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O ensino do tuteo e do voseo a partir de histórias em quadrinhos da
                                   Espanha e Argentina



                                                                         Kátia Boroni
                                                             katiaboroni@yahoo.com.br
                                                                             (UNI-BH)

Introdução

             Ao se ensinar o uso do registro informal em língua espanhola é comum
que professores e livros didáticos privilegiem apenas o seu ensino na variedade
peninsular. Atualmente é defendido o ensino das diferentes variedades do espanhol,
porém sabemos ser este um trabalho árduo, já que muitos livros didáticos trabalham
apenas com a variedade espanhola. Portanto, é papel do professor buscar maneiras
de introduzir as demais variedades nas suas aulas, ou enriquecer os exemplos e
atividades dadas aos alunos quando o livro didático já as traz.
             Refletindo sobre um material adequado ao ensino deste conteúdo,
encontramos nas histórias em quadrinhos em língua espanhola um corpus adequado a
este ensino, sendo que se trata de um material autêntico trazendo, portanto, mostras
reais de uso da língua alvo. Por ser formado pela união da linguagem verbal e não
verbal permite ainda ser trabalhado desde os níveis básicos, e uma aproximação do
aluno com a linguagem coloquial, e com o uso dos registros formal e informal.
             Este artigo se limita à análise de um corpus formado por histórias em
quadrinhos da Espanha e Argentina, enfatizando os usos sócio-comunicativos dos
dois registros, nas suas respectivas variedades. Propomos também uma atividade
didática que trabalha com a introdução do voseo, a partir da leitura de histórias em
quadrinhos.




1. O Gênero HQ

             No passado as histórias em quadrinhos eram vistas como prejudiciais ao
desenvolvimento intelectual das crianças, hoje esta visão mudou radicalmente, sendo
que o seu uso didático é recomendado tanto pelos PCNs de língua portuguesa e
estrangeira, quanto pelo Marco Comum Europeu de Ensino de Línguas. Este gênero




Estudos hispânicos: língua, ensino e literatura                                   34
possui, ainda, um fator motivacional muito grande, agradando crianças, jovens até
mesmo os adultos.
             Atualmente este gênero é muito usado nas aulas de língua estrangeira,
assim como nos seus livros didáticos, não apenas para despertar o interesse do aluno
pelo estudo, mas especialmente para trabalhar o aspecto cultural. Hoje se defende
que as aulas de língua estrangeira não podem ignorar o ensino da cultura do povo
nativo desta língua, restringindo-se apenas ao ensino de gramática e vocabulário, já
que é impossível separar uma da outra. Aspectos culturais estão presentes nas
histórias em quadrinhos, e também o uso particular que cada país faz da língua
espanhola. Gordillo cita a importância do uso das histórias em quadrinhos em
espanhol para o ensino da língua, sob esta perspectiva cultural:


                          Los tebeos están cargados de ideología y de formas de ver el mundo,
                          no son meros productores de humor, sino que a través de ellos se
                          transmite la Cultura con mayúsculas y la cultura con minúsculas de un
                          pueblo: reflejan los cambios históricos, sociales, económicos, los
                          modos de vida y la manera de entender el mundo de sus habitantes,
                          sus costumbres, sus hábitos, sus modos lingüísticos (...) (GORDILLO,
                          2001: 230)


        O fato de que as histórias em quadrinhos não são textos produzidos com
finalidade didática também é destacado como uma das vantagens do seu emprego
nas aulas de língua espanhola, por Gordillo:


                          También constituyen material auténtico, de alta calidad artística, <<
                          producidos para fines comunicativos sin ninguna intención de enseñar
                          la lengua>> (MECD, 2001: 144), es decir, no creados artificialmente
                          para fines didáticos, un material que utiliza primordialmente la
                          variante coloquial y refleja siempre un estado de lengua actual y
                          próximo, adecuado al público juvenil, lo que favorece un uso auténtico
                          de la lengua por parte de los aprendices de E/LE. (GORDILLO, 2001:
                          231)


             Podemos perceber como as histórias em quadrinhos são importantes no
ensino de Espanhol/Língua Estrangeira, por se tratarem de material autêntico e
trazerem usos reais da variedade e da cultura do povo de seu criador. Acreditamos,
portanto, ser este o gênero ideal para introduzir aos alunos o tema dos usos da
linguagem formal e informal, em diferentes variedades do Espanhol.




Estudos hispânicos: língua, ensino e literatura                                              35
2. Tuteo ou Voseo

             No primeiro momento em que o aluno tem contato com o aprendizado de
Espanhol como língua estrangeira, ele se depara com algo simples a uma primeira
vista, mas altamente complexo: o registro formal versus o registro informal.
Primeiramente é importante ressaltar a relevância do ensino desta dicotomia nas aulas
de ELE, já que nela estão incluídos valores culturais que são distintos da cultura
brasileira. É de extrema importância que o aluno saiba em quais situações sócio-
comunicativas nos países de fala hispânica se deve usar cada registro, para evitar
problemas de mal entendido cultural.
             Ao se ensinar os registros formal e informal, a questão da variedade
linguistica aparece, já que a língua espanhola possui, pelo menos, seis variedades de
acordo com Herrero (2004): Peninsular, zona do México e América Central, Zona do
Caribe, Zona Andina, Zona do Chile e Zona do Rio da Prata. Surge então a dúvida
sobre qual variedade escolher neste momento, se será ensinado o tuteo ou o voseo
para o tratamento informal no singular, dentre muitos outros questionamentos
possíveis relacionados a este tema.
             Na maioria das vezes os professores e livros didáticos de espanhol apenas
privilegiam o ensino do tuteo, o uso de tú, por ser o pronome de tratamento informal
mais difundido na Espanha e em grande parte da Hispanoamérica. Porém, o
fenômeno do voseo, o uso do pronome vos para tratamento informal, é muito difundido
na Hispanoamérica, e não apenas na Argentina e no Uruguai. Como geograficamente
estamos muito mais próximos dos países onde o voseo ocorre, são de extrema
relevância e importância o seu estudo e ensino para os alunos brasileiros.
             De acordo com Irala (2004), o ensino do voseo não ocorre nem mesmo no
curso de Letras Espanhol, e quando ele é realizado, seja no nível superior ou
fundamental/médio, é apenas visto como curiosidade, e não como uma marca
linguística de suma importância, tendo em vista a sua larga difusão entre falantes
nativos. O seu estudo sobre a variedade adotada por professores de espanhol foi feito
no interior do Rio Grande do Sul, quase fronteira com o Uruguai. O que foi observado
pela autora é que mesmo em uma região fronteiriça, onde o uso do voseo é
predominante, seria de se esperar que o seu ensino fosse um dos primeiros conteúdos
do currículo, porém ele nem ao menos faz parte do mesmo. A justificativa pela a sua
falta de uso são, segundo Irala, as seguintes:



Estudos hispânicos: língua, ensino e literatura                                    36
O entrave da falta de material específico sobre esse aspecto da
                          linguagem e a insegurança para passar aos alunos um determinado
                          conteúdo que não se tem domínio ou se conhece superficialmente,
                          são uma das principais justificativas para a ausência do “voseo” nas
                          aulas, quando não há o preconceito quanto ao seu uso e a alegação
                          de que não “há necessidade de ensiná-lo”, visto sua “pouca difusão”,
                          quando na realidade, em termos geográficos, esse é o mais difundido
                          que o plural “vosotros”, conforme considerações feitas por Bugel
                          (1999) e totalmente pertinentes com a realidade constatada. (IRALA,
                          2004: 113)


             Como podemos ver na citação acima, o voseo deve ser visto e ensinado
com a mesma importância do tuteo, e como os materiais didáticos raramente o trazem,
é papel do professor buscar outros veículos para o ensino deste fenômeno linguístico.
Porém esta busca deve ser criteriosa para não prejudicar o aluno ao invés de auxiliá-
lo. Segundo Ventura (2001) temos que escolher muito bem o material a ser usado
para apresentar e trabalhar as diferentes variedades aos alunos, ou então eles não
assimilarão corretamente os seus usos.


                          Es necesario que las variedades aparezcan contextualizadas y por
                          medio de un hablante real o posible que muestre dicha variedad en
                          funcionamiento. El profesor no puede sólo hablar sobre las
                          variedades y ser la única voz que las representa, es importante que
                          transmita la palabra a otros hablantes que mostrarán cómo funciona
                          cada variedad. (VENTURA, 2001: 80)


             Podemos perceber como a escolha do corpus para o trabalho com este
assunto deve ser criteriosa. Os alunos devem ter contato com o voseo e o tuteo, além
do vosotros e ustedes em diferentes situações comunicativas e contextos para que
eles possam compreender exatamente como os falantes nativos os utilizam. Além
disso, o material didático a ser usado para este ensino deve ser de fácil compreensão,
não podemos trabalhar           com textos teóricos ou transcrições de situações
comunicativas que estão além do nível de compreensão dos alunos. É também
importante motivar os alunos ao aprendizado deste conteúdo, e levá-los a refletir sobre
as suas diferenças e variedades.
             Para realizarmos este artigo tivemos que escolher apenas duas variedades
por motivos de espaço, a Peninsular e a Rio-Platense. Escolhemos como corpus
algumas histórias de Gaturro, do autor argentino Nik; e Zipi e Zape do autor Espanhol
José Escobar Valiente.




Estudos hispânicos: língua, ensino e literatura                                            37
3. Os personagens e seus criadores


               Escolher apenas dois personagens, um de cada variedade do Espanhol,
 não foi tarefa fácil. Apesar de serem pouco difundidos no Brasil, temos muitos
 personagens e excelentes quadrinistas em todos os países de fala hispânica.
 Decidimos escolher personagens jovens, pensando que na maioria das vezes o
 conteúdo escolhido para ser trabalhado se dá aos alunos do ensino fundamental,
 porém os personagens escolhidos agradam a todas as faixas etárias, sem distinção.
 Da variedade Rio-Platense escolhemos o personagem Gaturro, do quadrinista Nik. Da
 variedade Peninsular escolhemos os personagens Zipi e Zape, do quadrinista José
 Escobar Valiente.



 Gaturro


                                        Gaturro é um gato criado em 1993 pelo humorista
                     argentino Cristian Dzwonik, conhecido como Nik. É o personagem
                     principal da sua tira cômica, e pode ser considerado uma junção de
                     dois personagens famosos, Garfield e Mafalda. Gaturro reflete sobre
                     a política, mas também diverte com situações do cotidiano como


Fonte: site www.gaturro.com      tentar conquistar sua amada Ágatha, ou ir para a escola e
                                 aprender inglês. Gaturro não fala com os humanos, apenas
 pensa, porém conversa com os outros animais que fazem parte da sua turma.



 Zipi e Zape


               São    os       personagens      criados    pelo
 quadrinista espanhol José Escobar ao final dos anos
 50, e que se tornaram um clássico dos quadrinhos
 espanhóis. Estes personagens apesar de muito

 antigos    continuam         atuais,    ao   ponto   de   terem
                                                                   Fonte: ESCOBAR, 1988.
 recentemente estrelado uma animação para o cinema.
 Zipi e Zape são gêmeos endiabrados e vivem aprontando travessuras. Suas histórias



 Estudos hispânicos: língua, ensino e literatura                                           38
refletem o dia a dia de uma criança normal: seu relacionamento familiar, suas
brincadeiras com os amigos, o dia a dia na escola.




4. Corpus selecionado

             Para realizarmos este trabalho escolhemos algumas tiras do personagem
Gaturro, tiradas do seu site oficial: www.gaturro.com, e a história El truco, do livro Gran
Enciclopédia del Cómic (ESCOBAR, 1988).
              Selecionamos diferentes situações sócio-comunicativas no corpus,
sempre confrontando as mesmas situações nas duas variedades para analisar como
cada variedade age nas mesmas situações, em relação ao tratamento formal e
informal. As situações selecionadas foram: em família, com amigos, com
desconhecidos, na escola, com a polícia e no trabalho.




5. Análise do corpus

              Se compararmos as histórias de Gaturro e de Zipi e Zape no uso da
formalidade e da informalidade, podemos perceber algumas diferenças importantes:

Personagens Em                   Com os           Com               No trabalho Na escola
            família              amigos           desconhecidos
Gaturro     O                    Tratamento       Tratamento        Tratamento   A
            tratamento           informal,        formal – uso de   formal – uso professora
            é sempre             uso do           usted e           de usted e   trata os
            informal,            voseo –          ustedes.          ustedes.     alunos
            utilizando           ustedes.                                        formal-
            o voseo e                                                            mente.
            o pronome                                                            Gaturro
            ustedes                                                              trata sua
            para o                                                               professora
            plural.                                                              informal-
                                                                                 mente.
Zipi e Zape       O              Tratamento       Tratamento        Tratamento O
                  tratamento     informal,        formal – uso de   formal – uso professor
                  é sempre       uso do           usted e           de usted e   trata os
                  informal,      tuteo –          ustedes.          ustedes. Só alunos
                  utilizando     vosotros.                          quando há    informal-
                  o tuteo e o                                       intimidade   mente, e
                  pronome                                           entre os     os alunos
                  vosotros                                          empregados o tratam
                  para o                                            percebemos formal-
                  plural.                                           o uso do     mente.
                                                                    tuteo.

Estudos hispânicos: língua, ensino e literatura                                         39
Percebemos que nas histórias de Zipi e Zape o tratamento informal é
sempre o tuteo para o singular e o vosotros para o plural. Apesar de o tratamento
informal aparecer muito entre os familiares e as crianças, no caso dos adultos o
tratamento é sempre formal. Quando há diferença de idade o mais velho trata o jovem
de tú, mas o contrário não é permitido, sendo necessário o uso de usted.
             Nas tirinhas do Gaturro percebemos que o tratamento informal singular é
unicamente o voseo, e no plural o uso de ustedes. Só se tratam informalmente os
amigos e familiares, sendo os conhecidos ou desconhecidos tratados sempre
formalmente. Nas situações de poder sempre o tratamento é formal, tanto do superior
(patrão) quanto do inferior (empregado). Na escola, professores e pais se tratam
formalmente, e os professores com os alunos da mesma maneira. No caso das tiras
analisadas o aluno Gaturro trata a professora informalmente, porém fica impossível
saber no corpus analisado se isto se passa por uma questão irônica, já que ele não se
comunica falando com os humanos. Outro dado interessante é o uso de gírias ou
coloquialismos entre amigos, especialmente o uso de diminutivos.
             Com os dados desta análise e com os anexos, o professor de língua
espanhola pode elaborar atividades didáticas para o ensino da dicotomia formal x
informal dentro das duas variedades analisadas, enfatizando o uso do voseo em
contraste com o uso do tuteo, sendo possível trabalhar com todos os níveis e faixas
etárias. Outra proposta seria criar uma atividade onde se demonstre através das
histórias em quais situações um falante nativo utiliza o registro formal e o informal.
             Para demonstrar como pensamos ser a maneira ideal de trabalhar as
tirinhas para o ensino do tuteo/voseo, propomos em anexo uma atividade introdutória
do assunto, para alunos de nível básico, com a duração de uma a duas horas de aula.
Esperamos assim contribuir dando uma sugestão, sendo que a partir dela cada
professor possa elaborar suas próprias atividades, de acordo com a sua realidade
docente. Na atividade proposta trabalhamos apenas a questão do voseo/tuteo, mas
pensamos ser importante após esta atividade que o professor amplie o assunto,
trabalhando também a dicotomia ustedes/vosotros, para o tratamento informal no
plural.




Conclusão

             Este trabalho se propôs a mostrar como o gênero história em quadrinhos é
um excelente auxílio no ensino de uma língua estrangeira, em especial a língua


Estudos hispânicos: língua, ensino e literatura                                          40
espanhola. São muitos os motivos pelos quais se deve utilizá-lo na escola, desde a
sua qualidade ao fator motivador que ele exerce nos alunos. Porém, o mais importante
é o fato das histórias trazerem a cultura do povo retratado nelas, e este fator cultural
vem adquirindo cada vez mais importância no ensino de uma língua estrangeira ao
longo dos anos.
             Para ensinar o uso do tuteo e do voseo não podemos apenas ensinar a
parte gramatical do conteúdo, precisamos ensinar aos alunos como os falantes nativos
os utilizam, levando em consideração, portanto, a sua cultura nativa. Além disso,
através do ensino desta dicotomia, se amplia a visão do aluno sobre a língua
espanhola, mostrando se tratar de uma língua rica em diversidade e cultura.
             Apesar de ser essencial que o aluno saiba das diferentes variedades do
Espanhol, e dos diferentes usos dos registros formal e informal, o professor não pode
despejar o conteúdo nos alunos, este trabalho deve ser feito com muito cuidado. É
neste momento que acreditamos que as histórias em quadrinhos servem como o
melhor recurso para o ensino não da parte gramatical deste conhecimento, mas da
sua parte prática, dos seus usos. Como hoje é defendido o uso de material autêntico
no ensino de uma língua, não há melhor gênero para mostrar situações comunicativas
e usos reais do idioma estudado.
             Através da atividade didática proposta em anexo, esperamos dar apenas
uma sugestão de como se pode trabalhar o gênero quadrinhos em sala de aula, para o
ensino da variedade linguistica, no caso do tratamento informal, no singular. A partir
desta proposta o professor pode ampliar a atividade de acordo com seu público alvo, e
também criar novas atividades com objetivos didáticos diversos.
             Esperamos que este artigo contribua para a divulgação da importância do
uso didático do gênero história em quadrinhos no ensino da língua espanhola, e que
motive os professores de espanhol a utilizarem os quadrinhos com mais frequência e
com o objetivo de ensinar a cultura do povo representado neles, e não apenas como
um momento de diversão.




Referências

ESCOBAR, José. El truco. In: Zipi y Zape: Gran enciclopedia del cómic. Tomo III, p.
55-58. Madrid: Ediciones Bruch, 1988.

FANJUL, Adrián (org). Gramática y práctica de Español para brasileños. São
Paulo: Moderna, 2005.



Estudos hispânicos: língua, ensino e literatura                                      41
GORDILLO, Carmen Rojas. Diseño de actividades lúdicas para la clase de E/LE
sobre tebeos españoles con material de internet. 2001. Disponível em:
www.sgci.mec.es/br/cv/tebeo. Acesso em 05/08/2009

HERRERO, Maria Antonieta Andión. Variedades del español de América: una
lengua y diecinueve países. Brasília: Thesaurus editora de Brasília, 2004.

IRALA, Valesca Brasil. A opção da variedade de Espanhol por professores em serviço
e pré-serviço. In: Linguagem e ensino. Volume 7, n. 2, 2004.
Disponível em: http://rle.ucpel.tche.br/index.php?sCentro=php/edicoes/v7n2/v7n2.php
Acesso em 05/08/2009.

MARCO COMUM EUROPEU DE ENSINO DE LÍNGUAS.                              Disponível   em:
http://cvc.cervantes.es/ensenanza/biblioteca_ele/marco/default.htm.     Acesso      em:
10/09/2009.

NIK. Gaturro. Disponível em: www.gaturro.com

RAE – Diccionario de la Real Academia Española. Disponível em: www.rae.es

VENTURA, Rosana Pereira. Variaciones en algunos usos pronominales del Español.
In: Actas del IX Seminario de Dificultades Específicas de la Enseñanza del
Español a Lusohablantes: Registros de la lengua y lenguajes específicos. São Paulo:
Thesaurus, 15 de Setembro de 2001. p. 75-81.


Imagens:

Gaturro: site www.gaturro.com
Zipi y Zape: ESCOBAR, José. Zipi y Zape: Gran enciclopedia del cómic. Tomo III.
Madrid: Ediciones Bruch, 1988.


                                ANEXO 1: atividade didática

                                   Historietas en Español

I. Objetivos Generales

Actividad concebida para estudiantes de nivel básico I, jóvenes o adultos, después de
haber estudiado el presente de indicativo (verbos regulares e irregulares). Trabaja con
vocabulario básico, palabras comunes, práctica del presente de indicativo,
comprensión lectora y expresión escrita.

II. Materiales
Las hojas de trabajo en anexo.

III. Duración
1 ó 2 clases de 50 minutos o de una hora




Estudos hispânicos: língua, ensino e literatura                                      42
IV. Procedimiento

A) Preactividad
1. Lectura del texto sobre los personajes Zipi y Zape y Gaturro.
2. Preguntas orales sobre el texto.
3. Explicación del vocabulario nuevo.


B) Actividad
1. Lectura de la tira de Gaturro.
2. Ejercicios de predicción del contenido nuevo (el voseo).
3. Explicación oral del profesor sobre el voseo, usando la tira de Gaturro como
    ejemplo.
4. Lectura de la tira de Zipi y Zape.
5. Ejercicios de predicción del tuteo.
6. Explicación de la variedad lingüística en español, en el caso del tratamiento
    informal en singular.
7. Explicación de los cambios en los verbos en presente de indicativo en el voseo y
    en el tuteo, en las tiras de Gaturro y Zipi y Zape.
8. Explicación del cuadro comparativo entre voseo y tuteo.


C) Pos actividad
Como tarea final, pedir que hagan la actividad 5, rellenar los globos vacíos de la
historieta de Zipi y Zape, y escribir un nuevo final para la historia, utilizando el voseo
para el tratamiento informal en el singular.

V. Bibliografía
FANJUL, Adrián (org). Gramática y práctica de Español para brasileños. São
Paulo: Moderna, 2005.




Estudos hispânicos: língua, ensino e literatura                                              43
¿Conocen algunas historietas en español? Vamos a trabajar hoy con dos
 personajes muy divertidos:


                   Gaturro (www.gaturro.com)

                     Es un personaje creado en 1993 por el humorista gráfico argentino
                     Cristian Dzwonik, más conocido como Nik. Gaturro es un gato marrón,
                     con unos grandes cachetes amarillos con tres bigotes en cada uno. Es
                     el principal personaje de la tira cómica que lleva su nombre. Vive con
                     una familia que lo adoptó de muy chiquito. Le encanta su casa, pero al
                     mismo tiempo le gusta andar por los techos del vecindario. Es un
Fonte: site www.gaturro.com    romántico incurable, está perdidamente enamorado de
                               Ágatha e inventa mil y una técnicas para conquistarla,
  aunque siempre fracasa.


 Zipi y Zape

 Es una serie de historieta humorística creada y
 desarrollada por el autor español José Escobar a partir
 de 1948. Este par de gemelos, que se distinguen entre
 sí por ser uno moreno (Zape) y otro rubio (Zipi), se
 caracterizan principalmente por sus endiabladas
                                                            Fonte: ESCOBAR, 1988.
 travesuras. Son muchachos traviesos e inquietos, si bien
 muchas de sus travesuras no son intencionadas, la mayoría suelen acabar con alguien
 persiguiéndoles

 Vamos ahora a leer una tira cómica de Gaturro, donde él habla con su novia,
 Agatha.




                                                   Fonte: site www.gaturro.com



 Estudos hispânicos: língua, ensino e literatura                                        44
En la historieta podemos notar el uso del pronombre de tratamiento VOS.

  1) Responda algunas preguntas sobre el uso del VOS, de acuerdo con la
                historieta de Gaturro:

                              a) ¿El tratamiento con el uso del VOS es formal o informal? ____
                              b) ¿Cómo está conjugado el verbo SER en la tira? ___________



Fonte: site www.gaturro.com

  2) Completa el cuadro abajo con la explicación del uso del pronombre de
  tratamiento vos:


  En Argentina, Uruguay y otros países tenemos un pronombre de tratamiento llamado
  _____ que se usa para el tratamiento ___________, o sea, entre familia y amigos, en
  el singular. En el presente del indicativo, los verbos se conjugan de manera distinta
  cuando el sujeto es el vos, en el caso del verbo ser, él se queda ________. El uso de
  este pronombre de tratamiento se llama VOSEO.


  ¡Muy bien! Vamos a ver otros verbos conjugados en el voseo:


                                                                           3) ¿Cómo están
                                                                           conjugados los verbos
                                                                           querer y tener en la
                                                                           historieta al lado?

                                                                           ____________

                                                                           ____________




                                          Fonte: site www.gaturro.com

  En el español de España no se usa el vos. ¿Qué pronombre de tratamiento se
  usa en su lugar? Mira este trecho de una historieta de Zipi y Zape abajo y
  descubre:




  Estudos hispânicos: língua, ensino e literatura                       Fonte: ESCOBAR, 1988: 83.   45
4) Completa la explicación abajo:


En España, se usa el pronombre de tratamiento ____ para el tratamiento
___________ , o sea, entre familia y amigos, para el singular. Este uso se llama tuteo.


                 Tenemos entonces dos posibilidades para el tratamiento informal en
                 español, en el singular: el voseo y el tuteo. El voseo ocurre en
                 algunos países como Argentina, Uruguay, Paraguay, y el tuteo en
muchos otros, como México y España.

Mira cómo conjugamos los verbos en el voseo, en el presente de indicativo:

        Formación                     Formas de vos                 Formas de tú
Se quita la í de la forma        ¿Cuántas lenguas hablás?     ¿Cuántas lenguas hablas?
de vosotros. Se mantiene         ¿Querés un té con limón?     ¿Quieres un té con limón?
la acentuación:                  Mi mejor amiga sos vos.      Mi mejor amiga eres tú.
Vosotros sabéis-
 vos sabés
                                                                 Apud FANJUL, A. (2005: 176)

                    5) ¡Ahora vamos a jugar un poco!
                    Imagínate que Zipi y Zape pasaron un tiempo en Argentina y quieren
                    vosear. Completa los globos en blanco con el habla de los
                    personajes e inventa un final para la historia. ¡No te olvides de usar
                    el voseo!




                                                               Fonte: ESCOBAR, 1988: 91.
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O ensino do tuteo e do voseo kátia boroni

  • 1. O ensino do tuteo e do voseo a partir de histórias em quadrinhos da Espanha e Argentina Kátia Boroni katiaboroni@yahoo.com.br (UNI-BH) Introdução Ao se ensinar o uso do registro informal em língua espanhola é comum que professores e livros didáticos privilegiem apenas o seu ensino na variedade peninsular. Atualmente é defendido o ensino das diferentes variedades do espanhol, porém sabemos ser este um trabalho árduo, já que muitos livros didáticos trabalham apenas com a variedade espanhola. Portanto, é papel do professor buscar maneiras de introduzir as demais variedades nas suas aulas, ou enriquecer os exemplos e atividades dadas aos alunos quando o livro didático já as traz. Refletindo sobre um material adequado ao ensino deste conteúdo, encontramos nas histórias em quadrinhos em língua espanhola um corpus adequado a este ensino, sendo que se trata de um material autêntico trazendo, portanto, mostras reais de uso da língua alvo. Por ser formado pela união da linguagem verbal e não verbal permite ainda ser trabalhado desde os níveis básicos, e uma aproximação do aluno com a linguagem coloquial, e com o uso dos registros formal e informal. Este artigo se limita à análise de um corpus formado por histórias em quadrinhos da Espanha e Argentina, enfatizando os usos sócio-comunicativos dos dois registros, nas suas respectivas variedades. Propomos também uma atividade didática que trabalha com a introdução do voseo, a partir da leitura de histórias em quadrinhos. 1. O Gênero HQ No passado as histórias em quadrinhos eram vistas como prejudiciais ao desenvolvimento intelectual das crianças, hoje esta visão mudou radicalmente, sendo que o seu uso didático é recomendado tanto pelos PCNs de língua portuguesa e estrangeira, quanto pelo Marco Comum Europeu de Ensino de Línguas. Este gênero Estudos hispânicos: língua, ensino e literatura 34
  • 2. possui, ainda, um fator motivacional muito grande, agradando crianças, jovens até mesmo os adultos. Atualmente este gênero é muito usado nas aulas de língua estrangeira, assim como nos seus livros didáticos, não apenas para despertar o interesse do aluno pelo estudo, mas especialmente para trabalhar o aspecto cultural. Hoje se defende que as aulas de língua estrangeira não podem ignorar o ensino da cultura do povo nativo desta língua, restringindo-se apenas ao ensino de gramática e vocabulário, já que é impossível separar uma da outra. Aspectos culturais estão presentes nas histórias em quadrinhos, e também o uso particular que cada país faz da língua espanhola. Gordillo cita a importância do uso das histórias em quadrinhos em espanhol para o ensino da língua, sob esta perspectiva cultural: Los tebeos están cargados de ideología y de formas de ver el mundo, no son meros productores de humor, sino que a través de ellos se transmite la Cultura con mayúsculas y la cultura con minúsculas de un pueblo: reflejan los cambios históricos, sociales, económicos, los modos de vida y la manera de entender el mundo de sus habitantes, sus costumbres, sus hábitos, sus modos lingüísticos (...) (GORDILLO, 2001: 230) O fato de que as histórias em quadrinhos não são textos produzidos com finalidade didática também é destacado como uma das vantagens do seu emprego nas aulas de língua espanhola, por Gordillo: También constituyen material auténtico, de alta calidad artística, << producidos para fines comunicativos sin ninguna intención de enseñar la lengua>> (MECD, 2001: 144), es decir, no creados artificialmente para fines didáticos, un material que utiliza primordialmente la variante coloquial y refleja siempre un estado de lengua actual y próximo, adecuado al público juvenil, lo que favorece un uso auténtico de la lengua por parte de los aprendices de E/LE. (GORDILLO, 2001: 231) Podemos perceber como as histórias em quadrinhos são importantes no ensino de Espanhol/Língua Estrangeira, por se tratarem de material autêntico e trazerem usos reais da variedade e da cultura do povo de seu criador. Acreditamos, portanto, ser este o gênero ideal para introduzir aos alunos o tema dos usos da linguagem formal e informal, em diferentes variedades do Espanhol. Estudos hispânicos: língua, ensino e literatura 35
  • 3. 2. Tuteo ou Voseo No primeiro momento em que o aluno tem contato com o aprendizado de Espanhol como língua estrangeira, ele se depara com algo simples a uma primeira vista, mas altamente complexo: o registro formal versus o registro informal. Primeiramente é importante ressaltar a relevância do ensino desta dicotomia nas aulas de ELE, já que nela estão incluídos valores culturais que são distintos da cultura brasileira. É de extrema importância que o aluno saiba em quais situações sócio- comunicativas nos países de fala hispânica se deve usar cada registro, para evitar problemas de mal entendido cultural. Ao se ensinar os registros formal e informal, a questão da variedade linguistica aparece, já que a língua espanhola possui, pelo menos, seis variedades de acordo com Herrero (2004): Peninsular, zona do México e América Central, Zona do Caribe, Zona Andina, Zona do Chile e Zona do Rio da Prata. Surge então a dúvida sobre qual variedade escolher neste momento, se será ensinado o tuteo ou o voseo para o tratamento informal no singular, dentre muitos outros questionamentos possíveis relacionados a este tema. Na maioria das vezes os professores e livros didáticos de espanhol apenas privilegiam o ensino do tuteo, o uso de tú, por ser o pronome de tratamento informal mais difundido na Espanha e em grande parte da Hispanoamérica. Porém, o fenômeno do voseo, o uso do pronome vos para tratamento informal, é muito difundido na Hispanoamérica, e não apenas na Argentina e no Uruguai. Como geograficamente estamos muito mais próximos dos países onde o voseo ocorre, são de extrema relevância e importância o seu estudo e ensino para os alunos brasileiros. De acordo com Irala (2004), o ensino do voseo não ocorre nem mesmo no curso de Letras Espanhol, e quando ele é realizado, seja no nível superior ou fundamental/médio, é apenas visto como curiosidade, e não como uma marca linguística de suma importância, tendo em vista a sua larga difusão entre falantes nativos. O seu estudo sobre a variedade adotada por professores de espanhol foi feito no interior do Rio Grande do Sul, quase fronteira com o Uruguai. O que foi observado pela autora é que mesmo em uma região fronteiriça, onde o uso do voseo é predominante, seria de se esperar que o seu ensino fosse um dos primeiros conteúdos do currículo, porém ele nem ao menos faz parte do mesmo. A justificativa pela a sua falta de uso são, segundo Irala, as seguintes: Estudos hispânicos: língua, ensino e literatura 36
  • 4. O entrave da falta de material específico sobre esse aspecto da linguagem e a insegurança para passar aos alunos um determinado conteúdo que não se tem domínio ou se conhece superficialmente, são uma das principais justificativas para a ausência do “voseo” nas aulas, quando não há o preconceito quanto ao seu uso e a alegação de que não “há necessidade de ensiná-lo”, visto sua “pouca difusão”, quando na realidade, em termos geográficos, esse é o mais difundido que o plural “vosotros”, conforme considerações feitas por Bugel (1999) e totalmente pertinentes com a realidade constatada. (IRALA, 2004: 113) Como podemos ver na citação acima, o voseo deve ser visto e ensinado com a mesma importância do tuteo, e como os materiais didáticos raramente o trazem, é papel do professor buscar outros veículos para o ensino deste fenômeno linguístico. Porém esta busca deve ser criteriosa para não prejudicar o aluno ao invés de auxiliá- lo. Segundo Ventura (2001) temos que escolher muito bem o material a ser usado para apresentar e trabalhar as diferentes variedades aos alunos, ou então eles não assimilarão corretamente os seus usos. Es necesario que las variedades aparezcan contextualizadas y por medio de un hablante real o posible que muestre dicha variedad en funcionamiento. El profesor no puede sólo hablar sobre las variedades y ser la única voz que las representa, es importante que transmita la palabra a otros hablantes que mostrarán cómo funciona cada variedad. (VENTURA, 2001: 80) Podemos perceber como a escolha do corpus para o trabalho com este assunto deve ser criteriosa. Os alunos devem ter contato com o voseo e o tuteo, além do vosotros e ustedes em diferentes situações comunicativas e contextos para que eles possam compreender exatamente como os falantes nativos os utilizam. Além disso, o material didático a ser usado para este ensino deve ser de fácil compreensão, não podemos trabalhar com textos teóricos ou transcrições de situações comunicativas que estão além do nível de compreensão dos alunos. É também importante motivar os alunos ao aprendizado deste conteúdo, e levá-los a refletir sobre as suas diferenças e variedades. Para realizarmos este artigo tivemos que escolher apenas duas variedades por motivos de espaço, a Peninsular e a Rio-Platense. Escolhemos como corpus algumas histórias de Gaturro, do autor argentino Nik; e Zipi e Zape do autor Espanhol José Escobar Valiente. Estudos hispânicos: língua, ensino e literatura 37
  • 5. 3. Os personagens e seus criadores Escolher apenas dois personagens, um de cada variedade do Espanhol, não foi tarefa fácil. Apesar de serem pouco difundidos no Brasil, temos muitos personagens e excelentes quadrinistas em todos os países de fala hispânica. Decidimos escolher personagens jovens, pensando que na maioria das vezes o conteúdo escolhido para ser trabalhado se dá aos alunos do ensino fundamental, porém os personagens escolhidos agradam a todas as faixas etárias, sem distinção. Da variedade Rio-Platense escolhemos o personagem Gaturro, do quadrinista Nik. Da variedade Peninsular escolhemos os personagens Zipi e Zape, do quadrinista José Escobar Valiente. Gaturro Gaturro é um gato criado em 1993 pelo humorista argentino Cristian Dzwonik, conhecido como Nik. É o personagem principal da sua tira cômica, e pode ser considerado uma junção de dois personagens famosos, Garfield e Mafalda. Gaturro reflete sobre a política, mas também diverte com situações do cotidiano como Fonte: site www.gaturro.com tentar conquistar sua amada Ágatha, ou ir para a escola e aprender inglês. Gaturro não fala com os humanos, apenas pensa, porém conversa com os outros animais que fazem parte da sua turma. Zipi e Zape São os personagens criados pelo quadrinista espanhol José Escobar ao final dos anos 50, e que se tornaram um clássico dos quadrinhos espanhóis. Estes personagens apesar de muito antigos continuam atuais, ao ponto de terem Fonte: ESCOBAR, 1988. recentemente estrelado uma animação para o cinema. Zipi e Zape são gêmeos endiabrados e vivem aprontando travessuras. Suas histórias Estudos hispânicos: língua, ensino e literatura 38
  • 6. refletem o dia a dia de uma criança normal: seu relacionamento familiar, suas brincadeiras com os amigos, o dia a dia na escola. 4. Corpus selecionado Para realizarmos este trabalho escolhemos algumas tiras do personagem Gaturro, tiradas do seu site oficial: www.gaturro.com, e a história El truco, do livro Gran Enciclopédia del Cómic (ESCOBAR, 1988). Selecionamos diferentes situações sócio-comunicativas no corpus, sempre confrontando as mesmas situações nas duas variedades para analisar como cada variedade age nas mesmas situações, em relação ao tratamento formal e informal. As situações selecionadas foram: em família, com amigos, com desconhecidos, na escola, com a polícia e no trabalho. 5. Análise do corpus Se compararmos as histórias de Gaturro e de Zipi e Zape no uso da formalidade e da informalidade, podemos perceber algumas diferenças importantes: Personagens Em Com os Com No trabalho Na escola família amigos desconhecidos Gaturro O Tratamento Tratamento Tratamento A tratamento informal, formal – uso de formal – uso professora é sempre uso do usted e de usted e trata os informal, voseo – ustedes. ustedes. alunos utilizando ustedes. formal- o voseo e mente. o pronome Gaturro ustedes trata sua para o professora plural. informal- mente. Zipi e Zape O Tratamento Tratamento Tratamento O tratamento informal, formal – uso de formal – uso professor é sempre uso do usted e de usted e trata os informal, tuteo – ustedes. ustedes. Só alunos utilizando vosotros. quando há informal- o tuteo e o intimidade mente, e pronome entre os os alunos vosotros empregados o tratam para o percebemos formal- plural. o uso do mente. tuteo. Estudos hispânicos: língua, ensino e literatura 39
  • 7. Percebemos que nas histórias de Zipi e Zape o tratamento informal é sempre o tuteo para o singular e o vosotros para o plural. Apesar de o tratamento informal aparecer muito entre os familiares e as crianças, no caso dos adultos o tratamento é sempre formal. Quando há diferença de idade o mais velho trata o jovem de tú, mas o contrário não é permitido, sendo necessário o uso de usted. Nas tirinhas do Gaturro percebemos que o tratamento informal singular é unicamente o voseo, e no plural o uso de ustedes. Só se tratam informalmente os amigos e familiares, sendo os conhecidos ou desconhecidos tratados sempre formalmente. Nas situações de poder sempre o tratamento é formal, tanto do superior (patrão) quanto do inferior (empregado). Na escola, professores e pais se tratam formalmente, e os professores com os alunos da mesma maneira. No caso das tiras analisadas o aluno Gaturro trata a professora informalmente, porém fica impossível saber no corpus analisado se isto se passa por uma questão irônica, já que ele não se comunica falando com os humanos. Outro dado interessante é o uso de gírias ou coloquialismos entre amigos, especialmente o uso de diminutivos. Com os dados desta análise e com os anexos, o professor de língua espanhola pode elaborar atividades didáticas para o ensino da dicotomia formal x informal dentro das duas variedades analisadas, enfatizando o uso do voseo em contraste com o uso do tuteo, sendo possível trabalhar com todos os níveis e faixas etárias. Outra proposta seria criar uma atividade onde se demonstre através das histórias em quais situações um falante nativo utiliza o registro formal e o informal. Para demonstrar como pensamos ser a maneira ideal de trabalhar as tirinhas para o ensino do tuteo/voseo, propomos em anexo uma atividade introdutória do assunto, para alunos de nível básico, com a duração de uma a duas horas de aula. Esperamos assim contribuir dando uma sugestão, sendo que a partir dela cada professor possa elaborar suas próprias atividades, de acordo com a sua realidade docente. Na atividade proposta trabalhamos apenas a questão do voseo/tuteo, mas pensamos ser importante após esta atividade que o professor amplie o assunto, trabalhando também a dicotomia ustedes/vosotros, para o tratamento informal no plural. Conclusão Este trabalho se propôs a mostrar como o gênero história em quadrinhos é um excelente auxílio no ensino de uma língua estrangeira, em especial a língua Estudos hispânicos: língua, ensino e literatura 40
  • 8. espanhola. São muitos os motivos pelos quais se deve utilizá-lo na escola, desde a sua qualidade ao fator motivador que ele exerce nos alunos. Porém, o mais importante é o fato das histórias trazerem a cultura do povo retratado nelas, e este fator cultural vem adquirindo cada vez mais importância no ensino de uma língua estrangeira ao longo dos anos. Para ensinar o uso do tuteo e do voseo não podemos apenas ensinar a parte gramatical do conteúdo, precisamos ensinar aos alunos como os falantes nativos os utilizam, levando em consideração, portanto, a sua cultura nativa. Além disso, através do ensino desta dicotomia, se amplia a visão do aluno sobre a língua espanhola, mostrando se tratar de uma língua rica em diversidade e cultura. Apesar de ser essencial que o aluno saiba das diferentes variedades do Espanhol, e dos diferentes usos dos registros formal e informal, o professor não pode despejar o conteúdo nos alunos, este trabalho deve ser feito com muito cuidado. É neste momento que acreditamos que as histórias em quadrinhos servem como o melhor recurso para o ensino não da parte gramatical deste conhecimento, mas da sua parte prática, dos seus usos. Como hoje é defendido o uso de material autêntico no ensino de uma língua, não há melhor gênero para mostrar situações comunicativas e usos reais do idioma estudado. Através da atividade didática proposta em anexo, esperamos dar apenas uma sugestão de como se pode trabalhar o gênero quadrinhos em sala de aula, para o ensino da variedade linguistica, no caso do tratamento informal, no singular. A partir desta proposta o professor pode ampliar a atividade de acordo com seu público alvo, e também criar novas atividades com objetivos didáticos diversos. Esperamos que este artigo contribua para a divulgação da importância do uso didático do gênero história em quadrinhos no ensino da língua espanhola, e que motive os professores de espanhol a utilizarem os quadrinhos com mais frequência e com o objetivo de ensinar a cultura do povo representado neles, e não apenas como um momento de diversão. Referências ESCOBAR, José. El truco. In: Zipi y Zape: Gran enciclopedia del cómic. Tomo III, p. 55-58. Madrid: Ediciones Bruch, 1988. FANJUL, Adrián (org). Gramática y práctica de Español para brasileños. São Paulo: Moderna, 2005. Estudos hispânicos: língua, ensino e literatura 41
  • 9. GORDILLO, Carmen Rojas. Diseño de actividades lúdicas para la clase de E/LE sobre tebeos españoles con material de internet. 2001. Disponível em: www.sgci.mec.es/br/cv/tebeo. Acesso em 05/08/2009 HERRERO, Maria Antonieta Andión. Variedades del español de América: una lengua y diecinueve países. Brasília: Thesaurus editora de Brasília, 2004. IRALA, Valesca Brasil. A opção da variedade de Espanhol por professores em serviço e pré-serviço. In: Linguagem e ensino. Volume 7, n. 2, 2004. Disponível em: http://rle.ucpel.tche.br/index.php?sCentro=php/edicoes/v7n2/v7n2.php Acesso em 05/08/2009. MARCO COMUM EUROPEU DE ENSINO DE LÍNGUAS. Disponível em: http://cvc.cervantes.es/ensenanza/biblioteca_ele/marco/default.htm. Acesso em: 10/09/2009. NIK. Gaturro. Disponível em: www.gaturro.com RAE – Diccionario de la Real Academia Española. Disponível em: www.rae.es VENTURA, Rosana Pereira. Variaciones en algunos usos pronominales del Español. In: Actas del IX Seminario de Dificultades Específicas de la Enseñanza del Español a Lusohablantes: Registros de la lengua y lenguajes específicos. São Paulo: Thesaurus, 15 de Setembro de 2001. p. 75-81. Imagens: Gaturro: site www.gaturro.com Zipi y Zape: ESCOBAR, José. Zipi y Zape: Gran enciclopedia del cómic. Tomo III. Madrid: Ediciones Bruch, 1988. ANEXO 1: atividade didática Historietas en Español I. Objetivos Generales Actividad concebida para estudiantes de nivel básico I, jóvenes o adultos, después de haber estudiado el presente de indicativo (verbos regulares e irregulares). Trabaja con vocabulario básico, palabras comunes, práctica del presente de indicativo, comprensión lectora y expresión escrita. II. Materiales Las hojas de trabajo en anexo. III. Duración 1 ó 2 clases de 50 minutos o de una hora Estudos hispânicos: língua, ensino e literatura 42
  • 10. IV. Procedimiento A) Preactividad 1. Lectura del texto sobre los personajes Zipi y Zape y Gaturro. 2. Preguntas orales sobre el texto. 3. Explicación del vocabulario nuevo. B) Actividad 1. Lectura de la tira de Gaturro. 2. Ejercicios de predicción del contenido nuevo (el voseo). 3. Explicación oral del profesor sobre el voseo, usando la tira de Gaturro como ejemplo. 4. Lectura de la tira de Zipi y Zape. 5. Ejercicios de predicción del tuteo. 6. Explicación de la variedad lingüística en español, en el caso del tratamiento informal en singular. 7. Explicación de los cambios en los verbos en presente de indicativo en el voseo y en el tuteo, en las tiras de Gaturro y Zipi y Zape. 8. Explicación del cuadro comparativo entre voseo y tuteo. C) Pos actividad Como tarea final, pedir que hagan la actividad 5, rellenar los globos vacíos de la historieta de Zipi y Zape, y escribir un nuevo final para la historia, utilizando el voseo para el tratamiento informal en el singular. V. Bibliografía FANJUL, Adrián (org). Gramática y práctica de Español para brasileños. São Paulo: Moderna, 2005. Estudos hispânicos: língua, ensino e literatura 43
  • 11. ¿Conocen algunas historietas en español? Vamos a trabajar hoy con dos personajes muy divertidos: Gaturro (www.gaturro.com) Es un personaje creado en 1993 por el humorista gráfico argentino Cristian Dzwonik, más conocido como Nik. Gaturro es un gato marrón, con unos grandes cachetes amarillos con tres bigotes en cada uno. Es el principal personaje de la tira cómica que lleva su nombre. Vive con una familia que lo adoptó de muy chiquito. Le encanta su casa, pero al mismo tiempo le gusta andar por los techos del vecindario. Es un Fonte: site www.gaturro.com romántico incurable, está perdidamente enamorado de Ágatha e inventa mil y una técnicas para conquistarla, aunque siempre fracasa. Zipi y Zape Es una serie de historieta humorística creada y desarrollada por el autor español José Escobar a partir de 1948. Este par de gemelos, que se distinguen entre sí por ser uno moreno (Zape) y otro rubio (Zipi), se caracterizan principalmente por sus endiabladas Fonte: ESCOBAR, 1988. travesuras. Son muchachos traviesos e inquietos, si bien muchas de sus travesuras no son intencionadas, la mayoría suelen acabar con alguien persiguiéndoles Vamos ahora a leer una tira cómica de Gaturro, donde él habla con su novia, Agatha. Fonte: site www.gaturro.com Estudos hispânicos: língua, ensino e literatura 44
  • 12. En la historieta podemos notar el uso del pronombre de tratamiento VOS. 1) Responda algunas preguntas sobre el uso del VOS, de acuerdo con la historieta de Gaturro: a) ¿El tratamiento con el uso del VOS es formal o informal? ____ b) ¿Cómo está conjugado el verbo SER en la tira? ___________ Fonte: site www.gaturro.com 2) Completa el cuadro abajo con la explicación del uso del pronombre de tratamiento vos: En Argentina, Uruguay y otros países tenemos un pronombre de tratamiento llamado _____ que se usa para el tratamiento ___________, o sea, entre familia y amigos, en el singular. En el presente del indicativo, los verbos se conjugan de manera distinta cuando el sujeto es el vos, en el caso del verbo ser, él se queda ________. El uso de este pronombre de tratamiento se llama VOSEO. ¡Muy bien! Vamos a ver otros verbos conjugados en el voseo: 3) ¿Cómo están conjugados los verbos querer y tener en la historieta al lado? ____________ ____________ Fonte: site www.gaturro.com En el español de España no se usa el vos. ¿Qué pronombre de tratamiento se usa en su lugar? Mira este trecho de una historieta de Zipi y Zape abajo y descubre: Estudos hispânicos: língua, ensino e literatura Fonte: ESCOBAR, 1988: 83. 45
  • 13. 4) Completa la explicación abajo: En España, se usa el pronombre de tratamiento ____ para el tratamiento ___________ , o sea, entre familia y amigos, para el singular. Este uso se llama tuteo. Tenemos entonces dos posibilidades para el tratamiento informal en español, en el singular: el voseo y el tuteo. El voseo ocurre en algunos países como Argentina, Uruguay, Paraguay, y el tuteo en muchos otros, como México y España. Mira cómo conjugamos los verbos en el voseo, en el presente de indicativo: Formación Formas de vos Formas de tú Se quita la í de la forma ¿Cuántas lenguas hablás? ¿Cuántas lenguas hablas? de vosotros. Se mantiene ¿Querés un té con limón? ¿Quieres un té con limón? la acentuación: Mi mejor amiga sos vos. Mi mejor amiga eres tú. Vosotros sabéis- vos sabés Apud FANJUL, A. (2005: 176) 5) ¡Ahora vamos a jugar un poco! Imagínate que Zipi y Zape pasaron un tiempo en Argentina y quieren vosear. Completa los globos en blanco con el habla de los personajes e inventa un final para la historia. ¡No te olvides de usar el voseo! Fonte: ESCOBAR, 1988: 91. Estudos hispânicos: língua, ensino e literatura 46