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1
Meditando no Evangelho de João
Compartilhamos aqui algumas meditações para Pequenos
Grupos. Esperamos que possam ser úteis para devoção.
Fonte: http://www.jrbell.com/cgi-bin/pics.cgi/29
Jorge Wilson Nogueira Neves
2
Sumário
Meditando no Evangelho de João ................................................................................................1
João o apóstolo ........................................................................................................................3
O que Maria sabia ....................................................................................................................5
O amigo do noivo .....................................................................................................................7
Eu amo a Jesus, mas.................................................................................................................9
Como se faz um adorador ......................................................................................................12
Jesus e o solitário ...................................................................................................................16
Semeadores e ceifeiros ..........................................................................................................19
Espiritualidade e submissão – um modelo para nós ..............................................................23
Cuidado com você..................................................................................................................26
As imagens do Pai e a minha narrativa pessoal......................................................................28
O outro lado de um velório ....................................................................................................30
Da contemplação à ação ........................................................................................................33
Pensando em desistir? ...........................................................................................................37
Uma nova vida no centro da velha.........................................................................................40
Toquem em mim e vocês vão crer .........................................................................................43
Melhor do que conhecer a Jesus............................................................................................46
E quanto a ele?.......................................................................................................................48
ANOTAÇÕES ...........................................................................................................................50
3
João o apóstolo
Provavelmente esse evangelho foi escrito entre 69 e 90 d.C. Embora não
refira claramente o nome de sue autor provavelmente foi escrito por alguém
que gozava de intimidade com os acontecimentos narrados com lemos nos
textos:
1. João 19: 26
Ora Jesus, vendo ali sua mãe, e que o discípulo a quem ele amava estava
presente, disse a sua mãe: Mulher, eis aí o teu filho.
2. João 20:2, 4,8
2- Correu, pois, e foi a Simão Pedro, e ao outro discípulo, a quem Jesus
amava, e disse-lhes: Levaram o Senhor do sepulcro, e não sabemos onde o
puseram.
4 - E os dois corriam juntos, mas o outro discípulo correu mais
apressadamente do que Pedro, e chegou primeiro ao sepulcro.
8 - E Pedro, voltando-se, viu que o seguia aquele discípulo a quem Jesus
amava, e que na ceia se recostara também sobre o seu peito, e que dissera:
Senhor, quem é que te há de trair?
3. João 21: 20,23 e 24.
20 - E Pedro, voltando-se, viu que o seguia aquele discípulo a quem Jesus
amava, e que na ceia se recostara também sobre o seu peito, e que dissera:
Senhor, quem é que te há de trair?
23- Divulgou-se, pois, entre os irmãos este dito, que aquele discípulo não
havia de morrer. Jesus, porém, não lhe disse que não morreria, mas: Se eu
quero que ele fique até que eu venha, que te importa a ti?
24 - Este é o discípulo (João) que testifica destas coisas e as
escreveu; e sabemos que o seu testemunho é verdadeiro.
4
Statue of John the Evangelist outside St. John's Seminary, Boston
Fonte: http://en.wikipedia.org/wiki/John_the_Evangelist#mediaviewer/File:St-johns-seminary-
st-john.jpg
5
O que Maria sabia
- Façam o que ele mandar!
1 Dois dias depois houve um casamento no povoado de Caná, na região da
Galiléia, e a mãe de Jesus estava ali. 2 Jesus e os seus discípulos também
tinham sido convidados para o casamento. 3 Quando acabou o vinho, a mãe
de Jesus lhe disse: - O vinho acabou. 4 Jesus respondeu: - Não é preciso
que a senhora diga o que eu devo fazer. Ainda não chegou a minha hora. 5
Então ela disse aos empregados: - Façam o que ele mandar. 6 Ali perto
estavam seis potes de pedra; em cada um cabiam entre oitenta e cento e
vinte litros de água. Os judeus usavam a água que guardavam nesses potes
nas suas cerimônias de purificação. 7 Jesus disse aos empregados: -
Encham de água estes potes. E eles os encheram até a boca. 8 Em seguida
Jesus mandou: - Agora tirem um pouco da água destes potes e levem ao
dirigente da festa. E eles levaram. 9 Então o dirigente da festa provou a
água, e a água tinha virado vinho. Ele não sabia de onde tinha vindo aquele
vinho, mas os empregados sabiam. Por isso ele chamou o noivo 10 e disse:
- Todos costumam servir primeiro o vinho bom e, depois que os convidados
já beberam muito, servem o vinho barato. Mas você guardou até agora o
melhor vinho. 11 Jesus fez esse seu primeiro milagre em Caná da Galiléia.
Assim ele revelou a sua natureza divina, e os seus discípulos creram nele.
(João 2:1-11 BLH)
Maria
A mãe de Jesus aparece duas vezes no Evangelho de João – aqui e em
19:25.
Normalmente as festas de casamento duravam vários dias e o término do
vinho seria um grande golpe no anfitrião. Talvez Maria já tivesse aprendido
que poderia contar com seu filho nas horas difíceis e por isso o procurou.
A curiosa (e desconcertante) resposta de Jesus
Talvez Maria não soubesse que seu filho, além de sair de casa, iniciara um
ministério ungido pelo Espírito Santo, agora tinha discípulos e isto tornava o
seu relacionamento com Jesus algo diferente do anterior, doméstico. A
relação mudara.
As talhas
As talhas deviam caber aproximadamente 100 litros cada. Sua função era
permitir aos hóspedes lavarem as mãos ou a limpeza dos utensílios usados
no casamento., de acordo com a tradição mencionada em Mc 7:3. Eram um
lugar de purificação
Jesus simboliza que o lugar da purificação - a velha Lei agora foi substituída
pelo seu vinho – o vinho melhor, a Graça. Esse vinho agora simboliza a
6
nova ordem. Não existe mais espaço para a Lei (ou vocês já se esqueceram
que as talhas foram cheias até a boca? ).
O que Maria sabia
Maria sabia (apesar da resposta vaga de seu filho) que a situação estava
salva depois de confiada a ele. Ela não sabia o que ele faria, mas sabia que
seria a coisa certa. Esta é a razão da instrução aos serventes ou garçons,
dada em um tom que confirma nossa impressão de que ela tinha algum tipo
de responsabilidade na festa. Poucas palavras de Maria foram preservadas;
estas aqui têm uma aplicação que ultrapassa a ocasião imediata que as
produziu. *
Aprenda com ela e com elas!(Maria e suas palavras)
Continue na festa e prove desse vinho!
Jorge Wilson
*João – Introdução e comentário – F.F.Bruce. Ed. Mundo Cristão 1ª ed. 1987, pág
70
7
O amigo do noivo
Colocando um foco certo no seu ministério pessoal
No dia seguinte estava João outra vez na companhia de dois dos seus
discípulos e, vendo Jesus passar, disse: Eis o Cordeiro de Deus. Os
dois discípulos, ouvindo-o dizer isto, seguiram a Jesus. João 1:35-37.
Fui
Fico a imaginar João Batista vendo Jesus se afastar e com Ele dois de seus
discípulos deixando ele, João Batista, sozinho. Pouco tempo depois...
Depois disto foi Jesus com seus discípulos para a terra da Judéia; ali
permaneceu com eles e batizava. Ora, João estava também batizando em
Enom, perto de Salim, porque havia ali muitas águas e para lá concorria o
povo e era batizado. Pois João ainda não tinha sido encarcerado.
Ora, dentre os discípulos de João e um judeu suscitou-se uma contenda com
respeito à purificação. E foram ter com João e lhe disseram: Mestre, aquele
que estava contigo além do Jordão, do qual tens dado testemunho, está
batizando, e todos lhe saem ao encontro.
Respondeu João: O homem não pode receber cousa alguma se do céu não
lhe for dada.
Vós mesmos sois testemunhas de que vos disse: Eu não sou o Cristo mas fui
enviado como seu precursor. O que tem a noiva é o noivo; o amigo do noivo
que está presente e o ouve, muito se regozija por causa da voz do noivo.
Pois esta alegria já se cumpriu em mim.
Convém que ele cresça e eu diminua.
Agora vem um dos discípulos de João dizer-lhe que seu ministério estava
em declínio: todos lhe saem ao encontro (referindo-se a Jesus). Após um
tempo de franca popularidade João se vê numa nova situação – ter que
passar seu ministério.
Este texto ensina muitas coisas a um líder cristão:
Primeiramente não somos arautos de nós mesmos, ou algo está muito
errado. João mesmo respondeu:
Eu não sou o Cristo, mas fui enviado como seu precursor.
8
O foco do nosso ministério não é a nossa própria glória, mas a de Cristo
(cuidado quando você buscar popularidade ou quiser fazer contabilização
frequente de seus sucessos ministeriais).
Em segundo lugar, reconhecer que cuidamos do nosso ministério como
alguém que cuida extremamente bem de algo que não lhe pertence mas
que logo será entregue.ao seu verdadeiro dono, pois - O que tem a noiva
é o noivo.
Em terceiro lugar, descobrir a alegria de ser o amigo do noivo. E essa
alegria precisa de combustível – ouvir uma voz:
o amigo do noivo que está presente e o ouve, muito se regozija por causa
da voz do noivo.
Só quem ouvir essa voz vai ter a alegria de entregar a noiva ao noivo, sem
ciúmes.
Em último lugar sentir prazer no trabalho feito para o noivo:
Pois esta alegria já se cumpriu em mim.
Convém que ele cresça e eu diminua.
Jorge Wilson
9
Eu amo a Jesus, mas
João 3 - O encontro.
Havia, entre os fariseus, um homem, chamado Nicodemos, um dos
principais dos judeus.
Este, de noite, foi ter com Jesus e lhe disse: Rabi, sabemos que és Mestre
vindo da parte de Deus; porque ninguém pode fazer estes sinais que tu
fazes, se Deus não estiver com ele.
A isto respondeu Jesus: Em verdade, em verdade te digo que se alguém
não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus.
Perguntou-lhe Nicodemos: Como pode um homem nascer, sendo velho?
Pode, porventura, voltar ao ventre materno e nascer segunda vez?
Respondeu Jesus: Em verdade, em verdade te digo: Quem não nascer da
água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus. O que é nascido da
carne é carne; e o que é nascido do espírito é espírito. Não te admires de
eu te dizer: Importa-vos nascer de novo. (Jo 3:1-7)
Nicodemos procura Jesus e admite que O Mestre vindo da parte de Deus.
Aparentemente, se eu fosse Jesus, até ficaria satisfeito.
- Mas Jesus não ficou!
Jesus lhe respondeu que "se alguém não nascer de novo, não pode ver o reino
de Deus". Para Jesus é importante que aquele que O segue tenha a visão
do Reino.
- Como conseguir a visão do Reino? Não basta ser Mestre. A visão
do Reino é um caminho do coração.
A "criança" dentro de nós.
Em Lucas 18:15-17 Jesus já ensinava que
Quem não receber o Reino de Deus como uma criança, de maneira
alguma entrará nele.
No Salmo 131, de Davi, que nos ensina que só damos um "colinho para
nossa própria alma" quando nos tornamos como crianças:
Pelo contrário, fiz calar e sossegar a minha alma; como a criança
desmamada se aquieta nos braços de sua mãe, como essa criança é a
minha alma para comigo. espera, ó Israel, no Senhor, desde agora e para
10
sempre.
João 7 - A metade da história. O testemunho que não houve.
Quem poderia supor que uma simples conversa ficaria registrada para
sempre na Bíblia (Ah! se eles soubessem).
Voltaram, pois, os guardas à presença dos principais sacerdotes e
fariseus, e estes lhes perguntaram: Por que não o trouxestes?
Responderam eles: jamais alguém falou como este homem.
Replicaram-lhes, pois, os fariseus: Será que também vós fostes
enganados? Porventura creu nele alguém dentre as autoridades, ou algum
dos fariseus? Quanto a esta plebe que nada sabe da lei, é maldita.
Nicodemos, um deles, que antes fora ter com Jesus, agora presente,
perguntou-lhes: Acaso nossa lei julga um homem, sem primeiro ouvi-lo e saber
o que ele fez?
Responderam eles. Dar-se-á o caso de que também tu és da Galiléia? Examina, e
verás que da Galiléia não se levanta profeta.
E cada um foi para sua casa.
Examinando a atitude de Nicodemos
- Faltou aqui uma resposta por parte de Nicodemos!
Nicodemos preferiu subir no muro e depois tentou "puxar Jesus para
cima" quando fez lembrar aos principais sacerdotes e fariseus que eles
tinham "uma tradição a manter": "Acaso nossa lei julga um homem, sem
primeiro ouvi-lo e saber o que ele fez?" Jo 7:51. Queria ficar bem com os
dois lados - não queria prejudicar sua reputação!
O problema é que Jesus não sobe em muro. Quando Satanás lhe
propôs um bom negócio - acordinho de bastidores - para evitar a Cruz,
veja o que Jesus respondeu:
Levou-o ainda o diabo a um monte muito alto, mostrou-lhe todos os
reinos do mundo e a glória deles, e lhe disse: Tudo isto te darei se,
prostrado, me adorares. Então Jesus lhe ordenou: Retira-te, Satanás,
porque está escrito: Ao Senhor teu Deus adorarás, e só a ele darás culto.
Com isto o deixou, o diabo, e eis que vieram anjos, e o serviam. (Mt 4:8-
11)
O mais curioso é que, tentando manter sua reputação, Nicodemos a
"arranhou" quando escutou, em público:
11
Examina, e verás que da Galiléia não se levanta profeta.
- (Mandaram Nicodemos estudar)
O muro
E se aquela conversa de Nicodemos com Jesus fosse com você ou
comigo? O que você responderia? O que eu responderia se estivesse no
lugar de Nicodemos? Será que estamos dispostos a arriscar
nossa própria reputação ao seguir Jesus?
Ou preferimos o muro - um lugar seguro?
E se eu já subi nesse muro... Como descer?
E se eu não descer?
Só voltamos a ter notícias de Nicodemos após a morte de Jesus:
Depois disto, José de Arimatéia, que era discípulo de Jesus, ainda que
ocultamente pelo receio que tinha dos judeus, rogou a Pilatos lhe
permitisse tirar o corpo de Jesus. Pilatos lhe permitiu. Então foi Jose de
Arimatéia e retirou o corpo de Jesus.
E também Nicodemos, aquele que anteriormente viera ter com Jesus á
noite, foi levando cerca de cem libras (45 kg) de um composto de mirra e
aloés. Tomaram pois, o corpo de Jesus e o envolveram em lençóis com os
aromas, como é de uso entre os judeus na preparação para o
sepulcro". (Jo 19:38-40)
Nicodemos e José de Arimatéia não desceram do muro, e também
parece que não sobrou muita coisa para eles! Acredito que ambos
amavam o Mestre. Fico a imaginar os dois envolvendo com faixas o corpo
morto de Jesus e imaginando o quanto que poderiam ter usufruído a
presença do Mestre e a experiência com o Seu amor.
Descendo do muro.
Conversas, como as de Nicodemos, estão presentes na vida de todos nós.
É melhor estarmos preparados.
Se o seu "adulto” subiu no muro, é a sua "criança" que tem de descer.
- Está difícil. Sabe o que uma criança faz numa situação dessas?
- Ela chama: - Papai! E pula nos braços dEle! Jorge Wilson
12
Como se faz um adorador
Os fariseus ouviram dizer que Jesus estava ganhando mais discípulos e
batizava mais pessoas do que João. (De fato, não era Jesus quem batizava, e
sim os seus discípulos)
Quando Jesus ficou sabendo disso, saiu da Judéia e voltou para a Galiléia. No
caminho, ele tinha de passar pela região da Samaria. Ele chegou a uma cidade
da Samaria, chamada Sicar, que ficava perto das terras que Jacó tinha dado ao
seu filho José. Ali ficava o poço de Jacó.
Era mais ou menos meio-dia quando Jesus, cansado da viagem, sentou-se
perto do poço. Uma mulher samaritana veio tirar água, e Jesus lhe disse: -Por
favor, me dê um pouco de água. (Os discípulos de Jesus tinham ido até a
cidade comprar comida.) A mulher respondeu: - O senhor é judeu, e eu sou
samaritana. Então como é que o senhor me pede água? (Ela disse isso porque
os judeus não se dão com os samaritanos.)
Então Jesus disse: - Se você soubesse o que Deus pode dar e quem é que está
lhe pedindo água, você pediria, e ele lhe daria a água da vida. Ela respondeu: -
O senhor não tem balde para tirar água, e o poço é fundo. Como é que vai
conseguir essa água da vida? Nosso antepassado Jacó nos deu este poço.
Ele, os seus filhos e os seus animais beberam água daqui. Será que o senhor é
mais importante do que Jacó? Então Jesus disse: - Quem beber desta água
terá sede de novo, mas aquele que beber da água que eu lhe der nunca mais
terá sede. Porque a água que eu lhe der se tornará nele uma fonte de água
que dará vida eterna. Então a mulher pediu: - Por favor, me dê dessa água!
Assim eu nunca mais terei sede e não precisarei mais vir aqui buscar água. -Vá
chamar o seu marido e volte aqui! -ordenou Jesus. -Eu não tenho marido! -
respondeu a mulher.
Então Jesus disse: - Você está certa ao dizer que não tem marido, pois já teve
cinco, e este que você tem agora não é, de fato, seu marido. Sim, você falou a
verdade. A mulher respondeu: - Agora eu sei que o senhor é um profeta! Os
nossos antepassados adoravam a Deus neste monte, mas vocês, judeus, dizem
que Jerusalém é o lugar onde devemos adorá-lo. Jesus disse: - Mulher creia no
que eu digo: Chegará o tempo em que ninguém vai adorar a Deus nem neste
monte nem em Jerusalém. Vocês, samaritanos, não sabem o que adoram, mas
nós sabemos o que adoramos porque a salvação vem dos judeus.
Mas virá o tempo, e, de fato, já chegou , em que os verdadeiros adoradores
vão adorar o Pai em espírito e em verdade. Pois são esses que o Pai quer que o
13
adorem. Deus é Espírito, e por isso os que o adoram devem adorá-lo em
espírito e em verdade. A mulher respondeu: - Eu sei que o Messias, chamado
Cristo, tem de vir. E, quando ele vier, vai explicar tudo para nós. Então Jesus
afirmou: - Pois eu, que estou falando com você, sou o Messias. (João 4:1-26
BLH)
Repare na conversa:
Vá chamar o seu marido e volte aqui! -ordenou Jesus. -Eu não tenho marido! -
respondeu a mulher. Então Jesus disse: - Você está certa ao dizer que não tem
marido, pois já teve cinco, e este que você tem agora não é, de fato, seu
marido. Sim, você falou a verdade.
Provavelmente havia algum impedimento legal neste relacionamento atual
(conjugal) da samaritana.
O cenário
O senhor é judeu, e eu sou samaritana. Então como é que o senhor me pede
água?
Antigamente a separação entre judeus e samaritanos era tão grande que eles
não usavam os mesmos utensílios porque os judeus achavam que cometeriam
“impureza ritual”.
Esse é um trecho da conversa de Jesus com a samaritana. Os samaritanos
eram o que restava do reino israelita do Norte e haviam se misturado com
estrangeiros depois que a elite do país fora levada para o exílio no ano 722
a.C. Adoravam no monte Gerizim, rejeitavam o Antigo Testamento e tinham
uma interpretação própria dos cinco livros da lei de Moisés.
Neste diálogo, por um lado temos Jesus – judeu, homem e Profeta –
vários degraus acima dela que, por outro lado, era: samaritana, mulher e
amasiada! (vários degraus abaixo). Seria algo mais ou menos assim:
Profeta
Homem
Judeu
samaritana
mulher
amasiada
14
Jesus inicia pelo degrau mais inferior e expõe a verdade da samaritana -
presente e passado - que lhe responde:
- Agora eu sei que o senhor é um profeta!
Mas, logo após, ela fala:
Os nossos antepassados adoravam a Deus neste monte, mas vocês, judeus,
dizem que Jerusalém é o lugar onde devemos adorá-lo.
Acredito que aqui ela não fugiu da conversa, mas porque a palavra de Jesus
fez com que ela se confrontasse com sua própria realidade, o seu pecado, ela
quis, desta forma, saber o que podia fazer a respeito. Como subir nessa
escada até o Pai?
Ela, bem humana, começa como todo mundo e pergunta: “Onde adorar?”.
O onde era uma controvérsia entre samaritanos e judeus: Jerusalém ou
Gerizim? - Brigas teológicas! Se trouxéssemos essa discussão para hoje, por
exemplo, qual seria a verdadeira igreja de Jesus?
Mas, o Mestre veio para ensinar que, em questão de adoração, o problema
não é o “onde”, mas o quem e o como e ensina:
Mas virá o tempo, e, de fato, já chegou , em que os verdadeiros adoradores
vão adorar o Pai em espírito e em verdade. Pois são esses que o Pai quer que o
adorem.
A nossa adoração inicia quando as nossas verdades são mobilizadas - nossa
mente (e os sentimentos que delas surgem) e o nosso coração na direção
Pai. Então clamamos pelo Seu perdão e pedimos a Sua companhia.
Finalmente, entramos em Sua presença com expectativa de sermos
galardoados:
Sem fé ninguém pode agradar a Deus, porque quem vai a ele precisa crer que
ele existe e que recompensa os que procuram conhecê-lo melhor. (Hebreus
11:6 BLH)
Jesus falou à mulher de uma recompensa, criou expectativas nela quando
falou de uma água especial:
Então Jesus disse: - Quem beber desta água terá sede de novo, mas aquele
que beber da água que eu lhe der nunca mais terá sede. Porque a água que eu
lhe der se tornará nele uma fonte de água que dará vida eterna. Então a
15
mulher pediu: - Por favor, me dê dessa água! Assim eu nunca mais terei sede
e não precisarei mais vir aqui buscar água. Talvez, além de cansativo, fosse
constrangedor uma mulher como ela ir até o poço pegar água.
A maior recompensa é quando o Pai nos dá dEle mesmo, pois todos nós temos
um buraco do tamanho de Deus. Sem Ele, ficamos inconsoláveis, insaciáveis.
Não existe doação que substitua o Doador! Não foi por outro motivo que
Jesus nos deixou o Consolador- o Espírito Santo!
Piper, comentando o texto da samaritana, nos ensina que:
Adorar em espírito é o contrário de adorar de maneiras meramente externas. É
o contrário do formalismo e tradicionalismo vazios. Adorar em verdade é o
contrário da adoração baseada em um entendimento inadequado de Deus. A
adoração precisa ter coração e cabeça. Ela tem de envolver as emoções e o
pensamento.*
Todo o trabalho de Jesus com aquela samaritana foi para gerar uma
adoradora genuína. Foi o trabalho dEle naquela época e é o mesmo hoje, em
cada um de nós. Ele não se importa de descer todos os degraus necessários
para nos ensinar a subi-los em companhia dEle.
Quando você for louvar, suba cada degrau elevando ao Pai sua verdade e seus
afetos; sua mente e seu coração.
P.S: E não se esqueça de levar junto suas expectativas!
Jorge Wilson
* John Piper, A Teologia da Alegria, Shedd publicações, 1ª Ed. Pág.67.
16
Jesus e o solitário
A solidão
1 Depois disso havia uma festa dos judeus; e Jesus subiu a Jerusalém. 2
Ora, em Jerusalém, próximo à porta das ovelhas, há um tanque ,chamado
em hebraico Betesda, o qual tem cinco alpendres. 3 Nestes jazia grande
multidão de enfermos, cegos, mancos e ressicados [esperando o movimento
da água.] 4 [ Porquanto um anjo descia em certo tempo ao tanque, e
agitava a água; então o primeiro que ali descia, depois do movimento da
água, sarava de qualquer enfermidade que tivesse. ]5Achava-se ali um
homem que, havia trinta e oito anos, estava enfermo. 6 Jesus, vendo-o
deitado e sabendo que estava assim havia muito tempo, perguntou-lhe:
Queres ficar são? 7 Respondeu-lhe o enfermo: Senhor, não tenho ninguém
que, ao ser agitada a água, me ponha no tanque; assim, enquanto eu vou,
desce outro antes de mim. 8 Disse-lhe Jesus: Levanta-te, toma o teu leito e
anda.9 Imediatamente o homem ficou são; e, tomando o seu leito, começou
a andar. Ora, aquele dia era sábado. 10 Pelo que disseram os judeus ao que
fora curado: Hoje é sábado, e não te é lícito carregar o leito. 11 Ele, porém,
lhes respondeu: Aquele que me curou, esse mesmo me disse: Toma o teu
leito e anda. 12 Perguntaram-lhe, pois: Quem é o homem que te disse:
Toma o teu leito e anda?13 Mas o que fora curado não sabia quem era;
porque Jesus se retirara, por haver muita gente naquele lugar.14 Depois
Jesus o encontrou no templo, e disse-lhe: Olha, já estás curado; não peques
mais, para que não te suceda coisa pior.15Retirou-se, então, o homem, e
contou aos judeus que era Jesus
quem o curara. João 5: 1-15
No cap.5 do Evangelho de João lemos que certo dia Jesus entra na cidade
de Jerusalém, segue até a Porta das ovelhas. Perto desta porta havia um
poço - um tanque com cinco alpendres. Mas o que chamava a atenção não
era sua arquitetura, mas o fato de ser um lugar onde aconteciam milagres.
Às vezes, as águas mexiam-se sobrenaturalmente e curavam as pessoas
que nelas entravam. Provavelmente surgiam correntes eventuais de outras
fontes subterrâneas de águas com propriedades medicinais e certamente
deveria haver alguma vantagem em se entrar nelas nesses momentos.
Logicamente, nesse lugar havia uma multidão de enfermos de todo o tipo:
coxos, cegos, e aleijados - todos esperando o mover das águas.
Era também época de festa - a das Trombetas (corresponde ao Dia do Ano
Novo)* . Uma época bem próxima a que vamos ter agora (estamos em
dezembro de 2006). Um tempo bom para se curtir a família (para quem
tem) e extremamente difícil e depressiva para os solitários.
No meio destes doentes havia um homem que chamou a atenção de Jesus.
Este homem padecia de uma paralisia há trinta e oito anos. Não sabemos
17
há quantos anos ele jazia nos alpendres do tanque chamado Betesda que
significa "Casa de Misericórdia", mas a sua história é ainda mais triste,
pois vamos descobrir que sua paralisia não era todo o seu problema. Jesus
vê este homem e pergunta: - “Queres ficar são?” Uma pergunta estranha,
mas nem tanto, pois o homem não responde à pergunta; em vez disso, dá
uma desculpa.
O que estaria Jesus pensando? Seria possível que esse homem doente
tivesse medo de ser curado após tanto tempo, ou seja, medo de enfrentar
uma vida sadia normal? E é na resposta do doente que sentimos a
profundidade da tristeza e solidão deste homem. “Senhor”, responde o
homem, “não tenho amigo algum que, quando a água é agitada, me
coloque no tanque; mas, enquanto eu vou, desce outro antes de
mim.”
Podemos ouvir a dor na sua resposta: “Eu não tenho ninguém!”. Trinta e
oito anos a arrastar-se pelo chão, de pedir esmola, de depender da
bondade dos outros para fazer as necessidades básicas da vida, de clamar
às pessoas e a Deus para que o ajudasse, reduziram a sua esperança para
a conformidade da sua situação.
Mas Jesus o viu, e agora o proclama são: Levanta-te, e toma a tua cama, e
anda. A Bíblia relata-nos que logo que o homem ficou são tomou a sua cama
e partiu.
Além da sua enfermidade, este homem sofria de solidão. Nós sabemos
muito pouco sobre a vida deste homem, mas podemos ver várias coisas em
relação ao estado espiritual deste homem. Certamente, parte da causa da
sua solidão era física, mas uma outra parte cooperou para aprofundar o seu
senso de abandono. O homem sofria de um tamanho desinteresse espiritual
que quando apresentado com a oportunidade de ser curado nem conseguia
dizer “sim”, e até depois de ficar curado, nem perguntou por, ou procurou,
quem o curou.
Jesus trabalha em quatro etapas com esse homem:
1 - A abordagem : O pouco que o paralítico falou foi suficiente para Jesus .
Ele (Jesus) sabe do que vai no íntimo de cada um.
2 - A cura: levanta-te toma teu leito e anda: Jesus restaura o homem
fisicamente.
3 - O caminho para fora - Se o homem deixasse a cama no poço ele poderia
voltar a habitar ali, pois afinal era um hábito de trinta e oito anos.Jesus
procurava não apenas curar a paralisia física, mas queria trazer a sanidade
18
plena a este homem. Ele queria tirar todas as paralisias:
emocional, social, e espiritual deste homem. Era necessário romper com
esse passado.
4 - O futuro - Vendo que a primeira reintegração social desse homem foi
hostil (judeus legalistas sobre o sábado) o Mestre rompeu novamente o
círculo de solidão desse homem e vai encontrá-lo no Templo . Lembra ao
homem de que ele está curado e avisa-o do perigo de descuidar da sua vida
dizendo: Olha, já estás curado; não peques mais, para que não te suceda coisa
pior. É a única vez nos evangelhos que ouvimos Jesus falar assim. Jesus não
está neste momento a afirmar que o pecado é a causa das enfermidades,
mas aponta para o afastamento espiritual que o pecado faz na vida das
pessoas em relação aos outros e a Deus e aqui era esse o caso.
Jesus vem ao encontro do solitário. Após um encontro com Jesus, o
caminho para fora significa sair da solidão e entrar no Corpo de Cristo onde
o Espírito Santo que habita em você vai ao encontro do Espírito Santo que
habita em seu irmão. Talvez tenhamos de enfrentar alguns fariseus do
sábado pelo caminho, mas daremos mais atenção à voz de Cristo que nos
declara curados.
Deus deseja ter um relacionamento íntimo conosco. Ele nos ama de tal
maneira que enviou o seu Filho para atravessar o abismo da solidão
humana para um pleno relacionamento de amor com Deus. Jesus não quis
que este homem deixasse a sua cama ali naquele poço como também não
quer que deixemos nossa cama nos poços onde estamos presos.
Leia agora o texto e coloque-se no lugar desse homem. Ouça a voz de Jesus
e descubra onde era o seu poço de solidão. Peça sua cura e saia para fora.
Jesus pode te mostrar onde você pode melhorar.
Jorge Wilson
19
Semeadores e ceifeiros
1 E QUANDO o Senhor entendeu que os fariseus tinham ouvido que Jesus fazia e
batizava mais discípulos do que João 2 (Ainda que Jesus mesmo não batizava, mas
os seus discípulos),3Deixou a Judéia, e foi outra vez para a Galiléia.4E era-lhe
necessário passar por Samaria.5 Foi, pois, a uma cidade de Samaria, chamada Sicar,
junto da herdade que Jacó tinha dado a seu filho José.6E estava ali a fonte de Jacó.
Jesus, pois, cansado do caminho, assentou-se assim junto da fonte. Era isto quase à
hora sexta.
7 Veio uma mulher de Samaria tirar água. Disse-lhe Jesus: Dá-me de beber. 8
Porque os seus discípulos tinham ido à cidade comprar comida. 9 Disse-lhe, pois, a
mulher samaritana: Como, sendo tu judeu, me pedes de beber a mim, que sou
mulher samaritana? (porque os judeus não se comunicam com os samaritanos).10
Jesus respondeu, e disse-lhe: Se tu conheceras o dom de Deus, e quem é o que te
diz: Dá-me de beber, tu lhe pedirias, e ele te daria água viva.
11 Disse-lhe a mulher: Senhor, tu não tens com que a tirar, e o poço é fundo; onde,
pois, tens a água viva?12 És tu maior do que o nosso pai Jacó, que nos deu o poço,
bebendo ele próprio dele, e os seus filhos, e o seu gado?
13 Jesus respondeu, e disse-lhe: Qualquer que beber desta água tornará a ter
sede;14 Mas aquele que beber da água que eu lhe der nunca terá sede, porque a
água que eu lhe der se fará nele uma fonte de água que salte para a vida eterna.
15 Disse-lhe a mulher: SENHOR, dá-me dessa água, para que não mais tenha sede,
e não venha aqui tirá-la.
16 Disse-lhe Jesus: Vai, chama o teu marido, e vem cá.
17 A mulher respondeu, e disse: Não tenho marido.
Disse-lhe Jesus: Disseste bem: Não tenho marido ;18 Porque tiveste cinco maridos, e
o que agora tens não é teu marido; isto disseste com verdade.
19 Disse-lhe a mulher: Senhor, vejo que és profeta. 20 Nossos pais adoraram neste
monte, e vós dizeis que é em Jerusalém o lugar onde se deve adorar.
21 Disse-lhe Jesus: Mulher, crê-me que a hora vem, em que nem neste monte nem
em Jerusalém adorareis o Pai. 22 Vós adorais o que não sabeis; nós adoramos o que
sabemos porque a salvação vem dos judeus.23 Mas a hora vem, e agora é, em que
os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade; porque o Pai
procura a tais que assim o adorem.24Deus é Espírito, e importa que os que o adoram
o adorem em espírito e em verdade.
25 A mulher disse-lhe: Eu sei que o Messias (que se chama o Cristo) vem; quando
ele vier, nos anunciará tudo.
26 Jesus disse-lhe: Eu o sou, eu que falo contigo.
27 E nisto vieram os seus discípulos, e maravilharam-se de que estivesse falando
com uma mulher; todavia nenhum lhe disse: Que perguntas? ou: Por que falas com
ela?
28 Deixou, pois, a mulher o seu cântaro, e foi à cidade, e disse àqueles homens:29
Vinde, vede um homem que me disse tudo quanto tenho feito. Porventura não é este
o Cristo?30 Saíram, pois, da cidade, e foram ter com ele.
31 E entretanto os seus discípulos lhe rogaram, dizendo: Rabi, come.
32 Ele, porém, lhes disse: Uma comida tenho para comer, que vós não conheceis.
20
33 Então os discípulos diziam uns aos outros: Trouxe-lhe, porventura, alguém algo
de comer? 34 Jesus disse-lhes: A minha comida é fazer a vontade daquele que me
enviou, e realizar a sua obra.
35 Não dizeis vós que ainda há quatro meses até que venha a ceifa? Eis que eu vos
digo: Levantai os vossos olhos, e vede as terras, que já estão brancas para a ceifa.
36 E o que ceifa recebe galardão, e ajunta fruto para a vida eterna; para que, assim
o que semeia como o que ceifa, ambos se regozijem.(...)
41 E muitos mais creram nele, por causa da sua palavra.42E diziam à mulher: Já não
é pelo teu dito que nós cremos; porque nós mesmos o temos ouvido, e sabemos que
este é verdadeiramente o Cristo, o Salvador do mundo.
O texto nos mostra o diálogo de Jesus com uma mulher samaritana.
Segundo o texto, Jesus estava cansado do caminho. Deve ter ficado perto da
fonte para beber água enquanto os discípulos foram atrás de comida na
cidade. Os samaritanos não se davam com os da Judéia, pois estes últimos
consideravam os samaritanos como “impuros rituais”, ou seja, não seguiam
os mandamentos de Moisés como os judeus achavam que se deveria fazer.
Então viviam separados, tinham lugares de adoração separados e mesmos
os judeus quando iam para a Galiléia, ao norte de Samaria, preferiam evitar
passar por Samaria (iam pela Cisjordânia).
Preconceito
Jesus vence primeiramente o preconceito de um judeu falar com um
samaritano (mais ainda por ser ela mulher) e ela mesma se admira do fato.
Quando a conversa inicia, parece um diálogo de surdos. Primeiro, Jesus
pede água. Quando ela se admira do pedido , Jesus muda de assunto e
passa a falar de outro tipo de água , aquele que todo ser humano precisa.
Então, abruptamente pergunta pelo marido da mulher e dá razão a ela na
resposta: Você está certa ao dizer que não tem marido, pois já teve cinco, e
este que você tem agora não é, de fato, seu marido –
Disseste bem: Não tenho marido; porque tiveste cinco maridos, e o que
agora tens não é teu marido; isto disseste com verdade.
Jesus não se aproveita deste fato (os vários maridos) para usar de sua
autoridade e exercer pressão moralista ou para forçá-la a “colocar em
ordem” seu atual relacionamento. Ele vence também esse preconceito social
dos vários casamentos e fala de tal modo a fazê-la compreender seu
próprio anseio por amor e segurança, não satisfeitos (nenhum dos
seis maridos conseguiu satisfazer o anseio de amor se segurança desta
mulher).
Jesus, a partir da sede de água da mulher chega a verdadeira sede dela por
Deus passando pelos seis maridos que teve. O interessante é que logo
após entrar em contato com seu verdadeiro anseio, ela mesma
21
passa a falar em Deus, na adoração e no Messias expressando sua
expectativa pela vinda deste último:
- Eu sei que o Messias, chamado Cristo, tem de vir. E, quando ele vier, vai
explicar tudo para nós.
E então Jesus se dá a conhecer:
- Pois eu, que estou falando com você, sou o Messias.
A partir desse ponto a mulher deixa o seu cântaro, pois sua sede já não era
tão importante - e vai à cidade, ao seu povo, para contar de seu encontro
com Jesus - de evangelizada se torna uma semeadora.
A lição
Nesse ínterim, os discípulos retornam com o alimento da cidade e se
surpreendem porque Jesus não mais parece interessado no alimento como
Ele mesmo diria depois:
A minha comida é fazer a vontade daquele que me enviou, e realizar a sua
obra.
Jesus, vendo a perplexidade que causou aos discípulos no retorno da
cidade, diz:
Levantai os vossos olhos, e vede as terras, que já estão brancas para a
ceifa.
Acredito que Jesus tenha apontado nessa hora para a mulher e os homens
da cidade que vinham se aproximando, trazidos por ela. Os discípulos foram
à cidade no intuito de obter o alimento e trouxeram. A mulher, sem o
saber, acabou sendo mais focada, pois foi à cidade e trouxe
precisamente aquilo que matava a fome e a sede de Jesus – um
povo que espera o Messias. Acredito que essa foi a lição da samaritana
para os discípulos e para nós.
A conversa de Jesus com essa mulher é uma imagem da conversa que
poderemos ter em qualquer lugar, até em nossa igreja ou koinonia
(pequeno grupo). Normalmente tentamos aconselhar falando de muitas
coisas, mas sem chegar ao anseio genuíno daquele com quem falamos.
Porém, quando a conversa atinge o coração, ela também encontra a
Deus e em Deus, atinge seu objetivo. É o mistério do evangelismo e
do aconselhamento.
22
Leia agora o texto como se você fosse a mulher e diga a Jesus qual é o seu
verdadeiro anseio (o medo que move você em suas lutas). Depois, faça
como a mulher, fale de Deus.
Jesus agradece. Jorge Wilson
23
Espiritualidade e submissão – um modelo para nós
Então Jesus disse a eles: - Eu afirmo a vocês que isto é verdade: O Filho não pode fazer nada
por sua própria conta, pois ele só faz o que vê o Pai fazer. Tudo o que o Pai faz o Filho faz
também, (João 5:19 BLH).
Jesus continuou a falar a eles. Ele disse: - Eu não posso fazer nada por minha
própria conta, mas julgo de acordo com o que o Pai me diz. O meu julgamento é
justo porque não procuro fazer a minha própria vontade, mas a vontade daquele que
me enviou. (João 5:30 BLH)
Existem muitas coisas a respeito de vocês das quais eu preciso falar e as quais eu
preciso julgar. Porém quem me enviou é verdadeiro, e eu digo ao mundo somente
o que ele me disse. Eles não entenderam que ele estava falando a respeito do Pai.
Por isso Jesus disse: - Quando vocês levantarem o Filho do Homem, saberão que "EU
SOU QUEM SOU". E saberão também que não faço nada por minha conta, mas falo
somente o que o meu Pai me ensinou. (João 8:26-28 BLH)
-Eu não tenho falado em meu próprio nome, mas o Pai, que me enviou, é quem
me ordena o que devo dizer e anunciar. E eu sei que o seu mandamento dá a
vida eterna. O que eu digo é justamente aquilo que o Pai me mandou dizer. (João
12:49-50 BLH)
O projeto de espiritualidade de Jesus consistia em realizar a vontade do Pai.
Ele era consciente de que tinha uma missão aqui na Terra e levou essa
missão adiante. Mesmo a perplexidade do Getsêmani quando Jesus
perguntou se era possível “passar este cálice”, não o afastou de sua
missão - Ele bebeu o cálice! Em sua espiritualidade, que é modelo para
nós, a sua vontade era assimilada pela vontade do Pai. Era necessário
que Jesus sonhasse o sonho do Pai e comprasse como seu o projeto
dEle.
Submissão significa “estar sob missão”. Receber a missão faz parte da
minha espiritualidade. Preciso pedir ao Pai para sonhar os sonhos que Ele
tem para mim e então o meu projeto de vida acontece! Só beberei este
cálice se não duvidar do amor de meu Pai. É um cálice que também divido
com meus irmãos, pois a submissão ao Pai é o caminho da comunhão entre
os homens. E só quem sabe mesmo que está debaixo do amor do Pai é que
pode vencer o medo de achar que os outros têm as chaves do seu destino.
A minha identidade acontece quando sou submisso à missão que meu Pai
me dá.
Segundo Richard Foster, toda disciplina tem sua liberdade correspondente,
e a liberdade que corresponde à submissão “é a liberdade de render a
terrível carga de sempre necessitar de fazer as coisas ao nosso próprio
24
modo. A obsessão de exigir que as coisas marchem de acordo com a nossa
vontade é uma das maiores escravidões da sociedade humana hodierna”. 1
Pr. Ricardo Barbosa nos ensina:
E porque é tão difícil para o ser humano essa história de “submissão”?
Parece... fraqueza, covardia! Mas não é!
Submissão não é derrota psicológica! Não é para os fracos! No Sermão do
Monte, quando Jesus se referiu à pena de Talião, onde ninguém concebia
que um homem forte, capaz de cobrar o “olho por olho” pudesse proibi-lo a
si mesmo, Ele ensinou a vitória sobre a própria força. Quem renuncia para
seguir a Cristo é o forte da história.
Frequentemente vemo-nos pressionados a agir de forma a afirmar nossa
identidade. Temos que provar quem somos e do que somos capazes, como,
por exemplo, quando alguém coloca diante de nós suspeitas do tipo: “Afinal,
você é crente ou não é? Você crê em Deus ou não? Você não afirmou que o
Deus em quem você crê é poderoso? E então? Será que Ele não é capaz de
fazer esta pobre criatura andar novamente?”. Perguntas assim não são, em
tese, diferentes das que Satanás fez no deserto a Jesus.
Muitas vezes, nossas buscas por milagres, prosperidade, poder, vitória, não
são outra coisa senão a afirmação da nossa mais profunda insegurança
afetiva. Necessitamos destas manifestações de poder e triunfalismo para
afirmar uma identidade que não estamos seguros de possuir. Esta
insegurança torna-nos prisioneiros de nós mesmos.
A necessidade de autoafirmação leva-nos, inevitavelmente, a renunciar a qualquer
forma de submissão. A única forma de nos submetermos uns aos outros é
descobrindo o significado da autoridade do Pai e nos submetendo a ela. Jesus não
teve nenhum conflito ao enfrentar a prepotência das autoridades romanas e
judaicas, pois sabia exatamente a quem estava de fato servindo. Ele disse a Pilatos
que ‘nenhuma autoridade teria se de cima não lhe fosse dada”. Com esta
afirmação, Jesus define o centro de sua submissão. Ele pode submeter-se a outras
autoridades porque conhece o Pai e entregou-se completamente a ele em amor e
submissão. 2
- E quanto aos discípulos, o que aprenderam?
O Jesus ressurreto disse a Pedro:
Em verdade, em verdade te digo que, quando eras mais moço, tu te cingias
a ti mesmo e andavas por onde querias; quando, porém, fores velho,
estenderás as tuas mãos e outro te cingirá e te levará para onde não
queres’. E então Jesus disse-lhe: Segue-me (Jo 21: 18-19).
Henry Nouwen, comentando esses versículos :
25
Mas Jesus diz que maturidade significa crescer em disposição para ser
conduzido, até a lugares que não escolheríamos com entusiasmo. É nessa
hora e nesse lugar de necessidade que nos voltamos para o Outro.
Percebemos que não podemos viver sem Deus. E todos os reconhecimentos
e confortos da vida passam a ser vistos sob uma nova luz. 3
- E quanto a nós, hoje?
Pr. Ricardo Barbosa, comentando as declarações de Jesus em João (início
da página 1), ensina:
O que temos em comum nestas afirmações de Jesus é a centralidade da vontade
do Pai e sua mais completa submissão a ela. Ele afirma que não fala, decide, julga
ou faz qualquer coisa de si mesmo. Tudo quanto faz ou fala procede do Pai. Estas
afirmações de Jesus colocam-nos diante de dois princípios básicos e fundamentais
em sua espiritualidade. Primeiro, Jesus coloca-se na condição de um bom ouvinte.
Segundo, ele põe fim à necessidade humana de autonomia.
Jesus priorizou a voz do Pai não apenas no batismo no rio Jordão, mas durante
todo o seu ministério. A oração que ele ensinou aos seus discípulos foi aplicada
radicalmente em toda a sua vida: “Seja feita a tua vontade, assim na terra como
no céu”. Ele com frequência se retirava para lugares solitários a fim de ouvir a voz
do Pai e conhecer sua vontade. É importante também notar o significado deste
silêncio e a necessidade de ouvir, para a missão do Filho. Ao dizer que não fala,
julga ou faz qualquer coisa sem antes ouvir o Pai, Jesus demonstra que ele não
tem uma missão própria. O que ele faz é o que vê o Pai fazer. Ele não tem um
discurso próprio: o que ele fala é o que ouve o Pai falar. Ele não tem um juízo
próprio: o seu juízo é o mesmo do Pai. Isto tem um desdobramento radical para a
igreja e os cristãos. Nós também não temos uma vocação que seja nossa própria:
a nossa vocação é a mesma do Pai e do Filho. Não temos uma mensagem que seja
nossa: nossa mensagem é a mesma que ouvimos do Filho e do Pai. Estamos nesse
mundo para realizar a vontade do Pai e fazer a sua obra. Para isso precisamos
aprender a ouvir 4
Jorge Wilson
3 - Transforma meu pranto em dança . Henry Nouwen , Ed.Textus. Rio de
Janeiro 2002 (pág 35).
1,2,4 - O Caminho do Coração. Pr. Ricardo Barbosa. Encontro Publicações.
1998. Curitiba. (pág.167-168)
26
Cuidado com você
Não existe perdão sem encontro com Jesus
(8-1b) mas Jesus foi para o monte das Oliveiras. De madrugada ele voltou
ao pátio do Templo, e o povo se reuniu em volta dele. Jesus estava sentado,
ensinando a todos. Aí alguns professores da Lei e fariseus levaram a Jesus
uma mulher que tinha sido apanhada em adultério e a obrigaram a ficar de
pé no meio de todos. Eles disseram: -Mestre, esta mulher foi apanhada no
ato de adultério. De acordo com a Lei que Moisés nos deu, as mulheres
adúlteras devem ser mortas a pedradas. Mas o senhor, o que é que diz
sobre isso? Eles fizeram essa pergunta para conseguir uma prova contra
Jesus, pois queriam acusá-lo. Mas ele se abaixou e começou a escrever no
chão com o dedo. Como eles continuaram a fazer a mesma pergunta, Jesus
endireitou o corpo e disse a eles: -Quem de vocês estiver sem pecado, que
seja o primeiro a atirar uma pedra nesta mulher! Depois abaixou-se outra
vez e continuou a escrever no chão. Quando ouviram isso, todos foram
embora, um por um, começando pelos mais velhos. Ficaram sós Jesus e a
mulher, e ela continuou ali, de pé. Então Jesus endireitou o corpo e disse: -
Mulher, onde estão eles? Não ficou ninguém para condenar você? -Ninguém,
senhor! -respondeu ela. Jesus disse: -Pois eu também não condeno você. Vá
e não peque mais! (João 8:1-11 BLH)
Jesus está em Jerusalém e é o foco das atenções. Seus inimigos, para
detoná-Lo trazem uma mulher “pega em flagrante adultério”. Poderiam até
já ter resolvido o assunto já que a Lei de Moisés o permitia, ou seja, a
mulher seria apedrejada no ato. Mas, para nosso bem (e dela) não o
fizeram, mas trouxeram-na como ardil para tentar incriminar Jesus e
colocá-lo em xeque com Ele mesmo ou com a Lei de Deus. Se Jesus não
manda cumprir a Lei está contra a Deus. Se, por outro lado, concorda com
ao apedrejamento contradiz seu ensino de amor e da compaixão do Pai
pelas pessoas.
Resumindo, ou Jesus quebra a Lei ou rasga tudo o que tem ensinado até
agora!
Eles disseram: -Mestre, esta mulher foi apanhada no ato de adultério. De
acordo com a Lei que Moisés nos deu, as mulheres adúlteras devem ser
mortas a pedradas. Mas o senhor, o que é que diz sobre isso?
Jesus então começa a escrever no chão com o dedo. Não sabemos o que
Jesus escreveu. Teria escrito no chão o pecado dos que queriam atirar a
pedra? Não sabemos.
27
Como eles continuaram a fazer a mesma pergunta, Jesus endireitou o corpo
e disse a eles: -Quem de vocês estiver sem pecado, que seja o primeiro a
atirar uma pedra nesta mulher!
Note que Jesus não mudou ou torceu a Lei, mas trouxe um significado novo
para ela. Ele trouxe o questionamento não só dos oprimidos, mas dos
opressores. É como se a partir daí eles começassem a pensar: - O pecado
que eu quero eliminar também está dentro de mim. Isso mudou a
forma de olhar dos circunstantes e algozes. De repente, não viam mais a
pedra indo, mas vindo! Foi como se eles se vissem recebendo em si
mesmos as pedras que queriam atirar, a dor que queriam causar. E
aconteceu uma espécie de “Parábola do Filho Pródigo ao contrário” – a
mudança de entendimento começou pelos elementos mais velhos:
Quando ouviram isso, todos foram embora, um por um, começando pelos
mais velhos .
Eles perceberam que o lado de cá da pedra se tornou o lado de lá.
Jesus ensina que as pedras que eu pego para atirar nos outros deve antes
me fazer pensar em minha própria vida e sem hipocrisia me ver do outro
lado. E aí eu tenho que me lembrar quantas vezes eu tenho pecado e
escapado dos flagrantes dos homens, mas não do Pai que sempre tem me
tratado com a Sua misericórdia.
O encontro
Não existe perdão de Jesus sem um encontro com Ele, nem que seja na
cruz – (lembra do bom ladrão?) . Voltando ao nosso texto, no final dessa
cena existe o encontro com a pergunta –
Quando ouviram isso, todos foram embora, um por um, começando pelos
mais velhos. Ficaram sós Jesus e a mulher, e ela continuou ali, de pé. Então
Jesus endireitou o corpo e disse: - Mulher, onde estão eles? Não ficou
ninguém para condenar você? -Ninguém, senhor!
Jesus não aproveita para emitir julgamentos sobre quem quer que seja. O
fato é que Jesus ama opressores e oprimidos, julgadores e julgados, pois
muitos opressores de hoje foram oprimidos no passado. Jesus se identifica
com os pecadores não por partilhar seus pecados, mas por receber as
consequências desses mesmos pecados pelos quais morreu.
Ele ama as pessoas que estão dos dois lados da pedra, pois a dor da
pedrada – só Ele sabe!
Jorge Wilson
28
As imagens do Pai e a minha narrativa pessoal
Nossas histórias podem recontadas.
No começo da oração sacerdotal, tendo em vista a proximidade de sua
morte, Jesus ora desta forma:
E a vida eterna é esta: que eles conheçam a ti, que és o único Deus
verdadeiro; e conheçam também Jesus Cristo, que enviaste ao mundo".
(João 17:3 BLH)
A vida eterna não é vida após a morte, mas é uma vida que hoje já
participa da eternidade. É uma vida que começa quando conhecemos o Pai.
Deus e o ser humano se unem e o tempo e a eternidade se encontram. Esta
é a vida que todos desejamos!
Jesus fala, nessa oração, que vida eterna é igual a conhecer. Mas, vida não
é experiência? Na bíblia hebraica a palavra conhecer é também utilizada
para a vida sexual em que um "conhece o outro. No grego - gignoskein -
está relacionada a ver, compreender e perceber. Quando eu conheço a
Deus, tenho parte com Ele, participo do abraço que une Pai, Filho e Espírito.
Desse abraço depende a minha autoimagem. É o reto conhecimento que
tenho de meu Pai que me ajuda a ser filho.
Anselm Grum, comenta essa oração de Jesus:
Mas talvez a palavra de Jesus seja, apesar de tudo, uma resposta ao anseio
de nosso tempo. Para C.G.Jung Deus é o mais forte arquétipo (*) que existe.
Quando a imagem de Deus está doente, também o ser humano fica doente.
As imagens arquetípicas mexem com alguma coisa no ser humano. Elas ou
confundem a psique ou trazem ordem para dentro dela. Ou curam as feridas
ou abrem-nas ainda mais. Por isso não é tão sem consequências a maneira
como eu vejo Deus." [1]
A imagem do Pai se desenvolve dentro de minha história de vida, de minha
narrativa pessoal. Depende também de minha experiência com meus pais.
Se eles falharam comigo posso ter uma desconfiança fundamental em
relação ao amor do Pai.
É preciso reler minha própria história para encontrar Deus no meu passado.
Conhecer o Pai tem o poder de curar minha própria história permitindo-me
fazer uma reavaliação amorosa dos fatos marcantes de minha vida e
descobri-Lo sempre presente, pois
todas as coisas contribuem para o bem daqueles que amam a Deus. Rom
8:28
29
Assim, cada um de nós poderá recontar a sua história, suas imagens de
Deus e suas experiências com Ele e dizer agora o que mudou.
Se você já estiver pronto, conte sua história a alguém!
- Ou melhor, reconte-a diferente!
Jorge Wilson
(*) Arquétipo - modelo, padrão. Segundo C.G.Jung são imagens psíquicas do
inconsciente coletivo que são patrimônio comum a toda humanidade
[1] Grün A, - Se eu quiser experimentar Deus - Ed. Vozes, 1ª Ed. pág.38.
30
O outro lado de um velório
Um homem chamado Lázaro estava doente. Ele era do povoado de Betânia,
onde Maria e a sua irmã Marta moravam. (Esta Maria era a mesma que pôs
perfume nos pés do Senhor Jesus e os enxugou com os seus cabelos. Era o
irmão dela, Lázaro, que estava doente.)
As duas irmãs mandaram dizer a Jesus:
- Senhor, o seu querido amigo Lázaro está doente!
Quando Jesus recebeu a notícia, disse:
-O resultado final dessa doença não será a morte de Lázaro. Isso está
acontecendo para que Deus revele o seu poder glorioso; e assim, por causa
dessa doença, a natureza divina do Filho de Deus será revelada.
Jesus amava muito Marta, e a sua irmã, e também Lázaro. Porém quando
soube que Lázaro estava doente, ainda ficou dois dias onde estava. Então
disse aos seus discípulos: -Vamos voltar para a Judéia. Mas eles disseram:
-Mestre, faz tão pouco tempo que o povo de lá queria matá-lo a pedradas, e
o senhor quer voltar? Jesus respondeu:
- Por acaso o dia não tem doze horas? Se alguém anda de dia não tropeça
porque vê a luz deste mundo. Mas, se anda de noite, tropeça porque nele
não existe luz.
Jesus disse isso e depois continuou:
-O nosso amigo Lázaro está dormindo, mas eu vou lá acordá-lo.
-Senhor, se ele está dormindo, isso quer dizer que vai ficar bom! -disseram
eles.
Mas o que Jesus queria dizer era que Lázaro estava morto. Porém eles
pensavam que ele estivesse falando do sono natural.
Então Jesus disse claramente:
-Lázaro morreu, mas eu estou alegre por não ter estado lá com ele, pois
assim vocês vão crer. Vamos até a casa dele.
Então Tomé, chamado de "o Gêmeo", disse aos outros discípulos:
-Vamos nós também a fim de morrermos com o Mestre!
Quando Jesus chegou, já fazia quatro dias que Lázaro havia sido sepultado.
Betânia ficava a menos de três quilômetros de Jerusalém, e muitas pessoas
tinham vindo visitar Marta e Maria para as consolarem por causa da morte
do irmão. Quando Marta soube que Jesus estava chegando, foi encontrar-se
com ele. Porém Maria ficou sentada em casa.
Então Marta disse a Jesus:
-Se o senhor estivesse aqui, o meu irmão não teria morrido! Mas eu sei que,
mesmo assim, Deus lhe dará tudo o que o senhor pedir a ele.
-O seu irmão vai ressuscitar! -disse Jesus.
Marta respondeu:
-Eu sei que ele vai ressuscitar no último dia! Então Jesus afirmou:
- Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, ainda que morra,
viverá; e quem vive e crê em mim nunca morrerá. Você acredita nisso?
-Sim, senhor! -disse ela. -Eu creio que o senhor é o Messias, o Filho de
Deus, que devia vir ao mundo.
(Continuando)...
Jesus viu Maria chorando e viu as pessoas que estavam com ela chorando
também. Então ficou muito comovido e aflito e perguntou:
31
- Onde foi que vocês o sepultaram?
- Venha ver, senhor! -responderam.
Jesus chorou.
Então as pessoas disseram: - Vejam como ele amava Lázaro!
Mas algumas delas disseram: - Ele curou o cego. Será que não poderia ter
feito alguma coisa para que Lázaro não morresse?
Jesus ficou outra vez muito comovido. Ele foi até o túmulo, que era uma
gruta com uma pedra colocada na entrada, e ordenou: -Tirem a pedra!
Marta, a irmã do morto, disse:
- Senhor, ele está cheirando mal, pois já faz quatro dias que foi sepultado!
Jesus respondeu:
- Eu não lhe disse que, se você crer, você verá a revelação do poder
glorioso de Deus? Então tiraram a pedra.
Jesus olhou para o céu e disse:
-Pai, eu te agradeço porque me ouviste. Eu sei que sempre me ouves; mas
eu estou dizendo isso por causa de toda esta gente que está aqui, para
que eles creiam que tu me enviaste.
Depois de dizer isso, gritou:
- Lázaro, venha para fora! E o morto saiu.
Os seus pés e as suas mãos estavam enfaixados com tiras de pano, e o
seu rosto estava enrolado com um pano. Então Jesus disse: - Desenrolem
as faixas e deixem que ele vá. (João 11:1-44 BLH)
Esse texto nos lembra do problema a morte. A tristeza que ela causa fez
Jesus agitar – se em Seu espírito e o texto diz que - Jesus chorou. O Mestre
trata da morte como "um sono debaixo de Seu controle" e é isto o que
ensina aos seus discípulos usando a metáfora do sono para explicar a
morte.
A visão da glória de Deus, prometida aos que creem me ensina que, assim
como Lázaro, um dia morrerei, ou melhor, dormirei e serei acordado,
ouvirei a voz dAquele que me chama para Si e para a Sua glória- o meu
Redentor ! Se você crer, você verá a revelação do poder glorioso de Deus. Só
Ele pode fazer isso. É Ele quem manda: Tirem a pedra e o caminho fica
livre.
Eu saio da caverna para uma nova vida, ressurreto e o Senhor Jesus
manda que eu seja "desenfaixado". Que faixas serão essas? Talvez as
que me disciplinaram a vida inteira para manter minha fé, ou serão as
limitações que eu mesmo criei e delas não pude me desfazer? Não importa
– eu creio no que Ele diz: Desenrolem as faixas e deixem que ele vá. Terei
muito que fazer!
A pessoa e a obra de Jesus transformam a realidade da morte. Seremos
todos – como Lázaro – ressurretos e ouviremos a voz de Jesus nos
chamando para fora, para Ele.
32
Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, ainda que morra,
viverá; e quem vive e crê em mim nunca morrerá. Você acredita nisso?
Jorge Wilson
33
Da contemplação à ação
Igreja Batista do Morumbi Retiro de Homens – 2002
Tema – A casa caiu!
Ontem fizemos um exercício para tentar ouvir o Pai. Nossos barulhos
(preocupações, falta de tempo para leitura da Palavra, etc...) interferem em
nossa comunicação com Ele. Como homens de Deus, precisamos aprender a
exercitar nossa alma na contemplação o amor do Pai e ensinar esse
caminho aos nossos queridos.
Hoje é Domingo. A saudade da família começa a se fazer presente. Mais
tarde estaremos com nossos familiares e amanhã retornaremos ao nosso
dia-a-dia. Precisamos da direção divina para viver e tomar as atitudes
corretas em relação à nossa vida e aos nossos amados que o Pai nos deu
para deles cuidar. Como cuidar de nós e dos “nossos”?
Nossa caminhada de hoje terá sentido inverso, aquele que nos
levará da contemplação à ação.
Algumas instruções de ordem prática:
Novamente, antes de ler o texto, procure “estar presente”, ou seja,
desligue-se de problemas que ficaram no escritório, em casa, etc... Feche
os olhos por alguns minutos (5 a 10). No início parecerá difícil, mas depois
você vai se acostumar. Deixe as ideias irem e virem, quaisquer que sejam.
Quando sua mente e coração se acalmarem, faça a leitura do texto
recomendado, pois na meditação cristã coração e mente funcionam juntos!
Esse texto de hoje fala de uma pescaria onde Jesus faz uma pergunta:
“Então Jesus perguntou:
-Moços, vocês pescaram alguma coisa?
-Nada! - responderam eles”.
Acredito que muitas vezes chegamos em casa ouvindo (ou temendo ouvir) a
pergunta acima:
Moços, vocês pescaram alguma coisa?
E, às vezes, temos de dar a mesma resposta acima: Nada!
Como ser um bom pescador em 2014?
Ontem, enquanto contemplávamos o Pai e o Seu amor, tivemos a chance
de, mais uma vez, trabalharmos a nossa identidade nEle, pois é na oração
em nosso retorno a Ele, neste “santo confronto” que nos descobrimos Seus
filhos. E a partir da nossa dignidade restaurada e na identidade que Ele nos
34
dá, crendo em Sua Graça e na Sua misericórdia é que poderemos realizar
os vários papéis a que somos chamados neste mundo: pais, filhos, maridos,
provedores do lar, profissionais, irmãos, ”irmãos”, etc.
Muitos papéis, não? Quem consegue pescar tanto”.
Leia agora o capítulo 21 do Evangelho de João para a nossa meditação de
hoje:
Depois disso, Jesus apareceu outra vez aos seus discípulos, na beira do lago
da Galiléia. Foi assim que aconteceu: Estavam juntos Simão Pedro e Tomé,
chamado de "o Gêmeo"; Natanael, que era de Caná da Galiléia; os filhos de
Zebedeu e mais dois discípulos. Simão Pedro disse aos outros: -Eu vou
pescar. -Nós também vamos pescar com você! -disseram eles. Então foram
todos e subiram no barco, mas naquela noite não pescaram nada.
De manhã, quando começava a clarear, Jesus estava na praia. Porém eles
não sabiam que era ele. Então Jesus perguntou: -Moços, vocês pescaram
alguma coisa? -Nada! -responderam eles. -Joguem a rede do lado direito do
barco, que vocês acharão peixe! -disse Jesus. Eles jogaram a rede e logo
depois já não conseguiam puxá-la para dentro do barco, por causa da
grande quantidade de peixes que havia nela.
Aí o discípulo que Jesus amava disse a Pedro: - É o Senhor Jesus! Quando
Simão Pedro ouviu dizer que era o Senhor, vestiu a capa, pois havia tirado a
roupa, e se jogou na água. Os outros discípulos foram no barco, puxando a
rede com os peixes, pois estavam somente a uns cem metros da praia.
Quando saíram do barco, viram ali uma pequena fogueira, com alguns
peixes em cima das brasas. E também havia pão. Então Jesus disse: -
Tragam alguns desses peixes que vocês acabaram de pescar. Aí Simão
Pedro subiu no barco e arrastou a rede para a terra.
Ela estava cheia, com cento e cinquenta e três peixes grandes, e mesmo
assim não se rebentou. Jesus disse: - Venham comer! Nenhum deles tinha
coragem de perguntar quem ele era, pois sabiam que era o Senhor. Então
Jesus veio, pegou o pão e deu a eles. E fez a mesma coisa com os peixes.
Foi esta a terceira vez que Jesus, depois de ter ressuscitado, apareceu aos
seus discípulos. (João 21:1-14 BLH)
Leia outra vez, devagar, colocando-se no lugar dos discípulos – agora você
é o pescador. Não procure controlar intelectualmente o texto, mas deixe
que o texto, a Palavra, controle você! Depois, feche os olhos por alguns
minutos e procure perceber e vivenciar os sentimentos que o texto lhe
provocou.
(PAUSA PARA MEDITAR)
O peixe:
Esse texto de João nos traz à mente o cuidado de Deus por nós. Jesus veio
em socorro de seus discípulos para ensinar-lhes (e a nós) como seria a
nossa vida.
Jogar a rede? É nossa responsabilidade. Mas, nunca esqueça que: É Jesus
quem dá o peixe.
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Medite agora lembrando da fidelidade de Deus em sua vida. Como você tem
recebido esses peixes que o Pai te dá? Qual é a sua leitura deles?
(PAUSA PARA MEDITAR)
A rede:
Se é Jesus quem dá o peixe, o nosso problema... É jogar a rede!.
Como você tem jogado a sua rede? Você tem cuidado dela? Como tem sido
suas atitudes profissionais? Como você encara o seu trabalho?
(PAUSA PARA MEDITAR)
O pescador: Quem é esse homem?
“Simão Pedro disse aos outros: -Eu vou pescar. -Nós também vamos pescar
com você!
Os discípulos não ficaram no ócio nem reclamando da vida, mas, preferiram
tentar fazer algo útil.
“Joguem a rede do lado direito do barco, que vocês acharão peixe! -disse
Jesus.
Eles jogaram a rede e logo depois já não conseguiam puxá-la para dentro
do barco, por causa da grande quantidade de peixes que havia nela.
Lembre-se que também que é necessário ser obediente e ouvir a voz dEle
para jogar a rede do lado certo!
“Aí o discípulo que Jesus amava disse a Pedro: -É o Senhor Jesus! Quando
Simão Pedro ouviu dizer que era o Senhor, vestiu a capa, pois havia tirado a
roupa, e se jogou na água”.
Os pescadores deram os créditos ao Senhor Jesus e reconheceram o
milagre como sendo dEle. Ele é quem dá o peixe!
“Nenhum deles tinha coragem de perguntar quem ele era, pois sabiam que
era o Senhor”. Aí Simão Pedro subiu no barco e arrastou a rede para a terra.
Ela estava cheia, com cento e cinquenta e três peixes grandes, e mesmo
assim não se rebentou “. Jesus, além de dar o peixe, sabe a capacidade da
sua rede –
O pescador aprendeu que sua rede não vai arrebentar!
(PAUSA PARA MEDITAR)
Finalmente, a ceia:
Jesus, já tinha um desjejum pronto para seus discípulos cansados, uma
refeição de pão e peixes. Mas ele os convidou a darem sua própria
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contribuição para a refeição trazendo alguns dos peixes recém-pescados. O
nosso ato de jogar a rede acrescenta algo a esta ceia.
Então Jesus veio, pegou o pão e deu a eles. E fez a mesma coisa com os
peixes.
E é Jesus quem serve!
Esse texto vem nos libertar da tentação dos resultados e vem me lembrar
da Graça do Pai - que dá o peixe!
Da minha fidelidade em “jogar a rede”.
Da necessidade de receber a orientação de Jesus para achar o peixe. É
necessário parar para ouvir a voz de Jesus que me pergunta:
Moço, você pescou alguma coisa?... Joguem a rede do lado direito do barco,
que vocês acharão peixe! -disse Jesus.
Jesus, além de dar o peixe, sabe a capacidade da sua rede – sua rede não
vai arrebentar!
Daqui a algumas horas você estará retornando para a sua família (Igreja
Batista do Morumbi Retiro de Homens – 2002 da contemplação à ação).
Lembre-se de que mais que qualquer coisa o que seus familiares lhe pedem
é a sua amizade, o compartilhar da sua vida com eles: lamentar-se em suas
tristezas e festejar em suas alegrias.
Você é importante para eles!
Que a saudade das próximas horas possa pavimentar a estrada que levará
você ao encontro com os seus!
Aquele que viu, contemplou, agora saberá o que fazer!.
Bom retorno!
Escreva aqui a sua oração. Se tiver vontade, compartilhe essa oração com
seus irmãos. Como nesse texto, Jesus sempre toma a iniciativa da
pergunta. A nossa oração é sempre uma resposta, uma segunda palavra.
Deus diz a primeira!
Jorge Wilson
Minha Oração:
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Pensando em desistir?
Quando o cansaço de tudo chega
13 Vocês me chamam de "Mestre" e de "Senhor" e têm razão, pois eu sou
mesmo. 14 Se eu, o Senhor e o Mestre, lavei os pés de vocês, então vocês
devem lavar os pés uns dos outros. 15 Pois eu dei o exemplo para que
vocês façam o que eu fiz. 16 Eu afirmo a vocês que isto é verdade: O
empregado não é mais importante do que o patrão, e o mensageiro não é
mais importante do que aquele que o enviou. 17 Já que vocês conhecem
esta verdade, serão felizes se a praticarem. 18 -Não estou falando de
vocês todos; eu conheço aqueles que escolhi. Pois tem de se cumprir o que
as Escrituras Sagradas dizem: "Aquele que toma refeições comigo se virou
contra mim". 19 Digo isso a vocês agora, antes que aconteça, para que,
quando acontecer, vocês creiam que "EU SOU QUEM SOU". 20 Eu afirmo a
vocês que isto é verdade: Quem receber aquele que eu enviar estará
também me recebendo; e quem me recebe, recebe aquele que me enviou.
21 Depois de dizer isso, Jesus ficou muito aflito e declarou abertamente
aos discípulos: - Eu afirmo a vocês que isto é verdade: Um de vocês vai
me trair. 22 Então eles olharam uns para os outros, sem saberem de quem
ele estava falando. 23 Ao lado de Jesus estava sentado um deles, a quem
Jesus amava. 24 Simão Pedro fez um sinal para ele e disse: - Pergunte de
quem o Mestre está falando. 25 Então aquele discípulo chegou mais perto
de Jesus e perguntou: -Senhor, quem é ele? 26 -É aquele a quem vou dar
um pedaço de pão passado no molho! -respondeu Jesus. Em seguida
pegou um pedaço de pão, passou no molho e deu a Judas, filho de Simão
Iscariotes. 27 E assim que Judas recebeu o pão, Satanás entrou nele.
Então Jesus disse a Judas: -O que você vai fazer faça logo! 28 Nenhum
dos que estavam à mesa entendeu por que Jesus disse isso. 29 Como era
Judas que tomava conta da bolsa do dinheiro, alguns pensaram que Jesus
tinha mandado que ele comprasse alguma coisa para a festa ou desse
alguma ajuda aos pobres. 30 Judas recebeu o pão e saiu logo. E era noite.
(João 13:13-30 BLH)
Muitas vezes carregamos conosco segredos, dramas existenciais,
decepções, expectativas não supridas que não contamos a ninguém. E o
pior que esse silêncio nos torna reféns desses sentimentos. Em relação a
eles não conseguimos nem orar. E assim, secretamente começamos a
criar e alimentar ideias e sentimentos de desobediência que vão nos
afastando progressivamente de Deus. Assim, Igreja é só “o social”, mais
nada.
Só falta marcar o dia para abandonar tudo – o resto, está pronto!
Judas e João
Não sabemos a partir de quando começou a nascer em Judas a ideia de
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largar o discipulado de Cristo. Talvez tivesse expectativas para um reino
terreno, político. Vendo que não era o caso, não queria sair de mãos
vazias.
Esse fato (a traição de Judas) deve ter sido muito forte para João, pois em
seu evangelho ele nos prepara várias vezes para o fato ,vejam 6:71,12:4
e 13:2. João também coloca que Jesus havia percebido o que ocorria no
coração de Judas, pois em João 13:10 o próprio Jesus diz:
Vocês todos estão limpos, isto é, todos menos um. (João 13:10b BLH).
Jesus já sabia os segredos que Judas alimentava no coração e isto causou
grande aflição ao Mestre:
21 Depois de dizer isso, Jesus ficou muito aflito e declarou abertamente
aos discípulos: -Eu afirmo a vocês que isto é verdade: Um de vocês vai me
trair.
A chance perdida
Dando uma nova chance a Judas e usando a própria cultura da época,
Jesus inicia a Ceia pelo próprio Judas. Para os judeus receber diretamente
do anfitrião (no caso, Jesus) um bocado de pão era sinal de favor especial,
alta distinção para um hóspede importante. Em Rute 2:14, Boaz faz isso
quando convida Rute, com quem depois se casaria a “molhar no vinho o
seu pão.
Na hora do almoço, Boaz disse a Rute: - Venha aqui, pegue um pedaço de
pão e molhe no vinho. Então ela sentou-se ao lado dos trabalhadores, e
Boaz lhe deu cevada torrada. Ela comeu até ficar satisfeita, e ainda
sobrou. (Rute 2:14 BLH)
O fato de Jesus ter iniciado a Ceia oferecendo um favor especial a Judas
deve ser entendido como um apelo final para que Judas abandonasse seu
plano de traição e agisse como um discípulo de verdade. Até este
momento havia retorno para Judas porque a Ceia sempre dá a todos nós
mais uma chance, como Paulo posteriormente ensinaria:
23 Porque eu recebi do Senhor este ensino que passei para vocês: Que o
Senhor Jesus, na noite em que foi traído, pegou o pão 24 e deu graças a
Deus. Depois partiu o pão e disse: "Isto é o meu corpo, que é entregue em
favor de vocês. Façam isto em memória de mim (...) 28 Portanto, que
cada um examine a sua consciência e então coma do pão e beba do cálice.
29 Pois, a pessoa que comer do pão ou beber do cálice sem reconhecer
que se trata do corpo do Senhor, estará sendo julgada ao comer e beber
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para o seu próprio castigo. 30 É por isso que muitos de vocês estão
doentes e fracos, e alguns já morreram. (1 Coríntios 11:23-30 BLH)
Judas recusou auxílio de Jesus e saiu para a noite – uma longa noite.
Eu e meus segredos
A mesma aflição que Judas causou a Jesus posso estar causando quando
alimento secretamente o desejo abandonar a minha caminhada com Jesus
de alguma forma. Mas o Anfitrião me oferece continuamente o “primeiro
pão” quando me diz:
Isto é o meu corpo, que é entregue em favor de vocês. Façam isto em
memória de mim.
Se você está pensando em desistir da sua caminhada com Cristo
(daqueles que o Pai te deu para fazer parte de sua vida) é uma boa hora,
como diz Joel, para “rasgar o coração”.
12 O Deus Eterno diz: "Mas agora voltem para mim com todo o coração,
jejuando, chorando e se lamentando. 13 Em sinal de arrependimento, não
rasguem as roupas, mas sim o coração." Voltem para o Eterno, o nosso
Deus, pois ele é bondoso e misericordioso; é paciente e muito amoroso e
está sempre pronto a mudar de ideia e não castigar. (Joel 2:12-13 BLH)
Jorge Wilson
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Uma nova vida no centro da velha
16 E Jesus disse: -Daqui a pouco vocês não vão me ver mais; porém,
pouco depois, vão me ver novamente. 17 Alguns dos seus discípulos
comentaram: - O que será que ele quer dizer? Ele afirma: "Daqui a pouco
vocês não vão me ver mais; porém, pouco depois, vão me ver novamente".
E diz também: "É porque vou para o meu Pai". 18 O que quer dizer "pouco
depois"? Não entendemos o que isso quer dizer. 19 Jesus, sabendo que eles
queriam lhe fazer perguntas, disse: - Eu afirmei que daqui a pouco vocês
não vão me ver mais e que pouco depois vão me ver novamente. Por acaso
não é a respeito disso que vocês estão fazendo perguntas uns aos outros?
20 Pois eu afirmo a vocês que isto é verdade: Vocês vão chorar e ficar
tristes, mas as pessoas do mundo ficarão alegres. Vocês ficarão tristes, mas
essa tristeza virará alegria. 21 Quando uma mulher está para dar à luz, ela
fica triste porque chegou a sua hora de sofrer. Mas, depois que a criança
nasce, a mulher fica tão alegre, que nem lembra mais do seu sofrimento. 22
Assim acontece também com vocês: Agora estão tristes, mas eu os verei
novamente. Aí vocês ficarão cheios de alegria, e ninguém poderá tirar essa
alegria de vocês. (João 16: 16-22 BLH)
Após a prometer o Consolador (o Espírito Santo) que viria para consolar as
pessoas na ausência do Cristo após Sua Ascensão, Jesus prevê dificuldades
para Seu povo durante o tempo entre sua Ascensão e a Segunda Vinda.
“Vocês vão chorar e ficar tristes, mas as pessoas do mundo ficarão alegres. Vocês ficarão
tristes, mas essa tristeza virará alegria.”
O Consolador veio exatamente para que pudéssemos enfrentar essas
dificuldades durante esse tempo. Esses muitos acontecimentos súbitos e
inesperados em nossa vida vêm para moldar nossos corações e nos
preparar para a Segunda Vinda do Messias. Não se esqueça que existe uma
promessa de alegria por trás dessas dificuldades - mas essa tristeza virará
alegria - que nos convida a uma atitude de transformar esses problemas e
sentimentos em uma força mobilizadora , uma fonte de alegria para outros.
Henri Nouwen nos conta o seguinte:
“Quero contar-lhes a história de um homem de meia-idade que teve a
carreira interrompida de repente por pela descoberta de uma leucemia,
câncer fatal de sangue. Todos os planos de sua vida desmoronaram, e todos
os seus caminhos tiveram de mudar. Mas aos poucos ele parou de se
perguntar:” Por que isto aconteceu comigo? O que fiz de errado para
merecer esta sina?” Ele passou a perguntar:” Que promessa se esconde
nesta experiência?” Quando sua rebeldia transformou-se em nova busca, ele
sentiu que poderia dar força e esperança a outros cancerosos e, ao enfrentar
sua condição de maneira direta, transformou seu sofrimento em fonte de
cura para os outros. Hoje, esse homem faz mais pelos doentes do que
41
muitos ministros conseguem fazer e reencontrou sua vida em um plano que
jamais conhecera.” 1
Enquanto isso...
A paciência é a mãe da expectativa e o crer nas promessas a base de nossa
vida espiritual. É o Consolador que nos coloca em contato com o amor do
Pai e nos faz descobrir uma nova vida no centro da velha. Todos aqueles
que aguardam ansiosamente a vinda do Senhor e mobilizam suas dores
para o conforto de outros descobrirão que essa expectativa os fará viver
melhor hoje.
Boa meditação!
Jorge Wilson
Nouwen ,Henri O fruto da solidão - Ed.Loyola, São Paulo, 2000, pág.45
42
43
Toquem em mim e vocês vão crer
A teologia das feridas
Acontece que Tomé, um dos discípulos, que era chamado de "o Gêmeo",
não estava com eles quando Jesus chegou. Então os outros discípulos
disseram a Tomé: -Nós vimos o Senhor! Ele respondeu: -Se eu não vir o
sinal dos pregos nas mãos dele, e não tocar ali com o meu dedo, e
também se não puser a minha mão no lado dele, não vou crer! Uma
semana depois, os discípulos de Jesus estavam outra vez reunidos ali com
as portas trancadas, e Tomé estava com eles.
Jesus chegou, ficou no meio deles e disse: -Que a paz esteja com vocês!
Em seguida disse a Tomé: -Veja as minhas mãos e ponha o seu dedo
nelas. Estenda a mão e ponha no meu lado. Pare de duvidar e creia! Então
Tomé exclamou: -Meu Senhor e meu Deus! -Você creu porque me viu? -
disse Jesus. -Felizes são os que não viram, mas assim mesmo creram!
(João 20:24-29 BLH)
Falando em Tomé...
Tomé é um discípulo que aparece pouco, mas recebe atenção no
Evangelho de João. Apareceu na ressurreição de Lázaro Jo 11:16 . Nesse
episódio demonstra intensa fidelidade a Jesus:
Então Tomé, chamado de "o Gêmeo", disse aos outros discípulos: - Vamos
nós também a fim de morrermos com o Mestre! Quando Jesus chegou, já
fazia quatro dias que Lázaro havia sido sepultado. (João 11:15-17 BLH)
Noutra ocasião na conversa do cenáculo – pede explicações concretas de
Jesus, que ensinava:
E, depois que eu for e preparar um lugar para vocês, voltarei e os levarei
comigo para que onde eu estiver vocês estejam também. E vocês
conhecem o caminho para o lugar aonde eu vou. Então Tomé perguntou: -
Senhor, nós não sabemos aonde é que o senhor vai. Como podemos saber
o caminho? (João 14:3-5 BLH)
A dúvida de Tomé não era maior da de seus amigos. Tivesse ele estado
quando da primeira aparição de Jesus, ele teria crido. Ele nem precisou
tocar em Jesus para crer. Tomé pode ter demorado a crer um pouco mais
que seus amigos mas, quando o fez, expressou a sua fé em termos bem
mais profundo do que os demais discípulos . - Meu Senhor e meu Deus! Aqui
Tomé declara o senhorio de Jesus em sua vida
As feridas de Jesus ressurreto
Lucas, em texto paralelo ao de João, nos narra:
44
Aí os olhos deles foram abertos, e eles reconheceram Jesus. Mas ele
desapareceu. Então eles disseram um para o outro: - Não parecia que o
nosso coração queimava dentro do peito quando ele nos falava na estrada
e nos explicava as Escrituras Sagradas? Eles se levantaram logo e
voltaram para Jerusalém, onde encontraram os onze apóstolos reunidos
com outros seguidores de Jesus. E os apóstolos diziam: - De fato, o
Senhor ressuscitou e foi visto por Simão! Então os dois contaram o que
havia acontecido na estrada e como tinham reconhecido o Senhor quando
ele havia partido o pão.
Enquanto estavam contando isso, Jesus apareceu de repente no meio
deles e disse: - Que a paz esteja com vocês! Eles ficaram assustados e
com muito medo e pensaram que estavam vendo um fantasma. Mas ele
disse: - Por que vocês estão assustados? Por que há tantas dúvidas na
cabeça de vocês? Olhem para as minhas mãos e para os meus pés e vejam
que sou eu mesmo. Toquem em mim e vocês vão crer, pois um fantasma
não tem carne nem ossos, como vocês estão vendo que eu tenho. Jesus
disse isso e mostrou as suas mãos e os seus pés. Eles ainda não
acreditavam, pois estavam muito alegres e admirados. (Lucas 24:31-41
BLH)
Vendo para crer e crendo sem ver.
Até aqui, Jesus e Tomé parecem concordar num ponto: - É importante
ser confrontado com os ferimentos do Mestre!
Jesus se dá a conhecer não por seu rosto: Olhem para as minhas mãos e
para os meus pés e vejam que sou eu mesmo. Seus pés e suas mãos são o
que trarão identificação e consolo a Seus discípulos, incluindo Tomé.
Pergunto:
Por que o corpo de Jesus ressurreto apresentava ferimentos? Não deveria
ser um corpo perfeito após a experiência da Cruz?
Por que a insistência de Jesus em exibir e permitir palpar Seus
ferimentos? Haveria alguma linguagem especial nisso?
Por que nós agora no século XXI somos bem-aventurados? : Felizes
são os que não viram, mas assim mesmo creram! E nós cremos
porque ouvimos a mensagem:
Portanto, a fé vem por ouvir a mensagem, e a mensagem vem por meio da
pregação a respeito de Cristo. (Romanos 10:17 BLH)
No Apocalipse vemos que os ferimentos de Jesus persistem. Leia:
Então vi um Cordeiro de pé no meio do trono, rodeado pelos quatro seres
45
vivos e pelos líderes. Parecia que o Cordeiro havia sido oferecido em
sacrifício. Ele tinha sete chifres e sete olhos, que são os sete espíritos de
Deus que foram enviados a toda a terra. (Apocalipse 5:6 BLH)
São essas feridas, as de Jesus, que nos consolam, por isso elas não
podem desaparecer.
Por outro lado as nossas feridas também não desaparecem porque
se tornam fontes de esperança para outros. Paulo nos ensina:
Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai de
misericórdias e Deus de toda consolação! É ele que nos conforta em toda a
nossa tribulação, para podermos consolar os que estiverem em qualquer
angústia, com a consolação com que nós mesmos somos contemplados por
Deus. Porque, assim como os sofrimentos de Cristo se manifestam em
grande medida a nosso favor , assim também a nossa consolação
transborda por meio de Cristo.
Mas, se somos atribulados, é para o vosso conforto e salvação; se somos
confortados, é também para o vosso conforto, o qual se torna eficaz,
suportando vós com paciência os mesmos sofrimentos que nós também
padecemos. A nossa esperança a respeito de vós está firme, sabendo que,
como sois participantes dos sofrimentos, assim o sereis da consolação. (2
Coríntios 1:3-7 RA)
Sabe por que às vezes é difícil quando alguém nos traz as suas
feridas para nós?
É porque os que nos procuram trazendo suas dores, suas feridas, não
permitem que escondamos as nossas. Eles só querem conhecer a
consolação com que nós mesmos somos contemplados por Deus.
- Não esconda suas feridas. Jesus não esconde as dEle de nós!
Boa meditação!
Jorge Wilson
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Melhor do que conhecer a Jesus
(Veja o que Maria Madalena descobriu!)
Calma! Não é heresia!
Primeiro vamos ler o texto do Evangelho de João:
E os dois voltaram para casa. Maria Madalena tinha ficado perto da entrada
do túmulo, chorando. Enquanto chorava, ela se abaixou, olhou para dentro e
viu dois anjos vestidos de branco, sentados onde tinha sido posto o corpo de
Jesus. Um estava na cabeceira, e o outro, nos pés. Os anjos perguntaram: -
Mulher, por que você está chorando? Ela respondeu: - Levaram embora o
meu Senhor, e eu não sei onde o puseram! Depois de dizer isso, ela virou
para trás e viu Jesus ali de pé, mas não o reconheceu.
Então Jesus perguntou: - Mulher, por que você está chorando? Quem é que
você está procurando? Ela pensou que ele era o jardineiro e por isso
respondeu: - Se o senhor o tirou daqui, diga onde o colocou, e eu irei buscá-
lo. -Maria! -disse Jesus. Ela virou e respondeu em hebraico: -"Rabôni!" (Esta
palavra quer dizer "Mestre".) Jesus disse: - Não me segure, pois ainda não
subi para o meu Pai. Vá se encontrar com os meus irmãos e diga a eles que
eu vou subir para aquele que é o meu Pai e o Pai deles, o meu Deus e o
Deus deles. Então Maria Madalena foi e disse aos discípulos de Jesus: - Eu vi
o Senhor! E contou o que Jesus lhe tinha dito. (João 20:10-18 BLH)
Maria Madalena estava tristee triste em dobro! Em primeiro lugar perdera
seu Mestre e agora não podia nem chorar no túmulo, pois o corpo de Jesus
não estava mais lá.
Jesus, ressurreto, aproxima-se dela e lhe faz duas abordagens:
1. Mulher, por que você está chorando? Quem é que você está procurando?
Maria não O reconheceu e o tratou como jardineiro.
2. Maria! Agora Maria O reconhece.
O que teria acontecido da primeira para a segunda abordagem?
- Mudou Jesus?
- Ou mudou Maria Madalena?
Porque Maria funcionou e Mulher, não?
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Talvez haja um problema existencial no ser humano, como diz Henry
Nouwen :
“Estou sempre imaginando se pessoas que conhecem cada parte do meu
ser, inclusive meus pensamentos e sentimentos mais profundos e mais
velados, realmente me amam. Frequentemente sou tentado a acreditar que
sou amado somente enquanto permaneço parcialmente desconhecido.
Receio que o amor que recebo seja condicional, e digo a mim mesmo:” Se
eles realmente me conhecessem, não me amariam “. Mas quando Jesus
chama Maria pelo nome ele fala a todo o seu ser. Ela compreende que
aquele que mais profundamente a conhece não está se afastando dela, mas
está vindo e oferecendo-lhe o amor incondicional”. [i]
Ao chamá-la pelo nome: Maria, Jesus demonstra interesse pela pessoa dela.
Toda a história de Maria Madalena, qualidades, defeitos, pensamentos.
Nada em Maria Madalena é escondido de Jesus.
Por outro lado, esta ao chama-Lo Rabôni! Mestre, ela clama pela presença
constante de Jesus em toda a sua história. Ela O quer sempre perto!
E, uma vez tendo ouvido a voz do Mestre e sentindo-se amada, Maria
Madalena ouve que deve procurar seus irmãos e contar o fato alegre: Vá se
encontrar com os meus irmãos e diga a eles que eu vou subir para aquele
que é o meu Pai e o Pai deles, o meu Deus e o Deus deles.
Nossa experiência com Jesus não acaba como um exercício individual
porque a nossa alegria em sermos amados deve contagiar nossos irmãos (e
vice-versa).
Paulo comenta que esse chamar pelo nome é coisa da Graça e recomenda
aos gálatas que nunca se esqueçam disso:
Mas, agora que vocês conhecem a Deus, ou melhor, agora que Deus os
conhece, como é que vocês querem voltar para aqueles poderes espirituais
fracos e sem valor? Por que querem se tornar escravos deles outra vez?
(Gálatas 4:9 BLH)
Prepare-se para ser abordado por Aquele que te conhece pelo nome!
E agora, será que dá para você completar o título desta meditação? -
Melhor do que conhecer a Jesus...
- É ser conhecido dEle!
Boa meditação! Jorge Wilson
[i] Nouwen H, O Caminho para o Amanhecer. Ed. Paulinas1999. São Paulo, pág.
191-192.
48
E quanto a ele?
20 Então Pedro virou para trás e viu que o discípulo que Jesus amava vinha
atrás dele. Este era o mesmo que estava ao lado de Jesus durante o jantar
da Páscoa e que havia chegado para mais perto dele e perguntado: "Senhor,
quem é o traidor?" 21 Quando Pedro viu aquele discípulo, perguntou a
Jesus: - O que diz, Senhor, a respeito deste aqui? 22 Jesus respondeu: - Se
eu quiser que ele viva até que eu volte, o que é que você tem com isso?
Venha comigo! 23 Então se espalhou entre os seguidores de Jesus a notícia
de que aquele discípulo não ia morrer. Mas Jesus não disse isso. Ele apenas
disse: "Se eu quiser que ele viva até que eu volte, o que é que você tem
com isso?" (João 21:20-23 BLH)
Acredito que Jesus havia solicitado a Pedro que caminhasse com Ele à beira
de lago para uma conversa em particular e João, separando-se dos outros
discípulos, vinha atrás de Jesus e Pedro. Em João 13:23 já aparece uma
referência a João como o discípulo amado .Pedro, que acabara de receber
sua missão diretamente do Senhor Jesus (veja versículos anteriores), fica
curioso com a missão que caberia ao discípulo amado, e pergunta a Jesus:
-O que diz, Senhor, a respeito deste aqui? (referia-se a João)
- (Certamente algum ministério especial caberia ao discípulo amado)
Mas Jesus responde a Pedro que isto não cabe a ele, Pedro. Basta que
cumpra com fidelidade a missão recebida de Jesus. Se existe algum plano
de Jesus para João não cabe a Pedro conhecê-lo.
E nós?
Muitas vezes somos como Pedro. Ao invés de procurarmos cumprir nossa
missão com o devido uso do nosso dom, ficamos parando para perguntar: -
E quanto a ele (ou ela, referindo – nos talvez a irmãos que parecem mais
bem abençoados ou “abençoados” ($$$) que nós)? E quanto a isto, aquilo
(circunstâncias da própria vida de cada um)?
Ao invés de tentar cumprir a missão que o Pai tem prazer em dividir
comigo, fico levantando questões que mais parecem falta de confiança do
que outra coisa.
- Jesus diz: “Venha comigo!”
Jesus mandou que Pedro não se preocupasse, pois ele, Pedro, sempre
estaria em boa companhia, assim como João, assim como eu e você. Não
confiar nessa palavra só serve para fragmentar nossa vida.
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Meditando no evangelho de joão

  • 1. 1 Meditando no Evangelho de João Compartilhamos aqui algumas meditações para Pequenos Grupos. Esperamos que possam ser úteis para devoção. Fonte: http://www.jrbell.com/cgi-bin/pics.cgi/29 Jorge Wilson Nogueira Neves
  • 2. 2 Sumário Meditando no Evangelho de João ................................................................................................1 João o apóstolo ........................................................................................................................3 O que Maria sabia ....................................................................................................................5 O amigo do noivo .....................................................................................................................7 Eu amo a Jesus, mas.................................................................................................................9 Como se faz um adorador ......................................................................................................12 Jesus e o solitário ...................................................................................................................16 Semeadores e ceifeiros ..........................................................................................................19 Espiritualidade e submissão – um modelo para nós ..............................................................23 Cuidado com você..................................................................................................................26 As imagens do Pai e a minha narrativa pessoal......................................................................28 O outro lado de um velório ....................................................................................................30 Da contemplação à ação ........................................................................................................33 Pensando em desistir? ...........................................................................................................37 Uma nova vida no centro da velha.........................................................................................40 Toquem em mim e vocês vão crer .........................................................................................43 Melhor do que conhecer a Jesus............................................................................................46 E quanto a ele?.......................................................................................................................48 ANOTAÇÕES ...........................................................................................................................50
  • 3. 3 João o apóstolo Provavelmente esse evangelho foi escrito entre 69 e 90 d.C. Embora não refira claramente o nome de sue autor provavelmente foi escrito por alguém que gozava de intimidade com os acontecimentos narrados com lemos nos textos: 1. João 19: 26 Ora Jesus, vendo ali sua mãe, e que o discípulo a quem ele amava estava presente, disse a sua mãe: Mulher, eis aí o teu filho. 2. João 20:2, 4,8 2- Correu, pois, e foi a Simão Pedro, e ao outro discípulo, a quem Jesus amava, e disse-lhes: Levaram o Senhor do sepulcro, e não sabemos onde o puseram. 4 - E os dois corriam juntos, mas o outro discípulo correu mais apressadamente do que Pedro, e chegou primeiro ao sepulcro. 8 - E Pedro, voltando-se, viu que o seguia aquele discípulo a quem Jesus amava, e que na ceia se recostara também sobre o seu peito, e que dissera: Senhor, quem é que te há de trair? 3. João 21: 20,23 e 24. 20 - E Pedro, voltando-se, viu que o seguia aquele discípulo a quem Jesus amava, e que na ceia se recostara também sobre o seu peito, e que dissera: Senhor, quem é que te há de trair? 23- Divulgou-se, pois, entre os irmãos este dito, que aquele discípulo não havia de morrer. Jesus, porém, não lhe disse que não morreria, mas: Se eu quero que ele fique até que eu venha, que te importa a ti? 24 - Este é o discípulo (João) que testifica destas coisas e as escreveu; e sabemos que o seu testemunho é verdadeiro.
  • 4. 4 Statue of John the Evangelist outside St. John's Seminary, Boston Fonte: http://en.wikipedia.org/wiki/John_the_Evangelist#mediaviewer/File:St-johns-seminary- st-john.jpg
  • 5. 5 O que Maria sabia - Façam o que ele mandar! 1 Dois dias depois houve um casamento no povoado de Caná, na região da Galiléia, e a mãe de Jesus estava ali. 2 Jesus e os seus discípulos também tinham sido convidados para o casamento. 3 Quando acabou o vinho, a mãe de Jesus lhe disse: - O vinho acabou. 4 Jesus respondeu: - Não é preciso que a senhora diga o que eu devo fazer. Ainda não chegou a minha hora. 5 Então ela disse aos empregados: - Façam o que ele mandar. 6 Ali perto estavam seis potes de pedra; em cada um cabiam entre oitenta e cento e vinte litros de água. Os judeus usavam a água que guardavam nesses potes nas suas cerimônias de purificação. 7 Jesus disse aos empregados: - Encham de água estes potes. E eles os encheram até a boca. 8 Em seguida Jesus mandou: - Agora tirem um pouco da água destes potes e levem ao dirigente da festa. E eles levaram. 9 Então o dirigente da festa provou a água, e a água tinha virado vinho. Ele não sabia de onde tinha vindo aquele vinho, mas os empregados sabiam. Por isso ele chamou o noivo 10 e disse: - Todos costumam servir primeiro o vinho bom e, depois que os convidados já beberam muito, servem o vinho barato. Mas você guardou até agora o melhor vinho. 11 Jesus fez esse seu primeiro milagre em Caná da Galiléia. Assim ele revelou a sua natureza divina, e os seus discípulos creram nele. (João 2:1-11 BLH) Maria A mãe de Jesus aparece duas vezes no Evangelho de João – aqui e em 19:25. Normalmente as festas de casamento duravam vários dias e o término do vinho seria um grande golpe no anfitrião. Talvez Maria já tivesse aprendido que poderia contar com seu filho nas horas difíceis e por isso o procurou. A curiosa (e desconcertante) resposta de Jesus Talvez Maria não soubesse que seu filho, além de sair de casa, iniciara um ministério ungido pelo Espírito Santo, agora tinha discípulos e isto tornava o seu relacionamento com Jesus algo diferente do anterior, doméstico. A relação mudara. As talhas As talhas deviam caber aproximadamente 100 litros cada. Sua função era permitir aos hóspedes lavarem as mãos ou a limpeza dos utensílios usados no casamento., de acordo com a tradição mencionada em Mc 7:3. Eram um lugar de purificação Jesus simboliza que o lugar da purificação - a velha Lei agora foi substituída pelo seu vinho – o vinho melhor, a Graça. Esse vinho agora simboliza a
  • 6. 6 nova ordem. Não existe mais espaço para a Lei (ou vocês já se esqueceram que as talhas foram cheias até a boca? ). O que Maria sabia Maria sabia (apesar da resposta vaga de seu filho) que a situação estava salva depois de confiada a ele. Ela não sabia o que ele faria, mas sabia que seria a coisa certa. Esta é a razão da instrução aos serventes ou garçons, dada em um tom que confirma nossa impressão de que ela tinha algum tipo de responsabilidade na festa. Poucas palavras de Maria foram preservadas; estas aqui têm uma aplicação que ultrapassa a ocasião imediata que as produziu. * Aprenda com ela e com elas!(Maria e suas palavras) Continue na festa e prove desse vinho! Jorge Wilson *João – Introdução e comentário – F.F.Bruce. Ed. Mundo Cristão 1ª ed. 1987, pág 70
  • 7. 7 O amigo do noivo Colocando um foco certo no seu ministério pessoal No dia seguinte estava João outra vez na companhia de dois dos seus discípulos e, vendo Jesus passar, disse: Eis o Cordeiro de Deus. Os dois discípulos, ouvindo-o dizer isto, seguiram a Jesus. João 1:35-37. Fui Fico a imaginar João Batista vendo Jesus se afastar e com Ele dois de seus discípulos deixando ele, João Batista, sozinho. Pouco tempo depois... Depois disto foi Jesus com seus discípulos para a terra da Judéia; ali permaneceu com eles e batizava. Ora, João estava também batizando em Enom, perto de Salim, porque havia ali muitas águas e para lá concorria o povo e era batizado. Pois João ainda não tinha sido encarcerado. Ora, dentre os discípulos de João e um judeu suscitou-se uma contenda com respeito à purificação. E foram ter com João e lhe disseram: Mestre, aquele que estava contigo além do Jordão, do qual tens dado testemunho, está batizando, e todos lhe saem ao encontro. Respondeu João: O homem não pode receber cousa alguma se do céu não lhe for dada. Vós mesmos sois testemunhas de que vos disse: Eu não sou o Cristo mas fui enviado como seu precursor. O que tem a noiva é o noivo; o amigo do noivo que está presente e o ouve, muito se regozija por causa da voz do noivo. Pois esta alegria já se cumpriu em mim. Convém que ele cresça e eu diminua. Agora vem um dos discípulos de João dizer-lhe que seu ministério estava em declínio: todos lhe saem ao encontro (referindo-se a Jesus). Após um tempo de franca popularidade João se vê numa nova situação – ter que passar seu ministério. Este texto ensina muitas coisas a um líder cristão: Primeiramente não somos arautos de nós mesmos, ou algo está muito errado. João mesmo respondeu: Eu não sou o Cristo, mas fui enviado como seu precursor.
  • 8. 8 O foco do nosso ministério não é a nossa própria glória, mas a de Cristo (cuidado quando você buscar popularidade ou quiser fazer contabilização frequente de seus sucessos ministeriais). Em segundo lugar, reconhecer que cuidamos do nosso ministério como alguém que cuida extremamente bem de algo que não lhe pertence mas que logo será entregue.ao seu verdadeiro dono, pois - O que tem a noiva é o noivo. Em terceiro lugar, descobrir a alegria de ser o amigo do noivo. E essa alegria precisa de combustível – ouvir uma voz: o amigo do noivo que está presente e o ouve, muito se regozija por causa da voz do noivo. Só quem ouvir essa voz vai ter a alegria de entregar a noiva ao noivo, sem ciúmes. Em último lugar sentir prazer no trabalho feito para o noivo: Pois esta alegria já se cumpriu em mim. Convém que ele cresça e eu diminua. Jorge Wilson
  • 9. 9 Eu amo a Jesus, mas João 3 - O encontro. Havia, entre os fariseus, um homem, chamado Nicodemos, um dos principais dos judeus. Este, de noite, foi ter com Jesus e lhe disse: Rabi, sabemos que és Mestre vindo da parte de Deus; porque ninguém pode fazer estes sinais que tu fazes, se Deus não estiver com ele. A isto respondeu Jesus: Em verdade, em verdade te digo que se alguém não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus. Perguntou-lhe Nicodemos: Como pode um homem nascer, sendo velho? Pode, porventura, voltar ao ventre materno e nascer segunda vez? Respondeu Jesus: Em verdade, em verdade te digo: Quem não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus. O que é nascido da carne é carne; e o que é nascido do espírito é espírito. Não te admires de eu te dizer: Importa-vos nascer de novo. (Jo 3:1-7) Nicodemos procura Jesus e admite que O Mestre vindo da parte de Deus. Aparentemente, se eu fosse Jesus, até ficaria satisfeito. - Mas Jesus não ficou! Jesus lhe respondeu que "se alguém não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus". Para Jesus é importante que aquele que O segue tenha a visão do Reino. - Como conseguir a visão do Reino? Não basta ser Mestre. A visão do Reino é um caminho do coração. A "criança" dentro de nós. Em Lucas 18:15-17 Jesus já ensinava que Quem não receber o Reino de Deus como uma criança, de maneira alguma entrará nele. No Salmo 131, de Davi, que nos ensina que só damos um "colinho para nossa própria alma" quando nos tornamos como crianças: Pelo contrário, fiz calar e sossegar a minha alma; como a criança desmamada se aquieta nos braços de sua mãe, como essa criança é a minha alma para comigo. espera, ó Israel, no Senhor, desde agora e para
  • 10. 10 sempre. João 7 - A metade da história. O testemunho que não houve. Quem poderia supor que uma simples conversa ficaria registrada para sempre na Bíblia (Ah! se eles soubessem). Voltaram, pois, os guardas à presença dos principais sacerdotes e fariseus, e estes lhes perguntaram: Por que não o trouxestes? Responderam eles: jamais alguém falou como este homem. Replicaram-lhes, pois, os fariseus: Será que também vós fostes enganados? Porventura creu nele alguém dentre as autoridades, ou algum dos fariseus? Quanto a esta plebe que nada sabe da lei, é maldita. Nicodemos, um deles, que antes fora ter com Jesus, agora presente, perguntou-lhes: Acaso nossa lei julga um homem, sem primeiro ouvi-lo e saber o que ele fez? Responderam eles. Dar-se-á o caso de que também tu és da Galiléia? Examina, e verás que da Galiléia não se levanta profeta. E cada um foi para sua casa. Examinando a atitude de Nicodemos - Faltou aqui uma resposta por parte de Nicodemos! Nicodemos preferiu subir no muro e depois tentou "puxar Jesus para cima" quando fez lembrar aos principais sacerdotes e fariseus que eles tinham "uma tradição a manter": "Acaso nossa lei julga um homem, sem primeiro ouvi-lo e saber o que ele fez?" Jo 7:51. Queria ficar bem com os dois lados - não queria prejudicar sua reputação! O problema é que Jesus não sobe em muro. Quando Satanás lhe propôs um bom negócio - acordinho de bastidores - para evitar a Cruz, veja o que Jesus respondeu: Levou-o ainda o diabo a um monte muito alto, mostrou-lhe todos os reinos do mundo e a glória deles, e lhe disse: Tudo isto te darei se, prostrado, me adorares. Então Jesus lhe ordenou: Retira-te, Satanás, porque está escrito: Ao Senhor teu Deus adorarás, e só a ele darás culto. Com isto o deixou, o diabo, e eis que vieram anjos, e o serviam. (Mt 4:8- 11) O mais curioso é que, tentando manter sua reputação, Nicodemos a "arranhou" quando escutou, em público:
  • 11. 11 Examina, e verás que da Galiléia não se levanta profeta. - (Mandaram Nicodemos estudar) O muro E se aquela conversa de Nicodemos com Jesus fosse com você ou comigo? O que você responderia? O que eu responderia se estivesse no lugar de Nicodemos? Será que estamos dispostos a arriscar nossa própria reputação ao seguir Jesus? Ou preferimos o muro - um lugar seguro? E se eu já subi nesse muro... Como descer? E se eu não descer? Só voltamos a ter notícias de Nicodemos após a morte de Jesus: Depois disto, José de Arimatéia, que era discípulo de Jesus, ainda que ocultamente pelo receio que tinha dos judeus, rogou a Pilatos lhe permitisse tirar o corpo de Jesus. Pilatos lhe permitiu. Então foi Jose de Arimatéia e retirou o corpo de Jesus. E também Nicodemos, aquele que anteriormente viera ter com Jesus á noite, foi levando cerca de cem libras (45 kg) de um composto de mirra e aloés. Tomaram pois, o corpo de Jesus e o envolveram em lençóis com os aromas, como é de uso entre os judeus na preparação para o sepulcro". (Jo 19:38-40) Nicodemos e José de Arimatéia não desceram do muro, e também parece que não sobrou muita coisa para eles! Acredito que ambos amavam o Mestre. Fico a imaginar os dois envolvendo com faixas o corpo morto de Jesus e imaginando o quanto que poderiam ter usufruído a presença do Mestre e a experiência com o Seu amor. Descendo do muro. Conversas, como as de Nicodemos, estão presentes na vida de todos nós. É melhor estarmos preparados. Se o seu "adulto” subiu no muro, é a sua "criança" que tem de descer. - Está difícil. Sabe o que uma criança faz numa situação dessas? - Ela chama: - Papai! E pula nos braços dEle! Jorge Wilson
  • 12. 12 Como se faz um adorador Os fariseus ouviram dizer que Jesus estava ganhando mais discípulos e batizava mais pessoas do que João. (De fato, não era Jesus quem batizava, e sim os seus discípulos) Quando Jesus ficou sabendo disso, saiu da Judéia e voltou para a Galiléia. No caminho, ele tinha de passar pela região da Samaria. Ele chegou a uma cidade da Samaria, chamada Sicar, que ficava perto das terras que Jacó tinha dado ao seu filho José. Ali ficava o poço de Jacó. Era mais ou menos meio-dia quando Jesus, cansado da viagem, sentou-se perto do poço. Uma mulher samaritana veio tirar água, e Jesus lhe disse: -Por favor, me dê um pouco de água. (Os discípulos de Jesus tinham ido até a cidade comprar comida.) A mulher respondeu: - O senhor é judeu, e eu sou samaritana. Então como é que o senhor me pede água? (Ela disse isso porque os judeus não se dão com os samaritanos.) Então Jesus disse: - Se você soubesse o que Deus pode dar e quem é que está lhe pedindo água, você pediria, e ele lhe daria a água da vida. Ela respondeu: - O senhor não tem balde para tirar água, e o poço é fundo. Como é que vai conseguir essa água da vida? Nosso antepassado Jacó nos deu este poço. Ele, os seus filhos e os seus animais beberam água daqui. Será que o senhor é mais importante do que Jacó? Então Jesus disse: - Quem beber desta água terá sede de novo, mas aquele que beber da água que eu lhe der nunca mais terá sede. Porque a água que eu lhe der se tornará nele uma fonte de água que dará vida eterna. Então a mulher pediu: - Por favor, me dê dessa água! Assim eu nunca mais terei sede e não precisarei mais vir aqui buscar água. -Vá chamar o seu marido e volte aqui! -ordenou Jesus. -Eu não tenho marido! - respondeu a mulher. Então Jesus disse: - Você está certa ao dizer que não tem marido, pois já teve cinco, e este que você tem agora não é, de fato, seu marido. Sim, você falou a verdade. A mulher respondeu: - Agora eu sei que o senhor é um profeta! Os nossos antepassados adoravam a Deus neste monte, mas vocês, judeus, dizem que Jerusalém é o lugar onde devemos adorá-lo. Jesus disse: - Mulher creia no que eu digo: Chegará o tempo em que ninguém vai adorar a Deus nem neste monte nem em Jerusalém. Vocês, samaritanos, não sabem o que adoram, mas nós sabemos o que adoramos porque a salvação vem dos judeus. Mas virá o tempo, e, de fato, já chegou , em que os verdadeiros adoradores vão adorar o Pai em espírito e em verdade. Pois são esses que o Pai quer que o
  • 13. 13 adorem. Deus é Espírito, e por isso os que o adoram devem adorá-lo em espírito e em verdade. A mulher respondeu: - Eu sei que o Messias, chamado Cristo, tem de vir. E, quando ele vier, vai explicar tudo para nós. Então Jesus afirmou: - Pois eu, que estou falando com você, sou o Messias. (João 4:1-26 BLH) Repare na conversa: Vá chamar o seu marido e volte aqui! -ordenou Jesus. -Eu não tenho marido! - respondeu a mulher. Então Jesus disse: - Você está certa ao dizer que não tem marido, pois já teve cinco, e este que você tem agora não é, de fato, seu marido. Sim, você falou a verdade. Provavelmente havia algum impedimento legal neste relacionamento atual (conjugal) da samaritana. O cenário O senhor é judeu, e eu sou samaritana. Então como é que o senhor me pede água? Antigamente a separação entre judeus e samaritanos era tão grande que eles não usavam os mesmos utensílios porque os judeus achavam que cometeriam “impureza ritual”. Esse é um trecho da conversa de Jesus com a samaritana. Os samaritanos eram o que restava do reino israelita do Norte e haviam se misturado com estrangeiros depois que a elite do país fora levada para o exílio no ano 722 a.C. Adoravam no monte Gerizim, rejeitavam o Antigo Testamento e tinham uma interpretação própria dos cinco livros da lei de Moisés. Neste diálogo, por um lado temos Jesus – judeu, homem e Profeta – vários degraus acima dela que, por outro lado, era: samaritana, mulher e amasiada! (vários degraus abaixo). Seria algo mais ou menos assim: Profeta Homem Judeu samaritana mulher amasiada
  • 14. 14 Jesus inicia pelo degrau mais inferior e expõe a verdade da samaritana - presente e passado - que lhe responde: - Agora eu sei que o senhor é um profeta! Mas, logo após, ela fala: Os nossos antepassados adoravam a Deus neste monte, mas vocês, judeus, dizem que Jerusalém é o lugar onde devemos adorá-lo. Acredito que aqui ela não fugiu da conversa, mas porque a palavra de Jesus fez com que ela se confrontasse com sua própria realidade, o seu pecado, ela quis, desta forma, saber o que podia fazer a respeito. Como subir nessa escada até o Pai? Ela, bem humana, começa como todo mundo e pergunta: “Onde adorar?”. O onde era uma controvérsia entre samaritanos e judeus: Jerusalém ou Gerizim? - Brigas teológicas! Se trouxéssemos essa discussão para hoje, por exemplo, qual seria a verdadeira igreja de Jesus? Mas, o Mestre veio para ensinar que, em questão de adoração, o problema não é o “onde”, mas o quem e o como e ensina: Mas virá o tempo, e, de fato, já chegou , em que os verdadeiros adoradores vão adorar o Pai em espírito e em verdade. Pois são esses que o Pai quer que o adorem. A nossa adoração inicia quando as nossas verdades são mobilizadas - nossa mente (e os sentimentos que delas surgem) e o nosso coração na direção Pai. Então clamamos pelo Seu perdão e pedimos a Sua companhia. Finalmente, entramos em Sua presença com expectativa de sermos galardoados: Sem fé ninguém pode agradar a Deus, porque quem vai a ele precisa crer que ele existe e que recompensa os que procuram conhecê-lo melhor. (Hebreus 11:6 BLH) Jesus falou à mulher de uma recompensa, criou expectativas nela quando falou de uma água especial: Então Jesus disse: - Quem beber desta água terá sede de novo, mas aquele que beber da água que eu lhe der nunca mais terá sede. Porque a água que eu lhe der se tornará nele uma fonte de água que dará vida eterna. Então a
  • 15. 15 mulher pediu: - Por favor, me dê dessa água! Assim eu nunca mais terei sede e não precisarei mais vir aqui buscar água. Talvez, além de cansativo, fosse constrangedor uma mulher como ela ir até o poço pegar água. A maior recompensa é quando o Pai nos dá dEle mesmo, pois todos nós temos um buraco do tamanho de Deus. Sem Ele, ficamos inconsoláveis, insaciáveis. Não existe doação que substitua o Doador! Não foi por outro motivo que Jesus nos deixou o Consolador- o Espírito Santo! Piper, comentando o texto da samaritana, nos ensina que: Adorar em espírito é o contrário de adorar de maneiras meramente externas. É o contrário do formalismo e tradicionalismo vazios. Adorar em verdade é o contrário da adoração baseada em um entendimento inadequado de Deus. A adoração precisa ter coração e cabeça. Ela tem de envolver as emoções e o pensamento.* Todo o trabalho de Jesus com aquela samaritana foi para gerar uma adoradora genuína. Foi o trabalho dEle naquela época e é o mesmo hoje, em cada um de nós. Ele não se importa de descer todos os degraus necessários para nos ensinar a subi-los em companhia dEle. Quando você for louvar, suba cada degrau elevando ao Pai sua verdade e seus afetos; sua mente e seu coração. P.S: E não se esqueça de levar junto suas expectativas! Jorge Wilson * John Piper, A Teologia da Alegria, Shedd publicações, 1ª Ed. Pág.67.
  • 16. 16 Jesus e o solitário A solidão 1 Depois disso havia uma festa dos judeus; e Jesus subiu a Jerusalém. 2 Ora, em Jerusalém, próximo à porta das ovelhas, há um tanque ,chamado em hebraico Betesda, o qual tem cinco alpendres. 3 Nestes jazia grande multidão de enfermos, cegos, mancos e ressicados [esperando o movimento da água.] 4 [ Porquanto um anjo descia em certo tempo ao tanque, e agitava a água; então o primeiro que ali descia, depois do movimento da água, sarava de qualquer enfermidade que tivesse. ]5Achava-se ali um homem que, havia trinta e oito anos, estava enfermo. 6 Jesus, vendo-o deitado e sabendo que estava assim havia muito tempo, perguntou-lhe: Queres ficar são? 7 Respondeu-lhe o enfermo: Senhor, não tenho ninguém que, ao ser agitada a água, me ponha no tanque; assim, enquanto eu vou, desce outro antes de mim. 8 Disse-lhe Jesus: Levanta-te, toma o teu leito e anda.9 Imediatamente o homem ficou são; e, tomando o seu leito, começou a andar. Ora, aquele dia era sábado. 10 Pelo que disseram os judeus ao que fora curado: Hoje é sábado, e não te é lícito carregar o leito. 11 Ele, porém, lhes respondeu: Aquele que me curou, esse mesmo me disse: Toma o teu leito e anda. 12 Perguntaram-lhe, pois: Quem é o homem que te disse: Toma o teu leito e anda?13 Mas o que fora curado não sabia quem era; porque Jesus se retirara, por haver muita gente naquele lugar.14 Depois Jesus o encontrou no templo, e disse-lhe: Olha, já estás curado; não peques mais, para que não te suceda coisa pior.15Retirou-se, então, o homem, e contou aos judeus que era Jesus quem o curara. João 5: 1-15 No cap.5 do Evangelho de João lemos que certo dia Jesus entra na cidade de Jerusalém, segue até a Porta das ovelhas. Perto desta porta havia um poço - um tanque com cinco alpendres. Mas o que chamava a atenção não era sua arquitetura, mas o fato de ser um lugar onde aconteciam milagres. Às vezes, as águas mexiam-se sobrenaturalmente e curavam as pessoas que nelas entravam. Provavelmente surgiam correntes eventuais de outras fontes subterrâneas de águas com propriedades medicinais e certamente deveria haver alguma vantagem em se entrar nelas nesses momentos. Logicamente, nesse lugar havia uma multidão de enfermos de todo o tipo: coxos, cegos, e aleijados - todos esperando o mover das águas. Era também época de festa - a das Trombetas (corresponde ao Dia do Ano Novo)* . Uma época bem próxima a que vamos ter agora (estamos em dezembro de 2006). Um tempo bom para se curtir a família (para quem tem) e extremamente difícil e depressiva para os solitários. No meio destes doentes havia um homem que chamou a atenção de Jesus. Este homem padecia de uma paralisia há trinta e oito anos. Não sabemos
  • 17. 17 há quantos anos ele jazia nos alpendres do tanque chamado Betesda que significa "Casa de Misericórdia", mas a sua história é ainda mais triste, pois vamos descobrir que sua paralisia não era todo o seu problema. Jesus vê este homem e pergunta: - “Queres ficar são?” Uma pergunta estranha, mas nem tanto, pois o homem não responde à pergunta; em vez disso, dá uma desculpa. O que estaria Jesus pensando? Seria possível que esse homem doente tivesse medo de ser curado após tanto tempo, ou seja, medo de enfrentar uma vida sadia normal? E é na resposta do doente que sentimos a profundidade da tristeza e solidão deste homem. “Senhor”, responde o homem, “não tenho amigo algum que, quando a água é agitada, me coloque no tanque; mas, enquanto eu vou, desce outro antes de mim.” Podemos ouvir a dor na sua resposta: “Eu não tenho ninguém!”. Trinta e oito anos a arrastar-se pelo chão, de pedir esmola, de depender da bondade dos outros para fazer as necessidades básicas da vida, de clamar às pessoas e a Deus para que o ajudasse, reduziram a sua esperança para a conformidade da sua situação. Mas Jesus o viu, e agora o proclama são: Levanta-te, e toma a tua cama, e anda. A Bíblia relata-nos que logo que o homem ficou são tomou a sua cama e partiu. Além da sua enfermidade, este homem sofria de solidão. Nós sabemos muito pouco sobre a vida deste homem, mas podemos ver várias coisas em relação ao estado espiritual deste homem. Certamente, parte da causa da sua solidão era física, mas uma outra parte cooperou para aprofundar o seu senso de abandono. O homem sofria de um tamanho desinteresse espiritual que quando apresentado com a oportunidade de ser curado nem conseguia dizer “sim”, e até depois de ficar curado, nem perguntou por, ou procurou, quem o curou. Jesus trabalha em quatro etapas com esse homem: 1 - A abordagem : O pouco que o paralítico falou foi suficiente para Jesus . Ele (Jesus) sabe do que vai no íntimo de cada um. 2 - A cura: levanta-te toma teu leito e anda: Jesus restaura o homem fisicamente. 3 - O caminho para fora - Se o homem deixasse a cama no poço ele poderia voltar a habitar ali, pois afinal era um hábito de trinta e oito anos.Jesus procurava não apenas curar a paralisia física, mas queria trazer a sanidade
  • 18. 18 plena a este homem. Ele queria tirar todas as paralisias: emocional, social, e espiritual deste homem. Era necessário romper com esse passado. 4 - O futuro - Vendo que a primeira reintegração social desse homem foi hostil (judeus legalistas sobre o sábado) o Mestre rompeu novamente o círculo de solidão desse homem e vai encontrá-lo no Templo . Lembra ao homem de que ele está curado e avisa-o do perigo de descuidar da sua vida dizendo: Olha, já estás curado; não peques mais, para que não te suceda coisa pior. É a única vez nos evangelhos que ouvimos Jesus falar assim. Jesus não está neste momento a afirmar que o pecado é a causa das enfermidades, mas aponta para o afastamento espiritual que o pecado faz na vida das pessoas em relação aos outros e a Deus e aqui era esse o caso. Jesus vem ao encontro do solitário. Após um encontro com Jesus, o caminho para fora significa sair da solidão e entrar no Corpo de Cristo onde o Espírito Santo que habita em você vai ao encontro do Espírito Santo que habita em seu irmão. Talvez tenhamos de enfrentar alguns fariseus do sábado pelo caminho, mas daremos mais atenção à voz de Cristo que nos declara curados. Deus deseja ter um relacionamento íntimo conosco. Ele nos ama de tal maneira que enviou o seu Filho para atravessar o abismo da solidão humana para um pleno relacionamento de amor com Deus. Jesus não quis que este homem deixasse a sua cama ali naquele poço como também não quer que deixemos nossa cama nos poços onde estamos presos. Leia agora o texto e coloque-se no lugar desse homem. Ouça a voz de Jesus e descubra onde era o seu poço de solidão. Peça sua cura e saia para fora. Jesus pode te mostrar onde você pode melhorar. Jorge Wilson
  • 19. 19 Semeadores e ceifeiros 1 E QUANDO o Senhor entendeu que os fariseus tinham ouvido que Jesus fazia e batizava mais discípulos do que João 2 (Ainda que Jesus mesmo não batizava, mas os seus discípulos),3Deixou a Judéia, e foi outra vez para a Galiléia.4E era-lhe necessário passar por Samaria.5 Foi, pois, a uma cidade de Samaria, chamada Sicar, junto da herdade que Jacó tinha dado a seu filho José.6E estava ali a fonte de Jacó. Jesus, pois, cansado do caminho, assentou-se assim junto da fonte. Era isto quase à hora sexta. 7 Veio uma mulher de Samaria tirar água. Disse-lhe Jesus: Dá-me de beber. 8 Porque os seus discípulos tinham ido à cidade comprar comida. 9 Disse-lhe, pois, a mulher samaritana: Como, sendo tu judeu, me pedes de beber a mim, que sou mulher samaritana? (porque os judeus não se comunicam com os samaritanos).10 Jesus respondeu, e disse-lhe: Se tu conheceras o dom de Deus, e quem é o que te diz: Dá-me de beber, tu lhe pedirias, e ele te daria água viva. 11 Disse-lhe a mulher: Senhor, tu não tens com que a tirar, e o poço é fundo; onde, pois, tens a água viva?12 És tu maior do que o nosso pai Jacó, que nos deu o poço, bebendo ele próprio dele, e os seus filhos, e o seu gado? 13 Jesus respondeu, e disse-lhe: Qualquer que beber desta água tornará a ter sede;14 Mas aquele que beber da água que eu lhe der nunca terá sede, porque a água que eu lhe der se fará nele uma fonte de água que salte para a vida eterna. 15 Disse-lhe a mulher: SENHOR, dá-me dessa água, para que não mais tenha sede, e não venha aqui tirá-la. 16 Disse-lhe Jesus: Vai, chama o teu marido, e vem cá. 17 A mulher respondeu, e disse: Não tenho marido. Disse-lhe Jesus: Disseste bem: Não tenho marido ;18 Porque tiveste cinco maridos, e o que agora tens não é teu marido; isto disseste com verdade. 19 Disse-lhe a mulher: Senhor, vejo que és profeta. 20 Nossos pais adoraram neste monte, e vós dizeis que é em Jerusalém o lugar onde se deve adorar. 21 Disse-lhe Jesus: Mulher, crê-me que a hora vem, em que nem neste monte nem em Jerusalém adorareis o Pai. 22 Vós adorais o que não sabeis; nós adoramos o que sabemos porque a salvação vem dos judeus.23 Mas a hora vem, e agora é, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade; porque o Pai procura a tais que assim o adorem.24Deus é Espírito, e importa que os que o adoram o adorem em espírito e em verdade. 25 A mulher disse-lhe: Eu sei que o Messias (que se chama o Cristo) vem; quando ele vier, nos anunciará tudo. 26 Jesus disse-lhe: Eu o sou, eu que falo contigo. 27 E nisto vieram os seus discípulos, e maravilharam-se de que estivesse falando com uma mulher; todavia nenhum lhe disse: Que perguntas? ou: Por que falas com ela? 28 Deixou, pois, a mulher o seu cântaro, e foi à cidade, e disse àqueles homens:29 Vinde, vede um homem que me disse tudo quanto tenho feito. Porventura não é este o Cristo?30 Saíram, pois, da cidade, e foram ter com ele. 31 E entretanto os seus discípulos lhe rogaram, dizendo: Rabi, come. 32 Ele, porém, lhes disse: Uma comida tenho para comer, que vós não conheceis.
  • 20. 20 33 Então os discípulos diziam uns aos outros: Trouxe-lhe, porventura, alguém algo de comer? 34 Jesus disse-lhes: A minha comida é fazer a vontade daquele que me enviou, e realizar a sua obra. 35 Não dizeis vós que ainda há quatro meses até que venha a ceifa? Eis que eu vos digo: Levantai os vossos olhos, e vede as terras, que já estão brancas para a ceifa. 36 E o que ceifa recebe galardão, e ajunta fruto para a vida eterna; para que, assim o que semeia como o que ceifa, ambos se regozijem.(...) 41 E muitos mais creram nele, por causa da sua palavra.42E diziam à mulher: Já não é pelo teu dito que nós cremos; porque nós mesmos o temos ouvido, e sabemos que este é verdadeiramente o Cristo, o Salvador do mundo. O texto nos mostra o diálogo de Jesus com uma mulher samaritana. Segundo o texto, Jesus estava cansado do caminho. Deve ter ficado perto da fonte para beber água enquanto os discípulos foram atrás de comida na cidade. Os samaritanos não se davam com os da Judéia, pois estes últimos consideravam os samaritanos como “impuros rituais”, ou seja, não seguiam os mandamentos de Moisés como os judeus achavam que se deveria fazer. Então viviam separados, tinham lugares de adoração separados e mesmos os judeus quando iam para a Galiléia, ao norte de Samaria, preferiam evitar passar por Samaria (iam pela Cisjordânia). Preconceito Jesus vence primeiramente o preconceito de um judeu falar com um samaritano (mais ainda por ser ela mulher) e ela mesma se admira do fato. Quando a conversa inicia, parece um diálogo de surdos. Primeiro, Jesus pede água. Quando ela se admira do pedido , Jesus muda de assunto e passa a falar de outro tipo de água , aquele que todo ser humano precisa. Então, abruptamente pergunta pelo marido da mulher e dá razão a ela na resposta: Você está certa ao dizer que não tem marido, pois já teve cinco, e este que você tem agora não é, de fato, seu marido – Disseste bem: Não tenho marido; porque tiveste cinco maridos, e o que agora tens não é teu marido; isto disseste com verdade. Jesus não se aproveita deste fato (os vários maridos) para usar de sua autoridade e exercer pressão moralista ou para forçá-la a “colocar em ordem” seu atual relacionamento. Ele vence também esse preconceito social dos vários casamentos e fala de tal modo a fazê-la compreender seu próprio anseio por amor e segurança, não satisfeitos (nenhum dos seis maridos conseguiu satisfazer o anseio de amor se segurança desta mulher). Jesus, a partir da sede de água da mulher chega a verdadeira sede dela por Deus passando pelos seis maridos que teve. O interessante é que logo após entrar em contato com seu verdadeiro anseio, ela mesma
  • 21. 21 passa a falar em Deus, na adoração e no Messias expressando sua expectativa pela vinda deste último: - Eu sei que o Messias, chamado Cristo, tem de vir. E, quando ele vier, vai explicar tudo para nós. E então Jesus se dá a conhecer: - Pois eu, que estou falando com você, sou o Messias. A partir desse ponto a mulher deixa o seu cântaro, pois sua sede já não era tão importante - e vai à cidade, ao seu povo, para contar de seu encontro com Jesus - de evangelizada se torna uma semeadora. A lição Nesse ínterim, os discípulos retornam com o alimento da cidade e se surpreendem porque Jesus não mais parece interessado no alimento como Ele mesmo diria depois: A minha comida é fazer a vontade daquele que me enviou, e realizar a sua obra. Jesus, vendo a perplexidade que causou aos discípulos no retorno da cidade, diz: Levantai os vossos olhos, e vede as terras, que já estão brancas para a ceifa. Acredito que Jesus tenha apontado nessa hora para a mulher e os homens da cidade que vinham se aproximando, trazidos por ela. Os discípulos foram à cidade no intuito de obter o alimento e trouxeram. A mulher, sem o saber, acabou sendo mais focada, pois foi à cidade e trouxe precisamente aquilo que matava a fome e a sede de Jesus – um povo que espera o Messias. Acredito que essa foi a lição da samaritana para os discípulos e para nós. A conversa de Jesus com essa mulher é uma imagem da conversa que poderemos ter em qualquer lugar, até em nossa igreja ou koinonia (pequeno grupo). Normalmente tentamos aconselhar falando de muitas coisas, mas sem chegar ao anseio genuíno daquele com quem falamos. Porém, quando a conversa atinge o coração, ela também encontra a Deus e em Deus, atinge seu objetivo. É o mistério do evangelismo e do aconselhamento.
  • 22. 22 Leia agora o texto como se você fosse a mulher e diga a Jesus qual é o seu verdadeiro anseio (o medo que move você em suas lutas). Depois, faça como a mulher, fale de Deus. Jesus agradece. Jorge Wilson
  • 23. 23 Espiritualidade e submissão – um modelo para nós Então Jesus disse a eles: - Eu afirmo a vocês que isto é verdade: O Filho não pode fazer nada por sua própria conta, pois ele só faz o que vê o Pai fazer. Tudo o que o Pai faz o Filho faz também, (João 5:19 BLH). Jesus continuou a falar a eles. Ele disse: - Eu não posso fazer nada por minha própria conta, mas julgo de acordo com o que o Pai me diz. O meu julgamento é justo porque não procuro fazer a minha própria vontade, mas a vontade daquele que me enviou. (João 5:30 BLH) Existem muitas coisas a respeito de vocês das quais eu preciso falar e as quais eu preciso julgar. Porém quem me enviou é verdadeiro, e eu digo ao mundo somente o que ele me disse. Eles não entenderam que ele estava falando a respeito do Pai. Por isso Jesus disse: - Quando vocês levantarem o Filho do Homem, saberão que "EU SOU QUEM SOU". E saberão também que não faço nada por minha conta, mas falo somente o que o meu Pai me ensinou. (João 8:26-28 BLH) -Eu não tenho falado em meu próprio nome, mas o Pai, que me enviou, é quem me ordena o que devo dizer e anunciar. E eu sei que o seu mandamento dá a vida eterna. O que eu digo é justamente aquilo que o Pai me mandou dizer. (João 12:49-50 BLH) O projeto de espiritualidade de Jesus consistia em realizar a vontade do Pai. Ele era consciente de que tinha uma missão aqui na Terra e levou essa missão adiante. Mesmo a perplexidade do Getsêmani quando Jesus perguntou se era possível “passar este cálice”, não o afastou de sua missão - Ele bebeu o cálice! Em sua espiritualidade, que é modelo para nós, a sua vontade era assimilada pela vontade do Pai. Era necessário que Jesus sonhasse o sonho do Pai e comprasse como seu o projeto dEle. Submissão significa “estar sob missão”. Receber a missão faz parte da minha espiritualidade. Preciso pedir ao Pai para sonhar os sonhos que Ele tem para mim e então o meu projeto de vida acontece! Só beberei este cálice se não duvidar do amor de meu Pai. É um cálice que também divido com meus irmãos, pois a submissão ao Pai é o caminho da comunhão entre os homens. E só quem sabe mesmo que está debaixo do amor do Pai é que pode vencer o medo de achar que os outros têm as chaves do seu destino. A minha identidade acontece quando sou submisso à missão que meu Pai me dá. Segundo Richard Foster, toda disciplina tem sua liberdade correspondente, e a liberdade que corresponde à submissão “é a liberdade de render a terrível carga de sempre necessitar de fazer as coisas ao nosso próprio
  • 24. 24 modo. A obsessão de exigir que as coisas marchem de acordo com a nossa vontade é uma das maiores escravidões da sociedade humana hodierna”. 1 Pr. Ricardo Barbosa nos ensina: E porque é tão difícil para o ser humano essa história de “submissão”? Parece... fraqueza, covardia! Mas não é! Submissão não é derrota psicológica! Não é para os fracos! No Sermão do Monte, quando Jesus se referiu à pena de Talião, onde ninguém concebia que um homem forte, capaz de cobrar o “olho por olho” pudesse proibi-lo a si mesmo, Ele ensinou a vitória sobre a própria força. Quem renuncia para seguir a Cristo é o forte da história. Frequentemente vemo-nos pressionados a agir de forma a afirmar nossa identidade. Temos que provar quem somos e do que somos capazes, como, por exemplo, quando alguém coloca diante de nós suspeitas do tipo: “Afinal, você é crente ou não é? Você crê em Deus ou não? Você não afirmou que o Deus em quem você crê é poderoso? E então? Será que Ele não é capaz de fazer esta pobre criatura andar novamente?”. Perguntas assim não são, em tese, diferentes das que Satanás fez no deserto a Jesus. Muitas vezes, nossas buscas por milagres, prosperidade, poder, vitória, não são outra coisa senão a afirmação da nossa mais profunda insegurança afetiva. Necessitamos destas manifestações de poder e triunfalismo para afirmar uma identidade que não estamos seguros de possuir. Esta insegurança torna-nos prisioneiros de nós mesmos. A necessidade de autoafirmação leva-nos, inevitavelmente, a renunciar a qualquer forma de submissão. A única forma de nos submetermos uns aos outros é descobrindo o significado da autoridade do Pai e nos submetendo a ela. Jesus não teve nenhum conflito ao enfrentar a prepotência das autoridades romanas e judaicas, pois sabia exatamente a quem estava de fato servindo. Ele disse a Pilatos que ‘nenhuma autoridade teria se de cima não lhe fosse dada”. Com esta afirmação, Jesus define o centro de sua submissão. Ele pode submeter-se a outras autoridades porque conhece o Pai e entregou-se completamente a ele em amor e submissão. 2 - E quanto aos discípulos, o que aprenderam? O Jesus ressurreto disse a Pedro: Em verdade, em verdade te digo que, quando eras mais moço, tu te cingias a ti mesmo e andavas por onde querias; quando, porém, fores velho, estenderás as tuas mãos e outro te cingirá e te levará para onde não queres’. E então Jesus disse-lhe: Segue-me (Jo 21: 18-19). Henry Nouwen, comentando esses versículos :
  • 25. 25 Mas Jesus diz que maturidade significa crescer em disposição para ser conduzido, até a lugares que não escolheríamos com entusiasmo. É nessa hora e nesse lugar de necessidade que nos voltamos para o Outro. Percebemos que não podemos viver sem Deus. E todos os reconhecimentos e confortos da vida passam a ser vistos sob uma nova luz. 3 - E quanto a nós, hoje? Pr. Ricardo Barbosa, comentando as declarações de Jesus em João (início da página 1), ensina: O que temos em comum nestas afirmações de Jesus é a centralidade da vontade do Pai e sua mais completa submissão a ela. Ele afirma que não fala, decide, julga ou faz qualquer coisa de si mesmo. Tudo quanto faz ou fala procede do Pai. Estas afirmações de Jesus colocam-nos diante de dois princípios básicos e fundamentais em sua espiritualidade. Primeiro, Jesus coloca-se na condição de um bom ouvinte. Segundo, ele põe fim à necessidade humana de autonomia. Jesus priorizou a voz do Pai não apenas no batismo no rio Jordão, mas durante todo o seu ministério. A oração que ele ensinou aos seus discípulos foi aplicada radicalmente em toda a sua vida: “Seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu”. Ele com frequência se retirava para lugares solitários a fim de ouvir a voz do Pai e conhecer sua vontade. É importante também notar o significado deste silêncio e a necessidade de ouvir, para a missão do Filho. Ao dizer que não fala, julga ou faz qualquer coisa sem antes ouvir o Pai, Jesus demonstra que ele não tem uma missão própria. O que ele faz é o que vê o Pai fazer. Ele não tem um discurso próprio: o que ele fala é o que ouve o Pai falar. Ele não tem um juízo próprio: o seu juízo é o mesmo do Pai. Isto tem um desdobramento radical para a igreja e os cristãos. Nós também não temos uma vocação que seja nossa própria: a nossa vocação é a mesma do Pai e do Filho. Não temos uma mensagem que seja nossa: nossa mensagem é a mesma que ouvimos do Filho e do Pai. Estamos nesse mundo para realizar a vontade do Pai e fazer a sua obra. Para isso precisamos aprender a ouvir 4 Jorge Wilson 3 - Transforma meu pranto em dança . Henry Nouwen , Ed.Textus. Rio de Janeiro 2002 (pág 35). 1,2,4 - O Caminho do Coração. Pr. Ricardo Barbosa. Encontro Publicações. 1998. Curitiba. (pág.167-168)
  • 26. 26 Cuidado com você Não existe perdão sem encontro com Jesus (8-1b) mas Jesus foi para o monte das Oliveiras. De madrugada ele voltou ao pátio do Templo, e o povo se reuniu em volta dele. Jesus estava sentado, ensinando a todos. Aí alguns professores da Lei e fariseus levaram a Jesus uma mulher que tinha sido apanhada em adultério e a obrigaram a ficar de pé no meio de todos. Eles disseram: -Mestre, esta mulher foi apanhada no ato de adultério. De acordo com a Lei que Moisés nos deu, as mulheres adúlteras devem ser mortas a pedradas. Mas o senhor, o que é que diz sobre isso? Eles fizeram essa pergunta para conseguir uma prova contra Jesus, pois queriam acusá-lo. Mas ele se abaixou e começou a escrever no chão com o dedo. Como eles continuaram a fazer a mesma pergunta, Jesus endireitou o corpo e disse a eles: -Quem de vocês estiver sem pecado, que seja o primeiro a atirar uma pedra nesta mulher! Depois abaixou-se outra vez e continuou a escrever no chão. Quando ouviram isso, todos foram embora, um por um, começando pelos mais velhos. Ficaram sós Jesus e a mulher, e ela continuou ali, de pé. Então Jesus endireitou o corpo e disse: - Mulher, onde estão eles? Não ficou ninguém para condenar você? -Ninguém, senhor! -respondeu ela. Jesus disse: -Pois eu também não condeno você. Vá e não peque mais! (João 8:1-11 BLH) Jesus está em Jerusalém e é o foco das atenções. Seus inimigos, para detoná-Lo trazem uma mulher “pega em flagrante adultério”. Poderiam até já ter resolvido o assunto já que a Lei de Moisés o permitia, ou seja, a mulher seria apedrejada no ato. Mas, para nosso bem (e dela) não o fizeram, mas trouxeram-na como ardil para tentar incriminar Jesus e colocá-lo em xeque com Ele mesmo ou com a Lei de Deus. Se Jesus não manda cumprir a Lei está contra a Deus. Se, por outro lado, concorda com ao apedrejamento contradiz seu ensino de amor e da compaixão do Pai pelas pessoas. Resumindo, ou Jesus quebra a Lei ou rasga tudo o que tem ensinado até agora! Eles disseram: -Mestre, esta mulher foi apanhada no ato de adultério. De acordo com a Lei que Moisés nos deu, as mulheres adúlteras devem ser mortas a pedradas. Mas o senhor, o que é que diz sobre isso? Jesus então começa a escrever no chão com o dedo. Não sabemos o que Jesus escreveu. Teria escrito no chão o pecado dos que queriam atirar a pedra? Não sabemos.
  • 27. 27 Como eles continuaram a fazer a mesma pergunta, Jesus endireitou o corpo e disse a eles: -Quem de vocês estiver sem pecado, que seja o primeiro a atirar uma pedra nesta mulher! Note que Jesus não mudou ou torceu a Lei, mas trouxe um significado novo para ela. Ele trouxe o questionamento não só dos oprimidos, mas dos opressores. É como se a partir daí eles começassem a pensar: - O pecado que eu quero eliminar também está dentro de mim. Isso mudou a forma de olhar dos circunstantes e algozes. De repente, não viam mais a pedra indo, mas vindo! Foi como se eles se vissem recebendo em si mesmos as pedras que queriam atirar, a dor que queriam causar. E aconteceu uma espécie de “Parábola do Filho Pródigo ao contrário” – a mudança de entendimento começou pelos elementos mais velhos: Quando ouviram isso, todos foram embora, um por um, começando pelos mais velhos . Eles perceberam que o lado de cá da pedra se tornou o lado de lá. Jesus ensina que as pedras que eu pego para atirar nos outros deve antes me fazer pensar em minha própria vida e sem hipocrisia me ver do outro lado. E aí eu tenho que me lembrar quantas vezes eu tenho pecado e escapado dos flagrantes dos homens, mas não do Pai que sempre tem me tratado com a Sua misericórdia. O encontro Não existe perdão de Jesus sem um encontro com Ele, nem que seja na cruz – (lembra do bom ladrão?) . Voltando ao nosso texto, no final dessa cena existe o encontro com a pergunta – Quando ouviram isso, todos foram embora, um por um, começando pelos mais velhos. Ficaram sós Jesus e a mulher, e ela continuou ali, de pé. Então Jesus endireitou o corpo e disse: - Mulher, onde estão eles? Não ficou ninguém para condenar você? -Ninguém, senhor! Jesus não aproveita para emitir julgamentos sobre quem quer que seja. O fato é que Jesus ama opressores e oprimidos, julgadores e julgados, pois muitos opressores de hoje foram oprimidos no passado. Jesus se identifica com os pecadores não por partilhar seus pecados, mas por receber as consequências desses mesmos pecados pelos quais morreu. Ele ama as pessoas que estão dos dois lados da pedra, pois a dor da pedrada – só Ele sabe! Jorge Wilson
  • 28. 28 As imagens do Pai e a minha narrativa pessoal Nossas histórias podem recontadas. No começo da oração sacerdotal, tendo em vista a proximidade de sua morte, Jesus ora desta forma: E a vida eterna é esta: que eles conheçam a ti, que és o único Deus verdadeiro; e conheçam também Jesus Cristo, que enviaste ao mundo". (João 17:3 BLH) A vida eterna não é vida após a morte, mas é uma vida que hoje já participa da eternidade. É uma vida que começa quando conhecemos o Pai. Deus e o ser humano se unem e o tempo e a eternidade se encontram. Esta é a vida que todos desejamos! Jesus fala, nessa oração, que vida eterna é igual a conhecer. Mas, vida não é experiência? Na bíblia hebraica a palavra conhecer é também utilizada para a vida sexual em que um "conhece o outro. No grego - gignoskein - está relacionada a ver, compreender e perceber. Quando eu conheço a Deus, tenho parte com Ele, participo do abraço que une Pai, Filho e Espírito. Desse abraço depende a minha autoimagem. É o reto conhecimento que tenho de meu Pai que me ajuda a ser filho. Anselm Grum, comenta essa oração de Jesus: Mas talvez a palavra de Jesus seja, apesar de tudo, uma resposta ao anseio de nosso tempo. Para C.G.Jung Deus é o mais forte arquétipo (*) que existe. Quando a imagem de Deus está doente, também o ser humano fica doente. As imagens arquetípicas mexem com alguma coisa no ser humano. Elas ou confundem a psique ou trazem ordem para dentro dela. Ou curam as feridas ou abrem-nas ainda mais. Por isso não é tão sem consequências a maneira como eu vejo Deus." [1] A imagem do Pai se desenvolve dentro de minha história de vida, de minha narrativa pessoal. Depende também de minha experiência com meus pais. Se eles falharam comigo posso ter uma desconfiança fundamental em relação ao amor do Pai. É preciso reler minha própria história para encontrar Deus no meu passado. Conhecer o Pai tem o poder de curar minha própria história permitindo-me fazer uma reavaliação amorosa dos fatos marcantes de minha vida e descobri-Lo sempre presente, pois todas as coisas contribuem para o bem daqueles que amam a Deus. Rom 8:28
  • 29. 29 Assim, cada um de nós poderá recontar a sua história, suas imagens de Deus e suas experiências com Ele e dizer agora o que mudou. Se você já estiver pronto, conte sua história a alguém! - Ou melhor, reconte-a diferente! Jorge Wilson (*) Arquétipo - modelo, padrão. Segundo C.G.Jung são imagens psíquicas do inconsciente coletivo que são patrimônio comum a toda humanidade [1] Grün A, - Se eu quiser experimentar Deus - Ed. Vozes, 1ª Ed. pág.38.
  • 30. 30 O outro lado de um velório Um homem chamado Lázaro estava doente. Ele era do povoado de Betânia, onde Maria e a sua irmã Marta moravam. (Esta Maria era a mesma que pôs perfume nos pés do Senhor Jesus e os enxugou com os seus cabelos. Era o irmão dela, Lázaro, que estava doente.) As duas irmãs mandaram dizer a Jesus: - Senhor, o seu querido amigo Lázaro está doente! Quando Jesus recebeu a notícia, disse: -O resultado final dessa doença não será a morte de Lázaro. Isso está acontecendo para que Deus revele o seu poder glorioso; e assim, por causa dessa doença, a natureza divina do Filho de Deus será revelada. Jesus amava muito Marta, e a sua irmã, e também Lázaro. Porém quando soube que Lázaro estava doente, ainda ficou dois dias onde estava. Então disse aos seus discípulos: -Vamos voltar para a Judéia. Mas eles disseram: -Mestre, faz tão pouco tempo que o povo de lá queria matá-lo a pedradas, e o senhor quer voltar? Jesus respondeu: - Por acaso o dia não tem doze horas? Se alguém anda de dia não tropeça porque vê a luz deste mundo. Mas, se anda de noite, tropeça porque nele não existe luz. Jesus disse isso e depois continuou: -O nosso amigo Lázaro está dormindo, mas eu vou lá acordá-lo. -Senhor, se ele está dormindo, isso quer dizer que vai ficar bom! -disseram eles. Mas o que Jesus queria dizer era que Lázaro estava morto. Porém eles pensavam que ele estivesse falando do sono natural. Então Jesus disse claramente: -Lázaro morreu, mas eu estou alegre por não ter estado lá com ele, pois assim vocês vão crer. Vamos até a casa dele. Então Tomé, chamado de "o Gêmeo", disse aos outros discípulos: -Vamos nós também a fim de morrermos com o Mestre! Quando Jesus chegou, já fazia quatro dias que Lázaro havia sido sepultado. Betânia ficava a menos de três quilômetros de Jerusalém, e muitas pessoas tinham vindo visitar Marta e Maria para as consolarem por causa da morte do irmão. Quando Marta soube que Jesus estava chegando, foi encontrar-se com ele. Porém Maria ficou sentada em casa. Então Marta disse a Jesus: -Se o senhor estivesse aqui, o meu irmão não teria morrido! Mas eu sei que, mesmo assim, Deus lhe dará tudo o que o senhor pedir a ele. -O seu irmão vai ressuscitar! -disse Jesus. Marta respondeu: -Eu sei que ele vai ressuscitar no último dia! Então Jesus afirmou: - Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, ainda que morra, viverá; e quem vive e crê em mim nunca morrerá. Você acredita nisso? -Sim, senhor! -disse ela. -Eu creio que o senhor é o Messias, o Filho de Deus, que devia vir ao mundo. (Continuando)... Jesus viu Maria chorando e viu as pessoas que estavam com ela chorando também. Então ficou muito comovido e aflito e perguntou:
  • 31. 31 - Onde foi que vocês o sepultaram? - Venha ver, senhor! -responderam. Jesus chorou. Então as pessoas disseram: - Vejam como ele amava Lázaro! Mas algumas delas disseram: - Ele curou o cego. Será que não poderia ter feito alguma coisa para que Lázaro não morresse? Jesus ficou outra vez muito comovido. Ele foi até o túmulo, que era uma gruta com uma pedra colocada na entrada, e ordenou: -Tirem a pedra! Marta, a irmã do morto, disse: - Senhor, ele está cheirando mal, pois já faz quatro dias que foi sepultado! Jesus respondeu: - Eu não lhe disse que, se você crer, você verá a revelação do poder glorioso de Deus? Então tiraram a pedra. Jesus olhou para o céu e disse: -Pai, eu te agradeço porque me ouviste. Eu sei que sempre me ouves; mas eu estou dizendo isso por causa de toda esta gente que está aqui, para que eles creiam que tu me enviaste. Depois de dizer isso, gritou: - Lázaro, venha para fora! E o morto saiu. Os seus pés e as suas mãos estavam enfaixados com tiras de pano, e o seu rosto estava enrolado com um pano. Então Jesus disse: - Desenrolem as faixas e deixem que ele vá. (João 11:1-44 BLH) Esse texto nos lembra do problema a morte. A tristeza que ela causa fez Jesus agitar – se em Seu espírito e o texto diz que - Jesus chorou. O Mestre trata da morte como "um sono debaixo de Seu controle" e é isto o que ensina aos seus discípulos usando a metáfora do sono para explicar a morte. A visão da glória de Deus, prometida aos que creem me ensina que, assim como Lázaro, um dia morrerei, ou melhor, dormirei e serei acordado, ouvirei a voz dAquele que me chama para Si e para a Sua glória- o meu Redentor ! Se você crer, você verá a revelação do poder glorioso de Deus. Só Ele pode fazer isso. É Ele quem manda: Tirem a pedra e o caminho fica livre. Eu saio da caverna para uma nova vida, ressurreto e o Senhor Jesus manda que eu seja "desenfaixado". Que faixas serão essas? Talvez as que me disciplinaram a vida inteira para manter minha fé, ou serão as limitações que eu mesmo criei e delas não pude me desfazer? Não importa – eu creio no que Ele diz: Desenrolem as faixas e deixem que ele vá. Terei muito que fazer! A pessoa e a obra de Jesus transformam a realidade da morte. Seremos todos – como Lázaro – ressurretos e ouviremos a voz de Jesus nos chamando para fora, para Ele.
  • 32. 32 Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, ainda que morra, viverá; e quem vive e crê em mim nunca morrerá. Você acredita nisso? Jorge Wilson
  • 33. 33 Da contemplação à ação Igreja Batista do Morumbi Retiro de Homens – 2002 Tema – A casa caiu! Ontem fizemos um exercício para tentar ouvir o Pai. Nossos barulhos (preocupações, falta de tempo para leitura da Palavra, etc...) interferem em nossa comunicação com Ele. Como homens de Deus, precisamos aprender a exercitar nossa alma na contemplação o amor do Pai e ensinar esse caminho aos nossos queridos. Hoje é Domingo. A saudade da família começa a se fazer presente. Mais tarde estaremos com nossos familiares e amanhã retornaremos ao nosso dia-a-dia. Precisamos da direção divina para viver e tomar as atitudes corretas em relação à nossa vida e aos nossos amados que o Pai nos deu para deles cuidar. Como cuidar de nós e dos “nossos”? Nossa caminhada de hoje terá sentido inverso, aquele que nos levará da contemplação à ação. Algumas instruções de ordem prática: Novamente, antes de ler o texto, procure “estar presente”, ou seja, desligue-se de problemas que ficaram no escritório, em casa, etc... Feche os olhos por alguns minutos (5 a 10). No início parecerá difícil, mas depois você vai se acostumar. Deixe as ideias irem e virem, quaisquer que sejam. Quando sua mente e coração se acalmarem, faça a leitura do texto recomendado, pois na meditação cristã coração e mente funcionam juntos! Esse texto de hoje fala de uma pescaria onde Jesus faz uma pergunta: “Então Jesus perguntou: -Moços, vocês pescaram alguma coisa? -Nada! - responderam eles”. Acredito que muitas vezes chegamos em casa ouvindo (ou temendo ouvir) a pergunta acima: Moços, vocês pescaram alguma coisa? E, às vezes, temos de dar a mesma resposta acima: Nada! Como ser um bom pescador em 2014? Ontem, enquanto contemplávamos o Pai e o Seu amor, tivemos a chance de, mais uma vez, trabalharmos a nossa identidade nEle, pois é na oração em nosso retorno a Ele, neste “santo confronto” que nos descobrimos Seus filhos. E a partir da nossa dignidade restaurada e na identidade que Ele nos
  • 34. 34 dá, crendo em Sua Graça e na Sua misericórdia é que poderemos realizar os vários papéis a que somos chamados neste mundo: pais, filhos, maridos, provedores do lar, profissionais, irmãos, ”irmãos”, etc. Muitos papéis, não? Quem consegue pescar tanto”. Leia agora o capítulo 21 do Evangelho de João para a nossa meditação de hoje: Depois disso, Jesus apareceu outra vez aos seus discípulos, na beira do lago da Galiléia. Foi assim que aconteceu: Estavam juntos Simão Pedro e Tomé, chamado de "o Gêmeo"; Natanael, que era de Caná da Galiléia; os filhos de Zebedeu e mais dois discípulos. Simão Pedro disse aos outros: -Eu vou pescar. -Nós também vamos pescar com você! -disseram eles. Então foram todos e subiram no barco, mas naquela noite não pescaram nada. De manhã, quando começava a clarear, Jesus estava na praia. Porém eles não sabiam que era ele. Então Jesus perguntou: -Moços, vocês pescaram alguma coisa? -Nada! -responderam eles. -Joguem a rede do lado direito do barco, que vocês acharão peixe! -disse Jesus. Eles jogaram a rede e logo depois já não conseguiam puxá-la para dentro do barco, por causa da grande quantidade de peixes que havia nela. Aí o discípulo que Jesus amava disse a Pedro: - É o Senhor Jesus! Quando Simão Pedro ouviu dizer que era o Senhor, vestiu a capa, pois havia tirado a roupa, e se jogou na água. Os outros discípulos foram no barco, puxando a rede com os peixes, pois estavam somente a uns cem metros da praia. Quando saíram do barco, viram ali uma pequena fogueira, com alguns peixes em cima das brasas. E também havia pão. Então Jesus disse: - Tragam alguns desses peixes que vocês acabaram de pescar. Aí Simão Pedro subiu no barco e arrastou a rede para a terra. Ela estava cheia, com cento e cinquenta e três peixes grandes, e mesmo assim não se rebentou. Jesus disse: - Venham comer! Nenhum deles tinha coragem de perguntar quem ele era, pois sabiam que era o Senhor. Então Jesus veio, pegou o pão e deu a eles. E fez a mesma coisa com os peixes. Foi esta a terceira vez que Jesus, depois de ter ressuscitado, apareceu aos seus discípulos. (João 21:1-14 BLH) Leia outra vez, devagar, colocando-se no lugar dos discípulos – agora você é o pescador. Não procure controlar intelectualmente o texto, mas deixe que o texto, a Palavra, controle você! Depois, feche os olhos por alguns minutos e procure perceber e vivenciar os sentimentos que o texto lhe provocou. (PAUSA PARA MEDITAR) O peixe: Esse texto de João nos traz à mente o cuidado de Deus por nós. Jesus veio em socorro de seus discípulos para ensinar-lhes (e a nós) como seria a nossa vida. Jogar a rede? É nossa responsabilidade. Mas, nunca esqueça que: É Jesus quem dá o peixe.
  • 35. 35 Medite agora lembrando da fidelidade de Deus em sua vida. Como você tem recebido esses peixes que o Pai te dá? Qual é a sua leitura deles? (PAUSA PARA MEDITAR) A rede: Se é Jesus quem dá o peixe, o nosso problema... É jogar a rede!. Como você tem jogado a sua rede? Você tem cuidado dela? Como tem sido suas atitudes profissionais? Como você encara o seu trabalho? (PAUSA PARA MEDITAR) O pescador: Quem é esse homem? “Simão Pedro disse aos outros: -Eu vou pescar. -Nós também vamos pescar com você! Os discípulos não ficaram no ócio nem reclamando da vida, mas, preferiram tentar fazer algo útil. “Joguem a rede do lado direito do barco, que vocês acharão peixe! -disse Jesus. Eles jogaram a rede e logo depois já não conseguiam puxá-la para dentro do barco, por causa da grande quantidade de peixes que havia nela. Lembre-se que também que é necessário ser obediente e ouvir a voz dEle para jogar a rede do lado certo! “Aí o discípulo que Jesus amava disse a Pedro: -É o Senhor Jesus! Quando Simão Pedro ouviu dizer que era o Senhor, vestiu a capa, pois havia tirado a roupa, e se jogou na água”. Os pescadores deram os créditos ao Senhor Jesus e reconheceram o milagre como sendo dEle. Ele é quem dá o peixe! “Nenhum deles tinha coragem de perguntar quem ele era, pois sabiam que era o Senhor”. Aí Simão Pedro subiu no barco e arrastou a rede para a terra. Ela estava cheia, com cento e cinquenta e três peixes grandes, e mesmo assim não se rebentou “. Jesus, além de dar o peixe, sabe a capacidade da sua rede – O pescador aprendeu que sua rede não vai arrebentar! (PAUSA PARA MEDITAR) Finalmente, a ceia: Jesus, já tinha um desjejum pronto para seus discípulos cansados, uma refeição de pão e peixes. Mas ele os convidou a darem sua própria
  • 36. 36 contribuição para a refeição trazendo alguns dos peixes recém-pescados. O nosso ato de jogar a rede acrescenta algo a esta ceia. Então Jesus veio, pegou o pão e deu a eles. E fez a mesma coisa com os peixes. E é Jesus quem serve! Esse texto vem nos libertar da tentação dos resultados e vem me lembrar da Graça do Pai - que dá o peixe! Da minha fidelidade em “jogar a rede”. Da necessidade de receber a orientação de Jesus para achar o peixe. É necessário parar para ouvir a voz de Jesus que me pergunta: Moço, você pescou alguma coisa?... Joguem a rede do lado direito do barco, que vocês acharão peixe! -disse Jesus. Jesus, além de dar o peixe, sabe a capacidade da sua rede – sua rede não vai arrebentar! Daqui a algumas horas você estará retornando para a sua família (Igreja Batista do Morumbi Retiro de Homens – 2002 da contemplação à ação). Lembre-se de que mais que qualquer coisa o que seus familiares lhe pedem é a sua amizade, o compartilhar da sua vida com eles: lamentar-se em suas tristezas e festejar em suas alegrias. Você é importante para eles! Que a saudade das próximas horas possa pavimentar a estrada que levará você ao encontro com os seus! Aquele que viu, contemplou, agora saberá o que fazer!. Bom retorno! Escreva aqui a sua oração. Se tiver vontade, compartilhe essa oração com seus irmãos. Como nesse texto, Jesus sempre toma a iniciativa da pergunta. A nossa oração é sempre uma resposta, uma segunda palavra. Deus diz a primeira! Jorge Wilson Minha Oração:
  • 37. 37 Pensando em desistir? Quando o cansaço de tudo chega 13 Vocês me chamam de "Mestre" e de "Senhor" e têm razão, pois eu sou mesmo. 14 Se eu, o Senhor e o Mestre, lavei os pés de vocês, então vocês devem lavar os pés uns dos outros. 15 Pois eu dei o exemplo para que vocês façam o que eu fiz. 16 Eu afirmo a vocês que isto é verdade: O empregado não é mais importante do que o patrão, e o mensageiro não é mais importante do que aquele que o enviou. 17 Já que vocês conhecem esta verdade, serão felizes se a praticarem. 18 -Não estou falando de vocês todos; eu conheço aqueles que escolhi. Pois tem de se cumprir o que as Escrituras Sagradas dizem: "Aquele que toma refeições comigo se virou contra mim". 19 Digo isso a vocês agora, antes que aconteça, para que, quando acontecer, vocês creiam que "EU SOU QUEM SOU". 20 Eu afirmo a vocês que isto é verdade: Quem receber aquele que eu enviar estará também me recebendo; e quem me recebe, recebe aquele que me enviou. 21 Depois de dizer isso, Jesus ficou muito aflito e declarou abertamente aos discípulos: - Eu afirmo a vocês que isto é verdade: Um de vocês vai me trair. 22 Então eles olharam uns para os outros, sem saberem de quem ele estava falando. 23 Ao lado de Jesus estava sentado um deles, a quem Jesus amava. 24 Simão Pedro fez um sinal para ele e disse: - Pergunte de quem o Mestre está falando. 25 Então aquele discípulo chegou mais perto de Jesus e perguntou: -Senhor, quem é ele? 26 -É aquele a quem vou dar um pedaço de pão passado no molho! -respondeu Jesus. Em seguida pegou um pedaço de pão, passou no molho e deu a Judas, filho de Simão Iscariotes. 27 E assim que Judas recebeu o pão, Satanás entrou nele. Então Jesus disse a Judas: -O que você vai fazer faça logo! 28 Nenhum dos que estavam à mesa entendeu por que Jesus disse isso. 29 Como era Judas que tomava conta da bolsa do dinheiro, alguns pensaram que Jesus tinha mandado que ele comprasse alguma coisa para a festa ou desse alguma ajuda aos pobres. 30 Judas recebeu o pão e saiu logo. E era noite. (João 13:13-30 BLH) Muitas vezes carregamos conosco segredos, dramas existenciais, decepções, expectativas não supridas que não contamos a ninguém. E o pior que esse silêncio nos torna reféns desses sentimentos. Em relação a eles não conseguimos nem orar. E assim, secretamente começamos a criar e alimentar ideias e sentimentos de desobediência que vão nos afastando progressivamente de Deus. Assim, Igreja é só “o social”, mais nada. Só falta marcar o dia para abandonar tudo – o resto, está pronto! Judas e João Não sabemos a partir de quando começou a nascer em Judas a ideia de
  • 38. 38 largar o discipulado de Cristo. Talvez tivesse expectativas para um reino terreno, político. Vendo que não era o caso, não queria sair de mãos vazias. Esse fato (a traição de Judas) deve ter sido muito forte para João, pois em seu evangelho ele nos prepara várias vezes para o fato ,vejam 6:71,12:4 e 13:2. João também coloca que Jesus havia percebido o que ocorria no coração de Judas, pois em João 13:10 o próprio Jesus diz: Vocês todos estão limpos, isto é, todos menos um. (João 13:10b BLH). Jesus já sabia os segredos que Judas alimentava no coração e isto causou grande aflição ao Mestre: 21 Depois de dizer isso, Jesus ficou muito aflito e declarou abertamente aos discípulos: -Eu afirmo a vocês que isto é verdade: Um de vocês vai me trair. A chance perdida Dando uma nova chance a Judas e usando a própria cultura da época, Jesus inicia a Ceia pelo próprio Judas. Para os judeus receber diretamente do anfitrião (no caso, Jesus) um bocado de pão era sinal de favor especial, alta distinção para um hóspede importante. Em Rute 2:14, Boaz faz isso quando convida Rute, com quem depois se casaria a “molhar no vinho o seu pão. Na hora do almoço, Boaz disse a Rute: - Venha aqui, pegue um pedaço de pão e molhe no vinho. Então ela sentou-se ao lado dos trabalhadores, e Boaz lhe deu cevada torrada. Ela comeu até ficar satisfeita, e ainda sobrou. (Rute 2:14 BLH) O fato de Jesus ter iniciado a Ceia oferecendo um favor especial a Judas deve ser entendido como um apelo final para que Judas abandonasse seu plano de traição e agisse como um discípulo de verdade. Até este momento havia retorno para Judas porque a Ceia sempre dá a todos nós mais uma chance, como Paulo posteriormente ensinaria: 23 Porque eu recebi do Senhor este ensino que passei para vocês: Que o Senhor Jesus, na noite em que foi traído, pegou o pão 24 e deu graças a Deus. Depois partiu o pão e disse: "Isto é o meu corpo, que é entregue em favor de vocês. Façam isto em memória de mim (...) 28 Portanto, que cada um examine a sua consciência e então coma do pão e beba do cálice. 29 Pois, a pessoa que comer do pão ou beber do cálice sem reconhecer que se trata do corpo do Senhor, estará sendo julgada ao comer e beber
  • 39. 39 para o seu próprio castigo. 30 É por isso que muitos de vocês estão doentes e fracos, e alguns já morreram. (1 Coríntios 11:23-30 BLH) Judas recusou auxílio de Jesus e saiu para a noite – uma longa noite. Eu e meus segredos A mesma aflição que Judas causou a Jesus posso estar causando quando alimento secretamente o desejo abandonar a minha caminhada com Jesus de alguma forma. Mas o Anfitrião me oferece continuamente o “primeiro pão” quando me diz: Isto é o meu corpo, que é entregue em favor de vocês. Façam isto em memória de mim. Se você está pensando em desistir da sua caminhada com Cristo (daqueles que o Pai te deu para fazer parte de sua vida) é uma boa hora, como diz Joel, para “rasgar o coração”. 12 O Deus Eterno diz: "Mas agora voltem para mim com todo o coração, jejuando, chorando e se lamentando. 13 Em sinal de arrependimento, não rasguem as roupas, mas sim o coração." Voltem para o Eterno, o nosso Deus, pois ele é bondoso e misericordioso; é paciente e muito amoroso e está sempre pronto a mudar de ideia e não castigar. (Joel 2:12-13 BLH) Jorge Wilson
  • 40. 40 Uma nova vida no centro da velha 16 E Jesus disse: -Daqui a pouco vocês não vão me ver mais; porém, pouco depois, vão me ver novamente. 17 Alguns dos seus discípulos comentaram: - O que será que ele quer dizer? Ele afirma: "Daqui a pouco vocês não vão me ver mais; porém, pouco depois, vão me ver novamente". E diz também: "É porque vou para o meu Pai". 18 O que quer dizer "pouco depois"? Não entendemos o que isso quer dizer. 19 Jesus, sabendo que eles queriam lhe fazer perguntas, disse: - Eu afirmei que daqui a pouco vocês não vão me ver mais e que pouco depois vão me ver novamente. Por acaso não é a respeito disso que vocês estão fazendo perguntas uns aos outros? 20 Pois eu afirmo a vocês que isto é verdade: Vocês vão chorar e ficar tristes, mas as pessoas do mundo ficarão alegres. Vocês ficarão tristes, mas essa tristeza virará alegria. 21 Quando uma mulher está para dar à luz, ela fica triste porque chegou a sua hora de sofrer. Mas, depois que a criança nasce, a mulher fica tão alegre, que nem lembra mais do seu sofrimento. 22 Assim acontece também com vocês: Agora estão tristes, mas eu os verei novamente. Aí vocês ficarão cheios de alegria, e ninguém poderá tirar essa alegria de vocês. (João 16: 16-22 BLH) Após a prometer o Consolador (o Espírito Santo) que viria para consolar as pessoas na ausência do Cristo após Sua Ascensão, Jesus prevê dificuldades para Seu povo durante o tempo entre sua Ascensão e a Segunda Vinda. “Vocês vão chorar e ficar tristes, mas as pessoas do mundo ficarão alegres. Vocês ficarão tristes, mas essa tristeza virará alegria.” O Consolador veio exatamente para que pudéssemos enfrentar essas dificuldades durante esse tempo. Esses muitos acontecimentos súbitos e inesperados em nossa vida vêm para moldar nossos corações e nos preparar para a Segunda Vinda do Messias. Não se esqueça que existe uma promessa de alegria por trás dessas dificuldades - mas essa tristeza virará alegria - que nos convida a uma atitude de transformar esses problemas e sentimentos em uma força mobilizadora , uma fonte de alegria para outros. Henri Nouwen nos conta o seguinte: “Quero contar-lhes a história de um homem de meia-idade que teve a carreira interrompida de repente por pela descoberta de uma leucemia, câncer fatal de sangue. Todos os planos de sua vida desmoronaram, e todos os seus caminhos tiveram de mudar. Mas aos poucos ele parou de se perguntar:” Por que isto aconteceu comigo? O que fiz de errado para merecer esta sina?” Ele passou a perguntar:” Que promessa se esconde nesta experiência?” Quando sua rebeldia transformou-se em nova busca, ele sentiu que poderia dar força e esperança a outros cancerosos e, ao enfrentar sua condição de maneira direta, transformou seu sofrimento em fonte de cura para os outros. Hoje, esse homem faz mais pelos doentes do que
  • 41. 41 muitos ministros conseguem fazer e reencontrou sua vida em um plano que jamais conhecera.” 1 Enquanto isso... A paciência é a mãe da expectativa e o crer nas promessas a base de nossa vida espiritual. É o Consolador que nos coloca em contato com o amor do Pai e nos faz descobrir uma nova vida no centro da velha. Todos aqueles que aguardam ansiosamente a vinda do Senhor e mobilizam suas dores para o conforto de outros descobrirão que essa expectativa os fará viver melhor hoje. Boa meditação! Jorge Wilson Nouwen ,Henri O fruto da solidão - Ed.Loyola, São Paulo, 2000, pág.45
  • 42. 42
  • 43. 43 Toquem em mim e vocês vão crer A teologia das feridas Acontece que Tomé, um dos discípulos, que era chamado de "o Gêmeo", não estava com eles quando Jesus chegou. Então os outros discípulos disseram a Tomé: -Nós vimos o Senhor! Ele respondeu: -Se eu não vir o sinal dos pregos nas mãos dele, e não tocar ali com o meu dedo, e também se não puser a minha mão no lado dele, não vou crer! Uma semana depois, os discípulos de Jesus estavam outra vez reunidos ali com as portas trancadas, e Tomé estava com eles. Jesus chegou, ficou no meio deles e disse: -Que a paz esteja com vocês! Em seguida disse a Tomé: -Veja as minhas mãos e ponha o seu dedo nelas. Estenda a mão e ponha no meu lado. Pare de duvidar e creia! Então Tomé exclamou: -Meu Senhor e meu Deus! -Você creu porque me viu? - disse Jesus. -Felizes são os que não viram, mas assim mesmo creram! (João 20:24-29 BLH) Falando em Tomé... Tomé é um discípulo que aparece pouco, mas recebe atenção no Evangelho de João. Apareceu na ressurreição de Lázaro Jo 11:16 . Nesse episódio demonstra intensa fidelidade a Jesus: Então Tomé, chamado de "o Gêmeo", disse aos outros discípulos: - Vamos nós também a fim de morrermos com o Mestre! Quando Jesus chegou, já fazia quatro dias que Lázaro havia sido sepultado. (João 11:15-17 BLH) Noutra ocasião na conversa do cenáculo – pede explicações concretas de Jesus, que ensinava: E, depois que eu for e preparar um lugar para vocês, voltarei e os levarei comigo para que onde eu estiver vocês estejam também. E vocês conhecem o caminho para o lugar aonde eu vou. Então Tomé perguntou: - Senhor, nós não sabemos aonde é que o senhor vai. Como podemos saber o caminho? (João 14:3-5 BLH) A dúvida de Tomé não era maior da de seus amigos. Tivesse ele estado quando da primeira aparição de Jesus, ele teria crido. Ele nem precisou tocar em Jesus para crer. Tomé pode ter demorado a crer um pouco mais que seus amigos mas, quando o fez, expressou a sua fé em termos bem mais profundo do que os demais discípulos . - Meu Senhor e meu Deus! Aqui Tomé declara o senhorio de Jesus em sua vida As feridas de Jesus ressurreto Lucas, em texto paralelo ao de João, nos narra:
  • 44. 44 Aí os olhos deles foram abertos, e eles reconheceram Jesus. Mas ele desapareceu. Então eles disseram um para o outro: - Não parecia que o nosso coração queimava dentro do peito quando ele nos falava na estrada e nos explicava as Escrituras Sagradas? Eles se levantaram logo e voltaram para Jerusalém, onde encontraram os onze apóstolos reunidos com outros seguidores de Jesus. E os apóstolos diziam: - De fato, o Senhor ressuscitou e foi visto por Simão! Então os dois contaram o que havia acontecido na estrada e como tinham reconhecido o Senhor quando ele havia partido o pão. Enquanto estavam contando isso, Jesus apareceu de repente no meio deles e disse: - Que a paz esteja com vocês! Eles ficaram assustados e com muito medo e pensaram que estavam vendo um fantasma. Mas ele disse: - Por que vocês estão assustados? Por que há tantas dúvidas na cabeça de vocês? Olhem para as minhas mãos e para os meus pés e vejam que sou eu mesmo. Toquem em mim e vocês vão crer, pois um fantasma não tem carne nem ossos, como vocês estão vendo que eu tenho. Jesus disse isso e mostrou as suas mãos e os seus pés. Eles ainda não acreditavam, pois estavam muito alegres e admirados. (Lucas 24:31-41 BLH) Vendo para crer e crendo sem ver. Até aqui, Jesus e Tomé parecem concordar num ponto: - É importante ser confrontado com os ferimentos do Mestre! Jesus se dá a conhecer não por seu rosto: Olhem para as minhas mãos e para os meus pés e vejam que sou eu mesmo. Seus pés e suas mãos são o que trarão identificação e consolo a Seus discípulos, incluindo Tomé. Pergunto: Por que o corpo de Jesus ressurreto apresentava ferimentos? Não deveria ser um corpo perfeito após a experiência da Cruz? Por que a insistência de Jesus em exibir e permitir palpar Seus ferimentos? Haveria alguma linguagem especial nisso? Por que nós agora no século XXI somos bem-aventurados? : Felizes são os que não viram, mas assim mesmo creram! E nós cremos porque ouvimos a mensagem: Portanto, a fé vem por ouvir a mensagem, e a mensagem vem por meio da pregação a respeito de Cristo. (Romanos 10:17 BLH) No Apocalipse vemos que os ferimentos de Jesus persistem. Leia: Então vi um Cordeiro de pé no meio do trono, rodeado pelos quatro seres
  • 45. 45 vivos e pelos líderes. Parecia que o Cordeiro havia sido oferecido em sacrifício. Ele tinha sete chifres e sete olhos, que são os sete espíritos de Deus que foram enviados a toda a terra. (Apocalipse 5:6 BLH) São essas feridas, as de Jesus, que nos consolam, por isso elas não podem desaparecer. Por outro lado as nossas feridas também não desaparecem porque se tornam fontes de esperança para outros. Paulo nos ensina: Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai de misericórdias e Deus de toda consolação! É ele que nos conforta em toda a nossa tribulação, para podermos consolar os que estiverem em qualquer angústia, com a consolação com que nós mesmos somos contemplados por Deus. Porque, assim como os sofrimentos de Cristo se manifestam em grande medida a nosso favor , assim também a nossa consolação transborda por meio de Cristo. Mas, se somos atribulados, é para o vosso conforto e salvação; se somos confortados, é também para o vosso conforto, o qual se torna eficaz, suportando vós com paciência os mesmos sofrimentos que nós também padecemos. A nossa esperança a respeito de vós está firme, sabendo que, como sois participantes dos sofrimentos, assim o sereis da consolação. (2 Coríntios 1:3-7 RA) Sabe por que às vezes é difícil quando alguém nos traz as suas feridas para nós? É porque os que nos procuram trazendo suas dores, suas feridas, não permitem que escondamos as nossas. Eles só querem conhecer a consolação com que nós mesmos somos contemplados por Deus. - Não esconda suas feridas. Jesus não esconde as dEle de nós! Boa meditação! Jorge Wilson
  • 46. 46 Melhor do que conhecer a Jesus (Veja o que Maria Madalena descobriu!) Calma! Não é heresia! Primeiro vamos ler o texto do Evangelho de João: E os dois voltaram para casa. Maria Madalena tinha ficado perto da entrada do túmulo, chorando. Enquanto chorava, ela se abaixou, olhou para dentro e viu dois anjos vestidos de branco, sentados onde tinha sido posto o corpo de Jesus. Um estava na cabeceira, e o outro, nos pés. Os anjos perguntaram: - Mulher, por que você está chorando? Ela respondeu: - Levaram embora o meu Senhor, e eu não sei onde o puseram! Depois de dizer isso, ela virou para trás e viu Jesus ali de pé, mas não o reconheceu. Então Jesus perguntou: - Mulher, por que você está chorando? Quem é que você está procurando? Ela pensou que ele era o jardineiro e por isso respondeu: - Se o senhor o tirou daqui, diga onde o colocou, e eu irei buscá- lo. -Maria! -disse Jesus. Ela virou e respondeu em hebraico: -"Rabôni!" (Esta palavra quer dizer "Mestre".) Jesus disse: - Não me segure, pois ainda não subi para o meu Pai. Vá se encontrar com os meus irmãos e diga a eles que eu vou subir para aquele que é o meu Pai e o Pai deles, o meu Deus e o Deus deles. Então Maria Madalena foi e disse aos discípulos de Jesus: - Eu vi o Senhor! E contou o que Jesus lhe tinha dito. (João 20:10-18 BLH) Maria Madalena estava tristee triste em dobro! Em primeiro lugar perdera seu Mestre e agora não podia nem chorar no túmulo, pois o corpo de Jesus não estava mais lá. Jesus, ressurreto, aproxima-se dela e lhe faz duas abordagens: 1. Mulher, por que você está chorando? Quem é que você está procurando? Maria não O reconheceu e o tratou como jardineiro. 2. Maria! Agora Maria O reconhece. O que teria acontecido da primeira para a segunda abordagem? - Mudou Jesus? - Ou mudou Maria Madalena? Porque Maria funcionou e Mulher, não?
  • 47. 47 Talvez haja um problema existencial no ser humano, como diz Henry Nouwen : “Estou sempre imaginando se pessoas que conhecem cada parte do meu ser, inclusive meus pensamentos e sentimentos mais profundos e mais velados, realmente me amam. Frequentemente sou tentado a acreditar que sou amado somente enquanto permaneço parcialmente desconhecido. Receio que o amor que recebo seja condicional, e digo a mim mesmo:” Se eles realmente me conhecessem, não me amariam “. Mas quando Jesus chama Maria pelo nome ele fala a todo o seu ser. Ela compreende que aquele que mais profundamente a conhece não está se afastando dela, mas está vindo e oferecendo-lhe o amor incondicional”. [i] Ao chamá-la pelo nome: Maria, Jesus demonstra interesse pela pessoa dela. Toda a história de Maria Madalena, qualidades, defeitos, pensamentos. Nada em Maria Madalena é escondido de Jesus. Por outro lado, esta ao chama-Lo Rabôni! Mestre, ela clama pela presença constante de Jesus em toda a sua história. Ela O quer sempre perto! E, uma vez tendo ouvido a voz do Mestre e sentindo-se amada, Maria Madalena ouve que deve procurar seus irmãos e contar o fato alegre: Vá se encontrar com os meus irmãos e diga a eles que eu vou subir para aquele que é o meu Pai e o Pai deles, o meu Deus e o Deus deles. Nossa experiência com Jesus não acaba como um exercício individual porque a nossa alegria em sermos amados deve contagiar nossos irmãos (e vice-versa). Paulo comenta que esse chamar pelo nome é coisa da Graça e recomenda aos gálatas que nunca se esqueçam disso: Mas, agora que vocês conhecem a Deus, ou melhor, agora que Deus os conhece, como é que vocês querem voltar para aqueles poderes espirituais fracos e sem valor? Por que querem se tornar escravos deles outra vez? (Gálatas 4:9 BLH) Prepare-se para ser abordado por Aquele que te conhece pelo nome! E agora, será que dá para você completar o título desta meditação? - Melhor do que conhecer a Jesus... - É ser conhecido dEle! Boa meditação! Jorge Wilson [i] Nouwen H, O Caminho para o Amanhecer. Ed. Paulinas1999. São Paulo, pág. 191-192.
  • 48. 48 E quanto a ele? 20 Então Pedro virou para trás e viu que o discípulo que Jesus amava vinha atrás dele. Este era o mesmo que estava ao lado de Jesus durante o jantar da Páscoa e que havia chegado para mais perto dele e perguntado: "Senhor, quem é o traidor?" 21 Quando Pedro viu aquele discípulo, perguntou a Jesus: - O que diz, Senhor, a respeito deste aqui? 22 Jesus respondeu: - Se eu quiser que ele viva até que eu volte, o que é que você tem com isso? Venha comigo! 23 Então se espalhou entre os seguidores de Jesus a notícia de que aquele discípulo não ia morrer. Mas Jesus não disse isso. Ele apenas disse: "Se eu quiser que ele viva até que eu volte, o que é que você tem com isso?" (João 21:20-23 BLH) Acredito que Jesus havia solicitado a Pedro que caminhasse com Ele à beira de lago para uma conversa em particular e João, separando-se dos outros discípulos, vinha atrás de Jesus e Pedro. Em João 13:23 já aparece uma referência a João como o discípulo amado .Pedro, que acabara de receber sua missão diretamente do Senhor Jesus (veja versículos anteriores), fica curioso com a missão que caberia ao discípulo amado, e pergunta a Jesus: -O que diz, Senhor, a respeito deste aqui? (referia-se a João) - (Certamente algum ministério especial caberia ao discípulo amado) Mas Jesus responde a Pedro que isto não cabe a ele, Pedro. Basta que cumpra com fidelidade a missão recebida de Jesus. Se existe algum plano de Jesus para João não cabe a Pedro conhecê-lo. E nós? Muitas vezes somos como Pedro. Ao invés de procurarmos cumprir nossa missão com o devido uso do nosso dom, ficamos parando para perguntar: - E quanto a ele (ou ela, referindo – nos talvez a irmãos que parecem mais bem abençoados ou “abençoados” ($$$) que nós)? E quanto a isto, aquilo (circunstâncias da própria vida de cada um)? Ao invés de tentar cumprir a missão que o Pai tem prazer em dividir comigo, fico levantando questões que mais parecem falta de confiança do que outra coisa. - Jesus diz: “Venha comigo!” Jesus mandou que Pedro não se preocupasse, pois ele, Pedro, sempre estaria em boa companhia, assim como João, assim como eu e você. Não confiar nessa palavra só serve para fragmentar nossa vida.
  • 49. 49 Agora leia novamente o texto de João e coloque-se no lugar do discípulo que vinha atrás. Boa Missão Jorge Wilson
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