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Meditando no Velho Testamento
25/10/2014
Jorge Wilson Nogueira Neves
1
Introdução
O Velho Testamento é a raiz da teologia cristã e muito
aproveitaremos em meditar sobre seus textos.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Hist%C3%B3ria_da_teologia_crist%C3%A3#mediavie
wer/File:Bible.malmesbury.arp.jpg
Bible.malmesbury.arp Domínio público
Compartilho aqui meditações usadas um Pequenos Grupos e
baseadas em textos do Velho Testamento que tem muito a nos
ensinar pois são inspirados pelo Espirito Santo. Esperamos que sejam
relevantes para seu devocional diário.
Jorge Wilson N. Neves
2
Sumário
Introdução..................................................................................................................................... 1
Conhecidos do Pai......................................................................................................................... 6
Simplifique! Se necessário - renuncie ........................................................................................... 7
A oração e o afeto......................................................................................................................... 9
O jardim de cada um................................................................................................................... 11
O cristão pode se lamentar? ....................................................................................................... 13
O tempo de Deus e o nosso ........................................................................................................ 16
O homem de hoje e a busca de algo mais................................................................................... 17
Você também é distraído e tagarela? ......................................................................................... 19
A oração e o confronto - surge uma nova identidade!.............................................................. 20
Nós, o sábado e a graça............................................................................................................... 22
A fome e a fartura - e entre elas, eu!.......................................................................................... 25
O ferido que cura ........................................................................................................................ 27
Shema.......................................................................................................................................... 30
Saindo da depressão ................................................................................................................... 32
Mãe até o fim e até depois! ........................................................................................................ 36
Das profundezas.......................................................................................................................... 38
As mãos do Pai ............................................................................................................................ 40
Quem te faz orar? Um leão? ....................................................................................................... 41
A cura de Ana .............................................................................................................................. 44
Evite a terra de Node .................................................................................................................. 47
As duas geografias de cada um!.................................................................................................. 50
Nossas dificuldades com os sentimentos dos outros ................................................................. 52
Curando as memórias ................................................................................................................. 54
O Dossiê....................................................................................................................................... 56
Tudo tem jeito na Casa do Oleiro................................................................................................ 58
Deus faz com que o solitário more em família............................................................................ 59
Big Brother .................................................................................................................................. 62
Vivemos imersos em mistérios ................................................................................................... 64
O que Deus pensa de mim .......................................................................................................... 65
Amados, mesmo na disciplina..................................................................................................... 66
Está o Senhor no meio de nós ou não?....................................................................................... 67
Retiro de Homens 2005 - primeiro dia - Urias ............................................................................ 70
3
Retiro de Homens 2005 - segundo dia - O ético, o antiético e o “sem-noção” .......................... 77
Quatro vezes muito obrigado! .................................................................................................... 79
Salmo 40 - É tudo muito humano ............................................................................................... 81
Salmo 94 - Um caso para o juiz. .................................................................................................. 84
Salmo 38 - Curando os efeitos do meu pecado .......................................................................... 86
Os dois caminhos ........................................................................................................................ 88
Há olhos e olhos.......................................................................................................................... 90
Falando com salmos.................................................................................................................... 93
As Tentações ............................................................................................................................... 95
O Fiador e o Advogado................................................................................................................ 97
Amor, escolhas e o mistério no casamento................................................................................ 99
O PRIMEIRO CASAMENTO....................................................................................................... 99
O DESAFIO DE UMA VIDA À DOIS............................................................................................ 99
PRIMEIRO O AMOR E DEPOIS, AS ESCOLHAS........................................................................ 100
ILUSTRAÇÃO NO ESPORTE..................................................................................................... 100
AS ESCOLHAS NOS TEMPOS DIFÍCEIS - o mistério................................................................. 101
Um salmista na Terceira Idade.................................................................................................. 103
As orações de Habacuque......................................................................................................... 105
Não queira “compensar Deus” pelo seu pecado ...................................................................... 108
Faltou perdão porque faltou memória ..................................................................................... 111
Os degraus da intimidade com o Pai......................................................................................... 115
E se... ......................................................................................................................................... 118
Certas coisas que não falamos a Deus ...................................................................................... 120
Profissão: jardineiro .................................................................................................................. 123
Especialmente mas não só para líderes.................................................................................... 126
Aprendendo a lamentar com Davi ............................................................................................ 131
A intervenção de Abigail na vida de Davi.................................................................................. 133
Disciplina e restauração em Sofonias ....................................................................................... 137
Um salmo na Páscoa ................................................................................................................. 140
O Senhor reina! ......................................................................................................................... 142
Quiseram transformar Deus em deus....................................................................................... 144
O que é que não é? ................................................................................................................... 146
Creio para entender.................................................................................................................. 149
Disponibilize sua própria história.............................................................................................. 151
4
Um balanço de final de ano ...................................................................................................... 153
Um salmo para recomeçar........................................................................................................ 155
O peregrino ............................................................................................................................... 156
As confissões de Jeremias......................................................................................................... 158
PRIMEIRA CONFISSÃO........................................................................................................... 159
SEGUNDA CONFISSÃO........................................................................................................... 160
TERCEIRA CONFISSÃO ........................................................................................................... 163
QUARTA CONFISSÃO............................................................................................................. 165
QUINTA CONFISSÃO.............................................................................................................. 168
SEXTA CONFISSÃO................................................................................................................. 169
Conclusão.............................................................................................................................. 170
Na guerra dos desejos - sejamos honestos!.............................................................................. 171
As quatro mensagens do profeta Ageu..................................................................................... 173
Reavivamento – a Graça torna minha fé suficiente.................................................................. 177
O Deus distante e o Deus próximo............................................................................................ 180
Que uso você faz dos atributos de Deus?................................................................................. 183
A onisciência.......................................................................................................................... 184
A onipresença:....................................................................................................................... 184
A onipotência ........................................................................................................................ 184
Vivendo a restauração do Senhor............................................................................................. 187
Um salmo que levanta o meu tapete........................................................................................ 190
Os dois banquetes oferecidos................................................................................................... 193
Modelo de gerente ideal........................................................................................................... 196
Espiritualidade para fora de mim.............................................................................................. 198
Um salmista “sem reservas” ..................................................................................................... 201
Cânticos de Romagem............................................................................................................... 204
Cântico de Romagem I .......................................................................................................... 204
Cântico de Romagem II ......................................................................................................... 207
Cântico de Romagem III ........................................................................................................ 210
Cântico de Romagem IV........................................................................................................ 213
Cântico de Romagem V......................................................................................................... 215
Cântico de Romagem VI........................................................................................................ 218
Cântico de Romagem - VII..................................................................................................... 221
Cântico de Romagem - VIII.................................................................................................... 224
5
Cântico de Romagem - IX ...................................................................................................... 227
Cântico de Romagem - X ....................................................................................................... 230
Cântico de Romagem - XI ...................................................................................................... 233
Cântico de Romagem - XII ..................................................................................................... 235
Cântico de Romagem - XIII.................................................................................................... 237
Cântico de Romagem XIV...................................................................................................... 240
Cântico de Romagem XV....................................................................................................... 242
6
Conhecidos do Pai
Melhor que conhecer a Deus?
"Tornou Moisés ao Senhor e disse: Ora, o povo cometeu grande pecado, fazendo
para si deuses de ouro. Agora, pois, perdoa-lhe o pecado; ou, se não, risca-me,
peço-te, do livro que escreveste". Ex. 32:31-32.
Enquanto Moisés estava no monte, o povo de Israel fez para si um bezerro de ouro
para adorar. Moisés, então, clama ao Senhor que perdoe o povo a quem amava,
preferindo até ser disciplinado junto com o mesmo. Revela-nos, para surpresa
nossa, a existência do "livro de Deus" - (Deus tem um livro!). Porque será que
Deus precisaria de um livro de anotações, um registro de seus amados? Sua
onisciência não seria confiável? Se esse livro existe, quem colocará nele o meu
nome?
Em Apocalipse 3:4-5 temos:
"Tens, contudo, em Sardes, umas poucas pessoas que não contaminaram as suas
vestiduras, e andarão de branco junto comigo, pois são dignas. O vencedor será
assim vestido de vestiduras brancas, e de modo nenhum apagarei o seu nome do
livro da vida; pelo contrário, confessarei o seu nome diante de meu Pai e diante de
seus anjos".
O livro do Senhor nos coloca na condição de seus conhecidos e nos garante que
estaremos com Ele e o Filho no céu. Andaremos de branco junto dEles. Em Cristo,
somos dignos!
Manifeste sua gratidão ao Pai, porque, afinal: Melhor que conhecer a Deus?
- É ser conhecido dEle!
Medite sobre isto!
Jorge Wilson
7
Simplifique! Se necessário - renuncie
Reorganizando seu mundo
Tudo o que aprendi se resume nisto: Deus nos fez simples e direitos, mas
nós complicamos tudo. (Eclesiastes 7:29 BLH)
Quando folheamos revistas ou apreciamos out-doors nossa insatisfação é
provocada até que procuremos resolver o problema adquirindo um dos
produtos anunciados. Isso ocorre até em anúncios dentro do meio
evangélico – até a Bíblia é vendida nas mais diferentes versões e formatos e
focos diversos. A nossa velha Bíblia parece sempre fora de moda.
Isso não é novo, lembra-se de Eva?
Pois, assim como Eva foi enganada pelas mentiras da cobra, eu tenho medo
de que a mente de vocês seja corrompida e vocês abandonem a devoção
sincera e pura a Cristo. (2 Coríntios 11:3 BLH)
A tensão embutida (mas nunca explicitada quando adquirimos algo) vem
atrapalhar nossa vida de intimidade com Deus, pois Paulo ensina no
versículo acima
Charles Swindoll escreve: "O lema da nossa sociedade consumidora é um
alto e dogmático – mais! Nada é satisfatoriamente suficiente". 1
O pior é que nós não somente adquirimos coisas, mas as acumulamos. Isto
acaba gerando tensão, além dos gastos financeiros. De certa forma também
somos cobrados em nosso consumo (um avaliador impiedoso no meio da
sociedade) - você é o que você consome! Se você consome bem, é porque
ganha bem! Então você deve ser um bom profissional!
Administrar esses "acúmulos" dá trabalho; até nossa vida espiritual sofre.
Além das aflições que chegam pelas próprias pernas, criamos essas outras.
Quem tem uma segunda casa, apartamento, chácara, sociedades comercias
sabe do que estou falando É muita tensão e desgaste após um primeiro
momento de prazer.
- (Salomão estava certo: - Nós complicamos tudo!)
A disciplina da simplicidade.
- Por que precisamos dela?
Ela vem para descomplicar nossa vida, para reorganizar nosso próprio
mundo.
8
Richard Foster nos ensina:
“ O ponto central da disciplina da simplicidade é buscar primeiro o reino de Deus e a
sua justiça” Mt 6:32-33(...) Nada deve vir antes do reino de Deus, nem mesmo o
desejo de um estilo de vida simples. A simplicidade torna-se idolatria quando
precede a busca do reino “. E cita Soren Kierkgaard”:
“Buscai em primeiro lugar o reino de Deus e a sua justiça”. Que significa isto, que
tenho eu de fazer, ou que tipo de esforço é este que pode ser chamado de buscar ou
perseguir o reino de Deus? Deverei tentar obter um emprego compatível com os
meus talentos e minhas forças para que assim exerça influência? Não, deves
primeiro buscar o reino de Deus. Devo, então, dar toda a minha fortuna para os
pobres? Não, deves primeiro buscar o reino de Deus. Devo, então, sair a proclamar
este ensino ao mundo? Não, deves primeiro buscar o reino de Deus. Mas então, em
certo sentido, nada é o que devo fazer? Sim, certamente, em certo sentido, nada,
tornar-se nada diante de Deus, aprender a manter-se silente; nesse silêncio está o
começo, que é buscar primeiro o reino de Deus”. 2
Devemos carregar apenas o essencial. Com uma mochila leve, andamos
melhor; até corremos!
Foi o que Paulo concluiu:
No passado, todas essas coisas valiam muito para mim; mas agora, por causa de
Cristo, considero que não têm nenhum valor. E não somente essas coisas, mas
considero tudo uma completa perda, comparado com aquilo que tem muito mais
valor, isto é, conhecer completamente Cristo Jesus, o meu Senhor. Eu joguei tudo
fora como se fosse lixo, a fim de poder ganhar a Cristo (Filipenses 3:7-8 BLH)
Simplifique para viver melhor! Se necessário, renuncie - Jogue tudo fora
como se fosse lixo, a fim de poder ganhar a Cristo
Lembre-se: Deus nos fez simples e direitos.
Boa meditação
Jorge Wilson
1 Charles Swindoll – Intimidade com o Todo-Poderoso . Ed Mundo Cristão,
São Paulo.1997, pág 108 2 Richard Foster. Celebração da Disciplina
9
A oração e o afeto
Lendo o livro Caminhos do coração - do Pr. Ricardo Barbosa extraímos varias
lições.
O que Jó descobriu... (e o que nós temos que descobrir).
Jó era o "orgulho de Deus". Em Jó 1:8 Deus fala a Satanás:
"Observaste o meu servo Jó? Porque ninguém há na terra semelhante a ele, homem
íntegro e reto, temente a Deus e que se desvia do mal."
Este texto não deixa dúvidas quanto à conversão de Jó ao Senhor, tanto que Jó foi
a pessoa escolhida para chamar a atenção de Satanás.
A dúvida do inimigo.
Então respondeu Satanás ao Senhor:
"Porventura Jó debalde teme a Deus? Acaso não o cercaste com sebe (cerca) a ele e
a sua casa e a tudo quanto tem? A obra de suas mãos abençoaste, e os seus bens se
multiplicaram na terra Estende, porém, a tua mão, e toca-lhe em tudo quanto tem, e
verás se não blasfema contra ti na tua face!" Jó 1: 9-11.
As dúvidas de Satanás seriam:
O homem amaria a Deus fora do relacionamento utilitário sem receber nenhuma
bênção, sem nenhum desejo oculto de ser recompensado? O homem amaria a Deus
simplesmente porque Deus é Deus? Seria possível o encontro entre Deus e o
homem onde amizade, amor e afeto seriam as únicas motivações? Ou será
que espiritualidade é apenas um bom negócio? (R. Barbosa)
Para Satanás, Jó teria, no fundo de sua alma desejos e motivações ocultas,
camufladas (muito bem camufladas!), e que, uma vez não satisfeitos (ou retirados,
se satisfeitos) iriam abalar o seu amor a Deus. Satanás queria dizer, em suma,
que: "ninguém consegue responder ao amor de Deus" e assim, ele se justificaria e
acusaria Deus como responsável final pela sua queda.
O teste
Foi permitido retirar de Jó tudo aquilo que pessoalmente ou materialmente
simbolizava a graça de Deus. E assim Jó perdeu seus bens, sua família, sua saúde e
até o companheirismo de sua esposa.
O deserto
10
E Jó entrou naquele deserto onde às vezes precisamos ir. No deserto onde lidamos
com a realidade do nosso coração e de nossos afetos. No deserto, onde penetramos
no mundo de sofrimento e privação, onde podemos nos conscientizar da realidade
do nosso coração e dos nossos afetos e descobrir o verdadeiro amor que temos por
Ele. E é este amor, que nasce de nosso coração é que determina o segredo
principal de nossa espiritualidade. Quando o Senhor Jesus chamou o apóstolo Pedro
para o pastorado não lhe perguntou sobre sua teologia, nem mesmo as
experiências que tenha tido, mas se ele O amava. Era o afeto de Pedro que
interessava a Jesus. Isto não significa que o conhecimento ou a experiência são
irrelevantes; mas se estes não são traduzidos em afetos, se não atingirem o
coração, transformam-nos em presas fáceis para as apostas de diabo.
Jesus ensinou que amar a Deus, de todo o coração, força e entendimento é o
cumprimento da Lei e dos profetas.
A teologia de Jó
Jó tinha a mesma teologia de seus amigos - a da retribuição: "Deus abençoaria os
justos e castigaria os ímpios". Só que, agora, essa teologia não conseguia explicar
o seu conflito... Nem a sua dor!
E a nossa própria teologia?
A dúvida de Jó paira também sobre nós. Os motivos que nos levam a procurar o Pai
- seu poder e misericórdia - nem sempre nascem do desejo sincero e puro de amá-
lo e servi-lo desinteressadamente. Muitas vezes, as recompensas esperadas na
oração falam mais alto que o nosso amor e o nosso afeto.
O caminho do amor e amizade
Deus nos capacita, pelo seu Espírito, a que possamos responder ao amor dEle e
amá-Lo como Jesus ensinou.
Pr. Ricardo Barbosa, no seu livro Caminhos do coração - Ed. Encontro - comenta:
"A vida espiritual é aquela que nos leva a tirar do coração o que há de mais precioso
e oferecê-lo ao Senhor, a buscar nos compartimentos mais secretos da alma os
sentimentos mais nobres e puros e dedicá-los a serviço da adoração. A partir do
momento em que o homem for capaz de adorar e servir a Deus por nada,
simplesmente porque este é Deus e não porque o cobre de benefícios, aí ele
encontra o sentido maior de sua devoção, o centro de sua espiritualidade, o coração
como fonte dos afetos mais puros e genuínos da alma humana".
P.S. Esse texto foi extraído na leitura do livro Caminhos do coração - do Pr.
Ricardo Barbosa, o qual recomendamos a leitura.
11
O jardim de cada um
A graça e a fidelidade do Pai constroem jardins personalizados para nós
"E plantou o Senhor Deus um jardim no Éden, da banda do Oriente, e pôs nele o
homem que havia formado". Gen 2:8
Mas, Adão caiu e foi despejado!
Desde então o ser humano tenta construir um outro jardim, um lugar para amar (e
nele viver) - um novo Éden.
No jardim original, o Senhor havia mandado que o homem desse nome a tudo. Dar
nome pressupunha se envolver, observar, avaliar, apreciar e, enfim, desenvolver
toda uma percepção amorosa de tudo que o cercava.
A graça e a fidelidade do Pai constroem jardins personalizados para nós. Neles
estão nossa família amigos, irmãos, bens, tudo enfim para nosso cuidado e
desfrute. Assim como, no Éden, o Senhor mandou que Adão desse nomes a tudo
que o cercava, devemos também pensar que nome damos aos diversos elementos
desse jardim. Falando mais claro: Que nome damos àquilo que recebemos do
Senhor? O que simboliza, para nós, os elementos desse Jardim? Será que ele faz
sentido para você?
No Pequeno Príncipe, Antoine Saint-Exupéry, nos narra a seguinte parábola:
"O príncipe encontrou-se com um bichinho que ele nunca havia visto antes, uma
raposa. E a raposa lhe disse:
- Você quer me cativar?
- Que é isso? - perguntou o menino.
- Cativar é assim: eu me assento aqui, você se assenta lá, bem longe. Amanhã a
gente se assenta mais perto. E assim, aos poucos, cada vez mais perto...
O tempo passou, o principezinho cativou a raposa e chegou a hora da partida.
- Eu vou chorar - disse a raposa.
- Não é minha culpa - desculpou-se a criança. Eu lhe disse, eu não queria cativá-
la...Não valeu a pena. Você percebe? Agora você vai chorar!
- Valeu a pena sim - respondeu a raposa. - Quer saber por quê? Sou uma raposa.
Não como trigo. Só como galinhas. O trigo não significa nada para mim. Mas você me
cativou. Seu cabelo é louro. E agora, na sua ausência, quando o vento fizer balançar
o campo de trigo, eu ficarei feliz, pensando em você..."".
12
E o trigo, antes sem sentido, passou a carregar em si uma ausência, que
fazia a raposa sorrir.
Só o Espírito pode nos ajudar a compreender ( como a raposa ), que os elementos
de nosso jardim podem fazer sentido, muito embora estejamos dando-lhes nomes
que nem sempre refletem a nossa compreensão dele.
Nesse jejum, reflita sobre seu jardim. Sinta-o como extensão de si mesmo. Dê-lhe
sentido!
Obs: inspirado no livro O que é religião? De Rubem Alves (Ed.Loyola)
Boa meditação!
Jorge Wilson
13
O cristão pode se lamentar?
O lamento e a espiritualidade
No mundo antigo, todos os eventos humanos tinham uma contrapartida
celestial. Provavelmente alguma briga de deuses haveria e sobraria alguma
coisa para o nosso lado. Os seres humanos, então expressavam os seus
lamento entre si e aos deuses para aplacá-los em sua fúria e voltar tudo ao
normal. Era o consenso da época.
E hoje, como será em nossa cultura? Existe consenso? Tem o lamento,
espaço, mesmo na igreja? Ou será que consideramos todo aquele que se
lamenta muito um "chato", e fugimos dele?
E o cristão? Será que ele pode se lamentar? Terá ele direito a esse
espaço?
James Houston em A fome da alma, pág. 174 nos ensina:
"Mas para nós, hoje em dia, a lamentação não parece algo saudável, justamente
porque nossas tristezas, nossas dores e nossos sofrimentos estão muito mais
arraigados, trancados dentro de nós. Graças à nossa cultura moderna, separamos as
dimensões religiosa, social e pessoal da nossa humanidade. No entanto, as três
fazem parte de nosso ser total.
Separamos o conhecimento de Deus do conhecimento da sociedade e do
conhecimento do próprio ser. Poderíamos dizer, desse modo, que o desespero
moderno tem um poder de destruição interna muito intenso, desconhecido dos povos
do mundo antigo. Eles pareciam conseguir compartilhar seu fardo com o resto da
comunidade.
Mas nós, com nossa ênfase na auto-atualização e na auto-realização, só temos
acelerado esse potencial de autodestruição do desespero de maneiras desconhecidas
até mesmo da geração de Kierkegaard" (filósofo existencialista-cristão).
Os judeus se lamentavam vestindo panos de saco, cinzas, jejuns e
pranteavam em voz alta - tudo isso era manifestação comum de dor
(inclusive em várias partes do mundo). Só que, enquanto os povos tinham
outros deuses, com os judeus Deus havia se revelado um Deus fiel e
preocupado, vejamos:
 Deus ouviu o clamor do sangue derramado de Abel - Gen 4:10
 Deus ouviu o choro de Agar e de seu filho no deserto - Gen 21:17
 Deus ouviu o clamor dos judeus no Egito - Ex. 3:7
Felizmente existe na Bíblia vários exemplos de lamentos (p.ex. o livro de
Lamentações), o que nos deixa à vontade para iniciar o assunto, vejamos:
14
O lamento é a expressão da alma entristecida e possui três dimensões:
1. Religiosa - dirigido a Deus, teológica.
2. Comunitária - social
3. Individual - psicológica
Os três elementos da lamentação pressupõem uma compreensão em que a
teologia, a sociologia e a psicologia não foram separadas umas das outras.
Os salmos de lamentação falam a Deus nessas três dimensões:
1. As queixas de Israel a Deus contra os seus inimigos
2. A compreensão de que toda a comunidade será beneficiada quando o
Senhor ouvi-la e livrá-la
3. A consciência do indivíduo de que ele também será confortado
Vemos, por outro lado, que Deus também se lamenta e divide a sua
tristeza com seus amigos, os profetas:
 "O boi conhece o seu possuidor e o jumento, a manjedoura de seu dono, mas Israel
não conhece, o meu povo não entende" Isaías 1:3.
 "Por que, pois, este povo de Jerusalém se desvia, apostatando continuamente?
Persiste no engano, não quer voltar[...]Até a cegonha no céu conhece as suas
estações; a rola, a andorinha e o grou observam o tempo da sua arribação, mas o
meu povo não conhece o juízo do Senhor" Jeremias 8:5, 7.
As lamentações divinas revelam uma dor que jamais conseguiríamos
entender!!
Finalmente, o lamento redentor de Cristo na cruz, perdoando os seus
inimigos, vem nos trazer a cura!
Cristo cumpriu o propósito da nova aliança com a raça humana e é isto que
nos leva:
 Do desespero para a esperança
 Da morte para a vida
 Do "eu sozinho" para a comunhão
 Da vida de alienação para o encontro com o Senhor e os irmãos.
O lamento deve sempre ter a visão do controle de todas as coisas pelo Pai e
deve terminar sempre reafirmando a nossa fé no Seu amor.
Lembre-se: Nunca duvide do amor do Pai!
Se for o caso, ofereça ao Pai o seu lamento e compartilhe-o também com
seu irmão.
Se não, seja misericordioso com aqueles que parecem estar entristecidos,
15
escute-os e ajude-os com suas cargas. Tendo sido criados à imagem de um
Deus Trinitário, com o desejo de relacionamento colocado no mais profundo
de nosso ser, convivemos com a agitação, o estresse, com o medo e a
perda, quando rejeitamos a Deus ou as outras pessoas que também foram
feitas à imagem dEle.
Lembre-se que:
O Senhor não rejeitará para sempre; pois, ainda que entristeça a alguém, usará de
compaixão segundo a grandeza das suas misericórdias; porque não aflige nem
entristece de bom grado os filhos dos homens. Lamentações de Jeremias 3: 31 - 33
Jorge Wilson
16
O tempo de Deus e o nosso
O autor do Salmo é Moisés (esse é o mais antigo dos salmos e o único atribuído a
ele). Após ter conduzido o povo de Israel pelo deserto por quarenta anos, Deus
negou-lhe o pedido para entrar na Terra Prometida pela seguinte razão: Deus se
aborrecera com Moisés. Em Números 20:10 temos a narração em que Moisés
roubara a glória de Deus (Arão também) quando sugeriu ao povo que eles podiam
fazer surgir água da pedra pela força ao invés de simplesmente dar ordem à rocha,
como lhes havia sido ordenado:
"Seja sobre nós a graça do Senhor nosso Deus; confirma sobre nós as obras de nossas
mãos, sim, confirma a obra das nossas mãos". Salmo 90:17
"Ouvi, agora, rebeldes, porventura tiraremos [nós] água desta rocha para vós?".
Por causa do seu pecado, Moisés e Arão não entraram na Terra Prometida (nem
sempre o perdão dos pecados traz consigo o alívio das consequências do mesmo).
O Reino de Deus não é uma "franquia" nossa (nem a nossa igreja) para fazermos o
que bem entendermos. Vivemos e existimos dentro de uma atmosfera de
submissão ao Pai e a crença em Sua palavra é mais o mais importante de tudo
(mesmo que as nossas gargantas estejam secas). Embora sabendo que "teria de
sair de campo", ou seja, com seu tempo de vida acabado, Moisés dá exemplo da
sua mansidão pedindo para saber contar seus dias para alcançar um coração sábio
(Sl 90:12). Pede também para que aquilo em que ele "queimou sua vida" tenha
sido feito de para a glória do Pai e feito de acordo com a Sua vontade: confirma
sobre nós as obras de nossas mãos, sim, confirma a obra das nossas mãos (Sl
90:17).
Nossa oração é que possamos ser mansos como Moisés (mansidão é um fruto do
Espírito - Gal 5:22-23) e entender que a nossa vida é um poema para glória do Pai.
...e a glória é só dEle!
"Era o varão Moisés mui manso, mais do que todos os homens que havia sobre a
terra".Num 12:3
Boa meditação!
Jorge Wilson
17
O homem de hoje e a busca de algo mais
Antes eu te conhecia só por ouvir falar, mas agora eu te vejo com os meus próprios
olhos. Por isso, estou envergonhado de tudo o que disse e me arrependo, sentado
aqui no chão, num monte de cinzas. (Jó 42:5-6 BLH)
O homem moderno (ou pós-moderno) desenvolveu uma crescente
habilidade, uma disposição de permanecer aberto e viver com os pequenos
fragmentos que, no momento, parecem oferecer a melhor resposta a uma
determinada situação. Ele poder ouvir com grande atenção um rabino um
padre, um pastor ou místicos quaisquer sem considerar a aceitação de
nenhum sistema de pensamento.
- Se está fazendo bem para mim nesse momento, é válido! (o que vale é o
momento!).
O homem de hoje é fragmentado não tem uma ideologia central. Ele trocou
a mesma por fragmentos ideológicos mais flexíveis. Ele é continuamente
exposto a idéias divergentes, tradições divergentes, assim como convicções
religiosas e estilos de vida. E desenvolve, assim, um estilo tolerante.
- Se está fazendo bem para mim nesse momento, é válido! (o que vale é o
momento!).
Em sua fragmentação, ao mesmo tempo em que ele se maravilha com os
avanços da ciência, fica impotente diante dos que sabe morrer pela fome
em outra parte do mundo. Em todo o tempo ele tem de se adaptar e tolerar
estilos diferentes de vida, de opções (até sexuais) e vive continuamente
entre vários polos muitas vezes contraditórios.
Sua saída foi fazer da sua vida uma arte, uma "grande colagem" de peças
divergentes, ideias e ideologias diversas num "grande colar de muitas
contas" (ou um terço onde não se consegue rezar). Quando esse homem
convive com um cristianismo que seja apenas uma ideologia, ele não tem
dificuldade em “colar” mais essa ideia. ”Irá ouvir, talvez até leia a bíblia,
mas o ceticismo dele vai continuar. Dessa forma tenta aceitar tudo,
conviver e ir em frente”.
Talvez por isso haja grande procura por uma espiritualidade "zen". Algo que
fique acima de todas essas divergências e que leve o indivíduo a
transcender, transportar-se para outros níveis de realização onde possa
buscar respostas que o integrem e fugir dessa sua fratura existencial.
E aí todos querem transcender!
18
Foi só após "ver" Deus que Jó se arrependeu de sua "colagem" - no chão e
na cinza! Muitas vezes também saímos por aí colando o nosso cristianismo
com muitas outras ideias e filosofias divergentes, contraditórias em si
mesmas, nos esquecendo que Jesus não deixou uma ideologia, mas,
principalmente, Ele deixou a si próprio! É Ele quem nos torna íntegros.
E assim, descobrimos que não precisamos transcender, não precisamos ir.
Foi Jesus quem veio!
Por isso Jesus é o Grande Sacerdote de que necessitamos. Ele é perfeito e não tem
nenhum pecado ou falha. Ele foi separado dos pecadores e elevado acima dos céus.
Ele não é como os outros Grandes Sacerdotes; não precisa oferecer sacrifícios todos
os dias, primeiro pelos seus próprios pecados e depois pelos pecados do povo. Ele
ofereceu um sacrifício, uma vez por todas, quando se ofereceu a si
mesmo.(Hebreus 7:26-27 BLH)
Boa meditação!
Jorge Wilson
19
Você também é distraído e tagarela?
Já algumas vezes temos falado em como é importante um pouco de silêncio
para meditarmos, ou seja, para ouvirmos o Pai. Acontece que vivemos num
mundo “tagarela” e nos contaminamos com isso.
Lá no fundo de nós mesmos acreditamos que as nossas palavras são muito
mais importantes que o nosso silêncio. Por conseguinte não conseguimos
ficar em silêncio a menos que o façamos com uma disciplina bem, eu
diria...Enérgica!
Em nossa sociedade “faladeira” o silêncio se tornou algo constrangedor. Se
o pastor pedir numa celebração: ”Façamos silêncio por alguns momentos”,
as pessoas se inquietam e perguntam a si mesmas: ”Quando isso vai
acabar? Tudo isso acaba nos distraindo daquilo que o Pai quer nos revelar.
O acontecimento real é que o Pai nos fala e nos comunica o Seu amor...Mas
nós nos distraímos.
O silêncio do cristão não é igual a solidão. É estar com o Pai e receber a Sua
revelação. A leitura meditativa da Bíblia cria o espaço interior onde
possamos ouvir o Pai. No aconselhamento, é importante que o pastor e o
aconselhando entrem no amorável silêncio do Pai e ali esperem pela palavra
que cura. É preciso perceber os movimentos do Espírito, conselheiro divino,
e seguir esses movimentos sem medo.
Como intercessores nossa tarefa é o contrário da distração. É ajudar as
pessoas a se concentrar no acontecimento real, mas muitas vezes oculto,
da presença de Deus em suas vidas.
Torna-se absolutamente necessário que os ministérios cuidem em não
manter seus membros tão atarefados que não possam mais ouvir o Deus
que fala no silêncio.
O propósito de todo ministério é revelar que Deus não é um Deus de medo,
mas um Deus de amor. Os ministérios ensinarão isso quando levarem seus
cooperadores à capela de oração.
O silêncio é, acima de tudo, uma qualidade do coração que fica conosco mesmo
quando conversamos com os outros. É uma cela portátil que levamos conosco para
onde quer que vamos. Estando nela, falamos com os necessitados e a ela voltamos
depois de as nossas palavras darem fruto.![1]
Boa meditação!
Jorge Wilson
[1] Nouwen HJM – A espiritualidade do deserto e o ministério contemporâneo. Ed. Loyola, 2ª ed. pág.59
20
A oração e o confronto - surge uma nova identidade!
“Em outra visão, Deus me mostrou o Grande Sacerdote Josué, que estava de pé em
frente do Anjo do Deus Eterno. Satanás estava à direita de Josué, pronto para acusá-
lo.
O Anjo do Deus Eterno disse a Satanás: - Que Deus o condene, Satanás! Que o Deus
Eterno, que escolheu Jerusalém, o condene! Esse homem é como um tição tirado do
fogo. Josué, vestido com roupas sujas, continuava de pé em frente do Anjo. Aí o Anjo
disse aos seus ajudantes que tirassem a roupa de Josué e depois lhe disse: -Assim
eu tiro os seus pecados e agora vou vesti-lo com roupas de festa. Em seguida, o Anjo
mandou que os seus ajudantes pusessem na cabeça de Josué um turbante que havia
sido purificado. Eles puseram o turbante na cabeça dele e o vestiram com roupas de
festa; e o Anjo do Deus Eterno continuava ali de pé.
E ele disse a Josué: -O Deus Todo-Poderoso lhe diz o seguinte: "Se você obedecer às
minhas leis e cumprir os seus deveres conforme eu ordeno, você será o
administrador do Templo. Cuidará do santuário e de todos os outros edifícios; e,
como estes anjos que estão aqui, você terá o mesmo direito de estar na minha
presença. Portanto, escute, Grande Sacerdote Josué, e escutem também os
sacerdotes que estão com você. Vocês todos são um sinal de que eu vou enviar ao
meu povo o meu servo que se chama de <O Ramo Novo>. Coloquei em frente de
Josué uma pedra que tinha sete lados.
Eu, o Deus Todo-Poderoso, vou gravar nela um nome e num só dia vou tirar o
pecado deste país. Naquele dia, cada um de vocês poderá convidar os vizinhos para
que venham e fiquem à vontade debaixo das parreiras e das figueiras. Eu, o Deus
Todo-Poderoso, falei." (Zacarias 3:1-10 BLH)
A tarefa básica da Igreja é oferecer às pessoas os espaços e caminhos do
encontro com o Pai. A grande verdade é que embora tendo o Pai nos amado
primeiro e vindo ao nosso encontro parecemos fugir dEle por outros
caminhos ( na verdade queremos fugir ao confronto).
Cabe à Igreja a tarefa de propiciar o encontro e o contronto!
É esse encontro que nos revela quem realmente somos. É no confronto com
o Pai que nos tornamos perceptivos ao nosso próprio pecado. Zacarias
experimentou isso quando, em visão, viu o sacerdote Josué que, embora
sendo “como um tição tirado do fogo” , ou seja, perdoado pelo Pai ( pois o fogo
purifica), era acusado por Satanás pois apresentava-se com vestes sujas
(ainda era pecador) . Pois é, somos assim: frágeis, “sujos” e passíveis de
acusação!
Por outro lado, esse confronto nos torna visível o outro lado, o amoroso
cuidado do Pai com seus filhos pois o Anjo mandou que os seus ajudantes pusessem
na cabeça de Josué um turbante que havia sido purificado. Eles puseram o turbante na
cabeça dele e o vestiram com roupas de festa. E daí, eu me vejo diferente.
21
Nessa visão Zacarias descobre não só as pessoas frágeis que somos mas
,também, são restaurados aqueles que amam ao Senhor. O turbante e as
novas vestes nos devolvem a dignidade perdida com a promessa de que
Deus nos enviará Seu Filho e nos permitirá convidar os vizinhos para que venham e
fiquem à vontade debaixo das parreiras e das figueiras. Seremos bênçãos para os
outros!
O encontro e o confronto me ajudam a descobrir minha verdadeira
identidade, minhas vestes limpas e meu turbante. Para quê?
Esse é o meu desafio todos os dias – descobrir meus vizinhos!
Boas descobertas!
Boa meditação!
Jorge Wilson
22
Nós, o sábado e a graça
A Bíblia contém duas apresentações dos Dez Mandamentos : em Êxodo 20 e
Deuteronômio 5. Mas há uma diferença em relação à observação do
sábado. Qual seria? Teria alguma importância em nossa devoção?
No livro de Êxodo, temos:
"Guarde o sábado, que é um dia santo. Faça todo o seu trabalho durante seis dias da
semana; mas o sétimo dia é o dia de descanso, dedicado a mim, o seu Deus. Não
faça nenhum trabalho nesse dia, nem você, nem os seus filhos ou as suas filhas,
nem os seus escravos ou as suas escravas, nem os seus animais, nem os
estrangeiros que vivem na terra de vocês.
Em seis dias eu, o Deus Eterno, fiz o céu, a terra, o mar e tudo o que há neles, mas
no sétimo dia descansei. Foi por isso que eu, o Deus Eterno, abençoei o sábado e o
separei para ser um dia santo." (Êxodo 20:8-11 BLH)
No livro de Êxodo chegamos a seguinte conclusão sobre o sábado
:Devemos guardá-lo porque que Deus o criou e Ele mesmo deu
exemplo.
Mas, em Deuteronômio...
-"Não use o meu nome sem o respeito que ele merece, pois eu sou o Eterno, o Deus
de vocês, e castigo aqueles que desrespeitam o meu nome. -"Guarde o sábado, que
é um dia santo, como eu, o Deus Eterno, mandei.
Faça todo o seu trabalho em seis dias; mas o sétimo dia da semana é o dia de
descanso, dedicado a mim, o seu Deus. Não faça nenhum trabalho nesse dia, nem
você, nem os seus filhos ou as suas filhas, nem os seus escravos ou as suas
escravas, nem os seus animais, nem os estrangeiros que moram na terra de você.
Assim como você descansa, os seus escravos também devem descansar. Lembre que
você foi escravo no Egito e que eu, o Eterno, o seu Deus, o tirei de lá com a minha
força e com o meu poder. É por isso que eu mando que você guarde o sábado".
(Deuteronômio 5:11-15 BLH)
No livro de Deuteronômio a razão da guarda do sábado é porque as
pessoas, no Egito, haviam se tornado "máquinas de fazer tijolos", sem
nenhum descanso – a condição humana delas estava desfigurada
No salmo 92 – escrito para o dia do sábado, seu autor complementa o
sentido do sábado, leia:
"Ó Deus Eterno, como é bom dar-te graças! Como é bom cantar hinos em tua honra,
ó Altíssimo! Como é bom anunciar de manhã o teu amor e de noite, a tua fidelidade,
com a música de uma harpa de dez cordas e ao som da lira! Ó Deus Eterno, os teus
feitos poderosos me tornam feliz! Eu canto de alegria pelas coisas que fazes. Que
23
grandes coisas tens feito, ó Deus Eterno! Como é difícil entender os teus
pensamentos!" (Salmos 92:1-5 BLH)
O salmista ensina que eu devo me sentir feliz, é dia de festa:
"Como é bom anunciar de manhã o teu amor e de noite, a tua fidelidade". E "Eu
canto de alegria pelas coisas que fazes.";
Mas, o que é que a graça tem a ver com isso??!!
O curioso é que no texto da criação – Gênesis 1 - o "dia" começava à tarde
. A frase " A noite passou, veio a manhã, esse foi o ...dia" se repete
constantemente. Leia (texto adaptado):
"No começo Deus criou o céu e a terra. A terra era vazia, sem nenhum ser vivente, e
estava coberta por um mar profundo. A escuridão cobria o mar, e o Espírito de Deus
se movia por cima da água. Então Deus disse: -Que haja luz! E a luz começou a
existir. Deus viu que a luz era boa e a separou da escuridão. Deus pôs na luz o nome
de "dia" e na escuridão pôs o nome de "noite". A noite passou, e veio a manhã. Esse
foi o primeiro dia...
Então Deus disse: -Que haja no meio da água uma divisão para separá-la
em duas partes! A noite passou, e veio a manhã. Esse foi o segundo dia...
Aí Deus disse: -Que a água que está debaixo do céu se ajunte num só lugar
a fim de que apareça a terra seca! E assim aconteceu. Deus pôs na parte
seca o nome de "terra" e nas águas que se haviam ajuntado ele pôs o nome
de "mares"... A noite passou, e veio a manhã. Esse foi o terceiro dia...
Então Deus disse: -Que haja luzes no céu para separarem o dia da noite e
para marcarem os dias, os anos e as estações! Essas luzes brilharão no céu
para iluminarem a terra. ...A noite passou, e veio a manhã. Esse foi o quarto dia...
Depois Deus disse: -Que as águas fiquem cheias de todo tipo de seres
vivos, e que na terra haja aves que voem no ar! Assim Deus criou os
grandes monstros do mar e todas as espécies de seres vivos que em grande
quantidade se movem nas águas e criou também todas as espécies de
aves.! A noite passou, e veio a manhã. Esse foi o quinto dia...
Então Deus disse: -Que a terra produza todo tipo de animais: domésticos,
selvagens e os que se arrastam pelo chão, cada um de acordo com a sua
espécie! ...E assim aconteceu. E Deus viu que tudo o que havia feito era
muito bom. A noite passou, e veio a manhã. Esse foi o sexto dia. (Gênesis 1:1-31
BLH-adaptado)
Eugene Peterson nos ensina que:
24
"É assim que o s hebreus entendem o dia , diferente de nós...
O dia é a unidade básica de trabalho criativo de Deus, e a tarde é o começo deste
dia, é a investida de Deus falando para que luz, estrelas, terra,vegetação, animais,
homem e mulher venham à existência.
Mas é, também, o momento em que deixamos nossas atividades e vamos dormir. È
nessa parte do dia que dizemos: "Agora me deito para dormir, guarda-me, ó Deus
em teu amor" e deixamo-nos levar até à inconsciência pelas próximas seis, oito ou
dez horas...
Continuando...
Depois , acordamos , descansados, saltamos da cama cheios de energia, engolimos
uma caneca de café e saímos apressados para colocar as coisas em movimento. A
primeira coisa que descobrimos (um grande golpe para o ego) é que tudo começou a
funcionar muitas horas antes...
Continuando...
A sequência hebraica de tarde/manhã nos condiciona ao ritmo da graça. Vamos
dormir, e Deus começa seu trabalho. Enquanto dormimos, Ele desenvolve sua
aliança. Acordamos e somos chamados a participar da criação criativa dEle.
Reagimos com fé e trabalho. Mas a graça sempre vem antes, é primária. Acordamos
em um mundo que não fizemos, para uma salvação que não merecemos.
Tarde: Deus começa sem a nossa ajuda, Seu dia criativo.
Manhã: Deus nos chama para aproveitar, compartilhar e desenvolver o seu trabalho
que Ele iniciou. A criação e a aliança são graça pura e estão ali, para nos saudar,
todas as manhãs.
George Mcdonald escreveu que o sono é a artimanha que Deus usa para
nos dar o socorro que não consegue dar-nos enquanto estamos acordados "
[1]
Boa meditação!
Jorge Wilson
25
A fome e a fartura - e entre elas, eu!
A responsabilidade de quem acha um banquete
Por causa disso, a falta de alimentos naquela cidade foi tão grande, que uma cabeça
de jumento custava quase um quilo de prata, e duzentos gramas de esterco de
pomba custavam uns sessenta gramas de prata. Certo dia o rei de Israel estava
passando por cima da muralha da cidade, quando uma mulher gritou para ele: -Ó
rei, meu senhor, me ajude!
Ele respondeu: -Se o Deus Eterno não ajudar você, como é que eu posso ajudá-la?
Você pensa que eu tenho trigo ou vinho? Mas diga qual é o seu problema. Ela
respondeu: -Outro dia esta mulher me disse: "Vamos comer o seu filho hoje e
amanhã comeremos o meu”.Então nós cozinhamos o meu filho e o comemos. No dia
seguinte eu disse que era a vez de comermos o filho dela, mas ela o escondeu! Ao
ouvir isso, o rei rasgou as suas roupas em sinal de desgosto, e as pessoas que
estavam perto da muralha viram que por baixo das suas roupas ele estava vestido
com saco de pano grosseiro. (2 Reis 6:24-30 BLH)
Esta é a história do cerco de Samaria e a fome que tomou conta da cidade
devido a estar sitiada pelos sírios. A fome grassava ferozmente e o povo
comia coisas imundas e até seus próprios filhos. Nessa época aconteceu o
seguinte:
Quatro homens que sofriam de uma terrível doença da pele estavam do lado de fora
dos portões da cidade de Samaria. Eles disseram uns aos outros: -Por que ficamos
aqui sentados esperando a morte? Não vale a pena entrar na cidade porque lá
iríamos morrer de fome; mas, se ficarmos aqui, também morreremos. Vamos então
para o acampamento dos sírios. Se eles nos deixarem viver, ficaremos vivos; se nos
matarem, bem, nós vamos morrer de qualquer jeito mesmo. E assim, quando
começou a escurecer, eles foram até o acampamento dos sírios. Porém, quando
chegaram, não havia ninguém lá. O Deus Eterno havia feito os sírios ouvirem um
barulho que parecia o de um grande exército, com cavalos e carros de guerra. Então
eles pensaram que o rei de Israel havia pago os reis dos heteus e dos egípcios e os
seus exércitos para os atacarem. Por isso, ao anoitecer, os sírios haviam fugido para
salvar a sua vida, abandonando as barracas, os cavalos e jumentos e deixando o
acampamento como estava.
Quando os quatro homens chegaram ao acampamento, entraram numa barraca,
comeram e beberam do que havia ali e pegaram a prata, o ouro e as roupas que
acharam. Depois saíram e esconderam tudo. Aí voltaram, entraram em outra barraca
e fizeram a mesma coisa. Mas então disseram: -Nós não estamos agindo bem!
Temos boas notícias e não devíamos ficar calados. Se esperarmos até amanhã para
contar, certamente seremos castigados. Vamos agora mesmo contar isso lá no
palácio. Então saíram do acampamento dos sírios, voltaram para Samaria e gritaram
para os guardas que estavam nos portões: -Nós fomos até o acampamento dos sírios
e não vimos, nem ouvimos ninguém. Os cavalos e os jumentos estão lá amarrados, e
as barracas estão do mesmo jeito que os sírios deixaram! Os guardas anunciaram a
notícia, e ela foi contada no palácio. (2 Reis 7:3-11 BLH)
Vejam o cenário: dentro da cidade – a fome. Fora dela um acampamento
vazio e... Muita comida! E o que é pior: uma não sabe da outra!
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Alguns homens solitários e doentes percebem a situação de cerco de
Samaria e resolvem se arriscar em ir a acampamento dos sírios e tentar sair
de lá com vida, pois: “se eu entrar nessa cidade, eu morro! Ao
chegarem ao acampamento dos sírios e constatando o seu abandono sua
primeira atuação foi: comeram e beberam do que havia ali. Depois, como todo
mundo, tentaram se garantir para o futuro: e pegaram a prata, o ouro e as roupas
que acharam. Depois saíram e esconderam tudo. Aí voltaram, entraram em outra barraca e
fizeram a mesma coisa.
De repente algo interrompe aquela alegria e começa a incomodá-los.
Disseram:
Nós não estamos agindo bem! Temos boas notícias e não devíamos ficar calados. Se
esperarmos até amanhã para contar, certamente seremos castigados. Vamos agora
mesmo contar isso lá no palácio.
Às vezes, me sinto como os homens doentes do texto. Seriam hansenianos
(leprosos) magoados com a sua exclusão social? Talvez eu seja
“hanseniano” a meu modo. Tropeço no banquete de Deus no deserto
desse mundo e tenho dificuldade para levá-lo “viuvas de Samaria”. Até
penso no assunto, mas sempre deixo para depois.
Esse texto nos ensina que: se você tem fome em meio a outros que
também estão famintos e por acaso encontra um banquete no deserto, você
se torna devedor de todos eles.
Esses homens, doentes da pele, por isso mesmo excluídos do seu meio
social teriam até os seus motivos para não se envolver, mas vieram nos
ensinar sobre a alegria de se dividir o banquete.
Piper, comentando esse texto, nos ensina: “Foi a partir desse texto que Daniel
Fuller pregou no meu culto de ordenação em 1975. Foi, profético, porque eu
tenho sido um leproso( hansênico) que tropeça repetidas vezes sobre o
banquete de Deus no deserto desse mundo. E eu descobri que o banquete é
muito mais saboroso quando me delicio nele junto com as viuvas de Samaria do
que quando o escondo no deserto”. *
Vamos agora mesmo contar isso lá no palácio. Temos boas notícias e não
devíamos ficar calados.
Boa meditação!
Jorge Wilson
*Piper J. A teologia da alegria, Shedd Public. 2001, São Paulo, pág.244.
27
O ferido que cura
Ou, aonde eu sou ferido, é aí que eu sou forte!
Ele foi rejeitado e desprezado por todos; ele suportou dores e sofrimentos sem fim.
Era como alguém que não queremos ver; nós nem mesmo olhávamos para ele e o
desprezávamos. "No entanto, era o nosso sofrimento que ele estava carregando, era
a nossa dor que ele estava suportando.
E nós pensávamos que era por causa das suas próprias culpas que Deus o estava
castigando, que Deus o estava maltratando e ferindo. Porém ele estava sofrendo por
causa dos nossos pecados, estava sendo castigado por causa das nossas maldades.
Nós somos curados pelo castigo que ele sofreu, somos sarados pelos ferimentos que
ele recebeu.
Todos nós éramos como ovelhas que se haviam perdido; cada um de nós seguia o
seu próprio caminho. Mas o Deus Eterno castigou o seu servo; fez com que ele
sofresse o castigo que nós merecíamos”.Ele foi maltratado, mas agüentou tudo
humildemente e não disse uma só palavra. Ficou calado como um cordeiro que vai
ser morto, como uma ovelha quando cortam a sua lã. (Isaías 53:3-7 BLH)
Diziam os gregos que somente quem está ferido pode amar e somente
um médico ferido pode curar. Esse texto vem nos lembrar da compaixão
do Pai Compaixão significa “sofrer com”, partilhar a “paixão”, o sofrimento
do outro. É muito mais do que um impulso de piedade ou uma palavra de
conforto; é entrar nos momentos sombrios do outro, em seus lugares de
dor. É participar da dor do outro mesmo que seja apenas como o nosso
silêncio!
Compaixão significa permanecer nos lugares onde as pessoas sofrem!
Quando abrimos o nosso eu para a dor dos outros tememos nos tornar
mais conscientes de nossa própria dor e, por causa disso, evitamos esta
aproximação. A adversidade do “outro” pode fazer doer nossas
próprias dores, pode nos “marcar”. Isto se reflete, por exemplo, na
“pressa que temos de ensinar a pessoa a aguentar a barra”, ou seja,
tranquilizar e consolar prematuramente as pessoas antes que elas
tenham exposto toda a sua dor para nós. O que elas precisam é de
acolhimento, misericórdia. (As pessoas raramente reagem bem aos nossos
esforços de orquestrarmos suas reações às dores)
Precisamos, de certa forma, ser “marcados” (ou, se você quiser, feridos)
pela dor dessas pessoas, pois só assim conseguiremos consolá-las. Isaías
nos lembra que, afinal, fomos sarados pelos ferimentos (os nossos) que ele (Jesus)
recebeu. Por isso é que ele encarnou, para ser marcado por nós e assim,
conhecer a nossa dor!
Leia agora essa parábola judaica sobre o Messias, o ferido que cura:
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Rabbi Joshua ben Levi deparou-se com Elias, o profeta, quando este
estava de pé, junto à entrada da caverna de Rabbi Simeron ben
Yohai. Ele perguntou a Elias:
- Quando virá o Messias?
- E Elias respondeu:
- Vá e pergunte-lhe você mesmo.
- Onde está ele?
- Sentado junto aos portões da cidade.
- Como poderei reconhecê-lo?
- Ele está sentado entre os pobres cobertos de ferimentos. Os outros
desenfaixam todos os seus ferimentos ao mesmo tempo e, então,
enfaixam-nos de novo. Mas ele desenfaixa um por vez e enfaixa-o
novamente, dizendo para si mesmo: “Talvez eu seja requisitado; se
assim for, preciso estar sempre pronto, para não me atrasar nem por
um momento”.*
(pausa para meditar)
A Compaixão vem do Pai e do Filho que tiveram compaixão por nós:
E nós pensávamos que era por causa das suas próprias culpas que Deus o estava
castigando, que Deus o estava maltratando e ferindo. Porém ele estava sofrendo por
causa dos nossos pecados, estava sendo castigado por causa das nossas maldades.
Nós somos curados pelo castigo que ele sofreu, somos sarados pelos ferimentos que
ele recebeu.
Só acolheremos a dor do “outro” quando aceitarmos a nossa própria dor e
pararmos de negar nossas perdas. Quem quiser convidar os outros a se
libertar de suas dores deve não só cuidar de seus próprios ferimentos e dos
ferimentos do outro, mas também a fazer de seus ferimentos uma fonte
maior do poder da cura.
Não é importante que as minhas feridas cicatrizem; devem, ao invés, ser
transformadas. Só terei compaixão quando me permitir ser usados pelo
amor do Pai em benefício de outros. E só ministrarei aos irmãos quando os
ajudar a partilhar a sua dor e fazer contato com o nosso Pai, que é a fonte
de vida e de cura.
29
Afinal, foi assim com Jacó, pois a ferida na coxa – onde tinha sido tocado
por Deus – passou a ser uma lembrança de seu encontro noturno com o
Pai.
Conscientize-se de suas dores e mobilize-as numa procura pela vida e pela
esperança compartilhada.
E, quando algo marcar você e mobilizar sua compaixão por alguém...
...Obedeça! Pois aonde você é ferido...É aí que você é forte!
Boa meditação!
Jorge Wilson
* Extraído do Tratado de Sanhedrin e citado no livro de Henry Nouwen – O
sofrimento que cura. Ed.Paulinas 2001, pág 118.
30
Shema
Quando o ouvido convence o coração!
Ouve, Israel, o SENHOR, nosso Deus, é o único SENHOR. Amarás, pois, o SENHOR,
teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de toda a tua força. Estas
palavras que, hoje, te ordeno estarão no teu coração; tu as inculcarás a teus filhos,
e delas falarás assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e ao deitar-te, e ao
levantar-te. Também as atarás como sinal na tua mão, e te serão por frontal entre
os olhos. E as escreverás nos umbrais de tua casa e nas tuas
portas. (Deuteronômio 6:4-9 RA)
Aqui começa o Shema – a confissão básica do Judaísmo.
Shema é a forma hebraica da primeira palavra do versículo 4 (Shema =
“Ouve”). A Bíblia Anotada, ao comentar Dt.6:4 nos ensina que “segundo a
legislação rabínica, deve ser recitado pela manhã e à noite.(...) Segundo a
tradição rabínica, o Shema consistia apenas do versículo 4 em sua forma
original, sendo expandido mais tarde de modo a incluir os versículos 5-9,
11:13-21, e Nm 15:37-41”.
Versículo 4 : Ouve, Israel, o SENHOR, nosso Deus, é o único SENHOR..
No início do cap. 6 de Deuteronômio Deus apresenta Seus “mandamentos,
estatutos e juízos” para o povo para que bem te suceda e muito te multipliques na
terra que mana leite e mel (v.3).
O Shema começa com ouvir e logo depois dá a ordem para amar. Sugere-
nos o mesmo de Romanos 10:17: Portanto, a fé vem por ouvir a mensagem, e a
mensagem vem por meio da pregação a respeito de Cristo.
No tempo de Jesus o Shema (ouvir e amar) continua valendo e não está
longe do reino de Deus quem compreende que amar a Deus e ao próximo
excede a todos os holocaustos e sacrifícios.
“Chegando um dos escribas, tendo ouvido a discussão entre eles, vendo como Jesus
lhes houvera respondido bem, perguntou-lhe: Qual é o principal de todos os
mandamentos? Respondeu Jesus: O principal é: Ouve, ó Israel, o Senhor, nosso
Deus, é o único Senhor! Amarás, pois, o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração,
de toda a tua alma, de todo o teu entendimento e de toda a tua força. O segundo é:
Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Não há outro mandamento maior do que
estes. Disse-lhe o escriba: Muito bem, Mestre, e com verdade disseste que ele é o
único, e não há outro senão ele, e que amar a Deus de todo o coração e de todo o
entendimento e de toda a força, e amar ao próximo como a si mesmo excede a todos
os holocaustos e sacrifícios. Vendo Jesus que ele havia respondido sabiamente,
declarou-lhe: Não estás longe do reino de Deus. E já ninguém mais ousava
interrogá-lo”. (Marcos 12:28-34 RA)
Quem é esse Deus que eu ouço?
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Santo Agostinho, nas Confissões fala, com poesia, sobre quem é esse
Deus que eu escuto e que me faz amar!
“Quem é Deus?”.
A minha consciência, Senhor, não duvida, antes tem a certeza de que vos amo.
Feristes-me o coração com a Vossa palavra e amei-vos. O céu, a terra e tudo o que
neles existe, dizem-me por toda a parte que Vos ame. Não cessam de o repetir a
todos os homens, para que sejam inescusáveis. Compadecer-Vos-eis mais
profundamente daquele de quem já Vos compadecestes, e concedereis misericórdia
àquele para quem já fostes misericordioso. De outro modo, o céu e a terra só a
surdos cantariam os Vossos louvores.
Que amo eu, quando Vos amo? Não amo a formosura corporal, nem a glória
temporal, nem a claridade da luz, tão meiga destes meus olhos, nem as doces
melodias das canções de todo o gênero, nem o suave cheiro das flores, dos perfumes
ou dos aromas, nem o maná ou o mel, nem os membros tão flexíveis aos abraços da
carne. Nada disto amo, quando amo meu Deus. E contudo, amo uma luz, uma voz,
um perfume, um alimento e um abraço, quando amo meu Deus, luz, voz, perfume e
abraço do homem interior, onde brilha para a minha alma uma luz que nenhum
espaço contém, onde ressoa uma voz que o tempo não arrebata, onde se exala um
perfume que o vento não esparge, onde se saboreia uma comida que a sofreguidão
não diminui, onde se sente um contacto que a saciedade não desfaz. Eis o que amo,
quando amo meu Deus”.*
Você ouve e ama? Então - Não estás longe do reino de Deus.
Boa meditação!
Jorge Wilson
32
Saindo da depressão
Do Monte Carmelo ao Monte Sinai – A caminhada de Elias.
O rei Acabe contou à sua esposa Jezabel tudo o que Elias havia feito e como havia
matado à espada todos os profetas do deus Baal. Aí ela mandou um mensageiro a
Elias com o seguinte recado: -Que os deuses me matem, se até amanhã a esta hora
eu não fizer com você o mesmo que você fez com os profetas! Elias ficou com medo
e, para salvar a vida, fugiu com o seu ajudante para a cidade de Berseba, que ficava
na região de Judá.
Deixou ali o seu ajudante e foi para o deserto, andando um dia inteiro. Aí parou,
sentou-se na sombra de uma árvore e teve vontade de morrer. Então orou assim: -
Já chega, ó Deus Eterno! Acaba agora com a minha vida! Eu sou um fracasso, como
foram os meus antepassados. Elias se deitou debaixo da árvore e caiu no sono. De
repente, um anjo tocou nele e disse: -Levante-se e coma. Elias olhou em volta e viu
perto da sua cabeça um pão assado nas pedras e uma jarra de água. Ele comeu, e
bebeu, e dormiu de novo. O anjo do Deus Eterno voltou e tocou nele pela segunda
vez, dizendo: -Levante-se e coma; se não, você não agüentará a viagem. Elias se
levantou, comeu e bebeu, e a comida lhe deu força bastante para andar quarenta
dias e quarenta noites até o Sinai, o monte sagrado.
Ali ele entrou numa caverna para passar a noite, e de repente o Deus Eterno lhe
perguntou: -O que você está fazendo aqui, Elias? Ele respondeu: -Ó Eterno, Deus
Todo-Poderoso, eu sempre tenho servido a ti e só a ti. Mas o povo de Israel quebrou
a sua aliança contigo, derrubou os teus altares e matou todos os teus profetas. Eu
sou o único que sobrou, e eles estão querendo me matar! O Deus Eterno disse: -
Saia e vá ficar diante de mim no alto do monte. Então o Eterno passou por ali e
mandou um vento muito forte, que rachou os morros e quebrou as rochas em
pedaços. Mas o Eterno não estava no vento.
Quando o vento parou de soprar, veio um terremoto; porém o Eterno não estava no
terremoto. Depois do terremoto veio um fogo, mas o Eterno não estava no fogo. E
depois do fogo veio uma voz calma e suave. Quando Elias ouviu a voz, cobriu o
rosto com a capa. Então saiu e ficou na entrada da caverna. E uma voz lhe disse: -O
que você está fazendo aqui, Elias? (1 Reis 19:1-13 BLH)
Atualmente, fala-se em caminhadas turísticas para experiências espirituais
(Santiago de Compostela, por exemplo). A Bíblia nos fala de alguém que fez
uma uma caminhada – do Monte Carmelo ao Monte Sinai. Foi nela que Elias
experimentou Deus!
Compreendendo o cenário:
No capítulo anterior de I Reis (veja cap.18:38-40) Elias enfrenta os
sacerdotes de Baal numa prova da queima do holocausto, mas... Baal “não
comparece”. Deus comparece e, como consequência, o fogo de Senhor
desceu e consumiu o Seu holocausto (pedras e água inclusive). Foi uma
experiência marcante e terrível para todos, especialmente para Elias que no
33
final da experiência matou os 450 sacerdotes de Baal. . Ver o fogo descer dos
céus, com sinais e prodígios, talvez fosse o máximo da experiência com Deus.
Seria esta a vontade Deus para estes sacerdotes, ou Elias teria descarregado
sua própria agressividade acreditando estar agradando a Deus? Não
sabemos.
Ameaça e depressão:
Ameaçado por Jezabel, Elias foge para o deserto. Sua experiência no Monte
Carmelo não foi suficiente para enfrentar a ira de Jezabel. No deserto, Elias
entra em depressão, quer morrer. - Já chega, ó Deus Eterno! Acaba agora com a minha
vida! Eu sou um fracasso, como foram os meus antepassados. Elias, como nós, exibe
sua fraqueza e autopiedade.
Charles Swindoll, comentando sobre a autocomiseração nos ensina:
A autocomiseração é uma emoção inútil. Ela vai mentir para você. Vai exagerar. Vai
levá-lo às lágrimas. Vai cultivar a” mentalidade de vítima “em sua cabeça. E, na pior
das hipóteses, vai levá-lo a desejar a morte, exatamente como aconteceu com Elias.
Ele disse ”pois não sou melhor do que meus pais”.
Quem disse que ele precisava ser? Ninguém disse que ele tinha de ser melhor que
seus pais. Foi ele mesmo quem falou isso!
Nós abrimos a porta para esta mentirosa inútil – a autocomiseração – quando
criamos um modelo irreal e não conseguimos viver de acordo com ele. A auto
comiseração maltrata nossas mentes como um animal selvagem e nos arranha
até cortar.
Deixemos que Deus estabeleça os parâmetros. Ele é sempre amoroso, sempre
afirmativo, sempre receptivo e sempre fiel para nos sustentar.*
Continuando: No deserto o Pai é bondoso e provê sono e descanso para Elias
preparando-o para a cura - um encontro com Ele (restaurar um corpo
cansado é básico para começarmos a enfrentar a depressão).
O encontro fundamental não mais será no Monte Carmelo, mas no Monte
Sinai – o monte de Deus. Entre um monte e outro existe um deserto a
atravessar – o caminho para o Pai passa, às vezes. por esses desertos
onde somos preparados para o encontro com Ele (não foi diferente com
Elias, nem é conosco). Elias teve que atravessar esse deserto mas foi
exatamente ali que experimentou o sustento do Pai na hora difícil.
Ao chegar ao Monte Sinai, Elias procura a proteção de uma caverna para
passar a noite. E dentro da caverna ouve a pergunta de Deus: O que você está
34
fazendo aqui, Elias? (Elias é parecido conosco, quando deprimido fica querendo
dormir ou procurando uma “caverna” para entrar: e quando achamos, não
queremos mais sair dela!).
A resposta de Elias vem cheia de autopiedade: - Eu sou o único que sobrou, e eles
estão querendo me matar! (Elias pensava que era “o único servo fiel” no mundo,
mas havia mais sete mil - I Reis 19:18). Mas, o Pai piedosamente e só fala
isto depois da cura de Elias.
Deus então chama Elias para reagir e diz: -Saia e vá ficar diante de mim no alto do
monte. (Pelo texto compreendemos que ainda não foi desta primeira vez que
Elias saiu da caverna).Aliás, como será sair e ficar na presença do Todo-
Poderoso? Muitas vezes preferimos permanecer em nossas cavernas!
Deus estava tentando mobilizar os sentimentos de Elias faze-lo sair da
depressão. O texto descreve que Elias, ainda dentro da caverna, percebeu
algumas coisas estranhas. Primeiramente, Então o Eterno passou por ali e mandou
um vento muito forte, que rachou os morros e quebrou as rochas em pedaços - um vento
forte! Mas o Eterno não estava no vento. Em segundo lugar, um terremoto, porém
o Eterno não estava no terremoto. Depois, foi a vez do fogo, mas o Eterno não estava
no fogo.
Deus não estava no que Elias percebeu (vento, terremoto e fogo). “Sinais e
prodígios” não foram suficientes para Elias sair da caverna. A
experiência sobrenatural do Monte Carmelo (I Reis 18): Então, caiu fogo do
SENHOR, e consumiu o holocausto, e a lenha, e as pedras, e a terra, e ainda lambeu a água
que estava no rego. (1 Reis 18:38 RA) talvez ainda ecoasse dentro de Elias. De
alguma forma Elias ainda sentia o Pai bem longe dele: Mas o Eterno não
estava no vento - porém o Eterno não estava no terremoto, mas o Eterno não estava no fogo.
- (Onde estaria o Eterno? Como ter a certeza de encontrá-Lo ao sair
de onde eu estou?).
O Pai queria mostrar quando é que se tem a verdadeira experiência
com Ele. O Pai se deu a perceber a Elias quando depois do fogo veio uma voz
calma e suave. Quando Elias ouviu a voz, cobriu o rosto com a capa. Então saiu e ficou na
entrada da caverna. Foi neste ouvir a voz calma e suave que Elias experimentou
Deus, ou seja, nos aproximamos de Deus baseados naquilo que Ele é –
um Pai amoroso. Elias ouviu a voz, cobriu o rosto com a capa. Então saiu e ficou na entrada
35
da caverna. Elias não fixa Deus com os olhos, pois Deus não é visível;
também... Não era preciso, bastava ouvi-Lo. Só assim teve coragem para sair
da “sua caverna” e permaneceu em silêncio para experimentar Deus e ouvir
a pergunta amorosa do Pai: - O que você está fazendo aqui, Elias?
Elias então descobriu que a experiência autêntica com o Pai se dá no silêncio
amoroso. Muitas vezes procuramos Deus em lugares (às vezes até igrejas)
que nos prometem ventos, terremotos, fogo (poder de Deus) atrás dos quais
saímos correndo na ilusão de carregar nossas baterias. Só que, nossas
baterias não se carregam de “poder”, mas de amor - uma voz calma e
suave.
No lugar do silêncio interior, aonde nunca chega um pensamento, onde não
refletimos nem fazemos planos, onde não pensamos sobre os outros nem
os condenamos, onde cessamos de parecer-nos importantes, Deus nasce
em nós. No silêncio, deixamos tudo para trás. E precisamente aí, quando
deixamos para trás nossos pensamentos sobre Deus, Deus se mostra a nós
como aquele que está próximo, que nasce em nós. E em Deus eu
experimento então meu verdadeiro eu.
Deus me livra de todas as imagens que eu pus na minha cabeça, faz-me
entrar em contato com a imagem primitiva e autêntica que ele fez de mim.
Em Deus me torno inteiramente eu mesmo, livre de toda compulsão por
comprovar-me, justificar-me, explicar-me. Em Deus, eu posso como Elias
esconder meu rosto. Aí não tenho necessidade de mostrar-me aos outros,
não preciso mostrar que minha experiência de Deus está certa. Escondo-
me, para que Deus se possa revelar a mim.**
Se você estiver “no escuro, no fundo da caverna”, ouça a voz calma e suave
que diz:
- O que você está fazendo aqui, ____________? (coloque aqui o seu nome)
- Saia e vá ficar diante de mim no alto do monte!
- (Nem precisa abrir os olhos. Para descobrir a saída... Obedeça seus
ouvidos!).
Boa meditação!
Jorge Wilson
* Elias - Charles Swindoll. Ed. Mundo Cristão. São Paulo-2001 (pág.135)
** Se eu quiser experimentar Deus – Anselm Grün – Ed. Vozes,
Petrópolis, 2001 (pág. 71-71)
36
Mãe até o fim e até depois!
Durante o reinado de Davi, houve uma grande fome, que durou três anos seguidos.
Por isso, Davi consultou o Deus Eterno, e ele respondeu: -Saul e a sua família são
culpados de assassinato: ele matou o povo de Gibeão. O povo de Gibeão não era
israelita. Eles eram um pequeno grupo de amorreus que os israelitas tinham
prometido proteger; mas Saul havia tentado acabar com eles por causa do interesse
dele pelo bem do povo de Israel e de Judá. Então Davi chamou o povo de Gibeão e
disse:
-O que posso fazer por vocês? Eu quero pagar pelo mal que lhes foi feito, para que
assim vocês abençoem o povo de Deus. Eles responderam: -A nossa questão com
Saul e a sua família não pode ser resolvida com ouro nem com prata. E também não
queremos matar nenhum israelita. -Então, o que é que querem que eu faça por
vocês? -perguntou Davi. Eles responderam: -Saul quis nos destruir para que não
sobrasse nenhum de nós em nenhum lugar de Israel. Entregue-nos então sete
homens descendentes dele, e nós os enforcaremos diante do Deus Eterno, em Gibeá,
a cidade onde nasceu Saul, o rei escolhido pelo Eterno. -Eu entregarei! -respondeu o
rei. Mas, por causa do juramento que ele e Jônatas tinham feito um ao outro, o rei
não deixou que fosse morto Mefibosete, que era filho de Jônatas e neto de Saul.
Porém pegou Armoni e Mefibosete-os dois filhos que Rispa, filha de Aías, tinha tido
de Saul; pegou também os cinco filhos que Merabe, filha de Saul, tinha tido de
Adriel, filho de Barzilai, da cidade de Meolá.
E Davi entregou os sete ao povo de Gibeão, e eles os enforcaram no monte, diante
do Deus Eterno. E todos os sete morreram juntos. Isso aconteceu no fim da
primavera, no começo da colheita da cevada. Então Rispa, concubina de Saul, pegou
um pano de saco e com ele fez um abrigo sobre uma rocha. E ficou ali desde o
começo da colheita até o dia em que as chuvas do outono caíram sobre os sete
corpos. E não deixou que as aves descessem sobre eles de dia nem os animais
selvagens de noite. Quando soube o que Rispa tinha feito, Davi foi e tomou dos
moradores de Jabes-Gileade os ossos de Saul e do seu filho Jônatas. Os moradores
de Jabes haviam retirado os corpos da praça de Bete-Sã, onde os filisteus os tinham
pendurado no dia em que mataram Saul no monte Gilboa. Davi então colocou os
ossos de Saul e de Jônatas junto com os ossos dos sete homens que haviam sido
enforcados. Enterraram os ossos de Saul e de Jônatas no túmulo de Quis, o pai de
Saul, na cidade de Zela, no território da tribo de Benjamim. Tudo o que o rei mandou
foi feito. E depois disso Deus respondeu às orações do povo pelo seu país. (2 Samuel
21:1-14 BLH)
Compreendendo o cenário.
A causa por trás da falta de chuva era uma aliança quebrada. Josué havia
feito uma aliança com os gibeonitas – irrevogável (Js 9:15).Mas, Saul
estava resssentido da permissão concedida a esse povo para servirem ,
mesmo em trabalhos braçais, no Templo do Senhor (Js 9:27) e por isso,
matou vários gibeonitas. Saul quebrou a aliança e trouxe culpa de sangue
sobre si e sobre sua família. Davi é confrontado pelos gibeonitas, baseados
na Lei de Israel em Nm 35:33: “Portanto, não profanem com crimes de
sangue a terra onde vocês vivem, pois os assassinatos profanam o país.
37
E a única maneira de se fazer a cerimônia de purificação da terra onde
alguém foi morto é pela morte do assassino.” (Números 35:33 BLH)
Estando morto Saul, Davi teve a dolorosa missão de escolher quais seriam
os descendentes de Saul a ser sacrificados para que a Lei fosse cumprida e
voltasse a chover sobre a terra. Era uma exigência da própria justiça do Pai.
A seca era uma realidade – três anos! Um sinal do desfavor de Deus. E
Rispa? Rispa era uma concubina que tinha dois filhos de Saul . Vivia no
palácio e devia ser sabedora dos atos de Saul. Deve ter sido extremamente
difícil concordar em ver seus filhos – príncipes – oferecidos como holocausto
numa “oferta de paz”, mesmo que fosse para trazer “paz e chuva sobre
Israel”.
Rispa não teve a mesma sorte de Abraão que teve a mão segura pelo anjo
quando iria sacrificar Isaque. Teve a mesma sorte de Deus que viu seu Filho
ser sacrificado, por amor a nós. Mas, sua maternidade não terminou com a morte dos
filhos. Devia conhecer o Salmo 127: Os filhos são um presente do Deus Eterno; eles são uma
verdadeira bênção. Os filhos que o homem tem na sua mocidade são como flechas nas mãos
de um soldado. Feliz o homem que tem muitas dessas flechas! Ele não será derrotado
quando enfrentar os seus inimigos no tribunal. (Salmos 127:3-5 BLH)
Rispa disparou essas flechas para o céu. Não arredou de seu posto
enquanto não viu a chuva – sinal do perdão divino – e que traria sentido à
sua dor . Enquanto isso, continuou defendendo seus filhos como se fossem
“altares” – ofertas de paz à espera da resposta que vem do Alto.
As chuvas do outono trouxeram o perdão e as chuvas a Israel. Rispa percebe
que seus filhos não morreram em vão – suas vidas tiveram um propósito
que não pertenceu a ela discutir. Só ao ver seus corpos molhados, como
que ”batizados dos céus”, foi que ela encerrou sua Paixão. Ela foi mãe até o
fim, e até depois!
E essa capacidade para amar? De onde vem?
O Deus Eterno responde: "Será que uma mãe pode se esquecer do seu
bebê? Será que pode deixar de amar o seu próprio filho? Mesmo que isso
acontecesse, eu nunca me esqueceria de vocês. (Isaías 49:15 BLH)
(Vem do nosso Pai!).
Isso aconteceu no fim da primavera, no começo da colheita da cevada. E os
campos de cevada todo fim de primavera tinham uma história para lembrar.
Jorge Wilson
38
Das profundezas
Descobrindo a vida abaixo da superfície
Das profundezas clamo a ti, SENHOR. Escuta, Senhor, a minha voz; estejam alertas
os teus ouvidos às minhas súplicas.Se observares, SENHOR, iniqüidades, quem,
Senhor, subsistirá? Contigo, porém, está o perdão, para que te temam. Aguardo o
SENHOR, a minha alma o aguarda; eu espero na sua palavra. A minha alma anseia
pelo Senhor mais do que os guardas pelo romper da manhã. Mais do que os guardas
pelo romper da manhã, espere Israel no SENHOR, pois no SENHOR há misericórdia;
nele, copiosa redenção. É ele quem redime a Israel de todas as suas iniqüidades.
(Salmos 130:1-8 RA)
Das profundezas –
A maior parte de nossa vida acontece na superfície. Entramos naquela
rotina de trabalho, estudo, casa, etc.. Somos acionados de todos os lados
(até igreja) e de certo modo perdemos o papel de condutor disso tudo.
Somos mais conduzidos do que conduzimos!
Se existem vozes falando para nós, ou mesmo dentro de nós – não
sabemos (e nem damos muita bola para isso!) Espiritualmente falamos
sem escutar (e com frequência também na vida real). Aceitamo-nos ou
não sem saber quem realmente somos – ficar na superfície é mais seguro!
O problema é que só saímos da superfície quando o chão treme , se abre e
mergulhamos "de mau jeito" em nós mesmos e descobrimos nossas
profundezas . Parece que o salmista, quando fez isso, não gostou do que viu
pois falou: Se observares, SENHOR, iniquidades, quem, Senhor, subsistirá? Contigo,
porém, está o perdão.
Para não se cair desse jeito é necessário reconhecer que dentro de nós,
em nossa profundidade, existe um buraco do tamanho de Deus e que,
quando descoberto, é necessário apagarmos todo aquele conhecimento
tradicional que recebemos sobre Deus. Então o desejo , a sede de Deus,
surge como o desejo dos guardas pelo romper da manhã . Se em seu mergulho
você se sentir como esse guarda ou mais ainda – você conhece o Pai!
Contigo, porém, está o perdão, para que te temam – curiosamente, embora esse
temor possa ser um resultado estranho do perdão, confirma o significado
verdadeiro do "temor ao Senhor" no Antigo Testamento.- o relacionamento
com o Pai é íntimo mas respeitoso.
Aguardo o SENHOR, a minha alma o aguarda; eu espero na sua palavra. É pelo próprio
Senhor e não só pelo Seu perdão, que o salmista anseia. Como os
guardas que ansiavam pelo romper da manhã, acreditava na promessa à qual
podia se apegar.
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Muitas vezes usamos pretextos para não ir a fundo em nossas profundezas .
Achamos isso uma coisa muito sofisticada ou só para os grandes
espiritualistas - aqueles que já chegaram lá – talvez seja por isso que o
nosso chão precise tremer e se abrir para darmos o mergulho. Por outro
lado é quando vamos às profundezas da nossa alma que recebemos a
visitação do Espírito Santo para crer nas promessas do Pai :
Nem olhos viram, nem ouvidos ouviram, nem jamais penetrou em coração humano o
que Deus tem preparado para aqueles que o amam. Mas Deus no-lo revelou pelo
Espírito; porque o Espírito a todas as coisas perscruta, até mesmo as profundezas de
Deus. Porque qual dos homens sabe as coisas do homem, senão o seu próprio
espírito, que nele está? Assim, também as coisas de Deus, ninguém as conhece,
senão o Espírito de Deus. (1 Coríntios 2:9-11 RA)
Boa meditação!
Jorge Wilson
40
As mãos do Pai
Cantem, ó céus, e alegre-se, ó terra! Montes gritem de alegria! Pois o Deus Eterno
consolou o seu povo; ele teve pena dos que estavam sofrendo. Mas o povo de Sião
diz: "O Eterno nos abandonou; Deus se esqueceu de nós”. O Deus Eterno responde:
“Será que uma mãe pode se esquecer do seu bebê? Será que pode deixar de amar o
seu próprio filho? Mesmo que isso acontecesse, eu nunca me esqueceria de vocês.
Jerusalém, o seu nome está escrito nas minhas mãos; eu nunca me esqueço das
suas muralhas. (Isaías 49:13-16 BLH)”.
Esse texto de Isaías nos fala de relacionamentos, transparência, e vai fundo
até às raízes.
Bons relacionamentos se fazem com transparência. Acredito que, de certo
modo, todos desejamos ter este tipo de relacionamento, tanto com os
nosso queridos como com nosso Pai. Por outro lado, achamos que um muro
é absolutamente necessário para que possamos preservar nossa identidade,
se quisermos continuar sendo nós mesmos. Afinal de contas – bons muros
fazem bons vizinhos (não é o que se diz por aí?). E assim, ambivalentes,
seguimos nossa vida revelando-nos e escondendo-nos - ao Pai e às
pessoas. Em nossos relacionamentos, derrubamos e levantamos muros ( ou
muralhas ) ao mesmo tempo.
A identidade de Jerusalém (assim como a nossa) sempre esteve escrita,
como diz Isaías, nas mãos do Pai: o seu nome está escrito nas minhas mãos , diz o
Deus eterno. Minha identidade depende mais de meu Pai do que de mim.
Não preciso mais parecer “bonzinho” perante meu Pai para que Ele aceite a
mim e à minha oração. E assim, passo a desejar esse nome que está em
Suas mãos com tudo o que ele (o nome) significa. Quanto mais ligado a
meu Pai, mais identidade terei.
O Deus Eterno responde: “Será que uma mãe pode se esquecer do seu
bebê? Será que pode deixar de amar o seu próprio filho? Mesmo que isso
acontecesse, eu nunca me esqueceria de vocês”.
Boa meditação!
Jorge Wilson
41
Quem te faz orar? Um leão?
Esse texto de II Reis 17 nos narra um interessante episódio da história de
Israel mostrando como o Senhor trabalha com o seu povo, leia:
1No ano duodécimo de Acaz, rei de Judá, começou a reinar Oséias, filho de Elá, e
reinou sobre Israel, em Samaria, nove anos.2 E fez o que era mau aos olhos do
SENHOR, contudo não como os reis de Israel que foram antes dele. (...)6 No ano
nono de Oséias, o rei da Assíria tomou a Samaria, e levou Israel cativo para a
Assíria; e fê-los habitar em Hala e em Habor junto ao rio de Gozã, e nas cidades
dos medos,7Porque sucedeu que os filhos de Israel pecaram contra o SENHOR
seu Deus, que os fizera subir da terra do Egito, de debaixo da mão de Faraó, rei
do Egito; e temeram a outros deuses.8E andaram nos estatutos das nações que o
SENHOR lançara fora de diante dos filhos de Israel, e nos dos reis de Israel, que
eles fizeram.9E os filhos de Israel fizeram secretamente coisas que não eram
retas, contra o SENHOR seu Deus; e edificaram altos em todas as suas cidades,
desde a torre dos atalaias até à cidade fortificada.10E levantaram, para si,
estátuas e imagens do bosque, em todos os altos outeiros, e debaixo de todas as
árvores verdes.11E queimaram ali incenso em todos os altos, como as nações,
que o SENHOR expulsara de diante deles; e fizeram coisas ruins, para
provocarem à ira o SENHOR.12E serviram os ídolos, dos quais o SENHOR lhes
dissera: Não fareis estas coisas.
Foram advertidos pelo ministério de todos os profetas e de todos os videntes, mas não
obedeceram.
13 E o SENHOR advertiu a Israel e a Judá, pelo ministério de todos os profetas e
de todos os videntes, dizendo: Convertei-vos de vossos maus caminhos, e
guardai os meus mandamentos e os meus estatutos, conforme toda a lei que
ordenei a vossos pais e que eu vos enviei pelo ministério de meus servos, os
profetas.14 Porém não deram ouvidos; antes endureceram a sua cerviz, como a
cerviz de seus pais, que não creram no SENHOR seu Deus.(...)20 Por isso o
SENHOR rejeitou a toda a descendência de Israel, e os oprimiu, e os deu nas
mãos dos despojadores, até que os expulsou da sua presença.
Então os judeus foram expulsos até de sua própria terra.
23 Até que o SENHOR tirou a Israel de diante da sua presença, como falara pelo
ministério de todos os seus servos, os profetas; assim foi Israel expulso da sua
terra à Assíria até ao dia de hoje.
O rei da Assíria traz outros povos de outros territórios conquistados, para
habitar Israel. Eis que agora aparecem os leões.
42
24 E o rei da Assíria trouxe gente de Babilônia, de Cuta, de Ava, de Hamate e
Sefarvaim, e a fez habitar nas cidades de Samaria, em lugar dos filhos de Israel;
e eles tomaram a Samaria em herança, e habitaram nas suas cidades.25 E
sucedeu que, no princípio da sua habitação ali, não temeram ao SENHOR; e o
SENHOR mandou entre eles, leões, que mataram a alguns deles.26 Por isso
falaram ao rei da Assíria, dizendo: A gente que transportaste e fizeste habitar nas
cidades de Samaria, não sabe o costume do Deus da terra; assim mandou leões
entre ela, e eis que a matam, porquanto não sabe o culto do Deus da
terra.27Então o rei da Assíria mandou dizer: Levai ali um dos sacerdotes que
transportastes de lá; e vá e habite lá, e ele lhes ensine o costume do Deus da
terra.
E assim, atendendo à recomendação do rei, foram buscar consultoria com
um dos sacerdotes expulsos, leia:
28 Veio, pois, um dos sacerdotes que transportaram de Samaria, e habitou em
Betel, e lhes ensinou como deviam temer ao SENHOR.
Mas, cada povo fez seus próprios altares além de cultuar o Deus de Israel.
Não deram exclusividade a Deus.
29 Porém cada nação fez os seus deuses, e os puseram nas casas dos altos que
os samaritanos fizeram, cada nação nas cidades, em que habitava. 30 E os de
Babilônia fizeram Sucote-Benote; e os de Cuta fizeram Nergal; e os de Hamate
fizeram Asima.31 E os aveus fizeram Nibaz e Tartaque; e os sefarvitas
queimavam seus filhos no fogo a Adrameleque, e a Anameleque, deuses de
Sefarvaim.32 Também temiam ao SENHOR; e dos mais baixos do povo fizeram
sacerdotes dos lugares altos, os quais lhes faziam o ministério nas casas dos
lugares altos. 33 Assim temiam ao SENHOR, mas também serviam a seus
deuses, segundo o costume das nações dentre as quais tinham sido
transportados. 34 Até ao dia de hoje fazem segundo os primeiros costumes; não
temem ao SENHOR, nem fazem segundo os seus estatutos, segundo as suas
ordenanças, segundo a lei e segundo o mandamento que o SENHOR ordenou aos
filhos de Jacó, a quem deu o nome de Israel.
E nós? E os nossos leões?
Esse texto vem nos ensinar que nosso Pai requer adoração exclusiva por
seus filhos. Israel cultuava outros deuses. Os estrangeiros que vieram
morar em Israel não eram diferentes. Não amavam ao Senhor e só o
cultuavam com medo dos leões. Assimilaram a Deus em sua cultura
religiosa como um mero deus territorial ou tribal.
Mas você pode perguntar - e os leões que assolam minha vida? Preciso
fazer alguma coisa?
43
Vivemos debaixo da Graça. Cristo, ao morrer, falou: Está consumado (Jo 19:30).
Toda a obra necessária para "cuidar dos leões" já foi feita - não precisamos
temê-los. Em Efésios 1:3, lemos: "Bendito o Deus e Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo
que já nos abençoou com toda a sorte de bênção espiritual nas regiões celestiais em Cristo.
Deus espera que eu O procure por Ele mesmo e não pelos meus "leões", ou
seja, pelas minhas dificuldades particulares. Deus sempre trabalha e tenho
de perceber o que Ele faz em minha vida e tentar entender o que significam
essas tais dificuldades - não quero ficar de fora. Para isso preciso orar e
buscar Deus por Ele mesmo, dar atenção a Ele e não buscar Sua atenção
para os meus pedidos.
E então? Vamos orar por causa do Pai... ou do leão?
Inspirado no sermão POR QUE ORAR do Pr Ed Rene Kivitz /IBAB/CD
ROM 22/02/06/Noite
44
A cura de Ana
A oração e a cura
Felicidade é...
O que você responderia?
Ficar rico(a)?
Ficar mais bonito(a)?
Comprar uma Mercedes?
Emagrecer 20 kg?
Fazer uma plástica?
Não morrer nunca?
Viver um grande amor?
Ter um filho?
Todas as pessoas traçam um ideal do que é a tal felicidade, colocam-no
em seu horizonte e...Correm atrás!
Nossa personagem de hoje é Ana. Ela não é diferente de nós. Leia:
Havia um homem da tribo de Efraim, chamado Elcana, que vivia na cidade de Ramá,
na região montanhosa de Efraim. Ele era filho de Jeroão, neto de Eliú, bisneto de Toú
e trineto de Zufe. Elcana tinha duas mulheres, Ana e Penina. Penina tinha filhos,
porém Ana não tinha. Todos os anos Elcana saía da sua cidade e ia a Siló a fim de
adorar e oferecer sacrifícios ao Deus Todo-Poderoso. Hofni e Finéias, os filhos de Eli,
eram sacerdotes do Deus Eterno, em Siló. Cada vez que Elcana oferecia o seu
sacrifício, ele dava uma parte para Penina e outra para todos os seus filhos e filhas.
Mas para Ana ele dava uma porção dobrada. Elcana a amava muito, embora o Deus
Eterno não permitisse que ela tivesse filhos. Penina, sua rival, provocava e
humilhava Ana porque o Eterno não permitia que ela tivesse filhos. Isso acontecia
ano após ano. Sempre que iam à casa do Deus Eterno, Penina irritava tanto Ana, que
ela ficava só chorando e não comia nada. Um dia o seu marido Elcana lhe perguntou:
-Ana, por que você está chorando? Por que não come? Por que está sempre triste?
Por acaso, eu não sou melhor para você do que dez filhos? Certa vez eles estavam
em Siló e tinham acabado de comer. Eli, o sacerdote, estava sentado na sua cadeira,
na porta da Tenda Sagrada. Aí Ana se levantou aflita e, chorando muito, orou ao
Deus Eterno. E fez esta promessa solene: -Ó Deus Todo-Poderoso, olha para mim,
tua serva. Vê a minha aflição e lembra-te de mim! Não te esqueças da tua serva! Se
tu me deres um filho, prometo que o dedicarei a ti por toda a vida e que nunca ele
cortará o cabelo. Ana continuou orando ao Deus Eterno durante tanto tempo, que Eli
começou a prestar atenção nela e notou que os seus lábios se mexiam, porém não
45
saía nenhum som. Ana estava orando em silêncio, mas Eli pensou que ela estava
bêbada e disse: -Até quando você vai ficar embriagada? Veja se pára de beber! -
Senhor, -respondeu ela-,eu não estou bêbada. Não bebi nem vinho nem cerveja.
Estou desesperada e estava orando, contando a minha aflição ao Eterno. Não pense
que sou uma mulher sem moral. Eu estava orando daquele jeito porque sou muito
infeliz e sofredora. Então Eli disse: -Vá em paz. Que o Deus de Israel lhe dê o que
você pediu! -Que o senhor sempre pense bem de mim! -respondeu ela. E saiu. Então
comeu alguma coisa e já não estava tão triste. Na manhã seguinte Elcana e a sua
família se levantaram cedo e adoraram ao Deus Eterno. Aí voltaram para casa, em
Ramá. Elcana teve relações com a sua esposa Ana, e o Eterno respondeu à oração
dela. Ela ficou grávida e, no tempo certo, deu à luz um filho. Pôs nele o nome de
Samuel e explicou: -Eu pedi esse filho ao Deus Eterno. (1 Samuel 1:1-20 BLH)
Ana carregava um drama pessoal - não tinha filhos! Seu problema era
agravado de um lado por Penina, sua rival, que provocava e humilhava Ana porque o
Eterno não permitia que ela tivesse filhos . Por outro lado, havia o intenso amor de
seu marido que, pelo visto, só aumentava sua amargura - Ana, por que você
está chorando? Por que não come? Por que está sempre triste? Por acaso, eu não sou melhor
para você do que dez filhos ?
(- Uma verdadeira panela de pressão – Você já se sentiu assim?).
Vitoriosa no amor, mas derrotada na maternidade, Ana carregava uma
escuridão em seu íntimo que a fazia penar. Então, cansada de sofrer,
ela foi à luta!
E foi no lugar certo - o Templo - onde, na presença do Pai poderia expor
seu sofrimento.
Ana colocou perante o Senhor toda a escuridão de seu íntimo -chorando
muito, orou ao Deus Eterno Sua oração tinha uma expressão facial e corporal tão
marcante que o sacerdote Eli, certamente acostumado a ver pessoas
orando, reparou em Ana e a interpelou. Ana não teve dificuldades em
colocar seus sentimentos para pessoa em que pudesse confiar. Após o
sumo-sacerdote Eli tê-la abençoado, ela retornou à sua casa diferente (lembra-se
de que ela não estava se alimentando?). Pois bem, quando chegou em casa
começou a comer e o seu aspecto já não era o mesmo - Então comeu alguma
coisa e já não estava tão triste. Na manhã seguinte Elcana e a sua família se levantaram
cedo e adoraram ao Deus Eterno. Aí voltaram para casa, em Ramá. Elcana teve relações com
a sua esposa Ana, e o Eterno respondeu à oração dela.
A oração e a cura:
O que nos chama a atenção é que a depressão abandonou Ana após
sua oração e antes da resposta àquela oração que ela fez! Isto
ocorreu logo após Ana ter colocado perante o Pai toda a amargura de sua
alma e muito antes de ter o filho desejado.
46
Conclusão: Ana foi curada da depressão pela oração e não pela
resposta à sua oração! Por que? Porque é somente quando expomos ao
Pai todo o nosso coração dolorido é que estamos aptos a receber o abraço
dEle e provar do Seu amor. E quando isso acontece , aceitamos até que o
Pai guie nossa vida em rumos diferentes de nossos desejos. Ele nos convida
a sonhar novos sonhos com Ele!
Foi o que aconteceu com Ana - a existência do filho não foi mais necessária
para que ela se sentisse bem.
A comunhão com o Pai nos traz maior amor do que podemos experimentar
em qualquer condição ou situação de vida, seja: solteiro ou casado, rico ou
pobre, bonito ou feio, com ou sem filhos, etc...
- Nossa vida plena não depende de nenhuma dessas condições especiais de
vida, mas somente do amor do Pai - total e ilimitado.
E aí a oração cura, antes mesmo da resposta.
Boa meditação!
Jorge Wilson
47
Evite a terra de Node
E conheceu Adão a Eva, sua mulher, e ela concebeu e deu à luz a Caim, e disse:
Alcancei do Senhor um homem. 2 E deu à luz mais a seu irmão Abel; e Abel foi
pastor de ovelhas, e Caim foi lavrador da terra. 3 E aconteceu ao cabo de dias que
Caim trouxe do fruto da terra uma oferta ao Senhor. 4 E Abel também trouxe dos
primogênitos das suas ovelhas, e da sua gordura; e atentou o Senhor para Abel e
para a sua oferta. 5 Mas para Caim e para a sua oferta não atentou. E irou-se Caim
fortemente, e descaiu-lhe o semblante. 6 E o Senhor disse a Caim: Por que te iraste?
E por que descaiu o teu semblante? 7 Se bem fizeres, não é certo que serás aceito? E
se não fizeres bem, o pecado jaz à porta, e sobre ti será o seu desejo, mas sobre ele
deves dominar. 8 E falou Caim com o seu irmão Abel; e sucedeu que, estando eles
no campo, se levantou Caim contra o seu irmão Abel, e o matou. 9 E disse o Senhor
a Caim: Onde está Abel, teu irmão? E ele disse: Não sei; sou eu guardador do meu
irmão? 10 E disse Deus: Que fizeste? A voz do sangue do teu irmão clama a mim
desde a terra. 11 E agora maldito és tu desde a terra, que abriu a sua boca para
receber da tua mào o sangue do teu irmào. 12 Quando lavrares a terra, não te dará
mais a sua força; fugitivo e vagabundo serás na terra. 13 Então disse Caim ao
Senhor: É maior a minha maldade que a que possa ser perdoada. 14 Eis que hoje me
lanças da face da terra, e da tua face me esconderei; e serei fugitivo e vagabundo na
terra, e será que todo aquele que me achar, me matará. 15 O Senhor, porém, disse-
lhe: Portanto qualquer que matar a Caim, sete vezes será castigado. E pôs o Senhor
um sinal em Caim, para que o não ferisse qualquer que o achasse. 16 E saiu Caim de
diante da face do Senhor, e habitou na terra de Node, do lado oriental do Éden.
Eva provavelmente tinha expectativas acerca de Caim - Alcancei do Senhor um
homem. Afinal de contas, havia sido prometido que um seu descendente
haveria de ferir mortalmente a serpente que a havia enganado (Satanás),
pois Deus havia dito (à serpente):- E porei inimizade entre ti e a mulher, e entre a
tua semente e a sua semente; esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar. (Teria
Eva expectativas de que Caim os levasse de volta ao Paraíso? – Não
sabemos).
Posteriormente Eva deu à luz a Abel que foi pastor de ovelhas ao contrário
de Caim que era agricultor. Ao apresentarem suas ofertas ao Senhor, atentou
o Senhor para Abel e para a sua oferta. Mas para Caim e para a sua oferta não atentou. Não
foi a ausência de sangue que desqualificou a oferta de Caim, mas ele mesmo - Mas para
Caim e para a sua oferta não atentou. O foco de Deus estava no ofertante e não na oferta .
Então, irou-se Caim fortemente, e descaiu-lhe o semblante.
A alteração física de Caim (no semblante) foi um fato marcante provocado
pela sua ira e rejeição, sentimentos que não conseguiu mobilizar para fazer
o caminho do arrependimento e encontrar o perdão e a Graça do Pai.
(Guardaria ele consigo alguma mágoa de Deus pela expulsão de seus pais -
Adão e Eva - do Paraíso? Ou será que Caim concluiu que Abel teria
conquistado “a única vaga” para voltar ao Éden?).
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Meditando sobre o Velho Testamento

  • 1. Meditando no Velho Testamento 25/10/2014 Jorge Wilson Nogueira Neves
  • 2. 1 Introdução O Velho Testamento é a raiz da teologia cristã e muito aproveitaremos em meditar sobre seus textos. http://pt.wikipedia.org/wiki/Hist%C3%B3ria_da_teologia_crist%C3%A3#mediavie wer/File:Bible.malmesbury.arp.jpg Bible.malmesbury.arp Domínio público Compartilho aqui meditações usadas um Pequenos Grupos e baseadas em textos do Velho Testamento que tem muito a nos ensinar pois são inspirados pelo Espirito Santo. Esperamos que sejam relevantes para seu devocional diário. Jorge Wilson N. Neves
  • 3. 2 Sumário Introdução..................................................................................................................................... 1 Conhecidos do Pai......................................................................................................................... 6 Simplifique! Se necessário - renuncie ........................................................................................... 7 A oração e o afeto......................................................................................................................... 9 O jardim de cada um................................................................................................................... 11 O cristão pode se lamentar? ....................................................................................................... 13 O tempo de Deus e o nosso ........................................................................................................ 16 O homem de hoje e a busca de algo mais................................................................................... 17 Você também é distraído e tagarela? ......................................................................................... 19 A oração e o confronto - surge uma nova identidade!.............................................................. 20 Nós, o sábado e a graça............................................................................................................... 22 A fome e a fartura - e entre elas, eu!.......................................................................................... 25 O ferido que cura ........................................................................................................................ 27 Shema.......................................................................................................................................... 30 Saindo da depressão ................................................................................................................... 32 Mãe até o fim e até depois! ........................................................................................................ 36 Das profundezas.......................................................................................................................... 38 As mãos do Pai ............................................................................................................................ 40 Quem te faz orar? Um leão? ....................................................................................................... 41 A cura de Ana .............................................................................................................................. 44 Evite a terra de Node .................................................................................................................. 47 As duas geografias de cada um!.................................................................................................. 50 Nossas dificuldades com os sentimentos dos outros ................................................................. 52 Curando as memórias ................................................................................................................. 54 O Dossiê....................................................................................................................................... 56 Tudo tem jeito na Casa do Oleiro................................................................................................ 58 Deus faz com que o solitário more em família............................................................................ 59 Big Brother .................................................................................................................................. 62 Vivemos imersos em mistérios ................................................................................................... 64 O que Deus pensa de mim .......................................................................................................... 65 Amados, mesmo na disciplina..................................................................................................... 66 Está o Senhor no meio de nós ou não?....................................................................................... 67 Retiro de Homens 2005 - primeiro dia - Urias ............................................................................ 70
  • 4. 3 Retiro de Homens 2005 - segundo dia - O ético, o antiético e o “sem-noção” .......................... 77 Quatro vezes muito obrigado! .................................................................................................... 79 Salmo 40 - É tudo muito humano ............................................................................................... 81 Salmo 94 - Um caso para o juiz. .................................................................................................. 84 Salmo 38 - Curando os efeitos do meu pecado .......................................................................... 86 Os dois caminhos ........................................................................................................................ 88 Há olhos e olhos.......................................................................................................................... 90 Falando com salmos.................................................................................................................... 93 As Tentações ............................................................................................................................... 95 O Fiador e o Advogado................................................................................................................ 97 Amor, escolhas e o mistério no casamento................................................................................ 99 O PRIMEIRO CASAMENTO....................................................................................................... 99 O DESAFIO DE UMA VIDA À DOIS............................................................................................ 99 PRIMEIRO O AMOR E DEPOIS, AS ESCOLHAS........................................................................ 100 ILUSTRAÇÃO NO ESPORTE..................................................................................................... 100 AS ESCOLHAS NOS TEMPOS DIFÍCEIS - o mistério................................................................. 101 Um salmista na Terceira Idade.................................................................................................. 103 As orações de Habacuque......................................................................................................... 105 Não queira “compensar Deus” pelo seu pecado ...................................................................... 108 Faltou perdão porque faltou memória ..................................................................................... 111 Os degraus da intimidade com o Pai......................................................................................... 115 E se... ......................................................................................................................................... 118 Certas coisas que não falamos a Deus ...................................................................................... 120 Profissão: jardineiro .................................................................................................................. 123 Especialmente mas não só para líderes.................................................................................... 126 Aprendendo a lamentar com Davi ............................................................................................ 131 A intervenção de Abigail na vida de Davi.................................................................................. 133 Disciplina e restauração em Sofonias ....................................................................................... 137 Um salmo na Páscoa ................................................................................................................. 140 O Senhor reina! ......................................................................................................................... 142 Quiseram transformar Deus em deus....................................................................................... 144 O que é que não é? ................................................................................................................... 146 Creio para entender.................................................................................................................. 149 Disponibilize sua própria história.............................................................................................. 151
  • 5. 4 Um balanço de final de ano ...................................................................................................... 153 Um salmo para recomeçar........................................................................................................ 155 O peregrino ............................................................................................................................... 156 As confissões de Jeremias......................................................................................................... 158 PRIMEIRA CONFISSÃO........................................................................................................... 159 SEGUNDA CONFISSÃO........................................................................................................... 160 TERCEIRA CONFISSÃO ........................................................................................................... 163 QUARTA CONFISSÃO............................................................................................................. 165 QUINTA CONFISSÃO.............................................................................................................. 168 SEXTA CONFISSÃO................................................................................................................. 169 Conclusão.............................................................................................................................. 170 Na guerra dos desejos - sejamos honestos!.............................................................................. 171 As quatro mensagens do profeta Ageu..................................................................................... 173 Reavivamento – a Graça torna minha fé suficiente.................................................................. 177 O Deus distante e o Deus próximo............................................................................................ 180 Que uso você faz dos atributos de Deus?................................................................................. 183 A onisciência.......................................................................................................................... 184 A onipresença:....................................................................................................................... 184 A onipotência ........................................................................................................................ 184 Vivendo a restauração do Senhor............................................................................................. 187 Um salmo que levanta o meu tapete........................................................................................ 190 Os dois banquetes oferecidos................................................................................................... 193 Modelo de gerente ideal........................................................................................................... 196 Espiritualidade para fora de mim.............................................................................................. 198 Um salmista “sem reservas” ..................................................................................................... 201 Cânticos de Romagem............................................................................................................... 204 Cântico de Romagem I .......................................................................................................... 204 Cântico de Romagem II ......................................................................................................... 207 Cântico de Romagem III ........................................................................................................ 210 Cântico de Romagem IV........................................................................................................ 213 Cântico de Romagem V......................................................................................................... 215 Cântico de Romagem VI........................................................................................................ 218 Cântico de Romagem - VII..................................................................................................... 221 Cântico de Romagem - VIII.................................................................................................... 224
  • 6. 5 Cântico de Romagem - IX ...................................................................................................... 227 Cântico de Romagem - X ....................................................................................................... 230 Cântico de Romagem - XI ...................................................................................................... 233 Cântico de Romagem - XII ..................................................................................................... 235 Cântico de Romagem - XIII.................................................................................................... 237 Cântico de Romagem XIV...................................................................................................... 240 Cântico de Romagem XV....................................................................................................... 242
  • 7. 6 Conhecidos do Pai Melhor que conhecer a Deus? "Tornou Moisés ao Senhor e disse: Ora, o povo cometeu grande pecado, fazendo para si deuses de ouro. Agora, pois, perdoa-lhe o pecado; ou, se não, risca-me, peço-te, do livro que escreveste". Ex. 32:31-32. Enquanto Moisés estava no monte, o povo de Israel fez para si um bezerro de ouro para adorar. Moisés, então, clama ao Senhor que perdoe o povo a quem amava, preferindo até ser disciplinado junto com o mesmo. Revela-nos, para surpresa nossa, a existência do "livro de Deus" - (Deus tem um livro!). Porque será que Deus precisaria de um livro de anotações, um registro de seus amados? Sua onisciência não seria confiável? Se esse livro existe, quem colocará nele o meu nome? Em Apocalipse 3:4-5 temos: "Tens, contudo, em Sardes, umas poucas pessoas que não contaminaram as suas vestiduras, e andarão de branco junto comigo, pois são dignas. O vencedor será assim vestido de vestiduras brancas, e de modo nenhum apagarei o seu nome do livro da vida; pelo contrário, confessarei o seu nome diante de meu Pai e diante de seus anjos". O livro do Senhor nos coloca na condição de seus conhecidos e nos garante que estaremos com Ele e o Filho no céu. Andaremos de branco junto dEles. Em Cristo, somos dignos! Manifeste sua gratidão ao Pai, porque, afinal: Melhor que conhecer a Deus? - É ser conhecido dEle! Medite sobre isto! Jorge Wilson
  • 8. 7 Simplifique! Se necessário - renuncie Reorganizando seu mundo Tudo o que aprendi se resume nisto: Deus nos fez simples e direitos, mas nós complicamos tudo. (Eclesiastes 7:29 BLH) Quando folheamos revistas ou apreciamos out-doors nossa insatisfação é provocada até que procuremos resolver o problema adquirindo um dos produtos anunciados. Isso ocorre até em anúncios dentro do meio evangélico – até a Bíblia é vendida nas mais diferentes versões e formatos e focos diversos. A nossa velha Bíblia parece sempre fora de moda. Isso não é novo, lembra-se de Eva? Pois, assim como Eva foi enganada pelas mentiras da cobra, eu tenho medo de que a mente de vocês seja corrompida e vocês abandonem a devoção sincera e pura a Cristo. (2 Coríntios 11:3 BLH) A tensão embutida (mas nunca explicitada quando adquirimos algo) vem atrapalhar nossa vida de intimidade com Deus, pois Paulo ensina no versículo acima Charles Swindoll escreve: "O lema da nossa sociedade consumidora é um alto e dogmático – mais! Nada é satisfatoriamente suficiente". 1 O pior é que nós não somente adquirimos coisas, mas as acumulamos. Isto acaba gerando tensão, além dos gastos financeiros. De certa forma também somos cobrados em nosso consumo (um avaliador impiedoso no meio da sociedade) - você é o que você consome! Se você consome bem, é porque ganha bem! Então você deve ser um bom profissional! Administrar esses "acúmulos" dá trabalho; até nossa vida espiritual sofre. Além das aflições que chegam pelas próprias pernas, criamos essas outras. Quem tem uma segunda casa, apartamento, chácara, sociedades comercias sabe do que estou falando É muita tensão e desgaste após um primeiro momento de prazer. - (Salomão estava certo: - Nós complicamos tudo!) A disciplina da simplicidade. - Por que precisamos dela? Ela vem para descomplicar nossa vida, para reorganizar nosso próprio mundo.
  • 9. 8 Richard Foster nos ensina: “ O ponto central da disciplina da simplicidade é buscar primeiro o reino de Deus e a sua justiça” Mt 6:32-33(...) Nada deve vir antes do reino de Deus, nem mesmo o desejo de um estilo de vida simples. A simplicidade torna-se idolatria quando precede a busca do reino “. E cita Soren Kierkgaard”: “Buscai em primeiro lugar o reino de Deus e a sua justiça”. Que significa isto, que tenho eu de fazer, ou que tipo de esforço é este que pode ser chamado de buscar ou perseguir o reino de Deus? Deverei tentar obter um emprego compatível com os meus talentos e minhas forças para que assim exerça influência? Não, deves primeiro buscar o reino de Deus. Devo, então, dar toda a minha fortuna para os pobres? Não, deves primeiro buscar o reino de Deus. Devo, então, sair a proclamar este ensino ao mundo? Não, deves primeiro buscar o reino de Deus. Mas então, em certo sentido, nada é o que devo fazer? Sim, certamente, em certo sentido, nada, tornar-se nada diante de Deus, aprender a manter-se silente; nesse silêncio está o começo, que é buscar primeiro o reino de Deus”. 2 Devemos carregar apenas o essencial. Com uma mochila leve, andamos melhor; até corremos! Foi o que Paulo concluiu: No passado, todas essas coisas valiam muito para mim; mas agora, por causa de Cristo, considero que não têm nenhum valor. E não somente essas coisas, mas considero tudo uma completa perda, comparado com aquilo que tem muito mais valor, isto é, conhecer completamente Cristo Jesus, o meu Senhor. Eu joguei tudo fora como se fosse lixo, a fim de poder ganhar a Cristo (Filipenses 3:7-8 BLH) Simplifique para viver melhor! Se necessário, renuncie - Jogue tudo fora como se fosse lixo, a fim de poder ganhar a Cristo Lembre-se: Deus nos fez simples e direitos. Boa meditação Jorge Wilson 1 Charles Swindoll – Intimidade com o Todo-Poderoso . Ed Mundo Cristão, São Paulo.1997, pág 108 2 Richard Foster. Celebração da Disciplina
  • 10. 9 A oração e o afeto Lendo o livro Caminhos do coração - do Pr. Ricardo Barbosa extraímos varias lições. O que Jó descobriu... (e o que nós temos que descobrir). Jó era o "orgulho de Deus". Em Jó 1:8 Deus fala a Satanás: "Observaste o meu servo Jó? Porque ninguém há na terra semelhante a ele, homem íntegro e reto, temente a Deus e que se desvia do mal." Este texto não deixa dúvidas quanto à conversão de Jó ao Senhor, tanto que Jó foi a pessoa escolhida para chamar a atenção de Satanás. A dúvida do inimigo. Então respondeu Satanás ao Senhor: "Porventura Jó debalde teme a Deus? Acaso não o cercaste com sebe (cerca) a ele e a sua casa e a tudo quanto tem? A obra de suas mãos abençoaste, e os seus bens se multiplicaram na terra Estende, porém, a tua mão, e toca-lhe em tudo quanto tem, e verás se não blasfema contra ti na tua face!" Jó 1: 9-11. As dúvidas de Satanás seriam: O homem amaria a Deus fora do relacionamento utilitário sem receber nenhuma bênção, sem nenhum desejo oculto de ser recompensado? O homem amaria a Deus simplesmente porque Deus é Deus? Seria possível o encontro entre Deus e o homem onde amizade, amor e afeto seriam as únicas motivações? Ou será que espiritualidade é apenas um bom negócio? (R. Barbosa) Para Satanás, Jó teria, no fundo de sua alma desejos e motivações ocultas, camufladas (muito bem camufladas!), e que, uma vez não satisfeitos (ou retirados, se satisfeitos) iriam abalar o seu amor a Deus. Satanás queria dizer, em suma, que: "ninguém consegue responder ao amor de Deus" e assim, ele se justificaria e acusaria Deus como responsável final pela sua queda. O teste Foi permitido retirar de Jó tudo aquilo que pessoalmente ou materialmente simbolizava a graça de Deus. E assim Jó perdeu seus bens, sua família, sua saúde e até o companheirismo de sua esposa. O deserto
  • 11. 10 E Jó entrou naquele deserto onde às vezes precisamos ir. No deserto onde lidamos com a realidade do nosso coração e de nossos afetos. No deserto, onde penetramos no mundo de sofrimento e privação, onde podemos nos conscientizar da realidade do nosso coração e dos nossos afetos e descobrir o verdadeiro amor que temos por Ele. E é este amor, que nasce de nosso coração é que determina o segredo principal de nossa espiritualidade. Quando o Senhor Jesus chamou o apóstolo Pedro para o pastorado não lhe perguntou sobre sua teologia, nem mesmo as experiências que tenha tido, mas se ele O amava. Era o afeto de Pedro que interessava a Jesus. Isto não significa que o conhecimento ou a experiência são irrelevantes; mas se estes não são traduzidos em afetos, se não atingirem o coração, transformam-nos em presas fáceis para as apostas de diabo. Jesus ensinou que amar a Deus, de todo o coração, força e entendimento é o cumprimento da Lei e dos profetas. A teologia de Jó Jó tinha a mesma teologia de seus amigos - a da retribuição: "Deus abençoaria os justos e castigaria os ímpios". Só que, agora, essa teologia não conseguia explicar o seu conflito... Nem a sua dor! E a nossa própria teologia? A dúvida de Jó paira também sobre nós. Os motivos que nos levam a procurar o Pai - seu poder e misericórdia - nem sempre nascem do desejo sincero e puro de amá- lo e servi-lo desinteressadamente. Muitas vezes, as recompensas esperadas na oração falam mais alto que o nosso amor e o nosso afeto. O caminho do amor e amizade Deus nos capacita, pelo seu Espírito, a que possamos responder ao amor dEle e amá-Lo como Jesus ensinou. Pr. Ricardo Barbosa, no seu livro Caminhos do coração - Ed. Encontro - comenta: "A vida espiritual é aquela que nos leva a tirar do coração o que há de mais precioso e oferecê-lo ao Senhor, a buscar nos compartimentos mais secretos da alma os sentimentos mais nobres e puros e dedicá-los a serviço da adoração. A partir do momento em que o homem for capaz de adorar e servir a Deus por nada, simplesmente porque este é Deus e não porque o cobre de benefícios, aí ele encontra o sentido maior de sua devoção, o centro de sua espiritualidade, o coração como fonte dos afetos mais puros e genuínos da alma humana". P.S. Esse texto foi extraído na leitura do livro Caminhos do coração - do Pr. Ricardo Barbosa, o qual recomendamos a leitura.
  • 12. 11 O jardim de cada um A graça e a fidelidade do Pai constroem jardins personalizados para nós "E plantou o Senhor Deus um jardim no Éden, da banda do Oriente, e pôs nele o homem que havia formado". Gen 2:8 Mas, Adão caiu e foi despejado! Desde então o ser humano tenta construir um outro jardim, um lugar para amar (e nele viver) - um novo Éden. No jardim original, o Senhor havia mandado que o homem desse nome a tudo. Dar nome pressupunha se envolver, observar, avaliar, apreciar e, enfim, desenvolver toda uma percepção amorosa de tudo que o cercava. A graça e a fidelidade do Pai constroem jardins personalizados para nós. Neles estão nossa família amigos, irmãos, bens, tudo enfim para nosso cuidado e desfrute. Assim como, no Éden, o Senhor mandou que Adão desse nomes a tudo que o cercava, devemos também pensar que nome damos aos diversos elementos desse jardim. Falando mais claro: Que nome damos àquilo que recebemos do Senhor? O que simboliza, para nós, os elementos desse Jardim? Será que ele faz sentido para você? No Pequeno Príncipe, Antoine Saint-Exupéry, nos narra a seguinte parábola: "O príncipe encontrou-se com um bichinho que ele nunca havia visto antes, uma raposa. E a raposa lhe disse: - Você quer me cativar? - Que é isso? - perguntou o menino. - Cativar é assim: eu me assento aqui, você se assenta lá, bem longe. Amanhã a gente se assenta mais perto. E assim, aos poucos, cada vez mais perto... O tempo passou, o principezinho cativou a raposa e chegou a hora da partida. - Eu vou chorar - disse a raposa. - Não é minha culpa - desculpou-se a criança. Eu lhe disse, eu não queria cativá- la...Não valeu a pena. Você percebe? Agora você vai chorar! - Valeu a pena sim - respondeu a raposa. - Quer saber por quê? Sou uma raposa. Não como trigo. Só como galinhas. O trigo não significa nada para mim. Mas você me cativou. Seu cabelo é louro. E agora, na sua ausência, quando o vento fizer balançar o campo de trigo, eu ficarei feliz, pensando em você..."".
  • 13. 12 E o trigo, antes sem sentido, passou a carregar em si uma ausência, que fazia a raposa sorrir. Só o Espírito pode nos ajudar a compreender ( como a raposa ), que os elementos de nosso jardim podem fazer sentido, muito embora estejamos dando-lhes nomes que nem sempre refletem a nossa compreensão dele. Nesse jejum, reflita sobre seu jardim. Sinta-o como extensão de si mesmo. Dê-lhe sentido! Obs: inspirado no livro O que é religião? De Rubem Alves (Ed.Loyola) Boa meditação! Jorge Wilson
  • 14. 13 O cristão pode se lamentar? O lamento e a espiritualidade No mundo antigo, todos os eventos humanos tinham uma contrapartida celestial. Provavelmente alguma briga de deuses haveria e sobraria alguma coisa para o nosso lado. Os seres humanos, então expressavam os seus lamento entre si e aos deuses para aplacá-los em sua fúria e voltar tudo ao normal. Era o consenso da época. E hoje, como será em nossa cultura? Existe consenso? Tem o lamento, espaço, mesmo na igreja? Ou será que consideramos todo aquele que se lamenta muito um "chato", e fugimos dele? E o cristão? Será que ele pode se lamentar? Terá ele direito a esse espaço? James Houston em A fome da alma, pág. 174 nos ensina: "Mas para nós, hoje em dia, a lamentação não parece algo saudável, justamente porque nossas tristezas, nossas dores e nossos sofrimentos estão muito mais arraigados, trancados dentro de nós. Graças à nossa cultura moderna, separamos as dimensões religiosa, social e pessoal da nossa humanidade. No entanto, as três fazem parte de nosso ser total. Separamos o conhecimento de Deus do conhecimento da sociedade e do conhecimento do próprio ser. Poderíamos dizer, desse modo, que o desespero moderno tem um poder de destruição interna muito intenso, desconhecido dos povos do mundo antigo. Eles pareciam conseguir compartilhar seu fardo com o resto da comunidade. Mas nós, com nossa ênfase na auto-atualização e na auto-realização, só temos acelerado esse potencial de autodestruição do desespero de maneiras desconhecidas até mesmo da geração de Kierkegaard" (filósofo existencialista-cristão). Os judeus se lamentavam vestindo panos de saco, cinzas, jejuns e pranteavam em voz alta - tudo isso era manifestação comum de dor (inclusive em várias partes do mundo). Só que, enquanto os povos tinham outros deuses, com os judeus Deus havia se revelado um Deus fiel e preocupado, vejamos:  Deus ouviu o clamor do sangue derramado de Abel - Gen 4:10  Deus ouviu o choro de Agar e de seu filho no deserto - Gen 21:17  Deus ouviu o clamor dos judeus no Egito - Ex. 3:7 Felizmente existe na Bíblia vários exemplos de lamentos (p.ex. o livro de Lamentações), o que nos deixa à vontade para iniciar o assunto, vejamos:
  • 15. 14 O lamento é a expressão da alma entristecida e possui três dimensões: 1. Religiosa - dirigido a Deus, teológica. 2. Comunitária - social 3. Individual - psicológica Os três elementos da lamentação pressupõem uma compreensão em que a teologia, a sociologia e a psicologia não foram separadas umas das outras. Os salmos de lamentação falam a Deus nessas três dimensões: 1. As queixas de Israel a Deus contra os seus inimigos 2. A compreensão de que toda a comunidade será beneficiada quando o Senhor ouvi-la e livrá-la 3. A consciência do indivíduo de que ele também será confortado Vemos, por outro lado, que Deus também se lamenta e divide a sua tristeza com seus amigos, os profetas:  "O boi conhece o seu possuidor e o jumento, a manjedoura de seu dono, mas Israel não conhece, o meu povo não entende" Isaías 1:3.  "Por que, pois, este povo de Jerusalém se desvia, apostatando continuamente? Persiste no engano, não quer voltar[...]Até a cegonha no céu conhece as suas estações; a rola, a andorinha e o grou observam o tempo da sua arribação, mas o meu povo não conhece o juízo do Senhor" Jeremias 8:5, 7. As lamentações divinas revelam uma dor que jamais conseguiríamos entender!! Finalmente, o lamento redentor de Cristo na cruz, perdoando os seus inimigos, vem nos trazer a cura! Cristo cumpriu o propósito da nova aliança com a raça humana e é isto que nos leva:  Do desespero para a esperança  Da morte para a vida  Do "eu sozinho" para a comunhão  Da vida de alienação para o encontro com o Senhor e os irmãos. O lamento deve sempre ter a visão do controle de todas as coisas pelo Pai e deve terminar sempre reafirmando a nossa fé no Seu amor. Lembre-se: Nunca duvide do amor do Pai! Se for o caso, ofereça ao Pai o seu lamento e compartilhe-o também com seu irmão. Se não, seja misericordioso com aqueles que parecem estar entristecidos,
  • 16. 15 escute-os e ajude-os com suas cargas. Tendo sido criados à imagem de um Deus Trinitário, com o desejo de relacionamento colocado no mais profundo de nosso ser, convivemos com a agitação, o estresse, com o medo e a perda, quando rejeitamos a Deus ou as outras pessoas que também foram feitas à imagem dEle. Lembre-se que: O Senhor não rejeitará para sempre; pois, ainda que entristeça a alguém, usará de compaixão segundo a grandeza das suas misericórdias; porque não aflige nem entristece de bom grado os filhos dos homens. Lamentações de Jeremias 3: 31 - 33 Jorge Wilson
  • 17. 16 O tempo de Deus e o nosso O autor do Salmo é Moisés (esse é o mais antigo dos salmos e o único atribuído a ele). Após ter conduzido o povo de Israel pelo deserto por quarenta anos, Deus negou-lhe o pedido para entrar na Terra Prometida pela seguinte razão: Deus se aborrecera com Moisés. Em Números 20:10 temos a narração em que Moisés roubara a glória de Deus (Arão também) quando sugeriu ao povo que eles podiam fazer surgir água da pedra pela força ao invés de simplesmente dar ordem à rocha, como lhes havia sido ordenado: "Seja sobre nós a graça do Senhor nosso Deus; confirma sobre nós as obras de nossas mãos, sim, confirma a obra das nossas mãos". Salmo 90:17 "Ouvi, agora, rebeldes, porventura tiraremos [nós] água desta rocha para vós?". Por causa do seu pecado, Moisés e Arão não entraram na Terra Prometida (nem sempre o perdão dos pecados traz consigo o alívio das consequências do mesmo). O Reino de Deus não é uma "franquia" nossa (nem a nossa igreja) para fazermos o que bem entendermos. Vivemos e existimos dentro de uma atmosfera de submissão ao Pai e a crença em Sua palavra é mais o mais importante de tudo (mesmo que as nossas gargantas estejam secas). Embora sabendo que "teria de sair de campo", ou seja, com seu tempo de vida acabado, Moisés dá exemplo da sua mansidão pedindo para saber contar seus dias para alcançar um coração sábio (Sl 90:12). Pede também para que aquilo em que ele "queimou sua vida" tenha sido feito de para a glória do Pai e feito de acordo com a Sua vontade: confirma sobre nós as obras de nossas mãos, sim, confirma a obra das nossas mãos (Sl 90:17). Nossa oração é que possamos ser mansos como Moisés (mansidão é um fruto do Espírito - Gal 5:22-23) e entender que a nossa vida é um poema para glória do Pai. ...e a glória é só dEle! "Era o varão Moisés mui manso, mais do que todos os homens que havia sobre a terra".Num 12:3 Boa meditação! Jorge Wilson
  • 18. 17 O homem de hoje e a busca de algo mais Antes eu te conhecia só por ouvir falar, mas agora eu te vejo com os meus próprios olhos. Por isso, estou envergonhado de tudo o que disse e me arrependo, sentado aqui no chão, num monte de cinzas. (Jó 42:5-6 BLH) O homem moderno (ou pós-moderno) desenvolveu uma crescente habilidade, uma disposição de permanecer aberto e viver com os pequenos fragmentos que, no momento, parecem oferecer a melhor resposta a uma determinada situação. Ele poder ouvir com grande atenção um rabino um padre, um pastor ou místicos quaisquer sem considerar a aceitação de nenhum sistema de pensamento. - Se está fazendo bem para mim nesse momento, é válido! (o que vale é o momento!). O homem de hoje é fragmentado não tem uma ideologia central. Ele trocou a mesma por fragmentos ideológicos mais flexíveis. Ele é continuamente exposto a idéias divergentes, tradições divergentes, assim como convicções religiosas e estilos de vida. E desenvolve, assim, um estilo tolerante. - Se está fazendo bem para mim nesse momento, é válido! (o que vale é o momento!). Em sua fragmentação, ao mesmo tempo em que ele se maravilha com os avanços da ciência, fica impotente diante dos que sabe morrer pela fome em outra parte do mundo. Em todo o tempo ele tem de se adaptar e tolerar estilos diferentes de vida, de opções (até sexuais) e vive continuamente entre vários polos muitas vezes contraditórios. Sua saída foi fazer da sua vida uma arte, uma "grande colagem" de peças divergentes, ideias e ideologias diversas num "grande colar de muitas contas" (ou um terço onde não se consegue rezar). Quando esse homem convive com um cristianismo que seja apenas uma ideologia, ele não tem dificuldade em “colar” mais essa ideia. ”Irá ouvir, talvez até leia a bíblia, mas o ceticismo dele vai continuar. Dessa forma tenta aceitar tudo, conviver e ir em frente”. Talvez por isso haja grande procura por uma espiritualidade "zen". Algo que fique acima de todas essas divergências e que leve o indivíduo a transcender, transportar-se para outros níveis de realização onde possa buscar respostas que o integrem e fugir dessa sua fratura existencial. E aí todos querem transcender!
  • 19. 18 Foi só após "ver" Deus que Jó se arrependeu de sua "colagem" - no chão e na cinza! Muitas vezes também saímos por aí colando o nosso cristianismo com muitas outras ideias e filosofias divergentes, contraditórias em si mesmas, nos esquecendo que Jesus não deixou uma ideologia, mas, principalmente, Ele deixou a si próprio! É Ele quem nos torna íntegros. E assim, descobrimos que não precisamos transcender, não precisamos ir. Foi Jesus quem veio! Por isso Jesus é o Grande Sacerdote de que necessitamos. Ele é perfeito e não tem nenhum pecado ou falha. Ele foi separado dos pecadores e elevado acima dos céus. Ele não é como os outros Grandes Sacerdotes; não precisa oferecer sacrifícios todos os dias, primeiro pelos seus próprios pecados e depois pelos pecados do povo. Ele ofereceu um sacrifício, uma vez por todas, quando se ofereceu a si mesmo.(Hebreus 7:26-27 BLH) Boa meditação! Jorge Wilson
  • 20. 19 Você também é distraído e tagarela? Já algumas vezes temos falado em como é importante um pouco de silêncio para meditarmos, ou seja, para ouvirmos o Pai. Acontece que vivemos num mundo “tagarela” e nos contaminamos com isso. Lá no fundo de nós mesmos acreditamos que as nossas palavras são muito mais importantes que o nosso silêncio. Por conseguinte não conseguimos ficar em silêncio a menos que o façamos com uma disciplina bem, eu diria...Enérgica! Em nossa sociedade “faladeira” o silêncio se tornou algo constrangedor. Se o pastor pedir numa celebração: ”Façamos silêncio por alguns momentos”, as pessoas se inquietam e perguntam a si mesmas: ”Quando isso vai acabar? Tudo isso acaba nos distraindo daquilo que o Pai quer nos revelar. O acontecimento real é que o Pai nos fala e nos comunica o Seu amor...Mas nós nos distraímos. O silêncio do cristão não é igual a solidão. É estar com o Pai e receber a Sua revelação. A leitura meditativa da Bíblia cria o espaço interior onde possamos ouvir o Pai. No aconselhamento, é importante que o pastor e o aconselhando entrem no amorável silêncio do Pai e ali esperem pela palavra que cura. É preciso perceber os movimentos do Espírito, conselheiro divino, e seguir esses movimentos sem medo. Como intercessores nossa tarefa é o contrário da distração. É ajudar as pessoas a se concentrar no acontecimento real, mas muitas vezes oculto, da presença de Deus em suas vidas. Torna-se absolutamente necessário que os ministérios cuidem em não manter seus membros tão atarefados que não possam mais ouvir o Deus que fala no silêncio. O propósito de todo ministério é revelar que Deus não é um Deus de medo, mas um Deus de amor. Os ministérios ensinarão isso quando levarem seus cooperadores à capela de oração. O silêncio é, acima de tudo, uma qualidade do coração que fica conosco mesmo quando conversamos com os outros. É uma cela portátil que levamos conosco para onde quer que vamos. Estando nela, falamos com os necessitados e a ela voltamos depois de as nossas palavras darem fruto.![1] Boa meditação! Jorge Wilson [1] Nouwen HJM – A espiritualidade do deserto e o ministério contemporâneo. Ed. Loyola, 2ª ed. pág.59
  • 21. 20 A oração e o confronto - surge uma nova identidade! “Em outra visão, Deus me mostrou o Grande Sacerdote Josué, que estava de pé em frente do Anjo do Deus Eterno. Satanás estava à direita de Josué, pronto para acusá- lo. O Anjo do Deus Eterno disse a Satanás: - Que Deus o condene, Satanás! Que o Deus Eterno, que escolheu Jerusalém, o condene! Esse homem é como um tição tirado do fogo. Josué, vestido com roupas sujas, continuava de pé em frente do Anjo. Aí o Anjo disse aos seus ajudantes que tirassem a roupa de Josué e depois lhe disse: -Assim eu tiro os seus pecados e agora vou vesti-lo com roupas de festa. Em seguida, o Anjo mandou que os seus ajudantes pusessem na cabeça de Josué um turbante que havia sido purificado. Eles puseram o turbante na cabeça dele e o vestiram com roupas de festa; e o Anjo do Deus Eterno continuava ali de pé. E ele disse a Josué: -O Deus Todo-Poderoso lhe diz o seguinte: "Se você obedecer às minhas leis e cumprir os seus deveres conforme eu ordeno, você será o administrador do Templo. Cuidará do santuário e de todos os outros edifícios; e, como estes anjos que estão aqui, você terá o mesmo direito de estar na minha presença. Portanto, escute, Grande Sacerdote Josué, e escutem também os sacerdotes que estão com você. Vocês todos são um sinal de que eu vou enviar ao meu povo o meu servo que se chama de <O Ramo Novo>. Coloquei em frente de Josué uma pedra que tinha sete lados. Eu, o Deus Todo-Poderoso, vou gravar nela um nome e num só dia vou tirar o pecado deste país. Naquele dia, cada um de vocês poderá convidar os vizinhos para que venham e fiquem à vontade debaixo das parreiras e das figueiras. Eu, o Deus Todo-Poderoso, falei." (Zacarias 3:1-10 BLH) A tarefa básica da Igreja é oferecer às pessoas os espaços e caminhos do encontro com o Pai. A grande verdade é que embora tendo o Pai nos amado primeiro e vindo ao nosso encontro parecemos fugir dEle por outros caminhos ( na verdade queremos fugir ao confronto). Cabe à Igreja a tarefa de propiciar o encontro e o contronto! É esse encontro que nos revela quem realmente somos. É no confronto com o Pai que nos tornamos perceptivos ao nosso próprio pecado. Zacarias experimentou isso quando, em visão, viu o sacerdote Josué que, embora sendo “como um tição tirado do fogo” , ou seja, perdoado pelo Pai ( pois o fogo purifica), era acusado por Satanás pois apresentava-se com vestes sujas (ainda era pecador) . Pois é, somos assim: frágeis, “sujos” e passíveis de acusação! Por outro lado, esse confronto nos torna visível o outro lado, o amoroso cuidado do Pai com seus filhos pois o Anjo mandou que os seus ajudantes pusessem na cabeça de Josué um turbante que havia sido purificado. Eles puseram o turbante na cabeça dele e o vestiram com roupas de festa. E daí, eu me vejo diferente.
  • 22. 21 Nessa visão Zacarias descobre não só as pessoas frágeis que somos mas ,também, são restaurados aqueles que amam ao Senhor. O turbante e as novas vestes nos devolvem a dignidade perdida com a promessa de que Deus nos enviará Seu Filho e nos permitirá convidar os vizinhos para que venham e fiquem à vontade debaixo das parreiras e das figueiras. Seremos bênçãos para os outros! O encontro e o confronto me ajudam a descobrir minha verdadeira identidade, minhas vestes limpas e meu turbante. Para quê? Esse é o meu desafio todos os dias – descobrir meus vizinhos! Boas descobertas! Boa meditação! Jorge Wilson
  • 23. 22 Nós, o sábado e a graça A Bíblia contém duas apresentações dos Dez Mandamentos : em Êxodo 20 e Deuteronômio 5. Mas há uma diferença em relação à observação do sábado. Qual seria? Teria alguma importância em nossa devoção? No livro de Êxodo, temos: "Guarde o sábado, que é um dia santo. Faça todo o seu trabalho durante seis dias da semana; mas o sétimo dia é o dia de descanso, dedicado a mim, o seu Deus. Não faça nenhum trabalho nesse dia, nem você, nem os seus filhos ou as suas filhas, nem os seus escravos ou as suas escravas, nem os seus animais, nem os estrangeiros que vivem na terra de vocês. Em seis dias eu, o Deus Eterno, fiz o céu, a terra, o mar e tudo o que há neles, mas no sétimo dia descansei. Foi por isso que eu, o Deus Eterno, abençoei o sábado e o separei para ser um dia santo." (Êxodo 20:8-11 BLH) No livro de Êxodo chegamos a seguinte conclusão sobre o sábado :Devemos guardá-lo porque que Deus o criou e Ele mesmo deu exemplo. Mas, em Deuteronômio... -"Não use o meu nome sem o respeito que ele merece, pois eu sou o Eterno, o Deus de vocês, e castigo aqueles que desrespeitam o meu nome. -"Guarde o sábado, que é um dia santo, como eu, o Deus Eterno, mandei. Faça todo o seu trabalho em seis dias; mas o sétimo dia da semana é o dia de descanso, dedicado a mim, o seu Deus. Não faça nenhum trabalho nesse dia, nem você, nem os seus filhos ou as suas filhas, nem os seus escravos ou as suas escravas, nem os seus animais, nem os estrangeiros que moram na terra de você. Assim como você descansa, os seus escravos também devem descansar. Lembre que você foi escravo no Egito e que eu, o Eterno, o seu Deus, o tirei de lá com a minha força e com o meu poder. É por isso que eu mando que você guarde o sábado". (Deuteronômio 5:11-15 BLH) No livro de Deuteronômio a razão da guarda do sábado é porque as pessoas, no Egito, haviam se tornado "máquinas de fazer tijolos", sem nenhum descanso – a condição humana delas estava desfigurada No salmo 92 – escrito para o dia do sábado, seu autor complementa o sentido do sábado, leia: "Ó Deus Eterno, como é bom dar-te graças! Como é bom cantar hinos em tua honra, ó Altíssimo! Como é bom anunciar de manhã o teu amor e de noite, a tua fidelidade, com a música de uma harpa de dez cordas e ao som da lira! Ó Deus Eterno, os teus feitos poderosos me tornam feliz! Eu canto de alegria pelas coisas que fazes. Que
  • 24. 23 grandes coisas tens feito, ó Deus Eterno! Como é difícil entender os teus pensamentos!" (Salmos 92:1-5 BLH) O salmista ensina que eu devo me sentir feliz, é dia de festa: "Como é bom anunciar de manhã o teu amor e de noite, a tua fidelidade". E "Eu canto de alegria pelas coisas que fazes."; Mas, o que é que a graça tem a ver com isso??!! O curioso é que no texto da criação – Gênesis 1 - o "dia" começava à tarde . A frase " A noite passou, veio a manhã, esse foi o ...dia" se repete constantemente. Leia (texto adaptado): "No começo Deus criou o céu e a terra. A terra era vazia, sem nenhum ser vivente, e estava coberta por um mar profundo. A escuridão cobria o mar, e o Espírito de Deus se movia por cima da água. Então Deus disse: -Que haja luz! E a luz começou a existir. Deus viu que a luz era boa e a separou da escuridão. Deus pôs na luz o nome de "dia" e na escuridão pôs o nome de "noite". A noite passou, e veio a manhã. Esse foi o primeiro dia... Então Deus disse: -Que haja no meio da água uma divisão para separá-la em duas partes! A noite passou, e veio a manhã. Esse foi o segundo dia... Aí Deus disse: -Que a água que está debaixo do céu se ajunte num só lugar a fim de que apareça a terra seca! E assim aconteceu. Deus pôs na parte seca o nome de "terra" e nas águas que se haviam ajuntado ele pôs o nome de "mares"... A noite passou, e veio a manhã. Esse foi o terceiro dia... Então Deus disse: -Que haja luzes no céu para separarem o dia da noite e para marcarem os dias, os anos e as estações! Essas luzes brilharão no céu para iluminarem a terra. ...A noite passou, e veio a manhã. Esse foi o quarto dia... Depois Deus disse: -Que as águas fiquem cheias de todo tipo de seres vivos, e que na terra haja aves que voem no ar! Assim Deus criou os grandes monstros do mar e todas as espécies de seres vivos que em grande quantidade se movem nas águas e criou também todas as espécies de aves.! A noite passou, e veio a manhã. Esse foi o quinto dia... Então Deus disse: -Que a terra produza todo tipo de animais: domésticos, selvagens e os que se arrastam pelo chão, cada um de acordo com a sua espécie! ...E assim aconteceu. E Deus viu que tudo o que havia feito era muito bom. A noite passou, e veio a manhã. Esse foi o sexto dia. (Gênesis 1:1-31 BLH-adaptado) Eugene Peterson nos ensina que:
  • 25. 24 "É assim que o s hebreus entendem o dia , diferente de nós... O dia é a unidade básica de trabalho criativo de Deus, e a tarde é o começo deste dia, é a investida de Deus falando para que luz, estrelas, terra,vegetação, animais, homem e mulher venham à existência. Mas é, também, o momento em que deixamos nossas atividades e vamos dormir. È nessa parte do dia que dizemos: "Agora me deito para dormir, guarda-me, ó Deus em teu amor" e deixamo-nos levar até à inconsciência pelas próximas seis, oito ou dez horas... Continuando... Depois , acordamos , descansados, saltamos da cama cheios de energia, engolimos uma caneca de café e saímos apressados para colocar as coisas em movimento. A primeira coisa que descobrimos (um grande golpe para o ego) é que tudo começou a funcionar muitas horas antes... Continuando... A sequência hebraica de tarde/manhã nos condiciona ao ritmo da graça. Vamos dormir, e Deus começa seu trabalho. Enquanto dormimos, Ele desenvolve sua aliança. Acordamos e somos chamados a participar da criação criativa dEle. Reagimos com fé e trabalho. Mas a graça sempre vem antes, é primária. Acordamos em um mundo que não fizemos, para uma salvação que não merecemos. Tarde: Deus começa sem a nossa ajuda, Seu dia criativo. Manhã: Deus nos chama para aproveitar, compartilhar e desenvolver o seu trabalho que Ele iniciou. A criação e a aliança são graça pura e estão ali, para nos saudar, todas as manhãs. George Mcdonald escreveu que o sono é a artimanha que Deus usa para nos dar o socorro que não consegue dar-nos enquanto estamos acordados " [1] Boa meditação! Jorge Wilson
  • 26. 25 A fome e a fartura - e entre elas, eu! A responsabilidade de quem acha um banquete Por causa disso, a falta de alimentos naquela cidade foi tão grande, que uma cabeça de jumento custava quase um quilo de prata, e duzentos gramas de esterco de pomba custavam uns sessenta gramas de prata. Certo dia o rei de Israel estava passando por cima da muralha da cidade, quando uma mulher gritou para ele: -Ó rei, meu senhor, me ajude! Ele respondeu: -Se o Deus Eterno não ajudar você, como é que eu posso ajudá-la? Você pensa que eu tenho trigo ou vinho? Mas diga qual é o seu problema. Ela respondeu: -Outro dia esta mulher me disse: "Vamos comer o seu filho hoje e amanhã comeremos o meu”.Então nós cozinhamos o meu filho e o comemos. No dia seguinte eu disse que era a vez de comermos o filho dela, mas ela o escondeu! Ao ouvir isso, o rei rasgou as suas roupas em sinal de desgosto, e as pessoas que estavam perto da muralha viram que por baixo das suas roupas ele estava vestido com saco de pano grosseiro. (2 Reis 6:24-30 BLH) Esta é a história do cerco de Samaria e a fome que tomou conta da cidade devido a estar sitiada pelos sírios. A fome grassava ferozmente e o povo comia coisas imundas e até seus próprios filhos. Nessa época aconteceu o seguinte: Quatro homens que sofriam de uma terrível doença da pele estavam do lado de fora dos portões da cidade de Samaria. Eles disseram uns aos outros: -Por que ficamos aqui sentados esperando a morte? Não vale a pena entrar na cidade porque lá iríamos morrer de fome; mas, se ficarmos aqui, também morreremos. Vamos então para o acampamento dos sírios. Se eles nos deixarem viver, ficaremos vivos; se nos matarem, bem, nós vamos morrer de qualquer jeito mesmo. E assim, quando começou a escurecer, eles foram até o acampamento dos sírios. Porém, quando chegaram, não havia ninguém lá. O Deus Eterno havia feito os sírios ouvirem um barulho que parecia o de um grande exército, com cavalos e carros de guerra. Então eles pensaram que o rei de Israel havia pago os reis dos heteus e dos egípcios e os seus exércitos para os atacarem. Por isso, ao anoitecer, os sírios haviam fugido para salvar a sua vida, abandonando as barracas, os cavalos e jumentos e deixando o acampamento como estava. Quando os quatro homens chegaram ao acampamento, entraram numa barraca, comeram e beberam do que havia ali e pegaram a prata, o ouro e as roupas que acharam. Depois saíram e esconderam tudo. Aí voltaram, entraram em outra barraca e fizeram a mesma coisa. Mas então disseram: -Nós não estamos agindo bem! Temos boas notícias e não devíamos ficar calados. Se esperarmos até amanhã para contar, certamente seremos castigados. Vamos agora mesmo contar isso lá no palácio. Então saíram do acampamento dos sírios, voltaram para Samaria e gritaram para os guardas que estavam nos portões: -Nós fomos até o acampamento dos sírios e não vimos, nem ouvimos ninguém. Os cavalos e os jumentos estão lá amarrados, e as barracas estão do mesmo jeito que os sírios deixaram! Os guardas anunciaram a notícia, e ela foi contada no palácio. (2 Reis 7:3-11 BLH) Vejam o cenário: dentro da cidade – a fome. Fora dela um acampamento vazio e... Muita comida! E o que é pior: uma não sabe da outra!
  • 27. 26 Alguns homens solitários e doentes percebem a situação de cerco de Samaria e resolvem se arriscar em ir a acampamento dos sírios e tentar sair de lá com vida, pois: “se eu entrar nessa cidade, eu morro! Ao chegarem ao acampamento dos sírios e constatando o seu abandono sua primeira atuação foi: comeram e beberam do que havia ali. Depois, como todo mundo, tentaram se garantir para o futuro: e pegaram a prata, o ouro e as roupas que acharam. Depois saíram e esconderam tudo. Aí voltaram, entraram em outra barraca e fizeram a mesma coisa. De repente algo interrompe aquela alegria e começa a incomodá-los. Disseram: Nós não estamos agindo bem! Temos boas notícias e não devíamos ficar calados. Se esperarmos até amanhã para contar, certamente seremos castigados. Vamos agora mesmo contar isso lá no palácio. Às vezes, me sinto como os homens doentes do texto. Seriam hansenianos (leprosos) magoados com a sua exclusão social? Talvez eu seja “hanseniano” a meu modo. Tropeço no banquete de Deus no deserto desse mundo e tenho dificuldade para levá-lo “viuvas de Samaria”. Até penso no assunto, mas sempre deixo para depois. Esse texto nos ensina que: se você tem fome em meio a outros que também estão famintos e por acaso encontra um banquete no deserto, você se torna devedor de todos eles. Esses homens, doentes da pele, por isso mesmo excluídos do seu meio social teriam até os seus motivos para não se envolver, mas vieram nos ensinar sobre a alegria de se dividir o banquete. Piper, comentando esse texto, nos ensina: “Foi a partir desse texto que Daniel Fuller pregou no meu culto de ordenação em 1975. Foi, profético, porque eu tenho sido um leproso( hansênico) que tropeça repetidas vezes sobre o banquete de Deus no deserto desse mundo. E eu descobri que o banquete é muito mais saboroso quando me delicio nele junto com as viuvas de Samaria do que quando o escondo no deserto”. * Vamos agora mesmo contar isso lá no palácio. Temos boas notícias e não devíamos ficar calados. Boa meditação! Jorge Wilson *Piper J. A teologia da alegria, Shedd Public. 2001, São Paulo, pág.244.
  • 28. 27 O ferido que cura Ou, aonde eu sou ferido, é aí que eu sou forte! Ele foi rejeitado e desprezado por todos; ele suportou dores e sofrimentos sem fim. Era como alguém que não queremos ver; nós nem mesmo olhávamos para ele e o desprezávamos. "No entanto, era o nosso sofrimento que ele estava carregando, era a nossa dor que ele estava suportando. E nós pensávamos que era por causa das suas próprias culpas que Deus o estava castigando, que Deus o estava maltratando e ferindo. Porém ele estava sofrendo por causa dos nossos pecados, estava sendo castigado por causa das nossas maldades. Nós somos curados pelo castigo que ele sofreu, somos sarados pelos ferimentos que ele recebeu. Todos nós éramos como ovelhas que se haviam perdido; cada um de nós seguia o seu próprio caminho. Mas o Deus Eterno castigou o seu servo; fez com que ele sofresse o castigo que nós merecíamos”.Ele foi maltratado, mas agüentou tudo humildemente e não disse uma só palavra. Ficou calado como um cordeiro que vai ser morto, como uma ovelha quando cortam a sua lã. (Isaías 53:3-7 BLH) Diziam os gregos que somente quem está ferido pode amar e somente um médico ferido pode curar. Esse texto vem nos lembrar da compaixão do Pai Compaixão significa “sofrer com”, partilhar a “paixão”, o sofrimento do outro. É muito mais do que um impulso de piedade ou uma palavra de conforto; é entrar nos momentos sombrios do outro, em seus lugares de dor. É participar da dor do outro mesmo que seja apenas como o nosso silêncio! Compaixão significa permanecer nos lugares onde as pessoas sofrem! Quando abrimos o nosso eu para a dor dos outros tememos nos tornar mais conscientes de nossa própria dor e, por causa disso, evitamos esta aproximação. A adversidade do “outro” pode fazer doer nossas próprias dores, pode nos “marcar”. Isto se reflete, por exemplo, na “pressa que temos de ensinar a pessoa a aguentar a barra”, ou seja, tranquilizar e consolar prematuramente as pessoas antes que elas tenham exposto toda a sua dor para nós. O que elas precisam é de acolhimento, misericórdia. (As pessoas raramente reagem bem aos nossos esforços de orquestrarmos suas reações às dores) Precisamos, de certa forma, ser “marcados” (ou, se você quiser, feridos) pela dor dessas pessoas, pois só assim conseguiremos consolá-las. Isaías nos lembra que, afinal, fomos sarados pelos ferimentos (os nossos) que ele (Jesus) recebeu. Por isso é que ele encarnou, para ser marcado por nós e assim, conhecer a nossa dor! Leia agora essa parábola judaica sobre o Messias, o ferido que cura:
  • 29. 28 Rabbi Joshua ben Levi deparou-se com Elias, o profeta, quando este estava de pé, junto à entrada da caverna de Rabbi Simeron ben Yohai. Ele perguntou a Elias: - Quando virá o Messias? - E Elias respondeu: - Vá e pergunte-lhe você mesmo. - Onde está ele? - Sentado junto aos portões da cidade. - Como poderei reconhecê-lo? - Ele está sentado entre os pobres cobertos de ferimentos. Os outros desenfaixam todos os seus ferimentos ao mesmo tempo e, então, enfaixam-nos de novo. Mas ele desenfaixa um por vez e enfaixa-o novamente, dizendo para si mesmo: “Talvez eu seja requisitado; se assim for, preciso estar sempre pronto, para não me atrasar nem por um momento”.* (pausa para meditar) A Compaixão vem do Pai e do Filho que tiveram compaixão por nós: E nós pensávamos que era por causa das suas próprias culpas que Deus o estava castigando, que Deus o estava maltratando e ferindo. Porém ele estava sofrendo por causa dos nossos pecados, estava sendo castigado por causa das nossas maldades. Nós somos curados pelo castigo que ele sofreu, somos sarados pelos ferimentos que ele recebeu. Só acolheremos a dor do “outro” quando aceitarmos a nossa própria dor e pararmos de negar nossas perdas. Quem quiser convidar os outros a se libertar de suas dores deve não só cuidar de seus próprios ferimentos e dos ferimentos do outro, mas também a fazer de seus ferimentos uma fonte maior do poder da cura. Não é importante que as minhas feridas cicatrizem; devem, ao invés, ser transformadas. Só terei compaixão quando me permitir ser usados pelo amor do Pai em benefício de outros. E só ministrarei aos irmãos quando os ajudar a partilhar a sua dor e fazer contato com o nosso Pai, que é a fonte de vida e de cura.
  • 30. 29 Afinal, foi assim com Jacó, pois a ferida na coxa – onde tinha sido tocado por Deus – passou a ser uma lembrança de seu encontro noturno com o Pai. Conscientize-se de suas dores e mobilize-as numa procura pela vida e pela esperança compartilhada. E, quando algo marcar você e mobilizar sua compaixão por alguém... ...Obedeça! Pois aonde você é ferido...É aí que você é forte! Boa meditação! Jorge Wilson * Extraído do Tratado de Sanhedrin e citado no livro de Henry Nouwen – O sofrimento que cura. Ed.Paulinas 2001, pág 118.
  • 31. 30 Shema Quando o ouvido convence o coração! Ouve, Israel, o SENHOR, nosso Deus, é o único SENHOR. Amarás, pois, o SENHOR, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de toda a tua força. Estas palavras que, hoje, te ordeno estarão no teu coração; tu as inculcarás a teus filhos, e delas falarás assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e ao deitar-te, e ao levantar-te. Também as atarás como sinal na tua mão, e te serão por frontal entre os olhos. E as escreverás nos umbrais de tua casa e nas tuas portas. (Deuteronômio 6:4-9 RA) Aqui começa o Shema – a confissão básica do Judaísmo. Shema é a forma hebraica da primeira palavra do versículo 4 (Shema = “Ouve”). A Bíblia Anotada, ao comentar Dt.6:4 nos ensina que “segundo a legislação rabínica, deve ser recitado pela manhã e à noite.(...) Segundo a tradição rabínica, o Shema consistia apenas do versículo 4 em sua forma original, sendo expandido mais tarde de modo a incluir os versículos 5-9, 11:13-21, e Nm 15:37-41”. Versículo 4 : Ouve, Israel, o SENHOR, nosso Deus, é o único SENHOR.. No início do cap. 6 de Deuteronômio Deus apresenta Seus “mandamentos, estatutos e juízos” para o povo para que bem te suceda e muito te multipliques na terra que mana leite e mel (v.3). O Shema começa com ouvir e logo depois dá a ordem para amar. Sugere- nos o mesmo de Romanos 10:17: Portanto, a fé vem por ouvir a mensagem, e a mensagem vem por meio da pregação a respeito de Cristo. No tempo de Jesus o Shema (ouvir e amar) continua valendo e não está longe do reino de Deus quem compreende que amar a Deus e ao próximo excede a todos os holocaustos e sacrifícios. “Chegando um dos escribas, tendo ouvido a discussão entre eles, vendo como Jesus lhes houvera respondido bem, perguntou-lhe: Qual é o principal de todos os mandamentos? Respondeu Jesus: O principal é: Ouve, ó Israel, o Senhor, nosso Deus, é o único Senhor! Amarás, pois, o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todo o teu entendimento e de toda a tua força. O segundo é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Não há outro mandamento maior do que estes. Disse-lhe o escriba: Muito bem, Mestre, e com verdade disseste que ele é o único, e não há outro senão ele, e que amar a Deus de todo o coração e de todo o entendimento e de toda a força, e amar ao próximo como a si mesmo excede a todos os holocaustos e sacrifícios. Vendo Jesus que ele havia respondido sabiamente, declarou-lhe: Não estás longe do reino de Deus. E já ninguém mais ousava interrogá-lo”. (Marcos 12:28-34 RA) Quem é esse Deus que eu ouço?
  • 32. 31 Santo Agostinho, nas Confissões fala, com poesia, sobre quem é esse Deus que eu escuto e que me faz amar! “Quem é Deus?”. A minha consciência, Senhor, não duvida, antes tem a certeza de que vos amo. Feristes-me o coração com a Vossa palavra e amei-vos. O céu, a terra e tudo o que neles existe, dizem-me por toda a parte que Vos ame. Não cessam de o repetir a todos os homens, para que sejam inescusáveis. Compadecer-Vos-eis mais profundamente daquele de quem já Vos compadecestes, e concedereis misericórdia àquele para quem já fostes misericordioso. De outro modo, o céu e a terra só a surdos cantariam os Vossos louvores. Que amo eu, quando Vos amo? Não amo a formosura corporal, nem a glória temporal, nem a claridade da luz, tão meiga destes meus olhos, nem as doces melodias das canções de todo o gênero, nem o suave cheiro das flores, dos perfumes ou dos aromas, nem o maná ou o mel, nem os membros tão flexíveis aos abraços da carne. Nada disto amo, quando amo meu Deus. E contudo, amo uma luz, uma voz, um perfume, um alimento e um abraço, quando amo meu Deus, luz, voz, perfume e abraço do homem interior, onde brilha para a minha alma uma luz que nenhum espaço contém, onde ressoa uma voz que o tempo não arrebata, onde se exala um perfume que o vento não esparge, onde se saboreia uma comida que a sofreguidão não diminui, onde se sente um contacto que a saciedade não desfaz. Eis o que amo, quando amo meu Deus”.* Você ouve e ama? Então - Não estás longe do reino de Deus. Boa meditação! Jorge Wilson
  • 33. 32 Saindo da depressão Do Monte Carmelo ao Monte Sinai – A caminhada de Elias. O rei Acabe contou à sua esposa Jezabel tudo o que Elias havia feito e como havia matado à espada todos os profetas do deus Baal. Aí ela mandou um mensageiro a Elias com o seguinte recado: -Que os deuses me matem, se até amanhã a esta hora eu não fizer com você o mesmo que você fez com os profetas! Elias ficou com medo e, para salvar a vida, fugiu com o seu ajudante para a cidade de Berseba, que ficava na região de Judá. Deixou ali o seu ajudante e foi para o deserto, andando um dia inteiro. Aí parou, sentou-se na sombra de uma árvore e teve vontade de morrer. Então orou assim: - Já chega, ó Deus Eterno! Acaba agora com a minha vida! Eu sou um fracasso, como foram os meus antepassados. Elias se deitou debaixo da árvore e caiu no sono. De repente, um anjo tocou nele e disse: -Levante-se e coma. Elias olhou em volta e viu perto da sua cabeça um pão assado nas pedras e uma jarra de água. Ele comeu, e bebeu, e dormiu de novo. O anjo do Deus Eterno voltou e tocou nele pela segunda vez, dizendo: -Levante-se e coma; se não, você não agüentará a viagem. Elias se levantou, comeu e bebeu, e a comida lhe deu força bastante para andar quarenta dias e quarenta noites até o Sinai, o monte sagrado. Ali ele entrou numa caverna para passar a noite, e de repente o Deus Eterno lhe perguntou: -O que você está fazendo aqui, Elias? Ele respondeu: -Ó Eterno, Deus Todo-Poderoso, eu sempre tenho servido a ti e só a ti. Mas o povo de Israel quebrou a sua aliança contigo, derrubou os teus altares e matou todos os teus profetas. Eu sou o único que sobrou, e eles estão querendo me matar! O Deus Eterno disse: - Saia e vá ficar diante de mim no alto do monte. Então o Eterno passou por ali e mandou um vento muito forte, que rachou os morros e quebrou as rochas em pedaços. Mas o Eterno não estava no vento. Quando o vento parou de soprar, veio um terremoto; porém o Eterno não estava no terremoto. Depois do terremoto veio um fogo, mas o Eterno não estava no fogo. E depois do fogo veio uma voz calma e suave. Quando Elias ouviu a voz, cobriu o rosto com a capa. Então saiu e ficou na entrada da caverna. E uma voz lhe disse: -O que você está fazendo aqui, Elias? (1 Reis 19:1-13 BLH) Atualmente, fala-se em caminhadas turísticas para experiências espirituais (Santiago de Compostela, por exemplo). A Bíblia nos fala de alguém que fez uma uma caminhada – do Monte Carmelo ao Monte Sinai. Foi nela que Elias experimentou Deus! Compreendendo o cenário: No capítulo anterior de I Reis (veja cap.18:38-40) Elias enfrenta os sacerdotes de Baal numa prova da queima do holocausto, mas... Baal “não comparece”. Deus comparece e, como consequência, o fogo de Senhor desceu e consumiu o Seu holocausto (pedras e água inclusive). Foi uma experiência marcante e terrível para todos, especialmente para Elias que no
  • 34. 33 final da experiência matou os 450 sacerdotes de Baal. . Ver o fogo descer dos céus, com sinais e prodígios, talvez fosse o máximo da experiência com Deus. Seria esta a vontade Deus para estes sacerdotes, ou Elias teria descarregado sua própria agressividade acreditando estar agradando a Deus? Não sabemos. Ameaça e depressão: Ameaçado por Jezabel, Elias foge para o deserto. Sua experiência no Monte Carmelo não foi suficiente para enfrentar a ira de Jezabel. No deserto, Elias entra em depressão, quer morrer. - Já chega, ó Deus Eterno! Acaba agora com a minha vida! Eu sou um fracasso, como foram os meus antepassados. Elias, como nós, exibe sua fraqueza e autopiedade. Charles Swindoll, comentando sobre a autocomiseração nos ensina: A autocomiseração é uma emoção inútil. Ela vai mentir para você. Vai exagerar. Vai levá-lo às lágrimas. Vai cultivar a” mentalidade de vítima “em sua cabeça. E, na pior das hipóteses, vai levá-lo a desejar a morte, exatamente como aconteceu com Elias. Ele disse ”pois não sou melhor do que meus pais”. Quem disse que ele precisava ser? Ninguém disse que ele tinha de ser melhor que seus pais. Foi ele mesmo quem falou isso! Nós abrimos a porta para esta mentirosa inútil – a autocomiseração – quando criamos um modelo irreal e não conseguimos viver de acordo com ele. A auto comiseração maltrata nossas mentes como um animal selvagem e nos arranha até cortar. Deixemos que Deus estabeleça os parâmetros. Ele é sempre amoroso, sempre afirmativo, sempre receptivo e sempre fiel para nos sustentar.* Continuando: No deserto o Pai é bondoso e provê sono e descanso para Elias preparando-o para a cura - um encontro com Ele (restaurar um corpo cansado é básico para começarmos a enfrentar a depressão). O encontro fundamental não mais será no Monte Carmelo, mas no Monte Sinai – o monte de Deus. Entre um monte e outro existe um deserto a atravessar – o caminho para o Pai passa, às vezes. por esses desertos onde somos preparados para o encontro com Ele (não foi diferente com Elias, nem é conosco). Elias teve que atravessar esse deserto mas foi exatamente ali que experimentou o sustento do Pai na hora difícil. Ao chegar ao Monte Sinai, Elias procura a proteção de uma caverna para passar a noite. E dentro da caverna ouve a pergunta de Deus: O que você está
  • 35. 34 fazendo aqui, Elias? (Elias é parecido conosco, quando deprimido fica querendo dormir ou procurando uma “caverna” para entrar: e quando achamos, não queremos mais sair dela!). A resposta de Elias vem cheia de autopiedade: - Eu sou o único que sobrou, e eles estão querendo me matar! (Elias pensava que era “o único servo fiel” no mundo, mas havia mais sete mil - I Reis 19:18). Mas, o Pai piedosamente e só fala isto depois da cura de Elias. Deus então chama Elias para reagir e diz: -Saia e vá ficar diante de mim no alto do monte. (Pelo texto compreendemos que ainda não foi desta primeira vez que Elias saiu da caverna).Aliás, como será sair e ficar na presença do Todo- Poderoso? Muitas vezes preferimos permanecer em nossas cavernas! Deus estava tentando mobilizar os sentimentos de Elias faze-lo sair da depressão. O texto descreve que Elias, ainda dentro da caverna, percebeu algumas coisas estranhas. Primeiramente, Então o Eterno passou por ali e mandou um vento muito forte, que rachou os morros e quebrou as rochas em pedaços - um vento forte! Mas o Eterno não estava no vento. Em segundo lugar, um terremoto, porém o Eterno não estava no terremoto. Depois, foi a vez do fogo, mas o Eterno não estava no fogo. Deus não estava no que Elias percebeu (vento, terremoto e fogo). “Sinais e prodígios” não foram suficientes para Elias sair da caverna. A experiência sobrenatural do Monte Carmelo (I Reis 18): Então, caiu fogo do SENHOR, e consumiu o holocausto, e a lenha, e as pedras, e a terra, e ainda lambeu a água que estava no rego. (1 Reis 18:38 RA) talvez ainda ecoasse dentro de Elias. De alguma forma Elias ainda sentia o Pai bem longe dele: Mas o Eterno não estava no vento - porém o Eterno não estava no terremoto, mas o Eterno não estava no fogo. - (Onde estaria o Eterno? Como ter a certeza de encontrá-Lo ao sair de onde eu estou?). O Pai queria mostrar quando é que se tem a verdadeira experiência com Ele. O Pai se deu a perceber a Elias quando depois do fogo veio uma voz calma e suave. Quando Elias ouviu a voz, cobriu o rosto com a capa. Então saiu e ficou na entrada da caverna. Foi neste ouvir a voz calma e suave que Elias experimentou Deus, ou seja, nos aproximamos de Deus baseados naquilo que Ele é – um Pai amoroso. Elias ouviu a voz, cobriu o rosto com a capa. Então saiu e ficou na entrada
  • 36. 35 da caverna. Elias não fixa Deus com os olhos, pois Deus não é visível; também... Não era preciso, bastava ouvi-Lo. Só assim teve coragem para sair da “sua caverna” e permaneceu em silêncio para experimentar Deus e ouvir a pergunta amorosa do Pai: - O que você está fazendo aqui, Elias? Elias então descobriu que a experiência autêntica com o Pai se dá no silêncio amoroso. Muitas vezes procuramos Deus em lugares (às vezes até igrejas) que nos prometem ventos, terremotos, fogo (poder de Deus) atrás dos quais saímos correndo na ilusão de carregar nossas baterias. Só que, nossas baterias não se carregam de “poder”, mas de amor - uma voz calma e suave. No lugar do silêncio interior, aonde nunca chega um pensamento, onde não refletimos nem fazemos planos, onde não pensamos sobre os outros nem os condenamos, onde cessamos de parecer-nos importantes, Deus nasce em nós. No silêncio, deixamos tudo para trás. E precisamente aí, quando deixamos para trás nossos pensamentos sobre Deus, Deus se mostra a nós como aquele que está próximo, que nasce em nós. E em Deus eu experimento então meu verdadeiro eu. Deus me livra de todas as imagens que eu pus na minha cabeça, faz-me entrar em contato com a imagem primitiva e autêntica que ele fez de mim. Em Deus me torno inteiramente eu mesmo, livre de toda compulsão por comprovar-me, justificar-me, explicar-me. Em Deus, eu posso como Elias esconder meu rosto. Aí não tenho necessidade de mostrar-me aos outros, não preciso mostrar que minha experiência de Deus está certa. Escondo- me, para que Deus se possa revelar a mim.** Se você estiver “no escuro, no fundo da caverna”, ouça a voz calma e suave que diz: - O que você está fazendo aqui, ____________? (coloque aqui o seu nome) - Saia e vá ficar diante de mim no alto do monte! - (Nem precisa abrir os olhos. Para descobrir a saída... Obedeça seus ouvidos!). Boa meditação! Jorge Wilson * Elias - Charles Swindoll. Ed. Mundo Cristão. São Paulo-2001 (pág.135) ** Se eu quiser experimentar Deus – Anselm Grün – Ed. Vozes, Petrópolis, 2001 (pág. 71-71)
  • 37. 36 Mãe até o fim e até depois! Durante o reinado de Davi, houve uma grande fome, que durou três anos seguidos. Por isso, Davi consultou o Deus Eterno, e ele respondeu: -Saul e a sua família são culpados de assassinato: ele matou o povo de Gibeão. O povo de Gibeão não era israelita. Eles eram um pequeno grupo de amorreus que os israelitas tinham prometido proteger; mas Saul havia tentado acabar com eles por causa do interesse dele pelo bem do povo de Israel e de Judá. Então Davi chamou o povo de Gibeão e disse: -O que posso fazer por vocês? Eu quero pagar pelo mal que lhes foi feito, para que assim vocês abençoem o povo de Deus. Eles responderam: -A nossa questão com Saul e a sua família não pode ser resolvida com ouro nem com prata. E também não queremos matar nenhum israelita. -Então, o que é que querem que eu faça por vocês? -perguntou Davi. Eles responderam: -Saul quis nos destruir para que não sobrasse nenhum de nós em nenhum lugar de Israel. Entregue-nos então sete homens descendentes dele, e nós os enforcaremos diante do Deus Eterno, em Gibeá, a cidade onde nasceu Saul, o rei escolhido pelo Eterno. -Eu entregarei! -respondeu o rei. Mas, por causa do juramento que ele e Jônatas tinham feito um ao outro, o rei não deixou que fosse morto Mefibosete, que era filho de Jônatas e neto de Saul. Porém pegou Armoni e Mefibosete-os dois filhos que Rispa, filha de Aías, tinha tido de Saul; pegou também os cinco filhos que Merabe, filha de Saul, tinha tido de Adriel, filho de Barzilai, da cidade de Meolá. E Davi entregou os sete ao povo de Gibeão, e eles os enforcaram no monte, diante do Deus Eterno. E todos os sete morreram juntos. Isso aconteceu no fim da primavera, no começo da colheita da cevada. Então Rispa, concubina de Saul, pegou um pano de saco e com ele fez um abrigo sobre uma rocha. E ficou ali desde o começo da colheita até o dia em que as chuvas do outono caíram sobre os sete corpos. E não deixou que as aves descessem sobre eles de dia nem os animais selvagens de noite. Quando soube o que Rispa tinha feito, Davi foi e tomou dos moradores de Jabes-Gileade os ossos de Saul e do seu filho Jônatas. Os moradores de Jabes haviam retirado os corpos da praça de Bete-Sã, onde os filisteus os tinham pendurado no dia em que mataram Saul no monte Gilboa. Davi então colocou os ossos de Saul e de Jônatas junto com os ossos dos sete homens que haviam sido enforcados. Enterraram os ossos de Saul e de Jônatas no túmulo de Quis, o pai de Saul, na cidade de Zela, no território da tribo de Benjamim. Tudo o que o rei mandou foi feito. E depois disso Deus respondeu às orações do povo pelo seu país. (2 Samuel 21:1-14 BLH) Compreendendo o cenário. A causa por trás da falta de chuva era uma aliança quebrada. Josué havia feito uma aliança com os gibeonitas – irrevogável (Js 9:15).Mas, Saul estava resssentido da permissão concedida a esse povo para servirem , mesmo em trabalhos braçais, no Templo do Senhor (Js 9:27) e por isso, matou vários gibeonitas. Saul quebrou a aliança e trouxe culpa de sangue sobre si e sobre sua família. Davi é confrontado pelos gibeonitas, baseados na Lei de Israel em Nm 35:33: “Portanto, não profanem com crimes de sangue a terra onde vocês vivem, pois os assassinatos profanam o país.
  • 38. 37 E a única maneira de se fazer a cerimônia de purificação da terra onde alguém foi morto é pela morte do assassino.” (Números 35:33 BLH) Estando morto Saul, Davi teve a dolorosa missão de escolher quais seriam os descendentes de Saul a ser sacrificados para que a Lei fosse cumprida e voltasse a chover sobre a terra. Era uma exigência da própria justiça do Pai. A seca era uma realidade – três anos! Um sinal do desfavor de Deus. E Rispa? Rispa era uma concubina que tinha dois filhos de Saul . Vivia no palácio e devia ser sabedora dos atos de Saul. Deve ter sido extremamente difícil concordar em ver seus filhos – príncipes – oferecidos como holocausto numa “oferta de paz”, mesmo que fosse para trazer “paz e chuva sobre Israel”. Rispa não teve a mesma sorte de Abraão que teve a mão segura pelo anjo quando iria sacrificar Isaque. Teve a mesma sorte de Deus que viu seu Filho ser sacrificado, por amor a nós. Mas, sua maternidade não terminou com a morte dos filhos. Devia conhecer o Salmo 127: Os filhos são um presente do Deus Eterno; eles são uma verdadeira bênção. Os filhos que o homem tem na sua mocidade são como flechas nas mãos de um soldado. Feliz o homem que tem muitas dessas flechas! Ele não será derrotado quando enfrentar os seus inimigos no tribunal. (Salmos 127:3-5 BLH) Rispa disparou essas flechas para o céu. Não arredou de seu posto enquanto não viu a chuva – sinal do perdão divino – e que traria sentido à sua dor . Enquanto isso, continuou defendendo seus filhos como se fossem “altares” – ofertas de paz à espera da resposta que vem do Alto. As chuvas do outono trouxeram o perdão e as chuvas a Israel. Rispa percebe que seus filhos não morreram em vão – suas vidas tiveram um propósito que não pertenceu a ela discutir. Só ao ver seus corpos molhados, como que ”batizados dos céus”, foi que ela encerrou sua Paixão. Ela foi mãe até o fim, e até depois! E essa capacidade para amar? De onde vem? O Deus Eterno responde: "Será que uma mãe pode se esquecer do seu bebê? Será que pode deixar de amar o seu próprio filho? Mesmo que isso acontecesse, eu nunca me esqueceria de vocês. (Isaías 49:15 BLH) (Vem do nosso Pai!). Isso aconteceu no fim da primavera, no começo da colheita da cevada. E os campos de cevada todo fim de primavera tinham uma história para lembrar. Jorge Wilson
  • 39. 38 Das profundezas Descobrindo a vida abaixo da superfície Das profundezas clamo a ti, SENHOR. Escuta, Senhor, a minha voz; estejam alertas os teus ouvidos às minhas súplicas.Se observares, SENHOR, iniqüidades, quem, Senhor, subsistirá? Contigo, porém, está o perdão, para que te temam. Aguardo o SENHOR, a minha alma o aguarda; eu espero na sua palavra. A minha alma anseia pelo Senhor mais do que os guardas pelo romper da manhã. Mais do que os guardas pelo romper da manhã, espere Israel no SENHOR, pois no SENHOR há misericórdia; nele, copiosa redenção. É ele quem redime a Israel de todas as suas iniqüidades. (Salmos 130:1-8 RA) Das profundezas – A maior parte de nossa vida acontece na superfície. Entramos naquela rotina de trabalho, estudo, casa, etc.. Somos acionados de todos os lados (até igreja) e de certo modo perdemos o papel de condutor disso tudo. Somos mais conduzidos do que conduzimos! Se existem vozes falando para nós, ou mesmo dentro de nós – não sabemos (e nem damos muita bola para isso!) Espiritualmente falamos sem escutar (e com frequência também na vida real). Aceitamo-nos ou não sem saber quem realmente somos – ficar na superfície é mais seguro! O problema é que só saímos da superfície quando o chão treme , se abre e mergulhamos "de mau jeito" em nós mesmos e descobrimos nossas profundezas . Parece que o salmista, quando fez isso, não gostou do que viu pois falou: Se observares, SENHOR, iniquidades, quem, Senhor, subsistirá? Contigo, porém, está o perdão. Para não se cair desse jeito é necessário reconhecer que dentro de nós, em nossa profundidade, existe um buraco do tamanho de Deus e que, quando descoberto, é necessário apagarmos todo aquele conhecimento tradicional que recebemos sobre Deus. Então o desejo , a sede de Deus, surge como o desejo dos guardas pelo romper da manhã . Se em seu mergulho você se sentir como esse guarda ou mais ainda – você conhece o Pai! Contigo, porém, está o perdão, para que te temam – curiosamente, embora esse temor possa ser um resultado estranho do perdão, confirma o significado verdadeiro do "temor ao Senhor" no Antigo Testamento.- o relacionamento com o Pai é íntimo mas respeitoso. Aguardo o SENHOR, a minha alma o aguarda; eu espero na sua palavra. É pelo próprio Senhor e não só pelo Seu perdão, que o salmista anseia. Como os guardas que ansiavam pelo romper da manhã, acreditava na promessa à qual podia se apegar.
  • 40. 39 Muitas vezes usamos pretextos para não ir a fundo em nossas profundezas . Achamos isso uma coisa muito sofisticada ou só para os grandes espiritualistas - aqueles que já chegaram lá – talvez seja por isso que o nosso chão precise tremer e se abrir para darmos o mergulho. Por outro lado é quando vamos às profundezas da nossa alma que recebemos a visitação do Espírito Santo para crer nas promessas do Pai : Nem olhos viram, nem ouvidos ouviram, nem jamais penetrou em coração humano o que Deus tem preparado para aqueles que o amam. Mas Deus no-lo revelou pelo Espírito; porque o Espírito a todas as coisas perscruta, até mesmo as profundezas de Deus. Porque qual dos homens sabe as coisas do homem, senão o seu próprio espírito, que nele está? Assim, também as coisas de Deus, ninguém as conhece, senão o Espírito de Deus. (1 Coríntios 2:9-11 RA) Boa meditação! Jorge Wilson
  • 41. 40 As mãos do Pai Cantem, ó céus, e alegre-se, ó terra! Montes gritem de alegria! Pois o Deus Eterno consolou o seu povo; ele teve pena dos que estavam sofrendo. Mas o povo de Sião diz: "O Eterno nos abandonou; Deus se esqueceu de nós”. O Deus Eterno responde: “Será que uma mãe pode se esquecer do seu bebê? Será que pode deixar de amar o seu próprio filho? Mesmo que isso acontecesse, eu nunca me esqueceria de vocês. Jerusalém, o seu nome está escrito nas minhas mãos; eu nunca me esqueço das suas muralhas. (Isaías 49:13-16 BLH)”. Esse texto de Isaías nos fala de relacionamentos, transparência, e vai fundo até às raízes. Bons relacionamentos se fazem com transparência. Acredito que, de certo modo, todos desejamos ter este tipo de relacionamento, tanto com os nosso queridos como com nosso Pai. Por outro lado, achamos que um muro é absolutamente necessário para que possamos preservar nossa identidade, se quisermos continuar sendo nós mesmos. Afinal de contas – bons muros fazem bons vizinhos (não é o que se diz por aí?). E assim, ambivalentes, seguimos nossa vida revelando-nos e escondendo-nos - ao Pai e às pessoas. Em nossos relacionamentos, derrubamos e levantamos muros ( ou muralhas ) ao mesmo tempo. A identidade de Jerusalém (assim como a nossa) sempre esteve escrita, como diz Isaías, nas mãos do Pai: o seu nome está escrito nas minhas mãos , diz o Deus eterno. Minha identidade depende mais de meu Pai do que de mim. Não preciso mais parecer “bonzinho” perante meu Pai para que Ele aceite a mim e à minha oração. E assim, passo a desejar esse nome que está em Suas mãos com tudo o que ele (o nome) significa. Quanto mais ligado a meu Pai, mais identidade terei. O Deus Eterno responde: “Será que uma mãe pode se esquecer do seu bebê? Será que pode deixar de amar o seu próprio filho? Mesmo que isso acontecesse, eu nunca me esqueceria de vocês”. Boa meditação! Jorge Wilson
  • 42. 41 Quem te faz orar? Um leão? Esse texto de II Reis 17 nos narra um interessante episódio da história de Israel mostrando como o Senhor trabalha com o seu povo, leia: 1No ano duodécimo de Acaz, rei de Judá, começou a reinar Oséias, filho de Elá, e reinou sobre Israel, em Samaria, nove anos.2 E fez o que era mau aos olhos do SENHOR, contudo não como os reis de Israel que foram antes dele. (...)6 No ano nono de Oséias, o rei da Assíria tomou a Samaria, e levou Israel cativo para a Assíria; e fê-los habitar em Hala e em Habor junto ao rio de Gozã, e nas cidades dos medos,7Porque sucedeu que os filhos de Israel pecaram contra o SENHOR seu Deus, que os fizera subir da terra do Egito, de debaixo da mão de Faraó, rei do Egito; e temeram a outros deuses.8E andaram nos estatutos das nações que o SENHOR lançara fora de diante dos filhos de Israel, e nos dos reis de Israel, que eles fizeram.9E os filhos de Israel fizeram secretamente coisas que não eram retas, contra o SENHOR seu Deus; e edificaram altos em todas as suas cidades, desde a torre dos atalaias até à cidade fortificada.10E levantaram, para si, estátuas e imagens do bosque, em todos os altos outeiros, e debaixo de todas as árvores verdes.11E queimaram ali incenso em todos os altos, como as nações, que o SENHOR expulsara de diante deles; e fizeram coisas ruins, para provocarem à ira o SENHOR.12E serviram os ídolos, dos quais o SENHOR lhes dissera: Não fareis estas coisas. Foram advertidos pelo ministério de todos os profetas e de todos os videntes, mas não obedeceram. 13 E o SENHOR advertiu a Israel e a Judá, pelo ministério de todos os profetas e de todos os videntes, dizendo: Convertei-vos de vossos maus caminhos, e guardai os meus mandamentos e os meus estatutos, conforme toda a lei que ordenei a vossos pais e que eu vos enviei pelo ministério de meus servos, os profetas.14 Porém não deram ouvidos; antes endureceram a sua cerviz, como a cerviz de seus pais, que não creram no SENHOR seu Deus.(...)20 Por isso o SENHOR rejeitou a toda a descendência de Israel, e os oprimiu, e os deu nas mãos dos despojadores, até que os expulsou da sua presença. Então os judeus foram expulsos até de sua própria terra. 23 Até que o SENHOR tirou a Israel de diante da sua presença, como falara pelo ministério de todos os seus servos, os profetas; assim foi Israel expulso da sua terra à Assíria até ao dia de hoje. O rei da Assíria traz outros povos de outros territórios conquistados, para habitar Israel. Eis que agora aparecem os leões.
  • 43. 42 24 E o rei da Assíria trouxe gente de Babilônia, de Cuta, de Ava, de Hamate e Sefarvaim, e a fez habitar nas cidades de Samaria, em lugar dos filhos de Israel; e eles tomaram a Samaria em herança, e habitaram nas suas cidades.25 E sucedeu que, no princípio da sua habitação ali, não temeram ao SENHOR; e o SENHOR mandou entre eles, leões, que mataram a alguns deles.26 Por isso falaram ao rei da Assíria, dizendo: A gente que transportaste e fizeste habitar nas cidades de Samaria, não sabe o costume do Deus da terra; assim mandou leões entre ela, e eis que a matam, porquanto não sabe o culto do Deus da terra.27Então o rei da Assíria mandou dizer: Levai ali um dos sacerdotes que transportastes de lá; e vá e habite lá, e ele lhes ensine o costume do Deus da terra. E assim, atendendo à recomendação do rei, foram buscar consultoria com um dos sacerdotes expulsos, leia: 28 Veio, pois, um dos sacerdotes que transportaram de Samaria, e habitou em Betel, e lhes ensinou como deviam temer ao SENHOR. Mas, cada povo fez seus próprios altares além de cultuar o Deus de Israel. Não deram exclusividade a Deus. 29 Porém cada nação fez os seus deuses, e os puseram nas casas dos altos que os samaritanos fizeram, cada nação nas cidades, em que habitava. 30 E os de Babilônia fizeram Sucote-Benote; e os de Cuta fizeram Nergal; e os de Hamate fizeram Asima.31 E os aveus fizeram Nibaz e Tartaque; e os sefarvitas queimavam seus filhos no fogo a Adrameleque, e a Anameleque, deuses de Sefarvaim.32 Também temiam ao SENHOR; e dos mais baixos do povo fizeram sacerdotes dos lugares altos, os quais lhes faziam o ministério nas casas dos lugares altos. 33 Assim temiam ao SENHOR, mas também serviam a seus deuses, segundo o costume das nações dentre as quais tinham sido transportados. 34 Até ao dia de hoje fazem segundo os primeiros costumes; não temem ao SENHOR, nem fazem segundo os seus estatutos, segundo as suas ordenanças, segundo a lei e segundo o mandamento que o SENHOR ordenou aos filhos de Jacó, a quem deu o nome de Israel. E nós? E os nossos leões? Esse texto vem nos ensinar que nosso Pai requer adoração exclusiva por seus filhos. Israel cultuava outros deuses. Os estrangeiros que vieram morar em Israel não eram diferentes. Não amavam ao Senhor e só o cultuavam com medo dos leões. Assimilaram a Deus em sua cultura religiosa como um mero deus territorial ou tribal. Mas você pode perguntar - e os leões que assolam minha vida? Preciso fazer alguma coisa?
  • 44. 43 Vivemos debaixo da Graça. Cristo, ao morrer, falou: Está consumado (Jo 19:30). Toda a obra necessária para "cuidar dos leões" já foi feita - não precisamos temê-los. Em Efésios 1:3, lemos: "Bendito o Deus e Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo que já nos abençoou com toda a sorte de bênção espiritual nas regiões celestiais em Cristo. Deus espera que eu O procure por Ele mesmo e não pelos meus "leões", ou seja, pelas minhas dificuldades particulares. Deus sempre trabalha e tenho de perceber o que Ele faz em minha vida e tentar entender o que significam essas tais dificuldades - não quero ficar de fora. Para isso preciso orar e buscar Deus por Ele mesmo, dar atenção a Ele e não buscar Sua atenção para os meus pedidos. E então? Vamos orar por causa do Pai... ou do leão? Inspirado no sermão POR QUE ORAR do Pr Ed Rene Kivitz /IBAB/CD ROM 22/02/06/Noite
  • 45. 44 A cura de Ana A oração e a cura Felicidade é... O que você responderia? Ficar rico(a)? Ficar mais bonito(a)? Comprar uma Mercedes? Emagrecer 20 kg? Fazer uma plástica? Não morrer nunca? Viver um grande amor? Ter um filho? Todas as pessoas traçam um ideal do que é a tal felicidade, colocam-no em seu horizonte e...Correm atrás! Nossa personagem de hoje é Ana. Ela não é diferente de nós. Leia: Havia um homem da tribo de Efraim, chamado Elcana, que vivia na cidade de Ramá, na região montanhosa de Efraim. Ele era filho de Jeroão, neto de Eliú, bisneto de Toú e trineto de Zufe. Elcana tinha duas mulheres, Ana e Penina. Penina tinha filhos, porém Ana não tinha. Todos os anos Elcana saía da sua cidade e ia a Siló a fim de adorar e oferecer sacrifícios ao Deus Todo-Poderoso. Hofni e Finéias, os filhos de Eli, eram sacerdotes do Deus Eterno, em Siló. Cada vez que Elcana oferecia o seu sacrifício, ele dava uma parte para Penina e outra para todos os seus filhos e filhas. Mas para Ana ele dava uma porção dobrada. Elcana a amava muito, embora o Deus Eterno não permitisse que ela tivesse filhos. Penina, sua rival, provocava e humilhava Ana porque o Eterno não permitia que ela tivesse filhos. Isso acontecia ano após ano. Sempre que iam à casa do Deus Eterno, Penina irritava tanto Ana, que ela ficava só chorando e não comia nada. Um dia o seu marido Elcana lhe perguntou: -Ana, por que você está chorando? Por que não come? Por que está sempre triste? Por acaso, eu não sou melhor para você do que dez filhos? Certa vez eles estavam em Siló e tinham acabado de comer. Eli, o sacerdote, estava sentado na sua cadeira, na porta da Tenda Sagrada. Aí Ana se levantou aflita e, chorando muito, orou ao Deus Eterno. E fez esta promessa solene: -Ó Deus Todo-Poderoso, olha para mim, tua serva. Vê a minha aflição e lembra-te de mim! Não te esqueças da tua serva! Se tu me deres um filho, prometo que o dedicarei a ti por toda a vida e que nunca ele cortará o cabelo. Ana continuou orando ao Deus Eterno durante tanto tempo, que Eli começou a prestar atenção nela e notou que os seus lábios se mexiam, porém não
  • 46. 45 saía nenhum som. Ana estava orando em silêncio, mas Eli pensou que ela estava bêbada e disse: -Até quando você vai ficar embriagada? Veja se pára de beber! - Senhor, -respondeu ela-,eu não estou bêbada. Não bebi nem vinho nem cerveja. Estou desesperada e estava orando, contando a minha aflição ao Eterno. Não pense que sou uma mulher sem moral. Eu estava orando daquele jeito porque sou muito infeliz e sofredora. Então Eli disse: -Vá em paz. Que o Deus de Israel lhe dê o que você pediu! -Que o senhor sempre pense bem de mim! -respondeu ela. E saiu. Então comeu alguma coisa e já não estava tão triste. Na manhã seguinte Elcana e a sua família se levantaram cedo e adoraram ao Deus Eterno. Aí voltaram para casa, em Ramá. Elcana teve relações com a sua esposa Ana, e o Eterno respondeu à oração dela. Ela ficou grávida e, no tempo certo, deu à luz um filho. Pôs nele o nome de Samuel e explicou: -Eu pedi esse filho ao Deus Eterno. (1 Samuel 1:1-20 BLH) Ana carregava um drama pessoal - não tinha filhos! Seu problema era agravado de um lado por Penina, sua rival, que provocava e humilhava Ana porque o Eterno não permitia que ela tivesse filhos . Por outro lado, havia o intenso amor de seu marido que, pelo visto, só aumentava sua amargura - Ana, por que você está chorando? Por que não come? Por que está sempre triste? Por acaso, eu não sou melhor para você do que dez filhos ? (- Uma verdadeira panela de pressão – Você já se sentiu assim?). Vitoriosa no amor, mas derrotada na maternidade, Ana carregava uma escuridão em seu íntimo que a fazia penar. Então, cansada de sofrer, ela foi à luta! E foi no lugar certo - o Templo - onde, na presença do Pai poderia expor seu sofrimento. Ana colocou perante o Senhor toda a escuridão de seu íntimo -chorando muito, orou ao Deus Eterno Sua oração tinha uma expressão facial e corporal tão marcante que o sacerdote Eli, certamente acostumado a ver pessoas orando, reparou em Ana e a interpelou. Ana não teve dificuldades em colocar seus sentimentos para pessoa em que pudesse confiar. Após o sumo-sacerdote Eli tê-la abençoado, ela retornou à sua casa diferente (lembra-se de que ela não estava se alimentando?). Pois bem, quando chegou em casa começou a comer e o seu aspecto já não era o mesmo - Então comeu alguma coisa e já não estava tão triste. Na manhã seguinte Elcana e a sua família se levantaram cedo e adoraram ao Deus Eterno. Aí voltaram para casa, em Ramá. Elcana teve relações com a sua esposa Ana, e o Eterno respondeu à oração dela. A oração e a cura: O que nos chama a atenção é que a depressão abandonou Ana após sua oração e antes da resposta àquela oração que ela fez! Isto ocorreu logo após Ana ter colocado perante o Pai toda a amargura de sua alma e muito antes de ter o filho desejado.
  • 47. 46 Conclusão: Ana foi curada da depressão pela oração e não pela resposta à sua oração! Por que? Porque é somente quando expomos ao Pai todo o nosso coração dolorido é que estamos aptos a receber o abraço dEle e provar do Seu amor. E quando isso acontece , aceitamos até que o Pai guie nossa vida em rumos diferentes de nossos desejos. Ele nos convida a sonhar novos sonhos com Ele! Foi o que aconteceu com Ana - a existência do filho não foi mais necessária para que ela se sentisse bem. A comunhão com o Pai nos traz maior amor do que podemos experimentar em qualquer condição ou situação de vida, seja: solteiro ou casado, rico ou pobre, bonito ou feio, com ou sem filhos, etc... - Nossa vida plena não depende de nenhuma dessas condições especiais de vida, mas somente do amor do Pai - total e ilimitado. E aí a oração cura, antes mesmo da resposta. Boa meditação! Jorge Wilson
  • 48. 47 Evite a terra de Node E conheceu Adão a Eva, sua mulher, e ela concebeu e deu à luz a Caim, e disse: Alcancei do Senhor um homem. 2 E deu à luz mais a seu irmão Abel; e Abel foi pastor de ovelhas, e Caim foi lavrador da terra. 3 E aconteceu ao cabo de dias que Caim trouxe do fruto da terra uma oferta ao Senhor. 4 E Abel também trouxe dos primogênitos das suas ovelhas, e da sua gordura; e atentou o Senhor para Abel e para a sua oferta. 5 Mas para Caim e para a sua oferta não atentou. E irou-se Caim fortemente, e descaiu-lhe o semblante. 6 E o Senhor disse a Caim: Por que te iraste? E por que descaiu o teu semblante? 7 Se bem fizeres, não é certo que serás aceito? E se não fizeres bem, o pecado jaz à porta, e sobre ti será o seu desejo, mas sobre ele deves dominar. 8 E falou Caim com o seu irmão Abel; e sucedeu que, estando eles no campo, se levantou Caim contra o seu irmão Abel, e o matou. 9 E disse o Senhor a Caim: Onde está Abel, teu irmão? E ele disse: Não sei; sou eu guardador do meu irmão? 10 E disse Deus: Que fizeste? A voz do sangue do teu irmão clama a mim desde a terra. 11 E agora maldito és tu desde a terra, que abriu a sua boca para receber da tua mào o sangue do teu irmào. 12 Quando lavrares a terra, não te dará mais a sua força; fugitivo e vagabundo serás na terra. 13 Então disse Caim ao Senhor: É maior a minha maldade que a que possa ser perdoada. 14 Eis que hoje me lanças da face da terra, e da tua face me esconderei; e serei fugitivo e vagabundo na terra, e será que todo aquele que me achar, me matará. 15 O Senhor, porém, disse- lhe: Portanto qualquer que matar a Caim, sete vezes será castigado. E pôs o Senhor um sinal em Caim, para que o não ferisse qualquer que o achasse. 16 E saiu Caim de diante da face do Senhor, e habitou na terra de Node, do lado oriental do Éden. Eva provavelmente tinha expectativas acerca de Caim - Alcancei do Senhor um homem. Afinal de contas, havia sido prometido que um seu descendente haveria de ferir mortalmente a serpente que a havia enganado (Satanás), pois Deus havia dito (à serpente):- E porei inimizade entre ti e a mulher, e entre a tua semente e a sua semente; esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar. (Teria Eva expectativas de que Caim os levasse de volta ao Paraíso? – Não sabemos). Posteriormente Eva deu à luz a Abel que foi pastor de ovelhas ao contrário de Caim que era agricultor. Ao apresentarem suas ofertas ao Senhor, atentou o Senhor para Abel e para a sua oferta. Mas para Caim e para a sua oferta não atentou. Não foi a ausência de sangue que desqualificou a oferta de Caim, mas ele mesmo - Mas para Caim e para a sua oferta não atentou. O foco de Deus estava no ofertante e não na oferta . Então, irou-se Caim fortemente, e descaiu-lhe o semblante. A alteração física de Caim (no semblante) foi um fato marcante provocado pela sua ira e rejeição, sentimentos que não conseguiu mobilizar para fazer o caminho do arrependimento e encontrar o perdão e a Graça do Pai. (Guardaria ele consigo alguma mágoa de Deus pela expulsão de seus pais - Adão e Eva - do Paraíso? Ou será que Caim concluiu que Abel teria conquistado “a única vaga” para voltar ao Éden?).