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Ficha Técnica
Esta Nota Informativa apresenta os principais dados da
pesquisa realizada pelo Instituto Datafolha, a pedido da
Oxfam Brasil, para identificar as percepções de brasilei-
ros e brasileiras sobre as desigualdades. Inclui também
as análises e interpretações elaboradas por Rafael Geor-
ges, com participação de Jorge Cordeiro e Katia Maia, da
equipe da Oxfam Brasil.
Agradecemos as contribuições de Marta Arretche, Jean
de Souza, Luciana Chong e Ana Beatriz Ferrari.
Revisão: Jorge Cordeiro
Editoração: Brief Comunicação
Publicado em 6 de dezembro de 2017
/oxfambrasil
APREsentaÇÃO	 4
	METODOLOGIA	 6	
Sumário dos resultados	 7	
RESULTADOS detalhados	 9
1.	 PERCEPÇÕES SOBRE AS DESIGUALDADES NO BRASIL	 10
1.1. 	 DESIGUALDADE É, SOBRETUDO, DIFERENÇA SOCIOECONÔMICA	 10
1.2. 	 OS RICOS SÃO “OS OUTROS”	 16
1.3. 	 O PESSIMISMO É A REGRA QUANDO O ASSUNTO É DESIGUALDADE	 21
2.	 PERCEPÇÕES SOBRE AS CAUSAS DAS DESIGUALDADES	 25
2.1. 	 FALTAM EMPREGO E EDUCAÇÃO. SOBRA CORRUPÇÃO	 25
2.2. 	 MÉRITO NÃO EXPLICA DESIGUALDADES	 29
2.3. 	 DISCRIMINAÇÃO CONTRA MULHERES E RACISMO CAUSAM DESIGUALDADE	 31
3.	 PERCEPÇÕES SOBRE AS SOLUÇÕES PARA AS DESIGUALDADES	 33
3.1. 	 RICOS QUEREM EDUCAÇÃO, POBRES QUEREM EMPREGO	 33
3.2. 	 COMBATE ÀS DESIGUALDADES É PAPEL DO ESTADO	 36
3.3. 	 AUMENTO DE IMPOSTOS? SIM, PARA OS MUITO RICOS	 39	
NÓS E AS DESIGUALDADES	 43	
ANEXO 1 – MARGENS DE ERRO	 47	
ANEXO 2 – ESPECIFICAÇÕES DA AMOSTRA	 48	
ANEXO 3 – QUESTIONÁRIO	 49
	NOTAS	 53
ÍNDICE
www.oxfam.org.br
Página - 4
A pesquisa Oxfam Brasil/Datafolha aqui apresentada
se apoia nestes temas para investigar como pensam as
brasileiras e brasileiros quando o assunto é desigualda-
des. Ela aponta que, via de regra, a população percebe o
tema, suas causas e soluções. A imensa distância entre
pessoas muito ricas e o restante da sociedade é sentida
pelo brasileiro médio, que, ao mesmo tempo, apresenta
posições sintonizadas com o que tem apontado diversos
estudos aplicados sobre saídas para esse imenso de-
safio – reversão de injustiças no sistema tributário, au-
mento do gasto social, aumento de oferta de trabalho e
correção das desigualdades educacionais, entre outras.
Esta percepção é condição fundamental para a mudan-
ça. A priorização pública do problema, como visto na
pesquisa, é o primeiro passo para que os atores políti-
cos (sobretudo parlamentares e tomadores de decisão
diversos na sociedade) se movam para propor e aprovar
medidas que reduzam as distâncias que marcam nossa
sociedade.
Mas esta pesquisa também revela grandes desafios para
a agenda da redução de desigualdades. O primeiro deles
diz respeito à subestimação das diferenças sociais no
País - não obstante enxerguemos a existência das de-
sigualdades, ainda não a dimensionamos corretamente,
julgando-a menor do que realmente é. Por conta disso,
uma parcela grande da sociedade não consegue se lo-
calizar na pirâmide social nem perceber o tamanho da
concentração de renda e riqueza que existe no país.
Além disso, a discriminação de gênero e raça precisam
ser melhor compreendidas. Uma parcela ainda demasia-
do pequena da sociedade prioriza estes temas quando o
assunto é desigualdades, percepção que contrasta com
a realidade de um país profundamente racista e machis-
ta como o nosso. Ao mesmo tempo, cerca de metade da
população reconhece a existência da exclusão econômi-
ca por sexo e por raça, algo que tem efeitos na renda e
nas desigualdades em geral. Reconhecer que construí-
mos uma sociedade com cidadãos e cidadãs de primeira
e segunda categoria faz-se necessário para que pos-
samos reverter essa realidade.
APREsentaÇÃO
Passado um período histórico no qual dedicamos boa
parte da atenção pública ao combate à pobreza, nos ve-
mos em meio ao desafio estrutural das inaceitáveis de-
sigualdades sociais brasileiras. Além de serem um pro-
blema em si, as desigualdades são barreiras ao acesso
a direitos básicos, fomentam a violência e impedem a
própria superação da pobreza no longo prazo. Diferen-
ças extremas entre grupos sociais jogam contra a nossa
economia, e são solo fértil para instabilidades políticas.
A Oxfam Brasil tem seu foco central de trabalho nas de-
sigualdades do nosso país. Por aqui, a concentração de
renda, o patrimônio e os serviços essenciais nas mãos
de poucos chegam a níveis extremos, nos colocando
como o 10º pior país no mundo, segundo o Programa das
Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). Esta con-
dição é resultado de escolhas feitas ao longo de nossa
história, via de regra, pelas elites políticas e econômicas
que compõem o topo de nossa pirâmide social.
Em setembro de 2017, a Oxfam Brasil lançou o relatório
“A distância que nos une: um retrato das desigualda-
des brasileiras”. Nele, nos debruçamos sobre o estado
das diferenças nos níveis de renda, riqueza e acesso a
serviços no país, bem como nas políticas públicas que
combatem ou retroalimentam estas desigualdades. En-
tre as principais conclusões do estudo, estão os fatos
de que 5% da população têm a mesma fatia de renda que
os outros 95%, e os seis maiores bilionários brasileiros
possuem o mesmo patrimônio que a metade mais pobre
da população.
Contribuem para isso nosso injusto sistema tributário,
nossos ainda insuficientes investimentos em saúde e
assistência social, e, em particular, nossos desafios
históricos para ampliar o acesso à educação pública.
Da mesma forma, a discriminação contra mulheres e a
população negra representa barreira estrutural na su-
peração de desigualdades, algo que nem mesmo boas
políticas do passado recente – como as cotas raciais –
deram conta de superar. Por fim, há lacunas profundas
em nossa democracia, que representam empecilhos para
que ela trabalhe em prol de toda a sociedade e não de
setores privilegiados.
www.oxfam.org.br
Página - 5
Ciente dos limites que uma pesquisa de opinião possui,
e sem pretender esgotar o debate sobre as atitudes dos
brasileiros e brasileiras, esperamos que o material apre-
sentado nessa Nota Informativa ofereça boas reflexões
sobre os desafios que nos esperam. O Brasil de hoje de-
bate suas desigualdades com um aparente interesse em
reduzi-las. É preciso transformar esse interesse em
realidade. Este é um assunto ainda mais relevante em
tempos de mudanças tão profundas no papel do
Estado como agende redistributivo.
Em meio a gráficos e números, a pesquisa Oxfam Brasil/
Datafolha 2017 fala de pessoas, suas expectativas e opi-
niões. Esperamos que seja uma boa contribuição rumo a
um Brasil sem desigualdades.
Katia Maia
Diretora Executiva
Oded Grajew
Presidente do Conselho Deliberativo
www.oxfam.org.brNós e as desigualdades
METODOLOGIA
Essa pesquisa foi realizada pelo Instituto Datafolha, por
meio de abordagem pessoal dos entrevistados em pon-
tos de fluxo populacionais1
. Tais abordagens contaram
com questionário estruturado, produzido em conjunto
com a Oxfam Brasil, e aplicado em pontos de fluxo popu-
lacional relevante.
A amostra de entrevistados é de 2.025 pessoas em ní-
vel nacional, permitindo-se também a leitura por regiões
(Sul, Sudeste, Centro-Oeste, Norte e Nordeste). Entre-
vistas foram realizadas em 129 municípios de pequeno,
médio e grande portes, incluindo regiões metropolitanas
e cidades do interior.
O período da aplicação das entrevistas foi de 10 a 14 de
agosto de 2017. A margem de erro para a amostragem
geral é de 2% para mais ou para menos, considerando um
nível de confiança de 95%. Outras margens de erro, sob o
mesmo nível de confiança, podem ter sido consideradas,
conforme a tabela apresentada como anexo 1 desta nota
informativa.
Por ser uma pesquisa amostral realizada em locais de
grande circulação de pessoas, o Datafolha definiu uma
amostra que busca refletir o próprio perfil da sociedade
brasileira. As especificações da amostra estão no anexo 2.
O questionário aplicado teve 11 perguntas, incluindo
perguntas abertas, baterias de concordância/discor-
dância, e perguntas fechadas. Ele encontra-se dispo-
nível no anexo 3, em ordem diversa ao tratamento que
demos aos dados.
Por fim, os resultados oferecidos pelos recortes de sexo,
raça e renda escolhidos para este relatório foram feitos
pelo próprio Instituto Datafolha, que tabulou os microda-
dos da pesquisa.
Página - 6
www.oxfam.org.br
Página - 7
Sumário dos resultados
39%
88%
58%
81%
8%
47%
2
/3
88%
70%
66%
A desigualdade é percebida majoritaria-
mente como diferença socioeconômica
classificam desigualdade como diferença
socioeconômica
a classificam como carência de recursos e serviços,
segundo maior grupo
Os ricos são “os outros”
declaram estar entre a metade mais pobre numa escala
pobreza-riqueza de 0 a 100
dos brasileiros acreditam serem necessários mais de
R$ 20 mil mensais para ser parte dos 10% mais ricos
O pessimismo é a regra quando o assunto
é desigualdade
da população acredita que nada ou pouco mudou no
passado recente
Duas em cada três pessoas não acreditam que a
desigualdade vai cair nos próximos anos
dos brasileiros acreditam que as medidas do atual
governo não alteram ou pioram a desigualdade no País
Corrupção, falta de emprego e de
educação são principais causas
dos brasileiros acreditam que a corrupção “contribui
muito” para as desigualdades
o desemprego
a educação
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Página - 8
“Mérito” não explica desigualdades
60%
57%
71%
75%
79%
55%
46%
67%
71%
61%
discordam que pobres que trabalham muito têm iguais
oportunidades que ricos
não acreditam que crianças pobres com estudo têm
oportunidades iguais às de crianças ricas
Discriminação contra mulheres e negros
têm grande impacto em desigualdades
acreditam que mulheres ganham menos por serem
mulheres
acreditam que negros ganham menos por serem negros
Emprego, investimento em educação e
reforma do sistema político são as
principais soluções
dos brasileiros apontam a oferta de emprego como um
dos principais mecanismos de combate à desigualdade
no caso do investimento em educação
para reformas do sistema político
Combate às desigualdades é papel do
Estado
acreditam que o combate às desigualdades é
obrigação de governos
Aumento de impostos? Sim, para os muito
ricos
dos brasileiros são contra o aumento geral de impostos
para custear políticas sociais
são a favor do aumento de impostos para pessoas muito
ricas para esses fins
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RESULTADOS
detalhados
O conjunto dos resultados da pesquisa nos permite con-
clusões surpreendentes quanto às percepções sobre as
desigualdades no Brasil. Via de regra, e de maneiras di-
ferentes para diferentes grupos, as desigualdades são
bastante sentidas pelos brasileiros. Esta percepção, em
alguns casos, acompanha a posição social do entrevis-
tado na escala de renda, na sua cor autodeclarada, e em
seu sexo autodeclarado. Mas os resultados permitem
outras conclusões.
Inicialmente, existe uma forte identificação de desi-
gualdades com renda. Além disso, as pessoas não se
percebem na localização correta da escala de renda, se
colocando como mais pobres do que realmente são no
conjunto da sociedade. Causas e soluções perpassam
pelos mesmos temas: trabalho, educação e
corrupção como causa de desigualdades goza do
apoio de metade da população. Por fim, a sociedade
mantém a expectativa de que governos reduzam a
distância entre ricos e pobres, jogando no colo dos
muito ricos maior responsabilidade pelo finan-
ciamento de políticas sociais.
Estas mensagens gerais foram dadas de maneira deta-
lhada em cada um dos gráficos que resumem esta pes-
quisa. Buscando simplificar a visualização, a Oxfam
Brasil fez dois tipos de análise. A primeira trata dos
resultados do total amostral, com o universo dos
entrevistados. A segunda lança o olhar sobre recortes
da amostra, por renda (pessoas que ganham até 1
salário mínimo individualmente versus pessoas
que ganham mais de 5 salários mínimos indi-
vidualmente), por raça (pretos, pardos e bran-
cos) e por sexo (homens e mulheres).
Os resultados foram dispostos em três subgrupos: 1.
Percepções sobre desigualdades no Brasil; 2. Percep-
ções sobre as causas das desigualdades; e 3. Percep-
ções sobre as soluções para as desigualdades.
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Página - 10
1.
PERCEPÇÕES SOBRE AS DESIGUALDADES NO
BRASIL
1.1.
DESIGUALDADE É, SOBRETUDO, DIFERENÇA
SOCIOECONÔMICA
Quando apresentada a pergunta “o que é desigualda-
de?”, as maiores frequências de resposta dizem respeito
às desigualdades socioeconômicas. Destacam-se aque-
las que tratam das diferenças de classe social e má dis-
tribuição da renda (39% dos respondentes), carência de
recursos e serviços (8% dos respondentes), e diferenças
na ação do governo e da classe política (7%).
Chama a atenção que, agrupadas, as diversas respostas
relacionadas às “atitudes pessoais” somam 17% do to-
tal, incluindo temas como, por exemplo, a postura de “se
achar superior” (5%) ou “não se importar com o próximo”
(4%).
Por outro lado, 15% dos entrevistados não souberam
responder à pergunta, indicando a importância de se fa-
zer o debate sobre as desigualdades com o conjunto da
sociedade. Além disso, somente 4% citam discriminação
racial como uma forma de desigualdade, número de-
masiado baixo para uma sociedade tão discriminatória,
e apenas 1% cita discriminação sexual, também pouco
condizente com nosso contexto social. O Gráfico 1 apre-
senta as respostas mais utilizadas.
// Gráfico 1.
“Pelo que você sabe ou imagina, o que é desigualdade?” – população geral
Fonte: Oxfam Brasil/Datafolha 2017
Nota: Pergunta aberta, com múltiplas respostas agrupadas pelo Instituto Datafolha
www.oxfam.org.br
Página - 11
Detalhando um pouco mais as respostas para a pergun-
ta “o que é desigualdade?”, uma expressiva maioria dos
entrevistados da faixa de renda de mais de 5 salários
mínimos (69%) respondeu “má distribuição de renda” ou
correlatos, contra 46% dos que ganham até um salário
mínimo por mês. Já nas respostas relacionadas a “atitu-
des pessoais”, estas são importantes para pessoas das
menores faixas de renda – 20% dos respondentes que
ganham até 1 salário mínimo conectam desigualdade a
“não se importar com o próximo” ou correlatos, enquanto
esse número é de 12% para pessoas com renda superior
a 5 salários mínimos.
Dentro dos que apontam discriminação racial como
causa principal das desigualdades não há grandes va-
riações, mas é válido mencionar que o racismo foi mais
apontado como desigualdade por pessoas com renda de
1 até salário mínimo (5%) do que por pessoas de renda
superior a cinco salários mínimos (1%). Isto é observado
no Gráfico 2 .
// GráficoS 2.
“Pelo que você sabe ou imagina, o que é desigualdade?” – por sexo, raça e faixa de renda
www.oxfam.org.br
Página - 12
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Página - 13
Fonte: Oxfam Brasil/Datafolha 2017
Nota: Pergunta aberta, com múltiplas respostas agrupadas pelo Instituto Datafolha
www.oxfam.org.br
Página - 14
Considerando a desigualdade mais percebida na ques-
tão anterior, a de renda, existe uma alta concordância
da população sobre as assimetrias gerais. Do total da
amostra, 91% das pessoas percebem que “poucas pes-
soas ganham muito dinheiro enquanto muitos ganham
pouco”. Destas, 81% concordam totalmente, deixando
pouca margem de dúvida acerca do sentimento geral de
má distribuição de renda no Brasil. Estes dados são vis-
tos no Gráfico3.
// Gráfico 3.
“No Brasil, poucas pessoas ganham muito
dinheiro e muitas pessoas ganham pouco
dinheiro” – população geral
Fonte: Oxfam Brasil/Datafolha 2017
www.oxfam.org.br
Página - 15
Considerando os recortes amostrais, no Gráfico 4, é pos-
sível observar que pessoas de renda mais baixa tendem
a perceber um pouco menos as desigualdades do que
pessoas de rendas mais altas, em que pese esta dife-
rença ser muito pequena. Em geral, a percepção de alta
desigualdade no Brasil é igualmente distribuída entre os
diferentes grupos.
// Gráfico 4.
“No Brasil, poucas pessoas ganham muito
dinheiro e muitas pessoas ganham pouco
dinheiro” – por sexo, raça e faixa de renda
Fonte: Oxfam Brasil/Datafolha 2017
www.oxfam.org.br
Página - 16
1.2.
OS RICOS SÃO “OS OUTROS”
A pesquisa aponta uma percepção geral de que a maio-
ria da população brasileira vive mais próxima da pobreza
do que da riqueza. Para quase metade dos entrevistados
(49%), a maior parte dos brasileiros está entre 0 e 25,
numa escala de pobreza-riqueza que vai de 0 a 100, ou
seja, localizados no quartil mais pobre, conforme visto
no Gráfico 5.
De fato, esta percepção é corroborada pela realidade.
Segundo dados da última Pesquisa Nacional por Amostra
de Domicílio (PNAD) anual, do Instituto Brasileiro de Geo-
grafia e Estatística (IBGE), 50% dos brasileiros ganhavam
menos de 1 salário mínimo em 2015, e 80% ganhavam até
2 salários mínimos2
. Trata-se de um imenso contingente
populacional com renda relativamente baixa, o que au-
menta a percepção de que somos uma população majo-
ritariamente de “pobres”.
// Gráfico 5.
“Em uma escala de 0 a 100, em que em 0 estão as pessoas com a renda mais baixa do país, ou
seja, os muito pobres, e em 100 as pessoas com a renda mais alta do país, ou seja, os muito
ricos, em que posição você colocaria a maioria da população brasileira?” – população geral
Fonte: Oxfam Brasil/Datafolha 2017
www.oxfam.org.br
Página - 17
O descolamento da realidade ocorre quando os entrevis-
tados são convidados a se auto posicionarem na esca-
la de pobreza-riqueza. A maior parte dos brasileiros se
coloca na metade mais pobre da escala – 88% dos en-
trevistados acreditam estar entre 0 e 50, e 4 em cada
10 brasileiros dizem ser parte do grupo localizado entre
0 e 25, o quartil mais pobre. Por outro lado, apenas 2%
de toda a população se coloca entre os 76 e os 100 na
escala, número bastante subestimado, considerando a
distribuição de renda do país. Este contraste fica evi-
dente no Gráfico 6.
// Gráfico 6.
“Em uma escala de 0 a 100, na qual em 0 estão as pessoas com a renda mais baixa do país, ou
seja, os muito pobres, e em 100 as pessoas com a renda mais alta do país, ou seja, os muito
ricos, em que posição você se colocaria?” – população geral
Fonte: Oxfam Brasil/Datafolha 2017
www.oxfam.org.br
Página - 18
Olhando para os recortes amostrais, nota-se uma dife-
rença mínima de percepção entre pretos, pardos e bran-
cos sobre onde eles se localizam na escala de renda
– como mostra o Gráfico 7 –, não obstante pretos e par-
dos terem, juntos, renda de apenas 57% do que ganham
brancos3
. Na comparação entre homens e mulheres tam-
bém há pouca diferença – ainda que mulheres tenham
renda geral de apenas 62% da renda de homens4
.
Entre pessoas com renda individual de até um salário mí-
nimo, e aquelas com renda superior a cinco salários mí-
nimos, há diferenças maiores: 90% do primeiro grupo re-
lata ser parte da metade mais pobre da escala, enquanto
essa proporção é de 68% para o segundo. Ainda assim,
apenas 8% das pessoas com renda acima dos 5 salários
mínimos se declaram parte do quartil mais alto da escala
de pobreza-riqueza.
Trata-se de percepção que contrasta com a realidade da
concentração de renda brasileira. A faixa dos 20% mais
ricos se inicia em uma renda familiar per capita de cerca
de dois salários mínimos5
, enquanto seriam necessários
apenas três salários mínimos per capita em uma família
para que esta faça parte dos 10% mais ricos6
. No caso
dos respondentes de renda superior a 5 salários míni-
mos, estes se encaixam no grupo dos 10% mais ricos
do país, considerada aqui a renda individual7
, e não na
metade mais pobre como se declara a maioria dos en-
trevistados pelo Datafolha pertencentes à maior faixa de
renda da pesquisa.
// Gráfico 7.
“Em uma escala de 0 a 100, na qual em 0 estão as pessoas com a renda mais baixa do país, ou
seja, os muito pobres, e em 100 as pessoas com a renda mais alta do país, ou seja, os muito
ricos, em que posição você se colocaria?” – por sexo, raça e faixa de renda
Fonte: Oxfam Brasil/Datafolha 2017
www.oxfam.org.br
Página - 19
Nós e as desigualdades
A pesquisa vai nos mostrando como existe uma percep-
ção das desigualdades, ao mesmo tempo em que essa
mesma percepção subestima o seu tamanho real. Tal in-
terpretação é reforçada pela pergunta que trata da renda
necessária para integrar os 10% mais ricos do País.
Para 67% dos brasileiros, seriam necessários mais de R$
5 mil mensais para compor os 10% mais ricos, per-
cepção que passa ao largo da realidade. Quase metade
da população – 47% – acredita serem necessários R$
20 mil por mês para compor o grupo dos 10% mais
ricos, 7 vezes mais do que é realmente necessário8
.
Há, também, um grupo importante, de 19% dos respon-
dentes, que corta os 10% mais ricos na renda dos R$
100 mil mensais. Estes dados estão expostos no
Gráfico 8.
Nesta questão, as percepções se fragmentam bastante
nas faixas oferecidas, e ainda há quase um quinto dos
respondentes que declararam não saber a renda neces-
sária para estar entre os 10% mais ricos. São indicadores
de que há muito debate a ser feito para que os brasileiros
percebam a dimensão das desigualdades do País.
// Gráfico 8.
“Pelo que você sabe ou imagina, quanto você precisaria ganhar por mês para fazer parte dos
10% de brasileiros mais ricos do país?” – população geral
Fonte: Oxfam Brasil/Datafolha 2017
www.oxfam.org.br
Página - 20
Para os brasileiros, os ricos são “os outros”. Quanto
maior a faixa de renda, maior é a renda necessária para
fazer parte dos 10% mais ricos, de acordo com as res-
postas dos entrevistados. Essa cascata de projeções
fica evidente no Gráfico 9.
Apenas 2% dos respondentes com renda superior a 5
salários mínimos acreditam que são necessários até R$
5 mil para ser parte dos 10% mais ricos, enquanto
esta proporção é de 20% para pessoas cuja renda indi-
vidual não passa de um salário mínimo. Por outro lado,
para 68% dos entrevistados com rendas mais altas, o
piso mínimo para adentrar o decil mais rico seria de R$
20 mil, interpretação de apenas 43% dos brasileiros
com baixa renda.
// Gráfico 9.
“Pelo que você sabe ou imagina, quanto você precisaria ganhar por mês para fazer parte dos
10% de brasileiros mais ricos do país?” – população geral
Fonte: Oxfam Brasil/Datafolha 2017
www.oxfam.org.br
Página - 21
1.3.
O PESSIMISMO É A REGRA QUANDO O ASSUNTO É
DESIGUALDADE
Apesar de avanços recentes no que diz respeito à redu-
ção de desigualdades de renda do trabalho, sobretudo
aqueles observados na primeira década e meia dos anos
20009
, bem como na oferta de alguns serviços como ener-
gia elétrica, água e esgoto10
, ainda existe uma sensação
geral de que a desigualdade entre ricos e pobres não di-
minuiu nos últimos anos – 58% da população consultada
acredita que nada ou pouco mudou. O Gráfico 10 dispõe
os dados da população geral em relação à concordância
com a afirmação de que a diferença entre ricos e pobres
diminuiu recentemente.
// Gráfico 10.
“A diferença entre os mais ricos e os mais pobres no Brasil diminuiu nos últimos anos” –
população geral
Fonte: Oxfam Brasil/Datafolha 2017
www.oxfam.org.br
Página - 22
Ato contínuo, sem enxergar o que melhorou no passa-
do, a grande maioria da população brasileira se mostra
pouco esperançosa em relação ao futuro. De fato, dois
terços dos entrevistados discordaram da afirmação de
que a diferença entre ricos e pobres irá diminuir, con-
tra 31% de otimistas que acreditam em alguma melhora,
como visto no Gráfico 11.
Pessoas com rendas mais altas são mais pessimistas.
Dentre aqueles que ganham mais de 5 salários mínimos,
77% discordam em algum grau de que haverá redução de
desigualdade entre pobres e ricos, contra 61% dentre as
pessoas com renda de até um salário mínimo. Esta dife-
rença não é observada nos recortes de raça e sexo, em
que pese as mulheres serem um pouco mais pessimistas
que homens, e brancos menos esperançosos que pretos
e pardos. Vide o Gráfico 12.
Fonte: Oxfam Brasil/Datafolha 2017
// Gráfico 11.
“Nos próximos anos, a diferença entre os mais ricos e os mais pobres irá diminuir no Brasil” –
população geral
// Gráfico 12.
“Nos próximos anos, a diferença entre os mais ricos e os mais pobres irá diminuir no Brasil” –
por sexo, raça e faixa de renda
Fonte: Oxfam Brasil/Datafolha 2017
www.oxfam.org.br
Página - 24
O pessimismo geral aumenta se o foco é trazido para
o futuro mais imediato. Do total de entrevistados, 88%
acreditam que a distância entre ricos e pobres não deve
se alterar ou que irá aumentar ainda mais com as atuais
medidas tomadas pelo governo federal, conforme de-
monstra o Gráfico 13. Por outro lado, apenas 8% acredi-
tam que haverá menos desigualdade após a implementa-
ção da agenda atual do governo.
// Gráfico 13.
“Na sua opinião, de modo geral, as medidas que estão sendo tomadas neste momento pelo
governo federal irão aumentar, diminuir ou não irão alterar a distância entre os mais ricos e os
mais pobres no Brasil?” – população geral
Fonte: Oxfam Brasil/Datafolha 2017
www.oxfam.org.br
Página - 25
2.
PERCEPÇÕES SOBRE
AS CAUSAS DAS
DESIGUALDADES
2.1.
FALTAM EMPREGO E EDUCAÇÃO. SOBRA
CORRUPÇÃO
Quando perguntados sobre as principais causas das de-
sigualdades, os brasileiros reunidos na amostra desta
pesquisa apontam três grandes temas a serem endere-
çados: emprego, educação e corrupção. Como mostra o
Gráfico 14, para 22% dos entrevistados, o desemprego
está entre as principais causas da desigualdade de ren-
da no Brasil, seguido pela falta de educação, com 21%, e
prática da corrupção, com 18%11
.
Outros apontamentos relevantes são a falta de oportuni-
dade, a falta de saúde e o baixo salário mínimo (4% cada
um). Por outro lado, nota-se que não há grande identi-
ficação de desigualdades com discriminação racial ou
carência de recursos e serviços.
// Gráfico 14.
“Na sua opinião, quais as principais causas da desigualdade de renda no Brasil? Mais alguma?”
– população geral
Fonte: Oxfam Brasil/Datafolha 2017
Nota: Pergunta aberta, com múltiplas respostas agrupadas pelo Instituto Datafolha
www.oxfam.org.br
Página - 26
Pessoas com renda superior a 5 salários mínimos dão
mais ênfase do que indivíduos de renda de até um salário
mínimo, em dois temas: falta de investimentos em
educação e corrupção. O contrário ocorre no aponta-
mento do desemprego como principal fator, algo
defendido mais por pessoas de faixas de renda meno-
res do que aqueles de renda mais alta. Os recortes
amostrais de sexo e raça apontam pequenas variações,
como visto no Gráfico 15.
// GráficoS 15.
“Na sua opinião, quais as principais causas da
desigualdade de renda no Brasil? Mais
alguma?” – por sexo, raça e renda
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Fonte: Oxfam Brasil/Datafolha 2017
www.oxfam.org.br
Página - 28
Quando solicitados a darem peso às possíveis causas
das desigualdades, nota-se novamente o destaque
que a corrupção tem para os entrevistados, seguida do
mercado de trabalho e da educação. O Gráfico 16 resu-
me esta comparação, revelando que 81% dos brasileiros
acreditam que a corrupção “contribui muito” para as de-
sigualdades, número que é de 70% para desemprego e
66% para educação.
// Gráfico 16.
“Considerando uma escala de 1 a 5, onde 1
significa não contribui e 5 contribui muito,
quanto, de 1 a 5, a/o (CITE CADA ITEM)
contribui para a desigualdade de renda no
Brasil” – população geral
Fonte: Oxfam Brasil/Datafolha 2017
www.oxfam.org.br
Página - 29
2.2.
MÉRITO NÃO EXPLICA DESIGUALDADES
Voltando ao Gráfico 16, é importante notar que o mérito,
a despeito de contribuir muito para as desigualdades se-
gundo 52% dos entrevistados, é comparativamente me-
nos importante do que os demais. Tal constatação nos
permite inferir que, para os brasileiros, as desigualdades
não são simplesmente produto das diferentes capacida-
des e níveis de esforço individual. Isto se confirma nos
Gráficos 17 e 18.
No primeiro caso, testamos a afirmação de que, por meio
de muito esforço de trabalho dos pobres, equipara-se a
chance deles terem uma vida tão bem-sucedida quanto
a daquelas pessoas nascidas ricas e que também traba-
lham muito. Tal máxima foi rechaçada, em algum grau,
por 60% dos respondentes, demonstrando que uma
maioria de brasileiros não acredita no “esforço pessoal”
como saída única para a redução de desigualdades. Essa
percepção reforça a importância do papel do Estado.
// Gráfico 17.
“No Brasil, uma pessoa de família pobre e que trabalha muito tem a mesma chance de ter uma
vida bem-sucedida que uma pessoa nascida rica e que também trabalha muito” – população
geral
Fonte: Oxfam Brasil/Datafolha 2017
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Página - 30
Já no Gráfico 18, testamos a hipótese de que, por meio
da educação, crianças pobres podem se tornar
adultos bem-sucedidos tanto quanto crianças ricas.
Uma diferença importante em relação à questão anterior
é o papel atribuído à educação como fator chave na
determinação de desigualdades, como vimos nas
causas e veremos nas soluções.
Os resultados apontam que a maioria da população bra-
sileira – 55% – não acredita que a educação, sozinha,
seja capaz de garantir a igualdade de oportunidade para
uma vida igualmente bem-sucedida entre ricos e pobres.
Por outro lado, 43% dos respondentes concordam com
esta ideia, sendo que 28% concordam totalmente. Se,
por um lado, não há uma maioria convincente contra a
ideia de meritocracia, por outro, não há suporte majori-
tário à ideia de que “basta dar educação”.
// Gráfico 18.
“No Brasil, uma criança de família pobre que consegue estudar tem a mesma chance de ter uma
vida bem-sucedida que uma criança nascida em uma família rica” – população geral
Fonte: Oxfam Brasil/Datafolha 2017
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Página - 31
2.3.
DISCRIMINAÇÃO CONTRA MULHERES E RACISMO
CAUSAM DESIGUALDADE
Ainda que, conforme apresentado no Gráfico 1, um nú-
mero reduzido de 4% considere a discriminação racial
como expressão de desigualdade, quase a metade da
população (46%) concorda que negros ganham menos
por serem negros. Esse dado nos permite dizer que o ra-
cismo é percebido como fator que influencia na
desigualdade de renda. É o que aponta o Gráfico 19.
É interessante notar como nesta questão, mais que nas
questões de concordância/discordância anteriores, as
opiniões estão localizadas mais aos extremos do
espectro.
// Gráfico 19.
“Negros ganham menos que brancos no mercado de trabalho pelo fato de serem negros” –
população geral
Fonte: Oxfam Brasil/Datafolha 2017
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Página - 32
O mesmo teste foi feito para a discriminação de mulhe-
res. Ao contrário do racismo, na população amostral ge-
ral existe maior concordância que discordância – 57%
concordam que mulheres ganham menos por serem mu-
lheres, enquanto 41% discorda. De fato, 44% dos brasi-
leiros concordam totalmente com a afirmação, conforme
demonstra o Gráfico 20.
Fonte: Oxfam Brasil/Datafolha 2017
// Gráfico 20.
“Mulheres ganham menos que homens no mercado de trabalho pelo fato de serem mulheres” –
população geral
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Página - 33
3.
PERCEPÇÕES SOBRE
AS SOLUÇÕES PARA
AS DESIGUALDADES
3.1.
RICOS QUEREM EDUCAÇÃO, POBRES QUEREM
EMPREGO
Dentre as soluções para as desigualdades oferecidas em
nosso questionário e ponderadas pelos entrevistados,
destacam-se a oferta de empregos (71%), investimentos
públicos em educação (67%) e a reforma do sistema po-
lítico (61%), seguidas por aumento no investimento pú-
blico em saúde (55%), redistribuição da carga tributária
(25%) e expansão da assistência social (16%) – dados
do Gráfico 21. Trata-se de uma espécie de espelho das
respostas sobre as causas das desigualdades, que se-
guiram a mesma linha.
Aqui, novamente é visível como a população apresenta
percepções coerentes sobre as desigualdades, apon-
tando saídas que são corroboradas por diversos estudos
sobre o tema. As políticas trabalhistas foram responsá-
veis pela maior parte da queda do índice de Gini de ren-
da na primeira década de 200012
, e os gastos públicos
em saúde e educação têm se mostrado também muito
importantes para o aumento da renda de famílias mais
pobres13
. Ademais, não obstante o sistema tributário
receber uma atenção secundária quando se pensa em
soluções para as desigualdades, mudanças na forma de
composição da receita do Estado estão entre as princi-
pais saídas apontadas por 25% dos respondentes.
// Gráfico 21.
“Na sua opinião, dentre as opções nesta lista, qual a principal solução para diminuir a distância
entre os mais ricos e os mais pobres no Brasil? E em 2º lugar? E em 3º lugar?” – população
geral
Fonte: Oxfam Brasil/Datafolha 2017
Nota: Os resultados dos apontamentos das três opções foram agregados neste gráfico
Observando como se posicionam diferentes grupos so-
ciais, como visto no Gráfico 22, vê-se que os maiores
contrastes estão entre as faixas de renda mais alta e
mais baixa. Enquanto a faixa de alta renda (acima de 5
salários mínimos) defende mais a educação (79%) e re-
forma no sistema político (66%) como saídas, a faixa
mais pobre (até um salário mínimo) quer, mais emprego
(74%) e saúde (51%). Há sentido nisso, tanto conside-
rando que o desemprego afeta mais os mais pobres que
os mais ricos, quanto reconhecendo a correlação inversa
entre renda e acesso à saúde pública14
.
Na comparação por sexo, homens querem relativamente
mais educação e reforma no sistema político, e mulhe-
res querem relativamente mais saúde, em que pese as
variações serem pequenas. Na comparação por raça, há
ainda menor variação, com brancos se destacando no
apoio à reforma política, e pretos acreditando mais na
educação. Aumentar a tributação de ricos em relação à
classe média e aos pobres teve apoio em qualquer grupo
analisado.
Fonte: Oxfam Brasil/Datafolha 2017
// Gráficos 22.
“Na sua opinião, dentre as opções nesta lista, qual a principal solução para diminuir a distância
entre os mais ricos e os mais pobres no Brasil? E em 2º lugar? E em 3º lugar?” – por sexo, raça e
renda
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Página - 36
3.2.
COMBATE ÀS DESIGUALDADES É PAPEL DO ESTADO
O Gráfico 23 nos permite afirmar o papel central do Esta-
do no enfrentamento das desigualdades. A pesquisa de-
monstra que existe um amplo apoio (79%) à ideia de que
os governos têm a obrigação de trabalhar para diminuir
as diferenças entre ricos e pobres.
// Gráfico 23.
“Em um país como o Brasil, é obrigação dos
governos diminuírem a diferença entre as
pessoas muito ricas e as pessoas muito
pobres” – população geral
Fonte: Oxfam Brasil/Datafolha 2017
Além de ser necessário para reduzir as desigualdades
entre pessoas, é esperado que os governos atuem para
equalizar as desigualdades regionais, seja pelo nível de
renda e riqueza (Gráfico 24) seja pela oferta de serviços
(Gráfico 25).
No primeiro caso, 82% dos brasileiros acreditam que
“O governo... deve ter como prioridade diminuir a desi-
gualdade entre as regiões mais ricas e as regiões mais
pobres do país”, afirmação com a qual 66% concordam
totalmente e que garante uma ampla maioria que oferece
suporte à ação governamental para a correção de desi-
gualdades regionais.
// Gráfico 24.
“O governo brasileiro deve ter como prioridade diminuir a desigualdade entre as regiões mais
ricas e as regiões mais pobres do país” – população geral
Fonte: Oxfam Brasil/Datafolha 2017
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Como demonstra o Gráfico 25, também existe um
amplo apoio à ação governamental no sentido de
oferecer serviços básicos em todas as regiões,
especialmente aquelas com serviços ruins. Novamente,
82% dos respondentes acreditam que “o governo
deve transferir dinheiro público para que os Estados
com serviços públicos ruins ofereçam a mesma
qualidade dos Estados que têm serviços públicos bons”,
afirmação com a qual duas em cada três pessoas
concordam totalmente.
// Gráfico 25.
“O governo deve transferir dinheiro público
para que os Estados com serviços públicos
ruins ofereçam a mesma qualidade dos
Estados que têm serviços públicos bons” –
população geral
Fonte: Oxfam Brasil/Datafolha 2017
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Página - 39
3.3.
AUMENTO DE IMPOSTOS? SIM, PARA OS MUITO
RICOS
Via de regra, brasileiros são contra o aumento de im-
postos. Este é um assunto árido, que fica de lado em
debates mais comuns sobre desigualdades. A própria
valorização do sistema tributário como solução às desi-
gualdades é subestimada, como apontou esta pesquisa,
anteriormente.
De acordo com o Gráfico 26, 75% dos brasileiros são con-
tra o aumento geral de impostos para o financiamento do
Estado. Trata-se de nível semelhante ao observado em
outras pesquisas, onde esta mesma pergunta foi reali-
zada15
.
// Gráfico 26.
“O governo deve aumentar mais os impostos em geral para garantir melhor educação, mais
saúde e mais moradia para os que precisam” – população geral
Fonte: Oxfam Brasil/Datafolha 2017
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Página - 40
Quando consultamos a população sobre a cobrança
maior de impostos especificamente de pessoas muito
ricas, o cenário se inverte, como mostra o Gráfico 27.
O expressivo número de 71% dos entrevistados apoia o
aumento de impostos para pessoas muito ricas, desmis-
tificando a ideia de que o brasileiro é anti-impostos “por
princípio”.
Ao mesmo tempo, vale relembrar que, como vimos ante-
riormente, a maioria dos brasileiros não se acha perten-
cente ao grupo dos “muito ricos” (e de fato não o são,
seja no caso desta pesquisa, seja no universo maior da
população), ainda que não delimitemos este grupo de
maneira objetiva. De qualquer forma, isto implica inter-
pretar que o apoio ao aumento de impostos existe en-
quanto ele não seja sobre o próprio entrevistado.
Fonte: Oxfam Brasil/Datafolha 2017
// Gráfico 27.
“O governo deve aumentar os impostos somente de pessoas muito ricas para garantir melhor
educação, mais saúde e mais moradia para os que precisam” – população geral
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Página - 41
Assim como o apoio geral da tributação de pessoas mui-
to ricas, existe amplo apoio ao conceito de progressivi-
dade. Isto é importante ser destacado, dado que o im-
posto de renda não é inteiramente progressivo, sendo
extremamente benevolente com super-ricos. Conforme
mostra o Gráfico 28, 71% dos brasileiros acreditam que
quanto mais rico, maior deve ser a proporção do imposto
pago.
// Gráfico 28.
“Quem ganha mais deve pagar uma taxa maior
de impostos do que quem ganha menos” –
população geral
Fonte: Oxfam Brasil/Datafolha 2017
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Por fim, testamos a aderência à ideia de redistribuição
da carga tributária, tema central na redução de desi-
gualdades no Brasil. Como se sabe, o peso dos tributos
indiretos é bastante alto no sistema tributário nacional,
o que acaba por onerar mais quem ganha menos16
.
O que o Gráfico 29, nos mostra é um apoio geral – 72%
dos brasileiros – à redução da carga indireta e aumento
da carga direta sobre pessoas muito ricas, duas corre-
ções simultâneas que qualquer reforma tributária de-
veria ter como princípio para que o sistema corrija suas
injustiças.
// Gráfico 29.
“O governo deveria diminuir os impostos sobre os produtos e serviços que a população consome
e compensar a diferença com aumento de impostos sobre a renda dos mais ricos” – população
geral
Fonte: Oxfam Brasil/Datafolha 2017
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Página - 43
NÓS E AS DESIGUALDADES
Esta pesquisa é um ponto de partida para a
proposição de agendas para a redução de
desigualdades que se apoiem nas percepções dos
brasileiros. Por meio dela, a Oxfam Brasil tem a
intenção de manter alimentado um debate público
necessário e urgente sobre a redução de
desigualdades, oferecendo mais conteúdo para
a sociedade civil organizada, formuladores de
política pública, políticos, acadêmicos e interessados
em geral.
Por fim, reiteramos nossa agenda, que ganha ainda
mais relevância e urgência com base nos apontamentos
des-ta pesquisa. Este apoio é refletido em cada um dos
seis eixos que compõem nosso roteiro para a redução
de de-sigualdades, apresentados recentemente em
nosso relatório já mencionado.
O Brasil é um dos países mais desiguais do planeta17
. A
má distribuição de renda, patrimônio e serviços essen-
ciais marca a forma pela qual se organiza nossa
socie-dade, e representa hoje o maior desafio de nosso
tempo.
Como expusemos em nosso relatório “A Distância
que Nos Une”, 5% da população tem a mesma fatia da
renda nacional que os demais 95%18
, e um trabalhador
que vive de um salário mínimo levaria 19 anos para
ganhar o mes-mo que uma pessoa do 0,1% mais rico
ganha em um mês, em média19
. Quase metade de todo o
patrimônio nacional está nas mãos do topo da pirâmide
social (1%), e o aces-so a água e a esgoto varia
proporcionalmente ao valor da renda média dos
brasileiros.
A pesquisa Oxfam Brasil/Datafolha atesta que essas di-
ferenças não passam desapercebidas. Nós sentimos as
desigualdades, entendemos algumas de suas principais
causas imediatas e somos assertivos no apontamento
de suas soluções. Por meio dessas posições, reafirma-
mos alguns valores que permeiam as atitudes de
brasileiras e brasileiros.
Somos uma sociedade que identifica a necessidade de
justiça social. Acreditamos no mérito, mas não
alienamos o Estado do cumprimento de seu papel chave
de redistribuição de renda e serviços básicos.
Acreditamos no trabalho, e nesse campo, conseguimos
enxergar a discriminação de mulheres e o racismo contra
a população negra como barreiras a serem superadas.
Ao mesmo tempo, sofremos com a chaga da corrupção,
que ocupa um grande espaço na agenda pública
atualmente. Temos dúvidas sobre o que é desigualdade,
particularmente em reconhecer o papel estruturante da
discriminação de gênero e do racismo na construção de
abismos que nos separa como sociedade, e não temos
a real dimensão da concentração de renda e
patrimônio no país. Aqui residem alguns de nossos de-
safios.
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Página - 44
TRIBUTAÇÃO
Os brasileiros se mostram dispostos a apoiar mudanças
no sistema tributário que impliquem seu aumento de
progressividade, desonerando a classe média e os mais
pobres em prol de uma maior tributação da renda dos su-
per-ricos. Desta forma, reiteramos nossa posição a favor
da(o):
•	 Diminuição da incidência de tributos indiretos;
•	 Aumento dos tributos diretos;
•	 Aumento do peso da tributação sobre patrimônio
na arrecadação total;
•	 Aumento da progressividade do IRPF para as ca-
madas de rendas mais altas, criando faixas e res-
pectivas alíquotas;
•	 Eliminação dos juros sobre capital próprio;
•	 Fim da isenção sobre lucros e dividendos distri-
buídos;
•	 Avanço no combate a mecanismos de evasão e
elisão fiscal e;
•	 Fim de paraísos fiscais.
GASTOS SOCIAIS
A pesquisa Oxfam Brasil/Datafolha 2017 reforçou o pa-
pel do Estado no combate às desigualdades, bem como
apontou o investimento público em saúde, educação e
assistência social como soluções na redução de desi-
gualdades. A Oxfam Brasil defende:				
• Orçamentos públicos das três esferas – federal,
estadual e municipal – com recursos adequados
para políticas sociais, e que governos os execu-
tem;
• Expansão de gastos públicos em educação, saú-
de, assistência social, saneamento, habitação e
transporte público;
• Revisão do teto de gastos imposto pela Emenda
Constitucional 95 e;
• Medidas que melhorem a qualidade do gasto pú-
blico, tornando-o mais transparente, mais efi-
ciente, mais progressivo e com efetiva participa-
ção social.
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Página - 45
EDUCAÇÃO
O presente estudo indica que brasileiros percebem edu-
cação como uma das causas principais das desigualda-
des, bem como uma de suas mais importantes soluções.
A Oxfam Brasil acredita que este é, de fato, um dos ca-
minhos fundamentais para a superação das distâncias
sociais e econômicas estruturais no país, e portanto de-
fende:
•	 Drástico aumento na oferta de vagas em creches
e escolas infantis, tanto pelo efeito educacional
na criança quanto pelo papel de inclusão da mu-
lher no mercado de trabalho;
•	 Priorização de políticas sobre a preocupante eva-
são escolar – sobretudo de jovens negros – e a
baixa qualidade do ensino público no País;
•	 Aumento do alcance do ensino superior, sobretu-
do para jovens negros e de baixa renda e;
•	 Implementação do Plano Nacional de Educação –
PNE.
	
•	 Políticas afirmativas para reverter o quadro de
discriminação e violência;
•	 Inserção em ambientes excludentes (universida-
des, serviço público, mercado de trabalho, espe-
cialmente cargos de direção em empresas, entre
outros);
•	 Combate à violência institucional (sobretudo a
violência de policiais contra jovens negros, e a
violência no atendimento à saúde da mulher ne-
gra) e;
•	 A inclusão da igualdade de gênero e valorização
das diversidades nas políticas públicas, como
base fundamental para a superação da discrimi-
nação racial, de gênero e outras.
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Página - 46
MERCADO DE
TRABALHO
O desemprego é percebido como a principal causa das
desigualdades, e também o terreno onde está a princi-
pal solução. Em relação ao mercado de trabalho, a Oxfam
Brasil defende:
•	 Direito ao exercício do trabalho decente no Brasil;
•	 A revisão da recentemente aprovada reforma tra-
balhista, onde ela significou a perda de direitos
•	 Salário mínimo em aumento contínuo em termos
reais
DEMOCRACIA
Corrupção e reforma política são um problema e solução
que uma imensa parte dos brasileiros apontou em nossa
pesquisa. Sem uma democracia funcional, não é possível
reduzir desigualdades. Desta forma, a Oxfam Brasil de-
fende:
•	 Mecanismos de prestação de contas e transpa-
rência, incluindo uma efetiva regulação da ativi-
dade de lobby e o fortalecimento das instâncias
de participação da sociedade civil;
•	 Combate à corrupção, algo central para o fortale-
cimento do poder público como agente de redis-
tribuição de renda, riqueza e serviços;
•	 Mudanças no sistema político, em debate amplo
com a sociedade, no sentido de aprofundar nossa
democracia, possibilitando a concretização das
suas três dimensões, representativa, participati-
va e direta.
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ANEXO 1 – MARGENS DE ERRO
AMOSTRA MARGEM DE ERRO
POPULAÇÃO GERAL 2%
SEXO
MASCULINO	 3%
FEMININO 3%
RAÇA
BRANCO 4%
PARDO 3%
PRETO 5%
RENDA
MAIS DE 5 SALÁRIOS MÍNIMOS 10%
ATÉ 1 SALÁRIO MÍNIMO 3%
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ANEXO 2 – ESPECIFICAÇÕES DA AMOSTRA
SEXO
MULHERES 52%
HOMENS 48%
IDADE
16 A 24 ANOS 19%
25 A 34 ANOS 20%
35 A 44 ANOS 19%
45 A 59 ANOS 23%
60 ANOS OU MAIS 18%
ESCOLARIDADE
FUNDAMENTAL 34%
MÉDIO 45%
SUPERIOR 20%
COR
PARDA 43%
BRANCA 34%
PRETA 17%
AMARELA 4%
INDÍGENA 2%
REGIÃO
NORTE 7%
NORDESTE 27%
CENTRO-OESTE 8%
SUDESTE 43%
SUL 15%
NATUREZA DO MUNICÍPIO
CAPITAL 25%
OUTROS METROPOLITANOS 17%
INTERIOR 58%
PORTE DO MUNICÍPIO
PEQUENO 31%
MÉDIO 38%
GRANDE 31%
ANEXO 3 – QUESTIONÁRIO
P.1 Você ou outra pessoa que mora em sua casa recebe regularmente... [ACEITAR RESPOSTA
MÚLTIPLA]
(PARA CADA BENEFÍCIO QUE RECEBE) Qual o valor em reais?
SIM NAO ANOTE O VALOR
Aposentadoria, aposentadoria rural, pensão
paga pelo governo
BPC/LOAS (benefício de prestação continuada,
sem 13º)
PETI (Programa de Erradicação do Trabalho
Infantil)
Programa Bolsa Família
Seguro-desemprego
Dinheiro de programas sociais que não o bolsa
família
Recebe algum outro benefício do governo?
P.2. Na sua opinião, o que é desigualdade?
P.3 Em uma escala de 0 a 100 em que 1 estão as pessoas com a renda mais baixa do país, ou
seja, os muito pobres, e 100 as pessoas com a renda mais alta do país, ou seja, os muito ricos,
em que posição você se colocaria? (ESTIMULADA E ÚNICA)
P.4 Na sua opinião, quanto você precisa ganhar por mês para fazer parte dos 10% mais ricos do
Brasil? (ESTIMULADA E ÚNICA)
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P.5 Vou ler algumas frases e gostaria que você me dissesse se concorda ou discorda de
cada uma delas (LEIA CADA ITEM). Você concorda ou discorda? (SE CONCORDA OU DISCORDA)
Totalmente ou em parte? (ESTIMULADA E ÚNICA – APLICAR RODÍZIO)
RODÍZIO
Concor-
da total-
mente
Con-
corda
em
parte
Nem
con-
corda,
nem
discor-
da
Discor-
da em
parte
Discorda
total-
mente
Não
sabe
(Esp.)
a
No Brasil poucas pessoas ganham muito
dinheiro e muitas pessoas ganham pouco
dinheiro
b
Em um país como o Brasil, é obrigação dos
governos diminuir a diferença entre as pes-
soas muito ricas e as pessoas muito pobres20
c
No Brasil, uma criança de família pobre que
consegue estudar tem a mesma chance de
ter uma vida bem-sucedida que uma criança
nascida em uma família rica
d
No Brasil, uma pessoa de família pobre e que
trabalha muito tem a mesma chance de ter
uma vida bem-sucedida que uma pessoa
nascida rica e que trabalha muito
e
O governo brasileiro deve ter como prioridade
diminuir a desigualdade entre as regiões mais
ricas e as regiões mais pobres do país
f
O governo deve transferir dinheiro público
para que os Estados com serviços públicos
ruins ofereçam a mesma qualidade dos Esta-
dos que têm serviços públicos bons
g
A diferença entre os mais ricos e os mais po-
bres no Brasil diminuiu nos últimos anos
h
Nos próximos anos, a diferença entre os mais
ricos e os mais pobres irá diminuir no Brasil
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P6. Novamente vou ler algumas frases e gostaria que você me dissesse se concorda ou discorda
de cada uma delas (LEIA CADA ITEM). Você concorda ou discorda? (SE CONCORDA OU DISCORDA)
Totalmente ou em parte? (ESTIMULADA E ÚNICA - APLICAR RODÍZIO NOS ITENS C, D, E, F)
RODÍZIO
Concor-
da total-
mente
Con-
corda
em
parte
Nem
con-
corda,
nem
discor-
da
Discor-
da em
parte
Discorda
total-
mente
Não
sabe
(Esp.)
a
Os governos devem aumentar mais os im-
postos para garantir melhor educação, mais
saúde e mais moradia para os que precisam
b
O governo federal deve aumentar os impostos
de pessoas muito ricas para garantir melhor
educação, mais saúde e mais moradia para
os que precisam
c
Quem ganha mais deve pagar uma taxa maior
de impostos do que quem ganha menos
d
O governo deveria diminuir os impostos sobre
os produtos e serviços que a população con-
some e compensar a diferença com aumento
de impostos sobre a renda dos mais ricos
e
Negros ganham menos que brancos no mer-
cado de trabalho pelo fato de serem negros
f
Mulheres ganham menos do que homens no
mercado de trabalho por serem mulheres
P7. Agora eu gostaria que você falasse sobre os principais problemas do país hoje. Qual o
problema mais grave entre...? (ESTIMULADA E ÚNICA – APLICAR RODÍZIO)
Desigualdade Pobreza Os 2 são graves [ESP.] NS NR
Desigualdade e Pobreza
Desigualdade Corrupção Os 2 são graves [ESP.] NS NR
Desigualdade e Corrupção
Educação Violência Os 2 são graves [ESP.] NS NR
Educação e Violência
Educação Saúde Os 2 são graves [ESP.] NS NR
Educação e Saúde
Educação Desemprego Os 2 são graves [ESP.] NS NR
Educação e Desemprego
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Violência Saúde Os 2 são graves [ESP.] NS NR
Violência e Saúde
Violência Desemprego Os 2 são graves [ESP.] NS NR
Violência e desemprego
Saúde Desemprego Os 2 são graves [ESP.] NS NR
Saúde e desemprego
P.8 Na sua opinião, as medidas que estão sendo tomadas neste momento pelo governo federal
irão aumentar, diminuir ou não irão alterar a distância entre os mais ricos e os mais pobres no
Brasil?
1 Irão aumentar 2 Irão diminuir 3 Não irão alterar a distância 99 Não sabe
P.9 Na sua opinião, quais as causas da desigualdade de renda no Brasil?
P.10 Considerando uma escala de 1 a 5, onde 1 significa que não contribui e 5 que contribui
muito, quanto a/o (CITE CADA ITEM) contribui para a desigualdade de renda no Brasil:
Não contribui Contribui muito
1. Falta de acesso à educação
2. Falta de vagas no mercado de trabalho
3. Corrupção
4. Instituições políticas que não funcionam
5. Esforço de cada um para obter sua renda
6. Falta de acesso à saúde
P.11 Na sua opinião, dentre as opções nesta lista (APRESENTE CARTÃO 1), qual a principal
solução para diminuir a distância entre os mais ricos e os mais pobres no Brasil? E em 2º lugar?
E em 3º lugar?
1 Cobrar dos ricos uma taxa maior de impostos do que a cobrada dos pobres e da classe média
2 Investimento público em saúde
3 Investimento público em educação
4 Investimento público em assistência social, como Bolsa Família, por exemplo
5 Aumento da oferta de empregos
6 Reforma no sistema político
98 Outra _________________
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NOTAS
1	 A explicação da metodologia foi retirada do documento final
produzido pelo Instituto Datafolha. Todas as informações me-
todológicas têm tal documento como fonte.
2	 Cálculo da Oxfam Brasil, com base nos dados da Pnad 2015,
apresentado no relatório “A distância que nos une: um retrato
das desigualdades brasileiras”, Oxfam Brasil, setembro 2017.
3	 IPEA/Retratos da Desigualdade de Gênero e Raça. Série histó-
rica de renda total da população maior de 10 anos, 1995-2015,
baseada nas Pnad anuais.
4	Ibid.
5	 Cálculo da Oxfam Brasil, com base nos dados da Pnad 2015,
apresentado no relatório “A distância que nos une: um retrato
das desigualdades brasileiras”, Oxfam Brasil, setembro 2017.
6	Ibid.
7	 O questionário do Instituto Datafolha levanta dois tipos de in-
formação – a renda individual (declarada pelo entrevistado,
por meio da escolha de faixa na qual se insere), e a renda fa-
miliar (captada pelo mesmo critério). Não é possível, portanto,
aferir a renda familiar per capita, tal como faz a PNAD. Desta
forma, consideramos prioritariamente a renda individual de-
clarada do entrevistado.
8	 Cálculo da Oxfam Brasil, com base nos dados da Pnad 2015 e
no valor atualizado do salário mínimo atual, de R$ 937,00.
9	 MORGAN, M. 2017. “Extreme and persistent inequality: New ev-
idence for Brazil Combining National accounts, surveys and
fiscal data, 2001-2015”. WID Working Paper Series n. 2017/12.
10	 ARRETCHE, M. 2015. “Trazendo o conceito de cidadania de vol-
ta: a propósito das desigualdades territoriais”. In Arretche, M.
“Trajetórias das desigualdades: como o Brasil mudou nos últi-
mos cinquenta anos”. Centro de Estudos da Metrópole – CEM.
Editora Unesp. São Paulo.
11	 Esta talvez seja a causa mais apontada, se considerado o
agrupamento oferecido pelo Datafolha. Ao menos 34% dos
respondentes fizeram indicações que relacionam o caráter e a
ação da classe política e de governos com as desigualdades.
12	 PNUD. 2013. “Humanidad Dividida: cómo hacer frente a la desi-
gualdad en los países en desarrollo.”
13	 SILVEIRA, F. G., FERREIRA, J. 2011. “Equidade fiscal no Brasil:
Impactos Distributivos da Tributação e do Gasto Social”. Ipea.
Comunicado n. 92. Brasília & LUSTIG, N., PESSINO, C., SCOTT, J.
2013. “The impact of taxes and social spending on inequality
and poverty in Argentina, Bolivia, Brazil, Mexico, Peru and Uru-
guay: an overview”. CEQ Working Paper n. 13.
14	 OXFAM BRASIL. 2017. “A distância que nos une: um retrato das
desigualdades brasileiras”.
15	 ARRETCHE, Marta; ARAÚJO, Vitor. “O Brasil tornou-se
mais conservador?”. Revista Novos Estudos, CEBRAP.
Junho de 2017. São Paulo. P. 15-22.
16	 OXFAM BRASIL. 2017. “A distância que nos une: um retrato das
desigualdades brasileiras”.
17	 PNUD. 2017. “Relatório de Desenvolvimento Humano 2016”
18	 MEDEIROS, M., SOUZA, P. H., CASTRO, F. A. 2015. “A estabilidade
da desigualdade de renda no Brasil, 2006 a 2012: estimativa
com dados do imposto de renda e pesquisas domiciliares”.
Revista Ciência e Saúde Coletiva, 20(4): 971-986. Nota: Estudo
recente de Marc Morgan aponta para uma apropriação de 28%
da renda nacional por parte do 1% mais rico.
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Dep.Baptista.Jr - Termo de depoimentoDep.Baptista.Jr - Termo de depoimento
Dep.Baptista.Jr - Termo de depoimento
 

Nota informativa oxfam_datafolha_nos_desigualdades

  • 1.
  • 2. Ficha Técnica Esta Nota Informativa apresenta os principais dados da pesquisa realizada pelo Instituto Datafolha, a pedido da Oxfam Brasil, para identificar as percepções de brasilei- ros e brasileiras sobre as desigualdades. Inclui também as análises e interpretações elaboradas por Rafael Geor- ges, com participação de Jorge Cordeiro e Katia Maia, da equipe da Oxfam Brasil. Agradecemos as contribuições de Marta Arretche, Jean de Souza, Luciana Chong e Ana Beatriz Ferrari. Revisão: Jorge Cordeiro Editoração: Brief Comunicação Publicado em 6 de dezembro de 2017 /oxfambrasil
  • 3. APREsentaÇÃO 4 METODOLOGIA 6 Sumário dos resultados 7 RESULTADOS detalhados 9 1. PERCEPÇÕES SOBRE AS DESIGUALDADES NO BRASIL 10 1.1. DESIGUALDADE É, SOBRETUDO, DIFERENÇA SOCIOECONÔMICA 10 1.2. OS RICOS SÃO “OS OUTROS” 16 1.3. O PESSIMISMO É A REGRA QUANDO O ASSUNTO É DESIGUALDADE 21 2. PERCEPÇÕES SOBRE AS CAUSAS DAS DESIGUALDADES 25 2.1. FALTAM EMPREGO E EDUCAÇÃO. SOBRA CORRUPÇÃO 25 2.2. MÉRITO NÃO EXPLICA DESIGUALDADES 29 2.3. DISCRIMINAÇÃO CONTRA MULHERES E RACISMO CAUSAM DESIGUALDADE 31 3. PERCEPÇÕES SOBRE AS SOLUÇÕES PARA AS DESIGUALDADES 33 3.1. RICOS QUEREM EDUCAÇÃO, POBRES QUEREM EMPREGO 33 3.2. COMBATE ÀS DESIGUALDADES É PAPEL DO ESTADO 36 3.3. AUMENTO DE IMPOSTOS? SIM, PARA OS MUITO RICOS 39 NÓS E AS DESIGUALDADES 43 ANEXO 1 – MARGENS DE ERRO 47 ANEXO 2 – ESPECIFICAÇÕES DA AMOSTRA 48 ANEXO 3 – QUESTIONÁRIO 49 NOTAS 53 ÍNDICE
  • 4. www.oxfam.org.br Página - 4 A pesquisa Oxfam Brasil/Datafolha aqui apresentada se apoia nestes temas para investigar como pensam as brasileiras e brasileiros quando o assunto é desigualda- des. Ela aponta que, via de regra, a população percebe o tema, suas causas e soluções. A imensa distância entre pessoas muito ricas e o restante da sociedade é sentida pelo brasileiro médio, que, ao mesmo tempo, apresenta posições sintonizadas com o que tem apontado diversos estudos aplicados sobre saídas para esse imenso de- safio – reversão de injustiças no sistema tributário, au- mento do gasto social, aumento de oferta de trabalho e correção das desigualdades educacionais, entre outras. Esta percepção é condição fundamental para a mudan- ça. A priorização pública do problema, como visto na pesquisa, é o primeiro passo para que os atores políti- cos (sobretudo parlamentares e tomadores de decisão diversos na sociedade) se movam para propor e aprovar medidas que reduzam as distâncias que marcam nossa sociedade. Mas esta pesquisa também revela grandes desafios para a agenda da redução de desigualdades. O primeiro deles diz respeito à subestimação das diferenças sociais no País - não obstante enxerguemos a existência das de- sigualdades, ainda não a dimensionamos corretamente, julgando-a menor do que realmente é. Por conta disso, uma parcela grande da sociedade não consegue se lo- calizar na pirâmide social nem perceber o tamanho da concentração de renda e riqueza que existe no país. Além disso, a discriminação de gênero e raça precisam ser melhor compreendidas. Uma parcela ainda demasia- do pequena da sociedade prioriza estes temas quando o assunto é desigualdades, percepção que contrasta com a realidade de um país profundamente racista e machis- ta como o nosso. Ao mesmo tempo, cerca de metade da população reconhece a existência da exclusão econômi- ca por sexo e por raça, algo que tem efeitos na renda e nas desigualdades em geral. Reconhecer que construí- mos uma sociedade com cidadãos e cidadãs de primeira e segunda categoria faz-se necessário para que pos- samos reverter essa realidade. APREsentaÇÃO Passado um período histórico no qual dedicamos boa parte da atenção pública ao combate à pobreza, nos ve- mos em meio ao desafio estrutural das inaceitáveis de- sigualdades sociais brasileiras. Além de serem um pro- blema em si, as desigualdades são barreiras ao acesso a direitos básicos, fomentam a violência e impedem a própria superação da pobreza no longo prazo. Diferen- ças extremas entre grupos sociais jogam contra a nossa economia, e são solo fértil para instabilidades políticas. A Oxfam Brasil tem seu foco central de trabalho nas de- sigualdades do nosso país. Por aqui, a concentração de renda, o patrimônio e os serviços essenciais nas mãos de poucos chegam a níveis extremos, nos colocando como o 10º pior país no mundo, segundo o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). Esta con- dição é resultado de escolhas feitas ao longo de nossa história, via de regra, pelas elites políticas e econômicas que compõem o topo de nossa pirâmide social. Em setembro de 2017, a Oxfam Brasil lançou o relatório “A distância que nos une: um retrato das desigualda- des brasileiras”. Nele, nos debruçamos sobre o estado das diferenças nos níveis de renda, riqueza e acesso a serviços no país, bem como nas políticas públicas que combatem ou retroalimentam estas desigualdades. En- tre as principais conclusões do estudo, estão os fatos de que 5% da população têm a mesma fatia de renda que os outros 95%, e os seis maiores bilionários brasileiros possuem o mesmo patrimônio que a metade mais pobre da população. Contribuem para isso nosso injusto sistema tributário, nossos ainda insuficientes investimentos em saúde e assistência social, e, em particular, nossos desafios históricos para ampliar o acesso à educação pública. Da mesma forma, a discriminação contra mulheres e a população negra representa barreira estrutural na su- peração de desigualdades, algo que nem mesmo boas políticas do passado recente – como as cotas raciais – deram conta de superar. Por fim, há lacunas profundas em nossa democracia, que representam empecilhos para que ela trabalhe em prol de toda a sociedade e não de setores privilegiados.
  • 5. www.oxfam.org.br Página - 5 Ciente dos limites que uma pesquisa de opinião possui, e sem pretender esgotar o debate sobre as atitudes dos brasileiros e brasileiras, esperamos que o material apre- sentado nessa Nota Informativa ofereça boas reflexões sobre os desafios que nos esperam. O Brasil de hoje de- bate suas desigualdades com um aparente interesse em reduzi-las. É preciso transformar esse interesse em realidade. Este é um assunto ainda mais relevante em tempos de mudanças tão profundas no papel do Estado como agende redistributivo. Em meio a gráficos e números, a pesquisa Oxfam Brasil/ Datafolha 2017 fala de pessoas, suas expectativas e opi- niões. Esperamos que seja uma boa contribuição rumo a um Brasil sem desigualdades. Katia Maia Diretora Executiva Oded Grajew Presidente do Conselho Deliberativo
  • 6. www.oxfam.org.brNós e as desigualdades METODOLOGIA Essa pesquisa foi realizada pelo Instituto Datafolha, por meio de abordagem pessoal dos entrevistados em pon- tos de fluxo populacionais1 . Tais abordagens contaram com questionário estruturado, produzido em conjunto com a Oxfam Brasil, e aplicado em pontos de fluxo popu- lacional relevante. A amostra de entrevistados é de 2.025 pessoas em ní- vel nacional, permitindo-se também a leitura por regiões (Sul, Sudeste, Centro-Oeste, Norte e Nordeste). Entre- vistas foram realizadas em 129 municípios de pequeno, médio e grande portes, incluindo regiões metropolitanas e cidades do interior. O período da aplicação das entrevistas foi de 10 a 14 de agosto de 2017. A margem de erro para a amostragem geral é de 2% para mais ou para menos, considerando um nível de confiança de 95%. Outras margens de erro, sob o mesmo nível de confiança, podem ter sido consideradas, conforme a tabela apresentada como anexo 1 desta nota informativa. Por ser uma pesquisa amostral realizada em locais de grande circulação de pessoas, o Datafolha definiu uma amostra que busca refletir o próprio perfil da sociedade brasileira. As especificações da amostra estão no anexo 2. O questionário aplicado teve 11 perguntas, incluindo perguntas abertas, baterias de concordância/discor- dância, e perguntas fechadas. Ele encontra-se dispo- nível no anexo 3, em ordem diversa ao tratamento que demos aos dados. Por fim, os resultados oferecidos pelos recortes de sexo, raça e renda escolhidos para este relatório foram feitos pelo próprio Instituto Datafolha, que tabulou os microda- dos da pesquisa. Página - 6
  • 7. www.oxfam.org.br Página - 7 Sumário dos resultados 39% 88% 58% 81% 8% 47% 2 /3 88% 70% 66% A desigualdade é percebida majoritaria- mente como diferença socioeconômica classificam desigualdade como diferença socioeconômica a classificam como carência de recursos e serviços, segundo maior grupo Os ricos são “os outros” declaram estar entre a metade mais pobre numa escala pobreza-riqueza de 0 a 100 dos brasileiros acreditam serem necessários mais de R$ 20 mil mensais para ser parte dos 10% mais ricos O pessimismo é a regra quando o assunto é desigualdade da população acredita que nada ou pouco mudou no passado recente Duas em cada três pessoas não acreditam que a desigualdade vai cair nos próximos anos dos brasileiros acreditam que as medidas do atual governo não alteram ou pioram a desigualdade no País Corrupção, falta de emprego e de educação são principais causas dos brasileiros acreditam que a corrupção “contribui muito” para as desigualdades o desemprego a educação
  • 8. www.oxfam.org.br Página - 8 “Mérito” não explica desigualdades 60% 57% 71% 75% 79% 55% 46% 67% 71% 61% discordam que pobres que trabalham muito têm iguais oportunidades que ricos não acreditam que crianças pobres com estudo têm oportunidades iguais às de crianças ricas Discriminação contra mulheres e negros têm grande impacto em desigualdades acreditam que mulheres ganham menos por serem mulheres acreditam que negros ganham menos por serem negros Emprego, investimento em educação e reforma do sistema político são as principais soluções dos brasileiros apontam a oferta de emprego como um dos principais mecanismos de combate à desigualdade no caso do investimento em educação para reformas do sistema político Combate às desigualdades é papel do Estado acreditam que o combate às desigualdades é obrigação de governos Aumento de impostos? Sim, para os muito ricos dos brasileiros são contra o aumento geral de impostos para custear políticas sociais são a favor do aumento de impostos para pessoas muito ricas para esses fins
  • 9. www.oxfam.org.br Página - 9 RESULTADOS detalhados O conjunto dos resultados da pesquisa nos permite con- clusões surpreendentes quanto às percepções sobre as desigualdades no Brasil. Via de regra, e de maneiras di- ferentes para diferentes grupos, as desigualdades são bastante sentidas pelos brasileiros. Esta percepção, em alguns casos, acompanha a posição social do entrevis- tado na escala de renda, na sua cor autodeclarada, e em seu sexo autodeclarado. Mas os resultados permitem outras conclusões. Inicialmente, existe uma forte identificação de desi- gualdades com renda. Além disso, as pessoas não se percebem na localização correta da escala de renda, se colocando como mais pobres do que realmente são no conjunto da sociedade. Causas e soluções perpassam pelos mesmos temas: trabalho, educação e corrupção como causa de desigualdades goza do apoio de metade da população. Por fim, a sociedade mantém a expectativa de que governos reduzam a distância entre ricos e pobres, jogando no colo dos muito ricos maior responsabilidade pelo finan- ciamento de políticas sociais. Estas mensagens gerais foram dadas de maneira deta- lhada em cada um dos gráficos que resumem esta pes- quisa. Buscando simplificar a visualização, a Oxfam Brasil fez dois tipos de análise. A primeira trata dos resultados do total amostral, com o universo dos entrevistados. A segunda lança o olhar sobre recortes da amostra, por renda (pessoas que ganham até 1 salário mínimo individualmente versus pessoas que ganham mais de 5 salários mínimos indi- vidualmente), por raça (pretos, pardos e bran- cos) e por sexo (homens e mulheres). Os resultados foram dispostos em três subgrupos: 1. Percepções sobre desigualdades no Brasil; 2. Percep- ções sobre as causas das desigualdades; e 3. Percep- ções sobre as soluções para as desigualdades.
  • 10. www.oxfam.org.br Página - 10 1. PERCEPÇÕES SOBRE AS DESIGUALDADES NO BRASIL 1.1. DESIGUALDADE É, SOBRETUDO, DIFERENÇA SOCIOECONÔMICA Quando apresentada a pergunta “o que é desigualda- de?”, as maiores frequências de resposta dizem respeito às desigualdades socioeconômicas. Destacam-se aque- las que tratam das diferenças de classe social e má dis- tribuição da renda (39% dos respondentes), carência de recursos e serviços (8% dos respondentes), e diferenças na ação do governo e da classe política (7%). Chama a atenção que, agrupadas, as diversas respostas relacionadas às “atitudes pessoais” somam 17% do to- tal, incluindo temas como, por exemplo, a postura de “se achar superior” (5%) ou “não se importar com o próximo” (4%). Por outro lado, 15% dos entrevistados não souberam responder à pergunta, indicando a importância de se fa- zer o debate sobre as desigualdades com o conjunto da sociedade. Além disso, somente 4% citam discriminação racial como uma forma de desigualdade, número de- masiado baixo para uma sociedade tão discriminatória, e apenas 1% cita discriminação sexual, também pouco condizente com nosso contexto social. O Gráfico 1 apre- senta as respostas mais utilizadas. // Gráfico 1. “Pelo que você sabe ou imagina, o que é desigualdade?” – população geral Fonte: Oxfam Brasil/Datafolha 2017 Nota: Pergunta aberta, com múltiplas respostas agrupadas pelo Instituto Datafolha
  • 11. www.oxfam.org.br Página - 11 Detalhando um pouco mais as respostas para a pergun- ta “o que é desigualdade?”, uma expressiva maioria dos entrevistados da faixa de renda de mais de 5 salários mínimos (69%) respondeu “má distribuição de renda” ou correlatos, contra 46% dos que ganham até um salário mínimo por mês. Já nas respostas relacionadas a “atitu- des pessoais”, estas são importantes para pessoas das menores faixas de renda – 20% dos respondentes que ganham até 1 salário mínimo conectam desigualdade a “não se importar com o próximo” ou correlatos, enquanto esse número é de 12% para pessoas com renda superior a 5 salários mínimos. Dentro dos que apontam discriminação racial como causa principal das desigualdades não há grandes va- riações, mas é válido mencionar que o racismo foi mais apontado como desigualdade por pessoas com renda de 1 até salário mínimo (5%) do que por pessoas de renda superior a cinco salários mínimos (1%). Isto é observado no Gráfico 2 . // GráficoS 2. “Pelo que você sabe ou imagina, o que é desigualdade?” – por sexo, raça e faixa de renda
  • 13. www.oxfam.org.br Página - 13 Fonte: Oxfam Brasil/Datafolha 2017 Nota: Pergunta aberta, com múltiplas respostas agrupadas pelo Instituto Datafolha
  • 14. www.oxfam.org.br Página - 14 Considerando a desigualdade mais percebida na ques- tão anterior, a de renda, existe uma alta concordância da população sobre as assimetrias gerais. Do total da amostra, 91% das pessoas percebem que “poucas pes- soas ganham muito dinheiro enquanto muitos ganham pouco”. Destas, 81% concordam totalmente, deixando pouca margem de dúvida acerca do sentimento geral de má distribuição de renda no Brasil. Estes dados são vis- tos no Gráfico3. // Gráfico 3. “No Brasil, poucas pessoas ganham muito dinheiro e muitas pessoas ganham pouco dinheiro” – população geral Fonte: Oxfam Brasil/Datafolha 2017
  • 15. www.oxfam.org.br Página - 15 Considerando os recortes amostrais, no Gráfico 4, é pos- sível observar que pessoas de renda mais baixa tendem a perceber um pouco menos as desigualdades do que pessoas de rendas mais altas, em que pese esta dife- rença ser muito pequena. Em geral, a percepção de alta desigualdade no Brasil é igualmente distribuída entre os diferentes grupos. // Gráfico 4. “No Brasil, poucas pessoas ganham muito dinheiro e muitas pessoas ganham pouco dinheiro” – por sexo, raça e faixa de renda Fonte: Oxfam Brasil/Datafolha 2017
  • 16. www.oxfam.org.br Página - 16 1.2. OS RICOS SÃO “OS OUTROS” A pesquisa aponta uma percepção geral de que a maio- ria da população brasileira vive mais próxima da pobreza do que da riqueza. Para quase metade dos entrevistados (49%), a maior parte dos brasileiros está entre 0 e 25, numa escala de pobreza-riqueza que vai de 0 a 100, ou seja, localizados no quartil mais pobre, conforme visto no Gráfico 5. De fato, esta percepção é corroborada pela realidade. Segundo dados da última Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD) anual, do Instituto Brasileiro de Geo- grafia e Estatística (IBGE), 50% dos brasileiros ganhavam menos de 1 salário mínimo em 2015, e 80% ganhavam até 2 salários mínimos2 . Trata-se de um imenso contingente populacional com renda relativamente baixa, o que au- menta a percepção de que somos uma população majo- ritariamente de “pobres”. // Gráfico 5. “Em uma escala de 0 a 100, em que em 0 estão as pessoas com a renda mais baixa do país, ou seja, os muito pobres, e em 100 as pessoas com a renda mais alta do país, ou seja, os muito ricos, em que posição você colocaria a maioria da população brasileira?” – população geral Fonte: Oxfam Brasil/Datafolha 2017
  • 17. www.oxfam.org.br Página - 17 O descolamento da realidade ocorre quando os entrevis- tados são convidados a se auto posicionarem na esca- la de pobreza-riqueza. A maior parte dos brasileiros se coloca na metade mais pobre da escala – 88% dos en- trevistados acreditam estar entre 0 e 50, e 4 em cada 10 brasileiros dizem ser parte do grupo localizado entre 0 e 25, o quartil mais pobre. Por outro lado, apenas 2% de toda a população se coloca entre os 76 e os 100 na escala, número bastante subestimado, considerando a distribuição de renda do país. Este contraste fica evi- dente no Gráfico 6. // Gráfico 6. “Em uma escala de 0 a 100, na qual em 0 estão as pessoas com a renda mais baixa do país, ou seja, os muito pobres, e em 100 as pessoas com a renda mais alta do país, ou seja, os muito ricos, em que posição você se colocaria?” – população geral Fonte: Oxfam Brasil/Datafolha 2017
  • 18. www.oxfam.org.br Página - 18 Olhando para os recortes amostrais, nota-se uma dife- rença mínima de percepção entre pretos, pardos e bran- cos sobre onde eles se localizam na escala de renda – como mostra o Gráfico 7 –, não obstante pretos e par- dos terem, juntos, renda de apenas 57% do que ganham brancos3 . Na comparação entre homens e mulheres tam- bém há pouca diferença – ainda que mulheres tenham renda geral de apenas 62% da renda de homens4 . Entre pessoas com renda individual de até um salário mí- nimo, e aquelas com renda superior a cinco salários mí- nimos, há diferenças maiores: 90% do primeiro grupo re- lata ser parte da metade mais pobre da escala, enquanto essa proporção é de 68% para o segundo. Ainda assim, apenas 8% das pessoas com renda acima dos 5 salários mínimos se declaram parte do quartil mais alto da escala de pobreza-riqueza. Trata-se de percepção que contrasta com a realidade da concentração de renda brasileira. A faixa dos 20% mais ricos se inicia em uma renda familiar per capita de cerca de dois salários mínimos5 , enquanto seriam necessários apenas três salários mínimos per capita em uma família para que esta faça parte dos 10% mais ricos6 . No caso dos respondentes de renda superior a 5 salários míni- mos, estes se encaixam no grupo dos 10% mais ricos do país, considerada aqui a renda individual7 , e não na metade mais pobre como se declara a maioria dos en- trevistados pelo Datafolha pertencentes à maior faixa de renda da pesquisa. // Gráfico 7. “Em uma escala de 0 a 100, na qual em 0 estão as pessoas com a renda mais baixa do país, ou seja, os muito pobres, e em 100 as pessoas com a renda mais alta do país, ou seja, os muito ricos, em que posição você se colocaria?” – por sexo, raça e faixa de renda Fonte: Oxfam Brasil/Datafolha 2017
  • 19. www.oxfam.org.br Página - 19 Nós e as desigualdades A pesquisa vai nos mostrando como existe uma percep- ção das desigualdades, ao mesmo tempo em que essa mesma percepção subestima o seu tamanho real. Tal in- terpretação é reforçada pela pergunta que trata da renda necessária para integrar os 10% mais ricos do País. Para 67% dos brasileiros, seriam necessários mais de R$ 5 mil mensais para compor os 10% mais ricos, per- cepção que passa ao largo da realidade. Quase metade da população – 47% – acredita serem necessários R$ 20 mil por mês para compor o grupo dos 10% mais ricos, 7 vezes mais do que é realmente necessário8 . Há, também, um grupo importante, de 19% dos respon- dentes, que corta os 10% mais ricos na renda dos R$ 100 mil mensais. Estes dados estão expostos no Gráfico 8. Nesta questão, as percepções se fragmentam bastante nas faixas oferecidas, e ainda há quase um quinto dos respondentes que declararam não saber a renda neces- sária para estar entre os 10% mais ricos. São indicadores de que há muito debate a ser feito para que os brasileiros percebam a dimensão das desigualdades do País. // Gráfico 8. “Pelo que você sabe ou imagina, quanto você precisaria ganhar por mês para fazer parte dos 10% de brasileiros mais ricos do país?” – população geral Fonte: Oxfam Brasil/Datafolha 2017
  • 20. www.oxfam.org.br Página - 20 Para os brasileiros, os ricos são “os outros”. Quanto maior a faixa de renda, maior é a renda necessária para fazer parte dos 10% mais ricos, de acordo com as res- postas dos entrevistados. Essa cascata de projeções fica evidente no Gráfico 9. Apenas 2% dos respondentes com renda superior a 5 salários mínimos acreditam que são necessários até R$ 5 mil para ser parte dos 10% mais ricos, enquanto esta proporção é de 20% para pessoas cuja renda indi- vidual não passa de um salário mínimo. Por outro lado, para 68% dos entrevistados com rendas mais altas, o piso mínimo para adentrar o decil mais rico seria de R$ 20 mil, interpretação de apenas 43% dos brasileiros com baixa renda. // Gráfico 9. “Pelo que você sabe ou imagina, quanto você precisaria ganhar por mês para fazer parte dos 10% de brasileiros mais ricos do país?” – população geral Fonte: Oxfam Brasil/Datafolha 2017
  • 21. www.oxfam.org.br Página - 21 1.3. O PESSIMISMO É A REGRA QUANDO O ASSUNTO É DESIGUALDADE Apesar de avanços recentes no que diz respeito à redu- ção de desigualdades de renda do trabalho, sobretudo aqueles observados na primeira década e meia dos anos 20009 , bem como na oferta de alguns serviços como ener- gia elétrica, água e esgoto10 , ainda existe uma sensação geral de que a desigualdade entre ricos e pobres não di- minuiu nos últimos anos – 58% da população consultada acredita que nada ou pouco mudou. O Gráfico 10 dispõe os dados da população geral em relação à concordância com a afirmação de que a diferença entre ricos e pobres diminuiu recentemente. // Gráfico 10. “A diferença entre os mais ricos e os mais pobres no Brasil diminuiu nos últimos anos” – população geral Fonte: Oxfam Brasil/Datafolha 2017
  • 22. www.oxfam.org.br Página - 22 Ato contínuo, sem enxergar o que melhorou no passa- do, a grande maioria da população brasileira se mostra pouco esperançosa em relação ao futuro. De fato, dois terços dos entrevistados discordaram da afirmação de que a diferença entre ricos e pobres irá diminuir, con- tra 31% de otimistas que acreditam em alguma melhora, como visto no Gráfico 11. Pessoas com rendas mais altas são mais pessimistas. Dentre aqueles que ganham mais de 5 salários mínimos, 77% discordam em algum grau de que haverá redução de desigualdade entre pobres e ricos, contra 61% dentre as pessoas com renda de até um salário mínimo. Esta dife- rença não é observada nos recortes de raça e sexo, em que pese as mulheres serem um pouco mais pessimistas que homens, e brancos menos esperançosos que pretos e pardos. Vide o Gráfico 12. Fonte: Oxfam Brasil/Datafolha 2017 // Gráfico 11. “Nos próximos anos, a diferença entre os mais ricos e os mais pobres irá diminuir no Brasil” – população geral
  • 23. // Gráfico 12. “Nos próximos anos, a diferença entre os mais ricos e os mais pobres irá diminuir no Brasil” – por sexo, raça e faixa de renda Fonte: Oxfam Brasil/Datafolha 2017
  • 24. www.oxfam.org.br Página - 24 O pessimismo geral aumenta se o foco é trazido para o futuro mais imediato. Do total de entrevistados, 88% acreditam que a distância entre ricos e pobres não deve se alterar ou que irá aumentar ainda mais com as atuais medidas tomadas pelo governo federal, conforme de- monstra o Gráfico 13. Por outro lado, apenas 8% acredi- tam que haverá menos desigualdade após a implementa- ção da agenda atual do governo. // Gráfico 13. “Na sua opinião, de modo geral, as medidas que estão sendo tomadas neste momento pelo governo federal irão aumentar, diminuir ou não irão alterar a distância entre os mais ricos e os mais pobres no Brasil?” – população geral Fonte: Oxfam Brasil/Datafolha 2017
  • 25. www.oxfam.org.br Página - 25 2. PERCEPÇÕES SOBRE AS CAUSAS DAS DESIGUALDADES 2.1. FALTAM EMPREGO E EDUCAÇÃO. SOBRA CORRUPÇÃO Quando perguntados sobre as principais causas das de- sigualdades, os brasileiros reunidos na amostra desta pesquisa apontam três grandes temas a serem endere- çados: emprego, educação e corrupção. Como mostra o Gráfico 14, para 22% dos entrevistados, o desemprego está entre as principais causas da desigualdade de ren- da no Brasil, seguido pela falta de educação, com 21%, e prática da corrupção, com 18%11 . Outros apontamentos relevantes são a falta de oportuni- dade, a falta de saúde e o baixo salário mínimo (4% cada um). Por outro lado, nota-se que não há grande identi- ficação de desigualdades com discriminação racial ou carência de recursos e serviços. // Gráfico 14. “Na sua opinião, quais as principais causas da desigualdade de renda no Brasil? Mais alguma?” – população geral Fonte: Oxfam Brasil/Datafolha 2017 Nota: Pergunta aberta, com múltiplas respostas agrupadas pelo Instituto Datafolha
  • 26. www.oxfam.org.br Página - 26 Pessoas com renda superior a 5 salários mínimos dão mais ênfase do que indivíduos de renda de até um salário mínimo, em dois temas: falta de investimentos em educação e corrupção. O contrário ocorre no aponta- mento do desemprego como principal fator, algo defendido mais por pessoas de faixas de renda meno- res do que aqueles de renda mais alta. Os recortes amostrais de sexo e raça apontam pequenas variações, como visto no Gráfico 15. // GráficoS 15. “Na sua opinião, quais as principais causas da desigualdade de renda no Brasil? Mais alguma?” – por sexo, raça e renda
  • 27. www.oxfam.org.br Página - 27 Fonte: Oxfam Brasil/Datafolha 2017
  • 28. www.oxfam.org.br Página - 28 Quando solicitados a darem peso às possíveis causas das desigualdades, nota-se novamente o destaque que a corrupção tem para os entrevistados, seguida do mercado de trabalho e da educação. O Gráfico 16 resu- me esta comparação, revelando que 81% dos brasileiros acreditam que a corrupção “contribui muito” para as de- sigualdades, número que é de 70% para desemprego e 66% para educação. // Gráfico 16. “Considerando uma escala de 1 a 5, onde 1 significa não contribui e 5 contribui muito, quanto, de 1 a 5, a/o (CITE CADA ITEM) contribui para a desigualdade de renda no Brasil” – população geral Fonte: Oxfam Brasil/Datafolha 2017
  • 29. www.oxfam.org.br Página - 29 2.2. MÉRITO NÃO EXPLICA DESIGUALDADES Voltando ao Gráfico 16, é importante notar que o mérito, a despeito de contribuir muito para as desigualdades se- gundo 52% dos entrevistados, é comparativamente me- nos importante do que os demais. Tal constatação nos permite inferir que, para os brasileiros, as desigualdades não são simplesmente produto das diferentes capacida- des e níveis de esforço individual. Isto se confirma nos Gráficos 17 e 18. No primeiro caso, testamos a afirmação de que, por meio de muito esforço de trabalho dos pobres, equipara-se a chance deles terem uma vida tão bem-sucedida quanto a daquelas pessoas nascidas ricas e que também traba- lham muito. Tal máxima foi rechaçada, em algum grau, por 60% dos respondentes, demonstrando que uma maioria de brasileiros não acredita no “esforço pessoal” como saída única para a redução de desigualdades. Essa percepção reforça a importância do papel do Estado. // Gráfico 17. “No Brasil, uma pessoa de família pobre e que trabalha muito tem a mesma chance de ter uma vida bem-sucedida que uma pessoa nascida rica e que também trabalha muito” – população geral Fonte: Oxfam Brasil/Datafolha 2017
  • 30. www.oxfam.org.br Página - 30 Já no Gráfico 18, testamos a hipótese de que, por meio da educação, crianças pobres podem se tornar adultos bem-sucedidos tanto quanto crianças ricas. Uma diferença importante em relação à questão anterior é o papel atribuído à educação como fator chave na determinação de desigualdades, como vimos nas causas e veremos nas soluções. Os resultados apontam que a maioria da população bra- sileira – 55% – não acredita que a educação, sozinha, seja capaz de garantir a igualdade de oportunidade para uma vida igualmente bem-sucedida entre ricos e pobres. Por outro lado, 43% dos respondentes concordam com esta ideia, sendo que 28% concordam totalmente. Se, por um lado, não há uma maioria convincente contra a ideia de meritocracia, por outro, não há suporte majori- tário à ideia de que “basta dar educação”. // Gráfico 18. “No Brasil, uma criança de família pobre que consegue estudar tem a mesma chance de ter uma vida bem-sucedida que uma criança nascida em uma família rica” – população geral Fonte: Oxfam Brasil/Datafolha 2017
  • 31. www.oxfam.org.br Página - 31 2.3. DISCRIMINAÇÃO CONTRA MULHERES E RACISMO CAUSAM DESIGUALDADE Ainda que, conforme apresentado no Gráfico 1, um nú- mero reduzido de 4% considere a discriminação racial como expressão de desigualdade, quase a metade da população (46%) concorda que negros ganham menos por serem negros. Esse dado nos permite dizer que o ra- cismo é percebido como fator que influencia na desigualdade de renda. É o que aponta o Gráfico 19. É interessante notar como nesta questão, mais que nas questões de concordância/discordância anteriores, as opiniões estão localizadas mais aos extremos do espectro. // Gráfico 19. “Negros ganham menos que brancos no mercado de trabalho pelo fato de serem negros” – população geral Fonte: Oxfam Brasil/Datafolha 2017
  • 32. www.oxfam.org.br Página - 32 O mesmo teste foi feito para a discriminação de mulhe- res. Ao contrário do racismo, na população amostral ge- ral existe maior concordância que discordância – 57% concordam que mulheres ganham menos por serem mu- lheres, enquanto 41% discorda. De fato, 44% dos brasi- leiros concordam totalmente com a afirmação, conforme demonstra o Gráfico 20. Fonte: Oxfam Brasil/Datafolha 2017 // Gráfico 20. “Mulheres ganham menos que homens no mercado de trabalho pelo fato de serem mulheres” – população geral
  • 33. www.oxfam.org.br Página - 33 3. PERCEPÇÕES SOBRE AS SOLUÇÕES PARA AS DESIGUALDADES 3.1. RICOS QUEREM EDUCAÇÃO, POBRES QUEREM EMPREGO Dentre as soluções para as desigualdades oferecidas em nosso questionário e ponderadas pelos entrevistados, destacam-se a oferta de empregos (71%), investimentos públicos em educação (67%) e a reforma do sistema po- lítico (61%), seguidas por aumento no investimento pú- blico em saúde (55%), redistribuição da carga tributária (25%) e expansão da assistência social (16%) – dados do Gráfico 21. Trata-se de uma espécie de espelho das respostas sobre as causas das desigualdades, que se- guiram a mesma linha. Aqui, novamente é visível como a população apresenta percepções coerentes sobre as desigualdades, apon- tando saídas que são corroboradas por diversos estudos sobre o tema. As políticas trabalhistas foram responsá- veis pela maior parte da queda do índice de Gini de ren- da na primeira década de 200012 , e os gastos públicos em saúde e educação têm se mostrado também muito importantes para o aumento da renda de famílias mais pobres13 . Ademais, não obstante o sistema tributário receber uma atenção secundária quando se pensa em soluções para as desigualdades, mudanças na forma de composição da receita do Estado estão entre as princi- pais saídas apontadas por 25% dos respondentes. // Gráfico 21. “Na sua opinião, dentre as opções nesta lista, qual a principal solução para diminuir a distância entre os mais ricos e os mais pobres no Brasil? E em 2º lugar? E em 3º lugar?” – população geral Fonte: Oxfam Brasil/Datafolha 2017 Nota: Os resultados dos apontamentos das três opções foram agregados neste gráfico
  • 34. Observando como se posicionam diferentes grupos so- ciais, como visto no Gráfico 22, vê-se que os maiores contrastes estão entre as faixas de renda mais alta e mais baixa. Enquanto a faixa de alta renda (acima de 5 salários mínimos) defende mais a educação (79%) e re- forma no sistema político (66%) como saídas, a faixa mais pobre (até um salário mínimo) quer, mais emprego (74%) e saúde (51%). Há sentido nisso, tanto conside- rando que o desemprego afeta mais os mais pobres que os mais ricos, quanto reconhecendo a correlação inversa entre renda e acesso à saúde pública14 . Na comparação por sexo, homens querem relativamente mais educação e reforma no sistema político, e mulhe- res querem relativamente mais saúde, em que pese as variações serem pequenas. Na comparação por raça, há ainda menor variação, com brancos se destacando no apoio à reforma política, e pretos acreditando mais na educação. Aumentar a tributação de ricos em relação à classe média e aos pobres teve apoio em qualquer grupo analisado. Fonte: Oxfam Brasil/Datafolha 2017 // Gráficos 22. “Na sua opinião, dentre as opções nesta lista, qual a principal solução para diminuir a distância entre os mais ricos e os mais pobres no Brasil? E em 2º lugar? E em 3º lugar?” – por sexo, raça e renda
  • 36. www.oxfam.org.br Página - 36 3.2. COMBATE ÀS DESIGUALDADES É PAPEL DO ESTADO O Gráfico 23 nos permite afirmar o papel central do Esta- do no enfrentamento das desigualdades. A pesquisa de- monstra que existe um amplo apoio (79%) à ideia de que os governos têm a obrigação de trabalhar para diminuir as diferenças entre ricos e pobres. // Gráfico 23. “Em um país como o Brasil, é obrigação dos governos diminuírem a diferença entre as pessoas muito ricas e as pessoas muito pobres” – população geral Fonte: Oxfam Brasil/Datafolha 2017
  • 37. Além de ser necessário para reduzir as desigualdades entre pessoas, é esperado que os governos atuem para equalizar as desigualdades regionais, seja pelo nível de renda e riqueza (Gráfico 24) seja pela oferta de serviços (Gráfico 25). No primeiro caso, 82% dos brasileiros acreditam que “O governo... deve ter como prioridade diminuir a desi- gualdade entre as regiões mais ricas e as regiões mais pobres do país”, afirmação com a qual 66% concordam totalmente e que garante uma ampla maioria que oferece suporte à ação governamental para a correção de desi- gualdades regionais. // Gráfico 24. “O governo brasileiro deve ter como prioridade diminuir a desigualdade entre as regiões mais ricas e as regiões mais pobres do país” – população geral Fonte: Oxfam Brasil/Datafolha 2017
  • 38. www.oxfam.org.br Página - 38 Como demonstra o Gráfico 25, também existe um amplo apoio à ação governamental no sentido de oferecer serviços básicos em todas as regiões, especialmente aquelas com serviços ruins. Novamente, 82% dos respondentes acreditam que “o governo deve transferir dinheiro público para que os Estados com serviços públicos ruins ofereçam a mesma qualidade dos Estados que têm serviços públicos bons”, afirmação com a qual duas em cada três pessoas concordam totalmente. // Gráfico 25. “O governo deve transferir dinheiro público para que os Estados com serviços públicos ruins ofereçam a mesma qualidade dos Estados que têm serviços públicos bons” – população geral Fonte: Oxfam Brasil/Datafolha 2017
  • 39. www.oxfam.org.br Página - 39 3.3. AUMENTO DE IMPOSTOS? SIM, PARA OS MUITO RICOS Via de regra, brasileiros são contra o aumento de im- postos. Este é um assunto árido, que fica de lado em debates mais comuns sobre desigualdades. A própria valorização do sistema tributário como solução às desi- gualdades é subestimada, como apontou esta pesquisa, anteriormente. De acordo com o Gráfico 26, 75% dos brasileiros são con- tra o aumento geral de impostos para o financiamento do Estado. Trata-se de nível semelhante ao observado em outras pesquisas, onde esta mesma pergunta foi reali- zada15 . // Gráfico 26. “O governo deve aumentar mais os impostos em geral para garantir melhor educação, mais saúde e mais moradia para os que precisam” – população geral Fonte: Oxfam Brasil/Datafolha 2017
  • 40. www.oxfam.org.br Página - 40 Quando consultamos a população sobre a cobrança maior de impostos especificamente de pessoas muito ricas, o cenário se inverte, como mostra o Gráfico 27. O expressivo número de 71% dos entrevistados apoia o aumento de impostos para pessoas muito ricas, desmis- tificando a ideia de que o brasileiro é anti-impostos “por princípio”. Ao mesmo tempo, vale relembrar que, como vimos ante- riormente, a maioria dos brasileiros não se acha perten- cente ao grupo dos “muito ricos” (e de fato não o são, seja no caso desta pesquisa, seja no universo maior da população), ainda que não delimitemos este grupo de maneira objetiva. De qualquer forma, isto implica inter- pretar que o apoio ao aumento de impostos existe en- quanto ele não seja sobre o próprio entrevistado. Fonte: Oxfam Brasil/Datafolha 2017 // Gráfico 27. “O governo deve aumentar os impostos somente de pessoas muito ricas para garantir melhor educação, mais saúde e mais moradia para os que precisam” – população geral
  • 41. www.oxfam.org.br Página - 41 Assim como o apoio geral da tributação de pessoas mui- to ricas, existe amplo apoio ao conceito de progressivi- dade. Isto é importante ser destacado, dado que o im- posto de renda não é inteiramente progressivo, sendo extremamente benevolente com super-ricos. Conforme mostra o Gráfico 28, 71% dos brasileiros acreditam que quanto mais rico, maior deve ser a proporção do imposto pago. // Gráfico 28. “Quem ganha mais deve pagar uma taxa maior de impostos do que quem ganha menos” – população geral Fonte: Oxfam Brasil/Datafolha 2017
  • 42. www.oxfam.org.br Página - 42 Por fim, testamos a aderência à ideia de redistribuição da carga tributária, tema central na redução de desi- gualdades no Brasil. Como se sabe, o peso dos tributos indiretos é bastante alto no sistema tributário nacional, o que acaba por onerar mais quem ganha menos16 . O que o Gráfico 29, nos mostra é um apoio geral – 72% dos brasileiros – à redução da carga indireta e aumento da carga direta sobre pessoas muito ricas, duas corre- ções simultâneas que qualquer reforma tributária de- veria ter como princípio para que o sistema corrija suas injustiças. // Gráfico 29. “O governo deveria diminuir os impostos sobre os produtos e serviços que a população consome e compensar a diferença com aumento de impostos sobre a renda dos mais ricos” – população geral Fonte: Oxfam Brasil/Datafolha 2017
  • 43. www.oxfam.org.br Página - 43 NÓS E AS DESIGUALDADES Esta pesquisa é um ponto de partida para a proposição de agendas para a redução de desigualdades que se apoiem nas percepções dos brasileiros. Por meio dela, a Oxfam Brasil tem a intenção de manter alimentado um debate público necessário e urgente sobre a redução de desigualdades, oferecendo mais conteúdo para a sociedade civil organizada, formuladores de política pública, políticos, acadêmicos e interessados em geral. Por fim, reiteramos nossa agenda, que ganha ainda mais relevância e urgência com base nos apontamentos des-ta pesquisa. Este apoio é refletido em cada um dos seis eixos que compõem nosso roteiro para a redução de de-sigualdades, apresentados recentemente em nosso relatório já mencionado. O Brasil é um dos países mais desiguais do planeta17 . A má distribuição de renda, patrimônio e serviços essen- ciais marca a forma pela qual se organiza nossa socie-dade, e representa hoje o maior desafio de nosso tempo. Como expusemos em nosso relatório “A Distância que Nos Une”, 5% da população tem a mesma fatia da renda nacional que os demais 95%18 , e um trabalhador que vive de um salário mínimo levaria 19 anos para ganhar o mes-mo que uma pessoa do 0,1% mais rico ganha em um mês, em média19 . Quase metade de todo o patrimônio nacional está nas mãos do topo da pirâmide social (1%), e o aces-so a água e a esgoto varia proporcionalmente ao valor da renda média dos brasileiros. A pesquisa Oxfam Brasil/Datafolha atesta que essas di- ferenças não passam desapercebidas. Nós sentimos as desigualdades, entendemos algumas de suas principais causas imediatas e somos assertivos no apontamento de suas soluções. Por meio dessas posições, reafirma- mos alguns valores que permeiam as atitudes de brasileiras e brasileiros. Somos uma sociedade que identifica a necessidade de justiça social. Acreditamos no mérito, mas não alienamos o Estado do cumprimento de seu papel chave de redistribuição de renda e serviços básicos. Acreditamos no trabalho, e nesse campo, conseguimos enxergar a discriminação de mulheres e o racismo contra a população negra como barreiras a serem superadas. Ao mesmo tempo, sofremos com a chaga da corrupção, que ocupa um grande espaço na agenda pública atualmente. Temos dúvidas sobre o que é desigualdade, particularmente em reconhecer o papel estruturante da discriminação de gênero e do racismo na construção de abismos que nos separa como sociedade, e não temos a real dimensão da concentração de renda e patrimônio no país. Aqui residem alguns de nossos de- safios.
  • 44. www.oxfam.org.br Página - 44 TRIBUTAÇÃO Os brasileiros se mostram dispostos a apoiar mudanças no sistema tributário que impliquem seu aumento de progressividade, desonerando a classe média e os mais pobres em prol de uma maior tributação da renda dos su- per-ricos. Desta forma, reiteramos nossa posição a favor da(o): • Diminuição da incidência de tributos indiretos; • Aumento dos tributos diretos; • Aumento do peso da tributação sobre patrimônio na arrecadação total; • Aumento da progressividade do IRPF para as ca- madas de rendas mais altas, criando faixas e res- pectivas alíquotas; • Eliminação dos juros sobre capital próprio; • Fim da isenção sobre lucros e dividendos distri- buídos; • Avanço no combate a mecanismos de evasão e elisão fiscal e; • Fim de paraísos fiscais. GASTOS SOCIAIS A pesquisa Oxfam Brasil/Datafolha 2017 reforçou o pa- pel do Estado no combate às desigualdades, bem como apontou o investimento público em saúde, educação e assistência social como soluções na redução de desi- gualdades. A Oxfam Brasil defende: • Orçamentos públicos das três esferas – federal, estadual e municipal – com recursos adequados para políticas sociais, e que governos os execu- tem; • Expansão de gastos públicos em educação, saú- de, assistência social, saneamento, habitação e transporte público; • Revisão do teto de gastos imposto pela Emenda Constitucional 95 e; • Medidas que melhorem a qualidade do gasto pú- blico, tornando-o mais transparente, mais efi- ciente, mais progressivo e com efetiva participa- ção social.
  • 45. www.oxfam.org.br Página - 45 EDUCAÇÃO O presente estudo indica que brasileiros percebem edu- cação como uma das causas principais das desigualda- des, bem como uma de suas mais importantes soluções. A Oxfam Brasil acredita que este é, de fato, um dos ca- minhos fundamentais para a superação das distâncias sociais e econômicas estruturais no país, e portanto de- fende: • Drástico aumento na oferta de vagas em creches e escolas infantis, tanto pelo efeito educacional na criança quanto pelo papel de inclusão da mu- lher no mercado de trabalho; • Priorização de políticas sobre a preocupante eva- são escolar – sobretudo de jovens negros – e a baixa qualidade do ensino público no País; • Aumento do alcance do ensino superior, sobretu- do para jovens negros e de baixa renda e; • Implementação do Plano Nacional de Educação – PNE. • Políticas afirmativas para reverter o quadro de discriminação e violência; • Inserção em ambientes excludentes (universida- des, serviço público, mercado de trabalho, espe- cialmente cargos de direção em empresas, entre outros); • Combate à violência institucional (sobretudo a violência de policiais contra jovens negros, e a violência no atendimento à saúde da mulher ne- gra) e; • A inclusão da igualdade de gênero e valorização das diversidades nas políticas públicas, como base fundamental para a superação da discrimi- nação racial, de gênero e outras.
  • 46. www.oxfam.org.br Página - 46 MERCADO DE TRABALHO O desemprego é percebido como a principal causa das desigualdades, e também o terreno onde está a princi- pal solução. Em relação ao mercado de trabalho, a Oxfam Brasil defende: • Direito ao exercício do trabalho decente no Brasil; • A revisão da recentemente aprovada reforma tra- balhista, onde ela significou a perda de direitos • Salário mínimo em aumento contínuo em termos reais DEMOCRACIA Corrupção e reforma política são um problema e solução que uma imensa parte dos brasileiros apontou em nossa pesquisa. Sem uma democracia funcional, não é possível reduzir desigualdades. Desta forma, a Oxfam Brasil de- fende: • Mecanismos de prestação de contas e transpa- rência, incluindo uma efetiva regulação da ativi- dade de lobby e o fortalecimento das instâncias de participação da sociedade civil; • Combate à corrupção, algo central para o fortale- cimento do poder público como agente de redis- tribuição de renda, riqueza e serviços; • Mudanças no sistema político, em debate amplo com a sociedade, no sentido de aprofundar nossa democracia, possibilitando a concretização das suas três dimensões, representativa, participati- va e direta.
  • 47. www.oxfam.org.br Página - 47 ANEXO 1 – MARGENS DE ERRO AMOSTRA MARGEM DE ERRO POPULAÇÃO GERAL 2% SEXO MASCULINO 3% FEMININO 3% RAÇA BRANCO 4% PARDO 3% PRETO 5% RENDA MAIS DE 5 SALÁRIOS MÍNIMOS 10% ATÉ 1 SALÁRIO MÍNIMO 3%
  • 48. www.oxfam.org.br Página - 48 ANEXO 2 – ESPECIFICAÇÕES DA AMOSTRA SEXO MULHERES 52% HOMENS 48% IDADE 16 A 24 ANOS 19% 25 A 34 ANOS 20% 35 A 44 ANOS 19% 45 A 59 ANOS 23% 60 ANOS OU MAIS 18% ESCOLARIDADE FUNDAMENTAL 34% MÉDIO 45% SUPERIOR 20% COR PARDA 43% BRANCA 34% PRETA 17% AMARELA 4% INDÍGENA 2% REGIÃO NORTE 7% NORDESTE 27% CENTRO-OESTE 8% SUDESTE 43% SUL 15% NATUREZA DO MUNICÍPIO CAPITAL 25% OUTROS METROPOLITANOS 17% INTERIOR 58% PORTE DO MUNICÍPIO PEQUENO 31% MÉDIO 38% GRANDE 31%
  • 49. ANEXO 3 – QUESTIONÁRIO P.1 Você ou outra pessoa que mora em sua casa recebe regularmente... [ACEITAR RESPOSTA MÚLTIPLA] (PARA CADA BENEFÍCIO QUE RECEBE) Qual o valor em reais? SIM NAO ANOTE O VALOR Aposentadoria, aposentadoria rural, pensão paga pelo governo BPC/LOAS (benefício de prestação continuada, sem 13º) PETI (Programa de Erradicação do Trabalho Infantil) Programa Bolsa Família Seguro-desemprego Dinheiro de programas sociais que não o bolsa família Recebe algum outro benefício do governo? P.2. Na sua opinião, o que é desigualdade? P.3 Em uma escala de 0 a 100 em que 1 estão as pessoas com a renda mais baixa do país, ou seja, os muito pobres, e 100 as pessoas com a renda mais alta do país, ou seja, os muito ricos, em que posição você se colocaria? (ESTIMULADA E ÚNICA) P.4 Na sua opinião, quanto você precisa ganhar por mês para fazer parte dos 10% mais ricos do Brasil? (ESTIMULADA E ÚNICA)
  • 50. www.oxfam.org.br Página - 50 P.5 Vou ler algumas frases e gostaria que você me dissesse se concorda ou discorda de cada uma delas (LEIA CADA ITEM). Você concorda ou discorda? (SE CONCORDA OU DISCORDA) Totalmente ou em parte? (ESTIMULADA E ÚNICA – APLICAR RODÍZIO) RODÍZIO Concor- da total- mente Con- corda em parte Nem con- corda, nem discor- da Discor- da em parte Discorda total- mente Não sabe (Esp.) a No Brasil poucas pessoas ganham muito dinheiro e muitas pessoas ganham pouco dinheiro b Em um país como o Brasil, é obrigação dos governos diminuir a diferença entre as pes- soas muito ricas e as pessoas muito pobres20 c No Brasil, uma criança de família pobre que consegue estudar tem a mesma chance de ter uma vida bem-sucedida que uma criança nascida em uma família rica d No Brasil, uma pessoa de família pobre e que trabalha muito tem a mesma chance de ter uma vida bem-sucedida que uma pessoa nascida rica e que trabalha muito e O governo brasileiro deve ter como prioridade diminuir a desigualdade entre as regiões mais ricas e as regiões mais pobres do país f O governo deve transferir dinheiro público para que os Estados com serviços públicos ruins ofereçam a mesma qualidade dos Esta- dos que têm serviços públicos bons g A diferença entre os mais ricos e os mais po- bres no Brasil diminuiu nos últimos anos h Nos próximos anos, a diferença entre os mais ricos e os mais pobres irá diminuir no Brasil
  • 51. www.oxfam.org.br Página - 51 P6. Novamente vou ler algumas frases e gostaria que você me dissesse se concorda ou discorda de cada uma delas (LEIA CADA ITEM). Você concorda ou discorda? (SE CONCORDA OU DISCORDA) Totalmente ou em parte? (ESTIMULADA E ÚNICA - APLICAR RODÍZIO NOS ITENS C, D, E, F) RODÍZIO Concor- da total- mente Con- corda em parte Nem con- corda, nem discor- da Discor- da em parte Discorda total- mente Não sabe (Esp.) a Os governos devem aumentar mais os im- postos para garantir melhor educação, mais saúde e mais moradia para os que precisam b O governo federal deve aumentar os impostos de pessoas muito ricas para garantir melhor educação, mais saúde e mais moradia para os que precisam c Quem ganha mais deve pagar uma taxa maior de impostos do que quem ganha menos d O governo deveria diminuir os impostos sobre os produtos e serviços que a população con- some e compensar a diferença com aumento de impostos sobre a renda dos mais ricos e Negros ganham menos que brancos no mer- cado de trabalho pelo fato de serem negros f Mulheres ganham menos do que homens no mercado de trabalho por serem mulheres P7. Agora eu gostaria que você falasse sobre os principais problemas do país hoje. Qual o problema mais grave entre...? (ESTIMULADA E ÚNICA – APLICAR RODÍZIO) Desigualdade Pobreza Os 2 são graves [ESP.] NS NR Desigualdade e Pobreza Desigualdade Corrupção Os 2 são graves [ESP.] NS NR Desigualdade e Corrupção Educação Violência Os 2 são graves [ESP.] NS NR Educação e Violência Educação Saúde Os 2 são graves [ESP.] NS NR Educação e Saúde Educação Desemprego Os 2 são graves [ESP.] NS NR Educação e Desemprego
  • 52. www.oxfam.org.br Página - 52 Violência Saúde Os 2 são graves [ESP.] NS NR Violência e Saúde Violência Desemprego Os 2 são graves [ESP.] NS NR Violência e desemprego Saúde Desemprego Os 2 são graves [ESP.] NS NR Saúde e desemprego P.8 Na sua opinião, as medidas que estão sendo tomadas neste momento pelo governo federal irão aumentar, diminuir ou não irão alterar a distância entre os mais ricos e os mais pobres no Brasil? 1 Irão aumentar 2 Irão diminuir 3 Não irão alterar a distância 99 Não sabe P.9 Na sua opinião, quais as causas da desigualdade de renda no Brasil? P.10 Considerando uma escala de 1 a 5, onde 1 significa que não contribui e 5 que contribui muito, quanto a/o (CITE CADA ITEM) contribui para a desigualdade de renda no Brasil: Não contribui Contribui muito 1. Falta de acesso à educação 2. Falta de vagas no mercado de trabalho 3. Corrupção 4. Instituições políticas que não funcionam 5. Esforço de cada um para obter sua renda 6. Falta de acesso à saúde P.11 Na sua opinião, dentre as opções nesta lista (APRESENTE CARTÃO 1), qual a principal solução para diminuir a distância entre os mais ricos e os mais pobres no Brasil? E em 2º lugar? E em 3º lugar? 1 Cobrar dos ricos uma taxa maior de impostos do que a cobrada dos pobres e da classe média 2 Investimento público em saúde 3 Investimento público em educação 4 Investimento público em assistência social, como Bolsa Família, por exemplo 5 Aumento da oferta de empregos 6 Reforma no sistema político 98 Outra _________________
  • 53. www.oxfam.org.br Página - 53 NOTAS 1 A explicação da metodologia foi retirada do documento final produzido pelo Instituto Datafolha. Todas as informações me- todológicas têm tal documento como fonte. 2 Cálculo da Oxfam Brasil, com base nos dados da Pnad 2015, apresentado no relatório “A distância que nos une: um retrato das desigualdades brasileiras”, Oxfam Brasil, setembro 2017. 3 IPEA/Retratos da Desigualdade de Gênero e Raça. Série histó- rica de renda total da população maior de 10 anos, 1995-2015, baseada nas Pnad anuais. 4 Ibid. 5 Cálculo da Oxfam Brasil, com base nos dados da Pnad 2015, apresentado no relatório “A distância que nos une: um retrato das desigualdades brasileiras”, Oxfam Brasil, setembro 2017. 6 Ibid. 7 O questionário do Instituto Datafolha levanta dois tipos de in- formação – a renda individual (declarada pelo entrevistado, por meio da escolha de faixa na qual se insere), e a renda fa- miliar (captada pelo mesmo critério). Não é possível, portanto, aferir a renda familiar per capita, tal como faz a PNAD. Desta forma, consideramos prioritariamente a renda individual de- clarada do entrevistado. 8 Cálculo da Oxfam Brasil, com base nos dados da Pnad 2015 e no valor atualizado do salário mínimo atual, de R$ 937,00. 9 MORGAN, M. 2017. “Extreme and persistent inequality: New ev- idence for Brazil Combining National accounts, surveys and fiscal data, 2001-2015”. WID Working Paper Series n. 2017/12. 10 ARRETCHE, M. 2015. “Trazendo o conceito de cidadania de vol- ta: a propósito das desigualdades territoriais”. In Arretche, M. “Trajetórias das desigualdades: como o Brasil mudou nos últi- mos cinquenta anos”. Centro de Estudos da Metrópole – CEM. Editora Unesp. São Paulo. 11 Esta talvez seja a causa mais apontada, se considerado o agrupamento oferecido pelo Datafolha. Ao menos 34% dos respondentes fizeram indicações que relacionam o caráter e a ação da classe política e de governos com as desigualdades. 12 PNUD. 2013. “Humanidad Dividida: cómo hacer frente a la desi- gualdad en los países en desarrollo.” 13 SILVEIRA, F. G., FERREIRA, J. 2011. “Equidade fiscal no Brasil: Impactos Distributivos da Tributação e do Gasto Social”. Ipea. Comunicado n. 92. Brasília & LUSTIG, N., PESSINO, C., SCOTT, J. 2013. “The impact of taxes and social spending on inequality and poverty in Argentina, Bolivia, Brazil, Mexico, Peru and Uru- guay: an overview”. CEQ Working Paper n. 13. 14 OXFAM BRASIL. 2017. “A distância que nos une: um retrato das desigualdades brasileiras”. 15 ARRETCHE, Marta; ARAÚJO, Vitor. “O Brasil tornou-se mais conservador?”. Revista Novos Estudos, CEBRAP. Junho de 2017. São Paulo. P. 15-22. 16 OXFAM BRASIL. 2017. “A distância que nos une: um retrato das desigualdades brasileiras”. 17 PNUD. 2017. “Relatório de Desenvolvimento Humano 2016” 18 MEDEIROS, M., SOUZA, P. H., CASTRO, F. A. 2015. “A estabilidade da desigualdade de renda no Brasil, 2006 a 2012: estimativa com dados do imposto de renda e pesquisas domiciliares”. Revista Ciência e Saúde Coletiva, 20(4): 971-986. Nota: Estudo recente de Marc Morgan aponta para uma apropriação de 28% da renda nacional por parte do 1% mais rico. 19 Cálculo da Oxfam Brasil, com base nos dados das DIRPF 2016, ano calendário 2015.