Fernando Pessoa não sabia quantas almas tinha. Publicou diversos textos sob heterónimos como Alberto Caeiro, Ricardo Reis e Álvaro de Campos. A Casa Fernando Pessoa preserva sua memória através de exposições, eventos e a revista Tabacaria, que publicou poemas de Pessoa.
3. Fernando Pessoa
com 1 ano
O irmão
Jorge com 1 ano
A mãe
Maria Madalena Pinheiro
Nogueira
O pai
Joaquim de Seabra Pessoa
A tia Anica
Irmã da mãe
O menino de sua mãe
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4. Irmã
Irmã
Henriqueta Madalena
Madalena Henriqueta
(1896-1992)
(1898-1901)
O padrasto João Miguel Rosa
e a mãe
Irmão Irmão Irmã
Luís Miguel (1900-1975) João Maria (1903-1973) Maria Clara (1904 -1906)
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5. 27 de abril de 1920
Meu Bebezinho lindo:
Não imaginas a graça que te achei hoje à janela da casa de tua
irmã! Ainda bem que estavas alegre e que mostraste prazer em
me ver (Álvaro de Campos).
Tenho estado muito triste, e além disso muito cansado - triste
não só por te não poder ver, como também pelas complicações
que outras pessoas têm interposto no nosso caminho. Chego a
crer que a influência constante, insistente, hábil dessas pessoas;
não ralhando contigo, não se opondo de modo evidente, mas
trabalhando lentamente sobre o teu espírito, venha a levar-te
finalmente a não gostar de mim. Sinto-me já diferente; já não és
a mesma que eras no escritório. Não digo que tu própria tenhas
dado por isso; mas dei eu, ou, pelo menos, julguei dar por isso.
Oxalá me tenha enganado...
Olha, filhinha: não vejo nada claro no futuro. Quero dizer: não
vejo o que vai haver, ou o que vai ser de nós, dado, de mais a
mais, o teu feitio de cederes a todas as influências de família, e
de em tudo seres de uma opinião contrária á minha. No escritório
eras mais dócil, mais meiga, mais amorável.
Enfim...
Fernando Pessoa e a namorada Ophélia Queiroz Amanhã passo à mesma hora no Largo de Camões. Poderás
tu aparecer à janela?
Sempre e muito teu
Fernando Pessoa namorou com Ophélia de 1 de maio a 29 de novembro
de 1920 e de 11 de setembro de 1929 a 11 de janeiro de 1930.
Ophélia casou com Augusto Soares em 1938
Cartas de Amor, Fernando Pessoa, Ática, Lisboa, 1978
singrandohorizontes.wordpress.com
6. Um dia a maioria de nós irá separar-se.
Sentiremos saudades de todas as conversas jogadas fora, das
descobertas que fizemos, dos sonhos que tivemos, dos tantos
risos e momentos que partilhamos. Saudades até dos
momentos de lágrimas, da angústia, das vésperas dos finais de
semana, dos finais de ano, enfim... do companheirismo vivido.
Sempre pensei que as amizades continuassem para sempre.
Hoje não tenho mais tanta certeza disso.
Em breve cada um vai para seu lado, seja pelo destino ou
por algum desentendimento, segue a sua vida.
Talvez continuemos a nos encontrar, quem sabe... nas cartas
que trocaremos.
Podemos falar ao telefone e dizer algumas tolices... Até que
Mário de Sá-Carneiro os dias vão passar, meses...anos... até este contacto se tornar
(Lisboa 1890 – Paris 1916) Amadeu de Sousa-Cardoso cada vez mais raro.
Poeta, contista, ficcionista (Amarante 1887 – Espinho 1918)
Pintor modernista Vamo-nos perder no tempo.... Um dia os nossos filhos vão
arquivolivraria.blogspot.com ver as nossas fotografias e perguntarão: "Quem são aquelas
centroparoquialgondar.blogspot.com pessoas?" Diremos...que eram nossos amigos e...... isso vai
doer tanto! "
Foram meus amigos, foi com eles que vivi tantos bons anos
da minha vida!" A saudade vai apertar bem dentro do peito.
Vai dar vontade de ligar, ouvir aquelas vozes novamente......
Quando o nosso grupo estiver incompleto... reunir-nos-emos
para um último adeus de um amigo.
E, entre lágrimas abraçar-nos-emos. Então faremos
promessas de nos encontrar mais vezes desde aquele dia em
diante.
Por fim, cada um vai para o seu lado para continuar a viver a
sua vida, isolada do passado.
E perder-nos-emos no tempo..... Por isso, fica aqui um pedido
deste humilde amigo: não deixes que a vida te passe em
branco, e que pequenas adversidades sejam a causa de
grandes tempestades.... Eu poderia suportar, embora não sem
Armando côrtes-Rodrigues
(Vila Franca do Campo 1891 – Ponta
dor, que tivessem morrido todos os meus amores, mas
José de Almada Negreiros Delgada 1971) enlouqueceria se morressem todos os meus amigos!"
(Trindade 1893 – Espinho 1970) Poeta, dramaturgo, cronista, etnólogo
Pintor, escritor, poeta,, dramaturgo
Fernando Pessoa
cam.gulbenkian.pt http://peregrinacultural.wordpress.com/
7. Desde 1912 até ao ano da sua morte, Fernando Pessoa publicou artigos, ensaios e textos
diversos, em muitas revistas e jornais, exercendo múltiplas atividades – crítico
literário, poeta, cronista, dramaturgo, tradutor, teorizador de matérias de contabilidade e
comércio.
10. Teoria do fingimento poético
Inteletualização do sentir
Dor de pensar
Fragmentação do eu
Angústia existencial
Solidão
Sonho
Nostalgia da infância perdida
Frustração
Tédio
palavraemelodia.blogspot.com
12. Alberto Caeiro- o Mestre
Sensorialista radical
Grau zero da interpretação da
realidade
Captação da realidade através
dos sentidos
Privilégio da visão
Rejeição do pensamento
Valorização das sensações
Antimisticismo
Deambulismo
tintanalingua.blogspot.com
O meu olhar é nítido como um girassol
13. Ricardo Reis – o Disciplinado
Epicurismo
Estoicismo
Carpe diem
Fugacidade do tempo
Fado
Antilirismo
Valorização do presente
Paganismo decadente
tintanalingua.blogspot.com
Mestre, são plácidas
14. Álvaro Campos – o Sensacionista
Fase decadente
Inadaptação Evasão Tédio
Fase futurista-sensacionista
Elogio da máquina
Rutura com o subjetivismo da lírica
tradicional
Excesso de sensações
Fase intimista
Angústia existencial
Fragmentação do eu
Nostalgia da infância perdida
Solidão
Cansaço
Opiário tintanalingua.blogspot.com
15. Bernardo Soares– o Semi-heterónimo
Quando vim primeiro para Lisboa, havia, no andar lá de cima de
onde morávamos, um som de piano tocado em escalas,
aprendizagem monótona da menina que nunca vi. Descubro hoje
que, por processos de infiltração que desconheço, tenho ainda nas
caves da alma, audíveis se abrem a porta lá de baixo, as escalas
repetidas, tecladas, da menina hoje senhora outra, ou morta e
fechada num lugar branco onde verdejam negros os ciprestes.
Eu era criança, e hoje não o sou; o som, porém, é igual na
recordação ao que era na verdade, e tem, perenemente presente,
se se ergue de onde finge que dorme, a mesma lenta teclagem, a
mesma rítmica monotonia. Invade-me, de o considerar ou sentir,
uma tristeza difusa, angustiosa, minha.
Livro do Desassossego, Fernando Pessoa
manuthinkerfree.blogspot.com
16. Casa Fernando Pessoa
Máquina de escrever de Fernando Pessoa
Escritório de Fernando Pessoa Cómoda de Fernando Pessoa
Biblioteca de Fernando Pessoa
Paredes decoradas com textos de Fernando Pessoa
Quarto de Fernando Pessoa
Inaugurada em novembro de 1993, a Casa Fernando Pessoa foi concebida pela Câmara
Municipal de Lisboa como um centro cultural destinado a homenagear Fernando Pessoa e
a sua memória na cidade onde viveu e no bairro onde passou os seus últimos quinze
anos de vida, Campo de Ourique.
Possui um auditório, jardim, salas de exposição, objetos de arte, uma biblioteca
exclusivamente dedicada à poesia, além de uma parte do espólio do poeta (…)
Nos seus três pisos principais, realizam-se colóquios, sessões de leitura de
poesia, encontros de escritores, espetáculos musicais e de teatro, conferências
temáticas, workshops, exposições de artes plásticas, sessões de apresentação de livros.
Entrada da Casa Fernando Pessoa
casafernandopessoa.cm-lisboa.pt (texto com supressões)
17. A revista - Tabacaria
Revista Tabacaria – publicação da
Tabacaria Casa Fernando Pessoa, revista de
Poesia e de Artes Plásticas
Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.
Janelas do meu quarto,
Do meu quarto de um dos milhões do mundo que ninguém sabe quem é
(E se soubessem quem é, o que saberiam?),
Dais para o mistério de uma rua cruzada constantemente por gente (…)
Estou hoje perplexo, como quem pensou e achou e esqueceu. Estou hoje
dividido entre a lealdade que devo
À Tabacaria do outro lado da rua, como coisa real por fora,
E à sensação de que tudo é sonho, como coisa real por dentro (…)
(Se eu casasse com a filha da minha lavadeira
Talvez fosse feliz.)
Visto isto, levanto-me da cadeira. Vou á janela. (…)
0 homem saiu da Tabacaria (metendo troco na algibeira das calças?).
Ah, conheço-o; é o Esteves sem metafísica.
(0 Dono da Tabacaria chegou á porta.)
Como por um instinto divino o Esteves voltou-se e
viu-me. Acenou-me adeus, gritei-lhe Adeus ó Esteves!, e o universo
Reconstruiu-se-me sem ideal nem esperança, e o dono da tabacaria sorriu.
1928
Álvaro de Campos
casafernandopessoa.cm-lisboa.pt