SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 4
Baixar para ler offline
PARTO NORMAL X PARTO CESÁREO... dos Reis et al. ARTIGOS ORIGINAIS
Revista da AMRIGS, Porto Alegre, 53 (1): 7-10, jan.-mar. 2009 7
Parto normal X Parto cesáreo:
análise epidemiológica em duas
maternidades no sul do Brasil
Normal delivery X Caesarian delivery:
epidemilogic analysis in two
maternities in the south of Brazil
ARTIGOS ORIGINAIS
Recebido: 17/9/2008 – Aprovado: 5/2/2009
RESUMO
Introdução: Os índices de cesariana vêm aumentando consideravelmente nos últi-
mos anos, mesmo com o conhecimento prévio de que o parto normal é mais seguro, tanto
para a mãe, quanto para o bebê. Métodos: Em um estudo retrospectivo, foram analisados
1.479 partos ocorridos na Maternidade da Santa Casa de Misericórdia de Pelotas (SCMP)
e 1.522 partos na Maternidade do Hospital São Francisco de Paula (HUFSP), no período
de 01/01/2007 a 31/12/2007 e comparados com os dados obtidos em estudo anterior com
o mesmo objetivo no período de 01/07/1993 a 30/06/1994. Resultados: Foi observado
um incremento dos partos cesáreos nas duas instituições, com 41,1% dos partos da SCMP
e 40,7% no HUSFP realizados por via alta. Houve similaridade com relação ao peso dos
recém-nascidos de gestantes submetidas à via alta de parto, encontrando-se a maioria com
peso entre 2.501g e 3.500g, o que foge ao preconizado pela indicação obstétrica que reco-
menda tal via em fetos macrossômicos diante do maior risco de desproporção cefalopélvi-
ca. Também foi observado que a maioria dos partos cesáreos foram realizados em mulhe-
res entre 21 e 30 anos. Em comparação com os dados de 1994, observou-se que houve
aumento na proporção de cesarianas em todas as categorias de peso do recém-nascido e
idade materna, mas com maior prevalência nos fetos macrossômicos. Conclusão: Este
estudo constatou uma incidência aumentada de partos cesáreos nas maternidades estuda-
das em relação ao preconizado pelo Ministério da Saúde.
UNITERMOS: Parto Normal, Parto Cesáreo, Idade da Mãe, Peso do Recém-Nascido,
Epidemiologia.
ABSTRACT
Introduction: The rates of caesarian surgeries have been increasing considerably in
recent years, despite the awareness that normal delivery is safer both for the mother and
for the infant. Methods: In a retrospective study, we evaluated 1,479 deliveries in the
Santa Casa de Misericórdia of Pelotas, RS (SCMP) and 1,522 deliveries in the Hospital
São Francisco de Paula, RS (HUFSP) from January 1, 2007 to December 31, 2007, which
were compared to the data obtained in a previous study carried out for the same purpose
from July 1, 1993 to June 30, 1994. Results: An increase in the number of caesarian
sections was observed, accounting for 41.1% of the deliveries in the SCMP and for 40.7%
in the HUSFP. There was similarity concerning birth weight of pregnant women submit-
ted to caesarian sections, most of them weighing from 2,501g to 3,500g, which is out of
the obstetrical recommendation of using such route for macrosomic fetuses because of the
greater risk of cephalo-pelvic disproportion. Most of the caesarian deliveries were per-
formed in women between 21 and 30 years of age. As compared to 1994 data, there was
an increase in the percentage of caesarian sections in all categories of birth weight and
maternal age, but with a greater prevalence in macrosomic fetuses. Conclusions: This
study has found an increased incidence of caesarian surgeries in the studied hospitals as
compared to what is recommended by the Ministry of Health.
KEYWORDS: Normal Delivery, Caesarian Surgery (Caesarian Delivery), Motherage,
Newborn Weigh, Epidemiology.
SÍLVIO LUÍS SOUZA DOS REIS – Pós-
graduado. Professor e Diretor do HUSFP.
CARLOS EDUARDO MAGALHÃES
PENTEADO – Médico Ginecologista e
Obstetra.
MOEMA NUDILEMON CHATKIN –
Médica e Doutora. Médica Sanitarista, Dou-
tora em Epidemiologia.
MARINA SILVEIRA ESTRELA – Acadê-
mica da Escola de Medicina da Universida-
de Católica de Pelotas. Acadêmica do 6o ano.
PAULA GOMES PORTO – Acadêmica da
Escola de Medicina da Universidade Católi-
ca de Pelotas – Acadêmica do 6o ano.
MARINA MARURI MUNARETTO –
Acadêmica da Escola de Medicina da Uni-
versidade Católica de Pelotas. Acadêmica do
5o ano.
Hospital Universitário São Francisco de Pau-
la; Universidade Católica de Pelotas; Hospi-
tal Santa Casa de Misericórdia de Pelotas.
Endereço para correspondência:
Dr. Sílvio Luis de Souza dos Reis
Rua Marechal Deodoro 1150
96020-220 – Pelotas, RS – Brasil
reis.sul@terra.com.br
I NTRODUÇÃO
O parto é o estágio resolutivo da
gestação, o nascimento do ser que se
formou nos meses anteriores. É a ex-
pulsão do feto para o mundo exterior
através da via vaginal, ou a retirada do
bebê por via transabdominal, na ope-
ração cesariana.
Atualmente, as indicações mais
comuns de cesariana são: falha na in-
dução, feto não reativo, apresentação
pélvica, cesárea prévia, desproporção
cefalopélvica, descolamento prematu-
ro de placenta, gestação gemelar, pla-
centa prévia, situação transversa, en-
tre outras (1). Com o aumento da se-
gurança do procedimento e também
para minimizar a morbimortalidade
perinatal, as indicações de cesariana
alargaram-se (2). Mesmo assim, sabe-
se que a morbidade materna é mais fre-
quente e mais grave após a cesariana
08-262-parto_normal_x_parto_cesario.pmd 14/4/2009, 13:267
PARTO NORMAL X PARTO CESÁREO... dos Reis et al. ARTIGOS ORIGINAIS
8 Revista da AMRIGS, Porto Alegre, 53 (1): 7-10, jan.-mar. 2009
do que após o parto vaginal, que é mais
seguro, tanto para a mãe quanto para o
bebê (2). Em relação à cesariana, além
dos riscos relacionados à anestesia,
infecção puerperal com sepse e episó-
dios tromboembólicos, mulheres que
possuem uma cesárea prévia possuem
risco maior de ruptura uterina, placen-
ta prévia, placenta acreta, descolamen-
to prematuro de placenta e gestação
ectópica (3). Por outro lado, a cesárea
apresenta menor risco de provocar in-
continência urinária quando compara-
da ao parto normal (4).
Os índices de cesariana vêm au-
mentando consideravelmente nos últi-
mos anos (5,6). De acordo com os es-
tudos de coorte realizados em 1993 e
2004 em Pelotas, que avaliaram o per-
fil dos nascidos no município, a preva-
lência de cesarianas teve incremento de
cerca de 50% em 2004, em comparação
com os 30,5% observados em 1993 (7).
Em determinados grupos, a cesárea
é quase que universal, parecendo ser o
Sistema Único de Saúde (SUS) a bar-
reira para a sua realização. Esta situa-
ção demanda uma análise mais deta-
lhada, mas sugere que a cesárea já se
constitui no método de escolha para as
parturientes atendidas por planos par-
ticulares de saúde (1).
Pelotas é uma cidade localizada no
extremo sul do Brasil, no Estado do Rio
Grande do Sul, 250 km ao sul da capi-
tal PortoAlegre. De acordo com o Cen-
so Demográfico de 2007, a cidade pos-
suía 339.934 habitantes (8). Do ponto
de vista econômico, as principais ati-
vidades são agricultura, pecuária e co-
mércio (9). O sistema de saúde conta
com 50 unidades básicas de saúde, cin-
co hospitais gerais e um psiquiátrico.
Ocorrem cerca de 5.000 nascimentos
por ano em Pelotas, sendo a quase to-
talidade nos cinco hospitais do muni-
cípio, dos quais dois deles são hospi-
tais universitários.
Este estudo teve como objetivo tra-
çar o perfil epidemiológico dos partos
realizados em dois hospitais de Pelo-
tas, sendo um filantrópico, Santa Casa
de Misericórdia de Pelotas, e o outro
universitário, Hospital Universitário
São Francisco de Paula.
M ATERIAL E MÉTODOS
Foi realizado um estudo descritivo,
retrospectivo, com fonte secundária de
dados, tendo como população-alvo os
recém-nascidos nas maternidades da
Santa Casa de Misericórdia de Pelotas
(SCMP) e do Hospital Universitário
São Francisco de Paula (HUSFP) no
ano de 2007. Os dois hospitais são fi-
lantrópicos, destinando, no mínimo,
60% de seus leitos para o Sistema Úni-
co de Saúde (SUS). O HUSFP é certi-
ficado como hospital de ensino pelo
MEC, sendo o hospital-escola dos cur-
sos de Medicina, Enfermagem, Fisio-
terapia, Farmácia e Psicologia da
Universidade Católica de Pelotas. A
população atendida pelos dois hos-
pitais é semelhante, visto o seu vín-
culo com o SUS.
Através de um protocolo, foram
coletados os dados nos arquivos dos
hospitais, e depois analisados esta-
tisticamente, através da comparação
de proporções utilizando-se o teste do
Qui-quadrado. Após, estes dados fo-
ram comparados com os de 1994 da
SCMP.
Em primeira instância foi avaliado
o perfil epidemiológico dos partos em
cada maternidade, observando a idade
materna e o peso do recém-nascido em
relação ao tipo de parto e em segui-
da foram comparadas as duas insti-
tuições, incluindo as informações
obtidas em 1994 para identificar ten-
dência temporal.
TABELA 1 – Característica dos partos ocorridos na SCMP e HUSFP nos períodos
estudados
Hospitais* N %
SCMP 1993 – 1994 2.456 100
Parto normal 1.797 73,2
Parto cesáreo 659 26,8
SCMP 2007 1.479 100
Parto normal 871 58,9
Parto cesáreo 608 41,1
HUSFP 2007 1.522 100
Parto normal 902 59,3
Parto cesáreo 620 40,7
* p<0,000.
R ESULTADOS
No ano de 2007 ocorreram 3.001
partos nos hospitais estudados, sendo
1.479 na SCMP e 1.522 no HUSFP, e
no período de julho/1993 a julho/1994
haviam ocorrido 2.456 partos na
SCMP, conforme mostra a Tabela 1.
É possível observar que houve um
incremento dos partos cesáreos na
SCMP, com um aumento de 14,3% no
número de cesáreas no ano de 2007 em
relação ao período de 1993-1994. Ao
compararmos o mesmo dado na SCMP
e no HUSFP no ano de 2007, foram
observados índices elevados de par-
tos cesáreos em ambas as institui-
ções, com 41,1% dos partos da SCMP
e 40,7% no HUSFP sendo realizados
por via alta.
Observa-se também que tais índi-
ces se assemelham, mesmo sendo o
HUSFP uma instituição de caráter aca-
dêmico, voltada ao ensino e que por
este motivo se poderia esperar que
apresentasse índices de cesáreas infe-
riores, quando são levadas em conta
estritamente as indicações obstétricas
para tal procedimento.
As Tabelas 2 e 3 mostram, respec-
tivamente, a distribuição da amostra
quanto à faxa etária da mãe e do peso
do recém-nascido e a ocorrência de
partos cesáreos em relação a estas ca-
racterísticas. Em ambas as instituições
a maioria dos partos cesáreos foram
realizados em mulheres entre 21 e 30
anos. Houve novamente similaridade
08-262-parto_normal_x_parto_cesario.pmd 14/4/2009, 13:268
PARTO NORMAL X PARTO CESÁREO... dos Reis et al. ARTIGOS ORIGINAIS
Revista da AMRIGS, Porto Alegre, 53 (1): 7-10, jan.-mar. 2009 9
TABELA 2 – Ocorrência de partos cesáreos conforme a faixa etária da mãe nos
hospitais estudados. Pelotas, 2007
Faixa etária No (%) % cesárea Valor-p
Santa Casa de Misericórdia de Pelotas 0,000
< 15 anos 9 (0,6) 0,8%
15-20 anos 383 (25,9) 22,9%
21-30 anos 709 (47,9) 50,2%
31-35 anos 204 (13,8) 15,8%
> 35 anos 119 (8,0) 8,1%
Perdas 55 (3,7) 2,1%
Total 1.479 (100,0) 100%
TABELA 3 – Ocorrência de partos cesáreos conforme a faixa etária da mãe nos
hospitais estudados. Pelotas, 2007
Faixa etária No (%) % cesárea Valor-p
Hospital Universitário São Francisco de Paula 0,014
< 15 anos 20 (1,3) 1,4%
15-20 anos 328 (21,6) 19,1%
21-30 anos 577 (37,9) 35,2%
31-35 anos 160 (10,5) 13,3%
> 35 anos 123 (8,1) 9,5%
Perdas 314 (20,6) 21,4%
Total 1.522 (100,0) 100%
com relação ao peso dos recém-nasci-
dos de gestantes submetidas à via alta
de parto, encontrando-se a maioria com
peso entre 2.501g e 3.500g, o que foge
ao preconizado pela indicação obsté-
trica, que recomenda tal via em fetos
macrossômicos diante do maior risco
de desproporção cefalopélvica. Em re-
cém-nascidos acima de 3.500g o parto
cesáreo foi indicado na SCMP e no
HUSFP em 31,7% e 23,7%, respecti-
vamente (Tabelas 2 e 3).
Em recém-nascidos de muito bai-
xo peso (menores de 1.500g) o índice
de cesárea foi maior no HUSFP. Na
SCMP observou-se apenas um caso de
recém-nascido de muito baixo peso no
período observado, sendo o parto nes-
te caso realizado por via baixa.
Após a comparação com os dados
do estudo anterior, em 1994, que é de-
monstrada nas Figuras 1 e 2, viu-se que
ocorreu um aumento de cesáreas em
todas as categorias de peso do recém-
nascido e idade da mãe, chamando aten-
ção para fetos macrossômicos na SCMP
e mães adolescentes (Figuras 1 e 2).
D ISCUSSÃO
As taxas de cesariana variam conside-
ravelmente segundo diversos fatores.
O Brasil registra uma proporção deste
tipo de parto bem maior do que os 15%
recomendados pela OMS. Estima-se
que, em média, realizam-se anualmen-
te no Brasil em torno de 560.000 cesa-
rianas consideradas desnecessárias,
provocando um desperdício de quase
R$ 84.000.000,00 e a ocupação de lei-
tos hospitalares sem necessidade (6).
A média nacional de cesarianas é de
43%, sendo o índice superior a 40%
em todos os estados das regiões Sul,
Sudeste e Centro-Oeste segundo o Mi-
nistério da Saúde, e este percentual foi
confirmado neste estudo.
Embora não haja nenhum estudo
metodologicamente correto que defi-
na a melhor taxa de cesariana, parece
razoável crer que este número não deva
ser menor que 15% e nem maior que
25% dos partos. Por isso, se faz neces-
sário um aumento nas campanhas a
favor do parto normal visando a des-
fazer a imagem negativa que muitas
gestantes têm, baseadas em mitos e me-
dos, além de qualificar a equipe para o
atendimento ao parto normal, que exi-
ge mais sensibilidade e a arte de saber
esperar com precisão.
Alguns fatores que influenciam o
aumento das cesarianas já são conhe-
Figura 1 – Proporção
de partos cesáreos
conforme peso do re-
cém-nascido e hospi-
tal. Pelotas, RS.
80
70
60
50
40
30
20
10
0
%
< 1.500g < 1.500-2.500g 2.501-3.500g > 3.500g
HUSFP 2007SCMP 2007SCMP 1994
08-262-parto_normal_x_parto_cesario.pmd 14/4/2009, 13:269
PARTO NORMAL X PARTO CESÁREO... dos Reis et al. ARTIGOS ORIGINAIS
10 Revista da AMRIGS, Porto Alegre, 53 (1): 7-10, jan.-mar. 2009
60
50
40
30
20
10
0
%
< 15 anos
HUSFP 2007SCMP 2007SCMP 1994
15-20 anos 21-30 anos 31-35 anos >35 anos
Figura 2 – Proporção
de partos cesáreos
conforme idade da
mãe e hospital. Pelo-
tas, RS.
cidos, como a redução na paridade,
monitorização fetal eletrônica, apre-
sentação pélvica, fatores econômicos
e demográficos, aumento na idade das
gestantes, decréscimo na aplicação do
fórcipe médio e temor de processos por
má prática. A falta de treinamento, du-
rante a residência médica em Gineco-
logia e Obstetrícia, faz com que, por
medo e despreparo, também subam as
taxas de cesarianas (1).
Em comparação com os dados de
1994, ou seja, mais de 10 anos passa-
dos, percebeu-se claramente um au-
mento nas taxas de cesariana, mostran-
do uma tendência temporal importante.
O Ministério da Saúde Brasileiro
lançou a Campanha Incentivo ao Par-
to Normal, que veiculará no Brasil no
período de 11/05/2008 a 31/12/2008.
A cesariana já representa 43% dos par-
tos realizados no Brasil no setor públi-
co e no privado. Nos planos de saúde,
esse percentual é ainda maior, chegan-
do a 80%. Já no Sistema Único de Saú-
de, as cesáreas somam 26% do total
de partos (4).
3. Rortveit G, et al. Norwegian Epincont
study. N. Engl. J. Med., v.348, n.10,
p.900-907, 2003. Urinary incontinence
after vaginal delivery or cesarean section.
4. http://portal.saude.gov.br/portal/saude/
visualizar_texto.cfm?idtxt=28513
5. Reis SLS, et al. Parto normal x parto ce-
sáreo: análise de um ano na maternidade
da Santa Casa de Misericórdia de Pelo-
tas, JBM Vol. 72, n. 3, março 2007.
6. http://www.revistapesquisa.fapesp.br/
index.php?s=157,3,2976&aq=s
7. Barros AJD, Santos IS, Victora CG, Al-
bernaz EP, Domingues MR, Timm IK,
Matijasevich A, Bertoldi AD, Barros FC.
Coorte de nascimentos de Pelotas, 2004:
metodologia e descrição. Rev. Saúde Pú-
blica v. 40 n.3 São Paulo June 2006.
8. Instituto Brasileiro de Geografia e Esta-
tística – IBGE. Produto Interno Bruto a
preço de mercado e Produto Interno Bru-
to per capita, segundo as grandes regiões,
unidades da federação e municípios –
2002 a 2005 [tabela]. Disponível em
http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/
economia/pibmunicipios/2005/tab01.pdf
[acesso em 28 mar 2008].
9. Gilliam M, Rosemberg D, Davis F. The
likelihood of placenta previa whit grea-
ter number of cesarean deliveries and
higher parity. Obstet. Gynecol., v. 99, n.
6, p. 976-980, 2002.
C ONCLUSÃO
Diante dos dados obtidos, pode-se
observar que há uma tendência atual
nos hospitais de Pelotas de superesti-
mar a necessidade de parto cesáreo. Se
levarmos em conta somente o peso dos
recém-nascidos das mães submetidas
a tal procedimento veremos que a
maioria dos recém-nascidos apresen-
taram peso dentro dos parâmetros da
normalidade e neste caso o parto vagi-
nal torna-se a via preferencial. Entre-
tanto, em nosso estudo não foram re-
gistrados os motivos pelos quais a equi-
pe obstétrica optou pelo parto via alta.
Mesmo assim, é inegável uma incidên-
cia exagerada de partos cesáreos, o que
nos faz refletir sobre a real necessida-
de deste procedimento.
R EFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
1. Williams Obstetrics, 22nd Edition, 2005.
2. Rotinas em Obstetrícia, 5nd edition, 2006.
08-262-parto_normal_x_parto_cesario.pmd 14/4/2009, 13:2610

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

Humanização na Assistência Obstétrica
Humanização na Assistência ObstétricaHumanização na Assistência Obstétrica
Humanização na Assistência ObstétricaProfessor Robson
 
Atenção à Saúde da Puérpera Profa. Ana Paula
Atenção à Saúde da Puérpera Profa. Ana PaulaAtenção à Saúde da Puérpera Profa. Ana Paula
Atenção à Saúde da Puérpera Profa. Ana PaulaProf Ana Paula Gonçalves
 
Parto aborto puerperio
Parto aborto puerperioParto aborto puerperio
Parto aborto puerperiokarol_ribeiro
 
PROCESSO DE TRABALHO EM CENTRO OBSTÉTRICO (CO)
PROCESSO DE TRABALHO EM CENTRO OBSTÉTRICO (CO)PROCESSO DE TRABALHO EM CENTRO OBSTÉTRICO (CO)
PROCESSO DE TRABALHO EM CENTRO OBSTÉTRICO (CO)Ivanilson Gomes
 
Cuidados e procedimentos de enfermagem no pré e pos parto
Cuidados e procedimentos de enfermagem no pré e pos partoCuidados e procedimentos de enfermagem no pré e pos parto
Cuidados e procedimentos de enfermagem no pré e pos partoTizah Roldão
 
Alojamento conjunto e enfermagem
Alojamento conjunto e enfermagemAlojamento conjunto e enfermagem
Alojamento conjunto e enfermagemjusantos_
 
Apresentação A Alma do Parto. Um novo paradigma para a humanização do parto
Apresentação A Alma do Parto. Um novo paradigma para a humanização do partoApresentação A Alma do Parto. Um novo paradigma para a humanização do parto
Apresentação A Alma do Parto. Um novo paradigma para a humanização do partoAdriana Tanese Nogueira
 
Quando é necessário fazer a cesariana
Quando é necessário fazer a cesarianaQuando é necessário fazer a cesariana
Quando é necessário fazer a cesarianaadrianomedico
 
9ª MIPE - Plano de Parto: Direitos e Humanização
9ª MIPE - Plano de Parto: Direitos e Humanização9ª MIPE - Plano de Parto: Direitos e Humanização
9ª MIPE - Plano de Parto: Direitos e HumanizaçãoFurb
 
Indicações de cesariana baseadas em evidências
Indicações de cesariana baseadas em evidênciasIndicações de cesariana baseadas em evidências
Indicações de cesariana baseadas em evidênciasadrianomedico
 
Cartilha HUMANIZAÇÃO do PARTO: NASCE o RESPEITO - MP PE
Cartilha HUMANIZAÇÃO do PARTO: NASCE o RESPEITO - MP PECartilha HUMANIZAÇÃO do PARTO: NASCE o RESPEITO - MP PE
Cartilha HUMANIZAÇÃO do PARTO: NASCE o RESPEITO - MP PEProf. Marcus Renato de Carvalho
 
Placenta previa
Placenta previaPlacenta previa
Placenta previajamb1425
 
Cesariana
CesarianaCesariana
Cesarianatvf
 

Mais procurados (20)

AssistêNcia Ao Parto
AssistêNcia Ao PartoAssistêNcia Ao Parto
AssistêNcia Ao Parto
 
Humanização na Assistência Obstétrica
Humanização na Assistência ObstétricaHumanização na Assistência Obstétrica
Humanização na Assistência Obstétrica
 
Atenção à Saúde da Puérpera Profa. Ana Paula
Atenção à Saúde da Puérpera Profa. Ana PaulaAtenção à Saúde da Puérpera Profa. Ana Paula
Atenção à Saúde da Puérpera Profa. Ana Paula
 
Parto domiciliar novo
Parto domiciliar novoParto domiciliar novo
Parto domiciliar novo
 
Parto aborto puerperio
Parto aborto puerperioParto aborto puerperio
Parto aborto puerperio
 
PROCESSO DE TRABALHO EM CENTRO OBSTÉTRICO (CO)
PROCESSO DE TRABALHO EM CENTRO OBSTÉTRICO (CO)PROCESSO DE TRABALHO EM CENTRO OBSTÉTRICO (CO)
PROCESSO DE TRABALHO EM CENTRO OBSTÉTRICO (CO)
 
Cuidados e procedimentos de enfermagem no pré e pos parto
Cuidados e procedimentos de enfermagem no pré e pos partoCuidados e procedimentos de enfermagem no pré e pos parto
Cuidados e procedimentos de enfermagem no pré e pos parto
 
Alojamento conjunto e enfermagem
Alojamento conjunto e enfermagemAlojamento conjunto e enfermagem
Alojamento conjunto e enfermagem
 
preparação parto
preparação partopreparação parto
preparação parto
 
A Consulta Puerperal na Atenção Primária à Saúde
A Consulta Puerperal na Atenção Primária à SaúdeA Consulta Puerperal na Atenção Primária à Saúde
A Consulta Puerperal na Atenção Primária à Saúde
 
Apresentação A Alma do Parto. Um novo paradigma para a humanização do parto
Apresentação A Alma do Parto. Um novo paradigma para a humanização do partoApresentação A Alma do Parto. Um novo paradigma para a humanização do parto
Apresentação A Alma do Parto. Um novo paradigma para a humanização do parto
 
Gravidez e parto
Gravidez e partoGravidez e parto
Gravidez e parto
 
Quando é necessário fazer a cesariana
Quando é necessário fazer a cesarianaQuando é necessário fazer a cesariana
Quando é necessário fazer a cesariana
 
9ª MIPE - Plano de Parto: Direitos e Humanização
9ª MIPE - Plano de Parto: Direitos e Humanização9ª MIPE - Plano de Parto: Direitos e Humanização
9ª MIPE - Plano de Parto: Direitos e Humanização
 
Indicações de cesariana baseadas em evidências
Indicações de cesariana baseadas em evidênciasIndicações de cesariana baseadas em evidências
Indicações de cesariana baseadas em evidências
 
Parto
PartoParto
Parto
 
O PARTO em MOVIMENTO - UNESP
O PARTO em MOVIMENTO - UNESP O PARTO em MOVIMENTO - UNESP
O PARTO em MOVIMENTO - UNESP
 
Cartilha HUMANIZAÇÃO do PARTO: NASCE o RESPEITO - MP PE
Cartilha HUMANIZAÇÃO do PARTO: NASCE o RESPEITO - MP PECartilha HUMANIZAÇÃO do PARTO: NASCE o RESPEITO - MP PE
Cartilha HUMANIZAÇÃO do PARTO: NASCE o RESPEITO - MP PE
 
Placenta previa
Placenta previaPlacenta previa
Placenta previa
 
Cesariana
CesarianaCesariana
Cesariana
 

Semelhante a Parto normal x parto cesáreo

Incidência e características
Incidência e característicasIncidência e características
Incidência e característicasadrianomedico
 
Cesariana versus parto vaginal como nascer
Cesariana versus parto vaginal   como nascerCesariana versus parto vaginal   como nascer
Cesariana versus parto vaginal como nasceradrianomedico
 
Expectativa quanto ao parto e o conhecimento do motivo da cesárea
Expectativa quanto ao parto e o conhecimento do motivo da cesáreaExpectativa quanto ao parto e o conhecimento do motivo da cesárea
Expectativa quanto ao parto e o conhecimento do motivo da cesáreaadrianomedico
 
Efeitos do banho logo após o nascimento
Efeitos do banho logo após o nascimentoEfeitos do banho logo após o nascimento
Efeitos do banho logo após o nascimentoLetícia Spina Tapia
 
Aspectos relacionados à preferência pela via de parto
Aspectos relacionados à preferência pela via de partoAspectos relacionados à preferência pela via de parto
Aspectos relacionados à preferência pela via de partoadrianomedico
 
Aspectos relacionados à preferência pela via de parto
Aspectos relacionados à preferência pela via de partoAspectos relacionados à preferência pela via de parto
Aspectos relacionados à preferência pela via de partoadrianomedico
 
A Epidemia De Cesarianas No Brasil
A Epidemia De Cesarianas No BrasilA Epidemia De Cesarianas No Brasil
A Epidemia De Cesarianas No BrasilIsabella Oliveira
 
Artigo defeitos de parede abdominal 2
Artigo   defeitos de parede abdominal 2Artigo   defeitos de parede abdominal 2
Artigo defeitos de parede abdominal 2nipeal
 
EvoluçãO Do PadrãO De Aleitamento Materno
EvoluçãO Do PadrãO De Aleitamento MaternoEvoluçãO Do PadrãO De Aleitamento Materno
EvoluçãO Do PadrãO De Aleitamento MaternoBiblioteca Virtual
 
XIV ENAM - Anais do Encontro Nacional de Aleitamento Materno - Florianópolis,...
XIV ENAM - Anais do Encontro Nacional de Aleitamento Materno - Florianópolis,...XIV ENAM - Anais do Encontro Nacional de Aleitamento Materno - Florianópolis,...
XIV ENAM - Anais do Encontro Nacional de Aleitamento Materno - Florianópolis,...Prof. Marcus Renato de Carvalho
 
NutriçãO Materna E DuraçãO Da AmamentaçãO Em Uma Coorte De Nascimento De Pelo...
NutriçãO Materna E DuraçãO Da AmamentaçãO Em Uma Coorte De Nascimento De Pelo...NutriçãO Materna E DuraçãO Da AmamentaçãO Em Uma Coorte De Nascimento De Pelo...
NutriçãO Materna E DuraçãO Da AmamentaçãO Em Uma Coorte De Nascimento De Pelo...Biblioteca Virtual
 
Aleitamento Materno PrevalêNcia E Factores Condicionantes
Aleitamento Materno   PrevalêNcia E Factores CondicionantesAleitamento Materno   PrevalêNcia E Factores Condicionantes
Aleitamento Materno PrevalêNcia E Factores CondicionantesBiblioteca Virtual
 
Aleitamento Materno Exclusivo Em Lactentes Atendidos Na Rede PúBlica Do Munic...
Aleitamento Materno Exclusivo Em Lactentes Atendidos Na Rede PúBlica Do Munic...Aleitamento Materno Exclusivo Em Lactentes Atendidos Na Rede PúBlica Do Munic...
Aleitamento Materno Exclusivo Em Lactentes Atendidos Na Rede PúBlica Do Munic...Biblioteca Virtual
 
Fatores Associados à DuraçãO Do Aleitamento Materno Em CriançAs De FamíLias D...
Fatores Associados à DuraçãO Do Aleitamento Materno Em CriançAs De FamíLias D...Fatores Associados à DuraçãO Do Aleitamento Materno Em CriançAs De FamíLias D...
Fatores Associados à DuraçãO Do Aleitamento Materno Em CriançAs De FamíLias D...Biblioteca Virtual
 
Margareth miranda ayres
Margareth miranda ayresMargareth miranda ayres
Margareth miranda ayresTamyslast
 
10078 texto do artigo-34302-1-10-20160603
10078 texto do artigo-34302-1-10-2016060310078 texto do artigo-34302-1-10-20160603
10078 texto do artigo-34302-1-10-20160603Luzia Muananda
 

Semelhante a Parto normal x parto cesáreo (20)

Incidência e características
Incidência e característicasIncidência e características
Incidência e características
 
Cesariana versus parto vaginal como nascer
Cesariana versus parto vaginal   como nascerCesariana versus parto vaginal   como nascer
Cesariana versus parto vaginal como nascer
 
Expectativa quanto ao parto e o conhecimento do motivo da cesárea
Expectativa quanto ao parto e o conhecimento do motivo da cesáreaExpectativa quanto ao parto e o conhecimento do motivo da cesárea
Expectativa quanto ao parto e o conhecimento do motivo da cesárea
 
Efeitos do banho logo após o nascimento
Efeitos do banho logo após o nascimentoEfeitos do banho logo após o nascimento
Efeitos do banho logo após o nascimento
 
Aspectos relacionados à preferência pela via de parto
Aspectos relacionados à preferência pela via de partoAspectos relacionados à preferência pela via de parto
Aspectos relacionados à preferência pela via de parto
 
Aspectos relacionados à preferência pela via de parto
Aspectos relacionados à preferência pela via de partoAspectos relacionados à preferência pela via de parto
Aspectos relacionados à preferência pela via de parto
 
Aleitamento Materno
Aleitamento MaternoAleitamento Materno
Aleitamento Materno
 
A Epidemia De Cesarianas No Brasil
A Epidemia De Cesarianas No BrasilA Epidemia De Cesarianas No Brasil
A Epidemia De Cesarianas No Brasil
 
Artigo defeitos de parede abdominal 2
Artigo   defeitos de parede abdominal 2Artigo   defeitos de parede abdominal 2
Artigo defeitos de parede abdominal 2
 
EvoluçãO Do PadrãO De Aleitamento Materno
EvoluçãO Do PadrãO De Aleitamento MaternoEvoluçãO Do PadrãO De Aleitamento Materno
EvoluçãO Do PadrãO De Aleitamento Materno
 
XIV ENAM - Anais do Encontro Nacional de Aleitamento Materno - Florianópolis,...
XIV ENAM - Anais do Encontro Nacional de Aleitamento Materno - Florianópolis,...XIV ENAM - Anais do Encontro Nacional de Aleitamento Materno - Florianópolis,...
XIV ENAM - Anais do Encontro Nacional de Aleitamento Materno - Florianópolis,...
 
11003
1100311003
11003
 
NutriçãO Materna E DuraçãO Da AmamentaçãO Em Uma Coorte De Nascimento De Pelo...
NutriçãO Materna E DuraçãO Da AmamentaçãO Em Uma Coorte De Nascimento De Pelo...NutriçãO Materna E DuraçãO Da AmamentaçãO Em Uma Coorte De Nascimento De Pelo...
NutriçãO Materna E DuraçãO Da AmamentaçãO Em Uma Coorte De Nascimento De Pelo...
 
PESQUISA NASCER NO BRASIL
PESQUISA NASCER NO BRASILPESQUISA NASCER NO BRASIL
PESQUISA NASCER NO BRASIL
 
Aleitamento Materno PrevalêNcia E Factores Condicionantes
Aleitamento Materno   PrevalêNcia E Factores CondicionantesAleitamento Materno   PrevalêNcia E Factores Condicionantes
Aleitamento Materno PrevalêNcia E Factores Condicionantes
 
Aleitamento Materno Exclusivo Em Lactentes Atendidos Na Rede PúBlica Do Munic...
Aleitamento Materno Exclusivo Em Lactentes Atendidos Na Rede PúBlica Do Munic...Aleitamento Materno Exclusivo Em Lactentes Atendidos Na Rede PúBlica Do Munic...
Aleitamento Materno Exclusivo Em Lactentes Atendidos Na Rede PúBlica Do Munic...
 
Fatores Associados à DuraçãO Do Aleitamento Materno Em CriançAs De FamíLias D...
Fatores Associados à DuraçãO Do Aleitamento Materno Em CriançAs De FamíLias D...Fatores Associados à DuraçãO Do Aleitamento Materno Em CriançAs De FamíLias D...
Fatores Associados à DuraçãO Do Aleitamento Materno Em CriançAs De FamíLias D...
 
Margareth miranda ayres
Margareth miranda ayresMargareth miranda ayres
Margareth miranda ayres
 
V11n1a15
V11n1a15V11n1a15
V11n1a15
 
10078 texto do artigo-34302-1-10-20160603
10078 texto do artigo-34302-1-10-2016060310078 texto do artigo-34302-1-10-20160603
10078 texto do artigo-34302-1-10-20160603
 

Mais de adrianomedico

Um processo de terapia para a gagueira
Um processo de terapia para a gagueiraUm processo de terapia para a gagueira
Um processo de terapia para a gagueiraadrianomedico
 
Um ensaio sobre a gagueira
Um ensaio sobre a gagueiraUm ensaio sobre a gagueira
Um ensaio sobre a gagueiraadrianomedico
 
Tratamento farmacológico da gagueira
Tratamento farmacológico da gagueiraTratamento farmacológico da gagueira
Tratamento farmacológico da gagueiraadrianomedico
 
Saiba mais sobre a gagueira infantil
Saiba mais sobre a gagueira infantilSaiba mais sobre a gagueira infantil
Saiba mais sobre a gagueira infantiladrianomedico
 
Problemas na fala atrapalham carreira de reis e plebeus
Problemas na fala atrapalham carreira de reis e plebeusProblemas na fala atrapalham carreira de reis e plebeus
Problemas na fala atrapalham carreira de reis e plebeusadrianomedico
 
Perfil de sujeitos gagos que participam de comunidades virtuais como apoio so...
Perfil de sujeitos gagos que participam de comunidades virtuais como apoio so...Perfil de sujeitos gagos que participam de comunidades virtuais como apoio so...
Perfil de sujeitos gagos que participam de comunidades virtuais como apoio so...adrianomedico
 
Para quem a escola gagueja
Para quem a escola gaguejaPara quem a escola gagueja
Para quem a escola gaguejaadrianomedico
 
Gagueira tem tratamento
Gagueira tem tratamentoGagueira tem tratamento
Gagueira tem tratamentoadrianomedico
 
Gagueira não tem graça, tem tratamento
Gagueira não tem graça, tem tratamentoGagueira não tem graça, tem tratamento
Gagueira não tem graça, tem tratamentoadrianomedico
 
Gagueira não é emocional
Gagueira não é emocionalGagueira não é emocional
Gagueira não é emocionaladrianomedico
 
Gagueira e núcleos da base
Gagueira e núcleos da baseGagueira e núcleos da base
Gagueira e núcleos da baseadrianomedico
 
Gagueira e disfluência geral
Gagueira e disfluência   geralGagueira e disfluência   geral
Gagueira e disfluência geraladrianomedico
 
Gagueira e dificuldade de aprendizagem
Gagueira e dificuldade de aprendizagemGagueira e dificuldade de aprendizagem
Gagueira e dificuldade de aprendizagemadrianomedico
 
Gagueira estudo molecular dos genes g
Gagueira   estudo molecular dos genes gGagueira   estudo molecular dos genes g
Gagueira estudo molecular dos genes gadrianomedico
 
Gagueira disfluência
Gagueira   disfluênciaGagueira   disfluência
Gagueira disfluênciaadrianomedico
 
Gagueira até onde é normal
Gagueira   até onde é normalGagueira   até onde é normal
Gagueira até onde é normaladrianomedico
 
Gagueira a teoria na prática
Gagueira   a teoria na práticaGagueira   a teoria na prática
Gagueira a teoria na práticaadrianomedico
 

Mais de adrianomedico (20)

Um processo de terapia para a gagueira
Um processo de terapia para a gagueiraUm processo de terapia para a gagueira
Um processo de terapia para a gagueira
 
Um ensaio sobre a gagueira
Um ensaio sobre a gagueiraUm ensaio sobre a gagueira
Um ensaio sobre a gagueira
 
Tratamento farmacológico da gagueira
Tratamento farmacológico da gagueiraTratamento farmacológico da gagueira
Tratamento farmacológico da gagueira
 
Seu filho gagueja.
Seu filho gagueja.Seu filho gagueja.
Seu filho gagueja.
 
Saiba mais sobre a gagueira infantil
Saiba mais sobre a gagueira infantilSaiba mais sobre a gagueira infantil
Saiba mais sobre a gagueira infantil
 
Problemas na fala atrapalham carreira de reis e plebeus
Problemas na fala atrapalham carreira de reis e plebeusProblemas na fala atrapalham carreira de reis e plebeus
Problemas na fala atrapalham carreira de reis e plebeus
 
Perfil de sujeitos gagos que participam de comunidades virtuais como apoio so...
Perfil de sujeitos gagos que participam de comunidades virtuais como apoio so...Perfil de sujeitos gagos que participam de comunidades virtuais como apoio so...
Perfil de sujeitos gagos que participam de comunidades virtuais como apoio so...
 
Para quem a escola gagueja
Para quem a escola gaguejaPara quem a escola gagueja
Para quem a escola gagueja
 
Genes da gagueira
Genes da gagueiraGenes da gagueira
Genes da gagueira
 
Gagueira tem tratamento
Gagueira tem tratamentoGagueira tem tratamento
Gagueira tem tratamento
 
Gagueira não tem graça, tem tratamento
Gagueira não tem graça, tem tratamentoGagueira não tem graça, tem tratamento
Gagueira não tem graça, tem tratamento
 
Gagueira não é emocional
Gagueira não é emocionalGagueira não é emocional
Gagueira não é emocional
 
Gagueira infantil
Gagueira infantilGagueira infantil
Gagueira infantil
 
Gagueira e núcleos da base
Gagueira e núcleos da baseGagueira e núcleos da base
Gagueira e núcleos da base
 
Gagueira e disfluência geral
Gagueira e disfluência   geralGagueira e disfluência   geral
Gagueira e disfluência geral
 
Gagueira e dificuldade de aprendizagem
Gagueira e dificuldade de aprendizagemGagueira e dificuldade de aprendizagem
Gagueira e dificuldade de aprendizagem
 
Gagueira estudo molecular dos genes g
Gagueira   estudo molecular dos genes gGagueira   estudo molecular dos genes g
Gagueira estudo molecular dos genes g
 
Gagueira disfluência
Gagueira   disfluênciaGagueira   disfluência
Gagueira disfluência
 
Gagueira até onde é normal
Gagueira   até onde é normalGagueira   até onde é normal
Gagueira até onde é normal
 
Gagueira a teoria na prática
Gagueira   a teoria na práticaGagueira   a teoria na prática
Gagueira a teoria na prática
 

Parto normal x parto cesáreo

  • 1. PARTO NORMAL X PARTO CESÁREO... dos Reis et al. ARTIGOS ORIGINAIS Revista da AMRIGS, Porto Alegre, 53 (1): 7-10, jan.-mar. 2009 7 Parto normal X Parto cesáreo: análise epidemiológica em duas maternidades no sul do Brasil Normal delivery X Caesarian delivery: epidemilogic analysis in two maternities in the south of Brazil ARTIGOS ORIGINAIS Recebido: 17/9/2008 – Aprovado: 5/2/2009 RESUMO Introdução: Os índices de cesariana vêm aumentando consideravelmente nos últi- mos anos, mesmo com o conhecimento prévio de que o parto normal é mais seguro, tanto para a mãe, quanto para o bebê. Métodos: Em um estudo retrospectivo, foram analisados 1.479 partos ocorridos na Maternidade da Santa Casa de Misericórdia de Pelotas (SCMP) e 1.522 partos na Maternidade do Hospital São Francisco de Paula (HUFSP), no período de 01/01/2007 a 31/12/2007 e comparados com os dados obtidos em estudo anterior com o mesmo objetivo no período de 01/07/1993 a 30/06/1994. Resultados: Foi observado um incremento dos partos cesáreos nas duas instituições, com 41,1% dos partos da SCMP e 40,7% no HUSFP realizados por via alta. Houve similaridade com relação ao peso dos recém-nascidos de gestantes submetidas à via alta de parto, encontrando-se a maioria com peso entre 2.501g e 3.500g, o que foge ao preconizado pela indicação obstétrica que reco- menda tal via em fetos macrossômicos diante do maior risco de desproporção cefalopélvi- ca. Também foi observado que a maioria dos partos cesáreos foram realizados em mulhe- res entre 21 e 30 anos. Em comparação com os dados de 1994, observou-se que houve aumento na proporção de cesarianas em todas as categorias de peso do recém-nascido e idade materna, mas com maior prevalência nos fetos macrossômicos. Conclusão: Este estudo constatou uma incidência aumentada de partos cesáreos nas maternidades estuda- das em relação ao preconizado pelo Ministério da Saúde. UNITERMOS: Parto Normal, Parto Cesáreo, Idade da Mãe, Peso do Recém-Nascido, Epidemiologia. ABSTRACT Introduction: The rates of caesarian surgeries have been increasing considerably in recent years, despite the awareness that normal delivery is safer both for the mother and for the infant. Methods: In a retrospective study, we evaluated 1,479 deliveries in the Santa Casa de Misericórdia of Pelotas, RS (SCMP) and 1,522 deliveries in the Hospital São Francisco de Paula, RS (HUFSP) from January 1, 2007 to December 31, 2007, which were compared to the data obtained in a previous study carried out for the same purpose from July 1, 1993 to June 30, 1994. Results: An increase in the number of caesarian sections was observed, accounting for 41.1% of the deliveries in the SCMP and for 40.7% in the HUSFP. There was similarity concerning birth weight of pregnant women submit- ted to caesarian sections, most of them weighing from 2,501g to 3,500g, which is out of the obstetrical recommendation of using such route for macrosomic fetuses because of the greater risk of cephalo-pelvic disproportion. Most of the caesarian deliveries were per- formed in women between 21 and 30 years of age. As compared to 1994 data, there was an increase in the percentage of caesarian sections in all categories of birth weight and maternal age, but with a greater prevalence in macrosomic fetuses. Conclusions: This study has found an increased incidence of caesarian surgeries in the studied hospitals as compared to what is recommended by the Ministry of Health. KEYWORDS: Normal Delivery, Caesarian Surgery (Caesarian Delivery), Motherage, Newborn Weigh, Epidemiology. SÍLVIO LUÍS SOUZA DOS REIS – Pós- graduado. Professor e Diretor do HUSFP. CARLOS EDUARDO MAGALHÃES PENTEADO – Médico Ginecologista e Obstetra. MOEMA NUDILEMON CHATKIN – Médica e Doutora. Médica Sanitarista, Dou- tora em Epidemiologia. MARINA SILVEIRA ESTRELA – Acadê- mica da Escola de Medicina da Universida- de Católica de Pelotas. Acadêmica do 6o ano. PAULA GOMES PORTO – Acadêmica da Escola de Medicina da Universidade Católi- ca de Pelotas – Acadêmica do 6o ano. MARINA MARURI MUNARETTO – Acadêmica da Escola de Medicina da Uni- versidade Católica de Pelotas. Acadêmica do 5o ano. Hospital Universitário São Francisco de Pau- la; Universidade Católica de Pelotas; Hospi- tal Santa Casa de Misericórdia de Pelotas. Endereço para correspondência: Dr. Sílvio Luis de Souza dos Reis Rua Marechal Deodoro 1150 96020-220 – Pelotas, RS – Brasil reis.sul@terra.com.br I NTRODUÇÃO O parto é o estágio resolutivo da gestação, o nascimento do ser que se formou nos meses anteriores. É a ex- pulsão do feto para o mundo exterior através da via vaginal, ou a retirada do bebê por via transabdominal, na ope- ração cesariana. Atualmente, as indicações mais comuns de cesariana são: falha na in- dução, feto não reativo, apresentação pélvica, cesárea prévia, desproporção cefalopélvica, descolamento prematu- ro de placenta, gestação gemelar, pla- centa prévia, situação transversa, en- tre outras (1). Com o aumento da se- gurança do procedimento e também para minimizar a morbimortalidade perinatal, as indicações de cesariana alargaram-se (2). Mesmo assim, sabe- se que a morbidade materna é mais fre- quente e mais grave após a cesariana 08-262-parto_normal_x_parto_cesario.pmd 14/4/2009, 13:267
  • 2. PARTO NORMAL X PARTO CESÁREO... dos Reis et al. ARTIGOS ORIGINAIS 8 Revista da AMRIGS, Porto Alegre, 53 (1): 7-10, jan.-mar. 2009 do que após o parto vaginal, que é mais seguro, tanto para a mãe quanto para o bebê (2). Em relação à cesariana, além dos riscos relacionados à anestesia, infecção puerperal com sepse e episó- dios tromboembólicos, mulheres que possuem uma cesárea prévia possuem risco maior de ruptura uterina, placen- ta prévia, placenta acreta, descolamen- to prematuro de placenta e gestação ectópica (3). Por outro lado, a cesárea apresenta menor risco de provocar in- continência urinária quando compara- da ao parto normal (4). Os índices de cesariana vêm au- mentando consideravelmente nos últi- mos anos (5,6). De acordo com os es- tudos de coorte realizados em 1993 e 2004 em Pelotas, que avaliaram o per- fil dos nascidos no município, a preva- lência de cesarianas teve incremento de cerca de 50% em 2004, em comparação com os 30,5% observados em 1993 (7). Em determinados grupos, a cesárea é quase que universal, parecendo ser o Sistema Único de Saúde (SUS) a bar- reira para a sua realização. Esta situa- ção demanda uma análise mais deta- lhada, mas sugere que a cesárea já se constitui no método de escolha para as parturientes atendidas por planos par- ticulares de saúde (1). Pelotas é uma cidade localizada no extremo sul do Brasil, no Estado do Rio Grande do Sul, 250 km ao sul da capi- tal PortoAlegre. De acordo com o Cen- so Demográfico de 2007, a cidade pos- suía 339.934 habitantes (8). Do ponto de vista econômico, as principais ati- vidades são agricultura, pecuária e co- mércio (9). O sistema de saúde conta com 50 unidades básicas de saúde, cin- co hospitais gerais e um psiquiátrico. Ocorrem cerca de 5.000 nascimentos por ano em Pelotas, sendo a quase to- talidade nos cinco hospitais do muni- cípio, dos quais dois deles são hospi- tais universitários. Este estudo teve como objetivo tra- çar o perfil epidemiológico dos partos realizados em dois hospitais de Pelo- tas, sendo um filantrópico, Santa Casa de Misericórdia de Pelotas, e o outro universitário, Hospital Universitário São Francisco de Paula. M ATERIAL E MÉTODOS Foi realizado um estudo descritivo, retrospectivo, com fonte secundária de dados, tendo como população-alvo os recém-nascidos nas maternidades da Santa Casa de Misericórdia de Pelotas (SCMP) e do Hospital Universitário São Francisco de Paula (HUSFP) no ano de 2007. Os dois hospitais são fi- lantrópicos, destinando, no mínimo, 60% de seus leitos para o Sistema Úni- co de Saúde (SUS). O HUSFP é certi- ficado como hospital de ensino pelo MEC, sendo o hospital-escola dos cur- sos de Medicina, Enfermagem, Fisio- terapia, Farmácia e Psicologia da Universidade Católica de Pelotas. A população atendida pelos dois hos- pitais é semelhante, visto o seu vín- culo com o SUS. Através de um protocolo, foram coletados os dados nos arquivos dos hospitais, e depois analisados esta- tisticamente, através da comparação de proporções utilizando-se o teste do Qui-quadrado. Após, estes dados fo- ram comparados com os de 1994 da SCMP. Em primeira instância foi avaliado o perfil epidemiológico dos partos em cada maternidade, observando a idade materna e o peso do recém-nascido em relação ao tipo de parto e em segui- da foram comparadas as duas insti- tuições, incluindo as informações obtidas em 1994 para identificar ten- dência temporal. TABELA 1 – Característica dos partos ocorridos na SCMP e HUSFP nos períodos estudados Hospitais* N % SCMP 1993 – 1994 2.456 100 Parto normal 1.797 73,2 Parto cesáreo 659 26,8 SCMP 2007 1.479 100 Parto normal 871 58,9 Parto cesáreo 608 41,1 HUSFP 2007 1.522 100 Parto normal 902 59,3 Parto cesáreo 620 40,7 * p<0,000. R ESULTADOS No ano de 2007 ocorreram 3.001 partos nos hospitais estudados, sendo 1.479 na SCMP e 1.522 no HUSFP, e no período de julho/1993 a julho/1994 haviam ocorrido 2.456 partos na SCMP, conforme mostra a Tabela 1. É possível observar que houve um incremento dos partos cesáreos na SCMP, com um aumento de 14,3% no número de cesáreas no ano de 2007 em relação ao período de 1993-1994. Ao compararmos o mesmo dado na SCMP e no HUSFP no ano de 2007, foram observados índices elevados de par- tos cesáreos em ambas as institui- ções, com 41,1% dos partos da SCMP e 40,7% no HUSFP sendo realizados por via alta. Observa-se também que tais índi- ces se assemelham, mesmo sendo o HUSFP uma instituição de caráter aca- dêmico, voltada ao ensino e que por este motivo se poderia esperar que apresentasse índices de cesáreas infe- riores, quando são levadas em conta estritamente as indicações obstétricas para tal procedimento. As Tabelas 2 e 3 mostram, respec- tivamente, a distribuição da amostra quanto à faxa etária da mãe e do peso do recém-nascido e a ocorrência de partos cesáreos em relação a estas ca- racterísticas. Em ambas as instituições a maioria dos partos cesáreos foram realizados em mulheres entre 21 e 30 anos. Houve novamente similaridade 08-262-parto_normal_x_parto_cesario.pmd 14/4/2009, 13:268
  • 3. PARTO NORMAL X PARTO CESÁREO... dos Reis et al. ARTIGOS ORIGINAIS Revista da AMRIGS, Porto Alegre, 53 (1): 7-10, jan.-mar. 2009 9 TABELA 2 – Ocorrência de partos cesáreos conforme a faixa etária da mãe nos hospitais estudados. Pelotas, 2007 Faixa etária No (%) % cesárea Valor-p Santa Casa de Misericórdia de Pelotas 0,000 < 15 anos 9 (0,6) 0,8% 15-20 anos 383 (25,9) 22,9% 21-30 anos 709 (47,9) 50,2% 31-35 anos 204 (13,8) 15,8% > 35 anos 119 (8,0) 8,1% Perdas 55 (3,7) 2,1% Total 1.479 (100,0) 100% TABELA 3 – Ocorrência de partos cesáreos conforme a faixa etária da mãe nos hospitais estudados. Pelotas, 2007 Faixa etária No (%) % cesárea Valor-p Hospital Universitário São Francisco de Paula 0,014 < 15 anos 20 (1,3) 1,4% 15-20 anos 328 (21,6) 19,1% 21-30 anos 577 (37,9) 35,2% 31-35 anos 160 (10,5) 13,3% > 35 anos 123 (8,1) 9,5% Perdas 314 (20,6) 21,4% Total 1.522 (100,0) 100% com relação ao peso dos recém-nasci- dos de gestantes submetidas à via alta de parto, encontrando-se a maioria com peso entre 2.501g e 3.500g, o que foge ao preconizado pela indicação obsté- trica, que recomenda tal via em fetos macrossômicos diante do maior risco de desproporção cefalopélvica. Em re- cém-nascidos acima de 3.500g o parto cesáreo foi indicado na SCMP e no HUSFP em 31,7% e 23,7%, respecti- vamente (Tabelas 2 e 3). Em recém-nascidos de muito bai- xo peso (menores de 1.500g) o índice de cesárea foi maior no HUSFP. Na SCMP observou-se apenas um caso de recém-nascido de muito baixo peso no período observado, sendo o parto nes- te caso realizado por via baixa. Após a comparação com os dados do estudo anterior, em 1994, que é de- monstrada nas Figuras 1 e 2, viu-se que ocorreu um aumento de cesáreas em todas as categorias de peso do recém- nascido e idade da mãe, chamando aten- ção para fetos macrossômicos na SCMP e mães adolescentes (Figuras 1 e 2). D ISCUSSÃO As taxas de cesariana variam conside- ravelmente segundo diversos fatores. O Brasil registra uma proporção deste tipo de parto bem maior do que os 15% recomendados pela OMS. Estima-se que, em média, realizam-se anualmen- te no Brasil em torno de 560.000 cesa- rianas consideradas desnecessárias, provocando um desperdício de quase R$ 84.000.000,00 e a ocupação de lei- tos hospitalares sem necessidade (6). A média nacional de cesarianas é de 43%, sendo o índice superior a 40% em todos os estados das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste segundo o Mi- nistério da Saúde, e este percentual foi confirmado neste estudo. Embora não haja nenhum estudo metodologicamente correto que defi- na a melhor taxa de cesariana, parece razoável crer que este número não deva ser menor que 15% e nem maior que 25% dos partos. Por isso, se faz neces- sário um aumento nas campanhas a favor do parto normal visando a des- fazer a imagem negativa que muitas gestantes têm, baseadas em mitos e me- dos, além de qualificar a equipe para o atendimento ao parto normal, que exi- ge mais sensibilidade e a arte de saber esperar com precisão. Alguns fatores que influenciam o aumento das cesarianas já são conhe- Figura 1 – Proporção de partos cesáreos conforme peso do re- cém-nascido e hospi- tal. Pelotas, RS. 80 70 60 50 40 30 20 10 0 % < 1.500g < 1.500-2.500g 2.501-3.500g > 3.500g HUSFP 2007SCMP 2007SCMP 1994 08-262-parto_normal_x_parto_cesario.pmd 14/4/2009, 13:269
  • 4. PARTO NORMAL X PARTO CESÁREO... dos Reis et al. ARTIGOS ORIGINAIS 10 Revista da AMRIGS, Porto Alegre, 53 (1): 7-10, jan.-mar. 2009 60 50 40 30 20 10 0 % < 15 anos HUSFP 2007SCMP 2007SCMP 1994 15-20 anos 21-30 anos 31-35 anos >35 anos Figura 2 – Proporção de partos cesáreos conforme idade da mãe e hospital. Pelo- tas, RS. cidos, como a redução na paridade, monitorização fetal eletrônica, apre- sentação pélvica, fatores econômicos e demográficos, aumento na idade das gestantes, decréscimo na aplicação do fórcipe médio e temor de processos por má prática. A falta de treinamento, du- rante a residência médica em Gineco- logia e Obstetrícia, faz com que, por medo e despreparo, também subam as taxas de cesarianas (1). Em comparação com os dados de 1994, ou seja, mais de 10 anos passa- dos, percebeu-se claramente um au- mento nas taxas de cesariana, mostran- do uma tendência temporal importante. O Ministério da Saúde Brasileiro lançou a Campanha Incentivo ao Par- to Normal, que veiculará no Brasil no período de 11/05/2008 a 31/12/2008. A cesariana já representa 43% dos par- tos realizados no Brasil no setor públi- co e no privado. Nos planos de saúde, esse percentual é ainda maior, chegan- do a 80%. Já no Sistema Único de Saú- de, as cesáreas somam 26% do total de partos (4). 3. Rortveit G, et al. Norwegian Epincont study. N. Engl. J. Med., v.348, n.10, p.900-907, 2003. Urinary incontinence after vaginal delivery or cesarean section. 4. http://portal.saude.gov.br/portal/saude/ visualizar_texto.cfm?idtxt=28513 5. Reis SLS, et al. Parto normal x parto ce- sáreo: análise de um ano na maternidade da Santa Casa de Misericórdia de Pelo- tas, JBM Vol. 72, n. 3, março 2007. 6. http://www.revistapesquisa.fapesp.br/ index.php?s=157,3,2976&aq=s 7. Barros AJD, Santos IS, Victora CG, Al- bernaz EP, Domingues MR, Timm IK, Matijasevich A, Bertoldi AD, Barros FC. Coorte de nascimentos de Pelotas, 2004: metodologia e descrição. Rev. Saúde Pú- blica v. 40 n.3 São Paulo June 2006. 8. Instituto Brasileiro de Geografia e Esta- tística – IBGE. Produto Interno Bruto a preço de mercado e Produto Interno Bru- to per capita, segundo as grandes regiões, unidades da federação e municípios – 2002 a 2005 [tabela]. Disponível em http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/ economia/pibmunicipios/2005/tab01.pdf [acesso em 28 mar 2008]. 9. Gilliam M, Rosemberg D, Davis F. The likelihood of placenta previa whit grea- ter number of cesarean deliveries and higher parity. Obstet. Gynecol., v. 99, n. 6, p. 976-980, 2002. C ONCLUSÃO Diante dos dados obtidos, pode-se observar que há uma tendência atual nos hospitais de Pelotas de superesti- mar a necessidade de parto cesáreo. Se levarmos em conta somente o peso dos recém-nascidos das mães submetidas a tal procedimento veremos que a maioria dos recém-nascidos apresen- taram peso dentro dos parâmetros da normalidade e neste caso o parto vagi- nal torna-se a via preferencial. Entre- tanto, em nosso estudo não foram re- gistrados os motivos pelos quais a equi- pe obstétrica optou pelo parto via alta. Mesmo assim, é inegável uma incidên- cia exagerada de partos cesáreos, o que nos faz refletir sobre a real necessida- de deste procedimento. R EFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. Williams Obstetrics, 22nd Edition, 2005. 2. Rotinas em Obstetrícia, 5nd edition, 2006. 08-262-parto_normal_x_parto_cesario.pmd 14/4/2009, 13:2610