SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 9
Baixar para ler offline
Máquinas Eléctricas Motores corrente alternada
1/9
Motores síncronos
Princípio de funcionamento
São motores com velocidade de rotação fixa – velocidade de sincronismo.
O seu princípio de funcionamento está esquematizado na figura
1.1 – um motor com 2 pólos. Uma corrente (contínua) de campo IF
produz um campo magnético BR no rotor. Um sistema trifásico de
tensões é aplicado aos enrolamentos estatóricos produzindo um campo
magnético girante BS, com o campo BR a tender a alinhar-se com o
campo BS. No entanto, estes dois campos magnéticos nunca ficam
perfeitamente alinhados, pois, mesmo sem carga, o rotor possui uma
determinada inércia e portanto, haverá sempre um desfasamento entre
os dois campos, embora rodando à mesma velocidade. Este
desfasamento é medido pelo ângulo δ, apelidado de ângulo de binário,
que é tanto maior, quanto maior for o binário resistente, mas constante
enquanto o binário resistente for constante..
Se imaginarmos que o rotor é “puxado” pelo campo girante através de uma cola elástica (a lilás,
no desenho), quando se aumenta a carga sobre o veio, e para manter o sincronismo, o que sucede é que
a cola se vai deformar (esticando-se), isto é, aumentando o ângulo de binário δ e mantendo a
velocidade igual à do campo girante.
O binário induzido é:
SRi BBkT ×=
Na figura 1.3 pode ver-se melhor, como se cria o
campo magnético no rotor – uma fonte de tensão contínua
alimenta um enrolamento que cria um campo magnético
permanente, como se o rotor fosse um imã permanente. No
anexo E1 podem ver-se algumas formas de transmitir
tensão contínua para a parte móvel que é o rotor.
BR
BS
ωS
Figura 1.1
Figura 1.2
ωS
ωS
ωS
Tcarga
ωS
δ
ωS
ωS
Tcarga
δ
Figura 1.3
R
S
T
Máquinas Eléctricas Motores corrente alternada
2/9
Circuito equivalente
O circuito eléctrico equivalente, para uma máquina síncrona, está representado na figura 1.4,
apenas para uma (das três) fase estatórica. Aí se vê a alimentação dos enrolamentos rotóricos com
tensão contínua VF, que cria o campo magnético no rotor – parte esquerda do esquema. Assim, para
cada fase do estator, teremos a equação correspondente:
AAASAfase IRIjXVV ++=
Vectorialmente, pode ver-se esta equação na figura 1.5
O campo magnético rotórico corresponde (produz) a VA, o campo total Btotal corresponde
(produz) Vfase e o campo magnético estatórico BS corresponde à queda de tensão no enrolamento jXSIA
– figura 1.6.
RALS
VA
Vfase
RF
LFVF
IAIF
Figura 1.4
Vfase
IA
RA
I
VA
δ
XSIA
ω
Vfase
IA
XSIA
RA IA
Figura 1.5
Btotal
BR
δ
BS
ω
Figura 1.6
Figura 1.7
BR
BS
Btotal
Máquinas Eléctricas Motores corrente alternada
3/9
O circuito eléctrico equivalente completo, para as três fases de alimentação dos enrolamentos
estatóricos, está representado na figura 1.8.
Funcionamento do motor síncrono
Nos pontos seguintes, ignorar-se-á a resistência da armadura (RA), para simplificar.
Curva de binário
Os motores síncronos manobram cargas, basicamente com velocidade constante. Estão
normalmente ligadas a sistemas de alimentação de potência muito superior à dos motores – rede com
potência infinita – o que significa que a tensão e a frequência serão constantes qualquer que seja a
potência absorvida pelo motor. A curva de binário resultante está apresentada na figura 1.9, onde se
pode observar que a velocidade, do motor, é constante
desde a situação de vazio até à situação de carga máxima
– Tmax
O binário é dado por:
δsintotalRi BBkT =
ou seja:
S
Afase
i
X
VV
T
sin3
ω
δ
=
isto é, o binário máximo ocorre quando δ = 90º. No
entanto, normalmente, o binário máximo corresponde a cerca de 3 vezes o binário máximo da máquina
a ligar ao motor.
Excedendo-se o valor do binário máximo, o rotor já não consegue permanecer ligado ao campo
girante, começa a ter escorregamento, com um binário oscilante e fazendo vibrar severamente o motor
síncrono – perda de sincronismo.
R
S
T
VCC
Figura 1.8
Tmax
Tn
nS n
T
perda de
sincronismo
aumento de P
Figura 1.9
Máquinas Eléctricas Motores corrente alternada
4/9
Da expressão anterior, do binário induzido, também se pode verificar que quanto maior o valor
da corrente de campo (e, consequentemente, de VA), tanto maior o binário máximo do motor síncrono
Efeito da variação de carga
Existindo uma carga ligada ao veio do motor, este desenvolverá o binário suficiente para manter
a carga a rodar à velocidade síncrona. A figura 1.10 mostra o que sucede quando a carga, sobre o
motor, varia. Partindo duma situação correspondente a IA1 e VA1, se o binário resistente aumentar, o
rotor começa por abrandar. Com esta diminuição de velocidade o ângulo de binário δ aumenta e o
binário induzido pelo motor aumenta também. Com este aumento de binário do motor, o rotor acelera
até atingir novamente a velocidade de sincronismo, embora com um ângulo de binário maior.
Recorde-se que VA = kφω - isto é, VA depende apenas da corrente de campo e da velocidade. Como a
velocidade é constante (enquanto não se alterar a frequência da rede de alimentação) e como não se
alterou a corrente de campo, então o módulo da tensão induzida |VA|, deverá permanecer constante,
mesmo existindo alterações de carga. No entanto a projecção de VA, bem como os valores de sinδ e de
IAcosϕ1
, aumentam, isto é, o vector VA desloca-se para baixo, sobre uma circunferência, o que implica
que a quantidade jXSIA tem que aumentar para conseguir atingir Vfase, o que, por seu turno, implica
que IA aumente, ou seja que a potência absorvida pelo motor se torne maior. Refira-se que o ângulo ϕ
também se altera, tornando-se cada vez menos capacitivo (IA1 e IA2), resistivo (IA3) e depois cada vez
mais indutivo (IA4, ...).
Efeito da variação da corrente de campo
Observe-se a figura 1.11, em que se parte da situação em que o motor opera com um factor de
potência capacitivo (IA1, VA1). Aumentando-se o valor da corrente de campo, aumenta-se o valor de
VA, mas não se afecta o valor da potência activa. Este apenas se altera quando a carga varia. Como a
variação da corrente de campo IF não afecta a velocidade de rotação e dado que não se alterou a carga,
então a potência absorvida pelo motor permanece constante. Também a tensão de fase Vfase se mantém
constante, dado que a tensão da rede não se alterou. Desta forma, as distâncias VA, sinδ e IAcosϕ,
proporcionais à potência, terão que permanecer constantes. Como se aumentou IF, aumentou-se VA, o
que apenas pode acontecer se aquelas quantidades se movimentarem ao longo de uma linha de
potência constante.
De notar que, à medida que o valor de VA aumenta, o valor da corrente IA começa por diminuir e
depois aumenta. Para baixos valores de VA, a corrente IA surge atrasada e o motor comporta-se como
1
Em que ϕ é o ângulo entre a corrente (IA) e a tensão de fase (Vfase), isto é, a sua projecção (cosϕ) é o factor de potência.
∝ P1
∝ P2
∝ P3
∝ P4
δ
Vfase
VA1
VA2
VA3
VA4
IA1
IA2 IA3
IA4
Figura 1.10
Máquinas Eléctricas Motores corrente alternada
5/9
uma carga indutiva, consumindo potência reactiva Q. Aumentando IF, a corrente IA vai diminuindo,
tornando-se cada vez menos indutiva, passa por uma situação em que está em fase com Vfase – o motor
comporta-se como uma carga resistiva – e seguidamente começa a aumentar, adiantando-se a Vfase,
isto é, o motor passa a comportar-se como uma carga capacitiva, fornecendo potência reactiva à rede.
Na figura 1.12 está desenhado o comportamento genérico do motor síncrono, em função das
correntes IF e IA. Cada uma das possíveis curvas, corresponde a um valor diferente de potência. Para
cada curva, a corrente IA mínima ocorre para um factor de potência unitário. Para qualquer outro ponto
da curva, existe alguma energia reactiva fornecida ou consumida.
Em resumo, controlando a corrente de campo, controla-se o consumo ou produção de energia
reactiva, isto é, tem-se uma forma controlada de variar o factor de potência, com uma máquina
síncrona.
Os vários tipos de operação possíveis, da máquina síncrona, estão resumidos no quadro seguinte.
IA1 VA1
ϕ
Vfase
δ
∝ P (cte
)
∝ P (cte
)
IA2
VA2
Figura 1.11
cos ϕ indutivo
cos ϕ capacitivo
IA
IF
Figura 1.12
Máquinas Eléctricas Motores corrente alternada
6/9
Arranque de máquinas síncronas
Como “faz” o rotor para rodar à velocidade síncrona ? Na figura vê-se um esquema do motor
síncrono no momento em que a tensão é aplicada aos enrolamentos estatóricos. Como o rotor está,
inicialmente, parado, também o seu campo magnético é estacionário e portanto “vê” o campo
magnético estatórico (campo girante) passar por ele 50 vezes por minuto. A expressão do binário
induzido é:
SRi BBkT ×=
Fornece Q Consome Q
( VA cosδ > Vfase ) ( VA cosδ < Vfase
)
Fornece P
VA em avanço
face a Vfase
VA em atraso
face a Vfase
Consome P
GERADOR
MOTOR
VA
IA
Vfas Vfas
Vfas Vfas
VA
VA VA
IA
IA
IA
t = 0 s t = 1/200 s t = 1/100 s t = 3/200 s t = 1/50 s
BR
BS
BR BR BR BR
BS
BS
BS
BS
Ti = 0 Ti = directo Ti = 0 Ti = indirecto Ti = 0
Figura 1.13
Máquinas Eléctricas Motores corrente alternada
7/9
Assim, durante um ciclo eléctrico, o binário induzido teve um sentido directo e depois um
sentido indirecto, sendo o binário médio induzido nulo, ao longo de um ciclo. O efeito prático é que a
máquina vibra – tenta rodar para um lado, depois para o lado contrário, sucessivamente – fortemente,
não arranca e finalmente sobre-aquece.
Soluções, para o arranque:
§ Motor auxiliar
Acoplando um motor auxiliar, faz-se rodar o rotor até à velocidade de sincronismo.
Seguidamente ligam-se os enrolamentos estatóricos à tensão da rede e desacopla-se o motor
auxiliar. Esta forma de arranque é particularmente adequada nos casos em que a máquina
síncrona serve como gerador – necessitando, por isso, de algo que lhe forneça a energia
mecânica rotacional – desempenhando o motor que fornece a energia mecânica, o papel de
colocar a máquina síncrona a rodar à velocidade de sincronismo, na fase de arranque.
§ Redução de frequência
Reduzir a frequência e, consequentemente, a velocidade de rotação do campo girante, de
forma a que o rotor possa acelerar e acoplar-se magnéticamente com ele, no intervalo de meio
ciclo da rotação do campo girante. Seguidamente aumenta-se a frequência da tensão de
alimentação até aos seus 50 Hz habituais. Esta forma de arranque é, hoje, facilmente
conseguida com recurso à electrónica de potência, através dos variadores de frequência.
§ Enrolamentos amortecedores
É o meio mais popular. Os enrolamentos
amortecedores são barras especiais, encastradas nas
faces do rotor e curto circuitadas nas extremidades
por anéis – figura 1.15.
A forma de funcionamento está representada na
figura 1.16 – quando se aplica a tensão aos
enrolamentos estatóricos, com os enrolamentos
rotóricos desligados, gera-se um campo magnético
girante que induz uma tensão nas barras do
enrolamento amortecedor, expressa por:
( ) lBvfemi ⋅×=
v – velocidade da barra, relativamente ao campo magnético
B – densidade de fluxo
l – comprimento da barra
As barras, do topo do rotor, movem-se para a direita, relativamente ao campo magnético
(que se movimenta para a esquerda), sendo o sentido da tensão induzida perpendicular à página
e apontando para nós. Analogamente, a tensão induzida nas barras da parte inferior do rotor é
perpendicular à página e aponta para trás da página. Estas tensões induzidas produzem uma
Figura 1.14
Máquinas Eléctricas Motores corrente alternada
8/9
corrente que flui na nossa direcção a partir das barras superiores e entra para as barras
inferiores – figura 1.17 – resultando num campo magnético induzido BW, que aponta para a
direita. A expressão do binário induzido vem:
SWi BkBT ×=
resultando um binário nas barras e, por consequência no rotor, no sentido directo.
Notar que o binário é por vezes directo outras vezes é nulo, mas sempre unidireccional,
isto é, um binário líquido numa só direcção, implicando uma aceleração do rotor.
Refira-se, por fim, que o rotor acelera, mas não até à velocidade de sincronismo, o que é fácil de
entender pelo princípio da indução de fem2
, que obriga a que haja movimento relativo entre o campo
girante e o rotor. No entanto a velocidade de rotação que atinge, é próxima da de sincronismo, o que
permite que a alimentação CC normal dos enrolamentos do rotor possa ser ligada e conseguindo o
campo magnético do rotor “prender-se” ao campo girante, acelerando o rotor para a velocidade de
sincronismo.
2
Ver princípio de funcionamento das máquinas assíncronas.
Figura 1.16
femi / I femi / I
BS
BW
BS BW
BS
BS
t = 0 s t = 1/200 s t = 1/100 s t = 3/200 s
Ti = directo Ti = 0 Ti = directo Ti = 0
Figura 1.17
Máquinas Eléctricas Motores corrente alternada
9/9
Anexo E1

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

Introduction to single phase induction motor
Introduction to single phase induction motorIntroduction to single phase induction motor
Introduction to single phase induction motorprajpurkait
 
Dc machinary fundamentals
Dc machinary fundamentalsDc machinary fundamentals
Dc machinary fundamentalsAngelo Hafner
 
Maquinas elétricas - aula 01
Maquinas elétricas - aula 01Maquinas elétricas - aula 01
Maquinas elétricas - aula 01Rodolfo Lovera
 
Notas de aula 6 cinematica mecanismos
Notas de aula 6 cinematica mecanismosNotas de aula 6 cinematica mecanismos
Notas de aula 6 cinematica mecanismosVanessa Santos
 
1.2 classificação e conhecimentos básicos
1.2 classificação e conhecimentos básicos1.2 classificação e conhecimentos básicos
1.2 classificação e conhecimentos básicosKim Monteiro
 
11a aula -_propriedades_mecanicas
11a aula -_propriedades_mecanicas11a aula -_propriedades_mecanicas
11a aula -_propriedades_mecanicasMarcus Vargas
 
Maquinas de-corrente-continua
Maquinas de-corrente-continuaMaquinas de-corrente-continua
Maquinas de-corrente-continuakarlnf
 
Máquinas síncronas
Máquinas síncronasMáquinas síncronas
Máquinas síncronaseselco
 
Linguagem de programacao de CNC Torno e Centro de Usinagem
Linguagem de programacao de CNC Torno e Centro de UsinagemLinguagem de programacao de CNC Torno e Centro de Usinagem
Linguagem de programacao de CNC Torno e Centro de UsinagemSergio Barrios
 
Aula 5 usinagem - material para ferramenta de corte
Aula 5   usinagem - material para ferramenta de corteAula 5   usinagem - material para ferramenta de corte
Aula 5 usinagem - material para ferramenta de corteIFMG
 
Aulas máquinas eléctricas ib
Aulas máquinas eléctricas ibAulas máquinas eléctricas ib
Aulas máquinas eléctricas ibRenata Nascimento
 
Cálculos movimento circular
Cálculos movimento circularCálculos movimento circular
Cálculos movimento circularTableau Colégio
 
2.circuitos trifásicos
2.circuitos trifásicos2.circuitos trifásicos
2.circuitos trifásicosManu Lucena
 

Mais procurados (20)

Cilindrada
CilindradaCilindrada
Cilindrada
 
Componentes simetricos
Componentes simetricosComponentes simetricos
Componentes simetricos
 
Introduction to single phase induction motor
Introduction to single phase induction motorIntroduction to single phase induction motor
Introduction to single phase induction motor
 
Dc machinary fundamentals
Dc machinary fundamentalsDc machinary fundamentals
Dc machinary fundamentals
 
Maquinas elétricas - aula 01
Maquinas elétricas - aula 01Maquinas elétricas - aula 01
Maquinas elétricas - aula 01
 
Aula18(3)
Aula18(3)Aula18(3)
Aula18(3)
 
Soft ssw05
Soft ssw05Soft ssw05
Soft ssw05
 
Notas de aula 6 cinematica mecanismos
Notas de aula 6 cinematica mecanismosNotas de aula 6 cinematica mecanismos
Notas de aula 6 cinematica mecanismos
 
1.2 classificação e conhecimentos básicos
1.2 classificação e conhecimentos básicos1.2 classificação e conhecimentos básicos
1.2 classificação e conhecimentos básicos
 
11a aula -_propriedades_mecanicas
11a aula -_propriedades_mecanicas11a aula -_propriedades_mecanicas
11a aula -_propriedades_mecanicas
 
Maquinas de-corrente-continua
Maquinas de-corrente-continuaMaquinas de-corrente-continua
Maquinas de-corrente-continua
 
Aula motores elétricos
Aula motores elétricosAula motores elétricos
Aula motores elétricos
 
Máquinas síncronas
Máquinas síncronasMáquinas síncronas
Máquinas síncronas
 
Linguagem de programacao de CNC Torno e Centro de Usinagem
Linguagem de programacao de CNC Torno e Centro de UsinagemLinguagem de programacao de CNC Torno e Centro de Usinagem
Linguagem de programacao de CNC Torno e Centro de Usinagem
 
Motores elétricos de ca
Motores elétricos de caMotores elétricos de ca
Motores elétricos de ca
 
Aula 5 usinagem - material para ferramenta de corte
Aula 5   usinagem - material para ferramenta de corteAula 5   usinagem - material para ferramenta de corte
Aula 5 usinagem - material para ferramenta de corte
 
Aulas máquinas eléctricas ib
Aulas máquinas eléctricas ibAulas máquinas eléctricas ib
Aulas máquinas eléctricas ib
 
Cálculos movimento circular
Cálculos movimento circularCálculos movimento circular
Cálculos movimento circular
 
2.circuitos trifásicos
2.circuitos trifásicos2.circuitos trifásicos
2.circuitos trifásicos
 
E book-eletronica-facil-cef-set20
E book-eletronica-facil-cef-set20E book-eletronica-facil-cef-set20
E book-eletronica-facil-cef-set20
 

Destaque

3761 32351
3761 323513761 32351
3761 32351olko0
 
How To Get Pregnant Naturally
How To Get Pregnant NaturallyHow To Get Pregnant Naturally
How To Get Pregnant Naturallymtviva
 
Salomon | 3.2.0 Güncellemesinden Sonra
Salomon | 3.2.0 Güncellemesinden SonraSalomon | 3.2.0 Güncellemesinden Sonra
Salomon | 3.2.0 Güncellemesinden SonraRawsLy
 
Autismus
AutismusAutismus
Autismuszuzasp
 
Oyuncu Raporlama Sistemi
Oyuncu Raporlama SistemiOyuncu Raporlama Sistemi
Oyuncu Raporlama SistemiRawsLy
 
Mintys apie rudenį
Mintys apie rudenįMintys apie rudenį
Mintys apie rudenįRimgis Su
 
Signs of Infertility
Signs of InfertilitySigns of Infertility
Signs of Infertilitymtviva
 
The Real Cause of Infertility
The Real Cause of InfertilityThe Real Cause of Infertility
The Real Cause of Infertilitymtviva
 
С Новым Годом Любимый!
С Новым Годом Любимый!С Новым Годом Любимый!
С Новым Годом Любимый!Sladkay005
 
Algebra fx 2.0 plus guía del usuario
Algebra fx 2.0 plus guía del usuarioAlgebra fx 2.0 plus guía del usuario
Algebra fx 2.0 plus guía del usuarioRolando_Molina
 
Community Christian Church
Community Christian ChurchCommunity Christian Church
Community Christian ChurchToni Frederick
 
Penerangan Tone Plus
Penerangan Tone PlusPenerangan Tone Plus
Penerangan Tone PlusSaya Tokey
 
Ensayo maquinas sincrónicas
Ensayo maquinas sincrónicasEnsayo maquinas sincrónicas
Ensayo maquinas sincrónicasElectrycom
 
Maquina Sincronica
Maquina SincronicaMaquina Sincronica
Maquina Sincronicaisrael.1x
 
sialge and its agribusiness aspects
sialge and its agribusiness aspectssialge and its agribusiness aspects
sialge and its agribusiness aspectsShreyas Hebbar N
 
Ensayo motores asincronicos
Ensayo motores asincronicosEnsayo motores asincronicos
Ensayo motores asincronicosElectrycom
 

Destaque (19)

3761 32351
3761 323513761 32351
3761 32351
 
How To Get Pregnant Naturally
How To Get Pregnant NaturallyHow To Get Pregnant Naturally
How To Get Pregnant Naturally
 
Salomon | 3.2.0 Güncellemesinden Sonra
Salomon | 3.2.0 Güncellemesinden SonraSalomon | 3.2.0 Güncellemesinden Sonra
Salomon | 3.2.0 Güncellemesinden Sonra
 
Autismus
AutismusAutismus
Autismus
 
Oyuncu Raporlama Sistemi
Oyuncu Raporlama SistemiOyuncu Raporlama Sistemi
Oyuncu Raporlama Sistemi
 
Mintys apie rudenį
Mintys apie rudenįMintys apie rudenį
Mintys apie rudenį
 
Signs of Infertility
Signs of InfertilitySigns of Infertility
Signs of Infertility
 
The Real Cause of Infertility
The Real Cause of InfertilityThe Real Cause of Infertility
The Real Cause of Infertility
 
С Новым Годом Любимый!
С Новым Годом Любимый!С Новым Годом Любимый!
С Новым Годом Любимый!
 
Dominasi otak
Dominasi otakDominasi otak
Dominasi otak
 
Algebra fx 2.0 plus guía del usuario
Algebra fx 2.0 plus guía del usuarioAlgebra fx 2.0 plus guía del usuario
Algebra fx 2.0 plus guía del usuario
 
Community Christian Church
Community Christian ChurchCommunity Christian Church
Community Christian Church
 
Penerangan Tone Plus
Penerangan Tone PlusPenerangan Tone Plus
Penerangan Tone Plus
 
Muzik tahun 6 (1)
Muzik tahun 6 (1)Muzik tahun 6 (1)
Muzik tahun 6 (1)
 
Presentacion
PresentacionPresentacion
Presentacion
 
Ensayo maquinas sincrónicas
Ensayo maquinas sincrónicasEnsayo maquinas sincrónicas
Ensayo maquinas sincrónicas
 
Maquina Sincronica
Maquina SincronicaMaquina Sincronica
Maquina Sincronica
 
sialge and its agribusiness aspects
sialge and its agribusiness aspectssialge and its agribusiness aspects
sialge and its agribusiness aspects
 
Ensayo motores asincronicos
Ensayo motores asincronicosEnsayo motores asincronicos
Ensayo motores asincronicos
 

Semelhante a Motores síncronos

Eletrotecnica inversores(completo)
Eletrotecnica   inversores(completo)Eletrotecnica   inversores(completo)
Eletrotecnica inversores(completo)EMERSON BURMANN
 
Aula 3 - Máquina de corrente contínua.ppt
Aula 3 - Máquina de corrente contínua.pptAula 3 - Máquina de corrente contínua.ppt
Aula 3 - Máquina de corrente contínua.pptaccfrosa
 
Modulo1 geradores ca 1 a 21_2007
Modulo1 geradores ca 1 a 21_2007Modulo1 geradores ca 1 a 21_2007
Modulo1 geradores ca 1 a 21_2007DeyvidDacoregio
 
1 motores de indução
1 motores de indução1 motores de indução
1 motores de induçãoDorival Brito
 
Power point de sistema de potência
Power point de sistema de potênciaPower point de sistema de potência
Power point de sistema de potênciaClaudio Arkan
 
09 geradores e motores elétricos
09   geradores e motores elétricos09   geradores e motores elétricos
09 geradores e motores elétricosRicardo Pampu
 
Cap 9 geradores e motores eletricos
Cap 9  geradores e motores eletricosCap 9  geradores e motores eletricos
Cap 9 geradores e motores eletricosPriscilla Sky
 
Guia de experimento de lab de maquinas maquina de indução versão 3
Guia de experimento de lab de maquinas   maquina de indução versão 3Guia de experimento de lab de maquinas   maquina de indução versão 3
Guia de experimento de lab de maquinas maquina de indução versão 3Guilherme Borges
 
3.a Aula_N5CV1_Transformadores Trifásicos.ppt
3.a Aula_N5CV1_Transformadores Trifásicos.ppt3.a Aula_N5CV1_Transformadores Trifásicos.ppt
3.a Aula_N5CV1_Transformadores Trifásicos.pptMarcoGonalves69
 
Controle de motores de cc
Controle de motores de ccControle de motores de cc
Controle de motores de ccjulio_a_s
 
Paralelo transf trifásicos
Paralelo transf trifásicosParalelo transf trifásicos
Paralelo transf trifásicosCarolina Romero
 
Apostila sobre motores de indução trifásicos i
Apostila sobre motores de indução trifásicos iApostila sobre motores de indução trifásicos i
Apostila sobre motores de indução trifásicos iPaulo Cesar Diniz Bicudo
 
ELETRICIDADE SISTEMAS TRIFASICOS de Corrente alternada
ELETRICIDADE  SISTEMAS TRIFASICOS de Corrente alternadaELETRICIDADE  SISTEMAS TRIFASICOS de Corrente alternada
ELETRICIDADE SISTEMAS TRIFASICOS de Corrente alternadaJorgeRicardoMenezesd
 

Semelhante a Motores síncronos (20)

Laboratorio de maquinas
Laboratorio de maquinasLaboratorio de maquinas
Laboratorio de maquinas
 
aula_6.pdf
aula_6.pdfaula_6.pdf
aula_6.pdf
 
Eletrotecnica inversores(completo)
Eletrotecnica   inversores(completo)Eletrotecnica   inversores(completo)
Eletrotecnica inversores(completo)
 
Pratica3 sincronas
Pratica3 sincronasPratica3 sincronas
Pratica3 sincronas
 
Aula 3 - Máquina de corrente contínua.ppt
Aula 3 - Máquina de corrente contínua.pptAula 3 - Máquina de corrente contínua.ppt
Aula 3 - Máquina de corrente contínua.ppt
 
Modulo1 geradores ca 1 a 21_2007
Modulo1 geradores ca 1 a 21_2007Modulo1 geradores ca 1 a 21_2007
Modulo1 geradores ca 1 a 21_2007
 
1 motores de indução
1 motores de indução1 motores de indução
1 motores de indução
 
Motor Ac
Motor AcMotor Ac
Motor Ac
 
Power point de sistema de potência
Power point de sistema de potênciaPower point de sistema de potência
Power point de sistema de potência
 
Motor cc
Motor ccMotor cc
Motor cc
 
09 geradores e motores elétricos
09   geradores e motores elétricos09   geradores e motores elétricos
09 geradores e motores elétricos
 
Cap 9 geradores e motores eletricos
Cap 9  geradores e motores eletricosCap 9  geradores e motores eletricos
Cap 9 geradores e motores eletricos
 
Aula14_MaqCC - parte03.pdf
Aula14_MaqCC - parte03.pdfAula14_MaqCC - parte03.pdf
Aula14_MaqCC - parte03.pdf
 
Guia de experimento de lab de maquinas maquina de indução versão 3
Guia de experimento de lab de maquinas   maquina de indução versão 3Guia de experimento de lab de maquinas   maquina de indução versão 3
Guia de experimento de lab de maquinas maquina de indução versão 3
 
3.a Aula_N5CV1_Transformadores Trifásicos.ppt
3.a Aula_N5CV1_Transformadores Trifásicos.ppt3.a Aula_N5CV1_Transformadores Trifásicos.ppt
3.a Aula_N5CV1_Transformadores Trifásicos.ppt
 
Cap15
Cap15Cap15
Cap15
 
Controle de motores de cc
Controle de motores de ccControle de motores de cc
Controle de motores de cc
 
Paralelo transf trifásicos
Paralelo transf trifásicosParalelo transf trifásicos
Paralelo transf trifásicos
 
Apostila sobre motores de indução trifásicos i
Apostila sobre motores de indução trifásicos iApostila sobre motores de indução trifásicos i
Apostila sobre motores de indução trifásicos i
 
ELETRICIDADE SISTEMAS TRIFASICOS de Corrente alternada
ELETRICIDADE  SISTEMAS TRIFASICOS de Corrente alternadaELETRICIDADE  SISTEMAS TRIFASICOS de Corrente alternada
ELETRICIDADE SISTEMAS TRIFASICOS de Corrente alternada
 

Último

10 - RELOGIO COMPARADOR - OPERAÇÃO E LEITURA.pptx
10 - RELOGIO COMPARADOR - OPERAÇÃO E LEITURA.pptx10 - RELOGIO COMPARADOR - OPERAÇÃO E LEITURA.pptx
10 - RELOGIO COMPARADOR - OPERAÇÃO E LEITURA.pptxVagner Soares da Costa
 
Lista de presença treinamento de EPI NR-06
Lista de presença treinamento de EPI NR-06Lista de presença treinamento de EPI NR-06
Lista de presença treinamento de EPI NR-06AndressaTenreiro
 
TRABALHO INSTALACAO ELETRICA EM EDIFICIO FINAL.docx
TRABALHO INSTALACAO ELETRICA EM EDIFICIO FINAL.docxTRABALHO INSTALACAO ELETRICA EM EDIFICIO FINAL.docx
TRABALHO INSTALACAO ELETRICA EM EDIFICIO FINAL.docxFlvioDadinhoNNhamizi
 
07 - MICRÔMETRO EXTERNO SISTEMA MÉTRICO.pptx
07 - MICRÔMETRO EXTERNO SISTEMA MÉTRICO.pptx07 - MICRÔMETRO EXTERNO SISTEMA MÉTRICO.pptx
07 - MICRÔMETRO EXTERNO SISTEMA MÉTRICO.pptxVagner Soares da Costa
 
apresentação de Bancos de Capacitores aula
apresentação de Bancos de Capacitores aulaapresentação de Bancos de Capacitores aula
apresentação de Bancos de Capacitores aulaWilliamCruz402522
 
Apresentação Manutenção Total Produtiva - TPM
Apresentação Manutenção Total Produtiva - TPMApresentação Manutenção Total Produtiva - TPM
Apresentação Manutenção Total Produtiva - TPMdiminutcasamentos
 
NR10 - Treinamento LOTO - 2023.pp tx
NR10 - Treinamento LOTO - 2023.pp     txNR10 - Treinamento LOTO - 2023.pp     tx
NR10 - Treinamento LOTO - 2023.pp txrafaelacushman21
 

Último (7)

10 - RELOGIO COMPARADOR - OPERAÇÃO E LEITURA.pptx
10 - RELOGIO COMPARADOR - OPERAÇÃO E LEITURA.pptx10 - RELOGIO COMPARADOR - OPERAÇÃO E LEITURA.pptx
10 - RELOGIO COMPARADOR - OPERAÇÃO E LEITURA.pptx
 
Lista de presença treinamento de EPI NR-06
Lista de presença treinamento de EPI NR-06Lista de presença treinamento de EPI NR-06
Lista de presença treinamento de EPI NR-06
 
TRABALHO INSTALACAO ELETRICA EM EDIFICIO FINAL.docx
TRABALHO INSTALACAO ELETRICA EM EDIFICIO FINAL.docxTRABALHO INSTALACAO ELETRICA EM EDIFICIO FINAL.docx
TRABALHO INSTALACAO ELETRICA EM EDIFICIO FINAL.docx
 
07 - MICRÔMETRO EXTERNO SISTEMA MÉTRICO.pptx
07 - MICRÔMETRO EXTERNO SISTEMA MÉTRICO.pptx07 - MICRÔMETRO EXTERNO SISTEMA MÉTRICO.pptx
07 - MICRÔMETRO EXTERNO SISTEMA MÉTRICO.pptx
 
apresentação de Bancos de Capacitores aula
apresentação de Bancos de Capacitores aulaapresentação de Bancos de Capacitores aula
apresentação de Bancos de Capacitores aula
 
Apresentação Manutenção Total Produtiva - TPM
Apresentação Manutenção Total Produtiva - TPMApresentação Manutenção Total Produtiva - TPM
Apresentação Manutenção Total Produtiva - TPM
 
NR10 - Treinamento LOTO - 2023.pp tx
NR10 - Treinamento LOTO - 2023.pp     txNR10 - Treinamento LOTO - 2023.pp     tx
NR10 - Treinamento LOTO - 2023.pp tx
 

Motores síncronos

  • 1. Máquinas Eléctricas Motores corrente alternada 1/9 Motores síncronos Princípio de funcionamento São motores com velocidade de rotação fixa – velocidade de sincronismo. O seu princípio de funcionamento está esquematizado na figura 1.1 – um motor com 2 pólos. Uma corrente (contínua) de campo IF produz um campo magnético BR no rotor. Um sistema trifásico de tensões é aplicado aos enrolamentos estatóricos produzindo um campo magnético girante BS, com o campo BR a tender a alinhar-se com o campo BS. No entanto, estes dois campos magnéticos nunca ficam perfeitamente alinhados, pois, mesmo sem carga, o rotor possui uma determinada inércia e portanto, haverá sempre um desfasamento entre os dois campos, embora rodando à mesma velocidade. Este desfasamento é medido pelo ângulo δ, apelidado de ângulo de binário, que é tanto maior, quanto maior for o binário resistente, mas constante enquanto o binário resistente for constante.. Se imaginarmos que o rotor é “puxado” pelo campo girante através de uma cola elástica (a lilás, no desenho), quando se aumenta a carga sobre o veio, e para manter o sincronismo, o que sucede é que a cola se vai deformar (esticando-se), isto é, aumentando o ângulo de binário δ e mantendo a velocidade igual à do campo girante. O binário induzido é: SRi BBkT ×= Na figura 1.3 pode ver-se melhor, como se cria o campo magnético no rotor – uma fonte de tensão contínua alimenta um enrolamento que cria um campo magnético permanente, como se o rotor fosse um imã permanente. No anexo E1 podem ver-se algumas formas de transmitir tensão contínua para a parte móvel que é o rotor. BR BS ωS Figura 1.1 Figura 1.2 ωS ωS ωS Tcarga ωS δ ωS ωS Tcarga δ Figura 1.3 R S T
  • 2. Máquinas Eléctricas Motores corrente alternada 2/9 Circuito equivalente O circuito eléctrico equivalente, para uma máquina síncrona, está representado na figura 1.4, apenas para uma (das três) fase estatórica. Aí se vê a alimentação dos enrolamentos rotóricos com tensão contínua VF, que cria o campo magnético no rotor – parte esquerda do esquema. Assim, para cada fase do estator, teremos a equação correspondente: AAASAfase IRIjXVV ++= Vectorialmente, pode ver-se esta equação na figura 1.5 O campo magnético rotórico corresponde (produz) a VA, o campo total Btotal corresponde (produz) Vfase e o campo magnético estatórico BS corresponde à queda de tensão no enrolamento jXSIA – figura 1.6. RALS VA Vfase RF LFVF IAIF Figura 1.4 Vfase IA RA I VA δ XSIA ω Vfase IA XSIA RA IA Figura 1.5 Btotal BR δ BS ω Figura 1.6 Figura 1.7 BR BS Btotal
  • 3. Máquinas Eléctricas Motores corrente alternada 3/9 O circuito eléctrico equivalente completo, para as três fases de alimentação dos enrolamentos estatóricos, está representado na figura 1.8. Funcionamento do motor síncrono Nos pontos seguintes, ignorar-se-á a resistência da armadura (RA), para simplificar. Curva de binário Os motores síncronos manobram cargas, basicamente com velocidade constante. Estão normalmente ligadas a sistemas de alimentação de potência muito superior à dos motores – rede com potência infinita – o que significa que a tensão e a frequência serão constantes qualquer que seja a potência absorvida pelo motor. A curva de binário resultante está apresentada na figura 1.9, onde se pode observar que a velocidade, do motor, é constante desde a situação de vazio até à situação de carga máxima – Tmax O binário é dado por: δsintotalRi BBkT = ou seja: S Afase i X VV T sin3 ω δ = isto é, o binário máximo ocorre quando δ = 90º. No entanto, normalmente, o binário máximo corresponde a cerca de 3 vezes o binário máximo da máquina a ligar ao motor. Excedendo-se o valor do binário máximo, o rotor já não consegue permanecer ligado ao campo girante, começa a ter escorregamento, com um binário oscilante e fazendo vibrar severamente o motor síncrono – perda de sincronismo. R S T VCC Figura 1.8 Tmax Tn nS n T perda de sincronismo aumento de P Figura 1.9
  • 4. Máquinas Eléctricas Motores corrente alternada 4/9 Da expressão anterior, do binário induzido, também se pode verificar que quanto maior o valor da corrente de campo (e, consequentemente, de VA), tanto maior o binário máximo do motor síncrono Efeito da variação de carga Existindo uma carga ligada ao veio do motor, este desenvolverá o binário suficiente para manter a carga a rodar à velocidade síncrona. A figura 1.10 mostra o que sucede quando a carga, sobre o motor, varia. Partindo duma situação correspondente a IA1 e VA1, se o binário resistente aumentar, o rotor começa por abrandar. Com esta diminuição de velocidade o ângulo de binário δ aumenta e o binário induzido pelo motor aumenta também. Com este aumento de binário do motor, o rotor acelera até atingir novamente a velocidade de sincronismo, embora com um ângulo de binário maior. Recorde-se que VA = kφω - isto é, VA depende apenas da corrente de campo e da velocidade. Como a velocidade é constante (enquanto não se alterar a frequência da rede de alimentação) e como não se alterou a corrente de campo, então o módulo da tensão induzida |VA|, deverá permanecer constante, mesmo existindo alterações de carga. No entanto a projecção de VA, bem como os valores de sinδ e de IAcosϕ1 , aumentam, isto é, o vector VA desloca-se para baixo, sobre uma circunferência, o que implica que a quantidade jXSIA tem que aumentar para conseguir atingir Vfase, o que, por seu turno, implica que IA aumente, ou seja que a potência absorvida pelo motor se torne maior. Refira-se que o ângulo ϕ também se altera, tornando-se cada vez menos capacitivo (IA1 e IA2), resistivo (IA3) e depois cada vez mais indutivo (IA4, ...). Efeito da variação da corrente de campo Observe-se a figura 1.11, em que se parte da situação em que o motor opera com um factor de potência capacitivo (IA1, VA1). Aumentando-se o valor da corrente de campo, aumenta-se o valor de VA, mas não se afecta o valor da potência activa. Este apenas se altera quando a carga varia. Como a variação da corrente de campo IF não afecta a velocidade de rotação e dado que não se alterou a carga, então a potência absorvida pelo motor permanece constante. Também a tensão de fase Vfase se mantém constante, dado que a tensão da rede não se alterou. Desta forma, as distâncias VA, sinδ e IAcosϕ, proporcionais à potência, terão que permanecer constantes. Como se aumentou IF, aumentou-se VA, o que apenas pode acontecer se aquelas quantidades se movimentarem ao longo de uma linha de potência constante. De notar que, à medida que o valor de VA aumenta, o valor da corrente IA começa por diminuir e depois aumenta. Para baixos valores de VA, a corrente IA surge atrasada e o motor comporta-se como 1 Em que ϕ é o ângulo entre a corrente (IA) e a tensão de fase (Vfase), isto é, a sua projecção (cosϕ) é o factor de potência. ∝ P1 ∝ P2 ∝ P3 ∝ P4 δ Vfase VA1 VA2 VA3 VA4 IA1 IA2 IA3 IA4 Figura 1.10
  • 5. Máquinas Eléctricas Motores corrente alternada 5/9 uma carga indutiva, consumindo potência reactiva Q. Aumentando IF, a corrente IA vai diminuindo, tornando-se cada vez menos indutiva, passa por uma situação em que está em fase com Vfase – o motor comporta-se como uma carga resistiva – e seguidamente começa a aumentar, adiantando-se a Vfase, isto é, o motor passa a comportar-se como uma carga capacitiva, fornecendo potência reactiva à rede. Na figura 1.12 está desenhado o comportamento genérico do motor síncrono, em função das correntes IF e IA. Cada uma das possíveis curvas, corresponde a um valor diferente de potência. Para cada curva, a corrente IA mínima ocorre para um factor de potência unitário. Para qualquer outro ponto da curva, existe alguma energia reactiva fornecida ou consumida. Em resumo, controlando a corrente de campo, controla-se o consumo ou produção de energia reactiva, isto é, tem-se uma forma controlada de variar o factor de potência, com uma máquina síncrona. Os vários tipos de operação possíveis, da máquina síncrona, estão resumidos no quadro seguinte. IA1 VA1 ϕ Vfase δ ∝ P (cte ) ∝ P (cte ) IA2 VA2 Figura 1.11 cos ϕ indutivo cos ϕ capacitivo IA IF Figura 1.12
  • 6. Máquinas Eléctricas Motores corrente alternada 6/9 Arranque de máquinas síncronas Como “faz” o rotor para rodar à velocidade síncrona ? Na figura vê-se um esquema do motor síncrono no momento em que a tensão é aplicada aos enrolamentos estatóricos. Como o rotor está, inicialmente, parado, também o seu campo magnético é estacionário e portanto “vê” o campo magnético estatórico (campo girante) passar por ele 50 vezes por minuto. A expressão do binário induzido é: SRi BBkT ×= Fornece Q Consome Q ( VA cosδ > Vfase ) ( VA cosδ < Vfase ) Fornece P VA em avanço face a Vfase VA em atraso face a Vfase Consome P GERADOR MOTOR VA IA Vfas Vfas Vfas Vfas VA VA VA IA IA IA t = 0 s t = 1/200 s t = 1/100 s t = 3/200 s t = 1/50 s BR BS BR BR BR BR BS BS BS BS Ti = 0 Ti = directo Ti = 0 Ti = indirecto Ti = 0 Figura 1.13
  • 7. Máquinas Eléctricas Motores corrente alternada 7/9 Assim, durante um ciclo eléctrico, o binário induzido teve um sentido directo e depois um sentido indirecto, sendo o binário médio induzido nulo, ao longo de um ciclo. O efeito prático é que a máquina vibra – tenta rodar para um lado, depois para o lado contrário, sucessivamente – fortemente, não arranca e finalmente sobre-aquece. Soluções, para o arranque: § Motor auxiliar Acoplando um motor auxiliar, faz-se rodar o rotor até à velocidade de sincronismo. Seguidamente ligam-se os enrolamentos estatóricos à tensão da rede e desacopla-se o motor auxiliar. Esta forma de arranque é particularmente adequada nos casos em que a máquina síncrona serve como gerador – necessitando, por isso, de algo que lhe forneça a energia mecânica rotacional – desempenhando o motor que fornece a energia mecânica, o papel de colocar a máquina síncrona a rodar à velocidade de sincronismo, na fase de arranque. § Redução de frequência Reduzir a frequência e, consequentemente, a velocidade de rotação do campo girante, de forma a que o rotor possa acelerar e acoplar-se magnéticamente com ele, no intervalo de meio ciclo da rotação do campo girante. Seguidamente aumenta-se a frequência da tensão de alimentação até aos seus 50 Hz habituais. Esta forma de arranque é, hoje, facilmente conseguida com recurso à electrónica de potência, através dos variadores de frequência. § Enrolamentos amortecedores É o meio mais popular. Os enrolamentos amortecedores são barras especiais, encastradas nas faces do rotor e curto circuitadas nas extremidades por anéis – figura 1.15. A forma de funcionamento está representada na figura 1.16 – quando se aplica a tensão aos enrolamentos estatóricos, com os enrolamentos rotóricos desligados, gera-se um campo magnético girante que induz uma tensão nas barras do enrolamento amortecedor, expressa por: ( ) lBvfemi ⋅×= v – velocidade da barra, relativamente ao campo magnético B – densidade de fluxo l – comprimento da barra As barras, do topo do rotor, movem-se para a direita, relativamente ao campo magnético (que se movimenta para a esquerda), sendo o sentido da tensão induzida perpendicular à página e apontando para nós. Analogamente, a tensão induzida nas barras da parte inferior do rotor é perpendicular à página e aponta para trás da página. Estas tensões induzidas produzem uma Figura 1.14
  • 8. Máquinas Eléctricas Motores corrente alternada 8/9 corrente que flui na nossa direcção a partir das barras superiores e entra para as barras inferiores – figura 1.17 – resultando num campo magnético induzido BW, que aponta para a direita. A expressão do binário induzido vem: SWi BkBT ×= resultando um binário nas barras e, por consequência no rotor, no sentido directo. Notar que o binário é por vezes directo outras vezes é nulo, mas sempre unidireccional, isto é, um binário líquido numa só direcção, implicando uma aceleração do rotor. Refira-se, por fim, que o rotor acelera, mas não até à velocidade de sincronismo, o que é fácil de entender pelo princípio da indução de fem2 , que obriga a que haja movimento relativo entre o campo girante e o rotor. No entanto a velocidade de rotação que atinge, é próxima da de sincronismo, o que permite que a alimentação CC normal dos enrolamentos do rotor possa ser ligada e conseguindo o campo magnético do rotor “prender-se” ao campo girante, acelerando o rotor para a velocidade de sincronismo. 2 Ver princípio de funcionamento das máquinas assíncronas. Figura 1.16 femi / I femi / I BS BW BS BW BS BS t = 0 s t = 1/200 s t = 1/100 s t = 3/200 s Ti = directo Ti = 0 Ti = directo Ti = 0 Figura 1.17
  • 9. Máquinas Eléctricas Motores corrente alternada 9/9 Anexo E1