1) O documento descreve a evolução da cerâmica grega desde o período geométrico até o estilo arcaico, distinguindo a fase orientalizante e a fase arcaica recente.
2) Na fase orientalizante, entre os séculos VIII-VI a.C., a cerâmica é marcada por influências decorativas orientais, com temas figurativos míticos e animais lendários.
3) A fase arcaica recente é caracterizada pela técnica das figuras pintadas a negro na Attica,
A evolução da cerâmica grega geométrica e orientalizante
1. llloz
Na evolução plástica da cerâmica gÍega os especialistas distinguem
seguintes estilos:
O estilo geométrico, situado entre os séculos IX e VIII a. C., filia-se ai
na grande tradição dos vasos creto-micénicos [75], distinguindo-se artisti
mente pela opção estrita dos motivos geométricos como base ornamen
Esses motivos elam dispostos à roda do corpo dos vasos, em bandas ou fri
paralelos e sobrepostos, cobrindo-os quase até à abertura. Cada banda
ornamentada a partir de motivos geométricos simples - o ponto, a linha,
círculo -, organizados em combinações e variações criativas, algumas
quais usadas desde o Neolítico: meandros, gregas, tnângulos,losangos,linhas
bradas ou contínuas, axadrezados... Estes motivos eram realçados a preto (
75. Vaso micénico do século XV-XIV a. C' com um verniz castanho-ocre, muito brilhante) sobre o fundo de cor natu
Bilha de três alças decorada com palmetas
dos vasos [76 e 78].
estilizadas, proveniente de Deiras (Argos) e
com 45 cm de altura.
O princípio formal desta arte geométrica,vbstrata em si mesmo, basea
-se, sem dúvida, na experiência técnico-artesanal (a rede de tecituras crl
nos teares lembra o princípio organizativo dos meandros e das gregas),
Frisos decoratìvos compostos
pelo entrelaçamento ou combi-
repÍesentava, também, um ceÍto sentimento intuitivo da estrutura
I
nação de linhas retas ou que- trico-matemática patente na Natureza e no Universo e base do pensamento
bradas.
da filosofia gregos.
A partir de inícios do século VIII, reintroduziram-se os elementos figura
vos na decoração cerâmica, mas estes apresentavam-Se Como meïas silhue
a negÍo, muito esquematizadas e estilizadas, de onde se excluíram todos
pormenoles secundários [ZZ]. Estes elementos figurativos elam constituí
por animais compondo pequenos frisos decorativos e poÍ seres humanos,
lados ou organizados em cenas descritivas e narrativas. Neste caso, os te
resumiam-se a batalhas e cerimónias fúnebres, denominadas de prophesis
lelra, depostção do cadíver). Nos primeiÍos, as personagens eram guerreir
apresentados em diversas posições de combate; nos úÌtimos, as cenas desc
vem os cortejos fúnebres com soldados e carpideiras seguindo o carÍo
viaja o corpo do moÍto, exposto sobre a urna. A uniformidade das cenas e
personagens impede-nos, hoje, de saber se se tratava de relatos da vida real
de episódios mitológicos com significado sagrado.
Quanto às formas, a tendência foi para o aumento progressivo do ta
76, ÂnÍora de estilo protogeométrico,
século X a. C., Atenas nho das peças, algumas das quais atingiram proporções monumentais.
Os desenhos ornamentais encontravam-se efeito, as ânforas e crateras da necrópole de Dipylon (junto ao Pireu) -
geralmente sobÍe a parte mais larga dos
vasos, o que contribuía para salientar as mais famosas deste período - ultrapassaram, nalguns casos, r,5m de altu
formas bojudas e criar uma certa harmonia Estas grandes peças destinavam-se a ser coÌocadas nos cemitérios como t
no conjunto. Verticalmente, articulavam-se
cadores das sepulturas, à maneira de estelas ou monumentos funerári
I com Íaixas transversais vazias, mantidas
na cor do barro; com estreitas listas de
I
t motivos geométricos simples (linhas para- Continham óIeos, unguentos sagrados e outras oferendas feitas aos mo
lelas, ondulações, ziguezagues, dentilha-
dos); e com ouÌras faixas lisas, totalmente
h9l. Nos finais do século VIII, culminando esta evoÌução, a arte geométri
cobertas de cor. entrou em fase de desintegração.
2. Hrsrónrn om ARrrs Vrsunls I 63
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78. Anfora de estilo geométrico antigo,
século lX a. C., Atenas
rs figura 'lf A decoração, muìÌo sóbria, é Íeita com ba-
lt.. se no meandro e na grega e concentra-se
s silhu na parte superior do corpo do vaso e do
e
n todos gargalo alto, acentuando a Íorma da peça.
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Ìreu) -
de aÌtur
frfi. Ànfora Íunerária de Dipylon, período arcaico, século Vlll a. C.
NÌCIAIl 79. Ânfora funerária contendo oferendas,
com 1,55 m de aìtura. Na peça desenvolve-se uma vastíssima necrópole de locols, Bolos
os moÍt ïtffinã decoratÌva que obedece a um ritmo quase musical. Os frìsos com
runr'::cs geométricos sêrvem de suporte à grande cena central da Lamen-
eométri
l[úüã: onde se evidencìa uma maior liberdade compositiva, a despeito dos
s repetitivos que a constituem.
3. lllo+
O estilo arcaico situa-se entre o final do século VIII eo início do
Va.C.
Sob o ponto de vista da cerâmica artística, este período subdivide-se
duas fases evolutivas: a fase orientalizante e a fase arcaica recente.
A fase orientalizante vai, aproximadamente, até 65o a. C. A cerâm
deste período é definida pelo pendor figurativo que reflete as influ
decorativas orientais, provenientes dos contactos comerciais e coloniais,
duzindo-se nos temas, na figuração e na expressão.
Os temas caracterizam-se pelo regresso ao fguratívo- nascido da n
dade de narrar e representar, já que a variedade das realidades natura
sociais vividas e presenciadas pelos Gregos, neste pedodo, a isso impelia
pelo aparecimento das cenas de carrícter riítottígicolol.
A figuração define-se pela inclusão de animais míticos ou lendários e
figuras híbridas como grifos, esfinges e górgonas; e pela representação
GÍiÍos - Animais mitológicos,
elementos decorativos de inspiração vegetai e naturalista, como lótus e
misto de leão e águia,
metas [81].
EsÍinges -
Figura mitológica
com cabeça de mulher, corpo
de leão, cauda de serpente e Na expressão é dada a preferência a figuras de grande tamanho (que
asas de águia.
gam a ocupar todo o bojo do vaso), tratadas ainda em silhueta, mas onde
incÌuíam já, pela técnica da íncísã0, pequenos tïaços realçados a branco ou
Górgonas - Figura decorativa
de inspìração mitológica. É re- melho que compunham pormenores anatómicos ou de vestuário [82 e 83].
presentada .por uma mulher
com a cabeça armada de ser
pentes. 0 mesmo que Medusa.
Estas características foram particularmente marcantes na cerâmica de
minada protoática, que abrangeu a produção das oficinas da região ateni
na primeira metade do sécuio VII a. C. [Sa].
A fase arcaica recente abrange os finais do século MI até cerca de 4Bo a.
Esta fase ficou marcada pelo aparecimento, na Atica, da cerâmica
rada pela técnica das figuras pintadas a negro. Trata-se de uma cerâmica
gante e sofisticada, fruto de uma técnica elaborada, destinada ao comércio
Iuxo [ver Descubra na página 66].
Sobre o fundo vermelho do barro destacavam-se os elementos figurati
representados como silhuetas estilizadas à maneira antiga (rosto de
com olho de frente, tronco de frente, ancas a três quartos e pernas de pe
totalmente preenchidas a cor negra. A técnica da incisão permitiu
rizar o interior das figuras, agora enriquecidas com linhas de contorno
músculos e outras paÍtes do corpo, com particularidades como a barb
cabelo ou os padrões do vestuário [s5].
O interesse pelos pormenores anatómicos sugere, aqui e aii, a infl
da pkístíca aplicada à escultura deste período (estilo severo).
4. HrsTóBrA DAs ARTES Vrsunrs i 65
,r ': : : adica (Melos) de estilo
I -:: século vll a. c., com a
:::
n rl:ì 81. Ânfora do pintor da Eubeia, proveniente 82. Vaso - Pelìke* com esfinge, datado do
da ErétÍia e datada do século Vll a. C., me- século Vll a. C.
: :--::./a. que aqui ocupa lu- dindo 76 cm
l : _. -: ,/aso, reÍere-se ao cul- É um vaso feito em terracota proveniente de
: ::i-f,o o encontro de Apolo Possui amplas Íigurações, das quais se des- Corinto. As representações ÍiguÍativas inva-
:: ' :ìen isa Potemia. E de taca a esÍinge estÍlizada da Íaixa central, dem toda a peça, moldando as suas formas à
i * : :ecoração Íloral cuÌvilí- rodeada por elementos decorativos vegetalis- supedície curva do vaso.
i : :::' siÌca deste período. tas,. tais como rosetas, volutas e volteios.
::
t at**'+.e*'-+*r-: =$i!-?rí'j"8t:ï:jrt;i:i'
84. ÂnÍora do pintor de Analotos, sé-
culo Vll a. C., estilo protoático com 76 cm de
altura
Os elementos Íigurativos predominam sobre a
decoração geométrica distribuída por faixas.
Enquanto os primeiros adquÍrem movimento e
I -: -ìsa Potemia encontra o carro de Apolo", pormenor da ânfora de Melos [80Ì animação, a segunda é Íixa. A cena prìncipal,
: i :rÌmam-se pela inclusão de pormenores traçados a vermelho ou a negro. O espaço colocada sobre a parte mais larga do vaso,
-: pelo contorno das formas é preenchido com motivos vegetalistas e ornamentais. mostra dois leões afrontados.
5. I Illuu
ül I liBÍilrírÍn O desenho continua bidimensional, $
mas o maior rigor que the foi atribuído I
A TECNTcAS oR 'cenÂvrcA DAS FrcuRAS NEGRAS"
confere às figuras mais naturaiidade e 3
Após a conJeção da peça n0 torno com uma argila-base, realizava-se a decoração
com 0utr0 ïip.o de argila em estado líquido e previamente preparada; não se tra-
expressividade. Nas cenas de conjunto, f
tava estritamente de um verniz; com ela traçavam-se as silhuetas das figuras usaram escalonamentos de tamanho (o
cujos pormenores eram marcados por meio de incisões. A Íigura apresentada que pÍoporciona uma certa noção espa-
pela peça antes da cozedura tinha uma cor avermelhada.
Depois de seca, a cerâmica era introduzida no forno e submetida a três Íases
cial) e preocupações de composição
seguidas de cozeduras: na primeira, deixava-se enÌrar o ar no Íorno, o que fazia (equilíbrio e simetria) que irão predomi-
com que a peça adquirisse uma cor avermelhada fruto da oxidação do Íerro que o nar no período seguinte.
barro continha. Na segunda fase, tambem chamada "reduçã0", submetia-se a
cerâmica ao fumo, Íazendo com que ele a mudasse do avermelhado para 0s tons
Na maioria dos casos, os registos nar-
cinzenÌo e preto. Durante a última Íase, deixava-se de novo entrar o ar no forno, rativos efetuavam-se em faixas sobrepos-
produzindo nova oxidaçã0. Assim, a argila-base, mais porosa do que a utilizada tas que abarcavam a totaÌidade do perí-
na decoraçã0, reabsorvia o oxigénio, tornando-se de novo vermelha, enquanto a
argila-verniz aplicada sobre essa decoraçã0, por ser mais densa, maniinha 0 tom
metro da peça e esgotavam, nesse
negro. Na técnica das Íiguras vermelhas, surgida a partir de 530 a. C., seguia-se percurso! a história que pretendiam con-
um processo semelhante, mas invertia-se a forma de decorar a peça. tar. Contudo, a grande liberdade formal
Reinaldo Garcia, A Arte Grega., err. O Poder dos Deuses. As Civiiizações do Mundo e estética que a cerâmica começava a
' Ântigo, vol. z, Edição Ediclube alcançar permitiu encontrar inúmeras
variantes [8ô e 87].
A liberdade decorativa atingiu igual-
mente os temas que, para além dos relatos mitoÌógicos, passaÍam a represen- 85. ÂnÍora Ítm
tar cenas da vida familiar e outÍas cenas do quotidiano. 122 cm
A peça é do cs
O prestígio da elegante cerâmica das figuras negras estendeu-se a todo o ocupam o ga4F
vaso, a descri!
mundo helénico, mas as olarias atenienses mantiveram um quase monopó- dos corpos de p
lio na sua produção, sendo as criadoras das peças mais belas e caras, o que representações i
atesta o declínio das oficinas coríntias, suas antigas rivais.
Foi também das oficinas áticas que saíram as inovações que deram conti-
nuidade e aperfeiçoameeto à cerâmica grega do período final, a cerâmica das
figuras vermelhas sobre fundo negro, datadas entre 53o e 5oo a. C., e que eram
na prática, o negativo das primeiras. A sua produção marcou o estilo clássico.
O estilo clássico situa-se entre 48o e 34 a. C.
Artisticamente, coffesponde ao período de apogeu técnico, estético e con-
ceptual do povo grego, no qual a arte foi encarada como uma consequência
direta da superioridade criativa, racional e filosófica da cultura grega.
Em consequência, o desenho e a pintura desenvolveram-se extÍaordinaria-
mente pela descoberta, aperfeiçoamento e aplicação de revolucionárias inova-
ções técnicas e formais: criação dos cânones escultóricos, descoberta do es-
corço, aplicação da perspetiva, criação do claro-escuro, aplicação de sombras. 86. Pormenor &
cêrca de 525 a_ (
Na cerâmica, estas inovações traduziram-se numa crescente qualidade Representa Háa
artística. Manteve-se o fabrico da ceràmica das figuras negras, mas implan- , É de notar a núr
i enriquecidas pdr
tou-se a técnica das figuras vermelhas, cuja invenção se atribui ao Pintor de ì cores subsidiiária
i usadas com sot
Andócìdes. Nesta técnica, toda a superfície do vaso era coberta com verniz i impressão que c
: dênota extraordi
negro, com exceção das figuras, cujas silhuetas se mantinham na cor I uma grande perfti
6. HtsróRn om Anres Vrsunrs I 67
Ânfora funerária do pintor de Nettos, proveniente da acÍópole de Dipylon, cerca de 630 a. C., com uma altura de
Bii.
'22 cm
r ceça é do começo do estilo ático das figuras negras. Os elementos dêcorativos organizam-se em duas grandes cenas que
:':upamogargaloeobojodovaso.Atemáticaómitológica: emcima,oduelodeHerácleseocentauroNesso; nocorpodo
.aso, a descrição do assassinato da Górgona, com as suas irmãs perseguindo o assassino. Nas pegas ou alças foram inseri-
r:s corpos de pássaros fantásticos. A técnica da incisão e a da grafita contribuíram para animar e dar expressividade a estas
':oresentações ainda de estilo arcaico.
86, Pormenor de uma ânÍora ática pintada por Psiax, 8?. Fragmenlo de cântaro com Aquiles que se prepara
Õerca de 525 a. C. para o combate, datado do século Vl a. C.
ìepresenta Héracles estrangulando o leão da Nemeia. Este é obra do ceramógrafo ateniense Nearco, um dos
de notar a naturalidade e expressividade das Íormas, expoentes da cerâmica artística deste período.
=
:nriquecidas pelos traços incisos e pela aplicação de
:ores subsidiárias como o roxo e o branco que foram
rsadas com sobriedade e acentuaram a poderosa
rpressão que causam as silhuetas negras. O pintor
lenota extraordinários conhecimentos anatómicos e
.ma grande perícia no desenho do escorço.
7. I lllu'
E
avermelhada, natural da argila. Os pormenores anatómicos e outros eram
acrescentados, posteriormente, a pincel mergulhado em tinta preta. Associada @
à perfeição aicançada entretanto pelo desenho, esta técnica imprimiu às figu-
ras decorativas da cerâmica uma plasticidade nova, tridimensional [88 a 90].
Com pouco desenho intemo - apenas alguns traços que sugeriam os volumes -,
os coÍpos adquiriram perspetiva, movimento, naturalidade e realismo. Apare-
ciam enquadrados em espaços figurados onde não faÌtavam, por vezes, peque-
nos apontamentos de cenários naturais ou arquitetónicos fverDescubra].
Contudo, o período não se esgota nestas duas técnicas. No século IV a. C.,
registou-se uma variedade de estilos decorativos. Alguns autoÍes associaram
livremente figuras vermelhas e negras sobre fundos amarelados ou brancos,
obtendo elegantes efeitos estéticos. Nas oficinas áticas, desenvolveu-se uma
cerâmica funerária com fundo branco, onde as formas das figuras se definiam
unicamente pela linha de contorno, traçada Com precisã o (estilo belo)192).
Noutras escolas, incorporaram-se figuras modeladas em relevo, colocadas
sobre as partes mais iargas dos vasos. Surgiram, ainda, novas colorações que,
nalguns casos, chegaram até à policromia.
Como se pode verificar, foi grande a liberdade criativa entre os modeÌado-
res e decoradores das peças cerâmicas, sendo possível reconhecer estilos indi-
viduais.
As fontes escritas coevas compÍovam-nos o valor que, na própria época,
se atribuiu à cerâmica. As principais olarias de cada cidade usufruíram de
Ël I lilllmr,in prestígio e popularidade, que se estendiam,
também, aos mais apreciãd'ós oÌeiros e pin-
UM PINTOR CERAMISTA:APOLODORO, O MAGICO DAS SOMBRAS
tores ceramistas. Possivelmente, foi a cons-
Apolodoro era um pinlor ativo em Atenas na segunda metade do século V a. C. 0
apelido revela os motivos da sua reputação como um inovador genial: efeliva-
ciência do valor estético das peças elabo-
mente, chamavam-no de Skiagraphos, ou seja, pintor de sombras. Tal epíteto Íoi radas que levou a que a maior parte da
interpretado de forma diversa pelos crílicos antigos e modernos, não sendo pos- cerâmica grega, peio menos a partir do
sível nenhuma prova pontual dado que das suas obras não resta nada, ainda que
século IV a. C., fosse assinada ou pelo arte-
seja claro que o pintor tentou n0v0s caminhos (...).
Segundo alguns, o pintor de sombras Ìeria sido o primeiro a representar a som- são-oleiro que a moldava, ou pelo pintor-
bra transÍerível (o esbatimento), quer dizer, a que é projetada sobre uma superfÊ -decorador que a ornava ou ainda pelos
cie iluminada pela coniraposição de um objeto. Segundo outros, (...) Skiagraphia
dois, adquirindo, por isso, o estatuto de ver-
signiÍicaria 0 mesmo que Skenographra e, nessa altura, a pintura de sombras
assumÌria o valor da pinÌura iludível (tal como os bastidores teatrais que simulam dadeira obra de autor.
arquiteturas inexistentes). (...) Sendo assim, o pintor ateniense teria iniciado a Com efeito, como os filósofos, arquite-
perspetiva: claro está que não se lrata daquela rigorosamente matemática do
Renascimento italiano, mas a que sugeÍe um espaço artiÍicioso através de um
tos e escultores do seu tempo, muitos des-
sábio jogo de sombras (...). les mestres artesãos alcançaram a imortali-
Oue signiÍicado tem esla inovação na evolução da pintura grega? dade peÌas peças produzidas. Tal foi o caso
Seguramente 0 começo de um novo caminho. A partir de Apolodoro, as Íormas
de Clítias, Apolodoro, Eufrónio, Exéquias e {
adquiriram luz e cor; passou-se do desenho colorido à verdadeira pintura, à
representação de objetos caídos num espaço, certamente ilusório, mas poetica- outros cujas obras são o melhor testemu- :-t-Ír_.-.-
! 88. ÂnÍora do 1-
mente real. nho do grande valor artístico da cerâmica ã
: A cena, que ocr1
- O vigoroso deseíl
Erlr As Grandes Descobertas da Arqueologia,vol.Y,
grega que viveu o seu apogeu precisamente
: em pirâmide ascÉt
Editorial Planeta De Agostini no século IV a. C.
8. Hrsrónn ors Anrrs Vrsunrs i 69
89. Taça ou KylÌx do pintor Douris. Altura
I cm e diâmetro 23 cm. Atenas, primeira
metade do século V a, C. Técnica das Íiguras
vermelhas
A decoração encontra-se no fundo interioÍ da
taça e representa um rapaz fazendo uma ofe-
renda. O equilÍbrio da composição é conseguido
pela posição do corpo e pelo desenho dos ges-
tos, em harmonia com os objetos - pralo, vaso
e altar. Note-se o efeito de transparência obtido
pelas pregas do manto que deixam adivinhar a
agilidade e Ílexibiìidade dos passos do jovem.
lú
i!
Anfora do pintoÍ de Pan, 37 cm de altura, cerâmica ática de aproximadamente 470 a. C. gO. Hídilade cerca de 410 a. C.
:ena, que ocupa toda a Íace central do vaso, representa Hércules lutando conÌra negros, no Egito. Decorada por Meidas, conta a hisÌória do rapto
goroso desenho anatómico das figuras lembra a escultura monumental desÌe período. A composiçào, das filhas de Leucipo. Repare-se no rigor do
- :irâmìde ascendente, é notável pelo dÍnamismo e expressão. desenho anaÌómico, na pormenorização das
Íormas e no dinamismo dos gestos e das cenas.
A sobreposição das Íiguras aponta para a tridi-
mensionalidade do espaço pictórico.
9. llll'o
E uma técnica de pintura na Na época helenística, por razões várias, a cerâmica grega perdeu o seu E
ô
qual os pigmenïos são diluídos
em cera quente, que é o agluti- prestígio e qualidade artística, banalizando-se.
o
nanÌe, e aplicados a quente so-
bre a superÍícre que se quer
pintar. Esïa técnica Ìeve a sua Da grande pintura mural grega hoje resta muito pouco. Alguns fragmen- s
origem na Antiguidade, a con-
Írar nos relatos da Grécia anti-
tos de frescos do final da época arcaica [91] e outros já helenísticos ou Íoma-
qa, e foi larqamente diÍundida nos. Para a conhecermos, temos de fazer fé nas informações deixadas pelos
em Roma, na pintura mural.
escritores antigos, gïegos e romanos, que nos falam com admiração dos pin-
tores mais famosos como Polígnoto de Tassos, o inventor do escorço, Agatarco
de Atenas, que desenvolveu a perspetiva, ApoÌodoro, o pintor das sombras, Zêu'
xis de Herac'leía, criador do claro-escuro, e Paúsias de Sicion, descobridor da téc-
nica da encáustica, método de pintura a ceÍa que permite um acabamento
brilhante e iria ser muito usado em Roma.
ï
rTTT--.
A.
92. Lekythos (
festinado a gL
: ïundo brancc
,,enera um herr
gÍ. Pintura lunerária, a Íresco, encontrada no túmulo de Tuffatore, datada de entre 490-470 a. C., em Pêsto
-nos contada a
Repare-se que o desenho das Íiguras, a anatomia esquemática e os drapeados das roupas possuem muitas das características da escullura do mesmo período Cenciada pela {
l
10. HrsróRn ols Asres Vrsuers I 71
À. B.
:C2. Lekythosdo pintor Bonsaquet,440-430 a. C., altura 48 cm
: lestinado a guardar perfumes para o culto dos mortos, este lekythos ilustra-nos a técnica do chamado "estilo belo". Sobre
i : Íundo branco, o pintor desenha apenas a linha dos contornos a negro. A cena da Íace [A] representa uma jovem que
i ,:nera um heróÌ, representado na Íace lBl, deposrtando uma oferenda junto do seu monumento Íúnebre. A cena aparece-
; --os contada ao redoÍ de todo o corpo do vaso, de Íorma despojada mas solene, de onde emana uma certa nostalgia evi-
; :enciada pela sobriedade dos registos.
11. kffiHü" ffie#ffi wmmg*mffi ü)esffi #sffiffi Ë'$ffiffi ffie$ìffi $#ffide'r"fiffi#
E
ç
@
ru 0 Partenon e Atena Niké È
a
Situados no alto, na acrópole, dominando a cidade de Atenas, estes são dois
ffi
ffi
FU
templos exemplares do génio grego.
ffi
Fachat
0 Templo do Pártenon
W ,írtrron,nome que significa " ctsa da virgem" , é um templo que foi Íecons-
truído sobre estruturas preexistentes (a primeira datada do século VII e
outra do século VI a. C.) para celebrar a vitória contra os Bárbaros. Foi dedi
cado a Athena Pallas, a deusa dos atributos guerreiros e da sabedoria, que foi,
também, a guardiã e protetora da cidade'estado de Atenas. O nome Pártenon
foi utilizado apenas no século IV a. C., sendo anteriormente conhecido Excerto do corte longitudinal do Pártenon,
somente corno " Gr6.nde Templo" ott " Hicatompédos Néôs" - o templo que assinalando a localização da estátua de
Atena Parteno na cella
media roo pés áticos. A-*
1t
Este edifício é o mais carismático e o maior templo da Grécia Antiga, assina- il-
ffirw-üT*
lando o apogeu da arquitetura grega. Péricles, pouco depois da vitória dos Desenh(
Gregos sobre os Persas, incumbiu Fídias, o escultor, de coordenar a recons- do perisl
trução de vários edifícios na acrópole. Este, por sua vez, recorïeu aos arquite-
tos Íctino e seu colaborador Calícrates para reconstruir o Pártenon, o que
demorou onze anos, errtre 447 e 436 a. C. O próprio Fídias e a sua escola Planta do Pártenon
' Pronaos
seriam os autores da decoração escultórica de todo o edifício, cujos frontões Naos ou cel/a
foram concluídos apenas por volta de 432 a. C. ., Localização da estátua de Atena Parteno
: Opistódomos
O Rírtenonéum templo dórico peíptero, por teÍ colunas a toda a volta, e octás- . Pronaos
tilo porque possui oito colunas nas fachadas anterior,de entrada, e posterior, e Perístases
dezassete - o dobro mais uma - nas fachadas laterais. O templo assenta numa
plataforma com 3o,8o x 69,42 metros, que possui três altos degraus. A colu-
nata, formada por colunas com ro,43 metros de altura, rodeia a massa enoÍme
do edifício e confere-lhe um carácter particular, onde se casam a força e a ele-
gância. O seu corpo central está dividido em três espaços: o pronaos, o naos oLt
cellae o opistídomos. A cellamonumental tinha três naves desiguais com quase
30 metros de comprimento e zo de altura; aí se abrigava a estátua criselefan-
tina de 12 metros de altura, da deusa Atena Parteno, executada por Fídias. No
opistódomos, guardava-se o tesouïo da"Liga de Delol'que estava a cargo de Ate-
nas. O pronaos e o opistódomos abrem-se sobre um pórtico interno com seis
colunas. Ao longo da parte superior das paredes exteriores da cella, situa-se o
friso contínuo jónico das Panateneias, cujo comprimento media 16o metros.
O templo era coberto por um telhado de duas águas, formando os frontões
triangulares preenchidos por relevos. O teto de madeira era decorado com pin-
turas e dourados decorativos. :=
-
Reconstitu)
Construçâo
A luz penetrava no templo pelas portas cerimoniais que, quando abertas, per- j (bojo a um
mitiam que o Sol da manhã incidisse na grandiosa estátua, fazendo-a brilhar. - adornada pc
<:
Apesar das I
: que o compx
12. HrsÍóRrA DA CurruRn r oes AnrEs 73
Fachadas este e oesle do pártenon
Desenho que representa a leitura do friso contínuo do Pártenon, As
Grandes panateneias,situado à sombra
do peristílo
telhas de terracota c0lunata inteÍior com primeiro andar
vigamento de madeira acrotéÍio da cumeeira
anteÍixas
Ír0ntà0 acrolérioangulaÍ
0rtóstat0
naos ou cella
peristase
vestÍbulo
(pronaos) rampa de acesso
; Reconstituição de um templo dórico, protótipo de pártenon
: tonstruÇão reconstituída do ângulo norte e da Íachada este segundo A. oriandos. A
i bolo a um terço dasuaaltuÍa) impercetível; o equinodo capitel équase retilíneo; acoluna, composta portêm a mesmaaltura;cavilhas, tem apenas uma enÍasl:s
arquitrave e oÍriso
cilindros fixos com
a molduradacornija inclinadaé
! adornada por um motivo pintado com palmas; o aciorério angular, com motivos
vegetais, é feito de mármore.
: Apesar das partlcularidades iónicas, o Páftenon' de que estJtemplo é modelo, com as subtilezas que dão vida ao rigor com que foi elaborado (nenhuma das linhas
: que o compõem são verdadeiramente retas), representa o ponto de pedeição da ordem dórica.