DIRECTOR    JORGE CASTILHO




| Taxa Paga | Devesas – 4400 V. N. Gaia |
Autorizado a circular em invólucro
de plástico fechado (DE53742006MPC)
                                                           Rua da Sofia, 95 - 3.º - 3000-390 COIMBRA             Telef.: 309 801 277


               ANO IV                       N.º 70 (II série)                         26 de Junho de 2009                                 1 euro (iva incluído)


           TERÇA-FEIRA (DIA 30), ÁS 18 HORAS



            O fascínio das estrelas
            em Coimbra
                     com Gil Vicente, Camões
                     Vieira, Pessoa e “jazz”




                                                                                                                                                           PÁG. 5


       CIC’09                                                   LITERATURA                             CHOUPAL                         FOTOGRAFIA


   Indústria                                                    Novas obras                            Plataforma                      Imagens
   e comércio                                                   de M.ª Helena                          exige                           aéreas
   mostram-se                                                   Teixeira                               explicações                     de Varela
   em Coimbra                                                   e J. H. Dias                           sobre viaduto                   Pècurto
                                            PÁG. 12 e 13                            PÁG. 2 e 19                         PÁG. 10                             PÁG. 11
2       COIMBRA                                                                                                                      26 DE JUNHO DE 2009


NO PRÓXIMO DIA 8, NA CASA DA CULTURA DE COIMBRA

Livro de crónicas de José Henrique Dias
apresentado por Cristina Robalo Cordeiro
   No próximo dia 8 de Julho (quarta-fei-                                                                                                   junto à estação do Rossio, frequentada por
ra), pelas 18 horas, na Casa Municipal da                                                                                                   nomes cimeiros da literatura e da arte por-
Cultura de Coimbra, decorre a sessão de                                                                                                     tuguesas, publicando entre 1956 e 1969,
lançamento do livro de crónicas intitulado                                                                                                  ininterruptamente, séries de crónicas se-
“A Outra face do Espelho”. O autor é                                                                                                        manais. Tendo-se dedicado ao ensino e à
José Henrique Dias, e a apresentação será                                                                                                   actividade teatral como encenador, o seu
feita por Cristina Robalo Cordeiro, Vice-                                                                                                   trabalho centrou-se mais na investigação
Reitora da Universidade de Coimbra.                                                                                                         sobre o século XIX, primeiro no domínio
   Com edição de “Campo da Comunica-                                                                                                        das ideias políticas, depois na sociocomu-
ção”, a obra de José Henrique Dias é                                                                                                        nicação teatral.
composta pelas crónicas que o professor
universitário publicou, nos anos mais re-
centes, nos jornais de Coimbra “O Des-
pertar” e “Centro”.
   Inclui desenhos inéditos de Nadir Afon-
so e prefácio do romancista Fernando
Campos.
    “Os lugares são sobretudo Coimbra e
Lisboa, uma fugidia referência a Chaves
e à Figueira e pouco mais. O tempo re-
cua para trás da vida do Autor, memória
das memórias dos mais velhos, e vem até
aos nossos dias. Se se fizesse um índice
de pessoas e factos referidos, que acervo
de riqueza de cultura, humanismo e hu-
manidade, desde o nomear de escritores,
artistas, cientistas, actores, médicos, ad-             José Henrique Dias
vogados, professores, músicos, políticos,
saltimbancos, contorcionistas, trapezistas,        dela, está o Autor e este sentimento de     Ideias Sociais. Depois de uma longa car-
que sei eu!...” – escreve Fernando Cam-            eco autobiográfico mais de uma vez nos      reira no ensino público, leccionou na Uni-
pos no prefácio, acrescentando:                    acode ao espírito…O médico (que não         versidade Nova de Lisboa, depois de apo-
   “O antes e depois do 25 de Abril não            quis ser) está presente e o filósofo e o    sentado no ISCEM e actualmente é pre-           Instado por colegas, regressou às cró-
podia deixar de ter especial lugar… com            poeta, além, claro, do jornalista… .”.      sidente do Conselho Científico do Institu-   nicas em jornais de Coimbra, primeiro em
nomes, factos e rememorações…e, se se                                                          to Superior Miguel Torga.                    “O Despertar”, depois no “Centro”, reto-
verrinam os tempos da “outra senhora”,             UM CONIMBRICENSE                               Desde os verdes anos ligado à escrita,    mando um dos seus velhos títulos, “A ou-
não se deixa de lançar olhar crítico aos           ILUSTRE                                     integrou em Coimbra tertúlias de que en-     tra face do espelho”. É uma colectânea
grafitti que maculam tudo quanto é pare-                                                       tre outros faziam parte Zeca Afonso, Lou-    dessas crónicas que agora se apresentam
de (“…a arte e os equívocos…”), as flo-               José Henrique Dias nasceu em Coim-       zã Henriques, Manuel Alegre, António         neste livro, onde, ficcionadas, passam
restas de cimento que desfiguram, nas              bra, em 1934. Licenciado em História, fez   Portugal e Levi Baptista. A partir de fi-    momentos de vidas marcadamente no
cidades, o que era écloga…                         Mestrado em História Cultural e Política    nais dos anos cinquenta e primeiros anos     espaço e tempos de uma Coimbra sem-
   Notável a “capacidade de lidar com as           na UNL e é doutorado pela mesma uni-        da década de sessenta do século passa-       pre mítica e evocações de figuras da mú-
palavras e as imagens”, diz uma persona-           versidade em História e Teoria das Idei-    do, integra o grupo polarizado por Edmun-    sica coimbrã, de que também foi, ainda
gem, mas nós sentimos que, por detrás              as, com especialidade em História das       do de Bettencourt, no Café Restauração,      vai sendo, cultor.



                                                     Aos Assinantes do “Centro”
  Director: Jorge Castilho                           Como tem sido bem evidente nas notícias vindas a público, o sector da comunicação social
      (Carteira Profissional n.º 99)
                                                     é um dos mais afectados pela crise que se abateu sobre toda a sociedade, sobretudo pelo brutal
  Editor/Propriedade: Audimprensa                    decréscimo nos investimentos publicitários.
     NIF: 501 863 109                                Perante isto, até os grandes grupos de comunicação social estão a fazer despedimentos
  Sócios: Jorge Castilho e Irene Castilho            em massa, para além de haver muitos jornais regionais que se viram já obrigados
                                                     a suspender a publicação.
  ISSN: 1647-0540
                                                     Aqui no “Centro” estamos a fazer um enorme esforço para superar as dificuldades.
  Inscrito na DGCS sob o n.º 120 930                 Mas esse esforço só será bem sucedido se conseguirmos receitas de publicidade e se os nossos
  Composição e montagem: Audimprensa
                                                     Assinantes tiverem a gentileza de proceder ao pagamento da respectiva assinatura anual
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                                                     Contamos consigo!
26 DE JUNHO DE 2009                                                                                                        COIMBRA                3
NA PRÓXIMA SEXTA-FEIRA, NO MUSEU DA ÁGUA


Francisco Bandeira em debate promovido
pelo Clube de Empresários de Coimbra
   Na próxima sexta-feira (dia 3 de Ju-                                                presários, Pedro Vaz Serra. “Por outro        Machado de Castro.
lho) o Clube de Empresários de Coim-                                                   lado, a pertinência do tema é indiscutí-         Francisco Marques Bandeira é Vice-
bra promove o primeiro de uma série de                                                 vel, pois a conquista de novos mercados       Presidente do Conselho de Administra-
jantares-debate do Museu da Água des-                                                  é algo de incontornável para a esmaga-        ção da CGD desde Janeiro de 2008.
tinados “a dinamizar o tecido empresari-                                               dora maioria das empresas portuguesas”,       Entre outros cargos, integra os conse-
al da região” e em que trarão a esta ci-                                               sublinha.                                     lhos de administração do Grupo Pestana
dade “figuras de relevo do panorama                                                       De resto, nem a escolha do próprio         Pousadas, da AdP - Águas de Portugal
económico e financeiro”                                                                espaço onde decorrerá o debate foi dei-       e da Visabeira. É ainda presidente do
   Neste primeiro debate, o convidado é                                                xada ao acaso. “Queremos, mais uma            Banco Caixa Geral, presidente do Con-
Francisco Bandeira, Vice-Presidente da                                                 vez, efectuar a ponte entre o meio em-        selho Directivo da Caixa Geral de Apo-
Caixa Geral de Depósitos (CGD). No                                                     presarial e o património cultural que te-     sentações e presidente dos conselhos de
jantar-debate, para o qual foram convi-                                                mos em Coimbra, razão pela qual resol-        administração da Locarent - Companhia
dados todos os sócios do Clube, Francis-                                               vermos promover este jantar-palestra no       Portuguesa de Aluguer de Viaturas e da
co Bandeira deverá explicar aos empre-                                                 Museu da Água que, desta forma e pela         Caixa Leasing e Factoring - Instituição
                                           Francisco Bandeira
sários como é que a Caixa Geral de De-                                                 primeira vez desde a sua inauguração,         Financeira de Crédito.
pósitos os pode ajudar a conquistar no-    zões: é um cidadão de Coimbra e ocupa,      recebe uma iniciativa deste género”, fri-        Licenciado em Economia pela Univer-
vos mercados, abrindo assim novas pers-    neste momento, funções de grande res-       sa. Recorde-se que já a tomada de pos-        sidade de Coimbra, Francisco Bandeira
pectivas para o desenvolvimento econó-     ponsabilidade na maior instituição finan-   se dos actuais órgãos sociais, a 5 de         foi agraciado pelo Presidente da Repú-
mico da região.                            ceira portuguesa, com grandes e direc-      Maio, teve como palco um dos princi-          blica, Jorge Sampaio, com o grau de
   “Tivemos a preocupação de convidar      tas repercussões no meio empresarial”,      pais pólos culturais da região e do país, o   Comendador da Ordem do Infante D.
o vice-presidente da CGD por duas ra-      explica o Presidente do Clube de Em-        recém-reinaugurado Museu Nacional             Henrique em Julho de 1999.


 ORIGINAL PRESENTE POR APENAS 20 EUROS                                                                                                    AUDIMPRENSA
                                                                                                                                           Jornal “Centro”
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                                                                                                                                          3000–390 COIMBRA

 e ganhe valiosa obra de arte                                                                                                           Poderá também dirigir-nos o seu pe-
                                                                                                                                     dido de assinatura através de:
                                                                                                                                          telefone 309 801 277
    Temos uma excelente sugestão           ma tão original, está a desabrochar,        sua casa (ou no local que nos indicar),            fax 309 819 913
 para uma oferta a um Amigo, a um          simbolizando o crescente desenvolvi-        o jornal “Centro”, que o manterá                   ou para o seguinte endereço
 Familiar ou mesmo para si próprio:        mento desta Região Centro de Portu-         sempre bem informado sobre o que de                de e-mail:
 uma assinatura anual do jornal            gal, tão rica de potencialidades, de His-   mais importante vai acontecendo nes-             centro.jornal@gmail.com
 “Centro”                                  tória, de Cultura, de património arqui-     ta Região, no País e no Mundo.
                                                                                                                                        Para além da obra de arte que des-
    Custa apenas 20 euros e ainda re-      tectónico, de deslumbrantes paisagens          Tudo isto, voltamos a sublinhá-lo,
                                                                                                                                     de já lhe oferecemos, estamos a pre-
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 grátis, uma valiosa obra de arte.         ras imponentes) e, ainda, de gente hos-        Não perca esta campanha promo-
                                                                                                                                     nossos assinantes, pelo que os 20 eu-
    Trata-se de um belíssimo trabalho      pitaleira e trabalhadora.                   cional e ASSINE JÁ o “Centro”.
                                                                                                                                     ros da assinatura serão um excelente
 da autoria de Zé Penicheiro, expres-         Não perca, pois, a oportunidade de          Para tanto, basta cortar e preen-
                                                                                                                                     investimento.
 samente concebido para o jornal           receber já, GRATUITAMENTE,                  cher o cupão que abaixo publicamos,
                                                                                                                                        O seu apoio é imprescindível para
 “Centro”, com o cunho bem carac-          esta magnífica obra de arte (cujas di-      e enviá-lo, acompanhado do valor de
                                                                                                                                     que o “Centro” cresça e se desen-
 terístico deste artista plástico – um     mensões são 50 cm x 34 cm).                 20 euros (de preferência em cheque
                                                                                                                                     volva, dando voz a esta Região.
 dos mais prestigiados pintores portu-        Para além desta oferta, o beneficiá-     passado em nome de AUDIMPREN-
 gueses, com reconhecimento mesmo          rio passará a receber directamente em       SA), para a seguinte morada:                    CONTAMOS CONSIGO!
 a nível internacional, estando repre-
 sentado em colecções espalhadas por
 vários pontos do Mundo.
    Neste trabalho, Zé Penicheiro,               Desejo oferecer/subscrever uma assinatura anual do CENTRO
 com o seu traço peculiar e a incon-
 fundível utilização de uma invulgar
 paleta de cores, criou uma obra que
 alia grande qualidade artística a um
 profundo simbolismo.
    De facto, o artista, para represen-
 tar a Região Centro, concebeu uma
 flor, composta pelos seis distritos que
 integram esta zona do País: Aveiro,
 Castelo Branco, Coimbra, Guarda,
 Leiria e Viseu.
    Cada um destes distritos é repre-
 sentado por um elemento (remeten-
 do para o respectivo património his-
 tórico, arquitectónico ou natural).
    A flor, assim composta desta for-
4       INTERNACIONAL                                                                                                             26 DE JUNHO DE 2009


UM EXEMPLO QUE VEM DO BRASIL

Supermercados suspendem compras a empresas
envolvidas na desflorestação da Amazónia
   A Wal-Mart, o Carrefour e o Pão de         acordo com a associação de supermer-          comprou gado de fazendas multadas pelo          A decisão foi resultado da acção civil
Açúcar, as três maiores redes de super-       cados, inclui notificar as empresas de pro-   Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e      pública do Ministério Público Federal que
mercados do Brasil, suspenderam as            cessamento de carne, exigir delas as gui-     dos Recursos Naturais Renováveis (Iba-       encaminhou, na última semana, uma re-
compras de produtos bovinos de fazen-         as de trânsito animal junto às notas fis-     ma) e de outra que fica dentro de uma        comendação às grandes redes de super-
das envolvidas na desflorestação da           cais, e suspender compras das fazendas        reserva indígena.                            mercados e outros 72 compradores de
Amazónia.                                     denunciadas pelo Ministério Público Fe-          A ONG informa que foram propostas         produtos bovinos para que parem de ad-
   Numa reunião realizada este mês na         deral (MPF) do Pará.                          21 acções ao Ministério Público do Pará      quirir carne proveniente da destruição da
Associação Brasileira de Supermercados           “Como medida adicional, as três redes      pedindo o pagamento de 2,1 mil milhões       floresta.
(Abras), o Carrefour, Wal-Mart e o Pão        solicitarão, ainda, um plano de auditoria     de reais (770 milhões euros) em indemni-        O desrespeito do pedido poderá resul-
de Açúcar tomaram esta medida em re-          independente e de reconhecimento inter-       zações pelos danos ambientais à socieda-     tar em multa de 500 reais (180 euros) por
púdio de práticas denunciadas pela orga-      nacional que assegure que os produtos que     de brasileira. A área total desflorestada,   quilo de produto comercializado.
nização não-governamental Greenpeace.         comercializam não são procedentes de          diz o Greenpeace, corresponde à superfí-        O Ministério Público Federal pretende
   Segundo um comunicado da Abras, “o         áreas de devastação da Amazónia”, des-        cie da cidade de São Paulo.                  ainda ampliar estas acções de combate à
sector de supermercados não irá compac-       tacou o comunicado.                              A decisão foi tomada pelas três maio-     desflorestação com responsabilização da
tuar com as acções denunciadas e reagi-          Entre as empresas processadas está         res redes de supermercados por não ha-       cadeia produtiva da pecuária para outros
rá energicamente”.                            uma das maiores do sector no Brasil, a        ver “garantias de que a carne não vem de     estados da chamada Amazónia Legal,
   A posição definida pelas empresas, de      Bertin S.A, que, segundo a Greenpeace,        áreas desmatadas na Amazónia”.               como Mato Grosso e Rondónia.




                                                 Um forte abraço de concorrência
                                              uma combinação de interacção e con-           Paquistão.                                   dos militares empenhados em tarefas
                    Fiodor Lukyanov *         corrência.                                      Hoje em dia, Washington tenta, sem         «práticas e concretas» nos campos de
                                                O facto da China e da Rússia faze-          sucesso, activizar os seus aliados euro-     combate no Afeganistão e no Paquistão.
   As duas cimeiras, decorridas em me-        rem parte da OCX já é mais que sufici-        peios que não querem afastar-se muito        Portanto, o papel da OCX na arena glo-
ados de Junho em Ekaterinburgo, no            ente para a organização estar em              das zonas tradicionais da responsabilida-    bal irá crescer gradualmente, o que cor-
coração dos Urais – da Organização de                                                                                                    responde aos interesses de Moscovo e
Cooperação de Xangai e de BRIC (Bra-                                                                                                     Pequim.
sil, Rússia, Índia e China) – tiveram por                                                                                                   Ao nível global, os interesses da Chi-
objectivo demonstrar uma maior diver-                                                                                                    na e da Rússia são, em princípio, conci-
sificação política externa da Rússia.                                                                                                    dentes. Mas ao nível regional, estes paí-
   Do encontro dos dirigentes do Brasil,                                                                                                 ses são, e cada vez serão mais, fortes
da Rússia, da Índia e da China pode-se                                                                                                   rivais.
tirar uma conclusão parodoxal: os seus                                                                                                      Pequim vê na OCX um instrumento
participantes, vistos neste formato, não                                                                                                 de reforço da sua presença nos merca-
têm praticamente nada em comum.                                                                                                          dos da Ásia Central e de acesso ao re-
   De facto, os 4 países têm diferentes                                                                                                  cursos energéticos da região. Moscovo
sistemas políticos, tipos de identifiicação                                                                                              pretende o mesmo. Percebe-se que o
nacional, modelos económicos, priorida-                                                                                                  domínio económico da China na OCX é
des de desenvolvimento e relações com                                                                                                    inegável. Assim, na cimeira de Ekaterin-
os maiores jogadores na arena interna-                                                                                                   burgo, Pequim prometeu 10 mil milhões
cional. O formato de BRIC é como um                                                                                                      de dólares de ajuda para financiar pro-
mundo não ocidental em miniatura, e as                                                                                                   jectos no quadro da organização. Mas
discussões travadas no quadro da nova                                                                                                    as capitais dos países da Ásia Central
organização reflectem toda a multicida-                                                                                                  conhecem muito bem o pragmatismo
de dos problemas globais. Já que os pon-                                                                                                 chinês: Pequim não concede ajudas mas
tos de vista ocidentais sobre os proces-      foco.Nos últimos anos os políticos oci-       de da Organização do Tratado do Atlân-       apenas financia projectos que lhe são
sos internacionais predominam no mun-         dentais receavam uma nova e verdadei-         tico Norte. Entretanto, tanto Moscovo,       vantajosas economica e politicamente.
do, pode, aliás, ser útil escutar as opini-   ra aliança entre Moscovo e Pequim. Na         como Pequim e os países da Ásia Cen-            O trunfo russo é a cooperação políti-
ões destes quatro Estados importantes.        primeira metade dos anos 2000, a força        tral, percebem a importância vital do nó     co-militar, já que a China, devido à sua
   No caso de BRIC não se pode falar          motora da aproximação política no qua-        afegão-paquistanês. No caso paquista-        filosofia política externa, não dá garanti-
sobre qualquer tipo de bloco, aliança ou      dro da OCX foi o desejo de mostrar aos        nês, já não se pode fazer nada sem Pe-       as de segurança a ninguém. E os peque-
organização formal a tomar decisões           «forasteiros» (leia os EUA) os limites do     quim: a influência da China sobre a elite    nos vizinhos da China preferem não usá-
práticas. A concordância tem apenas um        permissível na região cujos «donos» são       militar paquistanesa começa a superar a      las, pois têm mais medo do domínio de
carácter geral. Qualquer tentativa de         a Rússia e a China.                           influência norte-americana.                  Pequim de que do de Moscovo.
concretizar algo embaterá numa insupe-           Um exempo desta audácia foi o ulti-           Claro que os pontos de vista e as pri-       À medida que a OCX, de uma organi-
rável diferença de interesses contradi-       mato para Washington definir os prazos        oridades da OCX e da coligação ociden-       zação simbólica a censurar o expansio-
tórios. No caso de BRIC, é difícil falar      da estadia das forças armadas norte-          tal ainda divergem bastante. Mas o mun-      nismo norte-americano transforma-se
numa concorrência interna. Esta estru-        americanas na Ásia Central, assim como        do em rápida mudança e as capacidades        numa estrutura com importantes objec-
tura dificilmente adquirirá um grau de        o convite para o Irão ocupar na OCX           limitadas dos EUA obrigam a alterar as       tivos concretos a alcançar ao nível regi-
maturidade quando as divergências dos         um lugar de observador.                       táticas e estratégias ocidentais.            onal, a tarefa de Moscovo complica-se.
participantes impedem a fazer algo.              A importância da OCX não pára de              Nos últimos meses surgiram sintomas       Exige-se um árduo e consequente tra-
   Na Organização de Cooperação de            crescer. Até agora, os EUA e a NATO           de uma atitude mais prática de Washing-      balho com os vizinhos e uma estratégia
Xangai a situação é muito diferente. Os       têm evitado uma interacção com esta           ton para com a OCX. Mas. Os impulsos         acertada de relações com o «amigo-con-
interesses dos países membros entrela-        estrutura na solução dos sérios proble-       não partem dos políticos, que continuam      corrente» chinês.
çam-se de modo tão estreito que surge         mas que enfrentam no Afeganistão e no         a recear alianças concorrentes, mas sim            * in revista A Rússia na Política Global
26 DE JUNHO DE 2009                                                                                                              COIMBRA                  5

Rotary Club de Coimbra/Olivais
tem novo Conselho Director
   Realiza-se no próximo dia 6 de Julho,       Jorge Humberto (Tesoureiro). Os restan-       no decorrer do seu mandato irá promover        nhecida reputação em cada uma das áre-
pelas 21,30 horas (no Hotel Tryp de Co-        tes lugares passam a ser ocupados por         o debate sobre diversos temas de grande        as focadas.
imbra), uma Assembleia Geral do Rotary         Jorge Corte-Real, Amílcar Carvalho, Jor-      actualidade, dos quais salientou “Coimbra
Club de Coimbra / Olivais, onde acaba de       ge Castilho, Santos Cabral, Ernesto Viei-     e o seu Património”, “Nutrição e Saúde”        RIBEIRO FERREIRA PRESIDE
decorrer a transmissão de poderes.             ra, Isolina Mesquita e António Pato.          e “Água e Recuros Hídricos”.                   AO CLUBE DE COIMBRA
   Assim, a presidente cessante, Maria            Na cerimónia de transmissão de po-            No âmbito do primeiro tema, vão ser
Helena Goulão, passou o cargo a Alber-         deres, Albertino de Sousa elogiou o tra-      organizadas visitas guiadas a monumen-            Também no Rotary Clube de Coim-
tino de Reis e Sousa.                          balho desenvolvido por Helena Goulão e        tos de Coimbra e da Região, alargando a        bra se procedeu à cerimónia detransmis-
   O novo Presidente constituiu o seu          saudou também Agostinho Almeida San-          participação nessas iniciativas aos ele-       são de poderes.
Conselho Director com os seguintes ele-        tos, já designado para assumir a Presi-       mentos dos outros Clubes Rotários.                O novo Presidente é José Ribeiro Fer-
mentos: Rodrigo Santiago (Vice-Presi-          dência do Club no próximo ano.                   Para abordar os outros temas irão sen-      reira, que referiu que a sua aposta vai ser
dente), António José Gala (Secretário),           Albertino de Sousa revelou ainda que       do convidadas personalidades de reco-          sobretudo na Cultura.



TERÇA-FEIRA (DIA 30), ÁS 18 HORAS

O fascínio das estrelas em Coimbra
com Gil Vicente, Camões, Vieira, Pessoa e “jazz”
   Sabia que a música também deu ori-                                                                                                       avança José António Paixão.
gem a uma teoria astronómica? E que o                                                                                                          Mas, acrescenta, os astros foram tam-
Padre António Vieira estava atento às                                                                                                       bém uma importante fonte de inspiração
inovações da Astronomia? E o que terá                                                                                                       para a música e, em particular, para o jazz.
ele dito sobre a revolução iniciada por                                                                                                     “Já na obra dos ‘veteranos’ Duke Elling-
Copérnico, também jesuíta, mas com                                                                                                          ton e Charlie Parker encontramos temas
uma teoria que abalaria as crenças da                                                                                                       que remetem directamente para os astros.
Igreja? O dramaturgo Mário Montene-                                                                                                         Com o advento do free jazz e do jazz de
gro, a matemática Carlota Simões e o                                                                                                        fusão, nas década de 60 e 70, muitos são
físico José António Paixão dão a conhe-                                                                                                     os artistas que gravaram composições ins-
cer em Coimbra cruzamentos inespera-                                                                                                        piradas na aventura espacial. E são mui-
dos entre a Arte e a Astronomia.                                                                                                            tas as referências ao cosmos na música
   Acompanharam de perto as revoluções                                                                                                      contemporânea, do “Big Bang” aos bura-
na Astronomia e as suas obras estão re-                                                                                                     cos negros”, revela o também responsá-
pletas de referências rigorosas a fenóme-                                                                                                   vel pelo projecto ‘Quark!’, uma escola
nos celestes: o fascínio pelas estrelas con-                                                                                                olímpica da Universidade de Coimbra des-
tagiou alguns dos expoentes da arte em                                                                                                      tinada a jovens pré-universitários e onde
Portugal, e não só. O dramaturgo Mário                                                                                                      a Física e o Jazz se entrecruzam.
Montenegro, a matemática Carlota Si-                                                                                                           A sessão na Almedina, subordinada ao
mões e o físico José António Paixão vão          :Intervenientes da última sessão do ciclo “O Universo da Astronomia” deram                 tema “A Astronomia e as Artes” é a ter-
                                                 dicas preciosas para que todos possam desfrutar ao máximo das estrelas
dar a conhecer em Coimbra o lado este-                                                                                                      ceira do ciclo “O Universo da Astrono-
lar do teatro, da literatura e da música. A                                                                                                 mia”, organizado pela Almedina e pela
                                               e ‘Os Lusíadas’ de Camões coincidem           da Universidade de Coimbra, onde inves-
sessão terá lugar no dia 30 de Junho (ter-                                                                                                  Ideias Concertadas no âmbito das come-
                                               com a época áurea dos Descobrimentos,         tiga a relação entre o teatro e a ciência, o
ça-feira) às 18 horas na livraria Almedina                                                                                                  morações do Ano Internacional da As-
                                               quando as caravelas cruzaram a linha do       dramaturgo irá ainda dar a conhecer o tra-
Estádio, em Coimbra. A entrada é livre.                                                                                                     tronomia (AIA 2009).
                                               equador e tiveram finalmente acesso ao        balho da Marionet na área da divulgação
   Carlota Simões, professora e investi-                                                                                                       Depois de sessões dedicadas a Gali-
                                               céu do hemisfério Sul, desconhecido até       das temáticas astronómicas.
gadora do Departamento de Matemáti-                                                                                                         leu, às observações astronómicas e, ago-
ca da Universidade de Coimbra, irá re-         então”, lembra a investigadora.               A MÚSICA TAMBÉM                                ra, às Artes, o “Universo da Astronomia”
velar uma face menos conhecida de al-             Na Almedina, Carlota Simões irá ain-                                                      termina a 9 de Julho às 18 horas com
                                                                                             INFLUENCIOU AS ESTRELAS
guns dos nomes maiores da escrita em           da mostrar como em alguns autores, como                                                      uma conferência sobre o ensino da As-
português: a sua relação com os céus.          Camões e Alberto Pimenta, é possível             Mas se o Universo inspirou a litera-        tronomia. Os convidados serão Rosa
Pela mão da investigadora da Faculdade         descobrir ou confirmar a data de aconte-      tura e o teatro, a Astronomia influen-         Doran, do NUCLIO - Núcleo Interacti-
de Ciências e Tecnologia, os participan-       cimentos associados na escrita a eventos      ciou também a música. E, não menos             vo de Astronomia, Joana Marques, do
tes poderão conhecer o lado astronómi-         astronómicos. A investigadora irá, por fim,   importante, deixou-se influenciar por          Museu da Ciência da Universidade de
co de Leão Hebreu, Gil Vicente, Luís de        revelar o que é que Padre António Vieira      ela, explica o professor do Departa-           Coimbra, e Victor Gil, presidente da di-
Camões, Padre António Vieira, Fernan-          achou do sistema heliocêntrico do tam-        mento de Física da UC José António             recção do Exploratório - Centro Ciência
do Pessoa e Alberto Pimenta.                   bém jesuíta Nicolau Copérnico, que, ao        Paixão.                                        Viva de Coimbra.
   Algumas das descobertas mais impor-         sugerir que o Sol (e não a Terra) era o          “As regularidades que se observam              O Ano Internacional da Astronomia é
tantes da Astronomia foram imortaliza-         centro do Sistema Solar, abalaria uma das     nos movimentos dos astros e nos sons           coordenado em Portugal pela Sociedade
das por incontornáveis da literatura. As       principais convicções da Igreja.              musicais levaram os primeiros astróno-         Portuguesa de Astronomia, com o apoio
obras do tempo da expansão marítima,              Já Mário Montenegro, director artísti-     mos a intuir a existência de uma relação       da Fundação para a Ciência e Tecnolo-
como ‘Os Lusíadas’, são, de resto, fon-        co da companhia de teatro Marionet, vai       entre a harmonia cósmica e a musical –         gia, da Agência Nacional Ciência Viva,
tes ricas sobre a evolução da Ciência,         debruçar-se sobre a forma como a As-          como a proposta na ‘música das esfe-           do Museu da Ciência da Universidade
explica Carlota Simões. “A publicação          tronomia tem influenciado o universo tea-     ras’ de Kepler, uma teoria para o movi-        de Coimbra e da Fundação Calouste
de ‘Diálogos de Amor’ de Leão Hebreu           tral. Doutorando na Faculdade de Letras       mento planetário inspirada na música”,         Gulbenkian.
6      CRÓNICA                                                                                                         26 DE JUNHO DE 2009



                        A OUTRA FACE
                         DO ESPELHO
                                                                                Parque Verde
                       José Henrique Dias*
                         jhrdias@gmail.com


   Podemos dar uma volta no Parque Verde. Foi as-
sim que começou a conversa, quando a tarde se ex-
tinguia na sala onde acabara a conferência, sobre
aquelas coisas que às vezes nos pedem e a que não
podemos dizer não, por dever de ofício. Nem sem-
pre os temas nos agradam, quantas vezes nos obri-
gam a trabalho suplementar, leituras apressadas, umas
nótulas securitárias para não corrermos risco de aba-
far, mas sempre esta obrigação de estar ali, a funci-
onar no funcionalismo gratuito da contribuição cul-
tural, porque nunca ninguém se lembra de quanto
vale o que sabemos e podemos disponibilizar, paga-
se ao médico, ao advogado, ao arquitecto, paga-se
ao pintor, ao carpinteiro, ao canalizador, mas ao tra-
balhador intelectual faz-se o favor de convidar para
uma mesa-redonda, uma palestra, conferência, sei
lá o quê, venha daí em viagem à sua própria custa,
que fará parte do adorno ou servirá para compor o
currículo.
   Quando me disse podemos dar uma volta no Par-
que Verde, senti que era a compensação de que dis-
punha para me colocar no limbo dos bons momen-
tos. O certo é que eu não sabia o que era o Parque          A mulher já não tinha muita paciência para aturar   as formas ridículas que afinal são as que valem a
Verde. Aprendi depois que é um lugar aprazível, à        os pequenos caprichos do senhor administrador, gos-    pena, pronto, o Parque Verde está visto e agora, se-
beira de um Mondego que é outro naquele passear          tava das festas sociais e sair nas revistas ao lado    nhor engenheiro, vou levá-lo ao hotel.
de horas mais ou menos lânguidas, onde as mãos se        dele, mas era bem mais interessante o motorista, que      Foi então que ele olhou e viu um pequeno cartaz
podem encontrar, os sorrisos adormecerem, os olha-       um dia a levou ao Algarve para uma festa de notá-      que falava numa homenagem ao António Portugal.
res multiplicarem cumplicidades e, quem sabe, tal-       veis a que ele não podia ir.                           Lembrou então os idos de finais dos anos quarenta,
vez um regato nascente para um rio de ternura, que          Depois, bem, passado o embaraço da timidez foi      todos os anos cinquenta do século passado, a Coim-
a ternura é sempre o esperável que vale a pena es-       tudo o jogo da glória e nem uma pitada de remorso,     bra dos preparatórios de engenharia, que então não
perar. Ai de quem não sabe isto, quem apenas se          ele também mas faz, logo estamos quites, penso que     havia licenciatura, os encontros com o António e a
prende nas realizações de futuros organizados, arru-     não disse assim, o motorista é que ficou sem saber     Teresa, todos os daquela tertúlia depois de almoço,
madinhos, muito conseguidos para. Quem funciona-         como tratá-la, também para que interessa a maneira     que se espreguiçava pela tarde, se repetia depois de
liza o amor ou isso a que é costume chamar amor,         como as pessoas se tratam na intimidade, há sempre     jantar até horas mortas.
como querem sempre funcionalizar a inteligência a                                                                  O António Portugal ficará como um símbolo, não
recibos verdes ou contratos a termo certo, que é sem-                                                           de uma geração, mas de um esforço renovador. Que
pre termo sabido, amar com horário e relógio de pon-                                                            é muito mais do que marcar um tempo, é ser o pró-
to, que horror, disse-me ela no Parque Verde, quan-                                                             prio tempo. A partir daquela noite em que Artur Pa-
do isto tudo me saía torrencial para expurgar a re-                                                             redes, com o filho Carlos, Arménio Silva e Ferreira
volta, que horror, senhor engenheiro, nem sei se hei-                                                           Alves, no Avenida, nas comemorações das Bodas
de chamar-lhe engenheiro ou economista, repetia,                                                                de Diamante do Orfeon trouxeram uma outra sono-
mas não se chama a ninguém senhor economista,                                                                   ridade à guitarra, o António Portugal ficou depositá-
reparo agora, disse com ar gaiato, diz-se sempre se-                                                            rio da responsabilidade de mudar tudo no espaço
nhor doutor, também serve para tudo, mas senhor                                                                 coimbrão. Assumiu com tranquilidade exaltante. Com
economista também soa mal, não acha?                                                                            a guitarra e uma maneira de se dobrar com ela. Ar-
   Divertia-me ouvi-la e pensei no curso de enge-                                                               rebatado. Como em tudo. Até o coração aguentar.
nharia do Técnico e depois nos estudos de econo-                                                                   Naquele rés-do-chão da Avenida Afonso Henri-
mia, o doutoramento em Boston, os conselhos de ad-                                                              ques. Corria o ano de 1955. Eu sei que isto pode
ministração e as aulas, os convites das televisões                                                              incomodar alguns, não sou evidentemente especia-
em programas para dizer o que se quer ouvir, pensei                                                             lista. Tenho memória. Sei que semeava a diferença.
em tudo, julgo que pensei, porque na verdade apenas                                                             Que construiu a diferença.
andava à solta nos canteiros dos seus olhares de                                                                   O António, que então tocava com o Jorge Godi-
desafio, penso que eram de desafio, que a madureza                                                              nho, o Manuel Pepe e o Levi Baptista, percebeu bem
da minha idade talvez abrisse alguma especial curio-                                                            o que eram cromáticos, é assim que se diz?, agarrou
sidade, como será na cama este tipo tido por sábio                                                              na guitarra e meteu-se a fazer a Aguarela Portu-
em questões económicas, ora ora, são todos iguais,                                                              guesa. Seguiu-se um salto enorme, com os poemas
mas talvez haja alguma coisa que a gente não sabe,                                                              do Alegre, a voz do Goes e do Adriano, quantas mais.
um qualquer viciozito privado, qualquer surpresa, isto                                                             A resistência activa mas acima de tudo um toque
andava vagamente na cabeça dela, ou talvez apenas                                                               de qualidade que repercutiu em tantos dos que vie-
na minha cabeça, eu é que estava a pensar o que                                                                 ram depois, e não vou nomeá-los, que agora já nem
queria que ela pensasse, faltava-me coragem para                                                                me importam os olhos da mulher que acaba de dizer
verbalizar um convite.                                                                                          é altura de ir para o hotel…
   Aquela coragem com que era capaz de demolir                                                                     Valeu a pena saber o que é o Parque Verde. Para
as grandes opções de um qualquer plano de um qual-                                                              poder marcar este encontro com o António Portugal.
quer governo. Interfiro agora na história, mudo a        António Portugal
pessoa, a conjugação neutraliza o que pode.                                                                                                   * Professor universitário
26 DE JUNHO DE 2009                                                                                                   OPINIÃO            7
 ponto . por . ponto
Por Sertório Pinho Martins                                        mata-mata!
   Há cerca de um ano, esta coluna       riga vazia dos contribuintes bate        derrocada de sonhos para uns tantos       do parceiro a contra-gosto) e PS + BE
dava à luz um texto cujo título balan-   mais forte do que a vozearia dos         que nada fizeram para merecer outro       (que vai durar o tempo de um sopro,
çava entre o real e o jocoso: “a cor-    debates sobre o estado da nação ?        destino, e um quebra-cabeças para mi-     porque os tempos não são de nacio-
da e o circo”. E passo a citar dois      Remodelando agora, terá no míni-         lhões de portugueses que só querem        nalizar sectores de que o BE quer a
excertos, que parece terem parado no     mo o benefício da dúvida de quem         apostar certo e garantir que não lhes     todo o transe pôr-e-dispor).
tempo.                                   foi solidário até ao limite do tole-     tiram o resto da pele que já deixaram        E um governo minoritário, como
    “Cada um faz o seu número de         rável, mas que não hesitou em dar        nos desfiles de rua, na dobradiça das     fará passar o seu ‘programa’? Se for
circo, a corda vai esticando debai-      o passo patriótico quando esgotou        portas do emprego fechadas com es-        do PS, o PCP não lhe dará mais que o
xo das nossas desilusões e não nos       todas as esperanças em homens que        trondo, nos salários em atraso, nas fi-   benefício da ‘abstenção’, e o BE pode
demos conta que já estamos a tra-        afinal desapontaram o país real. E       las de espera de uma esperança cada       não chegar para que passe rés-vés
balhar sem rede! Numa conjuntura                                                                                            contra a aliança parlamentar PSD-
económico-social sem precedentes                                                                                            CDS, – sendo certo que, se for um
desde há décadas, o que passa a                                                                                             BE-fiel-de-balança, fará duras exi-
valer é o chorrilho de asneiras, a          E depois de 27 de Setembro? Ninguém vai                                         gências que lhe continuem a dar visi-
surdez à voz do bom-senso, a com-                                                                                           bilidade e protagonismo. Mas o mun-
petição pela maior parvoíce políti-         sobreviver sozinho, e os ‘fiéis-de-balança’                                     do que Francisco Louçã sonha não é
ca – porque no fim alguém há-de             (CDS e BE), emergentes de um desnorte                                           o que aí vem, feito de consensos ao
apagar as luzes! ... Qualquer even-                                                                                         centro, de privatização da economia,
to (por mais insignificante) serve          que atacou os indecisos e os desalentados,                                      de liberalização das leis laborais e de
para tocar a rebate e a lançar re-
cados que não têm segunda leitu-
                                            voltam a ser (Deus nos acuda!) os decisores                                     esbatimento do Estado como golden-
                                                                                                                            share dos sectores-chave do século
ra, cruzam-se ameaças por cima das          do equilíbrio político que nos é necessário                                     XXI. Se for do PSD, o CDS ajudará
nossas cabeças atarantadas com                                                                                              mas quererá também contrapartidas,
tanto despudor político, e o hori-
                                            como pão para a boca!                                                           e com toda a certeza que o PCP, PS e
zonte continua nublado a perder de                                                                                          BE votarão contra – e aí, adeus pro-
vista. Cheira cada vez mais a quei-                                                                                         grama de governo!
mado e ninguém repara na direc-                                                                                                Conclusão? A batata pode voltar às
ção do vento!”                           se ele tem por onde escolher!”.          vez mais ténue. E quando em 27 de         mãos de Cavaco Silva, que decerto
    “José Sócrates tem nas mãos uma         Escrevi isto em Julho de 2008, an-    Setembro e 11 de Outubro chegar o         não hesitará em pôr ordem na bagun-
maioria absoluta, base primeira          tes do big-bang do suprime america-      momento de fazer escolhas, receio         ça. E ai de quem lhe apontar que não
para a estabilidade política que ou-     no que já corroía a economia ameri-      muito que o “mata-mata” assassino e       foi um gajo-porreiro-pá e deu aos par-
tros vão ter que conquistar, esgri-      cana e que os gurus europeus acha-       sem discernimento se sobreponha ao        tidos todas as oportunidades de se en-
mindo argumentos que levem a dar         vam que não se atreveria a passar o      razoável de uma realidade que deixou      tenderem em nome da paz política que
um passo atrás aos que em 2005           Atlântico a vau, e antes das catástro-   de ter esperança.                         o país (que os sustenta!) exige, e que
votaram claramente no PS. Dir-se-        fes universais em cadeia que se lhe         E depois de 27 de Setembro? Nin-       já está assegurada noutros parceiros
á que nessa altura já havia no ar        seguiram. Mas também nunca tive          guém vai sobreviver sozinho, e os ‘fi-    europeus que vão dar as mãos para
uma ‘dinâmica de mudança’ ; mas          veleidades (há que dizê-lo) de que al-   éis-de-balança’ (CDS e BE), emer-         chegar ao lado de lá do terramoto que
chegar à maioria absoluta foi um         guém ligasse a mais uma voz perdida      gentes de um desnorte que atacou os       varre o mundo desde há um ano a esta
feito indiscutível. Porém, ao primei-    no deserto. Diz-se tanta coisa que não   indecisos e os desalentados, voltam a     parte.
ro-ministro falta-lhe dominar es-        passa do ‘diz-se-diz-se’…                ser (Deus nos acuda!) os decisores           Quem não enxergar isto, não me-
pontaneidades, dosear ímpetos, si-          E fico perplexo com o que mudou       do equilíbrio político que nos é neces-   rece mais que o “mata-mata” adivi-
mular contrições e sacrificar peões      num ano! E fico doente com o que se      sário como pão para a boca! Cenári-       nhado dos próximos actos eleitorais
para chegar ao pleno em 2009. Ora        vai passar nos próximos três meses!      os? Todos eles são de cedências fei-      que decidirão o nosso futuro colecti-
sacrificar peões é algo que Sócra-       E fico em pânico com a eventual in-      tos: PSD + CDS (natural, até onde         vo. Muita cabeça vai rolar e algumas
tes ainda não absorveu e interiori-      governabilidade que se desenha no ho-    Manuela Ferreira Leite tiver paciên-      promissoras carreiras cairão sob a gui-
zou do mundo da política, a ponto        rizonte descalcificado das nossas        cia para segurar Paulo Portas), PS +      lhotina inexorável do voto popular.
de ir remodelar tão só para as elei-     energias nacionais.                      CDS (em que o primeiro dá ao segun-       Mas não merecem outra coisa, por-
ções de 2009. Senão, que outros             As eleições europeias foram uma       do dois ou três ministérios — Defesa,     que a esperança de um amanhã me-
trunfos ou actos de propaganda lhe       agradável surpresa para alguns, uma      Assuntos Sociais, Negócios Estrangei-     lhor vale por todos os pessimismos do
restam, numa altura em que a bar-        alegria esfusiante para outros, uma      ros?– para usar como quiser os votos      hoje.




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8 OPINIÃO                                                                                                                         26 DE JUNHO DE 2009


                                               gência de prazer e de poder está a von-       Egipto fazer um discurso que agradou           Mais avisados, os do Norte da Euro-
                                               tade de sentido. (...)                        tanto a judeus como a muçulmanos, a         pa desataram a andar de bicicleta e a
                                                                      Anselmo Borges         tese de que o Presidente americano é        descobrir o charme de compartilhar odo-
                                                                    Diário de Notícias       Satanás ganhou força. Talvez este ho-       res e sabores a próximo nos transportes
                                                                                             mem seja, de facto, o Anticristo respon-    públicos. (...)
                                               EMERGÊNCIA                                    sável pelo Apocalipse, na medida em                                  Rui Reininho
                                               DO PODER PIRATA                               que parece capaz de acabar com o                                Jornal de Notícias
                                                                                             mundo tal como o conhecemos. Apa-
                                                  O muito jovem Partido Pirata sueco
                                               fez uma entrada assinalável no Parla-
                                               mento Europeu, tendo obtido 7,1% dos
                                               votos na eleição de 7 de Junho de 2009.
                                               Para Estrasburgo vai enviar dois depu-
                                               tados. (...)
UM ÚLTIMO OLHAR                                   É preciso levar a sério a emergência
SOBRE AS EUROPEIAS                             desta nova oferta política. Depois de
                                               apenas três anos de existência, o Pira-
   (...) As sondagens das eleições europeias   tpartiet reúne cerca de 50.000 aderen-
portuguesas eram, afinal, quase tão fanta-     tes e é a terceira força militante da polí-
siosas como os resultados das eleições         tica sueca, logo atrás dos Moderados.
nacionais iranianas. Há que dizer, contudo,    (Os adversários do Partido Pirata subli-
que não era fácil a tarefa de quem sonda.      nham que a adesão ali é gratuita.) Em
Boa parte dos resultados eleitorais era qua-   2009, houve uma adesão maciça dos jo-
se impossível de prever. A vitória do PSD,     vens entre os 18 e os 30 anos – na gran-
por exemplo, acaba por ser surpreenden-        de maioria, homens – a um programa
te, sobretudo se tivermos em conta que         fundado na legalização da partilha de fi-
Paulo Rangel teve de superar algumas di-       cheiros. O principal detonador deste
ficuldades sérias: a falta de apoio de mui-    movimento foi o processo «The Pirate
tos dos principais militantes do partido, a    Bay», do nome de um sítio sueco na In-
sua relativa inexperiência política e uma      ternet que propunha um motor de busca
perturbadora semelhança física com o           especializado nos ficheiros torrents, que
Manelinho, da Mafalda, poderiam ter dei-       permitem descarregar e partilhar, entre
tado tudo a perder.                            utilizadores, filmes, música, programas
   Outra surpresa: o candidato ideal do        informáticos, etc (...)
PS, percebemo-lo agora, era Basílio                                     Philippe Rivière
Horta. Recordo que, segundo o ministro                       Le Monde Diplomatique
Manuel Pinho, Paulo Rangel teria de
comer muita papa Maizena para chegar           A CRISE DA JUSTIÇA                            rentemente, está interessado em trocá-
                                                                                                                                         “NÃO ABRACE TÁXI,
aos calcanhares de Basílio Horta. No                                                         lo por outro melhor, mas não deixa de
                                                                                             destruir o nosso. Obama já tinha torna-     JUNTE COM CAMBITO”
entanto, e mantendo a metáfora da fari-           Custa-me abordar este assunto, pelo
nha láctea, que é realmente elegante,          seu especial melindre. Mas, em consci-        do claro que o nosso sistema de pre-
                                                                                             conceitos, que era tão fiável e seguro,        Rio Branco (Acre) – Se alguém pe-
Rangel comeu as papas na cabeça de             ência, não posso deixar de o fazer. A cri-                                                dir: por favor, pode me destentar este che-
Vital Moreira. Imaginem agora a quanti-        se da Justiça está aí, é uma evidência        estava pervertido. Um respeitável se-
                                                                                             nhor branco de alguma idade como Ber-       que, e você souber que o sujeito é fari-
dade de papa Maizena que Vital Morei-          incontornável. Não pode deixar de preo-                                                   nha de cruzeiro, destente. Se tiver dinhei-
ra teria de comer para chegar aos cal-         cupar os cidadãos responsáveis.               nard Madoff roubou-nos a todos e deu
                                                                                             cabo da economia, e um negro relativa-      ro, tudo bem, é tarefa que você pode re-
canhares de Basílio Horta. (...)                  A Justiça, em demasiados casos, não                                                    alizar sem abraçar táxi. Vai ser como
                 Ricardo Araújo Pereira        funciona, nomeadamente quando envol-          mente jovem deseja endireitá-la outra
                                                                                             vez. Confesso que já não sei quem hei-      juntar com cambito. E se avistar um ho-
                                      Visão    ve políticos mediáticos ou desportistas                                                   mem usando bosoroca não estranhe, ele
                                               igualmente mediáticos. Os juízes não se       de temer, quando passo por um beco
                                                                                             escuro. (...)                               é homem mesmo. Ao ouvir “cuida, me-
                                               entendem com os procuradores e estes                                                      nina”, não se preocupe. Agora, saindo
                                               não se entendem com os responsáveis                          Ricardo Araújo Pereira
QUE NOS ESPERA?                                                                                                                          por ai, cuidado com as peremas. Grande
                                               da Polícia Judiciária. Há a sensação de                                        Visão
                                                                                                                                         e vasto é o Brasil, digo sempre, sem
    (...) O Homem vem ao mundo por             que disputam, entre si, para aparecerem                                                   medo do clichê. Porque é mesmo.
fazer e quer queira quer não tem essa          nas televisões, como vedetas. Não re-         NORMAL OU SUPER?
                                                                                                                                            Felizmente, viajar por causa da litera-
tarefa constitutiva: fazer-se a si mesmo.      sistem a responder a perguntas dispara-                                                   tura tem me ajudado a conhecer o país
E tanto podemos fazer de nós uma obra          tadas ou mal intencionadas e nem sem-            (...) Quando os carros andavam a
                                                                                                                                         e, principalmente, descobrir as múltiplas
de arte como fracassar.                        pre o fazem com o bom senso que seria         Normal, os dos remediados cujos pais se
                                                                                                                                         variações de nossa língua. Vou incorpo-
    Einstein constatou que quem sente a        de esperar.                                   deslocavam a pé ou de carroça no senti-
                                                                                                                                         rando aos meus caderninhos os vocabu-
vida vazia de sentido não é feliz e sobre-        Assim sendo, perdem a distância - tão      do de dar estudos e educação aos filhos,
                                                                                                                                         lários locais, além de trazer dicionários
vive mal. O Homem não pode viver sem           necessária à profissão que exercem - e        o gasóleo era para quem trabalhava e se
                                                                                                                                         regionais. Destentar é descontar. Abra-
sentido. Aliás, a existência humana está       desacreditam as magistraturas. Parece         tinha que fazer à estrada; os do normal
                                                                                                                                         çar táxi é trabalho difícil (diga tachi e não
baseada na convicção do sentido. A sua         não perceberem que o silêncio é de ouro       tiravam o coberto ao carro, limpavam-
                                                                                                                                         táxi), é sofrer. Bosoroca é uma bolsinha
própria negação ainda o afirma. No limi-       e a palavra, em certas circunstâncias,        lhe pó e iam ali até à praia ou à ribeira
                                                                                                                                         onde se carregam cartuchos. Cuida,
te, não é possível o “suicídio lógico”, pois   lhes é bastante inconveniente. O que          mais próxima ouvir o relato enquanto se
                                                                                                                                         menina significa se apresse, avie-se!
quem pegasse numa arma para suicidar-          contribui, com alguma frequência, para        fazia um croché e as crianças suspira-
                                                                                                                                         Farinha de cruzeiro é gente boa, confiá-
se, porque tudo é absurdo, negaria o ab-       o descrédito da Justiça, nos espíritos dos    vam pela sumol e pelos bolos de coco.
                                                                                                                                         vel, enquanto juntar com cambito é coi-
surdo e afirmaria o sentido.                   telespectadores, que nas suas casas, num         Nesse Mesozóico, também houve uma
                                                                                                                                         sa fácil de fazer. Peremas são mulheres
    O famoso psiquiatra Viktor Frankl,         contexto diferente, os vêem, escutam,         gravíssima crise de combustíveis por
                                                                                                                                         dadas, oferecidas, assanhadas e até mais
fundador da logoterapia, mostrou, a par-       avaliam. E não gostam... (...)                causa dos ayatollas que contestavam as
                                                                                                                                         do que isso.
tir dos estudos que realizou com base na                                 Mário Soares        modernices do xá da Pérsia. As viaturas
                                                                                                                                            Aos dicionários de gauchês e de per-
sua terrível experiência nos campos de                                             Visão     tinham só um depósito com que se haver
                                                                                                                                         nambucanês, já acrescentei o baianês e
concentração nazis, que a exigência mais                                                     aos fins-de- semana, de matrículas par
                                                                                                                                         o cearês. Agora tenho o acreano, do Gil-
radical do ser humano é o sentido, ra-         OBAMA ANTICRISTO?                             ou ímpar para circular e o Júlio Isidro
                                                                                                                                         berto Braga de Mello, delicioso. Gilber-
zões para viver. Contra Freud e Adler,                                                       aproveitou para inventar a Música na TV,
                                                                                                                                         to, como todo acreano, firma pé. Apesar
no mais fundo de nós, mais do que a exi-         (...) Quando, há dias, Obama foi ao         como o Bernstein cá do burgo.
                                                                                                                                         da reforma ortográfica, os acreanos, com
26 DE JUNHO DE 2009                                                                                                                  OPINIÃO               9
E, se recusam a se tornar acrianos, com        se pela “eficácia” do discurso e pela “for-     ser prejudicial (veja-se a Educação). Só-     vas bases: continuando o barrosismo
I. Que se mantenha o E, clamam, indig-         ça” da sua imagem. Ao ponto de a linha de       crates gosta de governar sozinho. Ideias,     sem Barroso, assim como Guterres inau-
nados. Ouçamos, minha gente, essas             rumo, de que tantos falam agora, ter sido,      precisam-se. E coerência. Não basta co-       gurara um cavaquismo de “rosto huma-
vozes distantes, elas não estão separa-        nos últimos dois anos, substituída por uma      piar a música e o slogan de Obama. Por-       no”.
das do Brasil. (...)                           sucessão ininterrupta de momentos de pro-       que ao PSD basta-lhe uma ideia: estar no         Durão Barroso revelou-se, no entan-
          Ignácio de Loyola Brandão            paganda ao longo dos quais o Governo sal-       poder. E querer estar no poder. Ser o balu-   to, um excelente presidente da Comis-
            “O Estado de São Paulo”            tava de anúncio em anúncio, de promessa         arte contra o avanço da esquerda.             são Europeia. Reabilitou a imagem da
                                               em promessa, de inauguração em inaugu-                             Clara Ferreira Alves       “coisa”, depois dos desastres de Santer
PENSAR NO FUTURO                               ração como se o país fosse um palco, imu-                                      Expresso       e Prodi, tratou dos assuntos essenciais,
                                               ne às contingências da realidade.                                                             e sobretudo antecipou estratégias, numa
   (...) Quando a crise chegou, Portugal já       Daí que os apelos que se fazem sentir,       O CAMINHO DE DURÃO                            União sonâmbula e pouco atenta. Foi
era outro país, apesar das raivas que late-    no interior do PS, a uma mudança de estilo                                                    um dos primeiros a advertir para a cri-
javam em muitos sectores e que foram           não deixem de ser um retrato fiel da deso-         Aos costumes digo que sou amigo e          se energética e a hiperdependência da
ampliados pelas traições internas e acções     rientação que existe hoje em todo o parti-      fui colega de Durão Barroso. Conheci-         Europa face ao ex-Leste. E a agir aí. (...)
inusitadas como as de Manuel Alegre. Se        do: porque o estilo é a única marca de uma      o, era ele um dirigente do MRPP já com                                 Nuno Rogeiro
Sócrates resistiu a tudo, até chegar a crise   maioria que privilegiou a forma ao conteú-      muitas dúvidas, em trânsito para uma si-                          Jornal de Notícias
que devastou todos os países do mundo,         do, a ficção à realidade e a propaganda a
não teve força para o ‘tsunami’ que apare-     qualquer linha de rumo. Mudar o que pode                                                      O NOSSO FADO
ceu. Apesar dos erros cometidos pelo Go-       parecer acessório é, neste caso, mudar o
verno, foi nessa altura precisa que Sócra-     essencial. É que por trás do acessório, exis-                                                    Não, nunca iremos tornar-nos um
tes começou a desfalecer.                      te apenas um imenso vazio.                                                                    imenso Portugal. O nosso fado está tra-
   A maior acção de contra-informação                          Constança Cunha e Sá                                                          çado e, após oportunidades e mais opor-
desencadeada no sentido de afirmar que o                             Correio da Manhã                                                        tunidades desperdiçadas, vamos ser ape-
culpado da crise era o governo produziu os                                                                                                   nas um Portugal dos pequeninos, um
efeitos desejados. Sócrates não soube tra-     AIRBUS SAI DO SILÊNCIO                                                                        Portugal pequenino.
var mais esta investida, ainda por cima com                                                                                                     Vamos ser o Portugal onde os melho-
porta-vozes, como Santos Silva, que em vez        Doze dias depois do acidente com o                                                         res já não querem governar porque não
de mudarem a onda agravaram os seus            A330-200 do voo AF 447 onde morrem                                                            aguentam a eterna maledicência da rua.
efeitos, com tantas baboseiras. Foi por tudo   228 pessoas o fabricante Airbus aban-                                                         Onde o povo tanto lhe faz ser mal ou
isto que Sócrates perdeu. Agora é hora de      dona o silêncio costumeiro para defen-                                                        bem governado porque é sempre con-
renovar a estratégia para novos desafios       der sua cria. “O A330 é um dos melho-                                                         tra. Onde ninguém - pessoa, corporação,
que aí vêm.                                    res e está entre os mais seguros aviões                                                       empresa, sindicato - deixa de achar sem-
                            Emídio Rangel      construídos até hoje”, disse o alemão                                                         pre que tudo lhe é devido e nada lhe é
                      Correio da Manhã         Thomas Enders, presidente da compa-                                                           exigível. Onde as grandes construtoras
                                               nhia européia. Ele se baseia na ficha                                                         vivem quase todas de sacar ao Estado
A MATAMORFOSE                                  corrida do A330-200. Desde que o avião                                                        obras inúteis, porque de outro modo não
                                               foi brevetado, em 1996, houve apenas um         tuação de independência, primeiro, e para     sabem viver. Onde ninguém pensa a pra-
   (...) Embora o País tenha dito nas ur-      acidente com vítimas fatais: o vôo AF           o PPD, depois.                                zo porque há sempre uma eleição pelo
nas que já chega ao actual primeiro-mi-        447 do 1 junho que fazia o trajeto Rio-            Não nos aproximava nem a doutrina,         meio que não se pode perder, mesmo que
nistro, convém não o subestimar. Sócra-        Paris. “Um avião Airbus decola a cada           nem a história, nem as “opções políticas”,    seja a feijões, como as europeias que
tes transformar-se-á no que os guerrei-        dois segundos no mundo, a aviação civil         nem sequer a formação intelectual, mas        acabamos de atravessar. (...)
ros do marketing político lho ditarem. E       continua sendo o meio de transporte mais        penso que nos juntava a curiosidade de           A mediocridade há-de sempre que-
como agora tantos falam em humildade,          seguro do planeta.”                             compreensão dos motivos, pensamento           rer que o nivelamento se faça por bai-
o primeiro-ministro será humilde. Talvez          O pronunciamento inédito de diretor          e expressão dos aparentes “inimigos”, e       xo. Há-de sempre querer afastar cri-
até sereno e simpático para com os seus        alto graduado da Airbus depois de um            a previsão dessa era que hoje se chama        térios que assentem no mérito, no tra-
adversários. Nem que tenha de ensaiar a        acidente envolvendo uma de suas aero-           de “pós-ideológica”. Teremos também           balho, no talento, na honestidade, nos
metamorfose mil vezes, só aparentemen-         naves não acontece por acaso. Nunca             tido uma certa cumplicidade no entendi-       valores. O que distingue um país com
te contrariando a sua natureza (o que quer     houve uma pressão tão grande da opi-            mento dos rumos, nem sempre fáceis ou         futuro de outro que o não tem é justa-
é o mesmo). E agradece a moção de cen-         nião pública mundial para saber as cau-         explicáveis, do “interesse nacional”.         mente o desfecho desse embate. Em
sura. Não nos iludamos, será o mesmo.          sas de um acidente de avião. (...)                 O seu projecto de governo, depois de       Portugal premeia-se o absentismo e a
                Paula Teixeira da Cruz                                 António Ribeiro         muitas peripécias de saúde, de muitas         rotina; desculpa-se a incompetência e
                     Correio da Manhã                                              Veja        negociações e subidas a pulso, de mui-        aceita-se resignadamente a burocracia
                                                                                               tos caminhos solitários, ou incompreen-       e o autoritarismo imbecil; perdoa-se a
OFERTA CULTURAL                                A DECADÊNCIA                                    didos, acabou na coligação “pragmática”       ausência de valores éticos a todos os
                                               DO SOCIALISMO                                   com um ex-aliado, ex-adversário, ex-po-       níveis e trata-se socialmente por se-
   O primeiro-ministro admitiu que o                                                           lemista, Paulo Portas. Apesar das previ-      nhores os que nada mais são do que
                                                  (...) Olhamos para o PS e que vemos?
Governo errou (aqui está uma novidade)                                                         sões de catástrofe, conseguiu rumar pe-       bandidos; condecora-se o triunfo em-
                                               As caras e aproveitadores do costume. A
por não ter investido muito na cultura e                                                       los escolhos complicados do “país de tan-     presarial por favor político; perdoam-
                                               larga testa do dr. Vitorino, o único ‘inteli-
lamentou a falta de oferta cultural. Se é                                                      ga”, manteve unidas facções díspares, e       se os impostos e os crimes fiscais aos
                                               gente’ do partido, que tem um think tank só
verdade que José Sócrates quer ‘arrepi-                                                        entrou no Campeonato Europeu de Fu-           grandes vigaristas, enquanto se perse-
                                               para ele. A oportunista testa do dr. Carri-
ar caminho’ e aparecer com um imagem                                                           tebol, feito em estádios que não tinha        gue implacavelmente o pequeno e ho-
                                               lho, sentado na sinecura da UNESCO.
diferente, convém que saiba do que fala.                                                       previsto nem aprovado, com altos níveis       nesto devedor ou aqueles que mais im-
                                               Vemos alegristas e guterristas, senhoras do
A oferta cultural só é diminuta para quem                                                      de confiança.                                 postos pagam e que não fogem ao fis-
                                               costume, apparatchiks obsoletos, luta pela
anda distraído; há bastantes coisas a                                                             A saída para Bruxelas fracturou a sua      co; arquivam-se os crimes que são di-
                                               sobrevivência e confrangedora ausência de
acontecer todos os dias e o Governo não                                                        própria base de apoio.                        fíceis de investigar e tortura-se a mãe
                                               discussão e de temas. Vemos que uma
fez falta, a não ser para quem quer ter                                                           Achei-a, na altura, incompreensível,       da Joana, transformando os responsá-
                                               certa intelligentsia que votaria no PS pas-
emprego fácil. (...)                                                                           prejudicial, má para Portugal, para a es-     veis em vedetas mediáticas; consen-
                                               sou a votar no Bloco de Esquerda, por ra-
                 Francisco José Viegas                                                         tabilidade, para a confiança nos políti-      te-se o indecoroso tráfico de influên-
                                               zões éticas e estéticas, ou porque o Bloco
                     Correio da Manhã                                                          cos. Com a opção comissarial abriu-se         cias entre o poder político e a advoca-
                                               é uma ‘vanguarda’ não ‘corrompida’. E
                                                                                               uma crise de legitimidade, cujos efeitos      cia de negócios e pretende-se calar o
                                               tem o poder de não ser poder. O Bloco fez
MUDAR DE RUMO                                                                                  ainda sentimos, obrigando Santana Lo-         bastonário dos advogados que, à reve-
                                               do PS o seu inimigo principal. E o PS dei-
                                                                                               pes a um sacrifício de emergência, Jor-       lia dos bons costumes, denuncia o que
                                               xou. A hemorragia do PS é culpa do PS.
   (...) Por oposição à dra. Ferreira Leite,                                                   ge Sampaio a um bizarro presidencia-          todos sabem ser verdade. (...)
                                               Tal como o PCP, foi derrotado. Sócrates
capaz de comunicar apenas a sua própria                                                        lismo de tutela e vigilância, e à recria-                      Miguel Sousa Tavares
                                               tem a vantagem do voluntarismo e da re-
incapacidade, o eng. Sócrates distinguia-                                                      ção do PS pós-Ferro Rodrigues em no-                                        Expresso
                                               sistência. Voluntarismo não chega e pode
10          COIMBRA                                                                       arte em café
                                                                                                                          26 DE JUNHO DE 2009



CARLOS ENCARNAÇÃO ACUSA ESTADO DE SE DISTRAIR DAS QUESTÕES SOCIAIS

Coimbra é uma lição em projecto integrador
de comunidade cigana
   O Presidente da Câmara de Coimbra                                                 pal lançou do ponto de vista humano e       experiência poderá ser alargada a cida-
afirmou há dias que o Estado “continua                                               social.                                     dãos não ciganos, a outras comunidades
distraído” no que respeita a questões                                                   “Esta é uma missão insubstituível do     que também vivem em situação de ex-
sociais, tendo as autarquias de assumir                                              Estado, que continua distraído das ques-    clusão social.
essas competências para minimizar os                                                 tões sociais. É obrigação do Estado fa-        “Portugal devia adoptar o lema “Por-
problemas.                                                                           zer isto. É uma questão nacional que tem    tugal País de Todos”, disse, em adapta-
    “O que mais me ofende é que o Es-                                                cambiantes locais”, observou.               ção do lema escolhido por Coimbra para
tado faça de conta que não sabe dos pro-                                                Para Carlos Encarnação, “não vai ser     o projecto, que contempla o acompanha-
blemas. Que seja distraído”, declarou                                                possível ao Estado deixar de ter atenção    mento multisectorial de famílias ciganas
Carlos Encarnação, ao encerrar, em                                                   a estas soluções” que o projecto pionei-    num centro de estágio habitacional; um
Coimbra, um debate nacional sobre a                                                  ro de Coimbra apresenta ao nível da in-     espaço de conquista de competências
população cigana em situação de preca-                                               tegração da comunidade cigana.              para a sua integração em bairros da ci-
riedade habitacional”.                                                                  Também Artur Trindade, secretário-       dade.
   Na sessão, que contou com o envolvi-                                              geral da ANMP criticou o Estado por            Sara Carvalhal, responsável por esse
mento da Associação Nacional de Mu-                                                  deixar nas mãos dos municípios a reso-      centro de estágio habitacional da Câma-
nicípios Portugueses (ANMP), a Câma-       Carlos Encarnação
                                                                                     lução de problemas sociais sem lhes         ra de Coimbra, por onde passam as fa-
ra de Coimbra apresentou aos técnicos      bém impressão que as comunidades não      transferir essa competência, e sem as       mílias ciganas, afirmou que o seu perfil
de várias autarquias do país um projecto   compreendam estes problemas”, afirmou     dotar de meios financeiros para tal.        não difere de qualquer família multipro-
pioneiro de intervenção junto da popula-   o autarca.                                    “Tenho orgulho pela Câmara Muni-        blemática pobre, isolada, que não tive
ção cigana, que já está a ser adoptado        Reportando-se ao projecto “Coimbra     cipal de Coimbra que, em representação      acesso a oportunidades.
pela Câmara Municipal de Ovar.             Cidade de Todos”, que a sua autarquia     do poder local, tenha tido esta iniciati-      Também a Alta Comissária para a
    “Não fico bem com a minha consci-      lançou em 2004 para intervir junto da     va”, afirmou o dirigente, desejando que     Imigração e Diálogo Intercultural, Rosá-
ência quando vejo cidadãos a degradar      comunidade cigana a viver em barracas,    a experiência seja adaptada e transpor-     rio Farmhouse, defendeu na sessão que
a sua situação, e abandonados a si pró-    Carlos Encarnação disse tratar-se “das    tada para outros municípios.                o projecto de Coimbra seja aplicado nou-
prios a viver na cidade. Causa-me tam-     melhores coisas” que a Câmara Munici-        Na perspectiva de Artur Trindade, esta   tros municípios.




“Plataforma do Choupal” quer Câmara
a dar explicações sobre projecto de novo viaduto
   O movimento Plataforma do Chou-         mo que a Câmara de Coimbra “tenho         ressados observassem a circulação           po que entenderem”, explicou o bió-
pal considerou ontem (dia 25) que a        o mesmo estatuto no processo, com o       rodoviária.                                 logo Miguel Dias, que integra o movi-
Câmara Municipal de Coimbra “deve          argumento de que estão a defender os         “Ficou comprovado que não há si-         mento.
explicações” sobre a necessidade de        interesses do município”.                 tuações de entupimento, apenas situ-           A iniciativa começa hoje (sexta-fei-
se construir uma nova ponte na cida-          “Parece-nos haver vontade das Es-      ações pontuais de dificuldades no es-       ra) às 18:00 e, durante 48 horas, os
de, na zona da Mata do Choupal.            tradas de Portugal de não deixar de       coamento”, disse Luís de Sousa, re-         participantes podem “correr, andar de
   O movimento, que contesta a cons-       fora uma parte interessada no proces-     ferindo que a Plataforma do Choupal         bicicleta ou caminhar”.
trução de um viaduto rodoviário com        so”, referiu.                             está contra o “desperdício de dinhei-          No caso da corrida, os participan-
40 metros de largura e que atraves-           A Plataforma do Choupal conside-       ros públicos num troço sem necessi-         tes devem fazer uma pré-inscrição
sa o Choupal numa extensão de 150          rou ainda “extremamente positiva” a       dade”.                                      através do e-mail
metros, no âmbito do novo IC2, re-         iniciativa designada por “Desafio Elec-      No âmbito do processo de contes-            plataformadochoupal@gmail.com.
velou hoje, em conferência de im-          trónico à População!, que procurou        tação à construção do viaduto sobre            Segundo Luís Sousa, estão já ins-
prensa, que o município “está desde        mostrar “a total ausência de entupi-      a Mata do Choupal, iniciado em Fe-          critos cerca de 150 participantes.
o primeiro momento por detrás desta        mentos ou engarrafamentos” de trân-       vereiro deste ano, o movimento pro-            Entre eles os candidatos à autarquia
solução”.                                  sito na Ponte Açude, junto à Mata do      move entre os dias 26 e 28 de Junho         de Coimbra Pina Prata (independen-
   Luís Sousa, do movimento, disse à       Choupal, onde o Governo pretende          mais uma iniciativa desportiva, que se      te), Francisco Queirós (CDU), Cata-
Agência Lusa que, na contestação do        construir o viaduto rodoviário.           designa “Uma espécie de corrida”.           rina Martins (BE) e as deputadas so-
Ministério do Ambiente e das Estra-           Através de uma câmara, o movi-            “Trata-se de uma espécie de corri-       cialistas Teresa Portugal e Matilde
das de Portugal à acção popular in-        mento disponibilizou durante uma se-      da desportiva sem regras, em que to-        Sousa Franco, para além do provedor
terposta no tribunal por sete cidadãos,    mana imagens permanentes em direc-        dos os participantes podem praticar a       do Ambiente de Coimbra, Massano
foi requerida por este último organis-     to da Ponte Açude para que os inte-       actividade que quiserem durante o tem-      Cardoso.
26 DE JUNHO DE 2009
                                                                                                                                               IMAGENS                  11
EXPOSIÇÃO DE TRABALHOS NA CASA DA CULTURA


Imagens aéreas de Varela Pècurto
                                                                                        título de Excellence, em homenagem aos        lismo em Vila Franca de Xira.
                                                                                        seus trabalhos e técnica no domínio da           “Vidas de Ferro” é o nome da exposi-
                                                                                        arte fotográfica.                             ção baseada na sua interpretação sobre o
                                                                                           Foi operador – correspondente da RTP       quotidiano Ferroviário que se encontra no
                                                                                        em Coimbra, colaborador de imprensa e         Museu Nacional Ferroviário do Entron-
                                                                                        de publicações de arte e turismo.             camento.
                                                                                           É autor dos livros “PENACOVA” e “ER-          Homem dotado de um coração imenso,




  Varela Pècurto numa das avionetas com que sobrevoou Coimbra
   Na Casa Municipal da Cultura de Co-
imbra está patente ao público uma expo-      UMA CARREIRA NOTÁVEL
sição fotográfica muito interessante. Tra-
ta-se de um valioso conjunto de ima-           Varela Pècurto tem tanto de modesto




                                                                                        VEDAL”. Através deste último, Varela          decidiu destribuir o seu espólio fotográfico,
                                                                                        Pècurto homenageia a sua alentejana ter-      como se de uma devolução se tratasse, a
                                                                                        ra-natal. Desenvolveu ao longo de décadas     diversas instituições e municípios.
                                                                                        um importante levantamento patrimonial,          A Coimbra tem doado centenas de foto-
                                                                                        objecto de publicações diversas.              grafias e algumas das suas preciosas má-
                                                                                           Em 2005 recebeu da Câmara Municipal        quinas fotográficas.
                                                                                        de Coimbra a Medalha de Mérito Cultural e        Um lote específico dessa doação é com-
                                                                                        um diploma de honra do Clube da Comuni-       posta por uma série de negativos contendo
                                                                                        cação Social de Coimbra, pelo serviço pres-   vistas aéreas, onde o fotógrafo nos revela
                                                                                        tado à cidade.                                uma cidade muito diferente, em termos ur-
                                                                                           Encontra-se representado com 15 foto-      banísticos, da que hoje conhecemos.
                                                                                        grafias no Museu Nacional de Arte Con-           É precisamente essa Coimbra de outros
                                                                                        temporânea – Museu Chiado. Parte dessas       tempos captada pelo olhar do fotógrafo que
                                                                                        imagens estão patentes na exposição “Ba-      foi pioneiro em imagens aéreas, que se pode
                                                                                        talha de Sombras” no Museu do Neo-Rea-        apreciar

gens áereas recolhidas, ao lonfo de          como de notável, com uma carreira bri-
anos, por Varela Pècurto, um dos mais        lhante.
prestigiados e premiados fotógrafos             Nasceu em Ervedal do Alentejo, Con-
portugueses (e colaborador regular           celho de Avis, a 27 de Abril de 1925.
deste jornal).                                  Fez o liceu em Évora, onde se iniciou
  “Voar sobre Coimbra... há meio sé-         na arte da fotografia. Trabalhou para a
culo”, é o curioso título da mostra, que     casa Nazareth & Freitas e, posteriormen-
pode ser apreciada na Casa Munici-           te, com Eduardo Nogueira.
pal da Cultura até ao próximo ia 16             Em 1950 veio para Coimbra, tendo di-
de Julho.                                    rigido a Sessão Fotográfica da Livraria
  Naquela selecção de belíssimas             Atlântida e depois a “Hilda” como só-
imagens que Varela Pècurto foi re-           cio-gerente.
colhendo, ao longo de vários anos, a            Foi sócio fundador do Grupo Câmara
partir de pequenos aviões que sobre-         de Coimbra e participou em dezenas de
voaram Coimbra, podem ver-se as-             concursos nacionais e internacionais.
pectos muito curiosos dessa Coimbra             Em 1954, por decisão do congresso
de há meio século.                           de Barcelona da Féderation Internacio-
                                             nal de L’Art Photographique, recebe o
12         COIMBRA                                                                                                26 DE JUNHO DE 2009



FEIRA INDUSTRIAL E COMERCIAL DE COIMBRA

CIC’09 na Praça da Canção
- MOSTRA COM MUITAS ATRACÇÕES E UM PROGRAMA DE ESPECTÁCULOS DE QUALIDADE
   Vai ser inaugurada amanhã (sá-      actividade económica, a CIC’09 pre-     lhares em cada dia da CIC’09).            São Pedro de Alva
bado, dia 27), pelas 17 horas, a       tende ser uma mostra da pujança do        Para além da mostra empresarial,          22.00 – Uma Canção para Ti | TVI
CIC’09 – Feira Comercial e Indus-      tecido empresarial e da sua determi-    a CIC’09 tem muitos outros atracti-         24.00 – Encerramento
trial de Coimbra.                      nação para enfrentar as dificuldades.   vos, desde a possibilidade de sabore-
   De novo na Praça da Canção (an-        Daí que os responsáveis da Asso-
tigo Choupalinho), a CIC’09 deverá     ciação Comercial e Industrial de Co-
ser o pólo mais atractivo de Coimbra   imbra, e todos os seus colaboradores,
ao longo dos próximos dias, uma vez    tenham trabalhado arduamente para
que volta a assumir-se também como     que o certame atinja os seus objecti-
uma Feira-Festa.                       vos e agrade a expositores e a visi-
   Apesar da crise que afecta toda a   tantes (que se espera afluam aos mi-




                                                                                A nova margem esquerda do Mondego é uma agradável surpresa


                                                                               ar a boa gastronomia tradicional por-       28-Jun, Domingo
                                                                               tuguesa, até à de assistir a excelentes
                                                                               espectáculos.                              17.00 – Abertura
                                                                                  Espera-se, pois, que a população de     Ilha das Competências | Stand
                                                                               Coimbra e da Região Centro aprovei-       ACIC: TIC, Curtas de Informática
                                                                               tem estes próximos dias para ir visi-      19.45 – Animação *
                                                                               tar um dos mais aprazíveis espaços de      22.00 – Rita RedShoes
                                                                               Coimbra, à beira do Rio do Mondego,        24.00 – Encerramento
                                                                               ficando a conhecer as empresas, po-
                                                                               dendo comprar produtos dos mais va-         29-Jun, Segunda-Feira
                                                                               riados tipos e ainda deliciar-se com os
                                                                               excelentes espectáculos promovidos         19.00 – Abertura
                                                                               pelos organizadores.                       Ilha das Competências | Stand
                                                                                                                         ACIC: CP / CE Reflectir para ser...
                                                                               PROGRAMA CIC’09                            19.45 – Animação *
                                                                                                                          22.00 – Arraial Popular
                                                                                 27-Jun, Sábado                           24.00 – Encerramento

                                                                                 17.00 – Abertura                          30-Jun, Terça-Feira
                                                                                 Ilha das Competências | Stand
                                                                               ACIC: Divulgação e Inscrições                15.00 – Seminário Licenciamento
                                                                                 18.00 – Inauguração da CIC 09 –         Industrial:
                                                                               Visita ao Recinto                            Novo Regime de Exercício da Ac-
                                                                                 19.30 – Espumante de Honra              tividade Industrial
                                                                                 19.45 – Rancho Folclórico C.P. de          19.00 - Abertura
                                                                                                                            Ilha das Competências | Stand
26 DE JUNHO DE 2009
                                                                                                                         COIMBRA 13
ACIC: Sessão de Esclarecimento
CNO
 19.45 – Animação *
 22.00 – Banda Red
 24.00 – Encerramento

  01-Jul, Quarta-Feira

  19.00 – Abertura
  Ilha das Competências | CNO, Juri
de Validação B3
  19.45 – Animação *
  22.00 – Be Flat
  24.00 – Encerramento

  02-Jul, Quinta-Feira

  18.00 – Seminário Apresentação do
Estudo das Necessidades Formativas
  Ilha das Competências | Stand
ACIC: MV, Fazer Contas à Vida
  19.00 – Abertura
  19.45 – Marchas de Brasfemes -
Plastubo
  22.00 – Angélico
  24.00 – Encerramento

  03-Jul, Sexta-Feira

  19.00 – Abertura                                                           ACIC: CLC, “A minha Pátria é a mi-     05-Jul, Domingo
  Ilha das Competências | Stand           04-Jul, Sábado                     nha Língua...” FP                      13.00 – Almoço do Expositor
ACIC: STC, Tempos Modernos                                                     18.00 – Lançamento da Renault        17.00 - Abertura
  19.45 – Animação *                     13.00 – Almoço de Entrega de Pré-   Mégane Break - LITOCAR                 Ilha das Competências | Stand
  22.00 – JIZZ *                       mios | Concurso de Vinhos ACIC –        19.45 – Dixie Gringos              ACIC: Entrega de Certificados *
  00.30 – Fogo de Artifício – Festas   Cidade de Coimbra                       22.00 – Guys From Caravan            17.30 – Comemorações 25 Anos
da Cidade e da Rainha Santa Isabel       17.00 - Abertura                      01.00 – Encerramento               Plastubo | Animação Diversa
  01.00 – Encerramento                   Ilha das Competências | Stand                                              22.00 – St. Dominic’s Gospel Choir
14            EDUCAÇÃO/ENSINO                                                                                              26 DE JUNHO DE 2009



CRIADO PORTAL DAS ESCOLAS NA INTERNET

Alunos e professores podem aceder a conteúdos
   Alunos e professores podem, desde o       para professores e alunos”.                adulto que a guie nesse acesso é indis-   relevante sobre todas as escolas do
passado dia 19, aceder e partilhar con-        Maria de Lurdes Rodrigues salientou      pensável”, afirmou a Ministra da Edu-     país, como a sua história, a sua loca-
teúdos informativos digitalizados e divul-   que o portal será baseado num princípio    cação, realçando que o papel da escola    lização, os seus contactos, os seus
gados no Portal das Escolas na Intenet,      de “diversidade de conteúdos”, da res-     continua a ser “absolutamente central”,   órgãos de gestão e a sua oferta edu-
lançado pela Ministra da Educação.           ponsabilidade dos que produzem esses       apesar dos conteúdos disponibilizados     cativa.
   Considerado um dos projectos-chave        conteúdos e na centralidade da escola e    pelo portal.                                 Na cerimónia de lançamento foram
do Plano Tecnológico da Educação, o          dos professores.                              “Estes conteúdos não dispensam as      ainda assinados dois protocolos de coo-
portal apresenta recursos informativos         “Se é relativamente fácil que uma cri-   escolas da sua dimensão de educar to-     peração do ME com os canais de televi-
em formato digital permitindo, segundo       ança com um computador aceda a partir      dos, em igualdade”, disse.                são RTP e a SIC, que deverão disponibi-
a Ministra da Educação, “a melhoria das      de casa a um mundo e informação, tam-         Além de conteúdos educativos, o por-   lizar conteúdos para acesso através do
condições de ensino e de aprendizagem        bém é verdade que a presença de um         tal compreenderá ainda informação         portal.




Carlos André toma posse
como Director da FLUC
   Carlos Ascenso André vai tomar               A posse será conferido pelo Rei-        como o relatório de actividades e as      Associado com Agregação na FLUC,
posse como Director da Faculdade de          tor, Fernando Seabra Santos, em ce-        contas, e dirigir os serviços da Facul-   onde concluiu o Doutoramento, em
Letras da Universidade de Coimbra            rimónia a realizar pelas 12 horas, na      dade. A equipa de Sub-Directores          1990. Com as Línguas e Literaturas
(FLUC), no próximo dia 30 (terça-fei-        Sala do Senado da Universidade de          será constituída pelos docentes Rui       Clássicas, Renascimento e Humanis-
ra), na sequência das eleições recen-        Coimbra.                                   Gama (Geografia), Joaquim Ramos de        mo como principais áreas de investi-
temente realizadas em virtude da al-            Ao Director da FLUC compete, en-        Carvalho (História), Albano Figueire-     gação, tem-se dedicado em particular
teração estatutárias da Faculdade no         tre outras funções, assegurar a presi-     do (Línguas, Literaturas e Culturas)      ao estudo da Literatura Latina e aos
âmbito da aplicação do novo Regime           dência do Conselho Científico e do         e Fátima Gil (Línguas, Literaturas e      estudos camonianos. Desempenhou o
Jurídico das Instituições de Ensino          Conselho Pedagógico, elaborar o or-        Culturas).                                cargo de Governador Civil do Distrito
Superior.                                    çamento e o plano de actividades, bem        Carlos Ascenso André é Professor        de Leiria entre 1996 e 2002.
26 DE JUNHO DE 2009
                                                                                                                           EDUCAÇÃO/ENSINO   15
Portugal funda
projecto internacional
para ensinar aos alunos
“competências do século XXI”
   Portugal é um dos cinco países fun-     de e inovação, pensamento crítico, reso-      2012, um programa de avaliação de com-
dadores de um novo projecto educativo      lução de problemas, comunicação, lite-        petências dos alunos da OCDE.
de definição de estratégias para ensinar   racia tecnológica”, apontou.                     O responsável destacou o facto de
e avaliar “as competências do século          “O que se pretende é identificar estas     Portugal ter sido convidado para o ar-
XXI”, fundamentado no uso nas tecno-       competências e definir estratégias para       ranque do programa, o que é entendido
logias de informação e comunicação.        que sejam transmitidas nos processos de       como um “reconhecimento internacional”
   Coordenado pelo professor Barry         ensino e adquiridas pelos alunos de to-       da estratégia de modernização tecnoló-
MgGaw, da Universidade de Melbourne        dos os níveis escolares e desenvolver me-     gica do ensino, uma ideia partilhada pela
(Austrália), o plano “Assessment and       todologias que permitam avaliá-las. O de-     ministra da Educação, Maria de Lurdes
Teaching of 21st Century Skills” (AT)      nominador comum é o uso das tecnolo-          Rodrigues.
tem também como fundadores a Austrá-       gias da informação e da comunicação”,            “Este é o reconhecimento das refor-
lia, a Finlândia, a Singapura e o Reino    explicou.                                     mas introduzidas na educação em Por-
Unido e é apoiado pelas empresas Cis-         O comité executivo, onde estão repre-      tugal, nomeadamente com o Plano Tec-
co, Intel e Microsoft.                     sentados todos os países e empresas par-      noógico da Educação, coincidentes com
   Em declarações à Lusa, o coordena-      ceiras, vai começar a trabalhar nos pró-      os avanços internacionais nas ciências
dor do Plano Tecnológico de Educação       ximos meses, tal como os grupos de tra-       da educação”, refere a ministra, citada
nacional e um dos dois representantes      balho que serão criados para traçar me-       num comunicado do Plano Tecnológico
de Portugal no comité executivo, João      todologias e metas e perceber as impli-       da Educação.
Trocado da Mata, esta é “uma grande        cações pedagógicas.                              O documento cita também Barry
oportunidade” para o país, porque, en-        Em termos financeiros, o ATC21S é          McGaw: “Apesar de os países fundado-
quanto promotor inicial, poderá influen-   suportado pela Organização para a Co-         res diferirem de várias e interessantes for-
ciar a direcção da iniciativa e adoptar    operação e Desenvolvimento Económi-           mas, cada um deles está empenhado no
mais cedo que outros países novas es-      co (OCDE).                                    desenvolvimento de novas formas de ava-
tratégias de ensino, aprendizagem e ava-      João Trocado da Mata sublinhou que         liação, no sucesso dos seus sistemas atra-
liação de competências.                    a iniciativa vai possibilitar a Portugal a    vés da produção de informação de quali-
   “O projecto visa a definição de com-    participação, já no próximo ano, nas ex-      dade e no desenvolvimento das competên-
petências para o século XXI: criativida-   periências-piloto de preparação do PISA       cias do século XXI nos jovens”, refere.




                                           Eleições, pensões,
                                           avaliações e análogos
                                           Lurdes admite aos professores o direito       no de qualidade.
           José Neves da Costa*            à manifestação da sua insatisfação, diria        Guerra, só na sua sacrossanta cabe-
                                           indignação mas, adiante, inventando con-      ça. Ela a quer, ela a cria; dela não fugi-
   “Vamos brincar à caridadezinha/         tra todos um dever para si: seguir as suas    remos, defendendo um estatuto digno que
festas, jantares/e boa comidinha…”         políticas e as do governo. Já é um passo      acabe com esta vergonhosa divisão en-
                  José Barata Moura        em frente considerar que os professores       tre titulares e suplentes, que promova uma
                                           estão insatisfeitos, não instrumentalizados   avaliação de desempenho que o valorize
   Quando se aproximam eleições tudo       pelos sindicatos, mas como uma pedra da       pedagogicamente, em nome das apren-
é permitido, até o nariz crescer.          calçada que não pensa, porque não tem         dizagens dos alunos, e não contra, em
   Há pensões de miséria a serem au-       necessidade, persistir na asneira da sua      nome do prestígio dos professores, e não
mentadas miseravelmente. Linhas de         não razão contra todos, menos muito pou-      do seu aviltamento, lutando contra este in-
crédito, pasme-se, para os funcionários    cos. é obra de destruição voluntária.         decoroso modelo de gestão que acaba
públicos em dificuldade, em vez da re-        A Maria de Lurdes afirmou que a ava-       definitivamente com a democracia nas
posição dos salários a que têm direito.    liação era uma batalha ganha. Curiosa-        escolas, imagine-se em nome da
Negociações que o não são: nós propo-      mente não disse de que avaliação se tra-      autonomia…diria eu: do compadrio, do
mos, vocês aceitam. Para o que dizem       tava, embora imaginemos, nem de que           autoritarismo, do apadrinhamento,
ser negociações abertas, ordenam, im-      guerra. Se é a avaliação de alunos, que       enfim…um regabofe pegado. E ainda há
põem antes e depois simulam “uma es-       deveria ser a sua grande preocupação,         gente que alinha nisto?!!! Ah! porque mais
pécie de magazine”… ai desculpem, de       estamos em desacordo. Se é a avalia-          vale “este” que é um “gajo porreiro” do
reunião.                                   ção de professores, que é a sua grande        que “aquele” que é um “filho da mãe”.
   Em nome da crise…                       preocupação, voltamos a estar em desa-            De porreirismo em nacional-porreiris-
   Perante mais uma grandiosa afirma-      cordo. Não é ganha, porque falsa; não é       mo, ainda voltamos ao fascismo com
ção de vontade de defesa da escola pú-     ganha porque os professores não se vão        malta…muito porreira.
blica, de um estatuto digno sem fractu-    deixar enrodilhar na sua teia de ódio e          Cá vamos cantando e rindo… leva-
ras e de uma avaliação formativa não       continuarão a trabalhar dignamente, de-       dos não.
burocratizada, finalmente a Maria de       fendendo a escola pública com um ensi-                      * Professor e dirigente do SPRC
16          SAÚDE                                                                                                                  26 DE JUNHO DE 2009




Suplementos alimentares podem ser
prejudiciais para a saúde                                                                                                                 dá qualidade, porque na natureza também
                                                                                                                                          há substâncias prejudiciais”, alertou.
   A endocrinologista Isabel do Carmo aler-   muito parecido”, disse à Lusa a directora      de emagrecimento e não de complemen-             “Se as pessoas querem tomar suplemen-
tou que os suplementos alimentares, utili-    do Serviço de Endocrinologia do Hospital       to, dado os componentes laxantes, diuré-     tos, então que tomem suplementos de vita-
zados para ajudar a emagrecer, podem ser      de Santa Maria.                                ticos e estimulantes que integram a sua      minas e sais minerais” que são benéficos
perigosos para a saúde e distinguiu-os dos       No entanto, os suplementos vitamínicos,     composição e que são prejudiciais, subli-    em casos como idosos e crianças mal nutri-
suplementos multivitamínicos, que cum-        que também se chamam nutricionais, são         nhou a médica.                               das, grávidas e doentes.
prem “um papel importante na alimenta-        apenas constituídos por vitaminas e sais mi-      Isabel do Carmo adiantou que estes su-        Para quem não tem problemas de saúde,
ção equilibrada”.                             nerais, não alterando o funcionamento do       plementos, vendidos em lojas de produtos     o segredo para a manutenção de um estilo
   “As pessoas têm dificuldades em dis-       organismo, enquanto os suplementos alimen-     naturais e farmácias, são muito procurados   de vida saudável é a prática de exercício
tinguir os suplementos alimentares dos su-    tares contêm substâncias que vão alterar       nesta altura do ano para emagrecer e por     físico regular e uma alimentação equilibra-
plementos vitamínicos porque ambos de         essas funções, justificou.                     serem naturais.                              da, reservando o açúcar e as gorduras só
vendem nas farmácias e têm um nome               Estes últimos cumprem apenas funções           Mas o “facto de serem naturais não lhes   para ocasiões especiais, aconselhou.




                                                              Boca e sujidade
                                              postou no mesmo sentido ao revelar que         não estimulação do sistema imunológico,      tactam com o mundo, e apreciam-no em
                     Massano                  sempre teve com a sua filha adolescen-         responsável pela defesa dos nossos orga-     primeira mão, através da cavidade bu-
                     Cardoso                  te, entretanto diagnosticada com uma           nismos, que não se escuda apenas ao          cal. Em boa hora o fazem. Mas quando
                                              grave doença inflamatória dos intestinos,      combate às infeções, alargando-se aos        passam a viver em ambientes asséticos,
   Três senhoras, bem cuidadas, não escon-    cuidados extremos de higiene.                  campos das agressões físicas e químicas      então, o perigo de virem a sofrer mais
diam que o cavaqueio era o seu desporto          Ouvi com muita atenção a conversa e         e das alterações cancerosas, a que esta-     tarde certas doenças é uma realidade. A
favorito, atendendo ao modo como falavam,                                                                                                 situação é de tal modo caricata que, para
alto e em bom som, sem receios da vizi-                                                                                                   algumas afeções, já estão a utilizar ex-
nhança. Interrompiam os seus comentári-                                                                                                   tratos de parasitas, que outrora provo-
os, por breves momentos, quando levavam                                                                                                   cavam infestações, sem grandes conse-
as chávenas do chazinho aos lábios, que                                                                                                   quências, para as tratar.
deveria estar muito quente, pelo menos era                                                                                                   Não me admiraria muito que, um dia
o que dava a entender os estranhos sopros!                                                                                                destes, comecem a aparecer “extratos
   O episódio da chupeta de um bebé,                                                                                                      de sujidade” à venda para estimular o
que tombou no chão do café, leva-me a                                                                                                     sistema imunológico. Aqui está uma boa
relatá-lo e a tecer alguns comentários e                                                                                                  área de negócio: “Proteja a sua saúde!
reflexões.                                                                                                                                Estimule o seu sistema imunológico.
   O pai da criança, médico, assim que                                                                                                    Tome diariamente uma cápsula de ex-
viu a chupeta no chão, apanhou-a, afa-                                                                                                    tratos de lombrigas”!
gou-a em seguida com a palma da mão,                                                                                                         Voltando à conversa das senhoras,
enfiou-a na própria boca, voltou a afa-                                                                                                   apeteceu-me explicar-lhes que as aler-
gá-la novamente, acabando por a intro-                                                                                                    gias e a asma do filho de uma delas po-
duzir na boca da criancinha, ante o ar                                                                                                    deriam ter sido, eventualmente, evitadas
“gemelarmente” atónito e escandaliza-                                                                                                     se tivessem tido menos cuidados de higi-
do das três da vigairada.                                                                                                                 ene em criança, e o mesmo para a mãe
   Quando os protagonistas saíram, o                                                                                                      da jovem com a doença de Crohn.
episódio da chupeta passou a ser o tema       apeteceu-me intervir para explicar que         mos constantemente a ser sujeitos.              Nem oito nem oitenta, diz o povo na
da conversa. Era patente a indignação         não tinham tanta razão quanto isso, an-           Temos vindo a assistir, desde há al-      sua sabedoria. No caso vertente, as do-
sobre a falta de higiene do pai, ainda por    tes pelo contrário.                            guns anos, a um aumento preocupante          nas já deviam andar pelos “noventa”!
cima médico! A este propósito teceram            Ninguém contesta que as grandes con-        da prevalência de certas doenças que            A boca e a sujidade estão, desde sem-
inúmeros comentários, revelando que,          quistas na área da higiene foram determi-      têm a ver com a falta de estimulação do      pre, intimamente ligadas, em todos os
relativamente aos filhos, nunca teriam tido   nantes para o progresso social, bem-es-        sistema imunológico, caso da esclerose       sentidos. Importa analisar esta relação,
aquela atitude, já que os primaram com        tar e saúde das sociedades. Mas – há           múltipla, das alergias, da asma e das do-    “deshigienizando” o suficiente para que
o máximo de cuidados higiénicos.              sempre um mas –, o “excesso” de higie-         enças inflamatórias do intestino, só para    as crianças se possam contaminar. Elas
   Impossível tal atitude, dizia uma das      nização passou a constituir um grave pro-      falar de algumas.                            agradecem! Por fim, seria, também, con-
senhoras, “imagino o que poderia ter          blema. O não contacto precoce com as              Precisamos da “sujidade”, e a boca é      veniente investir mais alguma coisita na
acontecido ao meu filho, que sofre de         “sujidades”, nomeadamente as que pro-          a via privilegiada para o contacto, como     “higienização” do que anda a sair da boca
asma e de alergias, se não tivesse cuida-     vocam infeções virusais, bacterianas e         é óbvio.                                     de muitos graúdos, sujidade muito peri-
dos higiénicos com ele”! A segunda ri-        infestações parasitárias, estão na base da        Não é por acaso que as crianças con-      gosa, mortífera nalguns casos...
26 DE JUNHO DE 2009                                                                                                         SAÚDE             17
Tempo quente e praia podem precipitar
perturbações do comportamento
   O Verão, com a redução do tamanho                                                                                                 a desculpas como sentir frio para não des-
da roupa e o aumento da vida social, pode                                                                                            tapar as “partes do corpo consideram
precipitar perturbações do comportamen-                                                                                              mais facilmente criticáveis”.
to ao nível alimentar e da auto-estima,                                                                                                 A ida à praia torna-se então um “mas-
fazendo da praia uma experiência mas-                                                                                                sacre, uma experiência fracassada”.
sacrante para algumas pessoas, diz uma                                                                                                  Se estas forem situações esporádicas
psicóloga.                                                                                                                           “acabam por ser superadas transitoria-
   À Lusa, a psicóloga clínica Sandra                                                                                                mente, mas não resolvidas”.
Santos Vilaça afirma que há perturba-                                                                                                   “Quando passa o Verão, passa esta
ções do comportamento que são “manti-                                                                                                necessidade de exposição e o problema
das ou precipitadas” nesta altura do ano,                                                                                            também passa, teoricamente”, mas se
em que “há uma maior exposição do in-                                                                                                durante o tempo mais frio as questões não
divíduo” e “uma maior revelação de si                                                                                                ficarem resolvidas, as “pessoas tornam-
próprio em relação a outros”                                                                                                         se reincidentes e, por vezes, com um grau
   Ao nível alimentar, cita a anorexia e a                                                                                           de patologia muito mais evidente”.
bulimia nervosa, que é normalmente uma                                                                                                  Na psicoterapia, os adolescentes
perturbação mais “dissimulada”. Outras                                                                                               “verbalizam a preocupação” que têm
perturbações prendem-se com o “auto-                                                                                                 com a auto-imagem, o que “é mais difí-
conceito e o sentir-se avaliado pelos ou-                                                                                            cil com os jovens adultos e os adultos,
tros” e com “quadros depressivos agu-                                                                                                que “de uma forma geral têm vergonha
dos, que se arrastam no tempo”.                                                                                                      em assumir”, garante ainda Sandra San-
   Quando há calor e os dias são mais        ainda pior”, diz a também psicoterapeu-     o que os outros dizem, à forma como são     tos Vilaça.
longos, as pessoas “libertam-se mais,        ta, lembrando que, por vezes, a estes       olhadas. As atitudes dos outros, mesmo         Os mais velhos, mesmo quando acom-
saem de casa e convivem”, mas quem           casos está associada a perturbação de       que inocentes, são “interpretadas de for-   panhados por psicólogos, “não assumem
está deprimido tende a “isolar-se” devi-     pânico.                                     ma enviesada” pelo paciente, refere a       a preocupação com a imagem como um
do às “grandes dificuldades em termos           Quando se trata de ansiedade social,     psicóloga.                                  problema e consideram-na é uma coisa
funcionais de auto-conceito”.                as pessoas com esta perturbação têm            Sandra Santos Vilaça exemplifica que     normal”, resultante da idade, conclui a
   “Por não conseguirem sair, sentem-se      uma “hipervigilância em relação a tudo      muitas vezes os adolescentes recorrem       psicoterapeuta.


HOSPITAL GERAL, PEDIÁTRICO E MATERNIDADE BISSAYA BARRETO
LANÇAM ESTRATÉGIA DE PREVENÇÃO DE INFECÇÕES HOSPITALARES


CHC aposta em medidas simples
para salvar vidas
   O Centro Hospitalar de Coimbra            informação a toda a comunidade hospi-          O CHC, EPE, aderiu à estratégia da       ser sujeito no CHC a duas etapas de
(CHC, EPE) lançou na passada ter-            talar”, sublinha.                           Organização Mundial da Saúde – “Me-         avaliação de resultados, que incluirão
ça-feira (dia 23 de Junho) uma estra-           Assim, até ao final de Agosto, as três   didas Simples Salvam Vidas” – em De-        ainda a elaboração de um plano de ac-
tégia de prevenção de infecções hos-         unidades do Centro Hospitalar de Co-        zembro de 2008. A implementação das         ção a cinco anos.
pitalares que abrange as suas três           imbra vão adoptar um conjunto de me-        medidas de prevenção é, assim, a ter-          Segundo os responsáveis, o projecto,
unidades: Hospital Geral (Covões),           didas com o objectivo de promover a         ceira etapa de um trabalho que se pro-      para além de contribuir para a preven-
Hospital Pediátrico e Maternidade            higiene das mãos e diminuir, assim, o       longa há meio ano e que requereu um         ção de infecções associadas aos cuida-
Bissaya Barreto. A iniciativa insere-        risco de infecções hospitalares. Para       investimento do CHC, EPE, na forma-         dos, irá ainda permitir a curto prazo um
se no projecto da Organização Mun-           além de acções de sensibilização des-       ção de formadores e de observadores         aumento da qualidade e da segurança na
dial da Saúde (OMS) “Medidas Sim-            tinadas aos profissionais de saúde, aos     da estratégia, na constituição de um        prestação de cuidados nas três unidades
ples Salvam Vidas” (no original “Cle-        utentes e visitantes das unidades, dis-     grupo coordenador da campanha e na          do Centro Hospitalar de Coimbra.
an Care is Safer Care”), que procura         tribuição de posters e outros materiais     concepção de uma estratégia adequa-            O projecto “Medidas Simples Salvam
sensibilizar a comunidade hospitalar         informativos, a estratégia prevê ainda      da a cada uma das três unidades hos-        Vidas” é apadrinhado pela Direcção-
para a importância da higiene das            a generalização do acesso a soluções        pitalares.                                  Geral da Saúde, que acompanhará de
mãos enquanto factor fundamental na          anti-sépticas de base alcoólica, a rea-        Depois desta terceira fase, o projec-    perto o desempenho das três unidades
prevenção da infecção.                       lização de acções de formação e a mo-       to “Medidas Simples Salvam Vidas” vai       do Centro Hospitalar de Coimbra.
   “A inadequada higiene das mãos de         nitorização dos comportamentos adop-
profissionais, doentes e visitantes, cons-   tados, nomeadamente, mediante a con-
titui no ambiente hospitalar uma amea-       tabilização do consumo mensal dos pro-
ça, que se traduz no aumento do risco        dutos de higiene.
de exposição a agentes microbiológi-            O evento interno de lançamento da
cos”, explica Ana Garrido, da Comis-         estratégia começou na terça-feira no
são de Controlo de Infecção do CHC,          Hospital Pediátrico. Seguem-se o Hos-
EPE. “Esta estratégia procura melho-         pital Geral (Covões), a 30 de Junho, e a
rar as estruturas e a facilidade de aces-    Maternidade Bissaya Barreto, no dia 1
so às mesmas, a formação contínua e a        de Julho.
www.apaginadomario.blogspot.com
18          A PÁGINA DO MÁRIO                             apaginadomario@gmail.com                                             26 DE JUNHO DE 2009


                                                Ó homem, fale lá com os consultores                                                   Natal que como vocês sabem é no In-
                                             de comunicação do seu partido, ou com                                                    verno e não no Verão mas já vi em dois
                                             os “marketeiros” de serviço, e diga-lhes                                                 anos seguidos outra instituição pública de
                                             que o Povo já não acredita nessa “canti-                                                 Coimbra a abrir concursos no Verão por-
                                             ga”!                                                                                     que se calhar quem os abre pensa que
                                                Então Manuela Ferreira Leite faz uma                                                  os concursos em tempo quente são me-
                       Mário Martins         série de propostas alternativas e o se-                                                  lhores do que os concursos em tempo
                                             nhor, 10 minutos depois, vem dizer que                                                   frio eu não sei se isto é verdade ou não
                                             ela não diz nada?!                                                                       mas penso que os especialistas destas
                                                Vejo que vocês, lá no PS, não apren-                                                  coisas já deveriam ter dito qualquer coi-
                                             deram mesmo nada com os resultados                                                       sa por tudo isto eu gosto muito do Verão
                                             das últimas eleições, não perceberam o                                                   porque tem calor podemos tomar banho
                                             que aconteceu. Paciência... o problema                                                   no mar temos tempo para conversar com
                                             é vosso.                                                                                 os amigos podemos levantar da cama
                                                Vão ver que a “porrada” em Setem-                                                     mais tarde até costuma haver estrelas
                                             bro/Outubro vai ser ainda maior. Vai uma                                                 cadentes no céu e depois disto tudo ain-
                                             apostazinha?                                                                             da temos o passatempo de tentar encon-
                                                                                                                                      trar os concursos super-rápidos de Ve-
                                                            *****                                                                     rão nas páginas dos jornais por isso o
                                                Não sou “cliente” nem da PT nem          coisas que a gente não percebe bem e         Verão é a minha estação do ano preferi-
                                             da TVI. (Só comecei a ver o Jornal Na-      que de um momento para o outro ficam         da e o Verão é muito bom.
                                             cional da Sexta-feira depois da ERC ter     esclarecidas eu agora já sei porque é que                         prima da Guidinha
                                             aberto uma investigação...) Tanto me        o Ronaldo ganha tanto dinheiro.                                 (publicado em 21/6)
                                             faz que a PT compre a TVI como não,                             prima da Guidinha
                                             tanto me faz que o Moniz seja afastado                        (publicado em 23/6)        IMPRESSÕES
PARABÉNS, CAMPEÃO!                           como não.                                                                                   I
                                                Uma conclusão, porém, é indiscutível:    O “NOVO” SÓCRATES                               Empreiteiros “à rasca” com manifes-
   O João Afonso ainda não terminou a        no tempo de Cavaco como primeiro-mi-           «Esta coisa da humildade está a dar       to dos economistas
“época” mas já assegurou o “título”: a       nistro a Comunicação Social saíu das        resultado. Os comentaristas comentam,           II
passagem para o 2.º ano de Medicina.         mãos do Estado; no tempo de Guterres        os analistas analisam, os entrevistadores       Santos Silva transfigurado: diz que não
   Telefonou a meio da manhã a dar a         e de Sócrates o Estado voltou a “pôr a      entrevistam e…nem uma palavra sobre          fala!
notícia, na altura em que eu via as ima-     mão” na Comunicação Social.                 o Freeport. (...) Que interessa o Free-         III
gens que o António Figueiredo me en-            E se não querem que a gente pense        port e Lopes da Mota, a licenciatura e          Jornais das TVs: RTP abre com re-
tregou ontem à noite, respeitantes à últi-   assim, então vendam a “golden share”        as casas compradas a offshore, os pri-       gresso de Ronaldo a Portugal; SIC com
ma jornada do campeonato – aquele que        que o Estado tem na PT. Pois é.             mos e o DVD, quando temos em mão             Sócrates; TVI com Gripe (informação
deverá ter sido o último jogo oficial do                                                 um prodígio que rivaliza com as apari-       de Luciano Alvarez)
João Afonso, após 11 temporadas de fu-                      *****                        ções mais miraculosas? Sócrates teve                             (publicado em 20/6)
tebol federado.                                A concluir: o PS pensa que a malta é      agora a sua epifania. Foi preciso o pior
   Decidi, por isso, juntar os dois factos   parva.                                      resultado eleitoral na história do PS para   UM GOVERNO... SIMPLEX
e escolher algumas imagens para publi-         São parvos, claro.                        a revelar, mas aí está. Morreu o Animal        «O erro que constava na prova de
car no blogue: cinco fotos, para um filho                                                Feroz, viva o Animal Domesticado.»           Biologia e Geologia ontem realizada por
“cinco estrelas”.                              PS - Será que a PT vai convidar Ri-                                 (Mário Crespo      cerca de 37 mil alunos foi corrigido hoje
   Parabéns, campeão!                        cardo Costa para a TVI? Levem-no da                       no “Jornal de Notícias”;       pelo Ministério da Educação. Conforme
                    (publicado em 25/6)      SIC, que ele não deixa falar ninguém.                            publicado em 22/6)      o PÚBLICO noticia na sua edição de
                                             Depressa.                                                                                hoje, no enunciado do exame do 11.º e
PS E LOUÇÃ À DERIVA                                           (publicado em 24/6)        EU GOSTO MUITO                               12.º anos, numa legenda a um perfil de
   Estava a jantar mas nem isso impediu                                                  DO VERÃO...                                  uma caldeira vulcânica, designava-se
que soltasse uma forte gargalhada.           INCÊNDIO :)                                 E DE CONCURSOS                               como epicentro (ponto à superfície) o que
   Foi quando Louçã apareceu no te-             NOTÍCIA URGENTÍSSIMA - A                    Daqui a pouco por volta das 6 da ma-      de facto era o hipocentro (a região pro-
levisor a falar dos «interesses da Re-       Agência France Press, a CNN, os Wa-         nhã chega o Verão e eu gosto do Verão        funda onde os sismos têm origem).» (in
pública».                                    shington Post, London Times e eu (tb)       porque é o tempo em que vou mais ve-         “Público.pt”)
   Olha quem fala?!                          acabam de anunciar que um terrível in-      zes até perto do mar porque o Verão sig-
   Mas quem é Louçã para falar nos «in-      cêndio destruiu hoje de manhã a biblio-     nifica calor e à beira-mar está mais fres-     Nisto o Governo é bom: em vez de
teresses da República»? É ele quem os        teca pessoal do primeiro-ministro.          quinho no Verão também é a altura de         pedir desculpa pelo erro, apaga o erro!
define? Com os 10% de votos que con-            As informações do Corpo de Bombei-       passear mais porque é quando as pesso-         É... “simplex”.
seguiu agora e que nas próximas elei-        ros confirmam a perda total de 2 livros.    as normalmente têm férias e viajam den-
ções vão necessariamente minguar? Ou            O porta-voz acaba de declarar que o      tro e fora do país cá pelos lados de Co-        ACTUALIZAÇÃO (às 16h55) – Al-
foi a República que lhe telefonou a dizer    primeiro-ministro está inconsolável e in-   imbra é também a altura em que apare-        terei a citação do “Público”. Desta for-
quais eram os interesses?                    conformado, já que ainda não tinha aca-     cem no jornal concursos que abrem num        ma, o erro não foi apagado. Foi corrigido.
   Só mesmo Louçã para me fazer in-          bado de colorir o segundo livro.            dia para fechar logo a seguir até parece     Continua a faltar o pedido de desculpas.
terromper o jantar com uma forte gar-                          (recebida por e-mail;     que nem querem que muitas pessoas               (Já agora: quando é que terminam os
galhada.                                                         publicada em 23/6)      saibam que existem os concursos mas          erros nos enunciados dos exames, pre-
                 *****                                                                   estes concursos são sempre para insti-       parados com tanta antecedência? E nin-
   Já depois do jantar, outra gargalhada.    RONALDO PESA 1000 KILOS!                    tuições públicas porque as empresas pri-     guém é responsável?)
   Desta feita, o responsável foi o novo        Eu não sabia mas afinal o Ronaldo é      vadas não abrem concursos nesta altura                           (publicado em 19/6)
porta-voz do Partido Socialista, aquele      muito pesado e fico a pensar como é que     do ano porque sabem que há muita gen-
jovem secretário de Estado que disse que     o rapaz consegue correr o que ele corre     te que está fora de casa e não lê os jor-    SÓCRATES
as escrituras públicas eram... privadas!     com aquele peso todo em cima das per-       nais e as empresas privadas não costu-       (EM “TOM REMÉDIOS”)
(E que noutro país tinha sido demitido de    nas agora já sei porque é que ele ganha     mam abrir concursos à sexta-feira e que      NA SIC
imediato, depois daquela afirmação.)         tanto dinheiro porque é um esforço do       terminam logo na terça-feira eles costu-
   Ora o novo porta-voz veio com a           caraças o que o Ronaldo faz já viram ele    mam dar mais tempo às pessoas no ano            José Sócrates (num registo muito pró-
“cantilena” do costuma, a dizer que o        ter de correr 90 minutos carregando 1000    passado houve um concurso super-rápi-        ximo do Diácono Remédios) foi entre-
PSD não propõe alternativas, não tem         quilos é muito para um homem só por         do na Câmara de Coimbra mas que aca-         vistado na SIC.
um rumo para o país, blá-blá-blá e mais      isso têm de pagar bem para ele jogar e é    bou por não ser tão rápido assim porque         Não se passou praticamente nada.
blá-blá-blá.                                 por isso que ele ganha o que ganha há       aquilo só ficou decidido por alturas do                         (publicado em 176)
26 DE JUNHO DE 2009                                                                                                             COIMBRA                 19
NOVO LIVRO DE POESIA DE MARIA HELENA TEIXEIRA


“Não me ensines a estrada”
                                                                                              ciona uma realidade disfórica, feita de ima-     metafórica, a maior atenção ao quotidiano e
                                                                                              gens meramente alinhadas, desconexas, das        dentro dele também ao momento histórico
                                                                                              quais o sentido parece estar ausente, che-       que atravessamos, e sobretudo a mais con-
                                                                                              gando a roçar o absurdo”.                        tida transfiguração poética das vivências ou
                                                                                                 Não são, porém, acrescentou, “as ima-         experiências do universo real de que faze-




   Maria Helena Teixeira


   Um livro preso ao domínio do sonho e
recheado de auto-questionação são algumas
das características apontadas ao novo livro
de poesia, o quarto, de Maria Helena Tei-
xeira, cuja sessão de lançamento decorreu                                                       Imagem da cerimónia de apresentação do livro, vendo-se Zé Penicheiro,
no Pavilhão Centro de Portugal com apre-                                                        sentado, a apresentadora, a editora, a autora e respectivos cônjuges
sentação de Maria Manuela Gouveia Deli-
lle e leitura de poemas por Maria Manuel                                                      gens (quase sempre disfóricas) do mundo          mos parte”.
Almeida.                                                                                      exterior (que, note-se, constituem completa         A apresentadora realçou ainda a colabo-
   Numa sala pequena para tantos amigos                                                       novidade em relação à lírica cerradamente        ração de Zé Penicheiro na feitura do livro,
e familiares da autora, a sessão foi ainda                                                    intimista dos volumes anteriores) que aca-       “uma colaboração preciosa que, mantendo
abrilhantada pela actuação de um quarteto                                                     bam por predominar nesta nova colectânea.        a tradição dos volumes anteriores, vem a
da Orquestra Clássica do Centro.                                                                 A maior parte dos versos diz respeito quer    meu ver acentuar, através do seu traço di-
   E sobre o livro, “Não me ensines a estra-                                                  ao quotidiano rotineiro e manietante do eu       nâmico, o já de si forte elemento cinético
da”, Maria Manuela Delille referiu que a                                                      poético e às tentativas de auto-questiona-       destes versos, os seus múltiplos movimen-
autora, ou o sujeito poético, “se confessa                                                    ção de início referidas, quer aos lugares-tem-   tos, ondulações, fugas, evasões, numa as-
inexplicável mas irremediavelmente preso                                                      po ou aos lugares de sonho em que esse           sociação muito sugestiva entre poesia e de-
ao domínio do sonho que acaba por desgas-                                                     mesmo eu se refugia ou para os quais tenta       senho, em plena sintonia com a sensibilida-
tar a vida”.                                                                                  evadir-se”. Refúgio esse frequentemente          de estética da autora e com a mensagem
   “Em horas de intensa desorientação, in-                                                    “encontrado na evocação nostálgica do            por ela intencionada”.
quietude, angústia e/ou funda melancolia,                                                     mundo perdido da infância, de que o mar             Durante a sessão, presidida por Maria
acentuam-se as sensações de frialdade e                                                       constitui parte indissolúvel”.                   Emília Martins, directora da Orquestra Clás-
de vazio em vários poemas”, afirmou numa                                                         Em relação a outros livros da autora,         sica do Centro, usaram ainda da palavra a
visita guiada por “Não me ensines a estra-     no o eu lírico, nos relativamente raros poe-   Maria Manuela Delille confessou-se impres-       editora Isabel de Carvalho Garcia e Maria
da”, é também “curioso notar que na capta-     mas em que sai para fora da esfera íntima,     sionada pela “estrutura mais coesa destes        Helena Teixeira, que agradeceu a todos a
ção de instantes ou momentos do quotidia-      regra geral [Maria Helena Teixeira] percep-    poemas, a maior densidade e autenticidade        presença na sessão.


CAMPANHA “COIMBRA ADOPCÃO”

A troco de nada ganhe um grande amigo
   O Canil/Gatil Municipal de Coimbra pros-    damente se adaptam aos seus novos              apenas custam uns minutos na deslocação,           Podem também enviar um e-mail para
segue uma campanha intitulada “Adop-           donos (que, para além do mais, os esta-        para escolher um companheiro (ou compa-
Cão”, com o seguinte lema: “Adoptem            rão a poupar a um fim muito triste e tre-      nheira) para a vida, que será sempre fiel e de     aranimal@gmail.com
um animal no Canil Municipal”.                 mendamente injusto).                           uma enorme dedicação e em troca apenas             ou consultar o site
   Trata-se de uma iniciativa muito me-           Um cão ou um gato é sempre um pre-          pede um pouco de atenção e de carinho.             www.cm-coimbra.pt/741.htm
ritória, que permite que pessoas que gos-      sente bem recebido, desde que a pessoa a          O Canil/Gatil Municipal fica no Campo           Os dias e horas especificamente desti-
tam de animais ali possam ir buscar um         quem ele se oferece goste de animais, não      do Bolão, Mata do Choupal, onde os ani-          nados às adopções são os seguintes:
fiel companheiro, sem nada pagarem             os encare como um brinquedo ou um objec-       mais esperam, ansiosos, por uma nova casa          - segundas-feiras, das 14h30 às 16h30;
por isso.                                      to e tenha condições mínimas para deles tra-   e uma nova família.                                - quintas-feiras, das 10 às 12 horas.
   São muitos os cães (e também alguns         tar convenientemente.                             Os interessados em obter mais informa-
gatos) que esperam que gente com bom              Se for o caso, não hesite em ir buscar      ções podem ligar para o telemóvel 927 441           Muitos animais estão à espera de que
coração os vá adoptar, tendo como re-          um destes amigos muito valiosos em ter-        888 (a qualquer hora), ou para o Canil/Gatl      alguém queira aproveitar todo o carinho que
compensa conquistarem um amigo para            mos materiais (basta ver os preços nas lo-     (das 9 às 17h30 dos dias úteis) através do       têm para dar.
toda a vida, já que estes animais rapi-        jas de animais!...), mas que no Canil/Gatil    telefone 239 493 200.                               Vai ver que não se arrependerá!
20          CINEMA                                                                                                         26 DE JUNHO DE 2009


                                           de sucesso, J.J. Abrams (conhecido so-     rie da saga. Outro ponto positivo é o

       cinema                              bretudo pelo seu trabalho em televisão,
                                           donde se destacam séries como “Per-
                                                                                      facto de Abrams ter injectado bastan-
                                                                                      te mais acção e humor nesta nova ver-
                                           didos” e “Fringe”) pegou na saga e, à
                                           semelhança do que tem acontecido
                                           com outras figuras, como James Bond
                                           e Batman, decidiu começar tudo de
                                           novo. De facto, o novo filme “Star
                                           Trek” conta os inícios da tripulação da
                                           nave Enterprise. Abrams, ao voltar
                         Pedro Nora

  Começo por falar do novo filme da
conhecida série de ficção científica “O




                                                                                                                                  Francisco de Mattos Lobo, um dos últi-
                                                                                                                                  mos portugueses a ser condenado è for-
                                                                                                                                  ca, antes de a pena de morte ser abo-


                                                                                      são de “Star Trek”, o que torna o filme
                                                                                      bastante mais apelativo. De destacar o
                                                                                      elenco perfeito, pois cada actor conse-
                                                                                      gue prestar homenagem aos persona-
                                                                                      gens da série, sem parecer uma imita-
                                                                                      ção barata. Um filme muito bem con-
                                                                                      seguido que entretém bastante, reco-
                                           assim às origens da série, fez uma óp-     mendável a todos.
                                           tima jogada, pois captura todo o espíri-      Também novidade nas salas de ci-
                                           to nostálgico da saga, dando-lhe um        nema é “Anjos e Demónios”, adapta-
                                           novo fôlego. De facto, o filme é aces-     ção do livro de Dan Brown, o autor de
Caminho das Estrelas”. Após os últi-       sível a todos, mesmo àqueles que nun-      “O Código da Vinci”. “Anjos e Demó-
mos filmes da série não terem tido gran-   ca tenham visto qualquer filme ou sé-      nios” conta uma nova aventura de Ro-
                                                                                      bert Langdon, desta vez enquanto ele
                                                                                      tenta impedir uma conspiração contra
                                                                                      o Vaticano. Brown não fugiu de con-
  Auto-Luz completa 44 anos                                                           trovérsias ao usar a religião cristã como
                                                                                      pano de fundo para a trama do livro e
                                                                                      Ron Howard e Tom Hanks, que reto-
                                                                                      mam os seus papéis de “O Código da
                                                                                      Vinci” (como realizador e actor princi-
                                                                                      pal interpretando Langdon, respectiva-
                                                                                      mente), são fiéis ao espírito do livro, o
                                                                                      que torna o filme bastante recomen-
                                                                                      dável a todos os fãs do escritor ou de
                                                                                      thrillers em geral.
                                                                                         Há já alguns anos que sou grande
                                                                                      fã do realizador americano Kevin
                                                                                      Smith. Assim, foi com grande expec-           João Salaviza a receber a Palma
                                                                                                                                    de Ouro no Festival de Cannes
                                                                                      tativa que fui ver o novo filme dele,
                                                                                      intitulado “Zack e Miri Fazem um Por-
                                                                                      no” e tal não me desiludiu. Não sendo
                                                                                                                                  lida no nosso país. O filme vale muito
                                                                                      o seu trabalho mais forte, é uma co-
                                                                                                                                  pelos valores de produção (fotogra-
                                                                                      média simpática que proporciona um
                                                                                                                                  fia, banda sonora e cenários e vestu-
                                                                                      bom serão. O filme conta a história
                                                                                                                                  ário de grande qualidade) e por um
                                                                                      de dois amigos (interpretados pelo
                                                                                                                                  elenco de luxo, encabeçado pelos ac-
                                                                                      actor Seth Rogen e a actriz Elizabeth
                                                                                                                                  tores Ivo Canelas e Nicolau Breyner.
                                                                                      Banks, que, diga-se já, revelam ser
                                                                                                                                  A história é o ponto mais fraco (tem
                                                                                      uma óptima dupla no ecrã) que, por
 No próximo dia 4 de Julho (Dia da Cidade de Coimbra), completam-se 44 anos                                                       tendência a perder-se em certos as-
 de funcionamento da Auto-Luz.                                                        estarem com muitos problemas finan-
                                                                                                                                  pectos que no final revelam-se fú-
 Trata-se de um estabelecimento no Beco do Fanado (mesmo junto ao Terreiro            ceiros, decidem combater a sua crise
                                                                                                                                  teis…) mas é mais um óptimo exem-
 da Erva), fundado no dia 4 de Julho de 1965 por António Afonso Barbosa,              financeira ao fazer um filme porno-
 que ainda hoje ali continua a vender baterias e a ajudar muitos automobilistas                                                   plo do cinema nacional moderno.
                                                                                      gráfico amador. Claro está, este fil-
 com problemas eléctricos nas respectivas viaturas.                                                                                  Ainda neste campo (e para finali-
                                                                                      me não é para todos (sobretudo para
 António Afonso Barbosa começou ainda miúdo (com apenas 10 anos)                                                                  zar), dirijo os meus parabéns ao jo-
 a aprender o ofício na Electro-Garagem, na Av. Fernão de Magalhães. Andou            os mais novos), mas a sátira feita à
                                                                                                                                  vem realizador João Salaviza, que foi
 depois por outras empresas e quando era já um técnico experiente decidiu abrir       indústria pornográfica está muito bem
 a sua “Auto Luz”, no local onde ainda hoje se mantém.
                                                                                                                                  premiado, no Festival de Cannes com
                                                                                      conseguida, sem ferir susceptibilidades
 Mais de 70 anos de trabalho, mas uma notável forma física, já que ninguém                                                        a Palme D’ Or de Melhor Curta-Me-
                                                                                         O outro filme que gostaria de apon-
 lhe dá os mais de 80 anos que leva de vida. Aliás, afirma que enquanto a saúde                                                   tragem pelo seu filme, intitulado “Are-
 o deixar ali estará todos os dias (às vezes fora de horas e até                      tar é “O Último Condenado à Morte”,
                                                                                                                                  na”. Esta vitória é prova definitiva de
 nos dias de merecido descanso) a satisfazer os seus clientes.                        de Francisco Manso. A trama do fil-
                                                                                                                                  que o cinema nacional está vivo e re-
 Sempre, e de forma invejável, com as baterias bem carregadas!                        me baseia-se na história verídica de
                                                                                                                                  comenda-se!
26 DE JUNHO DE 2009                                                                                                             OPINIÃO             21

                                                       Os dados estão lançados
                                               dários, a fim de mostrarem ao executivo       neutralizar. Do outro, um fervilhar de          tagonizar novas soluções políticas e go-
                     Renato Ávila              e ao partido reinantes o tão almejado         ideias e apetites avulsos, eivados de           vernativas, arriscamo-nos a ter mais do
                                               “cartão vermelho”.                            imensa demagogia num deserto de pro-            mesmo ou muito pior.
                                                   Dum amarelo claramente esmaecido          jectos sérios, consistentes e coerentes,            Está suficientemente demonstrado
   Dizem que o povo parece estar des-          pela paupérrima participação popular,         susceptíveis de nos fazer acreditar ha-         que a dialéctica acusatória já não pega.
contente ao penalizar nas urnas a maio-        parece-nos abusivo que alguém ouse re-        ver quem, decididamente, queira e pos-          O comum dos cidadãos sabe na pele
ria socialista.                                tirar ao poder socialista a legitimidade      sa fazer melhor.                                aquilo que os políticos, refastelados nas
   Apesar de tanto alarido da oposição,        política e considerar a derrota do PS um          Até porque muitos daqueles que se           cadeiras do poder, nem sonham e que,
parece não existirem projectos alternati-      pesado voto negativo ao desempenho da         perfilam na vanguarda para disputar o           com leviana obscenidade, parecem que-
vos consistentes e credíveis e as inten-       sua acção governativa.                        poder já lá estiveram e não deixaram            rer ignorar. Dá-nos, mesmo, a impres-
ções políticas surgem eivadas de dema-             A oposição terá, isso sim, é de reflec-   saudades.                                       são de que, para muito boa gente mani-
gogia e de falta de clareza.                   tir na relação que poderá existir entre a         O cheque em branco dado a Cavaco            puladora dos cordelinhos do poder, a po-
   Como cidadãos deste rectangular país        elevadíssima abstenção e a falta de for-      e a Sócrates tem deixado marcas pro-            lítica serve mesmo para isso – dar tacho
à beira mar pasmado, são as amargas            ça e coerência da sua mensagem, inca-         fundas na nossa memória política, de tal        à “nomenklatura”.
conclusões que podemos retirar dos re-         paz de polarizar o descontentamento rei-      modo que será de acreditar tal não repe-            No fundo, no fundo, foi para isso que
sultados das eleições europeias e do aca-      nante e de motivar os portugueses para        tir-se uma terceira vez.                        serviram as eleições europeias. Voz do
lorado folclore que se lhes seguiu com         a acrescida importância da qual deseja-           O nosso paradigma de convivência            povo!
quase toda a gente a gritar vitória.           va revestir o acto.                           política tem, por conseguinte, de mu-               Se não se enveredar, rápida e consci-
   Afiguram-se-nos estultos e extempo-             O povo tem, de facto, sobejas razões      dar, drástica e urgentemente, se não            enciosamente, por uma dialéctica propo-
râneos estes eufóricos afobos, abusivas        para estar descontente com a actual so-       quisermos tornar este país numa are-            sitória, privilegiando o diálogo e a con-
e deslocadas, pois, as apressadas con-         lução governativa. Terá, todavia, muitas      na de maniqueísmos inconfessáveis e             sertação, apostando na solidariedade em
clusões que, na sofreguidão do poder,          mais razões para desconfiar da bondade        incontroláveis.                                 vez da estulta e mesquinha guerrilha par-
muitos quiseram retirar dos resultados         dos arremedos de alternativas que, difu-          No final do Verão os portugueses se-        tidária, centrando exclusivamente toda a
eleitorais.                                    sas e sem consistência política, se dese-     rão novamente chamados, agora sim, para         acção política no prosseguimento do bem
   Por mais ensaios e argumentos que           nham no horizonte.                            escolherem um novo Parlamento e, com            público, não iremos longe. Continuar-se-
se tenham tecido, por forçadas classifi-           Dum lado, existe um projecto, con-        ele, uma nova solução governativa.              á, ingloriamente, a cavalgar no insuces-
cações de pré legislativas que se tenham       testável, é certo, de boas e más práti-           Se os candidatos passarem este tem-         so dos outros para cada um mascarar o
pretendido colar ao acto eleitoral, o povo     cas e de bons e maus resultados, tam-         po que falta no soez ataque, na insolente       seu próprio insucesso.
assim não o entendeu, primando pela            bém é certo, condicionado por uma pro-        pesporrência de aprazados vencedores,               Os dados estão lançados.
ausência.                                      funda e anómala crise internacional, que      em vez de procurarem o diálogo e os                 A sorte depende de todos. Da serie-
   Os cidadãos, de facto, não correspon-       só não vê quem não quer, e por cróni-         consensos que a delicadeza da situação          dade e competências dos que se propõem
deram em massa, ao invés do que dese-          cos atavismos domésticos que neste úl-        exige, se lá chegarem sem o trabalho de         assumir o poder e da consciente e parti-
jaria a quase totalidade dos líderes parti-    timo meio século ninguém conseguiu            casa bem feito, exigível a quem quer pro-       cipativa escolha dos cidadãos.


FILATELICAMENTE                                   1941                                                                                           POIS...
                                                  – Costumes Portugueses.
                     João Paulo
                                                  I emissão
                     Simões                                                                           ro, desenhados por Álvaro Duarte
                                                                                                      de Almeida e gravura de Guilher-                            José
   O Administrador Geral dos Correios de                                                              me Santos; 800 mil selos de $80 azul                        d’Encarnação
Portugal, Engº Couto dos Santos, iniciou uma                                                          claro, representando a Mulher da
série, que seria a apresentação dos pitores-                                                          Madeira e desenhados por A. Du-            Os crânios. Que me desculpem os
cos e tradicionais costumes e trajos popula-                                                          arte de Almeida e gravura de Ar-        verdadeiros. Saíram agora das facul-
res. Embora já tivessem sido aprovados dez                                                            naldo Fragoso; 800 mil selos de 1$00    dades, impantes de uma licenciatura
desenhos, e tendo-se concluído as suas gra-                                                           vermelho, representando a Viane-        (de três ou, já mais raro, de quatro
vuras, entendeu a Junta Nacional de Edu-                                                              sa em desenho de Raquel Roque           anos), numa das muitas «gestões»
cação recusar este projecto, o que fez parar                                                          Gameiro e gravura de Arnaldo Fra-       que andam por i. E ficaram Sábios!
tal emissão.                                                                                          goso; e, para terminar, emitiram-se     E conseguiram lugar no banco, ge-
   Protestaram os CTT, invocando o prejuí-                                                            1,4 milhões de selos de 1$75 azul       rente ou subgerente, claro, que os
zo com as despesas já efectuadas.                                                                     escuro representando o Campino          velhadas que ainda lá estão têm um
   Assim, foram autorizados a fazer                                                                   Ribatejano, desenhado por Raquel        curso comercial antiguinho, miserá-
esta emissão com os dez desenhos já                                                                   Roque Gameiro e gravura de Ar-          vel 5º ano à antiga, ou, até talvez, o
concluídos.                                                                                           naldo Fragoso. 300 mil selos de 2$00    7º ano à antiga. Que percebem eles
                                               violeta, representando o Saloio de Lisboa     laranja, é o ultimo selo desta série, repre-     das novas tecnologias, das novas te-
   Foram impressos na Casa da Moeda            desenhados por Raquel Roque Gameiro e
sobre papel liso, em folhas de dez selos                                                     sentando a Ceifeira do Alentejo, desenhado       orias, do novo marketing? Nadinha!
                                               gravura de Renato Araújo; 6 milhões de        por Raquel Roque Gameiro e gravura de            Privilegiam o cliente, cujo nome até
com denteado 11,5.                             selos de $15 verde amarelo, representado a
   A emissão dos selos, foi a seguinte:                                                      Guilherme Santos.                                reconhecem? Coisas de outras eras!
                                               Peixeira de Lisboa, desenhados por Raquel                                                      Agora, o que interessa são os objec-
   Dois milhões de selos verde escuro com      Roque Gameiro e gravura de Marcelino                 (Baseado em “Livros Filatélicos”          tivos, os números, toca a mexer e
o valor facial de $04 representando a mu-      Norte.                                                          de Carlos Kulberg).            pouca conversa!...
lher da Nazaré, cujo desenho é de Roque           Emitiram-se tembém 2 milhões de selos
Gameiro e gravura de Guilherme Santos;                                                                                                           Aos velhadas – de muito «saber
                                               de $25 lilás violeta representando a Mulher      A emissão aqui apresentada, foi reti-         de experiência feito» – só resta en-
3,2 milhões de selos de $05 representando a    de Olhão, desenhados por Álvaro Duarte        rada do site
Tricana de Coimbra, com desenho de Ra-                                                                                                        colher os ombros, calar e… contar
                                               de Almeida e gravura de Gustavo de Al-           http://www.filsergiosimoes.com/,              os dias para uma aposentação con-
quel Roque Gameiro e gravura de Gustavo        meida Araújo; 20 milhões de selos de $40         casa filatélica a quem compro as minhas
e Almeida; 2 milhões de selos de $10 lilás                                                                                                    digna. Minimamente condigna.
                                               verde claro representando a Mulher de Avei-   emissões.
22            CRÓNICA                                                                                                                       26 DE JUNHO DE 2009



AO CORRER DA PENA...

                                                             Traz um amigo também...
                                                    Saiu para a rua. Caiu na rua. Passou a         valor, de apelos à “reintegração”, profunda-    não existir.
                                                 viver na rua. Com eles. Com os Sem-Abri-          mente agarrados às paredes do poder e à            Marta sentia-se enriquecer (por mais
                                                 go. Como os Sem-Abrigo.                           angariação de votos.                            paradoxal que possa parecer!) a cada dia
                        Maria Pinto*                Nos primeiros dias, sentiu que se tinha             “Mas que reintegração?”, perguntava        que passava. Agora percebia melhor a ra-
                      mainha.pinto@gmail.com
                                                 despistado nesta curva da vida. Entrara num       por vezes Jaime, que era conhecido pelo         zão por que muitos dos Sem-Abrigo prefe-
    Vivia a um ritmo alucinante. Sem laze-       enorme abismo sem protecção. Só. Com-             poeta-pintor e que se fora aproximando cada     rem a rua. É que eles são detentores da
res. Quase sem prazeres. Sem tempo. O            pletamente só. Nas noites mais frias., sem-       vez mais de Marta. Um sentimento forte os       enorme fortuna de já nada terem para per-
trabalho perseguia-a. Reputada jornalista,       pre que procurava um abrigo que a prote-          unia. Uma mesma linha de pensamento.            der. Eles têm a solidariedade das estrelas,
tinha sido recentemente distinguida pelas        gesse, um canto, um vão de escada, encon-             Jaime pertencera a uma família abasta-      da lua, do sol.
suas reportagens em cenário de guerra.           trava um quarto infindável que a cobria com       da do Norte do país, cuja fortuna estava li-       Os que têm a rua como abrigo podem
    Marta vivia na zona do Chiado, numa          a exclusão social. E sabia que a viagem que       gada à indústria automóvel. Mas o seu pai       sofrer a fome e o frio e a humilhação da
casa antiga recentemente recuperada. Mas         encetara iria ser longa. O frio e a sensação      era um perdulário acabando por tudo gastar      esmola, mas olham as pessoas de frente.
o tempo não sobrava para a decorar a seu         de abandono iriam permanecer. A solidão           por entre amores vários e inquietos. A famí-    Pedindo mas não se vendendo...e tendo a
gosto. Por isso, a sua casa era tão-só o local   abeirava-se de Marta. E também algum              lia desagregou-se. A mãe enlouqueceu. O         lucidez de saber que todos nós, no fundo,
a que pontualmente recorria para se abri-        medo...e tanto frio!...                           pai entregou-se à bebida e Jaime rumou até      em algum momento das nossas vidas so-
gar. Afinal de contas estava sempre fora e          O tempo foi passando e, quase sem se           à capital onde procurou trabalho. Sem êxi-      mos ou podemos vir a ser Sem-Abrigo.
continuamente em situações de alta tensão        ter dado conta, Marta passou a ser mais um        to. Ninguém o quis, apesar dos seus dotes
e de alto risco. O cansaço dominava-a. Sen-      deles. Dos Sem-Abrigo. Com eles partilha-         literários e artísticos. “Mas quem é que hoje   O Chão frio da calçada
tia-se viver sob o tecto do êxito obrigatório,   va o que ia conseguindo arranjar, com eles        em dia quer saber da leitura?” dizia ele em     É onde faço o meu leito
da corrida ansiosa pelo sucesso. Prémios         sentia frio e fome, como eles percorria as        tom de desabafo. Mas alguns dos seus com-       E com fome me deito
que chegavam. Amores que partiam. Sen-           ruas da capital, suja e andrajosa. Foi-se aper-   panheiros de rua adoravam ouvi-lo decla-        Toda a madrugada
tia-se uma sem-abrigo. As suas paredes iam-      cebendo da falta de auto-estima e de confi-       mar muitos dos seus poemas, sentido por
se desfazendo aos poucos. Não fizera ain-        ança de muitos destes seres humanos que           ele um grande respeito. Marta tornou-se a       Ponho-me de mãos estendidas
da a reportagem da sua vida.                                                                                                                       Com os olhos no vazio
Faltava-lhe o essencial.                                                                                                                           Enquanto secretamente me rio
    Ansiava por fugir para não                                                                                                                     Quando escandalizam minhas feridas
enlouquecer de desalento, não
desejava voltar a desesperar                                                                                                                       Sou chaga aberta
por amor... ou por carência de                                                                                                                     Nem desvies os olhos de minha figura
amor... ou por falta de tempo                                                                                                                      Não reproves minha falta de com-
para amar.                                                                                                                                         postura
    Pensou mudar radicalmen-                                                                                                                       Pois sou o que poderias ter sido”.
te a sua vida e a sua profis-                                                                                                                                       (Anónimo... quem sabe
são. Arranjar talvez um tra-                                                                                                                                     se da autoria de Jaime?...)
balho mais calmo, menos ex-
tenuante e regressar a casa.                                                                                                                          À medida que o seu amor ia crescendo,
Abrigar-se. Pensar-se.                                                                                                                             cada vez mais Marta e Jaime se empenha-
    Num curto e merecido pe-                                                                                                                       vam em denunciar e desmascarar a igno-
ríodo de férias logo após o Ano                                                                                                                    rância e a indiferença social e política em
Novo, decidiu ser chegada a                                                                                                                        relação ao mundo dos Sem-Abrigo. Promo-
altura de transformar a sua                                                                                                                        viam manifestações e campanhas para a
casa num espaço acolhedor                                                                                                                          obtenção de fundos. Verdadeiras campa-
e confortável. Num lar. Foi                                                                                                                        nhas de solidariedade em que se incluíam
assim que passeou pelas ruas                                                                                                                       as equipas de rua que vinham essencial-
de Lisboa, escolhendo meti-                                                                                                                        mente de noite para escutar almas, ouvir
culosamente cada objecto,                                                                                                                          o bater de corações, para afagar os ros-
cada peça de mobiliário, cada                                                                                                                      tos mais doridos. Era um trabalho feito de
obra de arte.                                    já tudo haviam perdido. Passou a fazer par-       sua leitora. A sua musa inspiradora quando      amor e de carinho. Um trabalho longo,
    Mas quando menos se espera, surgem           te deles. Por vocação. Entrando nas suas          Jaime, em pedaços de papel que encontra-        discreto, sem fim.
oportunidades e momentos únicos, experi-         almas. No seu coração.                            va, a desenhava.                                   Nestes momentos preciosos sobrevi-
ências que apenas acontecem uma vez na                                                                 “Mas que reintegração?” voltava Jai-        nham, por vezes outras pessoas. Gente
vida e que não mais se apagam do nosso              Decorria o período da campanha para as         me a perguntar. “Ainda há tempos fize-          com casa mas sem lar. Gente a desabar
corpo. Da nossa alma. São curvas que apa-        eleições legislativas. Foi nesta altura que       ram uma espécie de camaratas para nos           por dentro. Parede a parede. Minuto a mi-
recem inusitadamente no meio da estrada          Marta melhor conseguiu entender as mar-           abrigar...e nós continuámos a fugir para a      nuto: mulheres alvo de violência domésti-
da vida de cada um de nós.                       cas da hipocrisia social e política. Por um       rua, para os cartões que fomos espalhan-        ca, jovens sem rumo, reformados privados
    Cerca de três dias após ter iniciado a sua   lado, a sensação de profunda incomodidade         do pela cidade”...                              do carinho de familiares...Jaime entoava
breve semana de férias, Marta recebe um          dos líderes dos vários partidos políticos e das      Marta entendia. O governo dava case-         “traz um amigo também”...
telefonema do chefe de redacção, alertan-        suas comitivas ao sentirem-se obrigados a         bres e não dava emprego. À boa maneira             Marta quase se esquecia da sua casa no
do-a para a premência de uma reportagem          apertar a mão a estes homens e mulheres           liberal, considerava-os adeptos da malandrice   Chiado. Conseguiria voltar a adaptar-se ao
sobre os Sem-Abrigo de Lisboa.                   envoltos em caixotes e em papel de jornal,        e da vida fácil, não merecendo, por isso, o     estilo de vida que levava antes de vivenciar
    Algo se passou nesse instante. Marta         sem eira nem beira, sem destino, mas que          sucesso. O governo exercia a caridade e         esta experiência tão dura mas tão incrivel-
sentiu um apelo imediato por este trabalho.      os olhavam com frontalidade. Estes aper-          não a solidariedade. As autoridades senti-      mente enriquecedora?
Percebeu rapidamente que a sua vida se           tos de mão eram geralmente seguidos de            am-se profundamente desassossegadas pelo
iria alterar profundamente. Marta, mulher-       um discurso demagógico e de índole carita-        facto de os Sem-Abrigo também terem sen-            Tarde da noite. Jaime e Marta de mão
coragem, que sempre se envolvera a fundo         tiva, com promessas de casas para eles. Para      sibilidade e gostarem de se sentar e divagar    na mão. Ambos carregando um saco a
nos seus projectos, agarrou esta oportuni-       os Sem-Abrigo.                                    em sítios bonitos, como a Beira-Tejo. Man-      transbordar de amor. Deitando-se sobre as
dade com um forte abraço.                           Alguma revolta se ia instalando nesta jor-     davam-nos embora, mas eles regressavam          tiras de um caixote feito de emoções. De
    Largou tudo o que tinha planeado para a      nalista sem-abrigo, sem casa, sem Chiado.         em bando, tal andorinhas em voo de liber-       vida. De recordações. Envoltos em jornais
sua vida. A casa do Chiado era uma vez           Cada vez mais Marta se afastava deste             dade. Alheios à repulsa dos cidadãos ditos      plenos de ternura.
mais um projecto adiado.                         mundo de tecnocratas plenos de juízos de          honrados. Alheios ao medo que sabiam já                           (*docente do ensino superior)
26 DE JUNHO DE 2009                                                                                                CULTURA                    23
COMEMORAÇÕES EM COIMBRA PROLOLONGAM-SE POR 2010

Centenário do “Edifício Chiado”
   Inaugurado em 1910, enquanto agên-         As comemorações prosseguem com          dade de Letras da Universidade de Co-        lar, nos quais tentaremos transmitir e re-
cia dos Grandes Armazéns do Chiado lis-    um Ciclo de Conferências a realizar nos    imbra) - Coimbra – industrialização 1900/    viver os inícios do século XX, através da
boetas, o Edifício Chiado é actualmente    dias 22 e 23 do próximo mês de Outu-       1920.                                        compreensão do sentido estético e da
sede do Museu Municipal de Coimbra,        bro, com a participação de destacados         - Regina Anacleto (Faculdade de           evolução da moda, associada ao fe-
tutelado pelo Departamento de Cultura      especialistas em diversas áreas.           Letras da Universidade de Coimbra            nómeno económico dos Grandes Ar-
                                                                                      – A arquitectura conimbricense dos           mazéns”.
                                                                                      finais do século XIX início do sé-              A Câmara Municipal de Coimbra vai
                                                                                      culo XX.                                     ainda receber duas exposições de arte
                                                                                         - Raquel Magalhães (Técnica da            contemporânea, proporcionadas pela
                                                                                      CMC) – O Edifício Chiado em                  Fundação Arpad Szenes - Vieira da Sil-
                                                                                      Coimbra.                                     va, (instituição que tem como objectivo




   Telo de Morais e Isabel Garcia

da autarquia. No sentido de comemorar         De acordo com os organizadores, ha-
o centenário do edifício, o Museu Muni-    verá comunicações pelos especialistas a
cipal planeou a organização de uma sé-     seguir indicados, abordando os temas que
rie de eventos nos quais pretendemos       se referem:
enquadrar o momento histórico da sua          - Rui Ramos (Faculdade de Arquitec-
construção e inauguração.                  tura da Universidade do Porto) – A mo-
   O primeiro acto das comemorações        dernidade da arquitectura de 1900.
foi o lançamento do I Volume de uma           - Raquel Henriques da Silva (Univer-
luxuosa obra sobre a Colecção Telo         sidade Nova de Lisboa) – “As artes em
de Morais (uma das mais ricas colec-       Portugal em 1910”.
ções particulares de arte do País, e          - Julien Bastoen (Université de Pa-
doada por aquele ilustre médico e sua      ris VIII )– Os Grandes Armazéns Pa-
Mulher ao Município de Coimbra, es-        risienses.
tando exposta nos pisos superiores do         - Paulo Peixoto (Faculdade de Eco-
“Edifício Chiado”.                         nomia da Universidade de Coimbra) – A
   Numa cerimónia que contou com a         massificação do consumo.
participação de muitas e destacadas en-       - Maria Calado (Faculdade de Arqui-




                                                                                                                                   a divulgação e o estudo da obra dos dois
                                                                                      PROGRAMA ESTENDE-SE                          artistas).
                                                                                      PELO PRÓXIMO ANO                                Durante 2010 serão publicadas as ac-
                                                                                                                                   tas do encontro marcado para Outubro
                                                                                         As celebrações do centenário do “Edi-     próximo, intituladas “Caminhos e iden-
                                                                                      fício Chiado” vão prolongar-se por 2010,     tidades da modernidade: 1910, o Edi-
                                                                                      ano em que verdadeiramente se comple-        fício Chiado em Coimbra”.
                                                                                      tam os cem anos após a inauguração.             Entretanto, o Museu pretende reco-
                                                                                         No início do ano, o edifício será re-     lher informações e testemunhos sobre o
                                                                                      qualificado com pequenas obras de me-        edifício para um estudo a publicar du-
tidades, a apresentação esteve a cargo     tectura da Universidade Técnica de Lis-    lhoramento e reabrirá em Abril com uma       rante o ano de 2010. Neste sentido, fez
de Raquel Henriques da Silva (que foi      boa) – Grandes Armazéns de Lisboa:         exposição comemorativa do centenário.        um apelo a quem possa ter informações
Directora do Instituto Português de Mu-    Grandella e Chiado.                           De acordo com os organizadores, “no       ou espólio (nomeadamente: produtos dos
seus) que teve palavras de grande elogio      - Paulo Simões Rodrigues (Universi-     âmbito desta exposição serão promovi-        Grandes Armazéns do Chiado, como ca-
para o altruísta gesto do casal Telo de    dade de Évora) – Arquitectos e Enge-       das acções educativas, nomeadamente          tálogos, agendas de família, imagens, etc.)
Morais e para a qualidade da colecção      nheiros no século XIX XX.                  visitas interpretativas ao Edifício Chiado   que contacte através dos números 239
por ele doada a Coimbra.                      - José Maria Amado Mendes (Facul-       e ateliers orientados para público esco-     840 754 ou 239833771.
24   PUBLICIDADE   26 DE JUNHO DE 2009

O Centro - n.º 70 – 26.06.2009

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    DIRECTOR JORGE CASTILHO | Taxa Paga | Devesas – 4400 V. N. Gaia | Autorizado a circular em invólucro de plástico fechado (DE53742006MPC) Rua da Sofia, 95 - 3.º - 3000-390 COIMBRA Telef.: 309 801 277 ANO IV N.º 70 (II série) 26 de Junho de 2009 1 euro (iva incluído) TERÇA-FEIRA (DIA 30), ÁS 18 HORAS O fascínio das estrelas em Coimbra com Gil Vicente, Camões Vieira, Pessoa e “jazz” PÁG. 5 CIC’09 LITERATURA CHOUPAL FOTOGRAFIA Indústria Novas obras Plataforma Imagens e comércio de M.ª Helena exige aéreas mostram-se Teixeira explicações de Varela em Coimbra e J. H. Dias sobre viaduto Pècurto PÁG. 12 e 13 PÁG. 2 e 19 PÁG. 10 PÁG. 11
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    2 COIMBRA 26 DE JUNHO DE 2009 NO PRÓXIMO DIA 8, NA CASA DA CULTURA DE COIMBRA Livro de crónicas de José Henrique Dias apresentado por Cristina Robalo Cordeiro No próximo dia 8 de Julho (quarta-fei- junto à estação do Rossio, frequentada por ra), pelas 18 horas, na Casa Municipal da nomes cimeiros da literatura e da arte por- Cultura de Coimbra, decorre a sessão de tuguesas, publicando entre 1956 e 1969, lançamento do livro de crónicas intitulado ininterruptamente, séries de crónicas se- “A Outra face do Espelho”. O autor é manais. Tendo-se dedicado ao ensino e à José Henrique Dias, e a apresentação será actividade teatral como encenador, o seu feita por Cristina Robalo Cordeiro, Vice- trabalho centrou-se mais na investigação Reitora da Universidade de Coimbra. sobre o século XIX, primeiro no domínio Com edição de “Campo da Comunica- das ideias políticas, depois na sociocomu- ção”, a obra de José Henrique Dias é nicação teatral. composta pelas crónicas que o professor universitário publicou, nos anos mais re- centes, nos jornais de Coimbra “O Des- pertar” e “Centro”. Inclui desenhos inéditos de Nadir Afon- so e prefácio do romancista Fernando Campos. “Os lugares são sobretudo Coimbra e Lisboa, uma fugidia referência a Chaves e à Figueira e pouco mais. O tempo re- cua para trás da vida do Autor, memória das memórias dos mais velhos, e vem até aos nossos dias. Se se fizesse um índice de pessoas e factos referidos, que acervo de riqueza de cultura, humanismo e hu- manidade, desde o nomear de escritores, artistas, cientistas, actores, médicos, ad- José Henrique Dias vogados, professores, músicos, políticos, saltimbancos, contorcionistas, trapezistas, dela, está o Autor e este sentimento de Ideias Sociais. Depois de uma longa car- que sei eu!...” – escreve Fernando Cam- eco autobiográfico mais de uma vez nos reira no ensino público, leccionou na Uni- pos no prefácio, acrescentando: acode ao espírito…O médico (que não versidade Nova de Lisboa, depois de apo- “O antes e depois do 25 de Abril não quis ser) está presente e o filósofo e o sentado no ISCEM e actualmente é pre- Instado por colegas, regressou às cró- podia deixar de ter especial lugar… com poeta, além, claro, do jornalista… .”. sidente do Conselho Científico do Institu- nicas em jornais de Coimbra, primeiro em nomes, factos e rememorações…e, se se to Superior Miguel Torga. “O Despertar”, depois no “Centro”, reto- verrinam os tempos da “outra senhora”, UM CONIMBRICENSE Desde os verdes anos ligado à escrita, mando um dos seus velhos títulos, “A ou- não se deixa de lançar olhar crítico aos ILUSTRE integrou em Coimbra tertúlias de que en- tra face do espelho”. É uma colectânea grafitti que maculam tudo quanto é pare- tre outros faziam parte Zeca Afonso, Lou- dessas crónicas que agora se apresentam de (“…a arte e os equívocos…”), as flo- José Henrique Dias nasceu em Coim- zã Henriques, Manuel Alegre, António neste livro, onde, ficcionadas, passam restas de cimento que desfiguram, nas bra, em 1934. Licenciado em História, fez Portugal e Levi Baptista. A partir de fi- momentos de vidas marcadamente no cidades, o que era écloga… Mestrado em História Cultural e Política nais dos anos cinquenta e primeiros anos espaço e tempos de uma Coimbra sem- Notável a “capacidade de lidar com as na UNL e é doutorado pela mesma uni- da década de sessenta do século passa- pre mítica e evocações de figuras da mú- palavras e as imagens”, diz uma persona- versidade em História e Teoria das Idei- do, integra o grupo polarizado por Edmun- sica coimbrã, de que também foi, ainda gem, mas nós sentimos que, por detrás as, com especialidade em História das do de Bettencourt, no Café Restauração, vai sendo, cultor. Aos Assinantes do “Centro” Director: Jorge Castilho Como tem sido bem evidente nas notícias vindas a público, o sector da comunicação social (Carteira Profissional n.º 99) é um dos mais afectados pela crise que se abateu sobre toda a sociedade, sobretudo pelo brutal Editor/Propriedade: Audimprensa decréscimo nos investimentos publicitários. NIF: 501 863 109 Perante isto, até os grandes grupos de comunicação social estão a fazer despedimentos Sócios: Jorge Castilho e Irene Castilho em massa, para além de haver muitos jornais regionais que se viram já obrigados a suspender a publicação. ISSN: 1647-0540 Aqui no “Centro” estamos a fazer um enorme esforço para superar as dificuldades. Inscrito na DGCS sob o n.º 120 930 Mas esse esforço só será bem sucedido se conseguirmos receitas de publicidade e se os nossos Composição e montagem: Audimprensa Assinantes tiverem a gentileza de proceder ao pagamento da respectiva assinatura anual Rua da Sofia, 95, 2.º e 3.º - 3000-390 Coimbra - que se mantém em 20 euros desde o início do jornal. Se quer que esta tribuna livre possa manter-se, muito agradecemos que nos envie o pagamento Telefone: 309 801 277 - Fax: 309 819 913 da sua assinatura - uma verba que representa apenas o equivalente a cerca de 5 cêntimos por dia, e-mail: centro.jornal@gmail.com menos de 40 cêntimos por semana! Impressão: CORAZE Outra forma de ajudar este projecto independente é conseguir-nos novos Assinantes, Oliveira de Azeméis por exemplo entre os seus familiares e amigos (veja a página ao lado). Depósito legal n.º 250930/06 Tiragem média: 5.000 exemplares Contamos consigo!
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    26 DE JUNHODE 2009 COIMBRA 3 NA PRÓXIMA SEXTA-FEIRA, NO MUSEU DA ÁGUA Francisco Bandeira em debate promovido pelo Clube de Empresários de Coimbra Na próxima sexta-feira (dia 3 de Ju- presários, Pedro Vaz Serra. “Por outro Machado de Castro. lho) o Clube de Empresários de Coim- lado, a pertinência do tema é indiscutí- Francisco Marques Bandeira é Vice- bra promove o primeiro de uma série de vel, pois a conquista de novos mercados Presidente do Conselho de Administra- jantares-debate do Museu da Água des- é algo de incontornável para a esmaga- ção da CGD desde Janeiro de 2008. tinados “a dinamizar o tecido empresari- dora maioria das empresas portuguesas”, Entre outros cargos, integra os conse- al da região” e em que trarão a esta ci- sublinha. lhos de administração do Grupo Pestana dade “figuras de relevo do panorama De resto, nem a escolha do próprio Pousadas, da AdP - Águas de Portugal económico e financeiro” espaço onde decorrerá o debate foi dei- e da Visabeira. É ainda presidente do Neste primeiro debate, o convidado é xada ao acaso. “Queremos, mais uma Banco Caixa Geral, presidente do Con- Francisco Bandeira, Vice-Presidente da vez, efectuar a ponte entre o meio em- selho Directivo da Caixa Geral de Apo- Caixa Geral de Depósitos (CGD). No presarial e o património cultural que te- sentações e presidente dos conselhos de jantar-debate, para o qual foram convi- mos em Coimbra, razão pela qual resol- administração da Locarent - Companhia dados todos os sócios do Clube, Francis- vermos promover este jantar-palestra no Portuguesa de Aluguer de Viaturas e da co Bandeira deverá explicar aos empre- Museu da Água que, desta forma e pela Caixa Leasing e Factoring - Instituição Francisco Bandeira sários como é que a Caixa Geral de De- primeira vez desde a sua inauguração, Financeira de Crédito. pósitos os pode ajudar a conquistar no- zões: é um cidadão de Coimbra e ocupa, recebe uma iniciativa deste género”, fri- Licenciado em Economia pela Univer- vos mercados, abrindo assim novas pers- neste momento, funções de grande res- sa. Recorde-se que já a tomada de pos- sidade de Coimbra, Francisco Bandeira pectivas para o desenvolvimento econó- ponsabilidade na maior instituição finan- se dos actuais órgãos sociais, a 5 de foi agraciado pelo Presidente da Repú- mico da região. ceira portuguesa, com grandes e direc- Maio, teve como palco um dos princi- blica, Jorge Sampaio, com o grau de “Tivemos a preocupação de convidar tas repercussões no meio empresarial”, pais pólos culturais da região e do país, o Comendador da Ordem do Infante D. o vice-presidente da CGD por duas ra- explica o Presidente do Clube de Em- recém-reinaugurado Museu Nacional Henrique em Julho de 1999. ORIGINAL PRESENTE POR APENAS 20 EUROS AUDIMPRENSA Jornal “Centro” Ofereça uma assinatura do “Centro” Rua da Sofia. 95 - 3.º 3000–390 COIMBRA e ganhe valiosa obra de arte Poderá também dirigir-nos o seu pe- dido de assinatura através de: telefone 309 801 277 Temos uma excelente sugestão ma tão original, está a desabrochar, sua casa (ou no local que nos indicar), fax 309 819 913 para uma oferta a um Amigo, a um simbolizando o crescente desenvolvi- o jornal “Centro”, que o manterá ou para o seguinte endereço Familiar ou mesmo para si próprio: mento desta Região Centro de Portu- sempre bem informado sobre o que de de e-mail: uma assinatura anual do jornal gal, tão rica de potencialidades, de His- mais importante vai acontecendo nes- centro.jornal@gmail.com “Centro” tória, de Cultura, de património arqui- ta Região, no País e no Mundo. Para além da obra de arte que des- Custa apenas 20 euros e ainda re- tectónico, de deslumbrantes paisagens Tudo isto, voltamos a sublinhá-lo, de já lhe oferecemos, estamos a pre- cebe de imediato, completamente (desde as praias magníficas até às ser- por APENAS 20 EUROS! parar muitas outras regalias para os grátis, uma valiosa obra de arte. ras imponentes) e, ainda, de gente hos- Não perca esta campanha promo- nossos assinantes, pelo que os 20 eu- Trata-se de um belíssimo trabalho pitaleira e trabalhadora. cional e ASSINE JÁ o “Centro”. ros da assinatura serão um excelente da autoria de Zé Penicheiro, expres- Não perca, pois, a oportunidade de Para tanto, basta cortar e preen- investimento. samente concebido para o jornal receber já, GRATUITAMENTE, cher o cupão que abaixo publicamos, O seu apoio é imprescindível para “Centro”, com o cunho bem carac- esta magnífica obra de arte (cujas di- e enviá-lo, acompanhado do valor de que o “Centro” cresça e se desen- terístico deste artista plástico – um mensões são 50 cm x 34 cm). 20 euros (de preferência em cheque volva, dando voz a esta Região. dos mais prestigiados pintores portu- Para além desta oferta, o beneficiá- passado em nome de AUDIMPREN- gueses, com reconhecimento mesmo rio passará a receber directamente em SA), para a seguinte morada: CONTAMOS CONSIGO! a nível internacional, estando repre- sentado em colecções espalhadas por vários pontos do Mundo. Neste trabalho, Zé Penicheiro, Desejo oferecer/subscrever uma assinatura anual do CENTRO com o seu traço peculiar e a incon- fundível utilização de uma invulgar paleta de cores, criou uma obra que alia grande qualidade artística a um profundo simbolismo. De facto, o artista, para represen- tar a Região Centro, concebeu uma flor, composta pelos seis distritos que integram esta zona do País: Aveiro, Castelo Branco, Coimbra, Guarda, Leiria e Viseu. Cada um destes distritos é repre- sentado por um elemento (remeten- do para o respectivo património his- tórico, arquitectónico ou natural). A flor, assim composta desta for-
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    4 INTERNACIONAL 26 DE JUNHO DE 2009 UM EXEMPLO QUE VEM DO BRASIL Supermercados suspendem compras a empresas envolvidas na desflorestação da Amazónia A Wal-Mart, o Carrefour e o Pão de acordo com a associação de supermer- comprou gado de fazendas multadas pelo A decisão foi resultado da acção civil Açúcar, as três maiores redes de super- cados, inclui notificar as empresas de pro- Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e pública do Ministério Público Federal que mercados do Brasil, suspenderam as cessamento de carne, exigir delas as gui- dos Recursos Naturais Renováveis (Iba- encaminhou, na última semana, uma re- compras de produtos bovinos de fazen- as de trânsito animal junto às notas fis- ma) e de outra que fica dentro de uma comendação às grandes redes de super- das envolvidas na desflorestação da cais, e suspender compras das fazendas reserva indígena. mercados e outros 72 compradores de Amazónia. denunciadas pelo Ministério Público Fe- A ONG informa que foram propostas produtos bovinos para que parem de ad- Numa reunião realizada este mês na deral (MPF) do Pará. 21 acções ao Ministério Público do Pará quirir carne proveniente da destruição da Associação Brasileira de Supermercados “Como medida adicional, as três redes pedindo o pagamento de 2,1 mil milhões floresta. (Abras), o Carrefour, Wal-Mart e o Pão solicitarão, ainda, um plano de auditoria de reais (770 milhões euros) em indemni- O desrespeito do pedido poderá resul- de Açúcar tomaram esta medida em re- independente e de reconhecimento inter- zações pelos danos ambientais à socieda- tar em multa de 500 reais (180 euros) por púdio de práticas denunciadas pela orga- nacional que assegure que os produtos que de brasileira. A área total desflorestada, quilo de produto comercializado. nização não-governamental Greenpeace. comercializam não são procedentes de diz o Greenpeace, corresponde à superfí- O Ministério Público Federal pretende Segundo um comunicado da Abras, “o áreas de devastação da Amazónia”, des- cie da cidade de São Paulo. ainda ampliar estas acções de combate à sector de supermercados não irá compac- tacou o comunicado. A decisão foi tomada pelas três maio- desflorestação com responsabilização da tuar com as acções denunciadas e reagi- Entre as empresas processadas está res redes de supermercados por não ha- cadeia produtiva da pecuária para outros rá energicamente”. uma das maiores do sector no Brasil, a ver “garantias de que a carne não vem de estados da chamada Amazónia Legal, A posição definida pelas empresas, de Bertin S.A, que, segundo a Greenpeace, áreas desmatadas na Amazónia”. como Mato Grosso e Rondónia. Um forte abraço de concorrência uma combinação de interacção e con- Paquistão. dos militares empenhados em tarefas Fiodor Lukyanov * corrência. Hoje em dia, Washington tenta, sem «práticas e concretas» nos campos de O facto da China e da Rússia faze- sucesso, activizar os seus aliados euro- combate no Afeganistão e no Paquistão. As duas cimeiras, decorridas em me- rem parte da OCX já é mais que sufici- peios que não querem afastar-se muito Portanto, o papel da OCX na arena glo- ados de Junho em Ekaterinburgo, no ente para a organização estar em das zonas tradicionais da responsabilida- bal irá crescer gradualmente, o que cor- coração dos Urais – da Organização de responde aos interesses de Moscovo e Cooperação de Xangai e de BRIC (Bra- Pequim. sil, Rússia, Índia e China) – tiveram por Ao nível global, os interesses da Chi- objectivo demonstrar uma maior diver- na e da Rússia são, em princípio, conci- sificação política externa da Rússia. dentes. Mas ao nível regional, estes paí- Do encontro dos dirigentes do Brasil, ses são, e cada vez serão mais, fortes da Rússia, da Índia e da China pode-se rivais. tirar uma conclusão parodoxal: os seus Pequim vê na OCX um instrumento participantes, vistos neste formato, não de reforço da sua presença nos merca- têm praticamente nada em comum. dos da Ásia Central e de acesso ao re- De facto, os 4 países têm diferentes cursos energéticos da região. Moscovo sistemas políticos, tipos de identifiicação pretende o mesmo. Percebe-se que o nacional, modelos económicos, priorida- domínio económico da China na OCX é des de desenvolvimento e relações com inegável. Assim, na cimeira de Ekaterin- os maiores jogadores na arena interna- burgo, Pequim prometeu 10 mil milhões cional. O formato de BRIC é como um de dólares de ajuda para financiar pro- mundo não ocidental em miniatura, e as jectos no quadro da organização. Mas discussões travadas no quadro da nova as capitais dos países da Ásia Central organização reflectem toda a multicida- conhecem muito bem o pragmatismo de dos problemas globais. Já que os pon- chinês: Pequim não concede ajudas mas tos de vista ocidentais sobre os proces- foco.Nos últimos anos os políticos oci- de da Organização do Tratado do Atlân- apenas financia projectos que lhe são sos internacionais predominam no mun- dentais receavam uma nova e verdadei- tico Norte. Entretanto, tanto Moscovo, vantajosas economica e politicamente. do, pode, aliás, ser útil escutar as opini- ra aliança entre Moscovo e Pequim. Na como Pequim e os países da Ásia Cen- O trunfo russo é a cooperação políti- ões destes quatro Estados importantes. primeira metade dos anos 2000, a força tral, percebem a importância vital do nó co-militar, já que a China, devido à sua No caso de BRIC não se pode falar motora da aproximação política no qua- afegão-paquistanês. No caso paquista- filosofia política externa, não dá garanti- sobre qualquer tipo de bloco, aliança ou dro da OCX foi o desejo de mostrar aos nês, já não se pode fazer nada sem Pe- as de segurança a ninguém. E os peque- organização formal a tomar decisões «forasteiros» (leia os EUA) os limites do quim: a influência da China sobre a elite nos vizinhos da China preferem não usá- práticas. A concordância tem apenas um permissível na região cujos «donos» são militar paquistanesa começa a superar a las, pois têm mais medo do domínio de carácter geral. Qualquer tentativa de a Rússia e a China. influência norte-americana. Pequim de que do de Moscovo. concretizar algo embaterá numa insupe- Um exempo desta audácia foi o ulti- Claro que os pontos de vista e as pri- À medida que a OCX, de uma organi- rável diferença de interesses contradi- mato para Washington definir os prazos oridades da OCX e da coligação ociden- zação simbólica a censurar o expansio- tórios. No caso de BRIC, é difícil falar da estadia das forças armadas norte- tal ainda divergem bastante. Mas o mun- nismo norte-americano transforma-se numa concorrência interna. Esta estru- americanas na Ásia Central, assim como do em rápida mudança e as capacidades numa estrutura com importantes objec- tura dificilmente adquirirá um grau de o convite para o Irão ocupar na OCX limitadas dos EUA obrigam a alterar as tivos concretos a alcançar ao nível regi- maturidade quando as divergências dos um lugar de observador. táticas e estratégias ocidentais. onal, a tarefa de Moscovo complica-se. participantes impedem a fazer algo. A importância da OCX não pára de Nos últimos meses surgiram sintomas Exige-se um árduo e consequente tra- Na Organização de Cooperação de crescer. Até agora, os EUA e a NATO de uma atitude mais prática de Washing- balho com os vizinhos e uma estratégia Xangai a situação é muito diferente. Os têm evitado uma interacção com esta ton para com a OCX. Mas. Os impulsos acertada de relações com o «amigo-con- interesses dos países membros entrela- estrutura na solução dos sérios proble- não partem dos políticos, que continuam corrente» chinês. çam-se de modo tão estreito que surge mas que enfrentam no Afeganistão e no a recear alianças concorrentes, mas sim * in revista A Rússia na Política Global
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    26 DE JUNHODE 2009 COIMBRA 5 Rotary Club de Coimbra/Olivais tem novo Conselho Director Realiza-se no próximo dia 6 de Julho, Jorge Humberto (Tesoureiro). Os restan- no decorrer do seu mandato irá promover nhecida reputação em cada uma das áre- pelas 21,30 horas (no Hotel Tryp de Co- tes lugares passam a ser ocupados por o debate sobre diversos temas de grande as focadas. imbra), uma Assembleia Geral do Rotary Jorge Corte-Real, Amílcar Carvalho, Jor- actualidade, dos quais salientou “Coimbra Club de Coimbra / Olivais, onde acaba de ge Castilho, Santos Cabral, Ernesto Viei- e o seu Património”, “Nutrição e Saúde” RIBEIRO FERREIRA PRESIDE decorrer a transmissão de poderes. ra, Isolina Mesquita e António Pato. e “Água e Recuros Hídricos”. AO CLUBE DE COIMBRA Assim, a presidente cessante, Maria Na cerimónia de transmissão de po- No âmbito do primeiro tema, vão ser Helena Goulão, passou o cargo a Alber- deres, Albertino de Sousa elogiou o tra- organizadas visitas guiadas a monumen- Também no Rotary Clube de Coim- tino de Reis e Sousa. balho desenvolvido por Helena Goulão e tos de Coimbra e da Região, alargando a bra se procedeu à cerimónia detransmis- O novo Presidente constituiu o seu saudou também Agostinho Almeida San- participação nessas iniciativas aos ele- são de poderes. Conselho Director com os seguintes ele- tos, já designado para assumir a Presi- mentos dos outros Clubes Rotários. O novo Presidente é José Ribeiro Fer- mentos: Rodrigo Santiago (Vice-Presi- dência do Club no próximo ano. Para abordar os outros temas irão sen- reira, que referiu que a sua aposta vai ser dente), António José Gala (Secretário), Albertino de Sousa revelou ainda que do convidadas personalidades de reco- sobretudo na Cultura. TERÇA-FEIRA (DIA 30), ÁS 18 HORAS O fascínio das estrelas em Coimbra com Gil Vicente, Camões, Vieira, Pessoa e “jazz” Sabia que a música também deu ori- avança José António Paixão. gem a uma teoria astronómica? E que o Mas, acrescenta, os astros foram tam- Padre António Vieira estava atento às bém uma importante fonte de inspiração inovações da Astronomia? E o que terá para a música e, em particular, para o jazz. ele dito sobre a revolução iniciada por “Já na obra dos ‘veteranos’ Duke Elling- Copérnico, também jesuíta, mas com ton e Charlie Parker encontramos temas uma teoria que abalaria as crenças da que remetem directamente para os astros. Igreja? O dramaturgo Mário Montene- Com o advento do free jazz e do jazz de gro, a matemática Carlota Simões e o fusão, nas década de 60 e 70, muitos são físico José António Paixão dão a conhe- os artistas que gravaram composições ins- cer em Coimbra cruzamentos inespera- piradas na aventura espacial. E são mui- dos entre a Arte e a Astronomia. tas as referências ao cosmos na música Acompanharam de perto as revoluções contemporânea, do “Big Bang” aos bura- na Astronomia e as suas obras estão re- cos negros”, revela o também responsá- pletas de referências rigorosas a fenóme- vel pelo projecto ‘Quark!’, uma escola nos celestes: o fascínio pelas estrelas con- olímpica da Universidade de Coimbra des- tagiou alguns dos expoentes da arte em tinada a jovens pré-universitários e onde Portugal, e não só. O dramaturgo Mário a Física e o Jazz se entrecruzam. Montenegro, a matemática Carlota Si- A sessão na Almedina, subordinada ao mões e o físico José António Paixão vão :Intervenientes da última sessão do ciclo “O Universo da Astronomia” deram tema “A Astronomia e as Artes” é a ter- dicas preciosas para que todos possam desfrutar ao máximo das estrelas dar a conhecer em Coimbra o lado este- ceira do ciclo “O Universo da Astrono- lar do teatro, da literatura e da música. A mia”, organizado pela Almedina e pela e ‘Os Lusíadas’ de Camões coincidem da Universidade de Coimbra, onde inves- sessão terá lugar no dia 30 de Junho (ter- Ideias Concertadas no âmbito das come- com a época áurea dos Descobrimentos, tiga a relação entre o teatro e a ciência, o ça-feira) às 18 horas na livraria Almedina morações do Ano Internacional da As- quando as caravelas cruzaram a linha do dramaturgo irá ainda dar a conhecer o tra- Estádio, em Coimbra. A entrada é livre. tronomia (AIA 2009). equador e tiveram finalmente acesso ao balho da Marionet na área da divulgação Carlota Simões, professora e investi- Depois de sessões dedicadas a Gali- céu do hemisfério Sul, desconhecido até das temáticas astronómicas. gadora do Departamento de Matemáti- leu, às observações astronómicas e, ago- ca da Universidade de Coimbra, irá re- então”, lembra a investigadora. A MÚSICA TAMBÉM ra, às Artes, o “Universo da Astronomia” velar uma face menos conhecida de al- Na Almedina, Carlota Simões irá ain- termina a 9 de Julho às 18 horas com INFLUENCIOU AS ESTRELAS guns dos nomes maiores da escrita em da mostrar como em alguns autores, como uma conferência sobre o ensino da As- português: a sua relação com os céus. Camões e Alberto Pimenta, é possível Mas se o Universo inspirou a litera- tronomia. Os convidados serão Rosa Pela mão da investigadora da Faculdade descobrir ou confirmar a data de aconte- tura e o teatro, a Astronomia influen- Doran, do NUCLIO - Núcleo Interacti- de Ciências e Tecnologia, os participan- cimentos associados na escrita a eventos ciou também a música. E, não menos vo de Astronomia, Joana Marques, do tes poderão conhecer o lado astronómi- astronómicos. A investigadora irá, por fim, importante, deixou-se influenciar por Museu da Ciência da Universidade de co de Leão Hebreu, Gil Vicente, Luís de revelar o que é que Padre António Vieira ela, explica o professor do Departa- Coimbra, e Victor Gil, presidente da di- Camões, Padre António Vieira, Fernan- achou do sistema heliocêntrico do tam- mento de Física da UC José António recção do Exploratório - Centro Ciência do Pessoa e Alberto Pimenta. bém jesuíta Nicolau Copérnico, que, ao Paixão. Viva de Coimbra. Algumas das descobertas mais impor- sugerir que o Sol (e não a Terra) era o “As regularidades que se observam O Ano Internacional da Astronomia é tantes da Astronomia foram imortaliza- centro do Sistema Solar, abalaria uma das nos movimentos dos astros e nos sons coordenado em Portugal pela Sociedade das por incontornáveis da literatura. As principais convicções da Igreja. musicais levaram os primeiros astróno- Portuguesa de Astronomia, com o apoio obras do tempo da expansão marítima, Já Mário Montenegro, director artísti- mos a intuir a existência de uma relação da Fundação para a Ciência e Tecnolo- como ‘Os Lusíadas’, são, de resto, fon- co da companhia de teatro Marionet, vai entre a harmonia cósmica e a musical – gia, da Agência Nacional Ciência Viva, tes ricas sobre a evolução da Ciência, debruçar-se sobre a forma como a As- como a proposta na ‘música das esfe- do Museu da Ciência da Universidade explica Carlota Simões. “A publicação tronomia tem influenciado o universo tea- ras’ de Kepler, uma teoria para o movi- de Coimbra e da Fundação Calouste de ‘Diálogos de Amor’ de Leão Hebreu tral. Doutorando na Faculdade de Letras mento planetário inspirada na música”, Gulbenkian.
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    6 CRÓNICA 26 DE JUNHO DE 2009 A OUTRA FACE DO ESPELHO Parque Verde José Henrique Dias* jhrdias@gmail.com Podemos dar uma volta no Parque Verde. Foi as- sim que começou a conversa, quando a tarde se ex- tinguia na sala onde acabara a conferência, sobre aquelas coisas que às vezes nos pedem e a que não podemos dizer não, por dever de ofício. Nem sem- pre os temas nos agradam, quantas vezes nos obri- gam a trabalho suplementar, leituras apressadas, umas nótulas securitárias para não corrermos risco de aba- far, mas sempre esta obrigação de estar ali, a funci- onar no funcionalismo gratuito da contribuição cul- tural, porque nunca ninguém se lembra de quanto vale o que sabemos e podemos disponibilizar, paga- se ao médico, ao advogado, ao arquitecto, paga-se ao pintor, ao carpinteiro, ao canalizador, mas ao tra- balhador intelectual faz-se o favor de convidar para uma mesa-redonda, uma palestra, conferência, sei lá o quê, venha daí em viagem à sua própria custa, que fará parte do adorno ou servirá para compor o currículo. Quando me disse podemos dar uma volta no Par- que Verde, senti que era a compensação de que dis- punha para me colocar no limbo dos bons momen- tos. O certo é que eu não sabia o que era o Parque A mulher já não tinha muita paciência para aturar as formas ridículas que afinal são as que valem a Verde. Aprendi depois que é um lugar aprazível, à os pequenos caprichos do senhor administrador, gos- pena, pronto, o Parque Verde está visto e agora, se- beira de um Mondego que é outro naquele passear tava das festas sociais e sair nas revistas ao lado nhor engenheiro, vou levá-lo ao hotel. de horas mais ou menos lânguidas, onde as mãos se dele, mas era bem mais interessante o motorista, que Foi então que ele olhou e viu um pequeno cartaz podem encontrar, os sorrisos adormecerem, os olha- um dia a levou ao Algarve para uma festa de notá- que falava numa homenagem ao António Portugal. res multiplicarem cumplicidades e, quem sabe, tal- veis a que ele não podia ir. Lembrou então os idos de finais dos anos quarenta, vez um regato nascente para um rio de ternura, que Depois, bem, passado o embaraço da timidez foi todos os anos cinquenta do século passado, a Coim- a ternura é sempre o esperável que vale a pena es- tudo o jogo da glória e nem uma pitada de remorso, bra dos preparatórios de engenharia, que então não perar. Ai de quem não sabe isto, quem apenas se ele também mas faz, logo estamos quites, penso que havia licenciatura, os encontros com o António e a prende nas realizações de futuros organizados, arru- não disse assim, o motorista é que ficou sem saber Teresa, todos os daquela tertúlia depois de almoço, madinhos, muito conseguidos para. Quem funciona- como tratá-la, também para que interessa a maneira que se espreguiçava pela tarde, se repetia depois de liza o amor ou isso a que é costume chamar amor, como as pessoas se tratam na intimidade, há sempre jantar até horas mortas. como querem sempre funcionalizar a inteligência a O António Portugal ficará como um símbolo, não recibos verdes ou contratos a termo certo, que é sem- de uma geração, mas de um esforço renovador. Que pre termo sabido, amar com horário e relógio de pon- é muito mais do que marcar um tempo, é ser o pró- to, que horror, disse-me ela no Parque Verde, quan- prio tempo. A partir daquela noite em que Artur Pa- do isto tudo me saía torrencial para expurgar a re- redes, com o filho Carlos, Arménio Silva e Ferreira volta, que horror, senhor engenheiro, nem sei se hei- Alves, no Avenida, nas comemorações das Bodas de chamar-lhe engenheiro ou economista, repetia, de Diamante do Orfeon trouxeram uma outra sono- mas não se chama a ninguém senhor economista, ridade à guitarra, o António Portugal ficou depositá- reparo agora, disse com ar gaiato, diz-se sempre se- rio da responsabilidade de mudar tudo no espaço nhor doutor, também serve para tudo, mas senhor coimbrão. Assumiu com tranquilidade exaltante. Com economista também soa mal, não acha? a guitarra e uma maneira de se dobrar com ela. Ar- Divertia-me ouvi-la e pensei no curso de enge- rebatado. Como em tudo. Até o coração aguentar. nharia do Técnico e depois nos estudos de econo- Naquele rés-do-chão da Avenida Afonso Henri- mia, o doutoramento em Boston, os conselhos de ad- ques. Corria o ano de 1955. Eu sei que isto pode ministração e as aulas, os convites das televisões incomodar alguns, não sou evidentemente especia- em programas para dizer o que se quer ouvir, pensei lista. Tenho memória. Sei que semeava a diferença. em tudo, julgo que pensei, porque na verdade apenas Que construiu a diferença. andava à solta nos canteiros dos seus olhares de O António, que então tocava com o Jorge Godi- desafio, penso que eram de desafio, que a madureza nho, o Manuel Pepe e o Levi Baptista, percebeu bem da minha idade talvez abrisse alguma especial curio- o que eram cromáticos, é assim que se diz?, agarrou sidade, como será na cama este tipo tido por sábio na guitarra e meteu-se a fazer a Aguarela Portu- em questões económicas, ora ora, são todos iguais, guesa. Seguiu-se um salto enorme, com os poemas mas talvez haja alguma coisa que a gente não sabe, do Alegre, a voz do Goes e do Adriano, quantas mais. um qualquer viciozito privado, qualquer surpresa, isto A resistência activa mas acima de tudo um toque andava vagamente na cabeça dela, ou talvez apenas de qualidade que repercutiu em tantos dos que vie- na minha cabeça, eu é que estava a pensar o que ram depois, e não vou nomeá-los, que agora já nem queria que ela pensasse, faltava-me coragem para me importam os olhos da mulher que acaba de dizer verbalizar um convite. é altura de ir para o hotel… Aquela coragem com que era capaz de demolir Valeu a pena saber o que é o Parque Verde. Para as grandes opções de um qualquer plano de um qual- poder marcar este encontro com o António Portugal. quer governo. Interfiro agora na história, mudo a António Portugal pessoa, a conjugação neutraliza o que pode. * Professor universitário
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    26 DE JUNHODE 2009 OPINIÃO 7 ponto . por . ponto Por Sertório Pinho Martins mata-mata! Há cerca de um ano, esta coluna riga vazia dos contribuintes bate derrocada de sonhos para uns tantos do parceiro a contra-gosto) e PS + BE dava à luz um texto cujo título balan- mais forte do que a vozearia dos que nada fizeram para merecer outro (que vai durar o tempo de um sopro, çava entre o real e o jocoso: “a cor- debates sobre o estado da nação ? destino, e um quebra-cabeças para mi- porque os tempos não são de nacio- da e o circo”. E passo a citar dois Remodelando agora, terá no míni- lhões de portugueses que só querem nalizar sectores de que o BE quer a excertos, que parece terem parado no mo o benefício da dúvida de quem apostar certo e garantir que não lhes todo o transe pôr-e-dispor). tempo. foi solidário até ao limite do tole- tiram o resto da pele que já deixaram E um governo minoritário, como “Cada um faz o seu número de rável, mas que não hesitou em dar nos desfiles de rua, na dobradiça das fará passar o seu ‘programa’? Se for circo, a corda vai esticando debai- o passo patriótico quando esgotou portas do emprego fechadas com es- do PS, o PCP não lhe dará mais que o xo das nossas desilusões e não nos todas as esperanças em homens que trondo, nos salários em atraso, nas fi- benefício da ‘abstenção’, e o BE pode demos conta que já estamos a tra- afinal desapontaram o país real. E las de espera de uma esperança cada não chegar para que passe rés-vés balhar sem rede! Numa conjuntura contra a aliança parlamentar PSD- económico-social sem precedentes CDS, – sendo certo que, se for um desde há décadas, o que passa a BE-fiel-de-balança, fará duras exi- valer é o chorrilho de asneiras, a E depois de 27 de Setembro? Ninguém vai gências que lhe continuem a dar visi- surdez à voz do bom-senso, a com- bilidade e protagonismo. Mas o mun- petição pela maior parvoíce políti- sobreviver sozinho, e os ‘fiéis-de-balança’ do que Francisco Louçã sonha não é ca – porque no fim alguém há-de (CDS e BE), emergentes de um desnorte o que aí vem, feito de consensos ao apagar as luzes! ... Qualquer even- centro, de privatização da economia, to (por mais insignificante) serve que atacou os indecisos e os desalentados, de liberalização das leis laborais e de para tocar a rebate e a lançar re- cados que não têm segunda leitu- voltam a ser (Deus nos acuda!) os decisores esbatimento do Estado como golden- share dos sectores-chave do século ra, cruzam-se ameaças por cima das do equilíbrio político que nos é necessário XXI. Se for do PSD, o CDS ajudará nossas cabeças atarantadas com mas quererá também contrapartidas, tanto despudor político, e o hori- como pão para a boca! e com toda a certeza que o PCP, PS e zonte continua nublado a perder de BE votarão contra – e aí, adeus pro- vista. Cheira cada vez mais a quei- grama de governo! mado e ninguém repara na direc- Conclusão? A batata pode voltar às ção do vento!” se ele tem por onde escolher!”. vez mais ténue. E quando em 27 de mãos de Cavaco Silva, que decerto “José Sócrates tem nas mãos uma Escrevi isto em Julho de 2008, an- Setembro e 11 de Outubro chegar o não hesitará em pôr ordem na bagun- maioria absoluta, base primeira tes do big-bang do suprime america- momento de fazer escolhas, receio ça. E ai de quem lhe apontar que não para a estabilidade política que ou- no que já corroía a economia ameri- muito que o “mata-mata” assassino e foi um gajo-porreiro-pá e deu aos par- tros vão ter que conquistar, esgri- cana e que os gurus europeus acha- sem discernimento se sobreponha ao tidos todas as oportunidades de se en- mindo argumentos que levem a dar vam que não se atreveria a passar o razoável de uma realidade que deixou tenderem em nome da paz política que um passo atrás aos que em 2005 Atlântico a vau, e antes das catástro- de ter esperança. o país (que os sustenta!) exige, e que votaram claramente no PS. Dir-se- fes universais em cadeia que se lhe E depois de 27 de Setembro? Nin- já está assegurada noutros parceiros á que nessa altura já havia no ar seguiram. Mas também nunca tive guém vai sobreviver sozinho, e os ‘fi- europeus que vão dar as mãos para uma ‘dinâmica de mudança’ ; mas veleidades (há que dizê-lo) de que al- éis-de-balança’ (CDS e BE), emer- chegar ao lado de lá do terramoto que chegar à maioria absoluta foi um guém ligasse a mais uma voz perdida gentes de um desnorte que atacou os varre o mundo desde há um ano a esta feito indiscutível. Porém, ao primei- no deserto. Diz-se tanta coisa que não indecisos e os desalentados, voltam a parte. ro-ministro falta-lhe dominar es- passa do ‘diz-se-diz-se’… ser (Deus nos acuda!) os decisores Quem não enxergar isto, não me- pontaneidades, dosear ímpetos, si- E fico perplexo com o que mudou do equilíbrio político que nos é neces- rece mais que o “mata-mata” adivi- mular contrições e sacrificar peões num ano! E fico doente com o que se sário como pão para a boca! Cenári- nhado dos próximos actos eleitorais para chegar ao pleno em 2009. Ora vai passar nos próximos três meses! os? Todos eles são de cedências fei- que decidirão o nosso futuro colecti- sacrificar peões é algo que Sócra- E fico em pânico com a eventual in- tos: PSD + CDS (natural, até onde vo. Muita cabeça vai rolar e algumas tes ainda não absorveu e interiori- governabilidade que se desenha no ho- Manuela Ferreira Leite tiver paciên- promissoras carreiras cairão sob a gui- zou do mundo da política, a ponto rizonte descalcificado das nossas cia para segurar Paulo Portas), PS + lhotina inexorável do voto popular. de ir remodelar tão só para as elei- energias nacionais. CDS (em que o primeiro dá ao segun- Mas não merecem outra coisa, por- ções de 2009. Senão, que outros As eleições europeias foram uma do dois ou três ministérios — Defesa, que a esperança de um amanhã me- trunfos ou actos de propaganda lhe agradável surpresa para alguns, uma Assuntos Sociais, Negócios Estrangei- lhor vale por todos os pessimismos do restam, numa altura em que a bar- alegria esfusiante para outros, uma ros?– para usar como quiser os votos hoje. VENDE-SE Casa com 3 pisos grande quintal e anexos num dos melhores locais de Coimbra (Rua Pinheiro Chagas, junto à Avenida Afonso Henriques) Informa telemóvel 919 447 780
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    8 OPINIÃO 26 DE JUNHO DE 2009 gência de prazer e de poder está a von- Egipto fazer um discurso que agradou Mais avisados, os do Norte da Euro- tade de sentido. (...) tanto a judeus como a muçulmanos, a pa desataram a andar de bicicleta e a Anselmo Borges tese de que o Presidente americano é descobrir o charme de compartilhar odo- Diário de Notícias Satanás ganhou força. Talvez este ho- res e sabores a próximo nos transportes mem seja, de facto, o Anticristo respon- públicos. (...) EMERGÊNCIA sável pelo Apocalipse, na medida em Rui Reininho DO PODER PIRATA que parece capaz de acabar com o Jornal de Notícias mundo tal como o conhecemos. Apa- O muito jovem Partido Pirata sueco fez uma entrada assinalável no Parla- mento Europeu, tendo obtido 7,1% dos votos na eleição de 7 de Junho de 2009. Para Estrasburgo vai enviar dois depu- tados. (...) UM ÚLTIMO OLHAR É preciso levar a sério a emergência SOBRE AS EUROPEIAS desta nova oferta política. Depois de apenas três anos de existência, o Pira- (...) As sondagens das eleições europeias tpartiet reúne cerca de 50.000 aderen- portuguesas eram, afinal, quase tão fanta- tes e é a terceira força militante da polí- siosas como os resultados das eleições tica sueca, logo atrás dos Moderados. nacionais iranianas. Há que dizer, contudo, (Os adversários do Partido Pirata subli- que não era fácil a tarefa de quem sonda. nham que a adesão ali é gratuita.) Em Boa parte dos resultados eleitorais era qua- 2009, houve uma adesão maciça dos jo- se impossível de prever. A vitória do PSD, vens entre os 18 e os 30 anos – na gran- por exemplo, acaba por ser surpreenden- de maioria, homens – a um programa te, sobretudo se tivermos em conta que fundado na legalização da partilha de fi- Paulo Rangel teve de superar algumas di- cheiros. O principal detonador deste ficuldades sérias: a falta de apoio de mui- movimento foi o processo «The Pirate tos dos principais militantes do partido, a Bay», do nome de um sítio sueco na In- sua relativa inexperiência política e uma ternet que propunha um motor de busca perturbadora semelhança física com o especializado nos ficheiros torrents, que Manelinho, da Mafalda, poderiam ter dei- permitem descarregar e partilhar, entre tado tudo a perder. utilizadores, filmes, música, programas Outra surpresa: o candidato ideal do informáticos, etc (...) PS, percebemo-lo agora, era Basílio Philippe Rivière Horta. Recordo que, segundo o ministro Le Monde Diplomatique Manuel Pinho, Paulo Rangel teria de comer muita papa Maizena para chegar A CRISE DA JUSTIÇA rentemente, está interessado em trocá- “NÃO ABRACE TÁXI, aos calcanhares de Basílio Horta. No lo por outro melhor, mas não deixa de destruir o nosso. Obama já tinha torna- JUNTE COM CAMBITO” entanto, e mantendo a metáfora da fari- Custa-me abordar este assunto, pelo nha láctea, que é realmente elegante, seu especial melindre. Mas, em consci- do claro que o nosso sistema de pre- conceitos, que era tão fiável e seguro, Rio Branco (Acre) – Se alguém pe- Rangel comeu as papas na cabeça de ência, não posso deixar de o fazer. A cri- dir: por favor, pode me destentar este che- Vital Moreira. Imaginem agora a quanti- se da Justiça está aí, é uma evidência estava pervertido. Um respeitável se- nhor branco de alguma idade como Ber- que, e você souber que o sujeito é fari- dade de papa Maizena que Vital Morei- incontornável. Não pode deixar de preo- nha de cruzeiro, destente. Se tiver dinhei- ra teria de comer para chegar aos cal- cupar os cidadãos responsáveis. nard Madoff roubou-nos a todos e deu cabo da economia, e um negro relativa- ro, tudo bem, é tarefa que você pode re- canhares de Basílio Horta. (...) A Justiça, em demasiados casos, não alizar sem abraçar táxi. Vai ser como Ricardo Araújo Pereira funciona, nomeadamente quando envol- mente jovem deseja endireitá-la outra vez. Confesso que já não sei quem hei- juntar com cambito. E se avistar um ho- Visão ve políticos mediáticos ou desportistas mem usando bosoroca não estranhe, ele igualmente mediáticos. Os juízes não se de temer, quando passo por um beco escuro. (...) é homem mesmo. Ao ouvir “cuida, me- entendem com os procuradores e estes nina”, não se preocupe. Agora, saindo não se entendem com os responsáveis Ricardo Araújo Pereira QUE NOS ESPERA? por ai, cuidado com as peremas. Grande da Polícia Judiciária. Há a sensação de Visão e vasto é o Brasil, digo sempre, sem (...) O Homem vem ao mundo por que disputam, entre si, para aparecerem medo do clichê. Porque é mesmo. fazer e quer queira quer não tem essa nas televisões, como vedetas. Não re- NORMAL OU SUPER? Felizmente, viajar por causa da litera- tarefa constitutiva: fazer-se a si mesmo. sistem a responder a perguntas dispara- tura tem me ajudado a conhecer o país E tanto podemos fazer de nós uma obra tadas ou mal intencionadas e nem sem- (...) Quando os carros andavam a e, principalmente, descobrir as múltiplas de arte como fracassar. pre o fazem com o bom senso que seria Normal, os dos remediados cujos pais se variações de nossa língua. Vou incorpo- Einstein constatou que quem sente a de esperar. deslocavam a pé ou de carroça no senti- rando aos meus caderninhos os vocabu- vida vazia de sentido não é feliz e sobre- Assim sendo, perdem a distância - tão do de dar estudos e educação aos filhos, lários locais, além de trazer dicionários vive mal. O Homem não pode viver sem necessária à profissão que exercem - e o gasóleo era para quem trabalhava e se regionais. Destentar é descontar. Abra- sentido. Aliás, a existência humana está desacreditam as magistraturas. Parece tinha que fazer à estrada; os do normal çar táxi é trabalho difícil (diga tachi e não baseada na convicção do sentido. A sua não perceberem que o silêncio é de ouro tiravam o coberto ao carro, limpavam- táxi), é sofrer. Bosoroca é uma bolsinha própria negação ainda o afirma. No limi- e a palavra, em certas circunstâncias, lhe pó e iam ali até à praia ou à ribeira onde se carregam cartuchos. Cuida, te, não é possível o “suicídio lógico”, pois lhes é bastante inconveniente. O que mais próxima ouvir o relato enquanto se menina significa se apresse, avie-se! quem pegasse numa arma para suicidar- contribui, com alguma frequência, para fazia um croché e as crianças suspira- Farinha de cruzeiro é gente boa, confiá- se, porque tudo é absurdo, negaria o ab- o descrédito da Justiça, nos espíritos dos vam pela sumol e pelos bolos de coco. vel, enquanto juntar com cambito é coi- surdo e afirmaria o sentido. telespectadores, que nas suas casas, num Nesse Mesozóico, também houve uma sa fácil de fazer. Peremas são mulheres O famoso psiquiatra Viktor Frankl, contexto diferente, os vêem, escutam, gravíssima crise de combustíveis por dadas, oferecidas, assanhadas e até mais fundador da logoterapia, mostrou, a par- avaliam. E não gostam... (...) causa dos ayatollas que contestavam as do que isso. tir dos estudos que realizou com base na Mário Soares modernices do xá da Pérsia. As viaturas Aos dicionários de gauchês e de per- sua terrível experiência nos campos de Visão tinham só um depósito com que se haver nambucanês, já acrescentei o baianês e concentração nazis, que a exigência mais aos fins-de- semana, de matrículas par o cearês. Agora tenho o acreano, do Gil- radical do ser humano é o sentido, ra- OBAMA ANTICRISTO? ou ímpar para circular e o Júlio Isidro berto Braga de Mello, delicioso. Gilber- zões para viver. Contra Freud e Adler, aproveitou para inventar a Música na TV, to, como todo acreano, firma pé. Apesar no mais fundo de nós, mais do que a exi- (...) Quando, há dias, Obama foi ao como o Bernstein cá do burgo. da reforma ortográfica, os acreanos, com
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    26 DE JUNHODE 2009 OPINIÃO 9 E, se recusam a se tornar acrianos, com se pela “eficácia” do discurso e pela “for- ser prejudicial (veja-se a Educação). Só- vas bases: continuando o barrosismo I. Que se mantenha o E, clamam, indig- ça” da sua imagem. Ao ponto de a linha de crates gosta de governar sozinho. Ideias, sem Barroso, assim como Guterres inau- nados. Ouçamos, minha gente, essas rumo, de que tantos falam agora, ter sido, precisam-se. E coerência. Não basta co- gurara um cavaquismo de “rosto huma- vozes distantes, elas não estão separa- nos últimos dois anos, substituída por uma piar a música e o slogan de Obama. Por- no”. das do Brasil. (...) sucessão ininterrupta de momentos de pro- que ao PSD basta-lhe uma ideia: estar no Durão Barroso revelou-se, no entan- Ignácio de Loyola Brandão paganda ao longo dos quais o Governo sal- poder. E querer estar no poder. Ser o balu- to, um excelente presidente da Comis- “O Estado de São Paulo” tava de anúncio em anúncio, de promessa arte contra o avanço da esquerda. são Europeia. Reabilitou a imagem da em promessa, de inauguração em inaugu- Clara Ferreira Alves “coisa”, depois dos desastres de Santer PENSAR NO FUTURO ração como se o país fosse um palco, imu- Expresso e Prodi, tratou dos assuntos essenciais, ne às contingências da realidade. e sobretudo antecipou estratégias, numa (...) Quando a crise chegou, Portugal já Daí que os apelos que se fazem sentir, O CAMINHO DE DURÃO União sonâmbula e pouco atenta. Foi era outro país, apesar das raivas que late- no interior do PS, a uma mudança de estilo um dos primeiros a advertir para a cri- javam em muitos sectores e que foram não deixem de ser um retrato fiel da deso- Aos costumes digo que sou amigo e se energética e a hiperdependência da ampliados pelas traições internas e acções rientação que existe hoje em todo o parti- fui colega de Durão Barroso. Conheci- Europa face ao ex-Leste. E a agir aí. (...) inusitadas como as de Manuel Alegre. Se do: porque o estilo é a única marca de uma o, era ele um dirigente do MRPP já com Nuno Rogeiro Sócrates resistiu a tudo, até chegar a crise maioria que privilegiou a forma ao conteú- muitas dúvidas, em trânsito para uma si- Jornal de Notícias que devastou todos os países do mundo, do, a ficção à realidade e a propaganda a não teve força para o ‘tsunami’ que apare- qualquer linha de rumo. Mudar o que pode O NOSSO FADO ceu. Apesar dos erros cometidos pelo Go- parecer acessório é, neste caso, mudar o verno, foi nessa altura precisa que Sócra- essencial. É que por trás do acessório, exis- Não, nunca iremos tornar-nos um tes começou a desfalecer. te apenas um imenso vazio. imenso Portugal. O nosso fado está tra- A maior acção de contra-informação Constança Cunha e Sá çado e, após oportunidades e mais opor- desencadeada no sentido de afirmar que o Correio da Manhã tunidades desperdiçadas, vamos ser ape- culpado da crise era o governo produziu os nas um Portugal dos pequeninos, um efeitos desejados. Sócrates não soube tra- AIRBUS SAI DO SILÊNCIO Portugal pequenino. var mais esta investida, ainda por cima com Vamos ser o Portugal onde os melho- porta-vozes, como Santos Silva, que em vez Doze dias depois do acidente com o res já não querem governar porque não de mudarem a onda agravaram os seus A330-200 do voo AF 447 onde morrem aguentam a eterna maledicência da rua. efeitos, com tantas baboseiras. Foi por tudo 228 pessoas o fabricante Airbus aban- Onde o povo tanto lhe faz ser mal ou isto que Sócrates perdeu. Agora é hora de dona o silêncio costumeiro para defen- bem governado porque é sempre con- renovar a estratégia para novos desafios der sua cria. “O A330 é um dos melho- tra. Onde ninguém - pessoa, corporação, que aí vêm. res e está entre os mais seguros aviões empresa, sindicato - deixa de achar sem- Emídio Rangel construídos até hoje”, disse o alemão pre que tudo lhe é devido e nada lhe é Correio da Manhã Thomas Enders, presidente da compa- exigível. Onde as grandes construtoras nhia européia. Ele se baseia na ficha vivem quase todas de sacar ao Estado A MATAMORFOSE corrida do A330-200. Desde que o avião obras inúteis, porque de outro modo não foi brevetado, em 1996, houve apenas um tuação de independência, primeiro, e para sabem viver. Onde ninguém pensa a pra- (...) Embora o País tenha dito nas ur- acidente com vítimas fatais: o vôo AF o PPD, depois. zo porque há sempre uma eleição pelo nas que já chega ao actual primeiro-mi- 447 do 1 junho que fazia o trajeto Rio- Não nos aproximava nem a doutrina, meio que não se pode perder, mesmo que nistro, convém não o subestimar. Sócra- Paris. “Um avião Airbus decola a cada nem a história, nem as “opções políticas”, seja a feijões, como as europeias que tes transformar-se-á no que os guerrei- dois segundos no mundo, a aviação civil nem sequer a formação intelectual, mas acabamos de atravessar. (...) ros do marketing político lho ditarem. E continua sendo o meio de transporte mais penso que nos juntava a curiosidade de A mediocridade há-de sempre que- como agora tantos falam em humildade, seguro do planeta.” compreensão dos motivos, pensamento rer que o nivelamento se faça por bai- o primeiro-ministro será humilde. Talvez O pronunciamento inédito de diretor e expressão dos aparentes “inimigos”, e xo. Há-de sempre querer afastar cri- até sereno e simpático para com os seus alto graduado da Airbus depois de um a previsão dessa era que hoje se chama térios que assentem no mérito, no tra- adversários. Nem que tenha de ensaiar a acidente envolvendo uma de suas aero- de “pós-ideológica”. Teremos também balho, no talento, na honestidade, nos metamorfose mil vezes, só aparentemen- naves não acontece por acaso. Nunca tido uma certa cumplicidade no entendi- valores. O que distingue um país com te contrariando a sua natureza (o que quer houve uma pressão tão grande da opi- mento dos rumos, nem sempre fáceis ou futuro de outro que o não tem é justa- é o mesmo). E agradece a moção de cen- nião pública mundial para saber as cau- explicáveis, do “interesse nacional”. mente o desfecho desse embate. Em sura. Não nos iludamos, será o mesmo. sas de um acidente de avião. (...) O seu projecto de governo, depois de Portugal premeia-se o absentismo e a Paula Teixeira da Cruz António Ribeiro muitas peripécias de saúde, de muitas rotina; desculpa-se a incompetência e Correio da Manhã Veja negociações e subidas a pulso, de mui- aceita-se resignadamente a burocracia tos caminhos solitários, ou incompreen- e o autoritarismo imbecil; perdoa-se a OFERTA CULTURAL A DECADÊNCIA didos, acabou na coligação “pragmática” ausência de valores éticos a todos os DO SOCIALISMO com um ex-aliado, ex-adversário, ex-po- níveis e trata-se socialmente por se- O primeiro-ministro admitiu que o lemista, Paulo Portas. Apesar das previ- nhores os que nada mais são do que (...) Olhamos para o PS e que vemos? Governo errou (aqui está uma novidade) sões de catástrofe, conseguiu rumar pe- bandidos; condecora-se o triunfo em- As caras e aproveitadores do costume. A por não ter investido muito na cultura e los escolhos complicados do “país de tan- presarial por favor político; perdoam- larga testa do dr. Vitorino, o único ‘inteli- lamentou a falta de oferta cultural. Se é ga”, manteve unidas facções díspares, e se os impostos e os crimes fiscais aos gente’ do partido, que tem um think tank só verdade que José Sócrates quer ‘arrepi- entrou no Campeonato Europeu de Fu- grandes vigaristas, enquanto se perse- para ele. A oportunista testa do dr. Carri- ar caminho’ e aparecer com um imagem tebol, feito em estádios que não tinha gue implacavelmente o pequeno e ho- lho, sentado na sinecura da UNESCO. diferente, convém que saiba do que fala. previsto nem aprovado, com altos níveis nesto devedor ou aqueles que mais im- Vemos alegristas e guterristas, senhoras do A oferta cultural só é diminuta para quem de confiança. postos pagam e que não fogem ao fis- costume, apparatchiks obsoletos, luta pela anda distraído; há bastantes coisas a A saída para Bruxelas fracturou a sua co; arquivam-se os crimes que são di- sobrevivência e confrangedora ausência de acontecer todos os dias e o Governo não própria base de apoio. fíceis de investigar e tortura-se a mãe discussão e de temas. Vemos que uma fez falta, a não ser para quem quer ter Achei-a, na altura, incompreensível, da Joana, transformando os responsá- certa intelligentsia que votaria no PS pas- emprego fácil. (...) prejudicial, má para Portugal, para a es- veis em vedetas mediáticas; consen- sou a votar no Bloco de Esquerda, por ra- Francisco José Viegas tabilidade, para a confiança nos políti- te-se o indecoroso tráfico de influên- zões éticas e estéticas, ou porque o Bloco Correio da Manhã cos. Com a opção comissarial abriu-se cias entre o poder político e a advoca- é uma ‘vanguarda’ não ‘corrompida’. E uma crise de legitimidade, cujos efeitos cia de negócios e pretende-se calar o tem o poder de não ser poder. O Bloco fez MUDAR DE RUMO ainda sentimos, obrigando Santana Lo- bastonário dos advogados que, à reve- do PS o seu inimigo principal. E o PS dei- pes a um sacrifício de emergência, Jor- lia dos bons costumes, denuncia o que xou. A hemorragia do PS é culpa do PS. (...) Por oposição à dra. Ferreira Leite, ge Sampaio a um bizarro presidencia- todos sabem ser verdade. (...) Tal como o PCP, foi derrotado. Sócrates capaz de comunicar apenas a sua própria lismo de tutela e vigilância, e à recria- Miguel Sousa Tavares tem a vantagem do voluntarismo e da re- incapacidade, o eng. Sócrates distinguia- ção do PS pós-Ferro Rodrigues em no- Expresso sistência. Voluntarismo não chega e pode
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    10 COIMBRA arte em café 26 DE JUNHO DE 2009 CARLOS ENCARNAÇÃO ACUSA ESTADO DE SE DISTRAIR DAS QUESTÕES SOCIAIS Coimbra é uma lição em projecto integrador de comunidade cigana O Presidente da Câmara de Coimbra pal lançou do ponto de vista humano e experiência poderá ser alargada a cida- afirmou há dias que o Estado “continua social. dãos não ciganos, a outras comunidades distraído” no que respeita a questões “Esta é uma missão insubstituível do que também vivem em situação de ex- sociais, tendo as autarquias de assumir Estado, que continua distraído das ques- clusão social. essas competências para minimizar os tões sociais. É obrigação do Estado fa- “Portugal devia adoptar o lema “Por- problemas. zer isto. É uma questão nacional que tem tugal País de Todos”, disse, em adapta- “O que mais me ofende é que o Es- cambiantes locais”, observou. ção do lema escolhido por Coimbra para tado faça de conta que não sabe dos pro- Para Carlos Encarnação, “não vai ser o projecto, que contempla o acompanha- blemas. Que seja distraído”, declarou possível ao Estado deixar de ter atenção mento multisectorial de famílias ciganas Carlos Encarnação, ao encerrar, em a estas soluções” que o projecto pionei- num centro de estágio habitacional; um Coimbra, um debate nacional sobre a ro de Coimbra apresenta ao nível da in- espaço de conquista de competências população cigana em situação de preca- tegração da comunidade cigana. para a sua integração em bairros da ci- riedade habitacional”. Também Artur Trindade, secretário- dade. Na sessão, que contou com o envolvi- geral da ANMP criticou o Estado por Sara Carvalhal, responsável por esse mento da Associação Nacional de Mu- deixar nas mãos dos municípios a reso- centro de estágio habitacional da Câma- nicípios Portugueses (ANMP), a Câma- Carlos Encarnação lução de problemas sociais sem lhes ra de Coimbra, por onde passam as fa- ra de Coimbra apresentou aos técnicos bém impressão que as comunidades não transferir essa competência, e sem as mílias ciganas, afirmou que o seu perfil de várias autarquias do país um projecto compreendam estes problemas”, afirmou dotar de meios financeiros para tal. não difere de qualquer família multipro- pioneiro de intervenção junto da popula- o autarca. “Tenho orgulho pela Câmara Muni- blemática pobre, isolada, que não tive ção cigana, que já está a ser adoptado Reportando-se ao projecto “Coimbra cipal de Coimbra que, em representação acesso a oportunidades. pela Câmara Municipal de Ovar. Cidade de Todos”, que a sua autarquia do poder local, tenha tido esta iniciati- Também a Alta Comissária para a “Não fico bem com a minha consci- lançou em 2004 para intervir junto da va”, afirmou o dirigente, desejando que Imigração e Diálogo Intercultural, Rosá- ência quando vejo cidadãos a degradar comunidade cigana a viver em barracas, a experiência seja adaptada e transpor- rio Farmhouse, defendeu na sessão que a sua situação, e abandonados a si pró- Carlos Encarnação disse tratar-se “das tada para outros municípios. o projecto de Coimbra seja aplicado nou- prios a viver na cidade. Causa-me tam- melhores coisas” que a Câmara Munici- Na perspectiva de Artur Trindade, esta tros municípios. “Plataforma do Choupal” quer Câmara a dar explicações sobre projecto de novo viaduto O movimento Plataforma do Chou- mo que a Câmara de Coimbra “tenho ressados observassem a circulação po que entenderem”, explicou o bió- pal considerou ontem (dia 25) que a o mesmo estatuto no processo, com o rodoviária. logo Miguel Dias, que integra o movi- Câmara Municipal de Coimbra “deve argumento de que estão a defender os “Ficou comprovado que não há si- mento. explicações” sobre a necessidade de interesses do município”. tuações de entupimento, apenas situ- A iniciativa começa hoje (sexta-fei- se construir uma nova ponte na cida- “Parece-nos haver vontade das Es- ações pontuais de dificuldades no es- ra) às 18:00 e, durante 48 horas, os de, na zona da Mata do Choupal. tradas de Portugal de não deixar de coamento”, disse Luís de Sousa, re- participantes podem “correr, andar de O movimento, que contesta a cons- fora uma parte interessada no proces- ferindo que a Plataforma do Choupal bicicleta ou caminhar”. trução de um viaduto rodoviário com so”, referiu. está contra o “desperdício de dinhei- No caso da corrida, os participan- 40 metros de largura e que atraves- A Plataforma do Choupal conside- ros públicos num troço sem necessi- tes devem fazer uma pré-inscrição sa o Choupal numa extensão de 150 rou ainda “extremamente positiva” a dade”. através do e-mail metros, no âmbito do novo IC2, re- iniciativa designada por “Desafio Elec- No âmbito do processo de contes- plataformadochoupal@gmail.com. velou hoje, em conferência de im- trónico à População!, que procurou tação à construção do viaduto sobre Segundo Luís Sousa, estão já ins- prensa, que o município “está desde mostrar “a total ausência de entupi- a Mata do Choupal, iniciado em Fe- critos cerca de 150 participantes. o primeiro momento por detrás desta mentos ou engarrafamentos” de trân- vereiro deste ano, o movimento pro- Entre eles os candidatos à autarquia solução”. sito na Ponte Açude, junto à Mata do move entre os dias 26 e 28 de Junho de Coimbra Pina Prata (independen- Luís Sousa, do movimento, disse à Choupal, onde o Governo pretende mais uma iniciativa desportiva, que se te), Francisco Queirós (CDU), Cata- Agência Lusa que, na contestação do construir o viaduto rodoviário. designa “Uma espécie de corrida”. rina Martins (BE) e as deputadas so- Ministério do Ambiente e das Estra- Através de uma câmara, o movi- “Trata-se de uma espécie de corri- cialistas Teresa Portugal e Matilde das de Portugal à acção popular in- mento disponibilizou durante uma se- da desportiva sem regras, em que to- Sousa Franco, para além do provedor terposta no tribunal por sete cidadãos, mana imagens permanentes em direc- dos os participantes podem praticar a do Ambiente de Coimbra, Massano foi requerida por este último organis- to da Ponte Açude para que os inte- actividade que quiserem durante o tem- Cardoso.
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    26 DE JUNHODE 2009 IMAGENS 11 EXPOSIÇÃO DE TRABALHOS NA CASA DA CULTURA Imagens aéreas de Varela Pècurto título de Excellence, em homenagem aos lismo em Vila Franca de Xira. seus trabalhos e técnica no domínio da “Vidas de Ferro” é o nome da exposi- arte fotográfica. ção baseada na sua interpretação sobre o Foi operador – correspondente da RTP quotidiano Ferroviário que se encontra no em Coimbra, colaborador de imprensa e Museu Nacional Ferroviário do Entron- de publicações de arte e turismo. camento. É autor dos livros “PENACOVA” e “ER- Homem dotado de um coração imenso, Varela Pècurto numa das avionetas com que sobrevoou Coimbra Na Casa Municipal da Cultura de Co- imbra está patente ao público uma expo- UMA CARREIRA NOTÁVEL sição fotográfica muito interessante. Tra- ta-se de um valioso conjunto de ima- Varela Pècurto tem tanto de modesto VEDAL”. Através deste último, Varela decidiu destribuir o seu espólio fotográfico, Pècurto homenageia a sua alentejana ter- como se de uma devolução se tratasse, a ra-natal. Desenvolveu ao longo de décadas diversas instituições e municípios. um importante levantamento patrimonial, A Coimbra tem doado centenas de foto- objecto de publicações diversas. grafias e algumas das suas preciosas má- Em 2005 recebeu da Câmara Municipal quinas fotográficas. de Coimbra a Medalha de Mérito Cultural e Um lote específico dessa doação é com- um diploma de honra do Clube da Comuni- posta por uma série de negativos contendo cação Social de Coimbra, pelo serviço pres- vistas aéreas, onde o fotógrafo nos revela tado à cidade. uma cidade muito diferente, em termos ur- Encontra-se representado com 15 foto- banísticos, da que hoje conhecemos. grafias no Museu Nacional de Arte Con- É precisamente essa Coimbra de outros temporânea – Museu Chiado. Parte dessas tempos captada pelo olhar do fotógrafo que imagens estão patentes na exposição “Ba- foi pioneiro em imagens aéreas, que se pode talha de Sombras” no Museu do Neo-Rea- apreciar gens áereas recolhidas, ao lonfo de como de notável, com uma carreira bri- anos, por Varela Pècurto, um dos mais lhante. prestigiados e premiados fotógrafos Nasceu em Ervedal do Alentejo, Con- portugueses (e colaborador regular celho de Avis, a 27 de Abril de 1925. deste jornal). Fez o liceu em Évora, onde se iniciou “Voar sobre Coimbra... há meio sé- na arte da fotografia. Trabalhou para a culo”, é o curioso título da mostra, que casa Nazareth & Freitas e, posteriormen- pode ser apreciada na Casa Munici- te, com Eduardo Nogueira. pal da Cultura até ao próximo ia 16 Em 1950 veio para Coimbra, tendo di- de Julho. rigido a Sessão Fotográfica da Livraria Naquela selecção de belíssimas Atlântida e depois a “Hilda” como só- imagens que Varela Pècurto foi re- cio-gerente. colhendo, ao longo de vários anos, a Foi sócio fundador do Grupo Câmara partir de pequenos aviões que sobre- de Coimbra e participou em dezenas de voaram Coimbra, podem ver-se as- concursos nacionais e internacionais. pectos muito curiosos dessa Coimbra Em 1954, por decisão do congresso de há meio século. de Barcelona da Féderation Internacio- nal de L’Art Photographique, recebe o
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    12 COIMBRA 26 DE JUNHO DE 2009 FEIRA INDUSTRIAL E COMERCIAL DE COIMBRA CIC’09 na Praça da Canção - MOSTRA COM MUITAS ATRACÇÕES E UM PROGRAMA DE ESPECTÁCULOS DE QUALIDADE Vai ser inaugurada amanhã (sá- actividade económica, a CIC’09 pre- lhares em cada dia da CIC’09). São Pedro de Alva bado, dia 27), pelas 17 horas, a tende ser uma mostra da pujança do Para além da mostra empresarial, 22.00 – Uma Canção para Ti | TVI CIC’09 – Feira Comercial e Indus- tecido empresarial e da sua determi- a CIC’09 tem muitos outros atracti- 24.00 – Encerramento trial de Coimbra. nação para enfrentar as dificuldades. vos, desde a possibilidade de sabore- De novo na Praça da Canção (an- Daí que os responsáveis da Asso- tigo Choupalinho), a CIC’09 deverá ciação Comercial e Industrial de Co- ser o pólo mais atractivo de Coimbra imbra, e todos os seus colaboradores, ao longo dos próximos dias, uma vez tenham trabalhado arduamente para que volta a assumir-se também como que o certame atinja os seus objecti- uma Feira-Festa. vos e agrade a expositores e a visi- Apesar da crise que afecta toda a tantes (que se espera afluam aos mi- A nova margem esquerda do Mondego é uma agradável surpresa ar a boa gastronomia tradicional por- 28-Jun, Domingo tuguesa, até à de assistir a excelentes espectáculos. 17.00 – Abertura Espera-se, pois, que a população de Ilha das Competências | Stand Coimbra e da Região Centro aprovei- ACIC: TIC, Curtas de Informática tem estes próximos dias para ir visi- 19.45 – Animação * tar um dos mais aprazíveis espaços de 22.00 – Rita RedShoes Coimbra, à beira do Rio do Mondego, 24.00 – Encerramento ficando a conhecer as empresas, po- dendo comprar produtos dos mais va- 29-Jun, Segunda-Feira riados tipos e ainda deliciar-se com os excelentes espectáculos promovidos 19.00 – Abertura pelos organizadores. Ilha das Competências | Stand ACIC: CP / CE Reflectir para ser... PROGRAMA CIC’09 19.45 – Animação * 22.00 – Arraial Popular 27-Jun, Sábado 24.00 – Encerramento 17.00 – Abertura 30-Jun, Terça-Feira Ilha das Competências | Stand ACIC: Divulgação e Inscrições 15.00 – Seminário Licenciamento 18.00 – Inauguração da CIC 09 – Industrial: Visita ao Recinto Novo Regime de Exercício da Ac- 19.30 – Espumante de Honra tividade Industrial 19.45 – Rancho Folclórico C.P. de 19.00 - Abertura Ilha das Competências | Stand
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    26 DE JUNHODE 2009 COIMBRA 13 ACIC: Sessão de Esclarecimento CNO 19.45 – Animação * 22.00 – Banda Red 24.00 – Encerramento 01-Jul, Quarta-Feira 19.00 – Abertura Ilha das Competências | CNO, Juri de Validação B3 19.45 – Animação * 22.00 – Be Flat 24.00 – Encerramento 02-Jul, Quinta-Feira 18.00 – Seminário Apresentação do Estudo das Necessidades Formativas Ilha das Competências | Stand ACIC: MV, Fazer Contas à Vida 19.00 – Abertura 19.45 – Marchas de Brasfemes - Plastubo 22.00 – Angélico 24.00 – Encerramento 03-Jul, Sexta-Feira 19.00 – Abertura ACIC: CLC, “A minha Pátria é a mi- 05-Jul, Domingo Ilha das Competências | Stand 04-Jul, Sábado nha Língua...” FP 13.00 – Almoço do Expositor ACIC: STC, Tempos Modernos 18.00 – Lançamento da Renault 17.00 - Abertura 19.45 – Animação * 13.00 – Almoço de Entrega de Pré- Mégane Break - LITOCAR Ilha das Competências | Stand 22.00 – JIZZ * mios | Concurso de Vinhos ACIC – 19.45 – Dixie Gringos ACIC: Entrega de Certificados * 00.30 – Fogo de Artifício – Festas Cidade de Coimbra 22.00 – Guys From Caravan 17.30 – Comemorações 25 Anos da Cidade e da Rainha Santa Isabel 17.00 - Abertura 01.00 – Encerramento Plastubo | Animação Diversa 01.00 – Encerramento Ilha das Competências | Stand 22.00 – St. Dominic’s Gospel Choir
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    14 EDUCAÇÃO/ENSINO 26 DE JUNHO DE 2009 CRIADO PORTAL DAS ESCOLAS NA INTERNET Alunos e professores podem aceder a conteúdos Alunos e professores podem, desde o para professores e alunos”. adulto que a guie nesse acesso é indis- relevante sobre todas as escolas do passado dia 19, aceder e partilhar con- Maria de Lurdes Rodrigues salientou pensável”, afirmou a Ministra da Edu- país, como a sua história, a sua loca- teúdos informativos digitalizados e divul- que o portal será baseado num princípio cação, realçando que o papel da escola lização, os seus contactos, os seus gados no Portal das Escolas na Intenet, de “diversidade de conteúdos”, da res- continua a ser “absolutamente central”, órgãos de gestão e a sua oferta edu- lançado pela Ministra da Educação. ponsabilidade dos que produzem esses apesar dos conteúdos disponibilizados cativa. Considerado um dos projectos-chave conteúdos e na centralidade da escola e pelo portal. Na cerimónia de lançamento foram do Plano Tecnológico da Educação, o dos professores. “Estes conteúdos não dispensam as ainda assinados dois protocolos de coo- portal apresenta recursos informativos “Se é relativamente fácil que uma cri- escolas da sua dimensão de educar to- peração do ME com os canais de televi- em formato digital permitindo, segundo ança com um computador aceda a partir dos, em igualdade”, disse. são RTP e a SIC, que deverão disponibi- a Ministra da Educação, “a melhoria das de casa a um mundo e informação, tam- Além de conteúdos educativos, o por- lizar conteúdos para acesso através do condições de ensino e de aprendizagem bém é verdade que a presença de um tal compreenderá ainda informação portal. Carlos André toma posse como Director da FLUC Carlos Ascenso André vai tomar A posse será conferido pelo Rei- como o relatório de actividades e as Associado com Agregação na FLUC, posse como Director da Faculdade de tor, Fernando Seabra Santos, em ce- contas, e dirigir os serviços da Facul- onde concluiu o Doutoramento, em Letras da Universidade de Coimbra rimónia a realizar pelas 12 horas, na dade. A equipa de Sub-Directores 1990. Com as Línguas e Literaturas (FLUC), no próximo dia 30 (terça-fei- Sala do Senado da Universidade de será constituída pelos docentes Rui Clássicas, Renascimento e Humanis- ra), na sequência das eleições recen- Coimbra. Gama (Geografia), Joaquim Ramos de mo como principais áreas de investi- temente realizadas em virtude da al- Ao Director da FLUC compete, en- Carvalho (História), Albano Figueire- gação, tem-se dedicado em particular teração estatutárias da Faculdade no tre outras funções, assegurar a presi- do (Línguas, Literaturas e Culturas) ao estudo da Literatura Latina e aos âmbito da aplicação do novo Regime dência do Conselho Científico e do e Fátima Gil (Línguas, Literaturas e estudos camonianos. Desempenhou o Jurídico das Instituições de Ensino Conselho Pedagógico, elaborar o or- Culturas). cargo de Governador Civil do Distrito Superior. çamento e o plano de actividades, bem Carlos Ascenso André é Professor de Leiria entre 1996 e 2002.
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    26 DE JUNHODE 2009 EDUCAÇÃO/ENSINO 15 Portugal funda projecto internacional para ensinar aos alunos “competências do século XXI” Portugal é um dos cinco países fun- de e inovação, pensamento crítico, reso- 2012, um programa de avaliação de com- dadores de um novo projecto educativo lução de problemas, comunicação, lite- petências dos alunos da OCDE. de definição de estratégias para ensinar racia tecnológica”, apontou. O responsável destacou o facto de e avaliar “as competências do século “O que se pretende é identificar estas Portugal ter sido convidado para o ar- XXI”, fundamentado no uso nas tecno- competências e definir estratégias para ranque do programa, o que é entendido logias de informação e comunicação. que sejam transmitidas nos processos de como um “reconhecimento internacional” Coordenado pelo professor Barry ensino e adquiridas pelos alunos de to- da estratégia de modernização tecnoló- MgGaw, da Universidade de Melbourne dos os níveis escolares e desenvolver me- gica do ensino, uma ideia partilhada pela (Austrália), o plano “Assessment and todologias que permitam avaliá-las. O de- ministra da Educação, Maria de Lurdes Teaching of 21st Century Skills” (AT) nominador comum é o uso das tecnolo- Rodrigues. tem também como fundadores a Austrá- gias da informação e da comunicação”, “Este é o reconhecimento das refor- lia, a Finlândia, a Singapura e o Reino explicou. mas introduzidas na educação em Por- Unido e é apoiado pelas empresas Cis- O comité executivo, onde estão repre- tugal, nomeadamente com o Plano Tec- co, Intel e Microsoft. sentados todos os países e empresas par- noógico da Educação, coincidentes com Em declarações à Lusa, o coordena- ceiras, vai começar a trabalhar nos pró- os avanços internacionais nas ciências dor do Plano Tecnológico de Educação ximos meses, tal como os grupos de tra- da educação”, refere a ministra, citada nacional e um dos dois representantes balho que serão criados para traçar me- num comunicado do Plano Tecnológico de Portugal no comité executivo, João todologias e metas e perceber as impli- da Educação. Trocado da Mata, esta é “uma grande cações pedagógicas. O documento cita também Barry oportunidade” para o país, porque, en- Em termos financeiros, o ATC21S é McGaw: “Apesar de os países fundado- quanto promotor inicial, poderá influen- suportado pela Organização para a Co- res diferirem de várias e interessantes for- ciar a direcção da iniciativa e adoptar operação e Desenvolvimento Económi- mas, cada um deles está empenhado no mais cedo que outros países novas es- co (OCDE). desenvolvimento de novas formas de ava- tratégias de ensino, aprendizagem e ava- João Trocado da Mata sublinhou que liação, no sucesso dos seus sistemas atra- liação de competências. a iniciativa vai possibilitar a Portugal a vés da produção de informação de quali- “O projecto visa a definição de com- participação, já no próximo ano, nas ex- dade e no desenvolvimento das competên- petências para o século XXI: criativida- periências-piloto de preparação do PISA cias do século XXI nos jovens”, refere. Eleições, pensões, avaliações e análogos Lurdes admite aos professores o direito no de qualidade. José Neves da Costa* à manifestação da sua insatisfação, diria Guerra, só na sua sacrossanta cabe- indignação mas, adiante, inventando con- ça. Ela a quer, ela a cria; dela não fugi- “Vamos brincar à caridadezinha/ tra todos um dever para si: seguir as suas remos, defendendo um estatuto digno que festas, jantares/e boa comidinha…” políticas e as do governo. Já é um passo acabe com esta vergonhosa divisão en- José Barata Moura em frente considerar que os professores tre titulares e suplentes, que promova uma estão insatisfeitos, não instrumentalizados avaliação de desempenho que o valorize Quando se aproximam eleições tudo pelos sindicatos, mas como uma pedra da pedagogicamente, em nome das apren- é permitido, até o nariz crescer. calçada que não pensa, porque não tem dizagens dos alunos, e não contra, em Há pensões de miséria a serem au- necessidade, persistir na asneira da sua nome do prestígio dos professores, e não mentadas miseravelmente. Linhas de não razão contra todos, menos muito pou- do seu aviltamento, lutando contra este in- crédito, pasme-se, para os funcionários cos. é obra de destruição voluntária. decoroso modelo de gestão que acaba públicos em dificuldade, em vez da re- A Maria de Lurdes afirmou que a ava- definitivamente com a democracia nas posição dos salários a que têm direito. liação era uma batalha ganha. Curiosa- escolas, imagine-se em nome da Negociações que o não são: nós propo- mente não disse de que avaliação se tra- autonomia…diria eu: do compadrio, do mos, vocês aceitam. Para o que dizem tava, embora imaginemos, nem de que autoritarismo, do apadrinhamento, ser negociações abertas, ordenam, im- guerra. Se é a avaliação de alunos, que enfim…um regabofe pegado. E ainda há põem antes e depois simulam “uma es- deveria ser a sua grande preocupação, gente que alinha nisto?!!! Ah! porque mais pécie de magazine”… ai desculpem, de estamos em desacordo. Se é a avalia- vale “este” que é um “gajo porreiro” do reunião. ção de professores, que é a sua grande que “aquele” que é um “filho da mãe”. Em nome da crise… preocupação, voltamos a estar em desa- De porreirismo em nacional-porreiris- Perante mais uma grandiosa afirma- cordo. Não é ganha, porque falsa; não é mo, ainda voltamos ao fascismo com ção de vontade de defesa da escola pú- ganha porque os professores não se vão malta…muito porreira. blica, de um estatuto digno sem fractu- deixar enrodilhar na sua teia de ódio e Cá vamos cantando e rindo… leva- ras e de uma avaliação formativa não continuarão a trabalhar dignamente, de- dos não. burocratizada, finalmente a Maria de fendendo a escola pública com um ensi- * Professor e dirigente do SPRC
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    16 SAÚDE 26 DE JUNHO DE 2009 Suplementos alimentares podem ser prejudiciais para a saúde dá qualidade, porque na natureza também há substâncias prejudiciais”, alertou. A endocrinologista Isabel do Carmo aler- muito parecido”, disse à Lusa a directora de emagrecimento e não de complemen- “Se as pessoas querem tomar suplemen- tou que os suplementos alimentares, utili- do Serviço de Endocrinologia do Hospital to, dado os componentes laxantes, diuré- tos, então que tomem suplementos de vita- zados para ajudar a emagrecer, podem ser de Santa Maria. ticos e estimulantes que integram a sua minas e sais minerais” que são benéficos perigosos para a saúde e distinguiu-os dos No entanto, os suplementos vitamínicos, composição e que são prejudiciais, subli- em casos como idosos e crianças mal nutri- suplementos multivitamínicos, que cum- que também se chamam nutricionais, são nhou a médica. das, grávidas e doentes. prem “um papel importante na alimenta- apenas constituídos por vitaminas e sais mi- Isabel do Carmo adiantou que estes su- Para quem não tem problemas de saúde, ção equilibrada”. nerais, não alterando o funcionamento do plementos, vendidos em lojas de produtos o segredo para a manutenção de um estilo “As pessoas têm dificuldades em dis- organismo, enquanto os suplementos alimen- naturais e farmácias, são muito procurados de vida saudável é a prática de exercício tinguir os suplementos alimentares dos su- tares contêm substâncias que vão alterar nesta altura do ano para emagrecer e por físico regular e uma alimentação equilibra- plementos vitamínicos porque ambos de essas funções, justificou. serem naturais. da, reservando o açúcar e as gorduras só vendem nas farmácias e têm um nome Estes últimos cumprem apenas funções Mas o “facto de serem naturais não lhes para ocasiões especiais, aconselhou. Boca e sujidade postou no mesmo sentido ao revelar que não estimulação do sistema imunológico, tactam com o mundo, e apreciam-no em Massano sempre teve com a sua filha adolescen- responsável pela defesa dos nossos orga- primeira mão, através da cavidade bu- Cardoso te, entretanto diagnosticada com uma nismos, que não se escuda apenas ao cal. Em boa hora o fazem. Mas quando grave doença inflamatória dos intestinos, combate às infeções, alargando-se aos passam a viver em ambientes asséticos, Três senhoras, bem cuidadas, não escon- cuidados extremos de higiene. campos das agressões físicas e químicas então, o perigo de virem a sofrer mais diam que o cavaqueio era o seu desporto Ouvi com muita atenção a conversa e e das alterações cancerosas, a que esta- tarde certas doenças é uma realidade. A favorito, atendendo ao modo como falavam, situação é de tal modo caricata que, para alto e em bom som, sem receios da vizi- algumas afeções, já estão a utilizar ex- nhança. Interrompiam os seus comentári- tratos de parasitas, que outrora provo- os, por breves momentos, quando levavam cavam infestações, sem grandes conse- as chávenas do chazinho aos lábios, que quências, para as tratar. deveria estar muito quente, pelo menos era Não me admiraria muito que, um dia o que dava a entender os estranhos sopros! destes, comecem a aparecer “extratos O episódio da chupeta de um bebé, de sujidade” à venda para estimular o que tombou no chão do café, leva-me a sistema imunológico. Aqui está uma boa relatá-lo e a tecer alguns comentários e área de negócio: “Proteja a sua saúde! reflexões. Estimule o seu sistema imunológico. O pai da criança, médico, assim que Tome diariamente uma cápsula de ex- viu a chupeta no chão, apanhou-a, afa- tratos de lombrigas”! gou-a em seguida com a palma da mão, Voltando à conversa das senhoras, enfiou-a na própria boca, voltou a afa- apeteceu-me explicar-lhes que as aler- gá-la novamente, acabando por a intro- gias e a asma do filho de uma delas po- duzir na boca da criancinha, ante o ar deriam ter sido, eventualmente, evitadas “gemelarmente” atónito e escandaliza- se tivessem tido menos cuidados de higi- do das três da vigairada. ene em criança, e o mesmo para a mãe Quando os protagonistas saíram, o da jovem com a doença de Crohn. episódio da chupeta passou a ser o tema apeteceu-me intervir para explicar que mos constantemente a ser sujeitos. Nem oito nem oitenta, diz o povo na da conversa. Era patente a indignação não tinham tanta razão quanto isso, an- Temos vindo a assistir, desde há al- sua sabedoria. No caso vertente, as do- sobre a falta de higiene do pai, ainda por tes pelo contrário. guns anos, a um aumento preocupante nas já deviam andar pelos “noventa”! cima médico! A este propósito teceram Ninguém contesta que as grandes con- da prevalência de certas doenças que A boca e a sujidade estão, desde sem- inúmeros comentários, revelando que, quistas na área da higiene foram determi- têm a ver com a falta de estimulação do pre, intimamente ligadas, em todos os relativamente aos filhos, nunca teriam tido nantes para o progresso social, bem-es- sistema imunológico, caso da esclerose sentidos. Importa analisar esta relação, aquela atitude, já que os primaram com tar e saúde das sociedades. Mas – há múltipla, das alergias, da asma e das do- “deshigienizando” o suficiente para que o máximo de cuidados higiénicos. sempre um mas –, o “excesso” de higie- enças inflamatórias do intestino, só para as crianças se possam contaminar. Elas Impossível tal atitude, dizia uma das nização passou a constituir um grave pro- falar de algumas. agradecem! Por fim, seria, também, con- senhoras, “imagino o que poderia ter blema. O não contacto precoce com as Precisamos da “sujidade”, e a boca é veniente investir mais alguma coisita na acontecido ao meu filho, que sofre de “sujidades”, nomeadamente as que pro- a via privilegiada para o contacto, como “higienização” do que anda a sair da boca asma e de alergias, se não tivesse cuida- vocam infeções virusais, bacterianas e é óbvio. de muitos graúdos, sujidade muito peri- dos higiénicos com ele”! A segunda ri- infestações parasitárias, estão na base da Não é por acaso que as crianças con- gosa, mortífera nalguns casos...
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    26 DE JUNHODE 2009 SAÚDE 17 Tempo quente e praia podem precipitar perturbações do comportamento O Verão, com a redução do tamanho a desculpas como sentir frio para não des- da roupa e o aumento da vida social, pode tapar as “partes do corpo consideram precipitar perturbações do comportamen- mais facilmente criticáveis”. to ao nível alimentar e da auto-estima, A ida à praia torna-se então um “mas- fazendo da praia uma experiência mas- sacre, uma experiência fracassada”. sacrante para algumas pessoas, diz uma Se estas forem situações esporádicas psicóloga. “acabam por ser superadas transitoria- À Lusa, a psicóloga clínica Sandra mente, mas não resolvidas”. Santos Vilaça afirma que há perturba- “Quando passa o Verão, passa esta ções do comportamento que são “manti- necessidade de exposição e o problema das ou precipitadas” nesta altura do ano, também passa, teoricamente”, mas se em que “há uma maior exposição do in- durante o tempo mais frio as questões não divíduo” e “uma maior revelação de si ficarem resolvidas, as “pessoas tornam- próprio em relação a outros” se reincidentes e, por vezes, com um grau Ao nível alimentar, cita a anorexia e a de patologia muito mais evidente”. bulimia nervosa, que é normalmente uma Na psicoterapia, os adolescentes perturbação mais “dissimulada”. Outras “verbalizam a preocupação” que têm perturbações prendem-se com o “auto- com a auto-imagem, o que “é mais difí- conceito e o sentir-se avaliado pelos ou- cil com os jovens adultos e os adultos, tros” e com “quadros depressivos agu- que “de uma forma geral têm vergonha dos, que se arrastam no tempo”. em assumir”, garante ainda Sandra San- Quando há calor e os dias são mais ainda pior”, diz a também psicoterapeu- o que os outros dizem, à forma como são tos Vilaça. longos, as pessoas “libertam-se mais, ta, lembrando que, por vezes, a estes olhadas. As atitudes dos outros, mesmo Os mais velhos, mesmo quando acom- saem de casa e convivem”, mas quem casos está associada a perturbação de que inocentes, são “interpretadas de for- panhados por psicólogos, “não assumem está deprimido tende a “isolar-se” devi- pânico. ma enviesada” pelo paciente, refere a a preocupação com a imagem como um do às “grandes dificuldades em termos Quando se trata de ansiedade social, psicóloga. problema e consideram-na é uma coisa funcionais de auto-conceito”. as pessoas com esta perturbação têm Sandra Santos Vilaça exemplifica que normal”, resultante da idade, conclui a “Por não conseguirem sair, sentem-se uma “hipervigilância em relação a tudo muitas vezes os adolescentes recorrem psicoterapeuta. HOSPITAL GERAL, PEDIÁTRICO E MATERNIDADE BISSAYA BARRETO LANÇAM ESTRATÉGIA DE PREVENÇÃO DE INFECÇÕES HOSPITALARES CHC aposta em medidas simples para salvar vidas O Centro Hospitalar de Coimbra informação a toda a comunidade hospi- O CHC, EPE, aderiu à estratégia da ser sujeito no CHC a duas etapas de (CHC, EPE) lançou na passada ter- talar”, sublinha. Organização Mundial da Saúde – “Me- avaliação de resultados, que incluirão ça-feira (dia 23 de Junho) uma estra- Assim, até ao final de Agosto, as três didas Simples Salvam Vidas” – em De- ainda a elaboração de um plano de ac- tégia de prevenção de infecções hos- unidades do Centro Hospitalar de Co- zembro de 2008. A implementação das ção a cinco anos. pitalares que abrange as suas três imbra vão adoptar um conjunto de me- medidas de prevenção é, assim, a ter- Segundo os responsáveis, o projecto, unidades: Hospital Geral (Covões), didas com o objectivo de promover a ceira etapa de um trabalho que se pro- para além de contribuir para a preven- Hospital Pediátrico e Maternidade higiene das mãos e diminuir, assim, o longa há meio ano e que requereu um ção de infecções associadas aos cuida- Bissaya Barreto. A iniciativa insere- risco de infecções hospitalares. Para investimento do CHC, EPE, na forma- dos, irá ainda permitir a curto prazo um se no projecto da Organização Mun- além de acções de sensibilização des- ção de formadores e de observadores aumento da qualidade e da segurança na dial da Saúde (OMS) “Medidas Sim- tinadas aos profissionais de saúde, aos da estratégia, na constituição de um prestação de cuidados nas três unidades ples Salvam Vidas” (no original “Cle- utentes e visitantes das unidades, dis- grupo coordenador da campanha e na do Centro Hospitalar de Coimbra. an Care is Safer Care”), que procura tribuição de posters e outros materiais concepção de uma estratégia adequa- O projecto “Medidas Simples Salvam sensibilizar a comunidade hospitalar informativos, a estratégia prevê ainda da a cada uma das três unidades hos- Vidas” é apadrinhado pela Direcção- para a importância da higiene das a generalização do acesso a soluções pitalares. Geral da Saúde, que acompanhará de mãos enquanto factor fundamental na anti-sépticas de base alcoólica, a rea- Depois desta terceira fase, o projec- perto o desempenho das três unidades prevenção da infecção. lização de acções de formação e a mo- to “Medidas Simples Salvam Vidas” vai do Centro Hospitalar de Coimbra. “A inadequada higiene das mãos de nitorização dos comportamentos adop- profissionais, doentes e visitantes, cons- tados, nomeadamente, mediante a con- titui no ambiente hospitalar uma amea- tabilização do consumo mensal dos pro- ça, que se traduz no aumento do risco dutos de higiene. de exposição a agentes microbiológi- O evento interno de lançamento da cos”, explica Ana Garrido, da Comis- estratégia começou na terça-feira no são de Controlo de Infecção do CHC, Hospital Pediátrico. Seguem-se o Hos- EPE. “Esta estratégia procura melho- pital Geral (Covões), a 30 de Junho, e a rar as estruturas e a facilidade de aces- Maternidade Bissaya Barreto, no dia 1 so às mesmas, a formação contínua e a de Julho.
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    www.apaginadomario.blogspot.com 18 A PÁGINA DO MÁRIO apaginadomario@gmail.com 26 DE JUNHO DE 2009 Ó homem, fale lá com os consultores Natal que como vocês sabem é no In- de comunicação do seu partido, ou com verno e não no Verão mas já vi em dois os “marketeiros” de serviço, e diga-lhes anos seguidos outra instituição pública de que o Povo já não acredita nessa “canti- Coimbra a abrir concursos no Verão por- ga”! que se calhar quem os abre pensa que Então Manuela Ferreira Leite faz uma os concursos em tempo quente são me- Mário Martins série de propostas alternativas e o se- lhores do que os concursos em tempo nhor, 10 minutos depois, vem dizer que frio eu não sei se isto é verdade ou não ela não diz nada?! mas penso que os especialistas destas Vejo que vocês, lá no PS, não apren- coisas já deveriam ter dito qualquer coi- deram mesmo nada com os resultados sa por tudo isto eu gosto muito do Verão das últimas eleições, não perceberam o porque tem calor podemos tomar banho que aconteceu. Paciência... o problema no mar temos tempo para conversar com é vosso. os amigos podemos levantar da cama Vão ver que a “porrada” em Setem- mais tarde até costuma haver estrelas bro/Outubro vai ser ainda maior. Vai uma cadentes no céu e depois disto tudo ain- apostazinha? da temos o passatempo de tentar encon- trar os concursos super-rápidos de Ve- ***** rão nas páginas dos jornais por isso o Não sou “cliente” nem da PT nem coisas que a gente não percebe bem e Verão é a minha estação do ano preferi- da TVI. (Só comecei a ver o Jornal Na- que de um momento para o outro ficam da e o Verão é muito bom. cional da Sexta-feira depois da ERC ter esclarecidas eu agora já sei porque é que prima da Guidinha aberto uma investigação...) Tanto me o Ronaldo ganha tanto dinheiro. (publicado em 21/6) faz que a PT compre a TVI como não, prima da Guidinha tanto me faz que o Moniz seja afastado (publicado em 23/6) IMPRESSÕES PARABÉNS, CAMPEÃO! como não. I Uma conclusão, porém, é indiscutível: O “NOVO” SÓCRATES Empreiteiros “à rasca” com manifes- O João Afonso ainda não terminou a no tempo de Cavaco como primeiro-mi- «Esta coisa da humildade está a dar to dos economistas “época” mas já assegurou o “título”: a nistro a Comunicação Social saíu das resultado. Os comentaristas comentam, II passagem para o 2.º ano de Medicina. mãos do Estado; no tempo de Guterres os analistas analisam, os entrevistadores Santos Silva transfigurado: diz que não Telefonou a meio da manhã a dar a e de Sócrates o Estado voltou a “pôr a entrevistam e…nem uma palavra sobre fala! notícia, na altura em que eu via as ima- mão” na Comunicação Social. o Freeport. (...) Que interessa o Free- III gens que o António Figueiredo me en- E se não querem que a gente pense port e Lopes da Mota, a licenciatura e Jornais das TVs: RTP abre com re- tregou ontem à noite, respeitantes à últi- assim, então vendam a “golden share” as casas compradas a offshore, os pri- gresso de Ronaldo a Portugal; SIC com ma jornada do campeonato – aquele que que o Estado tem na PT. Pois é. mos e o DVD, quando temos em mão Sócrates; TVI com Gripe (informação deverá ter sido o último jogo oficial do um prodígio que rivaliza com as apari- de Luciano Alvarez) João Afonso, após 11 temporadas de fu- ***** ções mais miraculosas? Sócrates teve (publicado em 20/6) tebol federado. A concluir: o PS pensa que a malta é agora a sua epifania. Foi preciso o pior Decidi, por isso, juntar os dois factos parva. resultado eleitoral na história do PS para UM GOVERNO... SIMPLEX e escolher algumas imagens para publi- São parvos, claro. a revelar, mas aí está. Morreu o Animal «O erro que constava na prova de car no blogue: cinco fotos, para um filho Feroz, viva o Animal Domesticado.» Biologia e Geologia ontem realizada por “cinco estrelas”. PS - Será que a PT vai convidar Ri- (Mário Crespo cerca de 37 mil alunos foi corrigido hoje Parabéns, campeão! cardo Costa para a TVI? Levem-no da no “Jornal de Notícias”; pelo Ministério da Educação. Conforme (publicado em 25/6) SIC, que ele não deixa falar ninguém. publicado em 22/6) o PÚBLICO noticia na sua edição de Depressa. hoje, no enunciado do exame do 11.º e PS E LOUÇÃ À DERIVA (publicado em 24/6) EU GOSTO MUITO 12.º anos, numa legenda a um perfil de Estava a jantar mas nem isso impediu DO VERÃO... uma caldeira vulcânica, designava-se que soltasse uma forte gargalhada. INCÊNDIO :) E DE CONCURSOS como epicentro (ponto à superfície) o que Foi quando Louçã apareceu no te- NOTÍCIA URGENTÍSSIMA - A Daqui a pouco por volta das 6 da ma- de facto era o hipocentro (a região pro- levisor a falar dos «interesses da Re- Agência France Press, a CNN, os Wa- nhã chega o Verão e eu gosto do Verão funda onde os sismos têm origem).» (in pública». shington Post, London Times e eu (tb) porque é o tempo em que vou mais ve- “Público.pt”) Olha quem fala?! acabam de anunciar que um terrível in- zes até perto do mar porque o Verão sig- Mas quem é Louçã para falar nos «in- cêndio destruiu hoje de manhã a biblio- nifica calor e à beira-mar está mais fres- Nisto o Governo é bom: em vez de teresses da República»? É ele quem os teca pessoal do primeiro-ministro. quinho no Verão também é a altura de pedir desculpa pelo erro, apaga o erro! define? Com os 10% de votos que con- As informações do Corpo de Bombei- passear mais porque é quando as pesso- É... “simplex”. seguiu agora e que nas próximas elei- ros confirmam a perda total de 2 livros. as normalmente têm férias e viajam den- ções vão necessariamente minguar? Ou O porta-voz acaba de declarar que o tro e fora do país cá pelos lados de Co- ACTUALIZAÇÃO (às 16h55) – Al- foi a República que lhe telefonou a dizer primeiro-ministro está inconsolável e in- imbra é também a altura em que apare- terei a citação do “Público”. Desta for- quais eram os interesses? conformado, já que ainda não tinha aca- cem no jornal concursos que abrem num ma, o erro não foi apagado. Foi corrigido. Só mesmo Louçã para me fazer in- bado de colorir o segundo livro. dia para fechar logo a seguir até parece Continua a faltar o pedido de desculpas. terromper o jantar com uma forte gar- (recebida por e-mail; que nem querem que muitas pessoas (Já agora: quando é que terminam os galhada. publicada em 23/6) saibam que existem os concursos mas erros nos enunciados dos exames, pre- ***** estes concursos são sempre para insti- parados com tanta antecedência? E nin- Já depois do jantar, outra gargalhada. RONALDO PESA 1000 KILOS! tuições públicas porque as empresas pri- guém é responsável?) Desta feita, o responsável foi o novo Eu não sabia mas afinal o Ronaldo é vadas não abrem concursos nesta altura (publicado em 19/6) porta-voz do Partido Socialista, aquele muito pesado e fico a pensar como é que do ano porque sabem que há muita gen- jovem secretário de Estado que disse que o rapaz consegue correr o que ele corre te que está fora de casa e não lê os jor- SÓCRATES as escrituras públicas eram... privadas! com aquele peso todo em cima das per- nais e as empresas privadas não costu- (EM “TOM REMÉDIOS”) (E que noutro país tinha sido demitido de nas agora já sei porque é que ele ganha mam abrir concursos à sexta-feira e que NA SIC imediato, depois daquela afirmação.) tanto dinheiro porque é um esforço do terminam logo na terça-feira eles costu- Ora o novo porta-voz veio com a caraças o que o Ronaldo faz já viram ele mam dar mais tempo às pessoas no ano José Sócrates (num registo muito pró- “cantilena” do costuma, a dizer que o ter de correr 90 minutos carregando 1000 passado houve um concurso super-rápi- ximo do Diácono Remédios) foi entre- PSD não propõe alternativas, não tem quilos é muito para um homem só por do na Câmara de Coimbra mas que aca- vistado na SIC. um rumo para o país, blá-blá-blá e mais isso têm de pagar bem para ele jogar e é bou por não ser tão rápido assim porque Não se passou praticamente nada. blá-blá-blá. por isso que ele ganha o que ganha há aquilo só ficou decidido por alturas do (publicado em 176)
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    26 DE JUNHODE 2009 COIMBRA 19 NOVO LIVRO DE POESIA DE MARIA HELENA TEIXEIRA “Não me ensines a estrada” ciona uma realidade disfórica, feita de ima- metafórica, a maior atenção ao quotidiano e gens meramente alinhadas, desconexas, das dentro dele também ao momento histórico quais o sentido parece estar ausente, che- que atravessamos, e sobretudo a mais con- gando a roçar o absurdo”. tida transfiguração poética das vivências ou Não são, porém, acrescentou, “as ima- experiências do universo real de que faze- Maria Helena Teixeira Um livro preso ao domínio do sonho e recheado de auto-questionação são algumas das características apontadas ao novo livro de poesia, o quarto, de Maria Helena Tei- xeira, cuja sessão de lançamento decorreu Imagem da cerimónia de apresentação do livro, vendo-se Zé Penicheiro, no Pavilhão Centro de Portugal com apre- sentado, a apresentadora, a editora, a autora e respectivos cônjuges sentação de Maria Manuela Gouveia Deli- lle e leitura de poemas por Maria Manuel gens (quase sempre disfóricas) do mundo mos parte”. Almeida. exterior (que, note-se, constituem completa A apresentadora realçou ainda a colabo- Numa sala pequena para tantos amigos novidade em relação à lírica cerradamente ração de Zé Penicheiro na feitura do livro, e familiares da autora, a sessão foi ainda intimista dos volumes anteriores) que aca- “uma colaboração preciosa que, mantendo abrilhantada pela actuação de um quarteto bam por predominar nesta nova colectânea. a tradição dos volumes anteriores, vem a da Orquestra Clássica do Centro. A maior parte dos versos diz respeito quer meu ver acentuar, através do seu traço di- E sobre o livro, “Não me ensines a estra- ao quotidiano rotineiro e manietante do eu nâmico, o já de si forte elemento cinético da”, Maria Manuela Delille referiu que a poético e às tentativas de auto-questiona- destes versos, os seus múltiplos movimen- autora, ou o sujeito poético, “se confessa ção de início referidas, quer aos lugares-tem- tos, ondulações, fugas, evasões, numa as- inexplicável mas irremediavelmente preso po ou aos lugares de sonho em que esse sociação muito sugestiva entre poesia e de- ao domínio do sonho que acaba por desgas- mesmo eu se refugia ou para os quais tenta senho, em plena sintonia com a sensibilida- tar a vida”. evadir-se”. Refúgio esse frequentemente de estética da autora e com a mensagem “Em horas de intensa desorientação, in- “encontrado na evocação nostálgica do por ela intencionada”. quietude, angústia e/ou funda melancolia, mundo perdido da infância, de que o mar Durante a sessão, presidida por Maria acentuam-se as sensações de frialdade e constitui parte indissolúvel”. Emília Martins, directora da Orquestra Clás- de vazio em vários poemas”, afirmou numa Em relação a outros livros da autora, sica do Centro, usaram ainda da palavra a visita guiada por “Não me ensines a estra- no o eu lírico, nos relativamente raros poe- Maria Manuela Delille confessou-se impres- editora Isabel de Carvalho Garcia e Maria da”, é também “curioso notar que na capta- mas em que sai para fora da esfera íntima, sionada pela “estrutura mais coesa destes Helena Teixeira, que agradeceu a todos a ção de instantes ou momentos do quotidia- regra geral [Maria Helena Teixeira] percep- poemas, a maior densidade e autenticidade presença na sessão. CAMPANHA “COIMBRA ADOPCÃO” A troco de nada ganhe um grande amigo O Canil/Gatil Municipal de Coimbra pros- damente se adaptam aos seus novos apenas custam uns minutos na deslocação, Podem também enviar um e-mail para segue uma campanha intitulada “Adop- donos (que, para além do mais, os esta- para escolher um companheiro (ou compa- Cão”, com o seguinte lema: “Adoptem rão a poupar a um fim muito triste e tre- nheira) para a vida, que será sempre fiel e de aranimal@gmail.com um animal no Canil Municipal”. mendamente injusto). uma enorme dedicação e em troca apenas ou consultar o site Trata-se de uma iniciativa muito me- Um cão ou um gato é sempre um pre- pede um pouco de atenção e de carinho. www.cm-coimbra.pt/741.htm ritória, que permite que pessoas que gos- sente bem recebido, desde que a pessoa a O Canil/Gatil Municipal fica no Campo Os dias e horas especificamente desti- tam de animais ali possam ir buscar um quem ele se oferece goste de animais, não do Bolão, Mata do Choupal, onde os ani- nados às adopções são os seguintes: fiel companheiro, sem nada pagarem os encare como um brinquedo ou um objec- mais esperam, ansiosos, por uma nova casa - segundas-feiras, das 14h30 às 16h30; por isso. to e tenha condições mínimas para deles tra- e uma nova família. - quintas-feiras, das 10 às 12 horas. São muitos os cães (e também alguns tar convenientemente. Os interessados em obter mais informa- gatos) que esperam que gente com bom Se for o caso, não hesite em ir buscar ções podem ligar para o telemóvel 927 441 Muitos animais estão à espera de que coração os vá adoptar, tendo como re- um destes amigos muito valiosos em ter- 888 (a qualquer hora), ou para o Canil/Gatl alguém queira aproveitar todo o carinho que compensa conquistarem um amigo para mos materiais (basta ver os preços nas lo- (das 9 às 17h30 dos dias úteis) através do têm para dar. toda a vida, já que estes animais rapi- jas de animais!...), mas que no Canil/Gatil telefone 239 493 200. Vai ver que não se arrependerá!
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    20 CINEMA 26 DE JUNHO DE 2009 de sucesso, J.J. Abrams (conhecido so- rie da saga. Outro ponto positivo é o cinema bretudo pelo seu trabalho em televisão, donde se destacam séries como “Per- facto de Abrams ter injectado bastan- te mais acção e humor nesta nova ver- didos” e “Fringe”) pegou na saga e, à semelhança do que tem acontecido com outras figuras, como James Bond e Batman, decidiu começar tudo de novo. De facto, o novo filme “Star Trek” conta os inícios da tripulação da nave Enterprise. Abrams, ao voltar Pedro Nora Começo por falar do novo filme da conhecida série de ficção científica “O Francisco de Mattos Lobo, um dos últi- mos portugueses a ser condenado è for- ca, antes de a pena de morte ser abo- são de “Star Trek”, o que torna o filme bastante mais apelativo. De destacar o elenco perfeito, pois cada actor conse- gue prestar homenagem aos persona- gens da série, sem parecer uma imita- ção barata. Um filme muito bem con- seguido que entretém bastante, reco- assim às origens da série, fez uma óp- mendável a todos. tima jogada, pois captura todo o espíri- Também novidade nas salas de ci- to nostálgico da saga, dando-lhe um nema é “Anjos e Demónios”, adapta- novo fôlego. De facto, o filme é aces- ção do livro de Dan Brown, o autor de Caminho das Estrelas”. Após os últi- sível a todos, mesmo àqueles que nun- “O Código da Vinci”. “Anjos e Demó- mos filmes da série não terem tido gran- ca tenham visto qualquer filme ou sé- nios” conta uma nova aventura de Ro- bert Langdon, desta vez enquanto ele tenta impedir uma conspiração contra o Vaticano. Brown não fugiu de con- Auto-Luz completa 44 anos trovérsias ao usar a religião cristã como pano de fundo para a trama do livro e Ron Howard e Tom Hanks, que reto- mam os seus papéis de “O Código da Vinci” (como realizador e actor princi- pal interpretando Langdon, respectiva- mente), são fiéis ao espírito do livro, o que torna o filme bastante recomen- dável a todos os fãs do escritor ou de thrillers em geral. Há já alguns anos que sou grande fã do realizador americano Kevin Smith. Assim, foi com grande expec- João Salaviza a receber a Palma de Ouro no Festival de Cannes tativa que fui ver o novo filme dele, intitulado “Zack e Miri Fazem um Por- no” e tal não me desiludiu. Não sendo lida no nosso país. O filme vale muito o seu trabalho mais forte, é uma co- pelos valores de produção (fotogra- média simpática que proporciona um fia, banda sonora e cenários e vestu- bom serão. O filme conta a história ário de grande qualidade) e por um de dois amigos (interpretados pelo elenco de luxo, encabeçado pelos ac- actor Seth Rogen e a actriz Elizabeth tores Ivo Canelas e Nicolau Breyner. Banks, que, diga-se já, revelam ser A história é o ponto mais fraco (tem uma óptima dupla no ecrã) que, por No próximo dia 4 de Julho (Dia da Cidade de Coimbra), completam-se 44 anos tendência a perder-se em certos as- de funcionamento da Auto-Luz. estarem com muitos problemas finan- pectos que no final revelam-se fú- Trata-se de um estabelecimento no Beco do Fanado (mesmo junto ao Terreiro ceiros, decidem combater a sua crise teis…) mas é mais um óptimo exem- da Erva), fundado no dia 4 de Julho de 1965 por António Afonso Barbosa, financeira ao fazer um filme porno- que ainda hoje ali continua a vender baterias e a ajudar muitos automobilistas plo do cinema nacional moderno. gráfico amador. Claro está, este fil- com problemas eléctricos nas respectivas viaturas. Ainda neste campo (e para finali- me não é para todos (sobretudo para António Afonso Barbosa começou ainda miúdo (com apenas 10 anos) zar), dirijo os meus parabéns ao jo- a aprender o ofício na Electro-Garagem, na Av. Fernão de Magalhães. Andou os mais novos), mas a sátira feita à vem realizador João Salaviza, que foi depois por outras empresas e quando era já um técnico experiente decidiu abrir indústria pornográfica está muito bem a sua “Auto Luz”, no local onde ainda hoje se mantém. premiado, no Festival de Cannes com conseguida, sem ferir susceptibilidades Mais de 70 anos de trabalho, mas uma notável forma física, já que ninguém a Palme D’ Or de Melhor Curta-Me- O outro filme que gostaria de apon- lhe dá os mais de 80 anos que leva de vida. Aliás, afirma que enquanto a saúde tragem pelo seu filme, intitulado “Are- o deixar ali estará todos os dias (às vezes fora de horas e até tar é “O Último Condenado à Morte”, na”. Esta vitória é prova definitiva de nos dias de merecido descanso) a satisfazer os seus clientes. de Francisco Manso. A trama do fil- que o cinema nacional está vivo e re- Sempre, e de forma invejável, com as baterias bem carregadas! me baseia-se na história verídica de comenda-se!
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    26 DE JUNHODE 2009 OPINIÃO 21 Os dados estão lançados dários, a fim de mostrarem ao executivo neutralizar. Do outro, um fervilhar de tagonizar novas soluções políticas e go- Renato Ávila e ao partido reinantes o tão almejado ideias e apetites avulsos, eivados de vernativas, arriscamo-nos a ter mais do “cartão vermelho”. imensa demagogia num deserto de pro- mesmo ou muito pior. Dum amarelo claramente esmaecido jectos sérios, consistentes e coerentes, Está suficientemente demonstrado Dizem que o povo parece estar des- pela paupérrima participação popular, susceptíveis de nos fazer acreditar ha- que a dialéctica acusatória já não pega. contente ao penalizar nas urnas a maio- parece-nos abusivo que alguém ouse re- ver quem, decididamente, queira e pos- O comum dos cidadãos sabe na pele ria socialista. tirar ao poder socialista a legitimidade sa fazer melhor. aquilo que os políticos, refastelados nas Apesar de tanto alarido da oposição, política e considerar a derrota do PS um Até porque muitos daqueles que se cadeiras do poder, nem sonham e que, parece não existirem projectos alternati- pesado voto negativo ao desempenho da perfilam na vanguarda para disputar o com leviana obscenidade, parecem que- vos consistentes e credíveis e as inten- sua acção governativa. poder já lá estiveram e não deixaram rer ignorar. Dá-nos, mesmo, a impres- ções políticas surgem eivadas de dema- A oposição terá, isso sim, é de reflec- saudades. são de que, para muito boa gente mani- gogia e de falta de clareza. tir na relação que poderá existir entre a O cheque em branco dado a Cavaco puladora dos cordelinhos do poder, a po- Como cidadãos deste rectangular país elevadíssima abstenção e a falta de for- e a Sócrates tem deixado marcas pro- lítica serve mesmo para isso – dar tacho à beira mar pasmado, são as amargas ça e coerência da sua mensagem, inca- fundas na nossa memória política, de tal à “nomenklatura”. conclusões que podemos retirar dos re- paz de polarizar o descontentamento rei- modo que será de acreditar tal não repe- No fundo, no fundo, foi para isso que sultados das eleições europeias e do aca- nante e de motivar os portugueses para tir-se uma terceira vez. serviram as eleições europeias. Voz do lorado folclore que se lhes seguiu com a acrescida importância da qual deseja- O nosso paradigma de convivência povo! quase toda a gente a gritar vitória. va revestir o acto. política tem, por conseguinte, de mu- Se não se enveredar, rápida e consci- Afiguram-se-nos estultos e extempo- O povo tem, de facto, sobejas razões dar, drástica e urgentemente, se não enciosamente, por uma dialéctica propo- râneos estes eufóricos afobos, abusivas para estar descontente com a actual so- quisermos tornar este país numa are- sitória, privilegiando o diálogo e a con- e deslocadas, pois, as apressadas con- lução governativa. Terá, todavia, muitas na de maniqueísmos inconfessáveis e sertação, apostando na solidariedade em clusões que, na sofreguidão do poder, mais razões para desconfiar da bondade incontroláveis. vez da estulta e mesquinha guerrilha par- muitos quiseram retirar dos resultados dos arremedos de alternativas que, difu- No final do Verão os portugueses se- tidária, centrando exclusivamente toda a eleitorais. sas e sem consistência política, se dese- rão novamente chamados, agora sim, para acção política no prosseguimento do bem Por mais ensaios e argumentos que nham no horizonte. escolherem um novo Parlamento e, com público, não iremos longe. Continuar-se- se tenham tecido, por forçadas classifi- Dum lado, existe um projecto, con- ele, uma nova solução governativa. á, ingloriamente, a cavalgar no insuces- cações de pré legislativas que se tenham testável, é certo, de boas e más práti- Se os candidatos passarem este tem- so dos outros para cada um mascarar o pretendido colar ao acto eleitoral, o povo cas e de bons e maus resultados, tam- po que falta no soez ataque, na insolente seu próprio insucesso. assim não o entendeu, primando pela bém é certo, condicionado por uma pro- pesporrência de aprazados vencedores, Os dados estão lançados. ausência. funda e anómala crise internacional, que em vez de procurarem o diálogo e os A sorte depende de todos. Da serie- Os cidadãos, de facto, não correspon- só não vê quem não quer, e por cróni- consensos que a delicadeza da situação dade e competências dos que se propõem deram em massa, ao invés do que dese- cos atavismos domésticos que neste úl- exige, se lá chegarem sem o trabalho de assumir o poder e da consciente e parti- jaria a quase totalidade dos líderes parti- timo meio século ninguém conseguiu casa bem feito, exigível a quem quer pro- cipativa escolha dos cidadãos. FILATELICAMENTE 1941 POIS... – Costumes Portugueses. João Paulo I emissão Simões ro, desenhados por Álvaro Duarte de Almeida e gravura de Guilher- José O Administrador Geral dos Correios de me Santos; 800 mil selos de $80 azul d’Encarnação Portugal, Engº Couto dos Santos, iniciou uma claro, representando a Mulher da série, que seria a apresentação dos pitores- Madeira e desenhados por A. Du- Os crânios. Que me desculpem os cos e tradicionais costumes e trajos popula- arte de Almeida e gravura de Ar- verdadeiros. Saíram agora das facul- res. Embora já tivessem sido aprovados dez naldo Fragoso; 800 mil selos de 1$00 dades, impantes de uma licenciatura desenhos, e tendo-se concluído as suas gra- vermelho, representando a Viane- (de três ou, já mais raro, de quatro vuras, entendeu a Junta Nacional de Edu- sa em desenho de Raquel Roque anos), numa das muitas «gestões» cação recusar este projecto, o que fez parar Gameiro e gravura de Arnaldo Fra- que andam por i. E ficaram Sábios! tal emissão. goso; e, para terminar, emitiram-se E conseguiram lugar no banco, ge- Protestaram os CTT, invocando o prejuí- 1,4 milhões de selos de 1$75 azul rente ou subgerente, claro, que os zo com as despesas já efectuadas. escuro representando o Campino velhadas que ainda lá estão têm um Assim, foram autorizados a fazer Ribatejano, desenhado por Raquel curso comercial antiguinho, miserá- esta emissão com os dez desenhos já Roque Gameiro e gravura de Ar- vel 5º ano à antiga, ou, até talvez, o concluídos. naldo Fragoso. 300 mil selos de 2$00 7º ano à antiga. Que percebem eles violeta, representando o Saloio de Lisboa laranja, é o ultimo selo desta série, repre- das novas tecnologias, das novas te- Foram impressos na Casa da Moeda desenhados por Raquel Roque Gameiro e sobre papel liso, em folhas de dez selos sentando a Ceifeira do Alentejo, desenhado orias, do novo marketing? Nadinha! gravura de Renato Araújo; 6 milhões de por Raquel Roque Gameiro e gravura de Privilegiam o cliente, cujo nome até com denteado 11,5. selos de $15 verde amarelo, representado a A emissão dos selos, foi a seguinte: Guilherme Santos. reconhecem? Coisas de outras eras! Peixeira de Lisboa, desenhados por Raquel Agora, o que interessa são os objec- Dois milhões de selos verde escuro com Roque Gameiro e gravura de Marcelino (Baseado em “Livros Filatélicos” tivos, os números, toca a mexer e o valor facial de $04 representando a mu- Norte. de Carlos Kulberg). pouca conversa!... lher da Nazaré, cujo desenho é de Roque Emitiram-se tembém 2 milhões de selos Gameiro e gravura de Guilherme Santos; Aos velhadas – de muito «saber de $25 lilás violeta representando a Mulher A emissão aqui apresentada, foi reti- de experiência feito» – só resta en- 3,2 milhões de selos de $05 representando a de Olhão, desenhados por Álvaro Duarte rada do site Tricana de Coimbra, com desenho de Ra- colher os ombros, calar e… contar de Almeida e gravura de Gustavo de Al- http://www.filsergiosimoes.com/, os dias para uma aposentação con- quel Roque Gameiro e gravura de Gustavo meida Araújo; 20 milhões de selos de $40 casa filatélica a quem compro as minhas e Almeida; 2 milhões de selos de $10 lilás digna. Minimamente condigna. verde claro representando a Mulher de Avei- emissões.
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    22 CRÓNICA 26 DE JUNHO DE 2009 AO CORRER DA PENA... Traz um amigo também... Saiu para a rua. Caiu na rua. Passou a valor, de apelos à “reintegração”, profunda- não existir. viver na rua. Com eles. Com os Sem-Abri- mente agarrados às paredes do poder e à Marta sentia-se enriquecer (por mais go. Como os Sem-Abrigo. angariação de votos. paradoxal que possa parecer!) a cada dia Maria Pinto* Nos primeiros dias, sentiu que se tinha “Mas que reintegração?”, perguntava que passava. Agora percebia melhor a ra- mainha.pinto@gmail.com despistado nesta curva da vida. Entrara num por vezes Jaime, que era conhecido pelo zão por que muitos dos Sem-Abrigo prefe- Vivia a um ritmo alucinante. Sem laze- enorme abismo sem protecção. Só. Com- poeta-pintor e que se fora aproximando cada rem a rua. É que eles são detentores da res. Quase sem prazeres. Sem tempo. O pletamente só. Nas noites mais frias., sem- vez mais de Marta. Um sentimento forte os enorme fortuna de já nada terem para per- trabalho perseguia-a. Reputada jornalista, pre que procurava um abrigo que a prote- unia. Uma mesma linha de pensamento. der. Eles têm a solidariedade das estrelas, tinha sido recentemente distinguida pelas gesse, um canto, um vão de escada, encon- Jaime pertencera a uma família abasta- da lua, do sol. suas reportagens em cenário de guerra. trava um quarto infindável que a cobria com da do Norte do país, cuja fortuna estava li- Os que têm a rua como abrigo podem Marta vivia na zona do Chiado, numa a exclusão social. E sabia que a viagem que gada à indústria automóvel. Mas o seu pai sofrer a fome e o frio e a humilhação da casa antiga recentemente recuperada. Mas encetara iria ser longa. O frio e a sensação era um perdulário acabando por tudo gastar esmola, mas olham as pessoas de frente. o tempo não sobrava para a decorar a seu de abandono iriam permanecer. A solidão por entre amores vários e inquietos. A famí- Pedindo mas não se vendendo...e tendo a gosto. Por isso, a sua casa era tão-só o local abeirava-se de Marta. E também algum lia desagregou-se. A mãe enlouqueceu. O lucidez de saber que todos nós, no fundo, a que pontualmente recorria para se abri- medo...e tanto frio!... pai entregou-se à bebida e Jaime rumou até em algum momento das nossas vidas so- gar. Afinal de contas estava sempre fora e O tempo foi passando e, quase sem se à capital onde procurou trabalho. Sem êxi- mos ou podemos vir a ser Sem-Abrigo. continuamente em situações de alta tensão ter dado conta, Marta passou a ser mais um to. Ninguém o quis, apesar dos seus dotes e de alto risco. O cansaço dominava-a. Sen- deles. Dos Sem-Abrigo. Com eles partilha- literários e artísticos. “Mas quem é que hoje O Chão frio da calçada tia-se viver sob o tecto do êxito obrigatório, va o que ia conseguindo arranjar, com eles em dia quer saber da leitura?” dizia ele em É onde faço o meu leito da corrida ansiosa pelo sucesso. Prémios sentia frio e fome, como eles percorria as tom de desabafo. Mas alguns dos seus com- E com fome me deito que chegavam. Amores que partiam. Sen- ruas da capital, suja e andrajosa. Foi-se aper- panheiros de rua adoravam ouvi-lo decla- Toda a madrugada tia-se uma sem-abrigo. As suas paredes iam- cebendo da falta de auto-estima e de confi- mar muitos dos seus poemas, sentido por se desfazendo aos poucos. Não fizera ain- ança de muitos destes seres humanos que ele um grande respeito. Marta tornou-se a Ponho-me de mãos estendidas da a reportagem da sua vida. Com os olhos no vazio Faltava-lhe o essencial. Enquanto secretamente me rio Ansiava por fugir para não Quando escandalizam minhas feridas enlouquecer de desalento, não desejava voltar a desesperar Sou chaga aberta por amor... ou por carência de Nem desvies os olhos de minha figura amor... ou por falta de tempo Não reproves minha falta de com- para amar. postura Pensou mudar radicalmen- Pois sou o que poderias ter sido”. te a sua vida e a sua profis- (Anónimo... quem sabe são. Arranjar talvez um tra- se da autoria de Jaime?...) balho mais calmo, menos ex- tenuante e regressar a casa. À medida que o seu amor ia crescendo, Abrigar-se. Pensar-se. cada vez mais Marta e Jaime se empenha- Num curto e merecido pe- vam em denunciar e desmascarar a igno- ríodo de férias logo após o Ano rância e a indiferença social e política em Novo, decidiu ser chegada a relação ao mundo dos Sem-Abrigo. Promo- altura de transformar a sua viam manifestações e campanhas para a casa num espaço acolhedor obtenção de fundos. Verdadeiras campa- e confortável. Num lar. Foi nhas de solidariedade em que se incluíam assim que passeou pelas ruas as equipas de rua que vinham essencial- de Lisboa, escolhendo meti- mente de noite para escutar almas, ouvir culosamente cada objecto, o bater de corações, para afagar os ros- cada peça de mobiliário, cada tos mais doridos. Era um trabalho feito de obra de arte. já tudo haviam perdido. Passou a fazer par- sua leitora. A sua musa inspiradora quando amor e de carinho. Um trabalho longo, Mas quando menos se espera, surgem te deles. Por vocação. Entrando nas suas Jaime, em pedaços de papel que encontra- discreto, sem fim. oportunidades e momentos únicos, experi- almas. No seu coração. va, a desenhava. Nestes momentos preciosos sobrevi- ências que apenas acontecem uma vez na “Mas que reintegração?” voltava Jai- nham, por vezes outras pessoas. Gente vida e que não mais se apagam do nosso Decorria o período da campanha para as me a perguntar. “Ainda há tempos fize- com casa mas sem lar. Gente a desabar corpo. Da nossa alma. São curvas que apa- eleições legislativas. Foi nesta altura que ram uma espécie de camaratas para nos por dentro. Parede a parede. Minuto a mi- recem inusitadamente no meio da estrada Marta melhor conseguiu entender as mar- abrigar...e nós continuámos a fugir para a nuto: mulheres alvo de violência domésti- da vida de cada um de nós. cas da hipocrisia social e política. Por um rua, para os cartões que fomos espalhan- ca, jovens sem rumo, reformados privados Cerca de três dias após ter iniciado a sua lado, a sensação de profunda incomodidade do pela cidade”... do carinho de familiares...Jaime entoava breve semana de férias, Marta recebe um dos líderes dos vários partidos políticos e das Marta entendia. O governo dava case- “traz um amigo também”... telefonema do chefe de redacção, alertan- suas comitivas ao sentirem-se obrigados a bres e não dava emprego. À boa maneira Marta quase se esquecia da sua casa no do-a para a premência de uma reportagem apertar a mão a estes homens e mulheres liberal, considerava-os adeptos da malandrice Chiado. Conseguiria voltar a adaptar-se ao sobre os Sem-Abrigo de Lisboa. envoltos em caixotes e em papel de jornal, e da vida fácil, não merecendo, por isso, o estilo de vida que levava antes de vivenciar Algo se passou nesse instante. Marta sem eira nem beira, sem destino, mas que sucesso. O governo exercia a caridade e esta experiência tão dura mas tão incrivel- sentiu um apelo imediato por este trabalho. os olhavam com frontalidade. Estes aper- não a solidariedade. As autoridades senti- mente enriquecedora? Percebeu rapidamente que a sua vida se tos de mão eram geralmente seguidos de am-se profundamente desassossegadas pelo iria alterar profundamente. Marta, mulher- um discurso demagógico e de índole carita- facto de os Sem-Abrigo também terem sen- Tarde da noite. Jaime e Marta de mão coragem, que sempre se envolvera a fundo tiva, com promessas de casas para eles. Para sibilidade e gostarem de se sentar e divagar na mão. Ambos carregando um saco a nos seus projectos, agarrou esta oportuni- os Sem-Abrigo. em sítios bonitos, como a Beira-Tejo. Man- transbordar de amor. Deitando-se sobre as dade com um forte abraço. Alguma revolta se ia instalando nesta jor- davam-nos embora, mas eles regressavam tiras de um caixote feito de emoções. De Largou tudo o que tinha planeado para a nalista sem-abrigo, sem casa, sem Chiado. em bando, tal andorinhas em voo de liber- vida. De recordações. Envoltos em jornais sua vida. A casa do Chiado era uma vez Cada vez mais Marta se afastava deste dade. Alheios à repulsa dos cidadãos ditos plenos de ternura. mais um projecto adiado. mundo de tecnocratas plenos de juízos de honrados. Alheios ao medo que sabiam já (*docente do ensino superior)
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    26 DE JUNHODE 2009 CULTURA 23 COMEMORAÇÕES EM COIMBRA PROLOLONGAM-SE POR 2010 Centenário do “Edifício Chiado” Inaugurado em 1910, enquanto agên- As comemorações prosseguem com dade de Letras da Universidade de Co- lar, nos quais tentaremos transmitir e re- cia dos Grandes Armazéns do Chiado lis- um Ciclo de Conferências a realizar nos imbra) - Coimbra – industrialização 1900/ viver os inícios do século XX, através da boetas, o Edifício Chiado é actualmente dias 22 e 23 do próximo mês de Outu- 1920. compreensão do sentido estético e da sede do Museu Municipal de Coimbra, bro, com a participação de destacados - Regina Anacleto (Faculdade de evolução da moda, associada ao fe- tutelado pelo Departamento de Cultura especialistas em diversas áreas. Letras da Universidade de Coimbra nómeno económico dos Grandes Ar- – A arquitectura conimbricense dos mazéns”. finais do século XIX início do sé- A Câmara Municipal de Coimbra vai culo XX. ainda receber duas exposições de arte - Raquel Magalhães (Técnica da contemporânea, proporcionadas pela CMC) – O Edifício Chiado em Fundação Arpad Szenes - Vieira da Sil- Coimbra. va, (instituição que tem como objectivo Telo de Morais e Isabel Garcia da autarquia. No sentido de comemorar De acordo com os organizadores, ha- o centenário do edifício, o Museu Muni- verá comunicações pelos especialistas a cipal planeou a organização de uma sé- seguir indicados, abordando os temas que rie de eventos nos quais pretendemos se referem: enquadrar o momento histórico da sua - Rui Ramos (Faculdade de Arquitec- construção e inauguração. tura da Universidade do Porto) – A mo- O primeiro acto das comemorações dernidade da arquitectura de 1900. foi o lançamento do I Volume de uma - Raquel Henriques da Silva (Univer- luxuosa obra sobre a Colecção Telo sidade Nova de Lisboa) – “As artes em de Morais (uma das mais ricas colec- Portugal em 1910”. ções particulares de arte do País, e - Julien Bastoen (Université de Pa- doada por aquele ilustre médico e sua ris VIII )– Os Grandes Armazéns Pa- Mulher ao Município de Coimbra, es- risienses. tando exposta nos pisos superiores do - Paulo Peixoto (Faculdade de Eco- “Edifício Chiado”. nomia da Universidade de Coimbra) – A Numa cerimónia que contou com a massificação do consumo. participação de muitas e destacadas en- - Maria Calado (Faculdade de Arqui- a divulgação e o estudo da obra dos dois PROGRAMA ESTENDE-SE artistas). PELO PRÓXIMO ANO Durante 2010 serão publicadas as ac- tas do encontro marcado para Outubro As celebrações do centenário do “Edi- próximo, intituladas “Caminhos e iden- fício Chiado” vão prolongar-se por 2010, tidades da modernidade: 1910, o Edi- ano em que verdadeiramente se comple- fício Chiado em Coimbra”. tam os cem anos após a inauguração. Entretanto, o Museu pretende reco- No início do ano, o edifício será re- lher informações e testemunhos sobre o qualificado com pequenas obras de me- edifício para um estudo a publicar du- tidades, a apresentação esteve a cargo tectura da Universidade Técnica de Lis- lhoramento e reabrirá em Abril com uma rante o ano de 2010. Neste sentido, fez de Raquel Henriques da Silva (que foi boa) – Grandes Armazéns de Lisboa: exposição comemorativa do centenário. um apelo a quem possa ter informações Directora do Instituto Português de Mu- Grandella e Chiado. De acordo com os organizadores, “no ou espólio (nomeadamente: produtos dos seus) que teve palavras de grande elogio - Paulo Simões Rodrigues (Universi- âmbito desta exposição serão promovi- Grandes Armazéns do Chiado, como ca- para o altruísta gesto do casal Telo de dade de Évora) – Arquitectos e Enge- das acções educativas, nomeadamente tálogos, agendas de família, imagens, etc.) Morais e para a qualidade da colecção nheiros no século XIX XX. visitas interpretativas ao Edifício Chiado que contacte através dos números 239 por ele doada a Coimbra. - José Maria Amado Mendes (Facul- e ateliers orientados para público esco- 840 754 ou 239833771.
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    24 PUBLICIDADE 26 DE JUNHO DE 2009