o PCB, a política não se esgota no voto, não se limita à época das eleições. Os trabalha- dores devem fazer política o ano todo, organi- zando-se, lutando e debatendo tudo que lhes diz respeito como o orçamento público, a educação, a saúde, os transportes, a cultura, a assistência social, a reforma urbana e agrária, a preserva- ção ambiental. E principalmente uma nova so- ciedade, sem explorados nem exploradores. Para podermos construir o verdadeiro Poder Popular, só com muita luta e organização todos os dias, não apenas no calendário eleitoral. Nessas eleições, em todas as cidades em que Convidamos você a fazer parte desse projeto, tiver candidatos, o PCB falará uma só lingua- não apenas através de seu voto consciente no gem, pois tem um como princípio o compro- PCB mas principalmente de sua participação misso com os trabalhadores. Queremos sim ele- nos movimentos sociais e políticos populares ger alguns dos nossos candidatos, para que os organizados. comunistas transformem seus mandatos em ins- Construa ao nosso lado trumento a serviço da denúncia política, da crí- a nova ordem socialista! tica ao capitalismo, da apresentação de propos- Só a luta muda a vida! tas objetivas para os interesses da classe traba- lhadora e, principalmente, do apoio às lutas po- PCB – Partido Comunista Brasileiro pulares e defesa de seus interesses. Desinformação é Para cada real doado a políti- Essa desinformação realmente cos do partido do governo (PT) existe: ela é tramada às escon- deliberadamente em 2006, afirma esse estudo, didas, da mesma forma que os plantada por gestores as empreiteiras receberam 8,5 contratos mais suspeitos. incompetentes vezes o valor na forma de con- Quanto mais nebuloso é um e suspeitos tratos de obras escolhidas por contrato e mais chama a aten- políticos do mesmo partido e ção dos cidadãos, da imprensa incluídas nos orçamentos fede- e do Ministério Público, mais ral e estadual, ao longo de 33 insistentes e ofensivas são as meses após as eleições. declarações dos prefeitos e ex- Semanalmente em Cascavel há secretários municipais, especi- notícias na imprensa sobre almente os que concorrem a promessas não cumpridas, mandatos eletivos: eles não contratos estranhos, obras sus- explicam nem informam – a- peitas, cronogramas desrespei- penas afirmam que a reação Desde que foi instalado, o tados e outros problemas de negativa a esses contratos vem Disque Corrupção do Governo gestão. No entanto, sequer os de gente “desinformada”. do Distrito Federal recebe uma vereadores recebem respostas denúncia de fraude a cada qua- para seus pedidos de informa- A desinformação sobre as tra- tro dias envolvendo altos fun- ção, a não ser evasivas e tergi- mas palacianas feitas às es- cionários governamentais em versações. A imprensa é trata- condidas, com efeito, é muito relação a contratos públicos. É da como inimiga ao apenas grande. Em Apucarana, os ve- denúncia demais para não ser informar fatos, sem editoriali- readores se estarreceram ao alvo de auditoria e é fumaça zar as denúncias com cobran- saber que a Prefeitura paga demais revelando que em al- ças morais. aluguel para usar salas do gum lugar tem fogo. Há uma teimosa insistência Terminal Rodoviário, que é do Em março de 2011, professo- dos gestores públicos, quando próprio Município. A Prefeitu- res das universidades de Bos- acusados de tramar contratos ra gasta mais de R$ 76 mil por ton e da Califórnia, nos EUA, prejudiciais à população, em ano alugando salas em um publicaram o estudo “O espó- tentar desqualificar os interlo- prédio que já é dela! lio da vitória: Doações de cutores: “Você está desinfor- O vereador Júnior da Femac, campanha e contratos públicos mado”, diz o gestor, quando do PDT, afirmou: “Existe mui- no Brasil”, revelando que a encontra dificuldades para dar ta desinformação em torno dos doação para campanhas políti- uma resposta honesta e respei- contratos públicos firmados”. cas era “um bom negócio”. tosa à população.
  • 3. O extremo da arrogância de Se a auditoria apresentar indí- tais gestores ocorre quando, cios de prejuízos à população, em defesa apaixonada de tais o Ministério Público encami- contratos, alegam que se um nhar a denúncia e a Justiça governo popular tentar denun- derrubar tais contratos, o Mu- ciá-los e derrubar esses arran- nicípio ainda assim será preju- jos lesivos ao interesse públi- dicado com multas por quebra co, isso não vai dar em nada. de contrato? É essa a informa- Apucarana é administrada pelo Dizem que a administração ção que precisamos para nos PMDB, mas Cascavel tem ges- pública será acionada por que- considerar bem informados! tão do PDT e a população é bra de contrato e com isso os É dever do Poder Popular ao igualmente desinformada a prejuízos para os cofres públi- assumir a Prefeitura de Casca- respeito de como, por que e em cos serão enormes. Confessam vel verificar um a um cada ato que termos os contratos desse que plantaram uma bomba pa- do atual governo municipal, tipo são firmados e renovados. ra estourar sobre as cabeças da para legitimar os atos corretos Há, portanto, desinformação população. e denunciar por todos os mei- generalizada entre os cidadãos O PCB, porém, afirma que os, ao público e à Justiça, a- e até entre as lideranças muni- uma auditoria em regra poderá queles que não se enquadrem cipais, não só em Cascavel verificar até que ponto os con- nos princípios de legalidade, mas em muitos municípios. tratos são legítimos ou lesivos. moralidade e boa gestão. Por haver escassez de infor- Se forem legítimos, serão É o que faremos, seja após a mações e nenhuma transparên- cumpridos, mas também não posse, seja no curso de nossa cia real, os piores e mais lesi- renovados, porque o transporte vida como cidadãos cascave- vos contratos são tramados na público e outros megacontratos lenses. calada da noite, como quem da administração pública são ** rouba. A população só recebe sempre e invariavelmente liga- Nada deve parecer informações diluídas pela pro- dos a denúncias de fraudes e impossível de mudar! paganda palaciana ou nos sí- corrupção. tios oficiais. Lavagem de dinheiro Estado é burocrático, lento e bal, enquanto os órgãos multila- pesado, e este crime é tecnoló- terais preferem falar de um arco muda ao som das gico, moderno e inovador”, a- entre 1,5% e 5%, pela ocultação novas barreiras firmou à IPS o advogado vene- do crime de legitimação de ca- zuelano Alejandro Rebolledo, pital de origem ilícita. organizador da VII Conferência Internacional Contra a Lava- O Fundo Monetário Internacio- gem de Dinheiro, Riscos e nal o equipara a 40% da eco- Fraudes, realizada no começo nomia total latino-americana. deste mês em Caracas. Mediante a lavagem de dinheiro são colocados nos sistemas fi- “O grande desafio deste crime é nanceiro e comercial fundos de ser eminentemente transnacio- origem criminosa para que si- nal”, afirmou o argentino Raúl mulem proceder de atividades Saccani, responsável pelos ser- legítimas e possam circular e viços contra esse crime e pela serem usados sem que a justiça Estrella Gutiérrez* investigação de fraudes na A- os detecte. mérica Latina na firma mundial Caracas, Venezuela, 6/8/2012 – de auditoria KPMG, outro es- As categorias do que se consi- Pokemon, por sua capacidade pecialista ouvido pela IPS du- dera lavagem de capitais evolu- de mutação, cavalo de moder- rante a reunião. “A cada ano em constantemente. Em feve- nos cavaleiros do Apocalipse são lavados US$ 1,6 trilhão, reiro, o intergovernamental (drogas, corrupção, crime orga- equivalentes a 2,7% do produto Grupo de Ação Financeira In- nizado, terrorismo) ou fenôme- interno bruto mundial”, desta- ternacional sobre Lavagem de no de desordem social. Estas cou Rebolledo, diretor do site Ativos (Gafi) inclui neste item são definições dos especialistasantilavadodedinero.com. a evasão fiscal, o contrabando e reunidos na capital venezuelana o uso de armas de destruição para a lavagem de dinheiro, um Associações financeiras elevam em massa. crime de infinitos disfarces. “O esse valor a 3,6% do PIB glo-
  • 4. lipse criminal: drogas, crime econômicos antes de trabalhar organizado, terrorismo e cor- para a KPMG, entende que rupção. houve “um notável esforço” das Fanny Galindez lançou outra luz, ao políticas internacionais e das Galindez qualificar o crime como “um legislações para combater os fenômeno de desordem social, crimes geradores de dinheiro sociocultural e socioeconômi- ilegal. No entanto, “o espectro co”, atrás do qual há “socieda- de crimes precedentes cresceu des alquebradas, setores da po- exponencialmente”, e vão mu- A mexicana Fanny Galindez pulação que são deixados sem dando. Outro problema funda- pontuou que “a lavagem de ca- opinião, sem educação e sem mental é seu caráter transnacio- pitais é um fenômeno que dá recursos”. Desde 1989, quando nal. transparência a uma grande o então Grupo dos Sete países “A lavagem faz um shopping quantidade de crimes, que po- mais ricos, agora transformado de jurisdições, para ver por on- deriam ser chamados de produ- em Grupo dos Oito mais pode- de é mais conveniente passar o to criminal bruto”, e criticou rosos, criou o Gafi, a comuni- dinheiro ilegal, porque, por que as regulações ainda se con- dade internacional tem regras quantas mais passar, mais difí- centrem no setor financeiro, concertadas de regulação e ação cil será para a justiça seguir a sem tratar com o mesmo rigor para um crime sem fronteiras. rota e a cadeia de evidências outras “atividades vulneráveis”. O Gafi apresentou 40 recomen- para conectar os fundos com o São áreas tão díspares como dações de cumprimento obriga- crime de origem”, ressaltou joalheria, blindagem e compra e tório, que são revisadas perio- Saccani. Além disso, segundo venda de veículos, negócios de dicamente. Seus membros dire- ele, as leis não bastam. “É pre- empréstimos, arte, imóveis, tos são 35, mas somam mais de ciso fazer com que a justiça a- tecnologia, comunicação ou uma centena com grupos regio- tue” contra um tipo de crime de entretenimento, entre outras nais associados, como o Gafi- “muitos atores e grande com- dezenas. “Não é equitativo e sud (dos países sul-americanos plexidade probatória”. Para isso gera fugas para que as células mais o México) ou o Grupo de é preciso que os juízes “se atua- de criminalidade lavem. Todos Ação Internacional Contra a lizem e se capacitem” para en- devem ser igualmente regula- Lavagem do Oeste da África. frentar “criminosos que têm dos”, afirmou Galindez, direto- Rebolledo afirmou que, no caso todos os recursos e estão muito ra da consultoria mexicana americano, “os governantes bem assessorados”, enfatizou. Transactions. Talvez a comple- propuseram este ano a criação Bismark Rodríguez, represen- xidade do fenômeno explique de um Tribunal Penal Regional tante do Panamá, onde é sócio as múltiplas denominações do destinado a combater o crime para serviços de risco da audi- crime de dar aparência legal ao organizado”. Em particular, o toria Deloitte, citou a comple- dinheiro e aos ativos de origem presidente da Colômbia, Juan xidade de combater “um crime ilegal: lavagem, branqueamento Manuel Santos, propôs criar alavancado com enormes recur- ou legitimação de fundos são as uma base de dados regional sos e grande sofisticação tecno- mais usadas, e nas jurisdições “para acompanhar o fluxo de lógica”. E acrescentou que “não penais são usados termos como dinheiro de supostos investido- é um papel ou uma empresa: é “crime de uso de recursos de res”. uma estrutura, uma tipologia, procedência ilícita”. Para Rebolledo, a maior barrei- um esquema eletrônico, e é Algo parecido acontece com as ra para o combate ao crime é a muito difícil enquadrá-lo dentro definições. O diplomata vene- corrupção, porque impede a dos crimes tipificados”. A seu zuelano Julio Cesar Pineda dis- investigação, a perseguição e as ver, há grandes avanços quanto se que a lavagem se chama Po- condenações. “Quando há insti- a normas e seu acatamento pelo kemon, por ser como os bone- tuições fracas a criminalidade setor financeiro, com unidades cos desse videogame japonês, encontra facilmente as fendas de cumprimento cada vez mais que mudam constantemente vulneráveis para penetrar”, opi- capacitadas, “mas é preciso me- para não serem apanhados. A- nou. O especialista citou o es- lhorar muito quanto ao seu en- crescentou que funcionários da critor italiano Francesco Forgi- quadramento, processo e sen- Organização das Nações Uni- one, autor de Mafia Export, que tença de casos particularmente das (ONU) e de outras entida- garante que “pode existir políti- suspeitos”. des multilaterais consideram a ca sem máfia, mas não máfia _________________ lavagem de dinheiro como o sem política”. *Estrella Gutiérrez – Jornalista da cavalo que transporta os quatro Saccani, que ajudou a justiça IPS modernos cavaleiros do Apoca- argentina a investigar crimes
  • 5. Nós apoiamos o Projeto Livrai-Nos! Por que, diante de tão alto grau de analfabetismo funcional e- xistente na sociedade, não se estimula a prática da leitura nem há incentivo à escrita e à difusão de textos? Por que a lei que institu- iu o Dia Municipal da Leitura, definido como 30 de setembro, não é cumprida? Na falta de respostas a essas perguntas brotou a ideia de criar um movimento social unindo autores de livros em torno da di- vulgação de seus textos. Surgiu assim o Projeto Livrai-Nos!, com o objetivo de reforçar a programação das bibliotecas e as atividades desenvolvidas pela Academia Cascavelense de Letras, Clube dos Escritores de Cascavel, Confraria dos Poetas e outras iniciativas particulares e oficiais com ênfase na leitura. http://livrai-noscascavel.blogspot.com.br/p/projeto-livrai-nos.html O Grupo de Teatro Arquétipos está desenvolvendo um grande projeto de teatro popular e precisa muito do apoio dos cas- cavelenses acreditam no poten- cial da arte contra a ignorân- cia, o analfabetismo e a pro- moção social. Prestigie os espetáculos: leve as crianças para assistir e partici- pe dessa iniciativa sem prece- dentes: gente do povo fazendo teatro para o povo. Apoiamos “A Encruzilhada!”
  • 6.
  • 7. Cidade, emprego, ambiente, juventude: por um programa revolucionário Nenhum direito a menos, só direitos a mais Ajude um desempregado: reduza a jornada de trabalho para 40 horas
  • 8. Lembre-se: em Cascavel, nós somos a Revolução! Este espaço está sempre aberto para artigos e manifestações da comunidade Veja também o blog da Juventude Comunista de Cascavel: http://ujc-cascavel.blogspot.com.br Na Internet, acompanhe o blog ujccascavel@gmail.com do PCB de Cascavel: http://pcbcascavel.wordpress.com A seguir, uma página cole- Twitter: cionável de O Capital em PCB do Paraná: http://twitter.com/pcbparana quadrinhos e o boletim Juventude Comunista de Cascavel: Frente Anticapitalista http://twitter.com/#!/j_comunista
  • 9. Lições de Comunismo número 63 A cada edição do PerCeBer você terá uma nova página colecionável de O Capital em quadrinhos
  • 10. FrenteAnticapitalista N° 19 – 07.08.2012 Nadia, uma lutadora Sem uma classe trabalhadora em movimento e organizada pela base, não há mudança social Entrevistada: Nadia Gebara, sindicalista e militante das causas populares e operárias, hoje assessora do Sindicato dos Químicos Unificados de Campinas, Osasco e Vinhedo, e da Intersindical – a central que, ao lado da Conlutas, se descolou da política lulo-petista dos últimos anos Por Gabriel Brito e Valéria Nader, jornalistas do Correio da Cidadania Ao longo da conversa, fica no- pendência e articulação com as no Egito, Tunísia, Bahrein, em tória a visão de Nadia a respei- bases, além de defender mu- vários lugares onde não é cor- to da falta de compromisso do danças no próprio mundo sin- reto dissociar essas duas con- governo com a classe que diz dical. dições. Nos países europeus, a representar, o que se vê clara- “De repente, depois de negar a luta dos trabalhadores que es- mente através das medidas abolição do imposto sindical tão perdendo direitos – de Por- pró-capital tomadas por Dilma, por anos, as mesmas correntes tugal, Espanha, França, Itália, tal como pelo seu antecessor. só falam em seu fim? Não! É Grécia – tem uma situação É o caso da desoneração pa- liberdade sindical e também conjuntural mais ampla. O 1º tronal na contribuição para a estabilidade, número de direto- de maio é um marco, mostra previdência com vistas a in- res de acordo com a proporção que não é uma sociedade indis- centivar a indústria, o que, na da base e ainda a organização tinta que se manifesta, e sim a visão da sindicalista, garante com categorias diferentes. Es- classe trabalhadora, em suas apenas a rotatividade e preca- tou apostando mais do que diversas formas e segmentos, rização do trabalho, além de vendo, mas creio na possibili- inclusive com a participação manter intactas as taxas de lu- dade de efetiva ação conjunta dos trabalhadores desempre- cros. de campo e cidade neste ou no gados. Além disso, desacredita a no- próximo ano”. meação de Brizola Neto para o Aqui no Brasil, temos movi- Ministério do Trabalho, lem- Correio da Cidadania: Como mentações bem focadas na brando que seu partido, o PDT, analisa as mobilizações que, construção civil, nas grandes é dominado pela Força Sindi- de modo geral, marcaram o obras. O ano passado foi mar- cal, fazendo o mero jogo da último 1º de maio dos traba- cado por muitas greves, não “governabilidade”. No entanto, lhadores brasileiros? Em es- necessariamente de categorias, Nadia também destaca a con- cala internacional, houve, a a não ser dos trabalhadores de siderável quantidade de greves seu ver, movimentos destacá- segurança pública. Muitas pa- recentes e um novo perfil da veis, talvez interligados com ralisações, não exatamente atual classe trabalhadora, mais os movimentos ‘ocupas’ sur- greves maiores, têm ocorrido instruída e interessada em rei- gidos no ano passado? de dois anos pra cá. Apesar de vindicar - porém, sob a contra- Nadia Gebara: Primeiramente, não ser economista ou soció- dição de não se identificar com os movimentos internacionais loga, analiso que, enquanto seu estrato e encarar certos não necessariamente são mar- tivermos grau de empregabili- empregos de forma temporá- cados exatamente pelo 1º de dade como temos hoje, a luta ria, como mera passagem na maio. Temos uma situação nos por salários e condições de vida. povos árabes de luta por de- trabalho melhores chega até as Por conta deste complexo qua- mocracia associada a questões greves, sua arma mais forte. dro, Nadia cobra maior inde- do mundo do trabalho. É assim
  • 11. conjuntura que você acaba de em vários segmentos e uma destacar? relativa oferta de emprego. Nadia Gebara: Eu acho que Quando houver refluxo nessa realmente tem a ver com o que oferta, o problema tende a au- falei anteriormente, pelo me- mentar. nos é o que me leva a pensar esse número do Dieese. Existe Correio da Cidadania: Sinal uma entrada de jovens que vão de que o momento ainda é se assalariando e têm menos muito defensivo, pois as rei- medo de perder o emprego, vindicações atuais passam Até porque há algo que não pois não têm família pra criar apenas pela conservação de vou chamar de nova classe o- ou pais que dependam demais velhos direitos, lutas imedia- perária, mas sim uma classe deles. Há também essa maior tas pelas urgências da vida, com um novo perfil, jovem. escolaridade. Em alguns casos, longe de discutir de forma Nas fábricas, existe uma mo- temos grandes greves. Mas, mais profunda outras ques- çada de 20, 25, 30 anos, com em geral, muitas greves não tões. uma escolaridade maior. Ao significam muitos grevistas. Nadia Gebara: Mas luta sindi- mesmo tempo, eles têm uma Pode haver muitas greves com cal, luta massiva, sempre é e receptividade maior à luta por o mesmo número de grevistas foi por condições de vida. O direitos, mais facilidade de se que em um momento de pou- que mobilizou os trabalhadores movimentar na vida, menos cas greves. Grandes greves na Revolução Russa foi “pão, medo de perder o emprego, até com muitos grevistas só quan- terra e liberdade”. Não foi so- porque em geral têm menos do envolvem categorias, gene- cialismo. Depois se trata de compromissos, do tipo filhos ralizadas. formar, conscientizar. Tenho ou necessidades de saúde. Têm Número grande de greves pode medo de usar o termo “defen- ainda uma disposição um pou- ser “pipoquinha”, uma fábrica sivo” porque pode ser argu- co maior. Mas há uma contra- aqui, um funcionalismo muni- mento para não ousar na luta. dição, porque essas pessoas cipal ali... Nesses estudos, se- Desde as iniciativas neolibe- olham a passagem pelo traba- ria bom levantar as duas coi- rais, temos de nos defender, lho fabril como transitória. sas: o número de greves e o somos forçados, porque o ata- Não é como um mecânico, um número de grevistas, pois aju- que é aos direitos já firmados ferramenteiro, um auxiliar de da a perceber se temos um em leis. Enquanto tiver capita- produção de 30 anos atrás, que movimento de “sufoco” ou se lismo, sempre haverá reivindi- lutavam pra garantir inclusive é algo que tende a uma organi- cação por salário. Por mais que uma promoção dentro da fir- zação maior. Greves que en- consiga aumentar, vem infla- ma, se qualificar em outra li- volvem categorias inteiras cos- ção, que come o salário, aí tem nha de produção, manter o tumam ser mais organizadas. que lutar de novo... emprego, melhorar as condi- Ou quando têm alguma reivin- A exploração no capitalismo ções. A ideia atual é mais de dicação comum, como no caso se dá através da parte não paga “estou apenas passando por de Suape, Belo Monte, nas do trabalho. O problema não aqui”. grandes obras que vêm sendo existe por ser uma luta por sa- De toda forma, isso dá ânimo, feitas; a reivindicação não é lário ou melhores condições, porque há uma renovação, a- sequer por condições melho- isso haverá sempre, enquanto pesar de ao mesmo tempo ha- res, mas apenas por dignidade, houver exploração de classe. O ver uma grande falta de expe- com salários que permitam que nos força a nos defender é riência nesse estrato da classe sobrevivência. Há um dado o ataque aos direitos garanti- trabalhadora mais jovem. comum e muito explosivo, por dos em lei, como previdência, mais que haja agrupamentos saúde, educação. Esses direitos Correio da Cidadania: Apesar tentando frear. estão sendo atacados, e signifi- do pequeno destaque dado às Fora esses casos, só me lembro cam uma luta muito mais ge- lutas do mundo do trabalho de greve generalizada com os neralizada do que por empresa nos anos recentes, estudo re- bancários, até porque, se for ou categoria. Não consegui- cente do Dieese contabilizou greve relativa a salário, precisa mos barrar a reforma previ- que, nos últimos quatro anos, ter escala nacional, porque os denciária do FHC e tampouco ocorreram cerca de 900 gre- bancos têm estrutura nacional. a do Lula. Nem o funcionalis- ves no país. Esse número teria Portanto, os elementos que fa- mo público do Lula, nem os a nos dizer algo sobre esta vorecem um maior número de trabalhadores das empresas greves e grevistas são uma privadas no tempo de FHC classe trabalhadora mais jovem conseguiram barrá-las.
  • 12. pedir a organização e a luta do Correio da Cidadania: Quan- povo – e dos trabalhadores, em to à Conlutas e a Intersindi- particular. cal, as duas mais descoladas Há muitos indícios, em especi- do governo lulo-petista, com al no estado de São Paulo, de uma atuação mais à esquerda, que isso seja mais pesado ain- como avalia os combates que da pelas mãos dos demotuca- vêm travando atualmente? nos, numa política repressiva Nadia Gebara: A Conlutas te- explícita, institucionalizando a ve, e ainda tem, um papel de repressão, tal como se viu na agregar em torno de si uma Cracolândia, no Pinheirinho, parcela grande do funciona- na USP... lismo, em especial o federal, o que contribui pra dinamizar a Correio da Cidadania: Junto Correio da Cidadania: Qual a luta. Há um projeto socialista, disso, vemos que o número de sua opinião, no geral, sobre de ruptura com o capital, o que greves consideradas ilegais as centrais e movimentos sin- impediu uma unificação de tem crescido como nunca. O dicais atuantes hoje em nosso setores que fundaram e depois que pensa sobre o combate país? saíram da Conlutas, tal como o judicial aos movimentos gre- Nadia Gebara: A CUT, que Sindicato dos Químicos de São vistas, tanto por parte dos go- fundamos há tantos anos, era José dos Campos e alguns de vernos como das empresas? uma central que, embora já previdenciários. Infelizmente, Nadia Gebara: Estamos num tivesse – no final dos anos 80, trata-se de uma central que é Estado capitalista, que serve começo dos 90 – sindicatos e uma correia de transmissão do exatamente para assegurar as correntes de opinião e política PSTU. Isso não ajuda na busca benesses da classe dominante. com visões de parceria com o por uma sociedade diferente e Falo dos chamados três pode- capital, ainda trazia o debate, na discussão de projetos, fun- res e outros setores, como pro- dentro da nossa expectativa de damental numa sociedade so- paganda, igrejas... Por isso, fazer uma central de luta dos cialista. Tampouco ajuda o tem aumentado a chamada trabalhadores o mais unida e crescimento da vanguarda da criminalização, ou seja, os ata- forte possível. Foi a primeira classe trabalhadora. Ou seja, ques aos movimentos que, central fundada, com agrupa- em vez de se formar mais gen- mesmo na democracia burgue- mentos que afirmavam que, te, apenas se substitui a base, o sa, capitalista, são considera- enquanto não acabar a explo- que não é bom, não ajuda a dos ilegais, mas vão se tornan- ração de classe, todo o resto é pensar em conselhos de traba- do legais, por brechas e altera- maquiagem, enganação sobre lhadores que verdadeiramente ções nas próprias leis. os trabalhadores. Quando aca- assumam a democracia dos Um grande exemplo disso é o bou a possibilidade de disputar trabalhadores em suas mãos, a mecanismo do interdito proibi- projetos dentro da CUT, sem formar uma classe trabalhado- tório. Ele é um dispositivo a condição alguma de discussão, ra disposta a derrubar a bur- ser acionado quando uma pro- inclusive com perseguição e guesia. Essa concepção de luta priedade se encontra ameaça- calúnias, estava em ação uma aparece no primeiro momento da. Quando há uma greve e os corrente governista, sem inde- como problema de método, trabalhadores estão fora da pendência total de classe e mas implica numa concepção empresa, que propriedade está com a parceira do capital. de sociedade socialista. ameaçada? O que justifica sua A CUT está nesse caminho, Na Intersindical, tentamos algo concessão por alguns juízes e apesar de ter ainda companhei- diferente. Está em construção, por outros, não? O lucro está ros combativos em alguns sin- ainda se formando, não pode ameaçado? dicatos, com quem faremos oficialmente ser chamada de De quatro anos pra cá, come- algumas lutas. No enfrenta- central. Só o é para quem par- çaram a ser concedidos tais mento por salários, ainda é ticipa. Existem várias catego- interditos proibitórios em gre- possível fazer algumas lutas rias diferentes, sindicatos de ves. Trata-se de uma crimina- com setores da CUT. Nesse várias regiões do Brasil. O que lização, pois algo que, pela lei, nível. À direita, nada. A Força tem de apaixonante é a possi- não é considerado crime passa Sindical cumpre seu papel de bilidade de fazer a classe cres- a ter um precedente jurídico sempre: estar a favor dos pa- cer, atentar para algo que seri- para ser considerado crime. E trões e do governo. As outras am esses conselhos de traba- existem outros exemplos de talvez nem cumpram papel, lhadores que discutimos hoje criação de mecanismos para são marionetes. Não há muito em dia. aumentar a repressão, para im- que dizer delas.
  • 13. categoria decidir o número de sindicatos que já passaram por membros da direção do sindi- tal processo estão tendo a car- cato se apenas 7 (ou 14, na ta, ou seja, sua legalização, melhor das hipóteses) deles negada. Desde o final de feve- têm estabilidade enquanto re- reiro temos este cenário. Uma presentante sindical. medida inconstitucional, que não aparece como Decreto ou Assim, discutir imposto sindi- MP, e sim como norma interna cal significa afirmar, ao lado do Ministério do Trabalho. Em suma, organismos de base do fim do imposto, a efetiva que se organizem para promo- liberdade sindical. Isso nos Correio da Cidadania: Mas ver mudanças. Esperamos que marcos do próprio capitalismo, por que essa negação? O que os companheiros que não estão nos marcos burgueses. Signifi- há por trás disso? na Intersindical, e nem mesmo ca direito de representação, Nadia Gebara: Por coincidên- venham a estar, compreendam estabilidade dos dirigentes e cia, e deve ser só isso, o fato que, sem uma grande parte da estatutos elaborados pela pró- ocorreu logo depois da saída classe trabalhadora em movi- pria base. do Carlos Lupi do ministério. mento e organizada pela base, O imposto sindical deve ser Essa norma interna foi assina- não há mudança social. abolido, mas, do mesmo modo, da por alguém ligado ao PDT. deve ser abolido o limite de Algo muito interessante... Correio da Cidadania: O que apenas 7 diretores efetivos e 7 Quem seria eu pra dizer que há pensa das discussões em torno suplentes com estabilidade. É relação, mas acho muito inte- do fim do imposto sindical? impossível cobrir uma catego- ressante. Agora, com o novo Nadia Gebara: Sou parte de ria com mais de 1000 traba- ministro do Trabalho, quem uma geração que lutou muito lhadores com tal número de sabe... pelo fim do imposto sindical, diretores. Fragmenta mais ain- porque ele significa algo que da a classe. Além da estabili- Correio da Cidadania: Sendo permite que o sindicato exista dade, deve-se permitir que os assim, o que você achou da sem que a própria categoria sindicatos não se organizem nomeação de Brizola Neto decida se deve existir. Sou a somente por categorias. Por para o Ministério do Traba- favor de sua abolição, claro. E que o sindicato não pode se lho, após cerca de seis meses me surpreendeu quando vi a organizar com duas categorias, de vacância no cargo? O que CUT encabeçando a discussão, numa determinada cidade? se pode esperar do novo mi- achei ótimo, se eles defendem nistro? isso, maravilha. Mas precisa Dessa forma, temos uma inge- Nadia Gebara: Mais uma ren- ser mais radical. Não basta a- rência efetiva do Estado atra- dição da Dilma ao PDT e à cabar com o imposto sindical. vés do Ministério do Trabalho pior ala deste partido. Não co- Precisa também de um critério e do Judiciário, que julgaria nheço muito do Brizola Neto, claro sobre concessões de carta tais questões, também no sen- mas duvido que se possa espe- sindical, sobre o que é o sindi- tido de seu financiamento. De rar algo de novo, infelizmente, cato, de modo que a categoria repente, depois de se negar a apesar de todas as dificuldades decida com a base. abolição do imposto sindical vividas pelo avô dele, muitas por anos, as mesmas correntes histórias complicadas, porém, Liberdade sindical tem como só falam em seu fim? Não! um cara de briga. Agora não é um dos elementos o fim do Precisamos ter liberdade sindi- assim, o PDT está se dobran- imposto sindical, mas não o cal na prática, com todos os do, e a Dilma, com isso, voltou único. Isso porque, se nos fi- seus elementos. a garantir a Força Sindical no xarmos somente no fim do im- Ministério do Trabalho. posto sindical, esquecemos de Outro ponto interessante: fo- nos focar na garantia de repre- ram suspensas todas as cartas Correio da Cidadania: Mas sentação, que não pode ser li- sindicais, ilegalmente, há cerca ele não poderia ter, até pela mitada a 7 diretores, ou 14 que de dois meses, por medida in- carcaça histórica, um maior seja. Quem tem que decidir o terna do Ministério do Traba- comprometimento com a clas- tamanho da diretoria de um lho. Nenhuma nova carta está se trabalhadora? sindicato é a própria categoria, sendo concedida, nenhum sin- Nadia Gebara: O Lupi não ti- a base, e não o judiciário ou o dicato novo está sendo reco- nha nenhum, portanto, qual- governo. Caso contrário, não nhecido. Até a chegada da car- quer coisa que o Brizola Neto há efetiva liberdade e autono- ta, passa-se por um processo faça será lucro. O Lupi foi um mia sindical. E não adianta a enorme, de um a dois anos. E desastre.
  • 14. ca deixar mais dinheiro ao lu- O que ajudou o crescimento do cro, ao capital, e tirá-lo do tra- emprego no país, nos últimos balho. E certamente significa anos, foram os reflexos da e- piorar e desfalcar mais ainda a conomia mundial, que agora previdência. vive outro momento. Como A previdência, por sinal, já lidar com isso? Com certeza, passa por um enorme controle não é desonerando a folha de Ex-ministro Lupi no sentido de se negar auxílio- pagamento e as contribuições doença e auxílio-acidente. Di- patronais à previdência. Não me parece ser possível go no sentido de não se conce- esperar coisa melhor, pois o dê-los! Isso pra pessoas que Correio da Cidadania: Na novo ministro estará refém do claramente estão com necessi- mesma esteira, como analisa partido dele, por sua vez do- dade, por decorrência do traba- a criação do Funpresp, o no- minado pela Força Sindical. lho. Os médicos são estimula- vo Fundo de Previdência do Não me parece que terá liber- dos, até premiados, a não con- Servidor Público, já sancio- dade de ação. Não está sendo ceder o auxílio. Não é à toa nado pela presidente Dilma? colocado lá porque o governo que os ataques aos médicos Nadia Gebara: Pouco sei sobre federal avaliou que ele tem peritos são cada vez maiores, isso até aqui. Mas todos os méritos e compromissos com o uma vez que são eles os res- fundos de previdência me pa- trabalho, conhece o mundo e ponsáveis por indicar a con- recem uma forma de envolver as relações do trabalho etc. cessão dos auxílios. Esse tipo o próprio funcionalismo, de Não é por isso! O determinante de corte está preconizado – forma sacana, na questão. Tal é a “governabilidade”, porque não falo de pensões e aposen- como se viu com bancários no ele é do partido aliado. tadoria, e sim de amparo a pes- Brasil, trata-se de criar no tra- soas jovens lesionadas no tra- balhador o interesse na própria Correio da Cidadania: Houve balho, ou ainda pelas condi- capitalização de tal fundo. Dá nas últimas semanas o anún- ções gerais de vida. Outra vez a sensação de que o sujeito não cio de algumas medidas pelo a tal norma interna, adminis- é classe trabalhadora, e sim governo, que impactam dire- trativa, preconizada por técni- participante de um fundo de tamente na questão trabalhis- cos, neste caso vinda dos iní- investimento, interessado em ta. Quanto à desoneração pa- cios do governo Lula. sua capitalização e obtenção tronal da folha de pagamento, Existem “técnicos” do INSS de lucros. Ainda não tenho e- com vistas a garantir incenti- que, ao serem perguntados so- lementos suficientes pra anali- vos à indústria nacional, teria bre como conseguir mais di- sar o Funpresp, mas isso é o algo a dizer? nheiro para a previdência, res- que deduzo de fundos de pre- Nadia Gebara: Outra vez a pondem: “cortando do auxílio- vidência privados. Quebra-se a mesma balela do governo, es- doença, do auxílio-acidente”. identidade de trabalhador do pecialmente a tal desoneração, Não se trata de fiscalizar me- funcionário público, criando-se exatamente em cima dos 20% lhor a real necessidade de con- identidade com o próprio capi- de contribuição patronal, o que ceder ou não, e sim de cortar talismo em seu lugar. É um significa apenas tirar dinheiro os auxílios e ponto. processo político-ideológico, da previdência. Não é isso que Assim, aparece também toda a portanto. gera emprego, pelo contrário, discussão da aposentadoria. João Bernardo, um sociólogo só o precariza. Essa decisão Trata-se também de dificultá- português, discute esse envol- tem mais a ver com a aceitação la ao máximo. Esse é o impac- vimento do trabalhador no das chantagens patronais de to da desoneração da folha de fundo de previdência privada grupos que volta e meia fazem pagamento, especialmente no há uns 10 anos. O neolibera- essa pressão sobre o governo. que se refere à previdência. O lismo e suas privatizações e É o que se vê em São Paulo que mais querem, desonerar no terceirizações vieram aí pra claramente, com a defesa da FGTS? Significa que o empre- isso, pra massacrar a classe desoneração total, de tudo. É a gador demite mais à vontade. trabalhadora e sua identidade. linha do Estadão, por exemplo. Em vez de se garantir mais Acham pouco desonerar 20%, emprego, garante-se mais rota- Correio da Cidadania: Como chegando a aventar outras pos- tividade, da mesma forma que você enxerga a relação do go- sibilidades de desoneração. todas as medidas de precariza- verno Dilma, e dela própria, O que falei antes era opinião, ção do FHC, que em momento em seu segundo ano de man- mas agora, a seguir, não: cortar algum ajudaram a segurar em- dato, com os trabalhadores e pagamento de contribuição prego. suas representações? patronal à previdência signifi-
  • 15. todos, mulheres e crianças. E da classe trabalhadora têm no meio disso, é evidente que consciência de sua necessida- o governo federal poderia ter de, apesar da onda de indivi- intervindo. Até porque havia dualismo que os anos 90 trou- senadores do partido envolvi- xeram. Nessa movimentação, do, vários políticos e funcioná- creio que depararemos com o Moradora tenta argumentar rios de governo passaram lá na recrudescimento de uma polí- com policial no despejo véspera. E porque não teve tica mais à direita, que já acon- violento feito pela Polícia intervenção federal? Estamos tece, que continuará e se apro- Paulista em Pinheirinho falando dos trabalhadores. A- fundará. gir ali significava uma visão O PSDB parece que desistiu da Nadia Gebara: Não sei dizer, imagem de um partido popular no mínimo humana, isto é, porque me falta acompanhar e vai se firmar como alternati- “não vamos deixar a polícia sua relação com o funciona- va à direita. E isso significa bater em trabalhador”. lismo público. Em relação aos Só isso. E se tivesse bandido legalizar mecanismos repressi- trabalhadores, não tenho nada vos, fortalecer o grande capital no meio também não, nem as- a dizer sobre melhorias. Quan- (não que eu seja favorável ao sim poderiam entrar batendo. do tivemos o episódio do Pi- pequeno). Mas nem esse argumento exis- nheirinho, no começo deste Tenho impressão de que al- tia. O caso do Pinheirinho é ano, uma não omissão teria guns setores do PT vão pular uma mostra típica da falta de sido fundamental. O governo algo efetivo no combate a uma do barco, mas não sei se irão estadual e a polícia agiram na atrás de ter um novo partido. ação fascista. Em suma, o go- noite de sábado pra domingo. Há uma ala que não tem mais verno não tomou uma ação em Interesses da prefeitura de São o que fazer lá, está ausente de favor da pobreza, diante de José dos Campos são pouco tudo, e acho, não tenho certe- todos os interessados na ques- pra esclarecer a questão. za, que o mesmo ocorrerá na tão – construtoras, tucanos e Interessava comercialmente às CUT. Espero que gente que burguesia da cidade em geral. construtoras e interessava à Da mesma forma que no go- ainda tem brio tome essa atitu- burguesia e ao governo Alck- de, pois são pessoas que não verno Lula, toda ação, ou o- min destruir essa experiência dedicaram a vida para servi- missão, vem no sentido de ig- de auto-organização, uma ex- rem de capachos do capital. norar os direitos dessas pesso- periência de vida muito bonita. Sobre a aliança entre o que se as, assim como o Bolsa- Família, por exemplo. A Dil- pode chamar de capital nacio- Diferentemente de outros as- ma não faz um movimento de nal com o estrangeiro, vai se sentamentos, esse completava aprofundar. Algumas empre- transformar tais benesses em 10 anos, com níveis de plane- sas, como, por exemplo, a Na- direito, isto é, apresentar proje- jamento e articulação impor- tura, a Hypermarcas, vão virar tos de leis que façam esses tantes, com apoio da Conlutas multinacionais de origem bra- programas se converterem em e do PSTU. Havia lotes de ter- sileira. Elas e outras, na verda- direitos. ra urbanizados, decisões cole- E, por fim, ela, da mesma for- de. É um pouco diferente de tivas, organização coletiva ma que Lula, continua cedendo simplesmente se integrar ao presente, com planejamento capital internacional, como já aos capitalistas quando fala em técnico e urbano. Eram lotes, se sabe, tratando-se da existên- desoneração previdenciária e não cortiços. Era pobre, mo- cia de um status diferente na outras contribuições patronais. desto, mas muito organizado. presença das empresas brasi- Este tipo de medida só serve Isso jamais poderia ser um e- leiras na economia mundial. para precarizar ainda mais as xemplo, na opinião da direita. condições de vida dos traba- Vão passar ao papel de imperi- Portanto, juntaram-se três ob- alistas em alguns países, ex- lhadores. jetivos fundamentais: em pri- plorando a classe trabalhadora meiro lugar, dar o exemplo em outros países além do Bra- Correio da Cidadania: Qual o capitalista, de que aquela expe- sil. cenário que você vislumbra riência não daria certo, não Creio na possibilidade de efe- para a luta de classes no Bra- poderia vencer; em segundo, tiva ação conjunta de campo e sil nos próximos tempos, e pobre fica longe das decisões; cidade. Não necessariamente quais os maiores desafios do terceiro, desde quando uma assentamentos, e sim trabalha- sindicalismo neste contexto? área daquela vai ficar com dores rurais. Até onde vai, de- Nadia Gebara: Eu acho que gente pobre? Era muita polícia, pende da economia. E também durante o ano teremos o mes- tropa de choque, cachorros, de certas direções. mo ou maior número de gre- maltratando absolutamente ves, o que significa que setores
  • 16. Se nós da esquerda, e isso vale sa, temos a possibilidade de go, evitar o pulo no desempre- pra gente que saiu da CUT, dar um salto de qualidade na go até 2013. E no que toca às representantes sindicais, lide- força da classe trabalhadora no direções, trata-se de ter a capa- ranças, MST, Conlutas, Inter- próximo tempo, de um ou dois cidade de formar e organizar sindical, MTST, Terra Livre, anos. tal frente de massas e o enfren- efetivamente conseguirmos Mas depende desses dois fato- tamento a ser feito. lutas conjuntas, entendermos o res. Objetivamente, a luta é significado de frentes de mas- para manter o nível de empre-
  • 17. Nas eleições municipais, a opção anticapitalista está na combinação destas siglas: