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Segunda-feira, 17 de junho de 2013 | Valor | A7
Enxerto
Política
ExecutivoPrefeitodizquemanifestaçõesnãopodemserdesautorizadas
ParaGenro,governos
devembaratearastarifas
MARCELOCURIA/VALOR
Genro: “São movimentos de inclusão das pessoas na sociedade de classes”
Sérgio Ruck Bueno
De Porto Alegre
Um dos principais dirigentes
nacionais do PT, o governador
do Rio Grande do Sul, Tarso Gen-
ro, entende que a presidente Dil-
ma Rousseff, também do PT, e os
governos estaduais são respon-
sáveis por “apontar soluções”
para os protestos contra as tari-
fas de ônibus que vêm sacudin-
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nos últimos dias. A saída, afir-
ma, é baratear e aumentar a
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porte coletivo, o que “não pode-
rá ser feito sem apoio direto do
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Falta de diálogo do PT é questionado
Mônica Scaramuzzo
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paradiscutirarevisãodoPlanoDi-
retor Estratégico para a cidade de
São Paulo, mas as manifestações
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ramoprotagonistadeumacalora-
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tecimentos em São Paulo. A reu-
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transportepúbliconacidade.
Enquanto o problema de mobi-
lidade era debatido à exaustão du-
ranteaplenáriadoplanodiretor,a
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te,masqueriamsabermesmopara
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timula e nega” o acesso para a
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sociedade consumista ao mesmo
tempo estimula e nega, permane-
cendo o contraste entre a opulên-
cia dos ricos e da classe média alta,
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ção do transporte coletivo nas re-
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Valor: Como os governos esta-
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Genro: Os governos devem
apontar soluções, barateando as
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tema [de transporte coletivo]. E
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verno federal. Creio que ele deve,
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diata das tarifas e da qualidade
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Valor: Quem são os responsáveis
pela violência registrada nas últi-
masmanifestações?Osprópriosma-
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dade, não se importam em melho-
rar a vida concreta do povo, pois
acham que o capitalismo não tem
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são uma minoria e o movimento
não pode ser desautorizado nem
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mo causas da violência. A repressão
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mo acabar com eles, se a popula-
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priomovimentosocialficouindig-
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Apenas digo o que penso para o
meu Estado: o fato de provocado-
reseviolentosinterferiremnãotor-
na o movimento ilegítimo. Se os
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vaziado e derrotado. E assim a nos-
sa democracia perderá mais uma
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bémnãosouberamsefazerouvir.
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ganização desses protestos?
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querda estiverem participando e
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vimento é positivo, pois aí será
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luções.Mascreioquenenhumpar-
tido dirige este processo. Até por-
que os partidos, com suas formas
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gramas exclusivamente de classes,
não compreendem, na sua maior
parte,queapróprialutadeclasses,
hoje, se realiza de maneiras com-
pletamente diversas da época mo-
derna. Os partidos, em geral, estão
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moldesorganizativostradicionais,
como nas questões programáticas
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nãosomentedanovaclassemédia,
quanto das demais camadas jo-
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ras, dos setores mais modernos e
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Genro: Os partidos podem e de-
vem agir, não somente a partir do
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vação programática. E, sobretudo,
através da reestruturação — para
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pia, que na minha opinião deve
combinar os princípios socialistas
que foram forjados por dentro das
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dução de políticas públicas. Tam-
bém devem combinar a democra-
ciarepresentativacomaparticipa-
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entre os protestos contra as tarifas
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Genro:Estesmovimentossãomo-
vimentosdeinclusãodaspessoasna
sociedadedeclasses.Emboraalguns
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riacontraocapitalismo,assuaspro-
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culativo, pode não ter flexibilidade
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cráticas e de esquerda, em geral,
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tos, estamos perante uma oportuni-
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democrático moderno. É um pro-
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Genro defende manifestações contra tarifas e cobra soluções dos governos

  • 1. Segunda-feira, 17 de junho de 2013 | Valor | A7 Enxerto Política ExecutivoPrefeitodizquemanifestaçõesnãopodemserdesautorizadas ParaGenro,governos devembaratearastarifas MARCELOCURIA/VALOR Genro: “São movimentos de inclusão das pessoas na sociedade de classes” Sérgio Ruck Bueno De Porto Alegre Um dos principais dirigentes nacionais do PT, o governador do Rio Grande do Sul, Tarso Gen- ro, entende que a presidente Dil- ma Rousseff, também do PT, e os governos estaduais são respon- sáveis por “apontar soluções” para os protestos contra as tari- fas de ônibus que vêm sacudin- do as principais capitais do país nos últimos dias. A saída, afir- ma, é baratear e aumentar a qualidade dos serviços de trans- porte coletivo, o que “não pode- rá ser feito sem apoio direto do governo federal, com vultosos Falta de diálogo do PT é questionado Mônica Scaramuzzo De São Paulo Era para ser mais uma plenária paradiscutirarevisãodoPlanoDi- retor Estratégico para a cidade de São Paulo, mas as manifestações do Movimento Passagem Livre fo- ramoprotagonistadeumacalora- do debate sobre os recentes acon- tecimentos em São Paulo. A reu- nião convocada pelo vereador Na- bil Bonduki (PT-SP), marcada para a tarde de domingo em uma pe- quena sala do Sindicato dos Enge- nheirosdoEstadodeSãoPaulo,no centro da cidade, concentrou cer- ca de 100 pessoas, entre militantes do partido e cidadãos comuns, mostrou que os protestos realiza- dos dividem opiniões, mas abriu espaço para questionar as conces- sões e, sobretudo, os custos do transportepúbliconacidade. Enquanto o problema de mobi- lidade era debatido à exaustão du- ranteaplenáriadoplanodiretor,a falta de um diálogo transparente dos dirigentes do PT, representado pelo prefeito da cidade Fernando Haddad, do mesmo partido, era cobrado por todos os presentes — militantes ou não. A imensa maio- ria considerou violenta a ação da políciaduranteasmanifestações. Bonduki, ao abrir para o debate os recentes protestos, até tentou explicar didaticamente em um quadro negro como a prefeitura chegou ao reajuste de R$ 0,20 nas tarifas de ônibus de São Paulo — atualmente em R$ 3,20. As pessoas questionavam o motivo do reajus- te,masqueriamsabermesmopara onde vai o dinheiro. “Temos que abriracaixadepandora”,disseum dos presentes, referindo-se à pres- tação de contas sobre os custos em relação ao retorno (prestação de serviço), considerado pela a maio- rianaquelasalaineficiente. Muitos dos militantes do movi- mento jovem do PT questionaram a falta de transparência do gover- no em relação aos protestos. E dis- seram que embora fossem do par- tido tinham receio de admitir isso nas manifestações. “Rasgaram duas de nossas bandeiras do PT no protesto”,disseumadaspresentes. Bonduki disse ao Valor que o PT representou a esperança em 2003, quando o ex-presidente Luiz Iná- cio Lula da Silva assumiu o cargo. “E realmente importantes mudan- ças ocorreram. Acho que agora, passados dez anos, é preciso uma renovação, um novo ciclo de pro- postasparaqueseavancemais.” O vereador afirmou que Had- dad chamou lideranças do Movi- mento Passe Livre para conversar, negando a falta de diálogo. Ele re- conheceu,contudo,queháfaltade informação para que os integran- tes do movimento conheçam me- lhor as propostas colocadas pelo prefeito, como o bilhete único mensal e ampliação para o trans- porte noturno e de fim de semana. “Também temos a oportunidade de discutir os novos contratos de concessões [transporte], que estão paraserrenovados.” recursos para as prefeituras e também para os Estados”. Em entrevista ao Valor, Genro afirma que as manifestações têm grande apoio popular e não po- demserdesautorizadasnemdes- credenciadas pelas “violências” cometidas por uma minoria. Em Porto Alegre, onde 23 pessoas fo- ram detidas por vandalismo no protesto de quinta-feira, a orien- tação dada à Brigada Militar foi denãoreprimirosmanifestantes pacíficos, mas buscar a responsa- bilização dos depredadores. Para ele, a repressão é a pior maneira de enfrentar as manifestações. Na opinião do governador, os partidospolíticosnãodirigemos movimentos contra as tarifas porque estão em “franca supera- ção” no que diz respeito às ques- tões relacionadas à juventude. Ele diz que as manifestações que ocorrem no Brasil e em países co- mo a Turquia são essencialmente reformistas e buscam a inclusão das pessoas na sociedade consu- mista, que “ao mesmo tempo es- timula e nega” o acesso para a maior parte da população. A se- guir a integra da entrevista. Valor: Em sua opinião, quais as origens das recentes manifestações contraastarifasdeônibusnasprin- cipais capitais do país? TarsoGenro:Asorigensmepare- cem evidentes. São os novos prota- gonistas políticos da juventude, vinculados a redes, aos serviços, ao subemprego, estudantes libertá- rios, trabalhadores do comércio, jovens autônomos e também “se- mimarginais”.Elesbuscammelhor qualidade de vida material, de la- zeredefruiçãocultural,queanova sociedade consumista ao mesmo tempo estimula e nega, permane- cendo o contraste entre a opulên- cia dos ricos e da classe média alta, de um lado, e o resto do povo, de outra. Creio que o preço e a situa- ção do transporte coletivo nas re- giões metropolitanas unifica tudo isso numa luta imediata, convin- centeedegrandeapoiopopular. Valor: Como os governos esta- duais e o governo federal devem agir para resolver o problema? Genro: Os governos devem apontar soluções, barateando as tarifas e dando qualidade ao sis- tema [de transporte coletivo]. E isso não poderá ser feito sem apoio direto do governo federal, com vultosos recursos para as prefeituras e também para que os Estados participem das solu- ções.Aqualidadedevidanasme- trópoles já está na agenda do go- verno federal. Creio que ele deve, agora, tratar desta questão ime- diata das tarifas e da qualidade do sistema de ônibus. Valor: Quem são os responsáveis pela violência registrada nas últi- masmanifestações?Osprópriosma- nifestantesouaspolíciasmilitares? Genro: Nestes movimentos, em qualquer época, sempre entram pessoas que acham que estão fa- zendo uma revolução ou que são simplesmente violentas e dirigem sua revolta mais como vingança do que como estratégia política de vitória no contexto do que está realmente em jogo. Estes, na ver- dade, não se importam em melho- rar a vida concreta do povo, pois acham que o capitalismo não tem condições de fazer isso. Mas estes são uma minoria e o movimento não pode ser desautorizado nem descredenciadoporisso. Valor: Mas os ditos “excessos” das polícias têm sido apontados co- mo causas da violência. A repressão também estimula os protestos? Genro: Pode tanto estimular co- mo acabar com eles, se a popula- ção achar que a repressão foi justa. Esta é a pior maneira de terminar comasmanifestações. AquinoRio Grande do Sul a ordem que eu dei para a Brigada Militar foi a seguin- te: só ataquem para se defender, não reprimam nenhuma mobili- zação social, mesmo que sejam provocados por estes indivíduos, que na verdade querem fazer uma vítima,depreferênciaquenãoseja do seu grupo. Entre terminar com uma depredação de algum bem e bateremalguminocente,quesim- plesmente está protestando pelos seus direitos, não batam em nin- guém e fixem as responsabilida- des pela depredação através de fil- magens, para que depois eles res- pondam a inquérito. Aqui, o pró- priomovimentosocialficouindig- nadocomasdepredaçõeseviolên- ciascometidasporumaminoria. Valor: E como o senhor avalia a atuação da polícia de São Paulo na quinta-feira? Genro: Não quero avaliar o que foi feito e o que fará o governador [Geraldo] Alckmin [PSDB], até por- que ele não é do meu partido e qualquer contribuição minha cer- tamente seria vista por ele e sua equipe como uma intromissão. Apenas digo o que penso para o meu Estado: o fato de provocado- reseviolentosinterferiremnãotor- na o movimento ilegítimo. Se os próprios jovens não tomarem pro- vidências paras excluí-los, pagarão politicamente por isso e, ao longo do processo, o movimento será es- vaziado e derrotado. E assim a nos- sa democracia perderá mais uma oportunidadeparaevoluir,porque as ruas não foram ouvidas e tam- bémnãosouberamsefazerouvir. Valor: Qual o papel dos partidos de esquerda, incluindo o PT, na or- ganização desses protestos? Genro: Não há nenhum partido dirigindo estes movimentos, que são organizados e estruturados nasredessociais.Separtidosdees- querda estiverem participando e tentando dar uma direção ao mo- vimento é positivo, pois aí será mais fácil negociar para achar so- luções.Mascreioquenenhumpar- tido dirige este processo. Até por- que os partidos, com suas formas de organização fundadas em pro- gramas exclusivamente de classes, não compreendem, na sua maior parte,queapróprialutadeclasses, hoje, se realiza de maneiras com- pletamente diversas da época mo- derna. Os partidos, em geral, estão em franca superação, tanto nos moldesorganizativostradicionais, como nas questões programáticas que dizem respeito à juventude, nãosomentedanovaclassemédia, quanto das demais camadas jo- vens das novas classes trabalhado- ras, dos setores mais modernos e qualificadostecnologicamente. Valor: Mas os partidos podem agir para reverter essa superação? Genro: Os partidos podem e de- vem agir, não somente a partir do Estado e dos governos, mas tam- bém a partir da reorganização das suas formas de luta e da sua reno- vação programática. E, sobretudo, através da reestruturação — para quem é de esquerda — da sua uto- pia, que na minha opinião deve combinar os princípios socialistas que foram forjados por dentro das promessas do iluminismo com a democratização do Estado na pro- dução de políticas públicas. Tam- bém devem combinar a democra- ciarepresentativacomaparticipa- çãodiretadasociedade. Valor: O que há de semelhante entre os protestos contra as tarifas de ônibus no Brasil e movimentos como o “Occupy Wall Street” e as manifestações na Turquia? Genro:Estesmovimentossãomo- vimentosdeinclusãodaspessoasna sociedadedeclasses.Emboraalguns usem uma linguagem revolucioná- riacontraocapitalismo,assuaspro- postas são essencialmente reformis- tas: taxa Tobin [uma taxa sobre as movimentações financeiras globais proposta pelo economista america- noJamesTobin],fimdaespeculação, transportedequalidade,sustentabi- lidade ambiental, organização ur- bana, defesa da paz, manutenção dosdireitossociais-democratas,cul- turais e raciais. O que efetivamente preocupa é que a integração econô- mica do mundo, monitorada e in- duzida pelo capital financeiro espe- culativo, pode não ter flexibilidade para responder a estas reformas. Aí teremosumlongoprocessodelutas e anomias na Europa e na América Latina. Uma espécie de 1968 pós- moderno, capaz de proporcionar um conjunto de lutas anticapitalis- tas anárquicas que desembocarão numasaídaautoritáriaouditatorial, de esquerda ou de direita, pois o mundoteráqueserrearrumadope- laforça,emboraamaioria—eeume incluonela—nãoaceitenemqueira isso. É preciso que as forças demo- cráticas e de esquerda, em geral, pensem que, com estes movimen- tos, estamos perante uma oportuni- dade de revigoramento do projeto democrático moderno. É um pro- blema e uma oportunidade, que só serábenéficaparaademocraciasea vidanasgrandesconcentraçõesme- tropolitanas — geradas pelo desen- volvimento capitalista anárquico e predatório — melhorar muito para todos e não somente para 10% da população. Uma retórica revolucio- nárianãoinduzàrevolução,maspo- deajudarareformarradicalmentea democracia.