O documento discute as visões de Durkheim, Marx, Engels, Weber e Childe sobre o trabalho e seu papel no desenvolvimento humano. Para Durkheim, o trabalho é um fato social que proporciona coesão às sociedades. Marx viu o trabalho como processo entre homem e natureza que modifica ambos. Engels destacou como o uso das mãos pelos ancestrais humanos contribuiu para a evolução da espécie. Weber analisou o trabalho segundo diferentes tipos de ação social. Já Childe associou o surgimento de ferramentas de pedra ao desen
DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...
O trabalho na idade da pedra
1. O Trabalho no desenvolvimento do
ser humano
Professor Douglas Almeida
2. Reflexões sobre o Trabalho na
concepção durkheimiana
Para Émile Durkheim (1858-1917), o
trabalho é um fato social presente em todos
os tipos de sociedade, ou seja, o trabalho é
algo que se impõe a nós indivíduos,
independente da nossa vontade.
Em “Da Divisão do Trabalho Social” (1893),
Durkheim buscou desvelar os fatores que
possibilitam a coesão (unidade, estabilidade)
e a permanência (ou continuidade) das
relações sociais ao longo do tempo e de
gerações. Para ele, a existência de qualquer
sociedade só seria possível mediante certo
grau de consenso, no qual se assenta em
diferentes tipos de solidariedade social.
3. Reflexões sobre o Trabalho na
concepção durkheimiana
Solidariedade mecânica: prevalece naquelas sociedades ditas
"primitivas" ou "arcaicas", ou seja, em agrupamentos humanos de
tipo tribal formado por clãs. Nestas sociedades, os indivíduos que a
integram compartilham das mesmas noções e valores sociais tanto
no que se refere às crenças religiosas como em relação aos
interesses materiais necessários a subsistência do grupo.
Solidariedade orgânica: é a do tipo que predomina nas sociedades
ditas "modernas" ou "complexas" do ponto de vista da maior
diferenciação individual e social. A divisão econômica do trabalho
social é mais desenvolvida e complexa e se expressa nas diferentes
profissões e variedade das atividades industriais.
4. Reflexões sobre o Trabalho na
concepção marxista
No Livro I de “O Capital” (1863), Karl
Marx (1818-1883) define o trabalho
como um processo entre o homem e a
natureza.
Do confronto com a matéria natural o
homem extraí sua potência natural, cuja
apropriação lhe serve para a
manutenção e reprodução de sua
própria vida.
Agindo sobre a natureza externa e
modificando-a por meio desse
movimento, ele modifica, ao mesmo
tempo sua própria natureza (MARX,
2013, p. 327).
5. Reflexões sobre o Trabalho na
concepção marxista
Em “O papel do trabalho na transformação do
macaco em homem” (1876) Friedrich Engels
(1820-1895) valorizou o papel das funções
motoras no desenvolvimento dos antepassados do
homo sapiens sapiens.
Das tarefas executadas pelos antigos hominídios
até as tarefas complexas desempenhadas pelo
homo sapiens, a utilização das mãos foram
determinantes para a evolução do homem.
6. Reflexões sobre o Trabalho na
concepção marxista
“A mão não é apenas o órgão do
trabalho; é também produto dele.
Unicamente, pelo trabalho, pela adaptação
a novas e novas funções, pela transmissão
hereditária do aperfeiçoamento especial
assim adquirido pelos músculos e
ligamentos e, num período mais amplo,
também pelos ossos; unicamente pela
aplicação sempre renovada dessas
habilidades transmitidas a funções novas e
cada vez mais complexas foi que a mão do
homem atingiu esse grau de perfeição que
pôde dar vida, como por artes de magia,
aos quadros de Rafael, às estátuas de
Thorwaldsen e a música de Paganini”
(ENGELS, 1999, p. 7, 8).
7. Reflexões sobre o Trabalho na
concepção weberiana
Para Max Weber (1864-1920) toda
ação o é porque tem um sentido
subjetivamente visado pelo agente
em relação ao comportamento do
outro.
O trabalho é ação social no sentido
weberiano na medida em que
definimos o trabalho como utilização
de energia física, intelectual e
emocional para produzir bens e
serviços para si próprio e para os
outros (BARBOSA, 2012, p. 96).
8. Reflexões sobre o trabalho na
concepção weberiana
O Trabalho segundo os tipos ideais de ação social em Weber:
1) O trabalho como ação tradicional: orientada pelo costume
arraigado;
2) O trabalho como ação afetiva: orientado por afetos e estados
emocionais;
3) O trabalho como ação racional referente à valores: orientada
pela crença consciente em valores (estético, ético, religioso, etc).
4) O trabalho como ação racional referente à fins: orientada
pelas expectativas quanto ao comportamento dos outros em
relação as ações de determinado indivíduo.
9. As primeiras ferramentas dos
homens na Idade da Pedra
Para o filólogo australiano Gordon
Childe (1892-1957) o
aparecimento do homem e a
confecção das primeiras
ferramentas se situam no período
entre 500 mil anos à 10 mil anos.
Gordon Childe possui uma visão
marxista da pré-história,
compreendendo a evolução do
homem em humano por meio do
trabalho.
10. Paleolítico ou Idade da Pedra Lascada
(2,5 milhões à 10.000 a.C.)
Para Gordon Childe (1981) a atividade
de lascar pedras para a criação de
instrumentos pontiagudos foram úteis
para os homens primitivos serviria na
caça e manuseio de alimentos. Foi
lascando pedras que o homem
descobriu o fogo, uma das tecnologias
mais importantes da humanidade. A
partir dele a possibilidade de se fazer
fogueiras para aquecer o grupo, o
cozimento de alimentos proporcionou
uma maior sobrevivência, com
consequente aumento demográfico.
11. Paleolítico ou Idade da Pedra
Lascada (2,5 milhões à 10.000 a.C.)
Em geral, Gordon Childe (1981) reforça que os
primeiros instrumentos devem ter sido objetos
naturais levemente modificados. Os
instrumentos de madeira desapareceram
irremediavelmente. Os instrumentos de pedra
são semelhantes aos seixos naturais. Diversos
sítios arqueológicos, com seus quilos de
instrumentos depositados são provas
incontestáveis da Idade da Pedra.
12. Neolítico ou Idade da Pedra Polida
(10.000 a.C. a 5.000 a.C.)
O período Neolítico foi marcado por modificações climáticas
alteraram drasticamente a vida vegetal. A caça tornou-se uma
tarefa difícil para os homens que e se instalaram nas margens dos
rios, o que contribuiu para o desenvolvimento da agricultura.
Gordon Childe (1981) supõe que o papel das mulheres foi
decisivo para a mudança da vida nômade para a vida sedentária.
Enquanto os homens eram caçadores-coletores, as mulheres ao
cuidar dos filhos tiveram o contato as sementes e ervas silvestres,
precursoras do trigo e da cevada. A partir desta descoberta os
grupos humanos passaram a plantar as sementes, em terreno
próprio, e cultivar a terra semeada. Sem dúvida, as mulheres
deram o primeiro passo para a Revolução Neolítica.
13. Neolítico ou Idade da Pedra Polida
(10.000 a.C. a 5.000 a.C.)
Pressionados pela desertificação das terras, os animais selvagens se
aproximaram das áreas habitadas pelos humanos. Os homens
passaram a estudar seus hábitos e, ao invés de matá-los, domesticá-
los e dominá-los.
Além do plantio das sementes, Gordon Childe (1981) supõe que as
mulheres foram as responsáveis pela criação da cerâmica e as
primeiras fibras naturais em fio, como a lã e o linho, que
favoreceram a confecção de tecidos.
As famílias neolíticas viviam em choças de barro, caniços, madeira ou
pedra. Para ajudá-los nessas atividades os homens produziram uma
série de ferramentas especializadas. O machado de pedra política é
considerado o principal equipamento neolítico.
15. Idade dos Metais (5.000 a.C. a
3.500 a.C)
O desenvolvimento de técnicas de
fundição de metais possibilitou o
abandono progressivo dos
instrumentos de pedra.
O primeiro metal a ser fundido foi o
cobre, posteriormente o estanho.
Da fusão desses dois metais, surgiu
o bronze, mais duro e resistente,
com o qual fabricavam espadas,
lanças etc. Por volta de 3000 a.C.
produzia-se bronze no Egito e na
Mesopotâmia.
16. Referências
CHILDE, V. G. O que aconteceu na História. Vere Gordon Childe / Tradução
Waltensir Dutra – Terceira edição – Rio de Janeiro : Zahar Editores, 1981.
BARBOSA, M L. O.; QUINTANEIRO, T.; RIVEIRO, P. Conhecimento e
Imaginação : sociologia para o ensino médio / Maria Lígia de Oliveira
Barbosa, Tania Quintaneiro, Patrícia Riveiro – Belo Horizonte : Autêntica
Editora, 2012. - (Coleção práticas docentes 4).
ENGELS, F. O papel do trabalho na transformação do macado em
homem (1876). [Versão para Ebook e eBooksBrasil.com] Friedrich Engels
(1820-1895). Edição Ridendo Castigat Mores, 1999.
MARX, K. O capital [recurso eletrônico] : crítica da economia política :
Livro I : o processo de produção do capital / Karl Marx ; [tradução de
Rubens Ederle]. - São Paulo : Boitempo, 2013.
17. Atividade
A partir dos conhecimentos adquiridos em aula
desenvolva um texto (1 folha) sobre o que
entendeu sobre o Trabalho e o desenvolvimento
do homem. Assista a reportagem sobre o Parque
da Serra da Capivara como material de apoio nas
reflexões.
Link do video: https://www.youtube.com/watch?
v=3MktH27XjUs