O documento discute características gerais dos fascismos, como pregar a coesão nacional e extensão do poder estatal, e a manipulação da opinião pública através da propaganda. Também aborda o "Milagre Brasileiro" durante a ditadura militar e seus efeitos econômicos e sociais, como o crescimento inicial mas também a desigualdade e êxodo rural. Finalmente, discute a crise do regime no final dos anos 70.

1. OS 50 ANOS DO
GOLPE CIVIL-MILITAR
NOVAS ABORDAGENS

2. FASCISMOS E PROPAGANDA
Características gerais dos Fascismos
#Definição geral - “Conjunto de movimentos e
regimes de extrema direita que dominou um
grande número de países europeus desde o início
dos anos 20 até 1945”.
# Definição de fascismo para Wolfgang Scheider -
“movimentos nacionalistas extremistas de
estrutura hierárquica e autoritária e de ideologia
antiliberal, antidemocrática e antissocialista que
fundaram ou intentaram fundar (...) regimes
estatais autoritários”.

3. # Fascismos eram contra o liberalismo.
Pregavam a coesão nacional e extensão do
poder estatal a todas as esferas políticas,
morais e econômicas do território nacional.
#Dois tipos característicos de personalidade:
sentimento coletivo das massas e os tipos
condicionados à manipulação de massas.
# Uma característica marcante dos fascismos
em geral é a intolerância disseminada pelos
governos, bem como o controle da propaganda
e da informação, e da manipulação da opinião
pública através do medo, incitando a violência e
a intolerância.

4. # Característica básica: a desconfiança do outro
em forma de violência e repulsa de tudo o que
não é nacional.
# Os fascismos foram, cada um ao seu modo,
marcados pelo historicismo: busca de raízes
nacionais e/ou raciais com o intuito de
legitimar o discurso.
#É preciso, no entanto, observar o fascismo
como um fenômeno UNIVERSAL, e não como
algo exclusivo à Europa do século XX. O
fascismo persiste até os dias atuais, tendo
passado pelo Brasil por duas vezes (Estado
Novo e regime militar), e estando presente em
diversos países no mundo.

5. Ascender as Velas
Zé Keti
Acender as velas Já é
profissão
Quando não tem samba
Tem desilusão É mais um
coração
Que deixa de bater
Um anjo vai pro céu
Deus me perdoe
Mas vou dizer
O doutor chegou tarde
demais
Porque no morro
Não tem automóvel pra
subir
Não tem telefone pra
chamar

6. ECONOMIA E CULTURA
#1969 a 1973: o “Milagre Brasileiro”: Período,
durante o governo Médici, em que o Brasil
apresentou crescimento econômico acelerado
jamais antes visto na história do país. O PIB
saltou de 9,8% a.a. em 1968 para 14% ao ano
em 1973, e a inflação passou de 19,46% em
1968, para 34,55% em 1974.
# Ao mesmo tempo, este período é também
conhecido pela denominação de “Anos de
Chumbo”, sendo este o período no qual a
repressão ditatorial se fez mais severa.

7. #O Brasil passou por um período de “americanização”,
com a aproximação dos EUA e das indústrias
estrangeiras, fazendo com que o Brasil agregasse
diversas características da cultura americana, bem
como uma nova realidade de consumo, trazendo um
padrão de vida mais moderno.# Quem disfruta dessa
nova realidade e da “americanização” do Brasil é a
classe média (mais rica que a dos países
desenvolvidos devido ao baixo custo dos serviços).
#Tal modernização e crescimento econômico
custaram caro, no entanto. Desde a deposição do
presidente João Goulart (Jango), nada foi feito para
resolver a questão da desigualdade social. O êxodo
rural provocou um superlotamento nas periferias das
metrópoles, e a marginalização daqueles que não
possuíam condições aquisitivas. Também o chamado
“arroxo salarial” tornou difícil a vida de muitas

8. # Também a inflação e a dívida externa cresceram
exponencialmente no período. Os dados econômicos, no
entanto, eram “maquiados” pelo governo, a fim de
controlar a opinião pública. Um ideal “ufanista”,
principalmente após a vitória na Copa de 1970 (México),
com lemas do tipo “Brasil, ame-o ou deixe-o” e “Ninguém
segura esse país”.
# Quem disfruta dessa nova realidade e da
“americanização” do Brasil é a classe média (mais rica que
a dos países desenvolvidos devido ao baixo custo dos
serviços). O crescimento econômico no Brasil, nesta
época, caracterizou-se pelo chamado “capitalismo
selvagem” (brazilianization).
#Modernização do campo também gera êxodo rural –
famílias são expulsas e/ou vão tentar “uma vida melhor”
na cidade.

9. #Destino das camadas baixas da sociedade são as
favelas e os subúrbios. Trabalham fornecendo
serviços às classes média e alta (empregadas
domésticas, faxineiras, caixas, atendentes,
operários, garçons, manobristas, mecânicos...).
#Apesar de os esforços econômicos do Estado
estarem focados em produção de energia poucos
tinham acesso. A maioria das favelas era mau
abastecida.

10. #Apesar dos investimentos em educação a
maioria dos pobres ainda era analfabeta e não
existia programa de auxílio nas escolas.
# o "Milagre econômico" teve seu fim com a
crise do Petróleo de 1971, quando o preço do
barril do petróleo foi elevado abruptamente,
provocando uma série de crises econômicas no
mundo afora. Com o enfraquecimento da
economia, os setores que antes apoiavam o
regime deixaram de harmonizar-se, e a
oposição aos militares ganhou cada vez mais
força.

11. ATUALIDADE
Anúncio dos tempos em que o
regime militar prometia bater em
quem reclamava de crise
econômica:
“O próximo que falar em gigante
adormecido leva uma bordoada
dele. Qualquer gigante ficaria uma
fera no lugar dele. Há muito
tempo que esse gigante acorda
cedo, e trabalha até tarde. Por
isso, esperamos sinceramente que
seja a última vez que alguém fala
em gigante adormecido. E, agora,
a mensagem do nosso gigante:
pare de falar e trabalhe. Porque o
futuro não existe até que você
mesmo o faça. E o seu país é este,
nos outros você não passa de um

12. O presidente Ernesto Geisel, seu secretário
particular, Heitor Ferreira, e o chefe do
Gabinete Civil, Golbery do Couto e Silva,
tinham por hábito manter uma intensa
comunicação por meio de pequenos
bilhetes que correspondiam aos e-mails
informais de hoje. Por volta de 1975, Heitor
mandou a seguinte notinha aos dois:
“Estou acompanhando os informes
do SNI, as sínteses e conclusões
etc., e vejo que há um bom bocado
de companheiros que é fascista e
não sabe.
Estão repetindo fórmulas e
caminhos que deram em água de
barrela não poucas vezes.
“Nativistas”, nacionalistas, duros,
paraquedistas, radicais, ultras. Só
falta aparecer o general Massu. E há
candidatos, lá isso não falta.”