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Expressões, 12.º ano
Por uma hora ficaram os dois sentados, sem falar. Apenas
uma vez Baltasar se levantou para pôr alguma lenha na fogueira
que esmorecia, e uma vez Blimunda espevitou o morrão da
candeia que estava comendo a luz. E então, sendo tanta a
claridade, pôde Sete-Sóis dizer:
– Por que foi que perguntaste o meu nome?
E Blimunda respondeu:
– Porque minha mãe o quis saber e queria que eu o soubesse.
– Como sabes, se com ela não pudeste falar?
– Sei que sei, não sei como sei, não faças perguntas a que
não posso responder. Faze como fizeste, vieste e não
perguntaste porquê.
– E agora?
Por uma hora ficaram os dois sentados, sem falar. Apenas
uma vez Baltasar se levantou para pôr alguma lenha na fogueira
que esmorecia, e uma vez Blimunda espevitou o morrão da
candeia que estava comendo a luz. E então, sendo tanta a
claridade, pôde Sete-Sóis dizer:
– Por que foi que perguntaste o meu nome?
E Blimunda respondeu:
– Porque minha mãe o quis saber e queria que eu o soubesse.
– Como sabes, se com ela não pudeste falar?
– Sei que sei, não sei como sei, não faças perguntas a que
não posso responder. Faze como fizeste, vieste e não
perguntaste porquê.
– E agora?
O uso da pontuação na escrita de Saramago (ex. 4., pág. 294)
– Se não tens onde viver melhor, fica aqui.
– Hei de ir para Mafra, tenho lá família.
– Mulher?
– Pais e uma irmã.
– Fica. Enquanto não fores, será sempre tempo de partires.
– Por que queres tu que eu fique?
– Porque é preciso.
– Se eu ficar, onde durmo?
– Comigo.
– Se não tens onde viver melhor, fica aqui.
– Hei de ir para Mafra, tenho lá família.
– Mulher?
– Pais e uma irmã.
– Fica. Enquanto não fores, será sempre tempo de partires.
– Por que queres tu que eu fique?
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  • 1. Expressões, 12.º ano Por uma hora ficaram os dois sentados, sem falar. Apenas uma vez Baltasar se levantou para pôr alguma lenha na fogueira que esmorecia, e uma vez Blimunda espevitou o morrão da candeia que estava comendo a luz. E então, sendo tanta a claridade, pôde Sete-Sóis dizer: – Por que foi que perguntaste o meu nome? E Blimunda respondeu: – Porque minha mãe o quis saber e queria que eu o soubesse. – Como sabes, se com ela não pudeste falar? – Sei que sei, não sei como sei, não faças perguntas a que não posso responder. Faze como fizeste, vieste e não perguntaste porquê. – E agora? Por uma hora ficaram os dois sentados, sem falar. Apenas uma vez Baltasar se levantou para pôr alguma lenha na fogueira que esmorecia, e uma vez Blimunda espevitou o morrão da candeia que estava comendo a luz. E então, sendo tanta a claridade, pôde Sete-Sóis dizer: – Por que foi que perguntaste o meu nome? E Blimunda respondeu: – Porque minha mãe o quis saber e queria que eu o soubesse. – Como sabes, se com ela não pudeste falar? – Sei que sei, não sei como sei, não faças perguntas a que não posso responder. Faze como fizeste, vieste e não perguntaste porquê. – E agora? O uso da pontuação na escrita de Saramago (ex. 4., pág. 294)
  • 2. – Se não tens onde viver melhor, fica aqui. – Hei de ir para Mafra, tenho lá família. – Mulher? – Pais e uma irmã. – Fica. Enquanto não fores, será sempre tempo de partires. – Por que queres tu que eu fique? – Porque é preciso. – Se eu ficar, onde durmo? – Comigo. – Se não tens onde viver melhor, fica aqui. – Hei de ir para Mafra, tenho lá família. – Mulher? – Pais e uma irmã. – Fica. Enquanto não fores, será sempre tempo de partires. – Por que queres tu que eu fique? – Porque é preciso. – Se eu ficar, onde durmo? – Comigo. O uso da pontuação na escrita de Saramago (ex. 4., pág. 294) Expressões, 12.º ano