1. O PAPEL DO CÁLCIO NO
CRESCIMENTO INFANTIL
Profa. Adj. Tamara Beres Lederer Goldberg
Disciplina de Medicina do Adolescente
Departamento de Pediatria
Faculdade de Medicina de Botucatu
Universidade Estadual Paulista - UNESP
2. Preâmbulo
A compreensão dos mecanismos envolvidos na
mineralização óssea, especialmente aqueles que
ocorrem no período pubertário, poderiam ser uma
resposta ao desenvolvimento de uma massa óssea de
qualidade, que redundasse em anos vividos na
adultícia, bem como durante o envelhecimento da
população, através da potencialização de uma vida
digna, do ponto de vista da autonomia, independência e
capacidade física.
3. Conceitos
• A substutição da cartilagem por ossos mais rígidos começa
precocemente na vida fetal
• O esqueleto cresce, não apenas na vida fetal mas durante a
infância e adolescência
• Modelação formação de novo osso em locais em que não
havia previamente, seguida de remoção de ossos velhos em
outros locais. Necessária para a formação das estruturas
normais esqueléticas
• Remodelação vida fetal atividade celular está devotada
também a remodelação, remoção e recolocação de estruturas já
existentes. Esta se torna a forma dominante da atividade celular
óssea depois da puberdade
Abrams, 2006
4. Artigos
• "Impacto da ingestão de cálcio sobre a mineralização óssea em
adolescentes" publicado na Revista de Nutrição (Campinas), set
2004, vol.17, nº.3, p.351-359. ISSN 1415-5273
• "Mineralização óssea em adolescentes do sexo masculino: anos
críticos para a aquisição da massa óssea" publicado no Jornal
de Pediatria (Rio de Janeiro), dez 2004, vol.80, nº.6, p.461-467.
ISSN 0021-7557
• "Ingestão de cálcio e a sua relação com a prevalência de
sobrepeso e obesidade em adolescentes”, enviado à Revista
Brasileira Materno Infantil, em 2007.
5. IMPACTO DA INGESTÃO DE CÁLCIO SOBRE A
MINERALIZAÇÃO ÓSSEA EM ADOLESCENTES
Carla Cristiane da Silva, Altamir Santos Teixeira,Tamara Beres Lederer Goldberg
• Os adolescentes experimentam vários tipos de maturação, a
cognitiva, expressa pelo desenvolvimento do pensamento
operacional formal, a psicossocial, caracterizada pela definição
da própria identidade, busca de autonomia, questionamento
dos padrões familiares e interação grupal e, a biológica
• Modificações morfológicas, fisiológicas, psicológicas e sociais
intensas e complexas período mais desafiador do
desenvolvimento humano
• Adolescentes indivíduos representados na faixa etária entre 10
e 19 anos (World Health Organization, 1995)
6. IMPACTO DA INGESTÃO DE CÁLCIO SOBRE A
MINERALIZAÇÃO ÓSSEA EM ADOLESCENTES
Eventos pubertários e crescimento físico com a mineralização óssea
• Puberdade período crucial para a aquisição do
conteúdo mineral ósseo (Castro & Amorin, 2000), processo
de mineralização prevenção primária da
osteoporose/osteopenia
• Demonstrar a inter-relação da ingestão dietética de
cálcio com a mineralização óssea, bem como, indicar
interações nutricionais e conseqüências de um aporte
inadequado e repercussões
7. Carrascosa & Guissinyé (1998) advogam que
a mineralização óssea começa na vida fetal e
continua durante a infância e a adolescência,
quando então se estabiliza, entre 21 e 25
anos de idade
IMPACTO DA INGESTÃO DE CÁLCIO SOBRE A
MINERALIZAÇÃO ÓSSEA EM ADOLESCENTES
Eventos pubertários e crescimento físico com a mineralização óssea
8. • Pico da massa óssea redução risco de fraturas,
vinculado a fatores ambientais e genético (Castro &
Amorin, 2000) contribuição de 60 a 80%, endócrinos
através dos esteróides sexuais, do calcitriol, do
IGF-1, (Outila et al., 2001), mecânicos, nível de
atividade física e peso corporal (Chilibeck et al., 1995;
Lima et al., 2000) e influência da maturação sexual
(Lee et al. 1996)
IMPACTO DA INGESTÃO DE CÁLCIO SOBRE A
MINERALIZAÇÃO ÓSSEA EM ADOLESCENTES
Eventos pubertários e crescimento físico com a mineralização óssea
9. IMPACTO DA INGESTÃO DE CÁLCIO SOBRE A
MINERALIZAÇÃO ÓSSEA EM ADOLESCENTES
Aspectos dietéticos a serem considerados em populações de adolescentes
• Mudanças nas preferências alimentares, questionamentos dos
padrões familiares, influência dos grupos de amigos, pressões e
modificações, período de risco nutricional (Gambardella et al., 1999;
Fisberg et al., 2000; Kazapu et al., 2001; Kerruish, et al., 2002)
• Esqueleto maior reservatório do íon cálcio e fosfato 99 e 90%.
Fosfato com cálcio hidroxiapatita [Ca10(PO4)6(OH)2],
moléculas cristalinas (Heilberg, 2000; Khan et al., 2001)
• Deficiência de magnésio em modelos experimentais resulta em
redução do crescimento e do volume, seguida de fragilidade
óssea (Tucker et al., 1995)
10. IMPACTO DA INGESTÃO DE CÁLCIO SOBRE A
MINERALIZAÇÃO ÓSSEA EM ADOLESCENTES
Aspectos dietéticos a serem considerados em populações de adolescentes
• Baixa ingestão de cálcio, beneficiada por mecanismo
compensatório temporário que atua na manutenção dos níveis
adequados desse mineral (Khan et al., 2001)
• Dietary Reference Intake (1997) recomenda 1300 mg/dia,
quantidade máxima tolerada de 2500mg/dia
• Aumento da ingestão protéica promove declínio da osteocalcina
sérica, redução concomitante no turnover ósseo
• Cafeína e fosfatos contidos nos refrigerantes aumentam a
excreção de cálcio (Fisberg et al., 2002)
11. IMPACTO DA INGESTÃO DE CÁLCIO SOBRE A
MINERALIZAÇÃO ÓSSEA EM ADOLESCENTES
Aspectos dietéticos a serem considerados em populações de adolescentes
Buzinaro, Almeida, Mazeto; 2006
Institute of Medicine, DRI; 1997
12. IMPACTO DA INGESTÃO DE CÁLCIO SOBRE A
MINERALIZAÇÃO ÓSSEA EM ADOLESCENTES
Considerações Finais
• A adolescência destaca-se como um período da vida marcado por
grandes mudanças, que também se evidenciam na modelação e
remodelação do conteúdo mineral ósseo, com predomínio do
processo de formação.
• Reafirma-se a importância dos aspectos nutricionais, ambientais e
sociais envolvidos na ingestão do cálcio e de outros minerais
coadjuvantes ao processo de mineralização óssea, dando-se ênfase
às recomendações feitas pela DRI (1997) para essa faixa etária.
• Fica evidente que uma intervenção nutricional adequada atua na
maximização do pico da massa óssea, durante a adolescência,
prevenindo o aparecimento da osteopenia e osteoporose, na vida
futura.
13. MINERALIZAÇÃO ÓSSEA EM ADOLESCENTES DO
SEXO MASCULINO: ANOS CRÍTICOS PARA A
AQUISIÇÃO DA MASSA ÓSSEA
Carla C. Silva, Tamara B. L. Goldberg, Altamir S. Teixeira, José C. Dalmas
• Período da infância e da adolescência marcado por taxa de formação óssea
importante, com predomínio da formação sobre a reabsorção; na idade
adulta, ambos os processos estabilizam-se e, a partir dos 45-50 anos,
principalmente no sexo feminino, ocorre predomínio da reabsorção óssea
• Potencializar o processo melhorar o ganho nesta fase da vida
• A densitometria óssea por atenuação de raio-x de dupla energia propicia
análise precisa e com baixa exposição à radiação, sendo adequada para
avaliação de crianças e adolescentes (Bonjour, 1996; Boot et al., 1997; Plapler, 1997)
• Objetivo: Verificar o comportamento do conteúdo mineral ósseo e da
densidade mineral óssea em adolescentes do sexo masculino em função da
faixa etária e do nível maturacional dos caracteres sexuais secundários
14. MINERALIZAÇÃO ÓSSEA EM ADOLESCENTES DO SEXO MASCULINO:
ANOS CRÍTICOS PARA A AQUISIÇÃO DA MASSA ÓSSEA
Casuística e Métodos
• Adolescentes de 10 a 19 anos, voluntários, saudáveis e estudantes de colégios da rede particular
de ensino, situados no município de Botucatu - Estado de São Paulo. Aprovação da Comissão de
Ética em Pesquisa da Faculdade de Medicina de Botucatu - UNESP, TCLE assinado pelo binômio
adolescente e seu responsável
• Critérios de inclusão: peso entre percentis 10 e 90 e estatura percentis 10 e 97,5 para cada faixa de
idade, índice de massa corporal (IMC) adequado para a idade e com consumo diário de alimentos
lácteos. Não ser tabagista ou etilista, apenas exercícios físicos habituais
• Critérios de exclusão: história de prematuridade ou baixo peso ao nascimento, terapia prolongada
com corticóides, que utilizassem suplementação com cálcio e/ou ferro nos últimos doze meses
que antecediam a pesquisa, que apresentassem as seguintes doenças: diabetes mellitus,
desnutrição aguda ou crônica, doenças ósseas congênitas ou adquiridas, doenças
gastrointestinais acompanhadas de má-absorção, história de nefropatia, com ou sem insuficiência
renal crônica, endocrinopatias, puberdade precoce ou atrasada, consumo crônico de drogas,
fibrose cística, doença celíaca, utilização de drogas que afetem o metabolismo ósseo
negativamente, como, anticonvulsivantes, antiácidos com alumínio, uso exclusivo de dieta
vegetariana, alto consumo de fibras, cafeína ou refrigerantes
15. MINERALIZAÇÃO ÓSSEA EM ADOLESCENTES DO SEXO MASCULINO:
ANOS CRÍTICOS PARA A AQUISIÇÃO DA MASSA ÓSSEA
Casuística e Métodos
• 497 escolares matriculados, 47 adolescentes incluídos
• Entrevista com adolescente e responsáveis, exame físico geral e especial, avaliados caracteres sexuais
secundários, confrontado aos critérios de Tanner
• Caracterização dietética mediante a utilização de um registro alimentar de três dias. Quantificação centesimal
dos inquéritos alimentares efetuada utilizando sistema computacional de análise nutricional desenvolvido pelo
Departamento de Nutrição da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo
• Conteúdo mineral ósseo (CMO) em gramas e da Densidade mineral óssea (DMO) em g/cm2 realizados através de
uma unidade de densitometria óssea de atenuação de raio-x de dupla energia, utilizando um aparelho Hologic
QDR 2000-Plus
• Avaliação da massa óssea realizada na coluna lombar entre L1-L4 e região do fêmur proximal (cólo femural,
trocanter, intertrocanter e triângulo de Ward)
• Faixa etária agrupada: 10 anos completos a 11 anos, 11 meses e 29 dias (FE 1); 12 anos a 13 anos, 11 meses e
29 dias (FE 2); 14 anos a 15 anos, 11 meses e 29 dias (FE 3); 16 anos a 17 anos, 11 meses e 29 dias (FE 4) e dos
18 anos a 19 anos, 11 meses e 29 dias (FE 5)
• Análise: média e desvio-padrão para medidas de peso, estatura, IMC e média de três dias da ingestão de cálcio.
Análise de variância para comparação entre todos grupos etários (FE) e níveis maturacionais frente ao CMO e a
DMO e teste de Tukey, para localizar as diferenças significativas. Nível de significância p<0,05
19. MINERALIZAÇÃO ÓSSEA EM ADOLESCENTES DO SEXO MASCULINO:
ANOS CRÍTICOS PARA A AQUISIÇÃO DA MASSA ÓSSEA
Resultados
Tabela 1 - Caracterização dos adolescentes de acordo para as variáveis peso (kg),
estatura (m), IMC (kg/m2) e aporte total de cálcio(mg/dia).
Faixa Etária
Idade (anos)
Peso (kg)
X SD
Estatura (m)
X SD
IMC (kg/m2)
X SD
Cálcio (mg/dia)
X SD
(FE 1) 10-11 (n=10) 36,25 4,54 c 1,425 0,06 b 17,78 1,31 783 236
(FE 2) 12-13 (n=10) 43,17 9,08 c 1,540 0,08 a 17,99 1,83 740 198
(FE 3) 14-15 (n=10) 57,55 8,86 ab 1,694 0,07 ab 19,97 2,06 a 887 228
(FE 4) 16-17 (n=10) 64,06 7,51 ab 1,729 0,07 ab 21,39 1,79 ab 894 275
(FE 5) 18-19 (n=7) 70,34 3,20 abc 1,803 0,05 ab 21,65 1,16 ab 1073 434 b
Total (n=47) 53,24 14,37 1,628 0,15 19,64 2,98 863 280
Análise de Variância ANOVA e teste de tukey para localização das diferenças entre as faixas etárias.
letras sobrescritas indicam as diferenças entre faixas etárias (p<0,05)
a ≠ existente entre FE 1 com os demais grupos
b ≠ existente entre FE 2 com os demais grupos
c ≠ existente entre FE 3 com os demais grupos
20. MINERALIZAÇÃO ÓSSEA EM ADOLESCENTES DO SEXO MASCULINO:
ANOS CRÍTICOS PARA A AQUISIÇÃO DA MASSA ÓSSEA
Resultados
Tabela 2 - Médias e desvio-padrão do conteúdo mineral ósseo e da densidade mineral óssea nas
regiões da coluna (L1-L4) e do fêmur proximal com relação às faixas de idade
Idade (anos)
CMO-Coluna
(gramas)
DMO-Coluna
(g/cm2)
CMO-Fêmur
(gramas)
DMO-Fêmur
(g/cm2)
(FE 1) 10–11 28,75 4,66 c 0,616 0,056 c 25,51 4,15 c 0,781 0,08 c
(FE 2) 12–13 37,11 11,42 c 0,721 0,123 33,58 11,17 c 0,846 0,09
(FE 3) 14–15 51,92 14,70 ab 0,843 0,139 a 49,67 10,29 ab 1,009 0,15 a
(FE 4) 16–17 60,98 11,35 ab 0,954 0,117 ab 56,58 11,74 ab 1,123 0,18 ab
(FE 5) 18–19 76,72 10,46 abc 1,094 0,132 abc 62,15 7,35 ab 1,205 0,11 ab
Total (n=47) 49,46 19,52 0,830 0,197 44,43 16,48 0,980 0,20
Análise de Variância ANOVA e teste de tukey para localização das diferenças entre as faixas etárias.
letras sobrescritas indicam as diferenças entre faixas etárias (p<0,05)
a ≠ existente entre FE 1 com os demais grupos
b ≠ existente entre FE 2 com os demais grupos
c ≠ existente entre FE 3 com os demais grupos
21. MINERALIZAÇÃO ÓSSEA EM ADOLESCENTES DO SEXO MASCULINO:
ANOS CRÍTICOS PARA A AQUISIÇÃO DA MASSA ÓSSEA
Resultados
Tabela 3 - Médias e desvio-padrão do conteúdo mineral ósseo e da densidade mineral óssea nas
regiões da coluna e do fêmur proximal em função do nível de maturação sexual
Desenvolvimento
Genitais
CMO-Coluna
(gramas)
DMO-Coluna
(g/cm2)
CMO-Fêmur
(gramas)
DMO-Fêmur
(g/cm2)
G1 22,87 0,00 0,561 0,00 21,58 0,00 0,643 0,000
G2 29,29 4,82 0,636 0,060 26,02 4,22 0,798 0,072
G3 34,90 8,58 0,662 0,116 31,49 5,48 0,837 0,061
G4 52,51 14,24 abc 0,858 0,118 abc 51,24 14,36 abc 1,030 0,186 abc
G5 67,03 13,38 abc 1,010 0,139 abc 57,46 8,38 abc 1,134 ,150 abc
Análise de Variância ANOVA e teste de tukey para localização das diferenças entre as faixas etárias.
letras sobrescritas indicam as diferenças entre faixas etárias (p<0,05)
a ≠ existente entre G1 com os demais níveis de maturação sexual
b ≠ existente entre G2 com os demais níveis de maturação sexual
c ≠ existente entre G3 com os demais níveis de maturação sexual
22. MINERALIZAÇÃO ÓSSEA EM ADOLESCENTES DO SEXO MASCULINO:
ANOS CRÍTICOS PARA A AQUISIÇÃO DA MASSA ÓSSEA
Resultados
Figura 1- Variação do conteúdo mineral ósseo de acordo com as faixas etárias
CMO - Coluna
CMO - Fêmur
Idade (anos)
gramas
20
30
40
50
60
70
80
90
10-11 12-13 14-15 16-17 18-19
Análise de Variância ANOVA e teste de tukey para localização das diferenças entre as faixas etárias.
* indica > significativo na CMO- coluna (p<0,05)
§ indica > significativo na CMO- fêmur (p<0,05)
§
*
23. DMO - Coluna
DMO - Fêmur
Idade (anos)
g/cm2
0,5
0,6
0,7
0,8
0,9
1,0
1,1
1,2
1,3
10-11 12-13 14-15 16-17 18-19
MINERALIZAÇÃO ÓSSEA EM ADOLESCENTES DO SEXO MASCULINO:
ANOS CRÍTICOS PARA A AQUISIÇÃO DA MASSA ÓSSEA
Resultados
Análise de Variância ANOVA e teste de tukey para localização das diferenças entre as faixas etárias.
* indica > significativo na DMO- coluna (p<0,05)
§ indica > significativo na CMO- fêmur (p<0,05)
Figura 2- Variação da densidade mineral óssea entre as faixas etárias
§
*
24. CMO - Coluna
CMO - Fêmur
Maturação sexual (genitais)
gramas
10
20
30
40
50
60
70
80
G1 G2 G3 G4 G5
Análise de Variância ANOVA e teste de tukey para localização das diferenças entre as faixas etárias
* indica ≠ CMO- coluna com G1, G2 e G3
§ indica ≠ CMO- fêmur com G1, G2 e G3
Figura 3- Variação do conteúdo mineral ósseo em relação aos níveis de maturação sexual
MINERALIZAÇÃO ÓSSEA EM ADOLESCENTES DO SEXO MASCULINO:
ANOS CRÍTICOS PARA A AQUISIÇÃO DA MASSA ÓSSEA
Resultados
§
* §
*
25. DMO - Coluna
DMO - Fêmur
Maturação sexual (genitais)
g/cm2
0,5
0,6
0,7
0,8
0,9
1,0
1,1
1,2
1,3
G1 G2 G3 G4 G5
MINERALIZAÇÃO ÓSSEA EM ADOLESCENTES DO SEXO MASCULINO:
ANOS CRÍTICOS PARA A AQUISIÇÃO DA MASSA ÓSSEA
Resultados
Análise de Variância ANOVA e teste de tukey para localização das diferenças entre as faixas etárias.
* indica ≠ DMO- coluna com G1, G2 e G3
§ indica ≠ DMO- fêmur com G1, G2 e G3
Figura 4 - Variação da densidade mineral óssea em relação aos níveis de maturação sexual
§
*
§
*
26. MINERALIZAÇÃO ÓSSEA EM ADOLESCENTES DO SEXO MASCULINO:
ANOS CRÍTICOS PARA A AQUISIÇÃO DA MASSA ÓSSEA
Discussão e Conclusões
• Benefícios potenciais com dieta rica em cálcio e exercícios físicos efetuados
sistematicamente durante a infância e adolescência (Nordström et al., 1998; Lima et al.,
2001; Crawford et al., 2002).
• Comportamentos formam a base de um estilo de vida saudável relacionado à massa
óssea. Incorporação de hábitos adequados em populações pediátricas tendem a se
perpetuar durante a vida adulta e minimizam o risco de fraturas em idades posteriores
(Lima et al.,2001; Mackelvie et al., 2002)
• Faixa etária dos 14 aos 16 anos período crítico para o processo de mineralização
óssea. Aumento linear na massa óssea durante a infância, com incremento
exponencial durante a puberdade, em vários sítios ósseos estudados (Nordström et al,
1998; Brandão, 1999)
• A partir dos 14 aos 15 anos de idade e entre os níveis maturacionais G4-G5, os
adolescentes do sexo masculino experimentam um acréscimo significativo na massa
óssea
• A delimitação de anos críticos para o acúmulo de tecido ósseo, na coluna lombar e
fêmur proximal, locais afetados pela reabsorção óssea em idade posterior e tendo
como conseqüência alto risco de fraturas, deve ser investigada com a perspectiva de
implantação de futuros programas de prevenção baseados fundamentalmente na
maximização do ganho ósseo durante o período pubertário
27. Ingestão de cálcio e a sua relação com a prevalência
de sobrepeso e obesidade em adolescentes
Tamara Beres Lederer Goldberg, Carla Cristiane da Silva, Luciana Natal Lopes Peres, Marina Nogueira
Berbel, Márcia Braz Heigasi, Josy Maria Cabral Ribeiro, Karina Suzuki, Liene Mílcia Aparecida Josué
• A adolescência é apontada como um período crítico no qual os hábitos da vida são
estabelecidos, dentre eles os alimentares (Cavadini et al., 2000; Kant, 2003)
• O consumo alimentar, nesta fase da vida, sofre interferência de vários fatores: valores
socioculturais, aquisição de uma nova imagem corporal, convivência com seus pares,
situação financeira de familiares, propiciando ou não a aquisição de alimentos, dos
alimentos consumidos fora de casa, do consumo de alimentos semi-preparados, da
atuação da mídia, da aquisição de hábitos alimentares com reflexos na escolha, na
monotonia e na forma de preparo dos mesmos (Kumanyika, 2000; Garcia et al., 2003)
• A dieta consumida caracteriza-se pela preferência por produtos alimentícios
com elevado valor energético, ou seja, alto teor de gorduras saturadas e
colesterol, além de grande quantidade de sal e carboidratos, acrescida de
reduzido valor nutricional, culminando em não adequação às recomendações
mínimas, para vários grupos de alimentos (Lee et al., 2001)
28. Ingestão de cálcio e a sua relação com a prevalência de
sobrepeso e obesidade em adolescentes
• Mudanças dos hábitos alimentares, estilos de vida e
comportamento social doenças crônicas não
transmissíveis, como: osteopenia ou osteoporose,
sobrepeso e obesidade e suas co-morbidades, hipertensão
arterial, dislipidemias, diabetes mellitus tipo 2, síndrome de
resistência à insulina (IRS) que acometerão os
adolescentes ainda nesta fase da vida ou ao atingirem a
adultícia (Templeton et al., 2005)
• Importante conhecer o consumo alimentar pois, revelam
correlação entre composição da dieta e risco de
morbimortalidade (Pereira et al., 2002; Templeton et al., 2005)
29. Ingestão de cálcio e a sua relação com a
prevalência de sobrepeso e obesidade em
adolescentes
• Objetivos
Avaliar nutricionalmente adolescentes matriculados
em ambulatório destinado a essa faixa etária,
determinar a prevalência de eutróficos, sobrepesos e
obesos, conhecer seu consumo alimentar, enfocando
a ingestão de cálcio, determinar as possíveis relações
entre uma baixa ingestão de cálcio e a prevalência de
sobrepesos e obesos e, as conseqüências no tocante
à saúde publica e individual
30. Ingestão de cálcio e a sua relação com a prevalência
de sobrepeso e obesidade em adolescentes
CASUÍSTICA E MÉTODOS
• Foram avaliados 107 adolescentes na faixa etária de dez a 19 anos
completos, matriculados no Ambulatório de Medicina do Adolescente
da Faculdade de Medicina de Botucatu, de agosto de 2003 a
dezembro de 2004
• Obtido parecer de aprovação da Comissão de Ética em Pesquisa da
Faculdade de Medicina de Botucatu-UNESP
• Realizada avaliação sócio-econômica, utilizando-se como material o
questionário desenvolvido pela Associação Nacional de Empresas
de Pesquisa (ANEP), que questiona grau de escolaridade do chefe
da família e quantidade de alguns bens materiais presentes na casa
(ANEP, 1997)
31. Ingestão de cálcio e a sua relação com a prevalência
de sobrepeso e obesidade em adolescentes
CASUÍSTICA E MÉTODOS
• Adolescentes considerados casos novos Ambulatório de
Medicina do Adolescente avaliados através de anamnese,
exame clínico, avaliação antropométrica e nutricional
• Para avaliar estado nutricional utilizou-se as curvas de
Índice de Massa Corporal (IMC), peso(kg)/estura2(m), de
acordo com a idade e sexo e os respectivos pontos de
corte propostos pelo Centers for Disease Control and
Prevention, que são: eutrofia, entre os percentis 5 e 85;
sobrepeso, entre os percentis 85 e 95 e obesidade,
percentil > 95 (CDC growthcharts, 2002)
32. Ingestão de cálcio e a sua relação com a prevalência
de sobrepeso e obesidade em adolescentes
CASUÍSTICA E MÉTODOS
• Amostra sub-dividida em dois grupos: pacientes eutróficos e outro grupo
por sobrepesos e obesos
• Avaliação dietética pelo método recordatório de 24 horas, relato de todos
alimentos e bebidas consumidos no período de 24 horas, em todas as
refeições realizadas neste intervalo de tempo, permitindo uma estimativa do
consumo
• Entrevistados individualmente, estando um de seus responsáveis presentes
no momento da entrevista, quando necessário
• Alimentos e/ou preparações indicados em medidas caseiras posteriormente
convertidos em gramas.
• Dados sobre os alimentos consumidos (em gramas) na dieta foram
transformados em nutrientes, utilizando-se tabelas de composição química
de alimentos, constantes no software Virtual Nutri, versão 1.0 (1996),
desenvolvido por docentes do Departamento de Nutrição da Faculdade de
Saúde Pública da Universidade de São Paulo (Phillipi et al., 1996)
33. Ingestão de cálcio e a sua relação com a prevalência
de sobrepeso e obesidade em adolescentes
CASUÍSTICA E MÉTODOS
• Alimentos e/ou preparações que não constassem no banco de
dados do Virtual Nutri, informações quanto aos nutrientes
presentes e tamanho das porções consumidas foram retiradas
das Tabela de Composição de Alimentos - Endef - IBGE e da
Tabela de Alimentos em Medidas Caseiras do Departamento de
Nutrição da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de
São Paulo
• Para análise da adequação nutricional de cálcio foi adotada a
recomendação DRI preconizada pelo Food and Nutrition Board
(1998) e pelo National Institute of Health (2000) como padrão, sendo
adotado como critério 100% de adequação, o equivalente ao
consumo de 1300 mg/dia (NIH Consens Statement, 2000)
34. • Excluídos: adolescentes submetidos à terapia prolongada com corticóides ou que
utilizassem suplementação com cálcio, que apresentassem: diabetes mellitus,
desnutrição aguda ou crônica, doenças ósseas congênitas ou adquiridas, doenças
gastrointestinais acompanhadas de má-absorção, história de nefropatia, com ou sem
insuficiência renal crônica, endocrinopatias, puberdade precoce ou atrasada e
consumo crônico de drogas, bem como aqueles considerados em consulta de retorno,
uma vez que já recebiam orientações nutricionais durante suas consultas prévias, o
que poderia interferir em sua avaliação dietética
• Análise Estatística: determinados valores de média (medida de tendência central) e desvio
padrão (medida indicadora de dispersão de dados). Dados armazenados e analisados pelo
Programa estatístico SAS 8.02 (1987) e a seguir realizada Análise de Variância para
comparação entre os grupos, de acordo com o sexo e a avaliação nutricional,
localizando as diferenças significativas. Foi considerado nível de significância de 5%.
Ingestão de cálcio e a sua relação com a prevalência
de sobrepeso e obesidade em adolescentes
CASUÍSTICA E MÉTODOS
35. Ingestão de cálcio e a sua relação com a prevalência
de sobrepeso e obesidade em adolescentes
RESULTADOS
Tabela 1. Caracterização dos adolescentes quanto ao sexo e estado
nutricional
Estado Nutricional Sexo Feminino Sexo Masculino População Geral
Eutrófico
Sobrepeso/Obeso
45 (65,3%)
24 (34,7%)
22 (57,9%)
16 (42,1%)
67 (62,6%)
40 (37,4%)
Total 69 (64,5%) 38 (35,5%) 107 (100%)
36. Ingestão de cálcio e a sua relação com a prevalência
de sobrepeso e obesidade em adolescentes
RESULTADOS
Tabela 2. Caracterização socioeconômica da amostra total de adolescentes
Classe Socioeconômica Nº de adolescentes % de adolescentes
A1 1 0,93
A2 2 1,86
B1 11 10,28
B2 22 20,57
C 53 49,54
D 18 16,82
E 0 0
TOTAL 107 100
37. Ingestão de cálcio e a sua relação com a prevalência
de sobrepeso e obesidade em adolescentes
RESULTADOS
Tabela 3. Consumo de cálcio (mg/dia) e Porcentagem de adequação do consumo
de cálcio de acordo com o sexo e o estado nutricional dos adolescentes
Estado Nutricional Sexo Feminino Sexo Masculino População Geral
Eutrófico
542,3 441,3 (n=45)
(41,7%)
775,5 338,5 ab (n=22)
(59,7%)
618,9 422,4 (n=67)
(47,6%)
Sobrepeso/Obeso
612,9 276,4 (n=24)
(47,1%)
567,3 300,8 (n=16)
(43,6%)
594,6 283,5 (n=40)
(45,7%)
Total
566,9 391,1(n=69)
(43,6%)
687,8±335,5 (n=38)
(52,9%)
609,8 375,2 (n=107)
(46,8%)
Nota: Os resultados estão expressos em valores médios (DP); Dados percentuais comparados com o valor de
referência de 1300mg/dia, segundo Food and Nutrition Board – National Academy of Sciences, 1998 (20).
- a Indica valores de cálcio superiores no sexo masculino em relação ao sexo feminino (p<0,01)
- b Indica valores de cálcio superiores do grupo eutrófico em detrimento ao sobrepeso/obeso (p<0,05)
38. Ingestão de cálcio e a sua relação com a prevalência
de sobrepeso e obesidade em adolescentes
RESULTADOS
Tabela 4. Valores de densidade de cálcio (mg/1000Kcal) de acordo com o sexo e
estado nutricional dos adolescentes
Estado Nutricional Sexo Feminino Sexo Masculino População Geral
Eutrófico 267,8 163,2 356,5 159,2* 296,9 166,1
Sobrepeso/Obeso 303,3 136,4 240,7 118,2 278,3 131,6
Total 280,1 154,3 307,8 153,0 290,0 153,7
Nota. Os resultados estão expressos em valores médios ( DP).
*Indica valores superiores de cálcio nos eutróficos em relação aos sobrepesos/obesos (p<0,05).
39. Ingestão de cálcio e a sua relação com a prevalência
de sobrepeso e obesidade em adolescentes
RESULTADOS
0
200
400
600
800
1000
1200
Eutróficos Sobr/obesos Geral
Cálcio
(mg/dia)
Moças
Rapazes
Gráfico 1 – Dimorfismo sexual com relação à ingestão de cálcio absoluta
* Indica valor de cálcio superior dos rapazes em relação às moças (p<0,05).
*
40. • Há uma estimativa mundial de que 17,6 milhões de crianças abaixo
dos cinco anos estejam com sobrepeso. Segundo o US Surgeon
General, nos Estados Unidos, o número de crianças com sobrepeso
tem dobrado e o de adolescentes, triplicado (WHO Consultation on Obesity,
1997)
• “O problema é mundial e se estende cada vez mais dentro do mundo
em desenvolvimento...”
• Nesta pesquisa a avaliação nutricional foi compatível com a
normalidade em 62,6%, no entanto, 37,4%, eram sobrepesos/obesos.
Proporção revela-se relativamente superior à relatada em estudos
realizados nos Estados Unidos(Kant, 2003) e Brasil (Albano & Souza, 2001)
os quais identificaram valores ao redor de 30%
Ingestão de cálcio e a sua relação com a prevalência
de sobrepeso e obesidade em adolescentes
DISCUSSÃO
41. • Consumo estimado de cálcio, independente do estado
nutricional, tanto para o sexo masculino (687,8 335,5),
como para o feminino (566,9 391,1mg/dia), valores
baixos, correspondendo a 52,9%% e 43,6% dos valores
recomendados pela DRI
• As adolescentes tiveram um consumo significativamente
menor em comparação aos do sexo masculino, resultados
evidenciados em estudos nacionais e internacionais (Lerner et
al., 2000; Kant, 2003; Lee & Recks, 2003)
Ingestão de cálcio e a sua relação com a prevalência
de sobrepeso e obesidade em adolescentes
DISCUSSÃO
42. • Quando as comparações foram realizadas levando-se em conta o estado
nutricional e sexo, as diferenças significantes permaneceram entre aqueles
eutróficos e sobrepeso/obesos do sexo masculino, no entanto não foram
constatadas para o sexo feminino.
• Inadequação da ingestão de cálcio e importância da condição sócio-
econômica interferindo no consumo deste micronutriente. Entre estudantes
de nível sócio econômico elevado de Botucatu e mesma faixa etária, ingestão
média de cálcio de 863mg 280mg/dia, melhor que a encontrada, mas
distante das recomendações da DRI, 66% destas (Silva, Teixeira, Goldberg et al.,
2004)
• Baixo consumo de alimentos fonte de cálcio, como leite e derivados, pela
freqüente e elevada ingestão de refrigerantes
• Adolescentes que tomam grande quantidade de refrigerantes ingerem menos
20% de cálcio
Ingestão de cálcio e a sua relação com a prevalência
de sobrepeso e obesidade em adolescentes
DISCUSSÃO
43. • Baixa ingestão de cálcio como fator contribuinte no surgimento da
obesidade, associada ao risco de hipertensão e à síndrome de
resistência insulínica (IRS) (Scranger, 2005)
• 348 mulheres jovens ingestão de cálcio abaixo do percentil 25,
prevalência de obesidade 15%, caso consumo de cálcio recomendado
pela DRI prevalência de 4% (Zemmel et al., 2004)
• Explicações fisiológicas paratormônio (PTH) e 1,25-hidroxivitamina
D regulam o cálcio intracelular, dietas com baixa ingestão de cálcio
estimulariam os níveis de PTH e da 1,25-OH2-D3 hidroxivitamina D
(calcitriol) favorecem entrada de cálcio intracelular nos adipócitos,
estimulando lipogênese e inibindo lipólise (Zemmel et al., 2004; Scranger,
2005)
Ingestão de cálcio e a sua relação com a prevalência
de sobrepeso e obesidade em adolescentes
DISCUSSÃO E CONCLUSÕES
44. Ingestão de cálcio e a sua relação com a prevalência
de sobrepeso e obesidade em adolescentes
DISCUSSÃO E CONCLUSÕES
• Ligação do Ca com ácidos graxos no colon, inibindo absorção de
gorduras, aumentando excreção
• Ingestão adequada de cálcio na prevenção da ocorrência de obesidade
apontada por vários autores como fator protetor e contestada por
outros (Zemmel et al., 2004; Berkey et al., 2005)
• Evidencia-se a importância da educação nutricional para crianças e
adolescentes, incentivando a ingestão de alimentos de adequado valor
nutritivo, acrescidos de porções de alimentos fonte de cálcio, com o
que se favoreceria a prevenção da obesidade e de suas co-morbidades,
além de incentivar o ganho de uma massa óssea adequada, fator
responsável pela saúde óssea em anos futuros