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Texto: Efigênia Alves
Ilustrações: Rafael Limaverde
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Texto: Efigênia Alves
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A474t 	 Alves, Efigênia.
O tempo que o tempo tem/ Efigênia Alves; ilustrações de Rafael Limaverde.
- Fortaleza: SEDUC, 2018.
32p.; il.
ISBN 978-85-8171-202-4
1. Literatura infanto-juvenil. I. Limaverde, Rafael. II. Título.
CDU 028.5
Aos meus filhos: Jônatas e Sara Beatriz,
por trazerem o meu tempo de infância
entre doçuras, risos e quintais.
4
A curiosidade morava no coração da menina.
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5
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6
7
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8
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9
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10
A menina, então, se perguntava: “Ter todo o
tempo do mundo significa ser a dona do tempo? E
sendo a dona do tempo, posso mudá-lo de frente para
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mim? Como mexer no tempo?”
11
Fazia tempo que a menina tentava entender
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é muito comprido e não dá para alcançar o seu
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tempo. Ele enxerga as lonjuras e até o que ainda
virá. E descobre todos os segredos!
12
13
O senhor que estava no banco da praça explicou
para a menina:
— O tempo vai desgastando tudo, distanciando
coisas e encurtando distâncias. Desbota
cores, entorta caminhos,
derruba as folhas
das árvores, seca as
correntezas e transborda
riachos. O tempo parece
menino traquino, não
dá ouvidos a ninguém.
14
A menina continuou a pesquisa e anotou cada
resposta:
— Tempo, menina, é aquela velhinha que vai
passando, com cabelo de nuvem em dia de sol
quente, bochechas amaracujadas e olhar sábio,
desses de quem já viu muita coisa na vida. Disse
o vendedor de algodão-doce.
15
— Ora, ora... o tempo é aquela montanha ao longe,
que abriga gerações de bichos e plantas e permanece,
lá, sem descer das alturas — falou uma moça bonita,
dessas que o sorriso vive enfeitando o rosto.
16
— Tempo é um ser invisível, montado num cavalo
de vento, que vive arrepanhando as coisas, levando
tudo para bem distante, como fez com tantas coisas
que eu amava. De tão longe, não dá mais para alcançá-
las — respondeu um rapaz que se dizia poeta, quase
derramando uma lágrima de tempo.
17
A menina também perguntou o que era o tempo
ao seu Antônio da farmácia, que tinha fama de
filósofo, que é uma pessoa que gosta de pensar
sobre todas as coisas:
— O tempo é a prova do existir. Para ele não há
intervalos. Quem fatiou o tempo em minutos, horas,
dias, meses, anos e séculos foi o homem. Mas tudo
em vão, porque o tempo não obedece a ninguém,
não se rende a nada, ele segue e pronto. Cada um
que acompanhe a sua marcha... se puder.
18
— Qual o início e fim do tempo? — perguntou
a menina.
— O tempo é como um fio sem ponta,
ninguém sabe o seu começo nem o seu fim.
Ninguém nunca viu o início nem presenciará
o seu final. Mas o tempo acompanha todos os
princípios e assiste todos os derradeiros.
19
Seu Antônio filósofo olhou ao longe, e
prosseguiu, com voz sossegada:
— O tempo sempre nos promete o amanhã.
E minha mente ficava ocupada com o futuro,
tramando as promessas do depois. Ainda fico nessa
espera. É verdade que o amanhã, até aqui, nunca
faltou, mas talvez um dia ele não chegue...
20
— O tempo escuta as pessoas, seu Antônio?
— Se escuta, finge que não. O certo é que ele
não liga para as dores ou alegrias de ninguém. O
tempo deve ser um andarilho, sem pai nem mãe,
sem moradia e não se apega a ninguém. Vive
vagando e carregando as coisas, numa caminhada
sem fim. Dizem que ele é muito curioso, descobre os
escondidos e sai contando baixinho por aí.
21
— Mais! Me conte mais sobre o tempo.
A menina se entusiasmou.
— É ele que cria a ilusão de passado, presente
e futuro. Há muito tempo, Santo Agostinho
escreveu: “o presente das coisas passadas é a
memória, o presente das coisas presentes é o
olhar e o presente das coisas futuras é a espera.”
Não devemos nos preocupar em entender os
tempos do tempo. Vamos deixá-lo, assim como
as suas “acontecências”, pois não adianta,
ninguém muda o seu curso.
22
E seu Antônio continuou:
— O relógio fatia o tempo, e nessas fatias tudo
se organiza. Sem essas porções, as pessoas viveriam
perdidas na imensidão do tempo. E o tempo,
minha pequena, não volta, mas deixa seu rastro na
memória. O tempo tem a cor do invisível.
23
A menina disse que achava o tempo algo muito
confuso, cada um falava dele de um jeito diferente:
passado, presente, hora, dia, ano, mês, cedo, tarde,
amanhã, ontem, antigamente, novo, minuto, noite.
24
Seu Antônio achou engraçado o comentário
da menina e explicou esses marcadores. Sugeriu
que ela escrevesse, na agenda, a sua própria
experiência com o tempo. A menina não entendeu
muito sobre a passagem do tempo, suas andanças,
mas sabia que ele passava, às vezes rápido ou
devagar demais. E resolveu escrever:
CEDO da manhã, eu acordo. Eu e os
passarinhos. A mamãe disse que eu tenho
obrigação de ir para a escola. Acho que passarinho
não tem relógio, porque tem desobrigação. Eu toco
flauta para os passarinhos.
25
Ganhei a flauta do meu avô. Ele disse que ela
era VELHA. O pai dele foi quem lhe deu aquele
instrumento. Acho que as coisas envelhecem,
porque o tempo se esfrega nelas. O tempo, às
vezes, passa rápido, mas às vezes caminha muito
devagarinho, assim todo tartarugando. Tudo parece
que cabe dentro do tempo.
26
Um MINUTO é muito tempo, esperando a
mamãe vir me pegar na escola. Uma HORA é pouco
tempo para brincar de esconde-esconde, boneca ou
pega-pega.
27
Um DIA é pouco tempo na casa da vovó.
Casa de avó é lugar onde o tempo passa rápido.
O relógio grande da sala não sossega. O ponteiro
fica, o tempo todo, pinotando. E, quando menos se
espera, já é hora de voltar para casa.
28
Gente adulta tem muitos medidores de tempo,
mas ninguém consegue dominá-lo. Se conseguisse,
eu parava o tempo, por aqui, porque queria ser
sempre menina. Parece que todos se preocupam com
a passagem do tempo, estão sempre consultando
relógios e calendários. Apressados.
29
O tempo passa e a gente cresce. Todo ANO faz
aniversário e vai ficando grande. O MÊS do meu
aniversário é o mais bonito. Acho que abril é um
mês de portas e janelas. E, do outro lado das portas
e janelas, tem sempre uma boniteza. HOJE eu sou
criança, mas sei que num AMANHÃ bem comprido
talvez seja uma avó, dessas que o tempo ri para ela.
E eu vou brincar, antes que o tempo passe rápido
e eu vire gente grande.
Porque ninguém sabe o tempo que o tempo tem.
30
31
Efigênia Alves
Olá, meninos e meninas!
Sou Efigênia Alves e moro em Jaguaribe, Ceará. Gosto muitão de ler,
escrever e contar histórias. Histórias de outros tempos e dos tempos
de agora. Gosto tanto que ando espalhando histórias por aí, seja pela
palavra oral ou pela palavra escrita. O tempo sempre me inquietou,
porque não o vemos, mas ele passa e nos transforma. Dia desses eu
era do tamanho de vocês, mas o tempo foi passando e me fez desse
tamanho e desse jeito. Quando eu era pequena, as pessoas grandes me
enchiam de dúvidas, elas sempre falavam do tempo de modos bem
diversos. Eu cresci e continuo com dúvidas, porque ninguém nunca me
explicou direito sobre o tempo. E você, o que sabe sobre ele?
Rafael Limaverde
Sou meio menino, meio gente grande, “comedozim” de rapadura e
açaí, que gosta de Poesia, de banho de chuva, de pintar pelas paredes,
de pipa, de abraço e beijo, de passarinho cantando livre e tantas outras
coisas... Mas tem uma coisa que gosto de verdade. Ler! Deitar na
minha redinha velha e ler até o sono chegar. De ver o mundo através
do olhar do escritor, de viajar em seu mundo, dividir suas aventuras,
medos e alegrias. Gosto de ver como, aos poucos, as palavras dos
livros vão ficando amigas das minhas palavras e ai ganho um montão
delas. E ter montão de palavras é ter também conhecimento, emoções
e ternura. E aí, como meu barato, desde miúdo, é desenho, na medida
em que vou lendo já vou desenhando tudo na cabeça! As palavras
então ganham forma, cores, detalhes, texturas, altura, largura... Então
é só juntar um montão de tinta e colocar tudo no papel. E fico muito,
muito feliz por ter tido, desde sempre, muito livro e papel pertinho
de mim. Quisera eu que todas as crianças do mundo (e de todas as
galáxias!) tivessem o direito simples e precioso de poder ler um livro
e pintar suas histórias. E é assim que quero pintar o mundo! Com
infância, cores, poesia e alegria. Um abraço apertado
a todas as crianças (grandes e pequenas). facebook.com/ilustrasrafael
Realização
Apoio
O Governo do Estado do Ceará desenvolve, com os seus 184 municípios, o
Programa de Aprendizagem na Idade Certa - MAIS PAIC, com o compro-
misso de garantir e elevar a qualidade e os resultados da educação de suas
crianças e seus jovens.
Publicada pela Secretaria da Educação do Estado, através do MAIS PAIC, a
Coleção Paic, Prosa e Poesia, rica em identidade cultural, reúne narrativas
de autores do Ceará que tiveram seus textos selecionados por meio de se-
leção pública. Esse acervo constitui um estímulo a mais para se ler e contar
histórias em sala de aula, garantindo, assim, um letramento competente.

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O tempo que o tempo tem

  • 2.
  • 3. Fortaleza ● Ceará ● 2018 Texto: Efigênia Alves Ilustrações: Rafael Limaverde
  • 4. Copyright © 2018 Efigênia Alves Copyright © 2018 Rafael Limaverde SEDUC - Secretaria da Educação do Estado do Ceará Av. Gen. Afonso Albuquerque Lima, s/n - Cambeba - Fortaleza - Ceará | CEP: 60.822-325 (Todos os Direitos Reservados) Coordenação Editorial, Preparação de Originais e Revisão Raymundo Netto Projeto e Coordenação Gráfica Daniel Dias Revisão Final Marta Maria Braide Lima Conselho Editorial Maria Fabiana Skeff de Paula Miranda Sammya Santos Araújo Antônio Élder Monteiro de Sales Sandra Maria Silva Leite Antônia Varele da Silva Gama Catalogação e Normalização Gabriela Alves Gomes Governador Camilo Sobreira de Santana Vice-Governadora Maria Izolda Cela de Arruda Coelho Secretário da Educação Rogers Vasconcelos Mendes Secretária-Executiva da Educação Rita de Cássia Tavares Colares Coordenador de Cooperação com os Municípios (COPEM) Márcio Pereira de Brito Orientadora da Célula de Apoio à Gestão Municipal Gilgleane Silva do Carmo Orientador da Célula de Fortalecimento da Aprendizagem Idelson de Almeida Paiva Júnior Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) A474t Alves, Efigênia. O tempo que o tempo tem/ Efigênia Alves; ilustrações de Rafael Limaverde. - Fortaleza: SEDUC, 2018. 32p.; il. ISBN 978-85-8171-202-4 1. Literatura infanto-juvenil. I. Limaverde, Rafael. II. Título. CDU 028.5
  • 5. Aos meus filhos: Jônatas e Sara Beatriz, por trazerem o meu tempo de infância entre doçuras, risos e quintais.
  • 6. 4
  • 7. A curiosidade morava no coração da menina. Ela cutucava as dúvidas, que saltavam em perguntas. E a dúvida maior era sobre o que é o tempo, tão falado entre os adultos: — O tempo hoje tá quente! 5
  • 8. – No meu tempo, as coisas eram diferentes. – Gostei dele por muito tempo... – Nossa, me perdi no tempo! E a menina ficava pensando: “Quando uma pessoa se perde no tempo, para se achar, é preciso sair fora dele? O tempo é um ser, um lugar ou um espaço? O que é tempo perdido? Então ele pode ser achado?” Cada um falava do tempo de um jeito diferente: – O tempo tem os seus mistérios... – O tempo ainda vai te dizer. – O meu tempo está chegando. 6
  • 9. 7
  • 10. E as dúvidas sobre o tempo cresciam dentro da menina: “E quando o tempo chega, como sabemos? Se o tempo fala, como é a sua voz? Onde o tempo guarda os seus mistérios?” 8
  • 11. Em cada fala, o tempo ganhava um sentido diferente. Às vezes era a solução; outras vezes, o culpado. 9
  • 12. Tudo era muito confuso... — Deixa que o tempo cura todas as feridas. — Qual é o seu tempo? — Faz tempo que te espero. — Tudo tem seu tempo. — O tempo é o melhor remédio! — O tempo de ser feliz é agora. “Então, a felicidade devia morar dentro de todos os tempos”, a menina desejava. Um dia, disseram para ela: — Você tem todo o tempo do mundo! 10
  • 13. A menina, então, se perguntava: “Ter todo o tempo do mundo significa ser a dona do tempo? E sendo a dona do tempo, posso mudá-lo de frente para trás, misturar o depois com o agora, trocar o hoje pelo ontem, revirar o amanhã e trazer o futuro para perto de mim? Como mexer no tempo?” 11
  • 14. Fazia tempo que a menina tentava entender o que era o tempo. Aquele tempo que os adultos falavam o tempo todo. Então, pegou a sua agenda e resolveu perguntar às pessoas: — O que você sabe sobre o tempo? O rapaz de óculos, que andava apressado, estranhando, respondeu: — O que sei é bem pouco, porque o tempo é muito comprido e não dá para alcançar o seu tamanho. Mas é certo que ninguém se esconde do tempo. Ele enxerga as lonjuras e até o que ainda virá. E descobre todos os segredos! 12
  • 15. 13
  • 16. O senhor que estava no banco da praça explicou para a menina: — O tempo vai desgastando tudo, distanciando coisas e encurtando distâncias. Desbota cores, entorta caminhos, derruba as folhas das árvores, seca as correntezas e transborda riachos. O tempo parece menino traquino, não dá ouvidos a ninguém. 14
  • 17. A menina continuou a pesquisa e anotou cada resposta: — Tempo, menina, é aquela velhinha que vai passando, com cabelo de nuvem em dia de sol quente, bochechas amaracujadas e olhar sábio, desses de quem já viu muita coisa na vida. Disse o vendedor de algodão-doce. 15
  • 18. — Ora, ora... o tempo é aquela montanha ao longe, que abriga gerações de bichos e plantas e permanece, lá, sem descer das alturas — falou uma moça bonita, dessas que o sorriso vive enfeitando o rosto. 16
  • 19. — Tempo é um ser invisível, montado num cavalo de vento, que vive arrepanhando as coisas, levando tudo para bem distante, como fez com tantas coisas que eu amava. De tão longe, não dá mais para alcançá- las — respondeu um rapaz que se dizia poeta, quase derramando uma lágrima de tempo. 17
  • 20. A menina também perguntou o que era o tempo ao seu Antônio da farmácia, que tinha fama de filósofo, que é uma pessoa que gosta de pensar sobre todas as coisas: — O tempo é a prova do existir. Para ele não há intervalos. Quem fatiou o tempo em minutos, horas, dias, meses, anos e séculos foi o homem. Mas tudo em vão, porque o tempo não obedece a ninguém, não se rende a nada, ele segue e pronto. Cada um que acompanhe a sua marcha... se puder. 18
  • 21. — Qual o início e fim do tempo? — perguntou a menina. — O tempo é como um fio sem ponta, ninguém sabe o seu começo nem o seu fim. Ninguém nunca viu o início nem presenciará o seu final. Mas o tempo acompanha todos os princípios e assiste todos os derradeiros. 19
  • 22. Seu Antônio filósofo olhou ao longe, e prosseguiu, com voz sossegada: — O tempo sempre nos promete o amanhã. E minha mente ficava ocupada com o futuro, tramando as promessas do depois. Ainda fico nessa espera. É verdade que o amanhã, até aqui, nunca faltou, mas talvez um dia ele não chegue... 20
  • 23. — O tempo escuta as pessoas, seu Antônio? — Se escuta, finge que não. O certo é que ele não liga para as dores ou alegrias de ninguém. O tempo deve ser um andarilho, sem pai nem mãe, sem moradia e não se apega a ninguém. Vive vagando e carregando as coisas, numa caminhada sem fim. Dizem que ele é muito curioso, descobre os escondidos e sai contando baixinho por aí. 21
  • 24. — Mais! Me conte mais sobre o tempo. A menina se entusiasmou. — É ele que cria a ilusão de passado, presente e futuro. Há muito tempo, Santo Agostinho escreveu: “o presente das coisas passadas é a memória, o presente das coisas presentes é o olhar e o presente das coisas futuras é a espera.” Não devemos nos preocupar em entender os tempos do tempo. Vamos deixá-lo, assim como as suas “acontecências”, pois não adianta, ninguém muda o seu curso. 22
  • 25. E seu Antônio continuou: — O relógio fatia o tempo, e nessas fatias tudo se organiza. Sem essas porções, as pessoas viveriam perdidas na imensidão do tempo. E o tempo, minha pequena, não volta, mas deixa seu rastro na memória. O tempo tem a cor do invisível. 23
  • 26. A menina disse que achava o tempo algo muito confuso, cada um falava dele de um jeito diferente: passado, presente, hora, dia, ano, mês, cedo, tarde, amanhã, ontem, antigamente, novo, minuto, noite. 24
  • 27. Seu Antônio achou engraçado o comentário da menina e explicou esses marcadores. Sugeriu que ela escrevesse, na agenda, a sua própria experiência com o tempo. A menina não entendeu muito sobre a passagem do tempo, suas andanças, mas sabia que ele passava, às vezes rápido ou devagar demais. E resolveu escrever: CEDO da manhã, eu acordo. Eu e os passarinhos. A mamãe disse que eu tenho obrigação de ir para a escola. Acho que passarinho não tem relógio, porque tem desobrigação. Eu toco flauta para os passarinhos. 25
  • 28. Ganhei a flauta do meu avô. Ele disse que ela era VELHA. O pai dele foi quem lhe deu aquele instrumento. Acho que as coisas envelhecem, porque o tempo se esfrega nelas. O tempo, às vezes, passa rápido, mas às vezes caminha muito devagarinho, assim todo tartarugando. Tudo parece que cabe dentro do tempo. 26
  • 29. Um MINUTO é muito tempo, esperando a mamãe vir me pegar na escola. Uma HORA é pouco tempo para brincar de esconde-esconde, boneca ou pega-pega. 27
  • 30. Um DIA é pouco tempo na casa da vovó. Casa de avó é lugar onde o tempo passa rápido. O relógio grande da sala não sossega. O ponteiro fica, o tempo todo, pinotando. E, quando menos se espera, já é hora de voltar para casa. 28
  • 31. Gente adulta tem muitos medidores de tempo, mas ninguém consegue dominá-lo. Se conseguisse, eu parava o tempo, por aqui, porque queria ser sempre menina. Parece que todos se preocupam com a passagem do tempo, estão sempre consultando relógios e calendários. Apressados. 29
  • 32. O tempo passa e a gente cresce. Todo ANO faz aniversário e vai ficando grande. O MÊS do meu aniversário é o mais bonito. Acho que abril é um mês de portas e janelas. E, do outro lado das portas e janelas, tem sempre uma boniteza. HOJE eu sou criança, mas sei que num AMANHÃ bem comprido talvez seja uma avó, dessas que o tempo ri para ela. E eu vou brincar, antes que o tempo passe rápido e eu vire gente grande. Porque ninguém sabe o tempo que o tempo tem. 30
  • 33. 31
  • 34. Efigênia Alves Olá, meninos e meninas! Sou Efigênia Alves e moro em Jaguaribe, Ceará. Gosto muitão de ler, escrever e contar histórias. Histórias de outros tempos e dos tempos de agora. Gosto tanto que ando espalhando histórias por aí, seja pela palavra oral ou pela palavra escrita. O tempo sempre me inquietou, porque não o vemos, mas ele passa e nos transforma. Dia desses eu era do tamanho de vocês, mas o tempo foi passando e me fez desse tamanho e desse jeito. Quando eu era pequena, as pessoas grandes me enchiam de dúvidas, elas sempre falavam do tempo de modos bem diversos. Eu cresci e continuo com dúvidas, porque ninguém nunca me explicou direito sobre o tempo. E você, o que sabe sobre ele? Rafael Limaverde Sou meio menino, meio gente grande, “comedozim” de rapadura e açaí, que gosta de Poesia, de banho de chuva, de pintar pelas paredes, de pipa, de abraço e beijo, de passarinho cantando livre e tantas outras coisas... Mas tem uma coisa que gosto de verdade. Ler! Deitar na minha redinha velha e ler até o sono chegar. De ver o mundo através do olhar do escritor, de viajar em seu mundo, dividir suas aventuras, medos e alegrias. Gosto de ver como, aos poucos, as palavras dos livros vão ficando amigas das minhas palavras e ai ganho um montão delas. E ter montão de palavras é ter também conhecimento, emoções e ternura. E aí, como meu barato, desde miúdo, é desenho, na medida em que vou lendo já vou desenhando tudo na cabeça! As palavras então ganham forma, cores, detalhes, texturas, altura, largura... Então é só juntar um montão de tinta e colocar tudo no papel. E fico muito, muito feliz por ter tido, desde sempre, muito livro e papel pertinho de mim. Quisera eu que todas as crianças do mundo (e de todas as galáxias!) tivessem o direito simples e precioso de poder ler um livro e pintar suas histórias. E é assim que quero pintar o mundo! Com infância, cores, poesia e alegria. Um abraço apertado a todas as crianças (grandes e pequenas). facebook.com/ilustrasrafael
  • 35.
  • 36. Realização Apoio O Governo do Estado do Ceará desenvolve, com os seus 184 municípios, o Programa de Aprendizagem na Idade Certa - MAIS PAIC, com o compro- misso de garantir e elevar a qualidade e os resultados da educação de suas crianças e seus jovens. Publicada pela Secretaria da Educação do Estado, através do MAIS PAIC, a Coleção Paic, Prosa e Poesia, rica em identidade cultural, reúne narrativas de autores do Ceará que tiveram seus textos selecionados por meio de se- leção pública. Esse acervo constitui um estímulo a mais para se ler e contar histórias em sala de aula, garantindo, assim, um letramento competente.