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Juliana Mantovani
Profas
DE DEZEMBRO
adjetivos em foco oficina de
análise
linguística
"A língua errada do povo?"
O texto e seu contexto
Olha para estas mãos
de mulher roceira,
esforçadas mãos cavouqueiras.
Pesadas, de falanges curtas,
sem trato e sem carinho.
Ossudas e grosseiras.
Mãos que jamais calçaram luvas.
Nunca para elas o brilho dos anéis.
Minha pequenina aliança.
Um dia o chamado heroico emocionante:
- Dei Ouro para o Bem de São Paulo.
Mãos que varreram e cozinharam.
Lavaram e estenderam
roupas nos varais.
Pouparam e remendaram.
Mãos domésticas e remendonas.
O texto e seu contexto
Íntimas da economia,
do arroz e do feijão
da sua casa.
Do tacho de cobre.
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Da acha de lenha.
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e faziam sabão.
Minhas mãos doceiras...
Jamais ociosas.
Fecundas. Imensas e ocupadas.
Mãos laboriosas.
Abertas sempre para dar,
ajudar, unir e abençoar.
Mãos de semeador...
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procurando a terra.
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os júbilos da colheita.
Cora Coralina
O texto e seu contexto
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Mãos tenazes e obtusas,
feridas na remoção de pedras e tropeços,
quebrando as arestas da vida.
Mãos alavancas
na escava de construções inconclusas.
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que nunca encontrou nada na vida.
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apresentado/
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esse eu-lírico é
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longo do texto?
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forma como ele é
representado?
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o eu-lírico?
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poema
publicado em
1976
Análise do texto
O eu-lírico é representado por uma das partes de seu corpo.
Qual?
Como podemos chamar essa forma de representar o eu-lírico?
Identifique como essa parte do corpo vai sendo descrita,
caracterizada ao longo do texto.
De que forma esses recursos linguísticos usados para
caracterizar o eu-lírico (sua representação) contribui para a
construção dos sentidos do poema?
1.
2.
3.
4.
Olha para estas mãos
de mulher roceira,
esforçadas mãos cavouqueiras.
Pesadas, de falanges curtas,
sem trato e sem carinho.
Ossudas e grosseiras.
Mãos que jamais calçaram luvas.
Nunca para elas o brilho dos anéis.
Minha pequenina aliança.
Um dia o chamado heroico emocionante:
- Dei Ouro para o Bem de São Paulo.
Mãos que varreram e cozinharam.
Lavaram e estenderam
roupas nos varais.
Pouparam e remendaram.
Mãos domésticas e remendonas.
Na sua opinião, quais diferenças
sintáticas surgem a medida que as
mãos vão sendo descritas? Observe
alguns trechos grifados.
(1) Estas mãos que jamais calçaram luvas são de mulher roceira.
Nunca (haverá) o brilho dos anéis para elas.
(1.1) Estas mãos que jamais calçaram luvas (elas) são de mulher roceira.
(2) Estas mãos que varreram e cozinharam são pesadas e de falanges curtas.
Elas lavaram e estenderam roupas nos varais.
Mãos domésticas e remendonas pouparam e remendaram.
(2.1) Estas mãos que varreram e cozinharam (elas) são pesadas e de falanges curtas.
Considerando essas propostas de
reescrita dos versos, que efeito de
sentido os trechos grifados
aparentam conferir à descrição das
"mãos"?
"Que encestavam o velho barreleiro
e faziam sabão" (5ª estrofe).
"Minhas mãos raízes
procurando a terra" (7ª estrofe).
"Mãos tenazes e obtusas,
feridas na remoção de pedras e tropeços,
quebrando as arestas da vida." (8ª estrofe)
"Mãos pequenas e curtas de mulher
que nunca encontrou nada na vida." (9ª estrofe)
O que acontece nos trechos grifados
das 7ª e 8ª estrofes? Há alguma
alteração no sentido?
Que efeito tem o uso dos
adjetivos na reportagem?
Afinal, estamos
falando de quê?
Adjetivos e orações
adjetivas!
o que são?
pra quê servem?
"Na tradição escolar, aprendemos que os adjetivos são as palavras
que expressam as 'qualidades'" (BAGNO, p.665)
Disputa teórica e histórica: adjetivo está na "casa" do verbo, ou na
"casa" dos substantivos".
"O adjetivo é, portanto, algo que se 'lança ao lado', que 'se coloca
junto de' outra palavra"; "(...) todo adjetivo traz implícito um verbo, o
verbo ser".
Exemplo de Bagno (p.666): Viviane vive/ Viviane é alguém que vive.
O adjetivo: o que é e pra quê serve?
"(...) os adjetivos compartilhavam algumas características importantes com
os substantivos: apresentavam número (singular, dual, plural) e gênero
(masculino, feminino e neutro)".
"A vantagem de vincular assim essas duas funções vem do fato de que as
palavras em português que têm uma desses propriedades mostram grande
facilidade de adquirir a outra. Assim, nomes próprios como Kubitschek"
podem ser "modificadores em expressões como o governo Kubitschek".
(PERINI, 2006, apud BAGNO, 2012).
Minissentença: Eu considero a Sônia brilhante/ Eu considero que a Sônia é
brilhante. (predicação efetuada pelo adjetivo) (BAGNO, p.669)
O adjetivo: o que é e pra quê serve?
"(...) as construções de tópico do PB são
continuações de estruturas do português
arcaico (...)" (CASTILHO apud BAGNO, 2012,
p. 923)
Orações adjetivas
"(...) as sentenças adjetivas - em diversas línguas
românicas, línguas analíticas por excelência - têm
sofrido um processo de desmonte: a palavra
QUE se despronominalizou, perdeu sua função
anafórica, e se transformou em mero conector
de duas sentenças independentes"
"O PB é uma língua em que as estruturas de
tópico-comentário ganham cada vez mais
espaço (...)"
"Existe um forte parentesco entre as estratégias
de relativização (...) e as construções de tópico n
o PB".
"(...) a topicalização se
caracteriza, segundo
diversos autores, por
colocar um elemento em
destaque (...) É o mesmo
fenômeno que verificamos
nas estratégias de
relativização"
"Nascimento (2005, p. 64) preferiu denominar esse terceiro tipo como
modalização avaliativa, porque, mais do que revelar um sentimento ou
emoção do locutor em função da proposição ou enunciado, esse tipo de
modalização indica uma avaliação da proposição por parte do falante,
emitindo um juízo de valor e indicando, ao mesmo tempo, como o falante
quer que essa proposição seja lida."
" É em decorrência dessa avaliação que se pode falar em juízo de valor".
(NASCIMENTO, 2009, p.1372)
O adjetivo: o que é e pra quê serve?
Na análise proposta, observar os
recursos utilizados para a
construção das descrições "é
uma ferramenta importante nas
aulas de literatura, pois
contribui para desvelar traços
da criação literária".
(MENDONÇA, 2006, p. 212)
Ensino de Gramática
Objeto de ensino:
adjetivos, locuções adjetivas e orações
adjetivas
Estratégia mais usada:
Exposição de frases para identificação e
classificação dos termos; exposição de listas
a serem memorizadas etc.
Análise Linguística
Objeto de ensino:
processos de adjetivação/qualificação
Sugestão de estratégias:
Leitura, comparação e observação dos
textos com o suporte das gramáticas.
Competência esperada
Perceber que:
A adjetivação pode ser construída por meio de
várias estratégias e recursos, criando diferentes
efeitos de sentido;
Gêneros diferentes admitem certas adjetivações
e não outras, como as reportagem com
descrições mais modalizadas que um poema.
"Na verdade, é uma falsa questão, pois a nomenclatura técnica é parte
dos objetos de ensino, ou seja, nomear os fenômenos é necessário para
a construção de qualquer saber científico. A nomenclatura é mais uma
ferramenta no processo de aprendizagem, o que não equivale a eleger o
objetivo das aulas o domínio dos termos técnicos (...)" (MENDONÇA,
2006, p.217)
E a nomenclatura: ensinar ou não?

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  • 1. 15 Larissa Dantas Juliana Mantovani Profas DE DEZEMBRO adjetivos em foco oficina de análise linguística "A língua errada do povo?"
  • 2. O texto e seu contexto Olha para estas mãos de mulher roceira, esforçadas mãos cavouqueiras. Pesadas, de falanges curtas, sem trato e sem carinho. Ossudas e grosseiras. Mãos que jamais calçaram luvas. Nunca para elas o brilho dos anéis. Minha pequenina aliança. Um dia o chamado heroico emocionante: - Dei Ouro para o Bem de São Paulo. Mãos que varreram e cozinharam. Lavaram e estenderam roupas nos varais. Pouparam e remendaram. Mãos domésticas e remendonas.
  • 3. O texto e seu contexto Íntimas da economia, do arroz e do feijão da sua casa. Do tacho de cobre. Da panela de barro. Da acha de lenha. Da cinza da fornalha. Que encestavam o velho barreleiro e faziam sabão. Minhas mãos doceiras... Jamais ociosas. Fecundas. Imensas e ocupadas. Mãos laboriosas. Abertas sempre para dar, ajudar, unir e abençoar. Mãos de semeador... Afeitas à sementeira do trabalho. Minhas mãos raízes procurando a terra. Semeando sempre. Jamais para elas os júbilos da colheita.
  • 4. Cora Coralina O texto e seu contexto "Estas mãos" Mãos tenazes e obtusas, feridas na remoção de pedras e tropeços, quebrando as arestas da vida. Mãos alavancas na escava de construções inconclusas. Mãos pequenas e curtas de mulher que nunca encontrou nada na vida. Caminheira de uma longa estrada. Sempre a caminhar. Sozinha a procurar o ângulo prometido, a pedra rejeitada.
  • 5. Comentários sobre o texto... Quais são os objetivos do texto lido?
  • 6. Como o eu-lírico é apresentado/ representado? De que forma esse eu-lírico é descrito ao longo do texto? Quais as ações do eu- lírico? Como as ações deste eu-lírico estão ligadas a forma como ele é representado? No texto, quem é o eu-lírico? O texto é um poema publicado em 1976
  • 7. Análise do texto O eu-lírico é representado por uma das partes de seu corpo. Qual? Como podemos chamar essa forma de representar o eu-lírico? Identifique como essa parte do corpo vai sendo descrita, caracterizada ao longo do texto. De que forma esses recursos linguísticos usados para caracterizar o eu-lírico (sua representação) contribui para a construção dos sentidos do poema? 1. 2. 3. 4.
  • 8. Olha para estas mãos de mulher roceira, esforçadas mãos cavouqueiras. Pesadas, de falanges curtas, sem trato e sem carinho. Ossudas e grosseiras. Mãos que jamais calçaram luvas. Nunca para elas o brilho dos anéis. Minha pequenina aliança. Um dia o chamado heroico emocionante: - Dei Ouro para o Bem de São Paulo. Mãos que varreram e cozinharam. Lavaram e estenderam roupas nos varais. Pouparam e remendaram. Mãos domésticas e remendonas. Na sua opinião, quais diferenças sintáticas surgem a medida que as mãos vão sendo descritas? Observe alguns trechos grifados.
  • 9. (1) Estas mãos que jamais calçaram luvas são de mulher roceira. Nunca (haverá) o brilho dos anéis para elas. (1.1) Estas mãos que jamais calçaram luvas (elas) são de mulher roceira. (2) Estas mãos que varreram e cozinharam são pesadas e de falanges curtas. Elas lavaram e estenderam roupas nos varais. Mãos domésticas e remendonas pouparam e remendaram. (2.1) Estas mãos que varreram e cozinharam (elas) são pesadas e de falanges curtas. Considerando essas propostas de reescrita dos versos, que efeito de sentido os trechos grifados aparentam conferir à descrição das "mãos"?
  • 10. "Que encestavam o velho barreleiro e faziam sabão" (5ª estrofe). "Minhas mãos raízes procurando a terra" (7ª estrofe). "Mãos tenazes e obtusas, feridas na remoção de pedras e tropeços, quebrando as arestas da vida." (8ª estrofe) "Mãos pequenas e curtas de mulher que nunca encontrou nada na vida." (9ª estrofe) O que acontece nos trechos grifados das 7ª e 8ª estrofes? Há alguma alteração no sentido?
  • 11. Que efeito tem o uso dos adjetivos na reportagem?
  • 12. Afinal, estamos falando de quê? Adjetivos e orações adjetivas! o que são? pra quê servem?
  • 13. "Na tradição escolar, aprendemos que os adjetivos são as palavras que expressam as 'qualidades'" (BAGNO, p.665) Disputa teórica e histórica: adjetivo está na "casa" do verbo, ou na "casa" dos substantivos". "O adjetivo é, portanto, algo que se 'lança ao lado', que 'se coloca junto de' outra palavra"; "(...) todo adjetivo traz implícito um verbo, o verbo ser". Exemplo de Bagno (p.666): Viviane vive/ Viviane é alguém que vive. O adjetivo: o que é e pra quê serve?
  • 14. "(...) os adjetivos compartilhavam algumas características importantes com os substantivos: apresentavam número (singular, dual, plural) e gênero (masculino, feminino e neutro)". "A vantagem de vincular assim essas duas funções vem do fato de que as palavras em português que têm uma desses propriedades mostram grande facilidade de adquirir a outra. Assim, nomes próprios como Kubitschek" podem ser "modificadores em expressões como o governo Kubitschek". (PERINI, 2006, apud BAGNO, 2012). Minissentença: Eu considero a Sônia brilhante/ Eu considero que a Sônia é brilhante. (predicação efetuada pelo adjetivo) (BAGNO, p.669) O adjetivo: o que é e pra quê serve?
  • 15. "(...) as construções de tópico do PB são continuações de estruturas do português arcaico (...)" (CASTILHO apud BAGNO, 2012, p. 923) Orações adjetivas "(...) as sentenças adjetivas - em diversas línguas românicas, línguas analíticas por excelência - têm sofrido um processo de desmonte: a palavra QUE se despronominalizou, perdeu sua função anafórica, e se transformou em mero conector de duas sentenças independentes" "O PB é uma língua em que as estruturas de tópico-comentário ganham cada vez mais espaço (...)" "Existe um forte parentesco entre as estratégias de relativização (...) e as construções de tópico n o PB". "(...) a topicalização se caracteriza, segundo diversos autores, por colocar um elemento em destaque (...) É o mesmo fenômeno que verificamos nas estratégias de relativização"
  • 16. "Nascimento (2005, p. 64) preferiu denominar esse terceiro tipo como modalização avaliativa, porque, mais do que revelar um sentimento ou emoção do locutor em função da proposição ou enunciado, esse tipo de modalização indica uma avaliação da proposição por parte do falante, emitindo um juízo de valor e indicando, ao mesmo tempo, como o falante quer que essa proposição seja lida." " É em decorrência dessa avaliação que se pode falar em juízo de valor". (NASCIMENTO, 2009, p.1372) O adjetivo: o que é e pra quê serve?
  • 17. Na análise proposta, observar os recursos utilizados para a construção das descrições "é uma ferramenta importante nas aulas de literatura, pois contribui para desvelar traços da criação literária". (MENDONÇA, 2006, p. 212) Ensino de Gramática Objeto de ensino: adjetivos, locuções adjetivas e orações adjetivas Estratégia mais usada: Exposição de frases para identificação e classificação dos termos; exposição de listas a serem memorizadas etc. Análise Linguística Objeto de ensino: processos de adjetivação/qualificação Sugestão de estratégias: Leitura, comparação e observação dos textos com o suporte das gramáticas. Competência esperada Perceber que: A adjetivação pode ser construída por meio de várias estratégias e recursos, criando diferentes efeitos de sentido; Gêneros diferentes admitem certas adjetivações e não outras, como as reportagem com descrições mais modalizadas que um poema.
  • 18. "Na verdade, é uma falsa questão, pois a nomenclatura técnica é parte dos objetos de ensino, ou seja, nomear os fenômenos é necessário para a construção de qualquer saber científico. A nomenclatura é mais uma ferramenta no processo de aprendizagem, o que não equivale a eleger o objetivo das aulas o domínio dos termos técnicos (...)" (MENDONÇA, 2006, p.217) E a nomenclatura: ensinar ou não?