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O Tejo é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia, Mas o Tejo não é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia  Porque o Tejo não é o rio que corre pela minha aldeia.  O Tejo tem grandes navios  E navega nele ainda,  Para aqueles que vêem em tudo o que lá não está,  A memória das naus.  O Tejo desce de Espanha  E o Tejo entra no mar em Portugal.  Toda a gente sabe isso.  Mas poucos sabem qual é o rio da minha aldeia  E para onde ele vai  E donde ele vem.  E por isso, porque pertence a menos gente,  É mais livre e maior o rio da minha aldeia.  Pelo Tejo vai-se para o Mundo.  Para além do Tejo há a América  E a fortuna daqueles que a encontram.  Ninguém nunca pensou no que há para além  Do rio da minha aldeia.  O rio da minha aldeia não faz pensar em nada.  Quem está ao pé dele está só ao pé dele.  Alberto Caeiro
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