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Fundação 2 de Julho 
Conselho de Curadores Moisés Dominguez Souza (Presidente) 
Jaime David Cardoso Pereira (Vice-Presidente) 
Heloisa Helena F. Gonçalves da Costa (Secretária) 
Agenor Cefas Cavalcante Jatobá 
Italva Almeida Simões 
João Dias de Araújo 
Lêda Jesuíno dos Santos 
Maria Lúcia Cardoso de Souza 
Romélia Santos 
Secretário Executivo Cléber de Oliveira Paradela 
Colégio 2 de Julho 
Diretor Celso Loula Dourado 
Coordenadora Pedagógica Neuza Régis Dourado 
Divisão Administrativa e Financeira Milton Oliveira Cavalcanti 
Conselho Técnico Pedagógico Ana Bernadete Farias Menezes 
Josely Maria Tinoco Guerreiro Peixoto 
Lúcia Angélica de Fontenelle 
Maria Genilde Alecrim Machado 
Sonira Lúcia Dantas Neves 
Zenóbia Guimarães Lobo de Carvalho 
Faculdade 2 de Julho 
Diretor Geral Josué da Silva Mello 
Diretor de Administração e Finanças Sérgio Augusto Miranda de Souza 
Coordenadora Pedagógica Tecla Dias de Oliveira Mello 
Coordenador de Administração Adeimival Barroso de Pinho Júnior 
Coordenador de Comunicação Social Derval Cardoso Gramacho 
Coordenadora de Direito Valnêda Cássia Santos Carneiro 
Secretária Acadêmica Marane Iara Xavier Rodrigues 
Coordenadora da Biblioteca Maria Rosane Canelas Rubim 
Assessor de Comunicação Sílvio César Tudela Vieira 
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Copyright@2008 FACULDADE 2 DE JULHO 
Direitos desta edição reservados à Faculdade 2 de Julho - F2J 
Av. Leovigildo Filgueiras, 81. Garcia. Salvador. Bahia. CEP 40.010-000 
Tel: (71) 3114-3400 • Fax: (71) 3114-3401 
E-mail: f2j@f2j.edu.br • Web site: www.f2j.edu.br 
Impresso no Brasil / Printed in Brazil 
É PROIBIDA À REPRODUÇÃO 
De acordo com à lei 5.988, de 14 de dezembro de 1973, artigos 122-130. 
DEPÓSITO LEGAL na Biblioteca Nacional, conforme decreto nº 1.825, de 20 de dezembro de 1907. 
PESQUISA HISTÓRICA E ENTREVISTAS 
Coordenação Bianca Daébs Seixas Almeida 
Equipe Jilson Soares 
Rebeca Daébs Seixas 
Zózimo Trabuco 
PRODUÇÃO EDITORIAL E GRÁFICA 
Texto final Derval Cardoso Gramacho 
Normalização Rosane Rubim 
Projeto gráfico e Editoração eletônica Joel Calixto 
Supervisão gráfica Vinícius Carvalho 
Fotografias Antonio Aguido 
Arquivo do Colégio e da Faculdade 2 de Julho 
Famílias (Calasans Neto, Gláuber Rocha e Luís Eduardo Magalhães) 
Revisão, Edição e Coordenação geral Sílvio César Tudela 
Impressão Gráfica Belo Visual 
Tiragem 1.000 exemplares 
Ficha catalográfica 
F143 Faculdade 2 de Julho 
2 de Julho: 80 anos construindo o saber. Salvador: F2J, 
2008. 
ISBN: 978-85-61144-01-2 
1. Memória 2. Fundação 2 Julho 3. Colégio 2 de Julho 
4. Faculdade 2 de Julho I. Título 
CDU: 82-94 
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À Família 2 de Julho 
À Comunidade baiana 
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SUMÁRIO 
APRESENTAÇÃO 13 
PREFÁCIO 17 
CRONOLOGIA 21 
PROTESTANTISMO E EDUCAÇÃO 23 
DO SONHO AMERICANO À CONSOLIDAÇÃO DO COLÉGIO 2 DE JULHO 33 
O PROCESSO DE NACIONALIZAÇÃO E A FUNDAÇÃO 2 DE JULHO 59 
MARCAS DO COLÉGIO 2 DE JULHO NA SOCIEDADE BAIANA 75 
A FACULDADE 2 DE JULHO: RUMO AO FUTURO 93 
REFERÊNCIAS 121 
NOTAS 125 
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Apresentação 
2 DE JULHO 80 ANOS CONSTRUINDO O SABER é um 
lançamento do Programa Editorial da Faculdade 2 
de Julho, implantada no ano 2000, filha mais nova 
da Instituição. Pretende complementar “A Memória 
Histórica do Colégio 2 de Julho”, publicada em 1997. 
Na última década a Instituição cresceu. O seu maior 
avanço configurou-se na implantação da Faculdade, 
no início com três cursos e, atualmente, com sete, 
alimentando sonhos de tornar-se um Centro 
Universitário de referência no Nordeste brasileiro. 
A Escola Americana criada em 1927 na cidade do 
Salvador, Bahia, sem grandes pretensões, resultou, em 
nosso tempo, num “Centro Educacional Baiano” 
reunindo cursos desde a educação infantil, ensino 
fundamental e ensino médio, ao ensino superior da 
graduação à pós-graduação. A Instituição, que 
emergiu da consciência missionária, celebra, pois, os 
80 anos de história em 2007, bastante ampliada em 
sua missão e nos seus horizontes. 
O livro dos 80 anos ora apresentado pretende ser uma 
contribuição da Academia mais na interpretação da 
história do que na sua narrativa. A pesquisa histórica, 
tão bem conduzida pela historiadora Bianca Daébs 
Seixas Almeida, buscou responder a algumas 
questões relevantes, entre as quais, por que os missi-onários 
norte-americanos encaminhados ao Brasil 
com a missão de evangelizar preocuparam-se antes 
com a educação? E encontra na ideologia protes-tante, 
centrada na liberdade humana, a motivação 
possível, porquanto os reformadores foram incisivos 
no entendimento da educação como instrumento 
fundamental no processo de construção da liberdade 
e da cidadania. 
Por que o Colégio 2 de Julho, criado e administrado 
pelos missionários americanos por quase meio século, 
veio a ser estruturado em Fundação de direito 
privado, sem fim econômico, quando outras 
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instituições originárias da mesma Igreja Presbiteriana dos Estados Unidos re-ceberam 
outras destinações? Que forças foram determinantes no processo 
de nacionalização? Por que a Faculdade, nos dias atuais, enfoca a questão 
da ética e dos direitos humanos, chegando a projetar um Memorial dos Direitos 
Humanos, com dimensões nacionais, a ser implementado no Solar Conde 
dos Arcos? Por que atualmente se valoriza tanto a pessoa do missionário 
Jaime N. Wright e que papel ele desempenhou no processo de nacionalização 
e criação da Fundação? 
São questões trabalhadas no documentário, utilizando-se inclusive da 
oralidade, com testemunhas oculares, que lançam inéditas luzes e revelações 
sobre a história da Instituição, ao longo de suas oito décadas de compro-metimento 
com a educação de qualidade, com a democracia, a formação 
da cidadania e com o desenvolvimento da Bahia. 
“O livro dos 80 anos ora apresentado 
14 2 DE JULHO: 
80 anos construindo o saber 
pretende ser uma contribuição 
da Academia mais na interpretação 
da história do que na sua narrativa” 
2 DE JULHO 80 ANOS é o registro de um projeto 
educacional desenvolvido com o sentido de 
missão. Assim foi e assim sempre o será. O 
testemunho de uma história de orgulho para a 
Igreja e para o povo baiano, a iluminar a 
construção do futuro. Instituição que no dealbar do século XXI continua 
com a mesma missão a cumprir, com desafios novos a vivenciar. 
Situação que faz lembrar um dos versos de Fernando Pessoa: “Hoje os mares 
são os mesmos de anos atrás, mas os perigos do caminho já não são iguais”. 
Certamente a missão permanece a mesma, o compromisso vocacional tam-bém, 
mas os perigos do caminho são maiores, as ameaças se agigantaram, 
exigindo renovação dos sonhos, perspicácia na identificação dos novos 
desafios e capacidade de gestão profissional com ampla visão de futuro. 
A Instituição, por certo, lastreada em novos paradigmas, continuará apoiando 
as oportunidades de acesso, os esforços em favor da democratização do 
saber, da inclusão social, dando seguimento ao projeto de educação 
diferenciada, destinado à formação de cidadãos líderes, de profissionais 
competentes, com avanços na produção da cultura e do conhecimento, 
seguindo os mais elevados padrões de qualidade e de excelência. 
Cabe ressaltar, também, que o documentário comemorativo dos 80 anos 
resulta de uma construção coletiva. Merecem destaques e agradecimentos: 
a Fundação 2 de Julho pelo incentivo, o Colégio pelas informações e 
empenho, o Presbitério do Salvador pelo apoio heróico, a historiadora Bianca 
Almeida e sua equipe pelo trabalho dedicado, a conselheira e professora 
Leda Jesuíno pelo magnífico prefácio, o professor Derval Gramacho pela 
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2 DE JULHO: 
80 anos construindo o saber 15 
produção do texto, a bibliotecária Rosane Rubim pelo cuidadoso trabalho 
de normalização, o fotógrafo Antonio Aguido pela dedicação, o jornalista 
Sílvio César Tudela, o designer Vinícius Carvalho, o diagramador Joel Calixto 
e a toda equipe da ASCOM pelo árduo trabalho de apuração, conferência 
de informações, escolha e restauração das fotos, criação gráfica, revisão, 
edição e editoração final. Destaca-se e homenageia-se, enfim, a todos que 
partilharam dos sonhos e construíram a audaciosa caminhada dos 80 anos. 
Josué da Silva Mello 
Diretor Geral da Faculdade 2 de Julho 
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Untitled-1 16 14/08/2008, 18:02
Prefácio 
A Fundação 2 de Julho é uma significativa expressão 
no panorama educacional da Bahia, que se vem 
tornando, ao longo do tempo, um grande foco de 
energia irradiosa, penetrando com a força da sua 
potencialidade pelas artérias do sistema de educa-ção 
que vem sendo vivenciado nestes dias 
tumultuados de um mundo em mudança. 
No momento em que a educação enfrenta uma 
problemática existencial de tal porte, que Morin 
considera como sendo uma “agonia planetária”, 
por estar o mundo enfrentando uma “policrise”, as 
organizações voltadas para a missão de educar 
sentem-se envolvidas em problemas surpre-endentemente 
complexos que, acrescentados aos 
que rotineiramente pertencem ao quotidiano, 
formam obstáculos feitos de dificuldades de várias 
dimensões. 
A Fundação 2 de Julho, inserida nesse contexto 
permeado de divergências, convergências e 
polêmicas acirradas em torno das mais variadas 
teorias educacionais, frutos de ideologias antagôni-cas, 
de posicionamentos radicalizados, vem 
atravessando as tempestades do clima intelectual 
do seu tempo, de tempestuosos furações e chuvas 
torrenciais, apresentando-se a uma “sociedade 
líquida”, como quer o sociólogo Bauman, com 
fortaleza de ânimo e impressionante coragem para 
enfrentar a superficialidade do seu tempo. 
De tal grandeza é a sua contribuição que se tornou 
digna de uma respeitabilidade que se expande 
agora, aos 80 anos, para uma glorificação. 
Octogenária, experiente, sofrida e vencedora, 
chega à serenidade da sua plenitude ainda vigorosa 
e com direito a sonhar... 
Em educação, sonhar é vital, e a Utopia é 
imprescindível. Entre o Ideal do Sonho e o Real da 
Vida, a Fundação 2 de Julho faz o seu caminho 
caminhando, pois sabe, no seu âmago, que não há 
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caminhos, há caminhantes... Seu caminho, como todas as estradas no terre-no 
educacional, é feito de pedregulhos e atapetado de folhas secas, frágeis 
ao toque dos pés cansados do caminhante. 
Seu caminho, como tantos outros construídos no solo movediço da imensa 
área da educação, é construído a cada dia com as agruras e as glórias do 
semeador que aceita a chuva torrencial que prejudica a semeadura, acolhe 
o sol inclemente que retarda a colheita e continua a semear, tentando sempre 
separar o joio do trigo. 
Seu caminho, como são os caminhos dos idealistas críticos e não ingênuos, 
apresenta-se, no labor diário do exausto caminhante que o percorre, prenhe 
de curvas perigosas e sombrias passagens, ladeadas de precipícios. 
“A história do 2 de Julho [...] é uma história 
18 2 DE JULHO: 
80 anos construindo o saber 
de coragem, de determinação 
e [...] de amor à humanidade” 
Aos seus 80 anos, debruça-se o “2 de Julho” sobre o 
seu passado para apresentar, uma visão 
panorâmica, a sua história, que é a sua vida de 
embates e vitórias, lutas e fracassos, perdas e 
ganhos, flores e espinhos, envolvida sempre no “Eros Pedagógico” do seu 
corpo material e espiritual que o vivifica, constituído pelos seus professores e 
funcionários, seus alunos e ex-alunos, seus amigos e, principalmente, pelos 
seus fundadores: Irene e Peter Baker, cuja presença ainda é viva, fortalecendo 
o ânimo e a coragem dos que atualmente o sustentam com vigorosa vontade 
de ir em frente, de seguir adiante, de formar não apenas cidadãos; muito 
mais além, formar pessoas que acreditem que a vida é fenômeno universal, 
resultante de uma energia que circula no finito e no infinito... 
Aos seus 80 anos, ao contar a sua história, estamos diante de uma estória de 
amor que começa assim: era uma vez, um príncipe e uma princesa em busca 
de um palácio numa cidade linda. E, um dia, o encontraram e nele viveram 
felizes com muitos e muitos filhos a quem amaram profundamente, 
apaixonadamente e fizeram deles homens e mulheres que os amaram e 
sempre tentaram viver de acordo com tudo que aprenderam com eles. 
Tornaram-se cidadãos e honraram os seus pais e tentam até hoje fazer daquele 
palácio um monumento destinado ao culto do amor incondicional ao 
Homem através da educação fundamentada na Fé, Esperança e na 
Caridade, as virtudes cardinais que o príncipe e a princesa lhes colocaram 
no coração, seguindo Jesus. 
A história do 2 de Julho, que vem a público, contextualizando a instituição 
desde o seu início, numa sociedade de pós-guerra, procurando demonstrar 
quanto a missão protestante estava ligada à educação dentro do “saber 
funcionando como amparo da fé”, é uma história de coragem, de 
determinação e, sobretudo, de amor à humanidade. 
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2 DE JULHO: 
80 anos construindo o saber 19 
A Escola Americana que se tornou Ginásio e depois Colégio 2 de Julho, 
ocupando um espaço histórico como é o Solar Conde dos Arcos, alçou vôo 
no tempo, superando dificuldades internas das instituições mantenedoras, 
fiel à afirmação de Lutero, citado neste livro no sentido de que é sempre 
preciso ter escolas para satisfazer nossas necessidades como habitantes deste 
mundo; tese seguida pelos calvinistas e adotada pelos presbiterianos. 
Da junta das Missões Estrangeiras, veio o casal Baker para Salvador, e o que 
representou o seu trabalho, para a educação nesta Cidade, está bem 
apresentado no livro. Os autores se preocuparam em destacar as inovações 
que foram corajosamente implantadas pelo casal Baker, sobretudo a co-educação. 
Os passos largos e definidos que deu o Colégio até galgar os degraus do 
nível superior e ver ao seu lado instalada uma Faculdade já tão acreditada 
estão descritos nestas páginas que delineiam a trajetória da Fundação 2 de 
Julho, com a dedicação de quem admira, com a exatidão de quem examina 
com seriedade, com a sensibilidade de quem percebe o que está além dos 
fatos visíveis, com a lucidez de quem se conscientiza da responsabilidade de 
suas afirmações, com o conhecimento da verdade histórica que esclarece e 
liberta de pronunciamentos tendenciosos. 
Na verdade, é um livro de quem escreve com Amor uma história de Amor. 
Foi escrito com o Amor com que ele foi fundado e que permanece nos 
corações dos que hoje o dirigem. Nele, vai valer a pena penetrar nos corações 
que aí pulsam como se estivessem fora da letra no papel e, percorrendo 
aquele imenso pátio de construções atuais, recordar os velhos tempos, 
quando os tamarineiros floriam e as crianças corriam e os adolescentes 
“flertavam”, aquilatar como os novos prédios foram construídos com os ideais 
elevados dos Bakers, dos Graves, do reverendo Jaime Wright, dos diretores e 
funcionários que se sucederam e deram a sua valiosa colaboração, cujos 
nomes estão em destaque pelo autor, fazendo jus à contribuição que deles 
recebeu o “nosso 2 de Julho”. 
É neste “2 de Julho” tão nosso que este livro está fixado e é de muita reverência 
à educação que suas páginas estão plenas. 
Profª. Leda Jesuíno dos Santos 
Conselheira da Fundação 2 de Julho 
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Cronologia 
1927 Criação do Colégio Americano 
na Rua João das Botas, no Canela 
1928 Transferência para o Solar Conde dos Arcos, 
na Av. Leovigildo Filgueiras, 81 
1931 Alteração do nome para 
Ginásio Americano 
1939 Alteração do nome para 
Instituto 2 de Julho 
1943 Autorização de funcionamento do curso 
colegial, alterando-se o nome para 
Colégio 2 de Julho 
1950 Transferência do casal Baker para 
o Mackenzie (SP) 
1966 Início do processo de nacionalização: 
Conselho Superior de Administração 
1976 Criação da Fundação 2 de Julho 
2000 Criação da Faculdade 2 de Julho 
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PROTESTANTISMO 
E EDUCAÇÃO 
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A educação no pensamento dos 
reformadores 
A educação foi tema central no pensamento dos 
líderes da Reforma Religiosa, nos séculos XV e XVI, na 
Europa. Este movimento começou a ser gestado no 
século XIV, quando vários religiosos se mostravam 
inquietos diante das práticas da Igreja Católica e de 
suas lideranças, notadamente o Tribunal do Santo 
Ofício. Também chamado de Santa Inquisição, ele 
foi criado oficialmente em 1229, no Concílio de 
Toulouse, na França, pelo Papa Gregório IX, inspirado 
nas idéias do Papa Lúcio III, apontado como o mentor 
da Inquisição, em 1184. 
No ano de 1252, o Papa Inocêncio IV publica o 
documento Ad Exstirpanda, que subsidiou o seu 
pedido, acatado por toda Igreja, de ter autoridade 
para exterminar todos os hereges, considerados como 
uma ameaça ao Cristianismo. Na verdade, o Tribu-nal 
do Santo Ofício era um instrumento para impor à 
força a supremacia da Igreja Católica, com o poder 
de exterminar aqueles que rejeitavam o Cristianismo 
na forma imposta por ela. 
Entre os que se recusavam a seguir as rígidas 
orientações da Igreja estava o padre inglês John 
Wyclif (1324-1384). Ele contestava a autoridade do 
papa e criticava a incompatibilidade das normas 
do clero e da Igreja com os ensinamentos de Jesus e 
seus apóstolos. A principal questão apontada por 
Wyclif era a das propriedades e da riqueza do clero, 
além de denunciar a prática da venda de indulgên-cias 
e a vida perdulária de padres, bispos e outros 
religiosos sustentados com o dinheiro do povo. 
Wyclif fez a primeira tradução da Bíblia para a língua 
inglesa, pois considerava que esta obra deveria ser 
um bem comum de todos os cristãos e precisava 
estar ao alcance das mãos para uso cotidiano e na 
língua nativa de cada povo. Na sua compreensão, 
a Bíblia devia ser a base de toda a doutrina da Igreja 
e a única forma da fé cristã, pois, entendia que “a 
verdadeira autoridade emana da Bíblia, que contém 
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26 2 DE JULHO: 
80 anos construindo o saber 
o suficiente para governar o mundo, e sem o conhecimento do que nela 
está contido não haveria paz na sociedade”. 
Suas idéias mobilizaram vários segmentos da sociedade inglesa da época, 
que logo viu surgir um grupo de seguidores que passou a ser chamado de 
lolardos. Os integrantes desta Ordem eram considerados padres, mas eles 
não recebiam a consagração formal, não faziam votos e se dedicavam ao 
ensino do Evangelho ao povo, conforme as teorias e pensamentos de Wyclif. 
Esses pregadores itinerantes andavam agrupados dois a dois, descalços, 
usando longas túnicas e portavam cajados nas mãos. Em 1381, após uma 
insurreição popular, o rei Ricardo II proibiu os lolardos de continuar 
disseminando o pensamento de seu inspirador. Eles foram apontados como 
incentivadores da revolta. 
Nos séculos seguintes, a Igreja se fraciona com a Reforma, que dá origem a 
uma nova ordem: a Igreja Reformada ou a Reforma Protestante. Martinho 
Lutero, João Calvino, Menno Simons, John Knox, Thomas Cranmer, entre 
outros, foram os principais nomes que encabeçaram o movimento reformista, 
motivado, sobretudo, pela discordância dos métodos aplicados pela Igreja 
Católica. Eles eram lastreados nas teses de Wyclif que pregava a fé pela 
razão e conhecimento, ou seja, era preciso alfabetizar o povo, dar a ele 
acesso à literatura sagrada e a oportunidade de ter conhecimento sobre a 
verdade que, para Wyclif e os reformistas, era Jesus Cristo. 
Os protestantes se conduziam pela lógica “conhecereis a verdade e a verdade 
vos libertará”1. Jesus era a verdade, e não haveria verdade que, em última 
instância, não remetesse à verdade que estava n’Ele, de modo que toda 
busca por conhecimento não só era bem aceita como também incentivada 
e fazia parte da ação estratégica de evangelização dos missionários. Os 
reformistas defendiam a elevação da autoridade religiosa do indivíduo que, 
no exercício pleno de sua fé e iluminado pelo Espírito Santo, estivesse apto a 
ler a Bíblia e outros livros religiosos, e a interpretar sobre aquilo que leu, sem a 
intermediação da Igreja e sem prejuízo de sua salvação. Como dizia Wyclif: 
“O cristão não precisa do Papa, pois Deus está em toda parte e nosso Papa 
é o Cristo”. 
Um dos fatores estimulantes dos ideais reformistas foi a invenção da imprensa 
pelo alemão Johann Gutenberg (1390-1468). Ela abria finalmente a 
possibilidade de atender aos reclames dos protestantes que era a distribuição 
da Bíblia para todos os cristãos, na língua original de cada povo. A invenção 
de Gutenberg possibilitava a popularização do conhecimento e não foi à-toa 
que a primeira obra por ele impressa tenha sido justamente um exemplar 
da Bíblia em alemão. Se isto agradava aos reformistas, sem sombra de dúvida 
desagradava à Igreja Católica, cujos líderes entendiam que dar a Bíblia ao 
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“Ainda que não existisse alma, nem inferno, 
nem céu, seria preciso ter escolas para 
satisfazer nossas necessidades como 
habitantes deste mundo” 
2 DE JULHO: 
80 anos construindo o saber 27 
conhecimento público era o mesmo que perder o poder e o controle que 
tentavam manter sobre o povo e os governos através de mecanismos como 
o próprio Tribunal do Santo Ofício, ou seja, a Inquisição. 
Hill2, ao analisar o movimento reformista, comenta que John Foxe3 (1516- 
1587) atribuiu o advento da escrita impressa como um presente dado ao 
homem pela intervenção direta de Deus. Isso porque o novo método permitia 
a realização da ideologia que norteava a Reforma. Thomas Beard (1568- 
1632), reverendo inglês, puritano e autor de teatro, comungava da mesma 
opinião de Foxe, de acordo com Hill, pois via a Providência Divina por trás 
do que considerava a coincidência entre a época da invenção e 
desenvolvimento da imprensa e a tradução do texto bíblico para o inglês. 
Assim, a liberdade de impressão tornou possível a Reforma e as concepções 
mais amplas de liberdade religiosa. 
Lutero e Calvino entendiam que a promoção do 
texto bíblico deveria vir acompanhada da 
instrução, alfabetização e educação. Neste sentido, 
Lutero, contrariando a vocação católica contra a 
qual se movia a Reforma, afirmava: “Ainda que não 
existisse alma, nem inferno, nem céu, seria preciso ter escolas para satisfazer 
nossas necessidades como habitantes deste mundo[...]”.4 
A educação é, desde o primeiro momento, uma necessidade altamente 
valorizada por todos os protestantes históricos, com destaque singular para 
os presbiterianos ou reformados. 
A Reforma teve também um segundo momento que passou à História como 
a “Segunda Reforma” ou “Reforma da Suíça”, desde quando se dá após a 
Reforma capitaneada por Lutero. Ocorrida em Zurique, Suíça, teve como 
líder inicial Ulrich Zwingli (1484-1531), de quem Lutero era crítico severo. Com 
a morte de Zwingli, a liderança do movimento foi entregue nas mãos de um 
homem respeitado entre seus pares pela sua grande capacidade intelectual 
e administrativa, o francês João Calvino (1509-1564), que atuou durante 25 
anos na cidade de Genebra, naquele país. 
Calvino foi um dos mais importantes teólogos protestantes do século XVI. De 
sua vasta produção literária destaca-se “Institutas da Religião Cristã”, obra 
na qual deixa claro o seu pensamento e revela sua grande apreciação pela 
dádiva do intelecto e seu cultivo do mesmo através da educação. 
O teólogo francês considerava o estudo da Bíblia e do conhecimento do 
mundo criado por Deus como atividades de suma importância e esse 
entendimento o levou a propor, em primeiro lugar, que a Igreja Reformada 
de Genebra elegesse, entre seus líderes, um grupo de doutores ou mestres, 
Untitled-1 27 14/08/2008, 18:03
28 2 DE JULHO: 
80 anos construindo o saber 
que ficaria encarregado especificamente de desenvolver atividades 
educativas voltadas para a infância e a juventude. Em segundo lugar, investiu 
na criação de uma instituição de ensino primário, secundário e superior, 
denominada Academia de Genebra (1559), precursora da atual Universida-de 
de Genebra. 
Para Nascimento5, uma das motivações para a criação daquela Academia 
foi o entendimento de que os pastores das igrejas reformadas deveriam ser 
homens solidamente preparados para desempenhar adequadamente as suas 
funções. Ela explica que o currículo da Academia de Genebra atribuía grande 
valor aos estudos humanísticos, ou seja, às línguas, à literatura e às artes da 
Antigüidade clássica greco-romana. Entendia que os autores antigos, além 
de sua capacidade retórica e clareza de pensamento, comunicavam 
verdades sobre importantes conhecimentos. Na realidade, essa ênfase à 
educação refletia a teoria teológica de Calvino6: 
Deus é o Senhor de toda vida; a mente humana foi por Ele criada e 
deve ser usada para Sua Glória. Através do Seu Espírito Santo, Deus 
atua em todos os seres humanos e os capacita a produzir coisas boas e 
belas em todas as áreas do conhecimento: toda verdade é verdade 
de Deus, esteja onde estiver. 
Nascimento7 explica que a importância atribuída por Calvino à educação 
foi mantida pelos seus herdeiros em toda a Europa, pois o movimento 
conhecido como Segunda Reforma ou Reforma Suíça alcançou divulgação 
em todo o continente, com forte expressão em países como França, 
Alemanha, Holanda, Hungria e nas Ilhas Britânicas. Os pastores calvinistas 
eram, quase todos, homens instruídos e disciplinados nas melhores tradições 
reformadas. 
Entre esses homens, destacou-se John Knox, que levou a Escócia a abraçar o 
calvinismo oficialmente em 1560, quando o parlamento criou a Primeira Igreja 
Nacional Protestante. Essa igreja abraçou conscientemente o Presbiterianismo, 
uma forma de organização eclesiástica na qual o governo é exercido pelos 
presbíteros, oficiais eleitos por suas comunidades e reunidos em colegiados 
(seção, presbitério, sínodo e assembléia geral). Naquele país, o 
Presbiterianismo foi um protesto contra o sistema político religioso vigente, o 
Episcopalismo, ou seja, uma igreja governada por bispos nomeados pelos 
reis. 
O novo continente e as missões 
A partir de 1620 começaram a chegar aos Estados Unidos da América os 
primeiros missionários formados pelo movimento reformado. A formação 
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2 DE JULHO: 
80 anos construindo o saber 29 
daquele país contou com uma forte contribuição dos calvinistas, em geral, 
e dos presbiterianos, em particular. Entre os primeiros colonizadores 
protestantes, estavam alguns grupos de puritanos, que se instalaram em 
Massachusetts, Nova Inglaterra. Esses puritanos eram de orientação calvinista, 
mas adotaram uma forma de governo diferente do Presbiterianismo: o 
Congregacionalismo. Enquanto o Presbiterianismo consiste em uma 
federação de igrejas, as igrejas congregacionais são autônomas, com as 
comunidades independentes entre si. No entanto, o que os pioneiros calvinistas 
não abdicaram foi de fazer da educação uma prioridade desde o início da 
colonização. E, em 1636, criaram, nos arredores de Boston, o Colégio de 
Harvard, precursor da hoje famosa Universidade Harvard. 
Nos séculos seguintes, os Estados Unidos da América receberam milhares de 
presbiterianos oriundos do Velho Continente, especialmente escoceses e 
irlandeses, que foram os principais responsáveis pela formação da Igreja 
Presbiteriana nos EUA, iniciada, em 1706, com a criação do primeiro 
presbitério, e concluída, em 1789, com a organização da Assembléia Geral. 
No mesmo século, os presbiterianos norte-americanos criaram o Colégio de 
New Jersey (1746), atual Universidade Princeton, considerado como o maior 
dos investimentos da ordem religiosa naquele período. 
O compromisso dos reformados com a educação se intensificou de modo 
acentuado naquela nova nação. A atividade educativa recebeu a influência 
de valores, ideais e aspirações da jovem e dinâmica república, bem como 
de novos movimentos filosóficos, como o Iluminismo (movimento cultural e 
intelectual ocorrido na França na segunda metade do século XVIII), com a 
sua crença inabalável no progresso. 
Entretanto, a motivação predominante entre os presbiterianos continuou a 
ser de natureza religiosa. Tanto que nos séculos XVIII e XIX se registra a 
ocorrência de grandes avivamentos religiosos, que ficaram conhecidos como 
despertamento. Tanto o Primeiro Grande Despertamento (nos anos de 1730 
e 1740), quanto o segundo, nas primeiras décadas do século XIX, produziram 
notáveis efeitos na área educacional. 
Mas foi o Segundo Grande Despertamento que provocou nos protestantes 
norte-americanos o interesse pelas missões internacionais como meio de 
propagar a fé evangélica e também promover, em outros países, a cultura 
norte-americana. Com este objetivo, a Igreja Presbiteriana dos Estados Unidos 
da América (PCUSA) criou, em 1837, a Junta de Missões Estrangeiras, sediada 
em New York, de onde saíram, inicialmente, missionários para a Índia, 
Tailândia, China, Colômbia e Japão. O sexto país incluído no roteiro da Missão 
foi o Brasil, onde o primeiro missionário, reverendo Ashbel Green Simonton, 
desembarcou, em 1859. 
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30 2 DE JULHO: 
80 anos construindo o saber 
Desde o primeiro instante aqui, Simonton entendeu a importância da edu-cação, 
tanto religiosa quanto acadêmica, como estratégia de 
evangelização. No dia 21 de janeiro de 1860, ele escreveu em seu Diário: 
Comprometi-me a dar diariamente uma hora ou duas de aulas às 
crianças do Sr. Eubank, tanto de educação religiosa quanto intelectual, 
e os encontrei prontos para aprender. [...] Tive uma longa e interessante 
conversa com o Sr. Eubank sobre as condições do Brasil. O plano de se 
ter aqui uma escola protestante, de grau elevado, para os ingleses e 
brasileiros que queiram freqüentá-la, tem ocupado muito os meus 
pensamentos ultimamente.8 
Simonton fundou o primeiro jornal protestante a circular no Brasil, o “Imprensa 
Evangélica”, que foi publicado de 1864 a 1892. Ele organizou a primeira escola 
presbiteriana no País e as suas propostas para a evangelização estabeleci-am: 
1) A santidade da igreja deve ser ciosamente mantida no testemunho 
de cada crente; 2) é preciso inundar o Brasil de Bíblias, livros e folhetos; 
3) cada crente deve comunicar o Evangelho a outra pessoa; 4) é 
necessário formar um ministério nacional idôneo; 5) escolas paroquianas 
para os filhos dos crentes devem ser estabelecidas9. 
A sua morte, em 1867, ocasionada pela febre amarela, o impediu de levar 
adiante seus planos educacionais, mas os missionários que lhe sucederam 
concretizaram o seu sonho. A partir de 1870, os presbiterianos começaram a 
implantar escolas em diversos municípios do território brasileiro. 
É imbuído deste espírito e norteado pelo mesmo ideal de contribuir para a 
elevação do homem, possibilitando-o crescer através da educação e 
conseqüentemente aprimorar o seu espírito sequioso do saber, que o casal 
Baker vem para o Brasil e se instala em Salvador (BA). Aqui a família Baker vai 
cumprir a sua missão de formar cidadãos para a Pátria e cristãos para Deus. 
Untitled-1 30 14/08/2008, 18:03
DO SONHO AMERICANO 
À CONSOLIDAÇÃO DO 
COLÉGIO 2 DE JULHO 
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O cenário de 1927 
Era o ano de 1927. O País caminhava ao sabor dos 
ventos da jovem República que não conseguira 
apagar todos os resquícios do Império e da vocação 
separatista herdada do período escravocrata, reve-lada 
nas cenas sociais urbanas, onde verdureiros, 
peixeiros e padeiros, entre outros, sempre negros e 
mestiços, transportavam nas cabeças enormes e 
pesados tabuleiros nos quais mercavam, porta a 
porta, seus produtos. 
O Brasil andava no ritmo dos bondes, dos trens e 
alguns poucos navios. Tentava se reorganizar 
internamente ao mesmo tempo em que buscava se 
impor perante o mercado internacional. Contudo, 
o seu principal produto, o café, era uma cultura em 
crise desde 1925, quando a produção nacional 
alcançou as 21 milhões de sacas, quantidade superior 
às 14 milhões consumidas mundialmente. 
Os Estados Unidos da América, o maior produtor 
industrial de então, dava sinais de desaquecimento 
do consumo e desgaste das atividades produtivas e 
de mercado que viria, dois anos mais tarde, resultar 
no episódio conhecido, posteriormente, como o 
crack da Bolsa de Valores de New York. 
Na verdade, o tempo ainda se encarregava de 
apagar as lembranças mais recentes da Primeira 
Grande Guerra. Os países europeus, onde se concen-traram 
as batalhas, empenhavam-se na reorganiza-ção 
dos seus meios de produção e da estrutura social, 
na recuperação dos prejuízos do patrimônio físico e 
no restabelecimento de suas finanças. 
O rádio era uma novidade na vida da população 
brasileira. Poucas cidades tinham o orgulho de contar 
com uma emissora em funcionamento. Salvador era 
uma dessas raras capitais. Desde 1924 funcionava a 
Rádio Sociedade da Bahia, que anos depois integraria 
o grupo dos Diários Associados, do empresário Assis 
Chateaubriand. 
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No plano político, o Brasil estava sob o comando do presidente Washington 
Luís Pereira de Sousa (1926-1930), para quem, governar era “abrir estradas”. 
Assim, seu governo se dedicava aos investimentos no setor rodoviário e, em 
paralelo, tentava administrar uma reforma financeira que objetivava dar 
36 2 DE JULHO: 
80 anos construindo o saber 
CASAL BAKER 
Sempre juntos e comprometidos com a educação 
lastro econômico ao País, inclusive com a 
formação de uma reserva em ouro. Sob seu co-mando 
nasceu a ligação rodoviária Rio de Janeiro, 
então Capital Federal, e São Paulo, e se prolongou 
até Minas Gerais. A intenção, além de incrementar 
o transporte terrestre de passageiros, era dar vazão 
à produção cafeeira, facilitando o acesso aos 
portos. 
A Bahia da época estava entregue ao sucessor de 
José Joaquim Seabra, Francisco Marques Góes 
Calmon (1924-1928), um homem não muito afeito 
à política e cujo nome fora lembrado de última 
hora tendo como referência o seu desempenho à 
frente do banco onde trabalhava. Calmon ganhou 
apoio de setores mais jovens da sociedade e formou a sua equipe com nomes 
que haviam obtido destaque nas atividades acadêmicas. 
Foi neste panorama que, em certa tarde de 1927, Irene Hight Baker, missionária 
protestante e educadora, esposa do também missionário e educador Peter 
Garret Baker, chegados ao Brasil três anos antes, em 1924, pára diante do 
Palácio Conde dos Arcos, no bairro do Garcia, e vê, ali, a possibilidade de 
concretizar um sonho: implantar a escola que fôra o encargo dado a eles 
pela Missão Presbiteriana do Brasil Central. O velho sobrado colonial perten-cera 
a Dom Marcos de Noronha e Brito, VIII Conde dos Arcos, e o último vice-rei 
do Brasil (1806-1808), pois o cargo foi extinto com a chegada da família 
real portuguesa. 
No início daquele ano, o casal criara a Escola Americana que funcionava na 
sua residência, na Rua Bom Gosto, no bairro do Canela. Em virtude do número 
de estudantes ter superado as expectativas, o espaço tornara-se pequeno e 
os dois decidiram procurar um outro local para morar e acomodar melhor 
os estudantes. Além disso, havia uma procura por vagas de internato para 
os que vinham do interior e eles pensavam, também, atender àquele públi-co. 
O processo de transferência da escola para o novo endereço foi rápido. 
Logo os estudantes estavam ambientados e o casal Baker começava a 
elaborar planos para expandir a escola e adquirir o tradicional e histórico 
palácio. 
Untitled-1 36 14/08/2008, 18:03
ESCOLA AMERICANA 
Residência do casal foi a semente da instituição 
2 DE JULHO: 
80 anos construindo o saber 37 
O trabalho missionário 
O casal Baker veio para o Brasil seguindo os passos 
de outros tantos missionários já designados pela 
Missão Protestante dos Estados Unidos da América 
para ampliar e fortalecer o trabalho de 
evangelização do povo brasileiro. Em artigo sobre 
a vida e dedicação do casal, a professora e 
integrante do Conselho de Curadores da Fundação 
2 de Julho, Leda Jesuíno Santos, faz a seguinte 
narrativa: 
Eles vieram de longe, nos idos de 1924, 
unidos pela força vital da juventude 
plena. E vieram para ficar, arar o terreno e semear em uma opção 
fundamentada na absoluta certeza de que havia um projeto de vida 
traçado no mapa axiológico de suas vidas10. 
O trabalho de evangelização começou na segunda metade do século XIX, 
apesar de, naquela época, o governo brasileiro reconhecer apenas a religião 
Católica Apostólica Romana como a única oficial e, portanto, com direito 
a criar templo e realizar cultos. No entanto, a Constituição de 1824, outorga-da 
pelo Imperador Dom Pedro I, concedia o direito a outras instituições reli-giosas 
de praticarem suas atividades, desde que respeitadas as limitações 
contidas na Carta Magna. O artigo 5º da Constituição Imperial afirmava: 
A religião católica apostólica romana continuará a ser a religião do 
Império. Todas as outras religiões serão permitidas com seu culto domés-tico 
ou particular, em casas para isso destinadas, sem forma alguma 
exterior de templo11. 
A Constituição de 1891, promulgada após a Proclamação da República (1889), 
é que estabelece a liberdade de culto e a afirmação de um Estado laico. 
Assim, o parágrafo 3º do artigo 72 daquele diploma deixa explícito: “Todos 
os indivíduos e confissões religiosas podem exercer pública e livremente o seu 
culto, associando-se para esse fim e adquirindo bens”. 
E acrescenta nos parágrafos seguintes: 
§ 4º - A República só reconhece o casamento civil, cuja celebração 
será gratuita. 
§ 5º - Os cemitérios terão caráter secular e serão administrados pela 
autoridade municipal, ficando livre a todos os cultos religiosos a prática 
dos respectivos ritos em relação aos seus crentes, desde que não ofen-dam 
a moral pública e as leis. 
§ 6º - Será leigo o ensino ministrado nos estabelecimentos públicos. 
§ 7º - Nenhum culto ou igreja gozará de subvenção oficial, nem terá 
relações de dependência ou aliança com o Governo da União ou dos 
Estados.12 
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“A partir de 1927, começara a ser escrita 
ali uma nova página da História, na qual a 
produção do saber consolidaria os ideais de 
uma sociedade livre e democrática [...]” 
38 2 DE JULHO: 
80 anos construindo o saber 
A partir da implantação da liberdade religiosa, a atividade das missões pro-testantes 
aumentou consideravelmente, pois acreditavam haver um cam-po 
fértil a ser semeado e, em se lançando sobre ele boas sementes, por cer-to, 
daria bons frutos. Os missionários que chegavam ao Brasil traziam a in-cumbência 
de, em paralelo ao trabalho de evangelização de comunida-des, 
implantar escolas para elevar o índice de alfabetização da população 
nativa. 
A missão protestante estava intrinsecamente ligada à educação. Isto porque 
esta religião prega, como a sua principal diretriz, a leitura, a compreensão e 
a interpretação das Sagradas Escrituras para a salvação, o que só é possível 
se o indivíduo for devidamente instruído. Essa era a lógica do teísmo 
pedagógico, que significa o saber funcionando como amparo da fé. A partir 
dessa idéia, os evangélicos investem na construção 
de uma educação geral e mais abrangente, desde 
quando todos deveriam ler a Bíblia, sem distinção 
e discriminação, para encontrar Deus em Sua 
Palavra. 
Assim, logo após a sua chegada a Salvador, em 1924, o casal Baker dá início 
ao projeto de implantação de uma escola. Fixa residência no bairro de Mata 
Escura, hoje Vasco da Gama, onde, na própria casa, os dois começam a 
dar aulas. Mais tarde, mudam-se para a Rua Bom Gosto, atual Rua João das 
Botas, no Canela, onde criam, oficialmente, em 1927, a Escola Americana. 
Com o crescimento do grupo de estudantes, o casal resolve buscar um novo 
espaço. 
Não foi preciso ir longe. No vizinho bairro do Garcia, os Baker encontraram o 
espaço adequado ao seu projeto. Localizado na Avenida Leovigildo Filgueiras, 
81, estava o imponente casarão que servira de morada ao vice-rei do Brasil, 
Conde dos Arcos. O palácio era propício à instalação das salas de aula, 
laboratórios, área de recreação e internato, além de lhes servir como moradia. 
No Garcia, já naquela época, havia dois tradicionais colégios católicos. O 
local, portanto, era favorável à iniciativa do casal que logo ocupou o novo 
prédio. Os Baker passaram a acalentar a possibilidade de adquirir a proprie-dade 
e consolidar ali o projeto de educação protestante na Bahia e no Brasil. 
Naquele momento, quando ocupa o Palácio Conde dos Arcos, a Escola 
Americana funcionava apenas com o curso primário. O empenho do casal 
Baker em fornecer uma educação de excelência e cada vez mais 
comprometida com o seu entendimento de que não se constrói uma 
sociedade democrática sem conhecimento suficiente para o exercício da 
Untitled-1 38 14/08/2008, 18:03
cidadania, inclui, a partir de 1929, a oferta de mais um nível educacional: o 
curso ginasial. 
O reconhecimento oficial daquele curso, em 1931, faz com que a escola 
passe a se chamar Ginásio Americano. Após este episódio, a instituição 
implantou também o Curso de Admissão, que preparava o estudante para 
prestar o exame obrigatório para o ingresso no ginasial13. Assim, o Ginásio 
passa a oferecer três cursos à comunidade. 
Diante da expansão das atividades do Ginásio, os Baker resolveram escrever 
à Missão solicitando ajuda para a compra da propriedade. A organização 
respondeu negativamente, pois as dificuldades financeiras daquele momento, 
ainda conseqüência da crise econômica de 1929, impediam-na de fazer novas 
aquisições, o que implicaria em mais despesas, com as quais não poderia 
arcar. 
A referenciada crise econômica se instalou a partir do final da Primeira Guerra 
Mundial (1914-1918). Naquela época, a indústria dos EUA respondia por quase 
50% da produção mundial. O país havia desenvolvido um estilo de vida 
conhecido como american way of life, que se caracterizava pelo aumento 
na aquisição de bens de consumo, a exemplo de automóveis, 
eletrodomésticos e toda sorte de produtos industrializados. Findo o conflito, 
os países europeus voltaram-se à organização e desenvolvimento de sua 
estrutura produtiva e, para tanto, reduziram as importações de produtos 
americanos, enquanto os Estados Unidos mantinham acelerado o ritmo de 
sua produção industrial e agrícola. 
O excesso de oferta de produtos e a redução do poder aquisitivo dos 
consumidores aumentaram o desequilíbrio do mercado, agravado pela 
rápida atualização das indústrias inglesa, francesa 
e alemã, o que contribuiu para a ocorrência do 
crack da Bolsa de Valores de New York, que 
funcionava como termômetro econômico do 
mundo capitalista, em 29 de outubro de 1929. No 
pregão daquele dia, a bolsa experimentou uma 
queda no valor das ações das maiores e principais 
empresas como nunca visto antes. Isso afetou 
também o Brasil, que dependia das exportações 
de café, principalmente para o mercado norte-americano. 
2 DE JULHO: 
80 anos construindo o saber 39 
VILA CÉLIA 
Internato feminino nos anos 1930 
Diante deste quadro, o projeto do casal Baker ficou 
registrado e à espera de um momento mais 
propício à realização da compra do imóvel tão 
desejado. 
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PAVILHÃO DE AULAS 
Os anos 1930 foram marcados 
pelo ritmo das construções Quando Irene Baker voltou a Salvador, em 1977, para participar das 
40 2 DE JULHO: 
80 anos construindo o saber 
comemorações do cinqüentenário do Colégio 2 de Julho, relatou, em 
entrevista, como ela e seu marido conseguiram, apesar da crise econômica, 
comprar o Solar Conde dos Arcos. Ela conta que, uma noite, no ano de 1933, 
retornavam do cinema e encontraram, no cadeado do portão do palácio, 
um telegrama em código, procedente dos Estados Unidos. Depois de 
decodificá-lo, perceberam que o conteúdo do texto era a autorização da 
Missão para a aquisição da propriedade. A organização disponibilizava a 
quantia de US$ 10 mil dólares, o suficiente para realizar a compra definitiva 
do palácio e dos terrenos contíguos que integravam a Chácara Práguer, 
propriedade, desde 1893, da família de Francisca Rosa Barreto Práguer. 
Irene Baker contou que posteriormente ficou sabendo que o dinheiro veio da 
venda de uma das escolas do BOARD (Quadro de Missões Estrangeiras da 
Igreja Presbiteriana de New York), na Pérsia, atual Irã. A escola estava 
localizada na fronteira persa e parte da propriedade se estendia para territórios 
estrangeiros. O governo daquele país propôs comprar o imóvel com o 
pagamento em prestações. A primeira parcela, no valor de US$ 10 mil dólares, 
foi revertida na aquisição do palácio, que passou a pertencer à mantenedora 
do então Ginásio Americano, a Igreja Presbiteriana dos Estados Unidos da 
América, sob a responsabilidade do casal Baker, seus representantes e admi-nistradores 
legais. 
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2 DE JULHO: 
80 anos construindo o saber 41 
De posse da Chácara Práguer, sítio no qual se 
incluía o solar, Peter e Irene Baker, naquele 
mesmo ano, iniciaram uma série de 
construções nos terrenos, visando a amplia-ção 
das instalações do Ginásio e do interna-to. 
Ainda em 1933, o palácio foi tombado pelo 
IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Ar-tístico 
Nacional), com o objetivo de preservar 
aquele importante monumento da história 
brasileira. Primeiro, porque o solar ainda 
guarda, entre suas paredes, as lembranças de 
uma época rica, particularmente pela diversi-dade 
de pensamentos, sentimentos e ideolo-gias 
que marcaram de forma acentuada todo 
o período colonial; além dos eventos 
realizados em seu interior e deixaram suas im-pressões 
no tempo e na alma dos que ali 
viveram ou transitaram, legadas à memória 
de seus descendentes. Em segundo lugar, 
porque, a partir de 1927, começara a ser escrita 
ali uma nova página da História, na qual a produção do saber consolidaria 
os ideais de uma sociedade livre e democrática, construída nos alicerces de 
uma educação libertadora, da qual o ser humano é o sujeito principal. 
Ampliando os horizontes 
O casal Baker tinha, em seu trabalho, o propósito de oferecer o melhor aos 
seus estudantes. Além de zelar pela parte pedagógica e manter uma rígida 
disciplina que passava da assiduidade e pontualidade até como comportar-se 
dentro e fora da sala de aula, também se preocupava em receber e 
acomodar os estudantes de modo digno e confortável. 
O primeiro pavilhão de aulas construído pelos Baker depois da compra do 
terreno recebeu o nome de Erasmo Braga, realizado no período de 1933 a 
1938. Durante esse tempo, o Ginásio Americano alugou a “Vila Célia”, imóvel 
nº 101 da Avenida Leovigildo Filgueiras, com o objetivo de instalar ali o 
internato feminino. De 1938 a 1939 ergueram-se o pavilhão Castro Alves e 
também a residência dos diretores, em terreno contíguo ao palácio . 
Foi em 1939, pelo desejo do casal de homenagear a Bahia, que o Ginásio 
Americano teve o seu nome mudado para Instituto 2 de Julho, uma clara 
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42 2 DE JULHO: 
80 anos construindo o saber 
PAVILHÃO BAKER 
Em construção e já inaugurado 
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2 DE JULHO: 
80 anos construindo o saber 43 
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44 2 DE JULHO: 
80 anos construindo o saber 
AUDITÓRIO BAKER 
Inaugurado em 1949, o local recebeu 
importantes personalidades e eventos 
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2 DE JULHO: 
80 anos construindo o saber 45 
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46 2 DE JULHO: 
80 anos construindo o saber 
alusão à data da Independência Baiana do jugo português. A denomina-ção 
de Instituto foi adotada em função de a oferta de cursos já não se 
ajustar mais à designação de Ginásio. O quadro de cursos da instituição 
continuou a crescer até que, em 1943, passou a ser ofertado também o Co-legial, 
que compreendia os chamados Clássico e Científico. Naquele ano, o 
presidente Getúlio Vargas assinou o Decreto nº 11.474, de 3 de fevereiro, que 
autorizou o funcionamento do Colégio 2 de Julho em substituição ao Institu-to. 
O reconhecimento oficial, no entanto, só se concretizou em 1952, através 
da Portaria nº 167, de 13 de março de 1952, do então Ministério da Educação 
e Saúde, assinada pelo ministro Simões Filho. 
No ano de 1949, o Colégio 2 de Julho inicia as obras de edificação do Audi-tório 
Baker, projetado pelo engenheiro Luís Moura Bastos, e um novo pavi-lhão 
com 12 salas de aula. A construção do auditório era muito cara e, por 
isso, o casal apelou para o apoio de amigos, igrejas e organismos internaci-onais, 
destacando-se as igrejas presbiterianas de Ridgewood (New Jersey), 
de Houtington (New York), e grupos de jovens e universitários, além da própria 
liderança da Igreja Presbiteriana dos Estados Unidos da América, 
mantenedora do Ginásio. 
Concluídas as obras do auditório, naquele mesmo ano, deu-se início à cam-panha 
para a compra das cadeiras e de um piano, equipamentos necessários 
ao funcionamento do espaço. Com doações da comunidade estudantil, 
pais de estudantes e ex-estudantes foi possível inaugurar o auditório em 18 
de outubro de 1949. 
A preocupação de construir novas instalações capazes de propiciar melhores 
acomodações e mais conforto para os estudantes se baseava no 
entendimento do casal Baker de que isto tinha reflexos na qualidade geral 
do processo de ensino-aprendizagem. Mas para que o ensino fosse eficiente, 
acreditava, era preciso atingir o homem na sua totalidade. E não se atingiria 
esse objetivo se não cuidasse de uma parte importante do ser humano: o 
corpo físico. 
A idéia, dentro dos conceitos protestantes de educação, é de que “O corpo 
é a morada do Espírito. É a oficina em que trabalha a alma, instrumento de 
que ela se serve para manifestar-se ao mundo material”14. Daí se entender 
que o corpo deve ser objeto de constante cuidado, pois a eficiência física é 
um dos fins da educação. A práxis da Educação Física sempre fez parte do 
currículo em todos os colégios protestantes, onde existe a compreensão de 
que o ensino deve ser eficiente e preparar o ser humano para a vida prática. 
Essa preparação exige um desenvolvimento integral do indivíduo a partir de 
um corpo sadio e pronto para qualquer tipo de atividade. O esporte 
organizado sempre foi, desde a Grécia Antiga, um instrumento poderoso 
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PRIMEIRAS TURMAS MISTAS 
Colégio 2 de Julho 
foi o pioneiro na iniciativa 
2 DE JULHO: 
80 anos construindo o saber 47 
para desenvolver a disciplina e o espírito cooperativo. Tal entendimento se 
revelou na implantação de quadras poliesportivas no Colégio de modo a 
propiciar a prática saudável de esportes variados. 
Do mesmo modo, devido aos seus princípios e entendimento de que 
educação é um processo integral, a professora Irene Baker preocupou-se em 
construir uma capela dentro do espaço físico do Colégio. Ela acreditava 
que corpo sadio e disciplinado, aliado a um Espírito equilibrado, dava ao 
indivíduo as condições necessárias para ousar na vida e agir com maturidade 
diante dela. 
2 de Julho no Movimento Escola Nova 
O casal Baker também revolucionou a educação, em Salvador, quando 
assumiu incluir em suas salas de aula grupos mistos de estudantes. Na época, 
as demais escolas religiosas de classe média na Bahia se dividiam por gênero. 
O Colégio Antônio Vieira, por exemplo, só aceitava meninos em seu corpo 
discente e o Colégio das Sacramentinas apenas meninas. Localizado no mes-mo 
quarteirão que estas duas instituições de ensino de orientação Católica 
Romana, o Colégio 2 de Julho ousou acolher em suas dependências e educar 
meninos e meninas da capital e do interior do Estado. 
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48 2 DE JULHO: 
80 anos construindo o saber 
Estes estudantes compartilhavam não apenas as salas de aula, mas o cotidi-ano 
do Colégio, vez que boa parte deles vivia ali em regime de internato. 
Tamanha ousadia aumentava a responsabilidade do casal e de seus cola-boradores, 
principalmente dos censores, cuja função precípua era vigiar os 
estudantes, a fim de manter a ordem e os bons costumes. 
Além disso, o Colégio inaugurou uma série de novidades no campo educa-cional 
baiano. Uma delas foi o envolvimento com a pedagogia do movi-mento 
Escola Nova. Este movimento começou a se esboçar nos anos 1920 e 
se consolidou na década seguinte, tanto na Europa Ocidental quanto na 
América, onde, no Brasil consegue a adesão de relevantes personagens da 
educação, a exemplo de Lourenço Filho (1897-1970) e Anísio Teixeira (1897- 
1970). 
A Escola Nova era também conhecida como Escola Ativa ou Progressista e 
apresentava uma proposta inovadora, conceituada pelo filósofo e 
pedagogo norte-americano John Dewey, para quem a escola devia deixar 
de ser o local de transmissão de conhecimento para se tornar comunidades 
nas quais o conhecimento seria construído de acordo com o perfil de cada 
uma delas. 
Sobre as ações do 2 de Julho e a postura inovadora de seus criadores, Teixeira 
escreve: 
Em seguida, destaca-se o fato de, desde o princípio, ter se definido 
como uma escola mista, para meninas e meninos, inovação que outras 
escolas particulares ainda não tinham implantado e que se constituiria, 
juntamente com práticas pedagógicas ligadas à Escola Nova, uma 
novidade no panorama educacional baiano. O caráter misto de sua 
clientela tornou-se ainda mais evidente quando foi instalado o sistema 
de internato, para meninos e meninas, o qual catalisou as necessida-des 
e os interesses de famílias do interior do Estado, enviando seus filhos 
para estudar em Salvador15. 
Em seu texto a “Educação das Virgens”, a professora Elizete Silva Passos16 
explica como se dava a educação das meninas-moças nos tradicionais 
colégios católicos de Salvador: “O Colégio Nossa Senhora das Mercês come-çou 
a funcionar, em 1897, com um processo educativo fundamentado em 
princípios morais que conduzissem à pureza do corpo e do espírito”. 
Ela observa que até o ano de 1956 aquela instituição se dedicava apenas à 
educação feminina e a maioria das estudantes morava na própria escola. 
Para garantir uma formação adequada às alunas, eram adotadas práticas 
que possibilitassem o disciplinamento do corpo e da vontade. A realização 
das atividades do dia obedecia a um controle minucioso do tempo. Ela 
expõe que ali havia até a delimitação dos espaços físicos, através da 
imposição dos lugares que as alunas deveriam ocupar na sala de aula. 
Untitled-1 48 14/08/2008, 18:03
A partir dos anos 40 do século XX, o Colégio 2 de Julho passou a oferecer 
para os estudantes aulas de arte culinária e economia doméstica. Embora, 
em termos de conteúdo estudado, o currículo fosse 
o mesmo para ambos os sexos, com a inclusão 
destes ensinamentos, o Colégio antecipava, em 
quase uma década, tendências que só foram 
experimentadas nos anos 1950, quando o Brasil viveu 
um período de ascensão da classe média. 
A disciplina era levada a sério por estudantes e 
professores. Em seu depoimento a Rosado, a 
professora e historiadora Marli Geralda Teixeira 
observa que o caráter eclético do seu público, que 
professava credos distintos, aliado ao fato de 
educarem, no mesmo espaço físico, meninos e 
meninas, consistia um diferencial naquele momento, 
mas o Colégio 2 de Julho não se diferenciava de 
outras escolas congêneres no tocante às relações 
de poder. Teixeira17 comenta: 
2 DE JULHO: 
80 anos construindo o saber 49 
ESCOLA NOVA 
O Colégio antecipou em uma década 
as tendências da sociedade 
O autoritarismo dos seus fundadores 
estabelecia uma rígida disciplina que era 
suavizada pelas diretrizes contraditoria-mente 
democratizantes e pelas novi-dades 
de sua pedagogia. 
Além dos diretores e professores, os estudantes eram 
conduzidos pelos censores, que eram discentes 
bolsistas selecionados para realizar este trabalho, 
com o fruto do qual custeavam seus estudos na 
instituição. Era uma espécie de “bolsa trabalho”. 
Os censores funcionavam como “o olhar” da direção entre os estudantes. 
Constava, entre suas atribuições, acompanhar e tomar conta das “bancas” 
à tarde e à noite, a fim de que os estudantes preparassem as atividades 
exigidas pelos professores. 
Os censores eram os responsáveis pela administração dos dormitórios e 
cuidavam igualmente do recreio: vigiavam os banheiros para que os 
estudantes não fumassem e evitar que os namorados se encontrassem às 
escondidas. Cumpria-lhes manter a ordem e os bons costumes durante as 
refeições. 
Estudantes indisciplinados perdiam o direito de sair aos domingos para 
passear, ir ao cinema, jogar futebol ou namorar. Mas apesar da vigilância e 
do cuidado com a disciplina, o Colégio 2 de Julho, a primeira instituição de 
ensino particular a incluir um público misto, em Salvador, contribuiu para 
Untitled-1 49 14/08/2008, 18:03
50 2 DE JULHO: 
80 anos construindo o saber 
reduzir os limites que na época se impunham ao processo de formação edu-cacional 
das mulheres, notadamente na primeira metade do século XX. 
O casal Baker amplia suas ações 
Realizar um projeto como o que os Baker sonharam provavelmente custou 
dias e noites de planejamento, trabalho e dedicação, mas esta concretização 
resultou em um significativo legado para o povo baiano. Os Baker entendiam 
sua vocação nos mesmos termos em que Lutero18 explica essa aptidão como 
um dom especial e pessoal pronto para ser vivido e experienciado onde 
quer que se faça necessário, e sempre a serviço do “Reino de Deus”, que está 
acima de qualquer espaço físico ou instituição, priorizando a gratuidade da 
vida e a dignidade da pessoa humana. Desse modo, conforme conta a 
professora Leda Jesuíno (informação verbal)19, além de dirigir o Colégio, os 
Baker encontraram tempo para colaborar com a criação da Associação 
Cultural Brasil - Estados Unidos, atendendo à comunidade que desejava 
aprender a Língua Inglesa. 
De acordo com a professora Leda Jesuíno, ao idealizar a Faculdade de Filosofia 
(da Universidade Federal da Bahia), o professor Isaías Alves selecionou os me-lhores 
professores da época para integrar o corpo docente do curso. Apesar 
de todo seu cuidado na escolha dos nomes, ele foi severamente criticado 
porque o currículo do curso incluía disciplinas como Antropologia e Etnografia 
e não havia, na Bahia, professores especializados para ministrá-las. As pressões 
não o intimidaram e ele convidou os professores Tales de Azevedo e Wander-lei 
Pinho; e, para Literatura e Língua Inglesa, chamou os Baker, que se inte-graram 
ao grupo, ali atuando até quando foram chamados para dirigir o 
Instituto Mackenzie, em São Paulo, mantido pelos presbiterianos. 
Mesmo tendo se mudado para São Paulo, em 1951, o Colégio 2 de Julho 
continua a ser a “menina dos olhos” do casal. De 1927 a 1940, os Baker estive-ram 
à frente da direção do Colégio. No período de 1940 a 1945, por decreto 
do Governo Federal, eles foram afastados do cargo, pois, em função da 
Segunda Guerra Mundial (1939-1945), o governo brasileiro resolveu proibir que 
estrangeiros ocupassem cargos de chefia, a exemplo de diretores de institui-ções 
de ensino. Naquele momento tiveram o apoio do professor da casa, 
Basílio Catalá Castro, também pastor presbiteriano, que assumiu a direção 
oficiosamente, enquanto o casal, extra-oficialmente, continuava a coman-dar 
o Colégio. 
Encerrada a guerra e vencido Hitler, o governo brasileiro cessou o interdito 
que proíbia os estrangeiros de responderem por cargos de chefia e o casal 
Untitled-1 50 14/08/2008, 18:03
pôde reassumir as funções de diretores do 2 de Julho, até 1951, quando foi 
substituído pelos missionários norte-americanos Ellis Lee Graves e sua esposa 
Emilia Graves, que tinham como vice-diretores os professores Norman Duns 
More e Rogério Perkins. 
Depois que se aposentou, o casal Baker regressou 
aos Estados Unidos da América, onde continuou a 
servir às causas educacional e protestante como 
voluntários. Em 1963, em Silvertmore, no estado da 
Pensilvânia, encerra a jornada terrena Peter Baker, 
que dedicou 67 anos de sua vida à educação e à 
missão evangélica. 
Sua esposa, Irene Baker, resistiu à perda do seu 
amigo e companheiro e viveu mais 23 anos, 
falecendo em 1986, aos 82 anos. A professora Leda 
Jesuíno, uma de suas alunas mais queridas, 
publicou no jornal A Tarde, de Salvador, o artigo 
intitulado “A mestra que veio de longe”, onde 
destaca: 
2 DE JULHO: 
80 anos construindo o saber 51 
BASÍLIO CATALÁ CASTRO 
Primeiro brasileiro na direção do Colégio 
Sua serenidade tornava-se evidente, 
quando em volta de si reunia os alunos 
para ensinar inglês através de belas canções ou quando à sombra dos 
velhos tamarineiros sentava-se com seus pequeninos para as aulas de 
geografia que se tornavam imaginárias viagens em volta do globo 
terrestre. Possuía a fórmula mágica de transformar um difícil conteúdo 
pedagógico em um texto facilmente assimilável. Na estrutura de sua 
aula todas as peças estavam azeitadas e se articulavam bem. A sua 
vocação era lídima [...]20 
Na sua última visita ao Colégio, em 1977, o Conselho Estadual de Educação 
prestou-lhe significativa homenagem, outorgando-lhe, no dia 26 de outubro, 
o titulo de “Educadora Emérita”. A professora Leda Jesuíno lembra que, 
naquele dia, as homenagens foram calorosas e reuniram na Faculdade de 
Filosofia alguns dos ex-alunos da mestra para um encontro que assim 
descreveu: 
[...]os frutos ao pé da árvore-mãe em pleno solo pátrio. E em um fim de 
tarde, sob a inspiração do simbólico lema Brasilidum Sobolem Traditione 
Paro, inscrito no brasão que enriquecia o vetusto salão nobre da então 
Faculdade de Filosofia, Theresinha Guimarães, Nélia Dias Costa, Dagmar 
Barreiros, Luiz Angélico da Costa e Maria Emiliatros, irmanados todos em 
um sentimento maior: a gratidão. Irene Baker estava lúcida, consciente 
da sua missão, imponente de sua humildade e muito orgulhosa da sua 
seara.[...] No Colégio 2 de Julho ela reviveu o galgar daquelas 
escadarias. Conviveu com as naus, os cabelos e os arcos dos painéis 
de azulejos policromáticos do século XVIII que amenizaram o seu labor 
diário e abençoou a sua colheita. 21 
Leda Jesuíno finaliza o artigo ressaltando que a imagem do casal Baker vai 
estar sempre relacionada ao amanhecer de uma nova era, pois eles 
Untitled-1 51 14/08/2008, 18:03
PRÉDIO IRENE GUSMÃO 
Obra construída em 1955, 
durante a gestão de 
Ellis Graves 
IRENE BAKER 
Homenageada por Edelvira 
Castro, viúva de Basílio Catalá, 
em 1977, por ocasião dos 
50 anos do Colégio 
Untitled-1 52 14/08/2008, 18:03
“A relação dos Baker com o 2 de Julho 
era uma manifestação de amor [...] 
que se mostra no ato simples de substituir 
o nome da Escola Americana [...] pela 
data de Independência da Bahia” 
2 DE JULHO: 
80 anos construindo o saber 53 
consideravam o homem como um ser biopsico-espiritual dentro de uma vi-são 
educacional humanística e liberal. 
A relação dos Baker com o 2 de Julho era uma manifestação de amor. Amor 
que se revela na suplantação até mesmo da 
saudade da Pátria distante e que se mostra no ato 
simples de substituir o nome da Escola Americana, 
homenagem ao seu país de origem, pela data de 
Independência da Bahia. Era uma doação 
amorosa, como amorosa é toda a relação exercida 
no magistério. É através do amor que o professor-educador 
faz despertar no educando o dom do aprender e do apreender 
dons e saberes. Foi este amor que levou Dona Irene a doar - porque amor é, 
acima de tudo, doação - em testamento, todos os seus bens para a Fundação 
2 de Julho. 
O casal Graves 
Antes de assumir a direção do Colégio 2 de Julho, o casal Ellis Lee e Emília 
Graves esteve à frente de outra instituição presbiteriana, o Instituto Ponte 
Nova, fundado em 1906, no interior da Bahia, pelo casal de missionários William 
Alfred Waddel e Laura Chamberlain Wadel. O casal Graves pertencia à classe 
média alta norte-americana. A professora Emília dedicava-se à educação 
infantil e, além de ensinar Música, possuía conhecimentos nas áreas de 
Pedagogia e Psicologia, o que contribuiu para o êxito de seu trabalho com 
as crianças. 
Além de vir de uma família abastada, Ellis Lee Graves era dotado de incomum 
beleza física que o levou a fazer testes para ator, em Hollywood, antes de 
optar pelo trabalho missionário. Mas a vocação para o ministério falou mais 
alto, embora a verve artística não tenha sido esquecida. No Brasil, atuou no 
filme “O Punhal”, escrito por Jaime Wright e produzido, em 1959, em Itacira, 
município de Wagner (Bahia), pelo reverendo Ricardo William Waddel22. 
Como diretor do Colégio 2 de Julho, Ellis Graves deu continuidade às obras 
de construção iniciadas ainda no período do casal Baker. Em 1951, com 
recursos da Junta de Missões, adquiriu novos imóveis que foram anexados à 
área do Colégio. De 1954 a 1955 realizou a construção do internato feminino 
que passou a funcionar em instalações próprias, transferindo-se da “Vila 
Célia”, onde funcionava desde 1937, em um imóvel alugado, para o espaço 
do Colégio. Neste mesmo período ocorreram duas construções significativas, 
Untitled-1 53 14/08/2008, 18:03
Êxito no trabalho de música com as crianças 
54 2 DE JULHO: 
80 anos construindo o saber 
CASAL GRAVES 
a casa do vice-diretor e o apartamento da Missão, destinado a acolher os 
missionários visitantes que chegavam a Salvador a passeio ou a negócio. 
Quando os Graves, os últimos norte-americanos que dirigiram o colégio, 
aposentaram-se, em 196023 , foram sucedidos pelo professor Enoch Senna 
Souza, que vinha sendo preparado para substituí-los. 
Associação de Ex-Alunos do Colégio 2 de Julho 
Peter Baker e Irene Baker, desejosos de continuar mantendo contato 
com os estudantes que se formavam, promoveram, no dia 11 de 
novembro de 1937, no Hotel Meridional, um jantar para os ex-estudantes 
do então Ginásio Americano, ao qual compareceram 
28 pessoas. Naquela ocasião, Peter Baker apresentou aos 
presentes sua idéia de constituir uma sociedade formada pelos 
ex-estudantes do Ginásio, proposta que teve aprovação 
unânime. Criou-se, dessa forma, a Associação dos 
Graduados do Ginásio Americano, sendo eleitos Carlos 
Rodrigues Nogueira, para presidente, e Manoel Nunes 
da Cunha Régis, para secretário, compondo a 
primeira diretoria. 
Untitled-1 54 14/08/2008, 18:03
FORMATURA DO CURSO GINASIAL 
Na primeira fileira (de baixo para cima) o professor Clériston Andrade, 
paraninfo, e na fileira acima , o aluno Josué Mello, orador da turma 
2 DE JULHO: 
80 anos construindo o saber 55 
De acordo com Rosado24 
[...] originalmente só poderiam participar da Associação os graduados 
em Ciências e Letras. Em 1942, o Ginásio passou por profundas mudanças, 
graduando-se a última turma em Ciências e Letras, sendo este curso 
substituído pelo Curso Colegial. Conseqüentemente, a Associação 
passou a admitir somente os que concluíam o colegial no Instituto 2 de 
Julho, novo nome do Ginásio Americano. 
Dois feitos da Associação dos Graduados merecem especial destaque: a 
fundação da biblioteca, no final da década de 1930, que foi denominada 
Biblioteca Basílio Catalá Castro, e o concurso para escolha do hino. 
A idéia de compor um hino para o Colégio 2 de Julho25 começou a ser 
gestada em uma reunião, no dia 23 de novembro de 1940, no Palácio do 
Conde dos Arcos, onde Peter Baker destacou a importância de o Instituto ter 
um hino composto pelos seus graduados. A proposta foi aceita 
unanimemente e nomeou-se a professora Irene Baker, presidente de honra 
da Associação, e o graduado Martinho Lutero dos Santos para promoverem 
os meios de realizar o concurso que foi vencido pelos graduados Ananias 
James de Oliveira (letra) e Sylvio de Souza Pinheiro (música). 
Além do hino do Colégio, outra significativa contribuição de seus ex-alunos 
foi a criação do escudo da escola, idealizado e desenhado pelo médico 
Manoel Nunes da Cunha Régis, que foi estudante e professor do 2 de Julho, 
membro do Conselho Deliberativo e um dos fundadores do Colégio Augusto 
Galvão, em Campo Formoso (Bahia). 
Em 1980, o reverendo Áureo Bispo dos Santos propôs a reestruturação da 
Associação, que começou a admitir todos aqueles que haviam estudado 
no Colégio e, assim, a Associação dos Graduados do Ginásio Americano 
passou a denominar-se Associação de Ex-Alunos do 
Colégio 2 de Julho. 
Untitled-1 55 14/08/2008, 18:03
56 2 DE JULHO: 
80 anos construindo o saber 
Hino do Colégio 2 de Julho 
No cenário glorioso da vida, 
Entre brilhos de amor e de fé, 
Tantas glórias da escola querida 
Os teus filhos já cantaram de pé. 
Nesta terra de Ruy, onde canta, 
O canoro e gentil sabiá, 
Nossa voz com vigor se levanta 
“2 de Julho” entre festas está! 
Salvador é a terra formosa, 
De matiz e esplendor naturais. 
Salvador é um berço de rosas, 
Ninho quente dos “gênios mortais”. 
Mas, se um dia eu deixar esta terra, 
Para as lutas e embates da vida, 
Guardarei este nome que encerra 
Em meu peito esta escola querida. 
2 de Julho, esta data inaudita, 
Que enaltece tão rica nação 
É o nome da casa bendita 
Onde andamos buscando instrução. 
No Brasil tudo é forte, altaneiro. 
Pra lutar, trabalhar e vencer; 
“2 de Julho” nasceu brasileiro 
Brasileiro ele há de viver. 
Coro 
Salve, Salve, 2 de Julho 
Justo orgulho da Bahia 
Facho aceso do saber, 
Do prazer e da alegria 
Letra de Ananias James de Oliveira 
Música de Sylvio de Souza Pinheiro 
Untitled-1 56 14/08/2008, 18:03
O PROCESSO DE 
NACIONALIZAÇÃO E A 
FUNDAÇÃO 2 DE JULHO 
Untitled-1 59 14/08/2008, 18:03
Untitled-1 60 14/08/2008, 18:03
Período de transição 
O fato de se ter um brasileiro na direção do Colégio 
não significava dizer que a sua administração era 
nacional, desde quando o reverendo Enoch Senna 
Souza continuava respondendo à Missão 
Presbiteriana norte-americana. 
Ele mesmo conta (informação verbal)26 que: 
[...] sua relação com o Colégio 2 de Julho 
iniciou quando era estudante, na gestão 
do casal Baker. Depois foi presidente da 
Associação dos Graduados do Colégio (a 
atual Associação dos Ex-Alunos). Após se 
graduar em Teologia pelo Seminário 
Presbiteriano do Recife, foi convidado por 
Ellis Graves, para trabalhar junto com ele 
no Colégio, onde atuou como vice-diretor 
e capelão, antes de tornar-se diretor. 
O reverendo lembra que no tempo em que dirigiu o 
Colégio junto com sua esposa Jane Régis Senna Sou-za, 
o 2 de Julho ainda guardava as referências dos 
colégios Presbiterianos confessionais, mas sem a 
catequese. Apenas os alunos internos estavam obri-gados 
a participar da Escola Bíblica Dominical. 
Quanto às questões administrativas, o reverendo 
Enoch explica que ele introduziu transformações que 
dividiram a história da instituição em fases distintas: 
1ª O Colégio era independente, apesar 
de ser dirigido por missionários. Na época 
do casal Baker, ele era da Missão, obede-cia 
à Missão e não havia Conselho. 
2ª No momento em que se criou o Conse-lho 
houve um interregno; Quando os Gra-ves 
se aposentaram e se retiraram, ele as-sumiu 
como diretor do Colégio e ficou su-bordinado 
à Missão Presbiteriana do Brasil 
Central, que era do BOARD de New York. 
3º Depois veio a época dos Conselhos. O 
primeiro nomeado foi o “Conselho 
Deliberativo”, em que as pessoas que o 
integravam eram de destaque na 
sociedade e/ou ligadas à Igreja 
Presbiteriana. Nesse Conselho, do qual o 
reverendo era membro ex-ofício, tinha 
assento garantido um representante da 
Missão, que, na época, foi o reverendo 
Jaime Wright. (informação verbal)27 
Untitled-1 61 14/08/2008, 18:03
62 2 DE JULHO: 
80 anos construindo o saber 
Para o professor Enoch Senna, o tempo em que conduziu a vida do Colégio 
foi de grande aprendizado para ele e sua esposa. Durante sua administra-ção 
foram adquiridos novos imóveis, realizou-se a reforma do campo de 
futebol, foram construídas novas salas de aula, foi reformado o internato 
feminino e construída a Biblioteca Irene Baker. Lembra, com orgulho, que, no 
ano de 1968, o Colégio 2 de Julho recebeu o título de Consagração Pública 
de melhor colégio particular de Salvador. 
O reverendo Enoch conta com um misto de saudade e de orgulho o que ele 
considera ter sido a “recompensa pelo nosso trabalho”: 
Naquele tempo havia a Delegacia Regional do MEC (Ministério da 
Educação e Cultura) que supervisionava o nível de ensino. O inspetor 
seccional era o padre Manoel Barbosa. Ele fazia reuniões periódicas 
com orientações para as escolas. Um dia nós levamos o Regimento do 
Colégio 2 de Julho para ele aprovar. Ele disse: “O que vocês fazem nós 
não precisamos aprovar”. Ele assinou o Regimento, sem ler uma palavra, 
e me devolveu (informação verbal)28. 
Sua saída da direção do Colégio se deu pelo fato de discordar do modelo 
de organização proposto para gerir a instituição. Ele acreditava que ela 
acabaria por cercear a liberdade do diretor. Quando ele decidiu deixar o 
cargo, o 2 de Julho sofria os reflexos da crise política eclesiástica que envol-via 
a Igreja Presbiteriana do Brasil (IPB) durante o período do governo militar 
no País, o que afetou a estrutura administrativa do Colégio e ameaçou o 
seu projeto educacional. 
No entanto, os descompassos políticos, eclesiásticos e sociais daquele mo-mento 
não se constituíam impedimento para o desenvolvimento do projeto 
iniciado, em 1927, pela família Baker. Longe disso, prenunciavam o nascimento 
de uma nova era, na qual este projeto se evidenciaria pela sua pujança e 
poder de união capaz de transcender as barreiras das diferenças culturais e 
superar a questão confessional para tornar-se um bem comum do povo 
baiano. 
O processo de transferência, também chamado de processo de nacionaliza-ção, 
do Colégio 2 de Julho, mantido pela Missão Presbiteriana dos Estados 
Unidos desde 1927, data de sua criação pelo casal de missionários e professo-res 
Peter Garret Baker e Irene Hight Baker, para a Fundação 2 de Julho, insti-tuída 
em 1976, foi marcado por uma série de eventos dentro da Igreja 
Presbiteriana. 
Em 1960, quando assumiu a direção do Colégio, após a saída dos norte-americanos, 
o reverendo Enoch de Senna Souza devia obediência à Missão 
Presbiteriana. Em 1966, a Missão resolveu criar um órgão para acompanhar e 
apoiar a administração brasileira, decisão que deu origem ao Conselho 
Deliberativo. O mesmo tinha uma composição mista. Integravam-no alguns 
Untitled-1 62 14/08/2008, 18:03
JANE E ENOCH SOUZA 
Juntos na Direção do Colégio entre 1960 e 1976 
2 DE JULHO: 
80 anos construindo o saber 63 
norte-americanos, membros do Presbitério de Sal-vador, 
e um representante do Sínodo. 
O primeiro presidente do Conselho foi o reverendo 
Edézio Chéquer, à época pastor da Igreja 
Presbiteriana do Brasil (IPB) e muito ligado ao reve-rendo 
Boanerges Ribeiro, então presidente do Su-premo 
Concílio, que se empenhou pessoalmente 
para que a Missão Presbiteriana passasse o contro-le 
e o patrimônio do Colégio 2 de Julho para a IPB. 
A denominação, em pleno período do governo 
militar que se instalou no Brasil, em 1964, estava no 
auge do processo fundamentalista e em uma cru-zada 
antiecumênica, contra qualquer outro movi-mento 
social que aos olhos de seus fiéis lembrasse uma ação comunista. 
A iniciativa do Supremo Concílio da IPB encontrou, na Bahia, a resistência 
moral e intelectual de pastores que integravam o Presbitério do Salvador e, 
conseqüentemente, faziam parte do Sínodo Bahia-Sergipe. Testemunha ocu-lar 
de todo este episódio, o reverendo João Dias de Araújo, perseguido pelos 
fundamentalistas da IPB, registra nas páginas de seu livro “Inquisição sem 
Fogueiras” as principais cenas e as histórias das personagens envolvidas em 
todo esse processo. 
O interesse pela posse do Colégio 2 de Julho é devido ao seu status como 
instituição de ensino de qualidade e se constituir, naquele momento, como 
uma referência na área educacional, gozando de grande prestígio junto à 
sociedade soteropolitana, e chamando a atenção não só por sua pedagogia 
inovadora, mas também pelo patrimônio físico acumulado. Desse modo, 
assumi-lo era ter a oportunidade de influenciar uma parcela significativa da 
sociedade baiana. 
O Conselho Mundial de Igrejas, diante da realidade social brasileira, decidiu-se 
“favorável às classes sociais de baixo poder aquisitivo”, e dentro deste 
princípio “buscava na educação o caminho para fazê-las ascender 
socialmente”. Por isso, “a Igreja Presbiteriana dos Estados Unidos decidiu doar 
à Igreja Presbiteriana do Brasil todos os seus bens existentes no País”29, entre os 
quais se incluía o Colégio 2 de Julho que, no entanto, a Missão Americana 
decidiu manter em seu poder. 
A primeira tentativa no sentido de conseguir a transferência do Colégio 2 de 
Julho para a IPB foi feita pelo reverendo Edézio Chéquer, tão logo assumiu a 
direção do Conselho Deliberativo representando os interesses da ala 
fundamentalista. Essa investida fracassou, pois a formação inicial do conselho 
só durou quatro meses e, em julho de 1966, foi eleito presidente do Sínodo o 
Untitled-1 63 14/08/2008, 18:03
64 2 DE JULHO: 
80 anos construindo o saber 
JOSUÉ MELLO 
Presidente do Conselho Superior 
de Administração (1966-1976) 
pastor Josué da Silva Mello que, nesta condição, 
tinha assento garantido no conselho do Colégio. 
Ao assumir sua função de conselheiro, ele propôs a 
substituição do Conselho Deliberativo pelo 
Conselho Superior de Administração, que funcionou 
de 1966 a 1976, sob a sua presidência. A sua ação, 
contando com o apoio de outras lideranças do 
Presbitério de Salvador, como Celso Dourado, 
Sebastião Elias e outros, obstruiu, em grande parte, 
a inserção direta do Supremo Concílio no Colégio, 
dificultando a negociação que pretendia obter a 
posse da instituição de ensino pela IPB. Estas 
lideranças foram homenageadas e batizam com 
o seu nome alguns prédios que compõem a Insti-tuição. 
O Conselho Superior de Administração funcionou 
durante dez anos e durante todo este período foi 
presidido pelo pastor e professor Josué Mello. Semanalmente ele deixava os 
seus afazeres na cidade de Feira de Santana, distante 107 quilômetros de 
Salvador, para presidir as reuniões da Mesa do Conselho e, junto com o 
diretor do Colégio, reverendo Enoch de Senna Souza, analisar os problemas 
da instituição e emprestar-lhe apoio e suporte nas situações mais difíceis. 
As principais atribuições do Conselho Superior de Administração, conforme o 
próprio professor Josué Mello, eram: 
acompanhar a administração geral, estabelecer políticas estratégicas, 
apreciar contratações e demissões, além das atividades que faziam 
parte do cotidiano administrativo do Colégio 2 de Julho (informação 
verbal)30. 
Este Conselho representou a transição processual entre a administração ame-ricana 
e a criação da Fundação 2 de Julho, plenamente baiana. 
A Fundação 2 de Julho 
O Presbitério do Salvador, representado pelos seus líderes, os reverendos Se-bastião 
Elias da Silva, Josué da Silva Mello e Celso Loula Dourado, respaldou 
o Conselho Superior de Administração no processo de criação da Fundação 
2 de Julho. 
No período de transição do Colégio da administração americana para uma 
gestão essencialmente brasileira, foram levantadas três alternativas: 
Untitled-1 64 14/08/2008, 18:03
2 DE JULHO: 
80 anos construindo o saber 65 
1. Vender o Colégio 2 de Julho, devolvendo os recursos da venda aos 
seus doadores nos Estados Unidos; 
2. Doar o Colégio 2 de Julho à Igreja Presbiteriana do Brasil, como dese-jaram 
as lideranças regional e nacional da IPB; 
3. Doar o Colégio 2 de Julho ao povo baiano, criando-se uma Fundação 
para gerir o patrimônio e dar seguimento aos ideais educacionais de 
seus fundadores. 
Esta última alternativa foi defendida pela liderança do Presbitério do Salva-dor, 
principalmente pelo professor Josué Mello, contando com o devido apoio 
do reverendo Jaime Nelson Wright, representante da Igreja Presbiteriana dos 
Estados Unidos no Brasil, que conseguiu conciliar os discursos, vencer os obs-táculos 
e fazer convergir os pensamentos para uma administração autôno-ma 
conduzida por brasileiros, em sua maioria educadores de formação cristã 
evangélica, através de uma Fundação de direito privado, sem fins lucrativos, 
supervisionada pelo Ministério Público. 
Esta proposta desagradou não só aos dirigentes da IPB, como ao então diretor 
do Colégio, reverendo Enoch de Senna Souza, que, observa Rosado31 
[...] embora defensor do ecumenismo, divergiu quanto à estrutura pro-posta 
para a Fundação por considerar que o diretor do Colégio estaria 
subordinado a um secretário executivo, o que resultaria em restrição às 
atribuições do primeiro. Tal situação gerou uma série de conflitos inter-nos 
que afetou diretamente o cotidiano da comunidade acadêmica 
e administrativa do Colégio 2 de Julho. 
Assim, a Fundação 2 de Julho foi criada e implantada no dia 26 de dezem-bro 
de 1976, na assembléia realizada na sala da biblioteca do Colégio 2 de 
Julho, presidida por Jayme Nelson Wright, procurador da Comissão da Missão 
e Relações Ecumênicas da Igreja Presbiteriana Unida do Brasil Central 
(COEMAR) e representante da Missão Presbiteriana do Brasil Central (MPBC), e 
com as presenças de Josué da Silva Mello, EniIson Rocha Souza, Antônio 
Timóteo dos Anjos, Áureo Bispo dos Santos, Gil Souza, Jack Thomas Sydenstricker 
e Orlando Isaac Kalil Filho, todos escolhidos como implantadores da Fundação 
2 de Julho. 
A assembléia aprovou o Estatuto, depois do que se procedeu a eleição para 
compor a primeira Mesa Diretora do Conselho de Curadores. 
O primeiro presidente do Conselho foi o pastor e professor Josué da Silva 
Mello, que o integrou até 1984, retornando em dezembro de 2003. Em 
1984, coube-lhe apresentar a proposta de criação da Faculdade 2 de 
Julho, implantada em março de 2000, e da qual é o atual diretor geral, 
cargo que assumiu em maio de 2004. (informação verbal)32. 
Da primeira constituição da mesa do Conselho de Curadores tomaram parte 
Antônio Timóteo dos Anjos Sobrinho (vice-presidente) e Enilson Rocha Souza 
(secretário). 
Untitled-1 65 14/08/2008, 18:03
1. Josué da Silva Mello 
2. Antônio Timóteo dos Santos 
3. Enilson Rocha Souza 
4. Gil Souza 
5. Áureo Bispo dos Santos 
6. Jack Thomas Sydenstricker 
7. Orlando Isaac Kalil Filho 
8. Adélia Luiza Portela Magalhães 
9. Arenilda Mignac 
10. Lauro Borba da Silva 
11. Agenor Cefas Cavalcante Jatobá 
12. Marli Geralda Teixeira 
13. João Rocha da Silva 
14. Roberto Dias Abbehusen 
15. Djalma Rosas Torres 
16. Marisa de Freitas Ferreira Coutinho 
17. Saul Venâncio de Quadros Filho 
RELAÇÃO DOS CONSEL 
(de dezembro de 1976 até o presente, por momento 
INSTALAÇÃO DO PRIMEIRO CONSELHO DA FUNDAÇÃO 
Da esquerda para a direita: Enilson Rocha Souza, 
Orlando Isaac Kalil Filho, Jaime Wright, 
Irene Baker, Josué Mello, Gil Souza, 
Áureo Bispo e Antônio Timóteo dos Santos 
Untitled-1 66 14/08/2008, 18:03
AÇÃO DOS CONSELHEIROS 
dezembro de 1976 até o presente, por momento de ingresso) 
18. Edyala Yglésias 
19. Italva Almeida Simões 
20. Euriconelson de Souza Sampaio 
21. Lindaura Gomes Rabelo 
22. Sérgio Augusto Miranda de Souza 
23. Leda Jesuíno dos Santos 
24. Romélia Santos 
25. Nina Pereira Machado 
26. Waldir Matos Régis 
27. Moisés Dominguez Souza 
28. Vera Lúcia Souza Bastos Teles 
29. João Dias de Araújo 
30. Cleber de Oliveira Paradela 
31. Heloisa Helena Fernandes Gonçalves da Costa 
32. Maria Lúcia Cardoso de Souza 
33. Jaime David Cardoso Pereira 
Untitled-1 67 14/08/2008, 18:03
68 2 DE JULHO: 
80 anos construindo o saber 
A mesa, conforme reza o Estatuto, indicou Celso Loula Dourado para diretor 
pedagógico e João Dias de Araújo para secretário executivo do Colégio 2 
de Julho. 
No ato da transferência do patrimônio da COEMAR para a Fundação 2 de 
Julho assinaram os documentos o professor Josué Mello, presidente do Con-selho 
de Curadores, o vice-presidente Antônio Timóteo dos Anjos Sobrinho e 
o secretário Enilson Rocha Souza. A esta solenidade esteve presente a profes-sora 
Irene Baker, fundadora do Colégio, que veio participar dos festejos do 
cinqüentenário de atividades do educandário, comemorado naquela data. 
Instituída pela COEMAR e pela MPBC, a Fundação 2 de Julho é pessoa 
jurídica de direitos privados, sem fins lucrativos, com sede e foro em 
Salvador, passando a ser mantenedora e proprietária do Colégio 2 de 
Julho e tem por finalidade manter programas educacionais de acordo 
com os princípios cristãos em que deve basear-se a formação moral da 
juventude33. 
Com a criação da Fundação 2 de Julho estava garantido o legado educa-cional 
e sócio-cultural do Colégio 2 de Julho ao povo baiano. 
A Fundação 2 de Julho é administrativamente composta pelos seguintes ór-gãos: 
• Assembléia Geral de Nomeação; 
• Conselho de Curadores; 
• Mesa Diretora; 
• Conselho Técnico. 
A Assembléia Geral de Nomeação, que concentra poderes para eleger os 
membros do Conselho de Curadores, é constituída por representantes de 
vários segmentos da comunidade do Colégio e da Faculdade 2 de Julho, 
entre eles: membros do Conselho de Curadores; dois representantes do cor- 
JAIME WRIGHT 
Ato de assinatura da 
transferência do patrimônio 
da COEMAR para a 
Fundação 2 de Julho, em 1976 
Untitled-1 68 14/08/2008, 18:03
2 DE JULHO: 
80 anos construindo o saber 69 
po docente de cada uma das instituições mantidas pela Fundação; presi-dente 
do diretório estudantil da Faculdade e presidente da Associação de 
Ex-Alunos. 
A estrutura organizacional compreende também o Conselho de Curadores 
de nove membros escolhidos entre brasileiros de ilibada reputação, de notó-ria 
competência, educadores, cristãos e de formação evangélica em sua 
maioria, implantando-se, assim, uma organização autenticamente 
ecumênica. 
A Mesa Diretora eleita pelo Conselho de Curadores está investida de amplos 
poderes de administração, sem prejuízo da competência exclusiva do Con-selho 
de Curadores. Ela é composta de um presidente, um vice-presidente e 
um secretário. 
O Conselho Técnico é um órgão consultivo do Conselho de Curadores (por 
este indicado) no que diz respeito à administração, supervisão e orientação 
educacional. Cabe a ele emitir pareceres sobre todos os temas de sua com-petência 
e tem a seguinte composição: 
• Diretoria Administrativa - Pedagógica; 
• Orientadores Educacionais; 
• Supervisores Pedagógicos. 
A voz profética de Jaime Wright 
Os teus filhos edificarão as antigas ruínas; levantarás os fundamentos 
de muitas gerações, e será chamado reparador de brechas, e 
restaurador de veredas para que o país se torne habitável. (Isaías 
58:1-12) 
Em 1977, durante a celebração do cinqüentenário do Colégio 2 de Julho, já 
um patrimônio do povo da Bahia, o reverendo Jaime Wright profere o sermão 
intitulado: “Reparar Brechas e Restaurar Veredas”, no qual enfatiza, com a 
ousadia profética de quem ama e, por isso mesmo, corrige, as condutas que 
desviaram o Colégio dos seus objetivos. Ele conclama os presentes a se man-terem 
vigilantes para não deixar que erros do passado fossem novamente 
cometidos, acentuando que o Colégio 2 de Julho não poderia jamais es-quecer 
o seu compromisso com os princípios cristãos, nem da prática da 
justiça social, colocada pelo reverendo, como condição sine qua non para 
que o Colégio 2 de Julho fosse abençoado tendo suas veredas restauradas e 
suas brechas reparadas. 
Untitled-1 69 14/08/2008, 18:03
Do mesmo modo que Richard Shaull, o reverendo Jaime Wright acreditava 
que o princípio do amor e da gratuidade que inspirou o Cristianismo deveria 
fazer diferença em uma sociedade marcada pelas desigualdades. O 
referencial ético dos cristãos não poderia ser diluído pelos apelos consumistas 
70 2 DE JULHO: 
80 anos construindo o saber 
“O referencial ético dos cristãos 
não poderia ser diluído pelos apelos 
consumistas de um mundo capitalista, 
nem pela ação fundamentalista 
de pessoas e instituições que se acreditavam 
detentoras de uma verdade absoluta” 
de um mundo capitalista, nem pela ação 
fundamentalista de pessoas e instituições que se 
acreditavam detentoras de uma verdade absolu-ta. 
Antes de tudo, entende que o homem deveria 
lembrar-se de que “O caráter se enriquece e a vida 
se alegra não pelo cumprimento de regras pela 
consciência do dever, mas sim, por atos de serviços 
generosos motivados por amor”34. 
No culto de Ação de Graças, realizado no dia 16 de outubro de 1977, o 
reverendo Jaime Wright falou, em seu sermão, sobre “as conseqüências da 
verdadeira prática religiosa”, dando ênfase à postura do homem de fé diante 
dos ensinamentos bíblicos: 
Porventura não é este o jejum que escolhi? Que soltes as ligaduras dos 
oprimidos e despedaces todo o jugo? Porventura não é também que 
repartas o teu pão com o faminto, e recolhas em casa os pobres 
desabrigados? E se vires o nu, o cubras, e não te escondas do teu 
semelhante? Então romperá a tua luz como a alva, a tua cura brotará 
sem detença, e a tua justiça irá adiante de ti, e a glória do Senhor será 
a tua retaguarda. Então clamarás, e o Senhor te responderá; gritarás 
por socorro, e ele dirá: Eis-me aqui. (Isaías 58:6-9b) 
Os quatros versos do versículo 6 todos eles expressam a idéia da 
libertação. É a mensagem de esperança desde o Antigo Testamento 
até o Novo. Disse Jesus: “O Espírito do Senhor está sobre mim, pelo que 
me ungiu para anunciar as boas novas aos pobres; enviou-me para 
proclamar libertação aos cativos e restauração da vista aos cegos, 
para pôr em liberdade os oprimidos”. (Lucas 4:1-8) 
Promessas Sensacionais 
“Se tirares do meio de ti o jugo, o dedo que ameaça o falar injurioso, se 
abrires sua alma ao faminto e fartar, a tua escuridão será como o meio-dia. 
O Senhor te guiará continuamente, fartará a tua alma até em 
lugares áridos, e fortificará os teus ossos; serás como um jardim regado, e 
como um manancial, cujas águas jamais faltam. Os teus filhos edificarão 
as antigas ruínas; levantarás os fundamentos de muitas gerações, e 
será chamado reparador de brechas, e restaurador de veredas para 
que o país se torne habitável”. (Isaías 58:9-12) 
Uma das grandes surpresas do coração humano é que o sacrifício pes-soal 
sem amor não alcança nem mérito e nem a paz. Disse São Paulo: 
“Ainda que entregue o meu próprio corpo para ser queimado, se não 
tive amor, nada disso me aproveitará”. (I Coríntios 13:3) 
Nenhuma mera forma de religiosidade por mais que se atenha a uma 
receita divina ou por mais conscienciosamente que seja observada 
pode conduzir à luz e à paz do Céu as afeições humanas. Se nos 
apegarmos ao necessitado com amor e com os braços da misericórdia, 
o Senhor nos guiará continuamente, fartará a nossa alma, fortificará os 
nossos ossos, e fará a luz nascer na escuridão. 
Untitled-1 70 14/08/2008, 18:03
JAIME WRIGHT 
Lembrando o compromisso cristão 
e a prática da Justiça Social 
2 DE JULHO: 
80 anos construindo o saber 71 
O caráter se enriquece e a vida se alegra não pelo cumprimento de 
regras pela consciência do dever, mas sim, por atos de serviços genero-sos 
motivados por amor. 
No final de cinqüenta anos, damos graças a Deus por todas as boas 
coisas que aconteceram por causa da existência do Colégio 2 de 
Julho e por causa de todos os servos obedientes que Ele usou para o 
engrandecimento da Sua Causa. 
E o que poderíamos esperar daqui por diante? 
A Palavra de Deus é clara. Suas promessas são sensacionais. 
Se tirarmos do meio de nós o jugo, o dedo que ameaça o falar injurioso; 
se abrirmos a nossa alma ao faminto; se fartarmos a alma aflita; se 
fizermos tudo isso, 
· O Senhor nos guiará; 
· Nossos filhos edificarão o futuro; 
· Levantaremos os fundamentos de muitas gerações; 
· Seremos chamados reparadores de brechas e restauradores de vere-das. 
Se fizermos tudo isso, o Colégio 2 de Julho será sempre abençoado, e 
será sempre uma benção, contribuindo para que a nossa pátria se 
torne habitável, para todos. 
Que seja sempre assim!35 
O reverendo convidou todos a assumirem suas responsabilidades na 
construção de um projeto de educação que ele entendia como parte do 
projeto de Deus por um mundo mais digno. Encerrou sua mensagem recheada 
de consciência e paixão, falando do amor como bálsamo e da esperança 
como condição de libertação para tantos cativeiros impostos aos seres 
humanos destituídos da dignidade para a qual Deus os criou. “Que a Pátria 
se torne habitável para todos!” Essas palavras foram cravadas do seio da 
Untitled-1 71 14/08/2008, 18:03
72 2 DE JULHO: 
80 anos construindo o saber 
história da instituição por uma das pessoas que mais a amou e acreditou no 
seu ideal de educação. 
A Fundação hoje 
O Conselho de Curadores da Fundação 2 de Julho está assim constituído: 
• Moisés Dominguez Souza Presidente 
• Jaime David Cardoso Pereira Vice-presidente 
• Heloisa Helena F. Gonçalves da Costa Secretária 
• Cleber de Oliveira Paradela Secretário executivo 
• Agenor Cefas Cavalcante Jatobá 
• Italva Almeida Simões 
• João Dias de Araújo 
• Leda Jesuíno dos Santos 
• Maria Lúcia Cardoso de Souza 
• Romélia Santos 
A Fundação 2 de Julho tem como missão desenvolver programas edu-cacionais 
de acordo com os princípios cristãos em que deve basear-se 
a formação moral da juventude. Entre esses princípios merecem desta-que 
a promoção dos direitos e deveres dos indivíduos como membros 
da comunidade, o respeito pela dignidade e pelas liberdades funda-mentais 
da pessoa humana, o fortalecimento de uma sociedade 
democrática, o preparo do cidadão e da sociedade para o uso e a 
criação de recursos científicos e tecnológicos no sentido de possibilitar 
melhores condições de vida às populações, a preservação e a 
expansão do patrimônio cultural como um bem do povo e o 
reconhecimento de que a educação constitui um direito de todos, 
fortalecendo a consciência de responsabilidade pela formação de 
uma sociedade mais justa.36 
Untitled-1 72 14/08/2008, 18:03
Enilson Rocha Souza 
1987-1993 
Marli Geralda Teixeira 
1998-1999 
2 DE JULHO: 
80 anos construindo o saber 73 
PRESIDENTES 
Áureo Bispo dos Santos 
1984-1986 
Arenilda Mignac 
1997-1998 
Josué Mello 
1976-1984 
Saul Quadros 
1994-1996 
Agenor Cefas Cavalcante Jatobá 
1999-2007 
Moisés Domingues Souza 
2007 
Para compor a galeria dos diretores e presidentes adotou-se o critério do exercício no cargo por mais de um ano 
Untitled-1 73 14/08/2008, 18:03
MARCAS DO COLÉGIO 
2 DE JULHO NA 
SOCIEDADE BAIANA 
Untitled-1 75 14/08/2008, 18:03
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NEUZA E CELSO DOURADO 
Juntos na condução do Colégio em duas ocasiões 
2 DE JULHO: 
80 anos construindo o saber 77 
Um novo tempo 
Com a saída do reverendo Enoch de Senna Souza, a 
Mesa Diretora do Conselho de Curadores da recém 
criada Fundação 2 de Julho indicou os nomes dos 
reverendos Celso Loula Dourado para dirigir o colégio 
e o reverendo João Dias de Araújo para ser o secretário 
executivo da Fundação, que assumiram com o apoio 
das professoras37 Neuza Amélia Régis Dourado e 
Itamar Bueno de Araújo, e, 
ao lado dos corpos docen-te 
e discente, mais os fun-cionários, 
deram continui-dade 
ao projeto educaci-onal 
do Colégio. 
Coube ao pastor Celso 
Loula Dourado e a sua es-posa, 
professora Neuza 
Régis Dourado, a direção 
do Colégio que, naquele 
momento, precisava de 
muito trabalho e afeto 
para manter-se vivo e atu-ante, 
cumprindo seu obje-tivo 
de educar de modo integral, em consonância 
com os princípios cristãos que norteavam a institui-ção 
desde sua criação. 
Durante essa gestão foram executados novos proje-tos, 
a exemplo da construção da quadra de espor-tes 
para basquete e vôlei e um estacionamento para 
os professores. 
As mudanças, principalmente a criação da Funda-ção, 
proporcionaram à instituição a retomada dos 
seus ideais educacionais, pedagógicos e políticos. O 
Colégio demonstra definitivamente a força de sua 
nacionalidade e seu compromisso ético e social ao 
abrir suas portas para acolher em seu seio o Segundo 
Congresso Nacional pela Anistia Ampla Geral e 
Irrestrita que se realizou, em 15 de novembro de 1979, 
no auditório Baker do Colégio 2 de Julho. 
Untitled-1 77 14/08/2008, 18:03
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  • 4. Fundação 2 de Julho Conselho de Curadores Moisés Dominguez Souza (Presidente) Jaime David Cardoso Pereira (Vice-Presidente) Heloisa Helena F. Gonçalves da Costa (Secretária) Agenor Cefas Cavalcante Jatobá Italva Almeida Simões João Dias de Araújo Lêda Jesuíno dos Santos Maria Lúcia Cardoso de Souza Romélia Santos Secretário Executivo Cléber de Oliveira Paradela Colégio 2 de Julho Diretor Celso Loula Dourado Coordenadora Pedagógica Neuza Régis Dourado Divisão Administrativa e Financeira Milton Oliveira Cavalcanti Conselho Técnico Pedagógico Ana Bernadete Farias Menezes Josely Maria Tinoco Guerreiro Peixoto Lúcia Angélica de Fontenelle Maria Genilde Alecrim Machado Sonira Lúcia Dantas Neves Zenóbia Guimarães Lobo de Carvalho Faculdade 2 de Julho Diretor Geral Josué da Silva Mello Diretor de Administração e Finanças Sérgio Augusto Miranda de Souza Coordenadora Pedagógica Tecla Dias de Oliveira Mello Coordenador de Administração Adeimival Barroso de Pinho Júnior Coordenador de Comunicação Social Derval Cardoso Gramacho Coordenadora de Direito Valnêda Cássia Santos Carneiro Secretária Acadêmica Marane Iara Xavier Rodrigues Coordenadora da Biblioteca Maria Rosane Canelas Rubim Assessor de Comunicação Sílvio César Tudela Vieira Untitled-1 4 14/08/2008, 18:02
  • 6. Copyright@2008 FACULDADE 2 DE JULHO Direitos desta edição reservados à Faculdade 2 de Julho - F2J Av. Leovigildo Filgueiras, 81. Garcia. Salvador. Bahia. CEP 40.010-000 Tel: (71) 3114-3400 • Fax: (71) 3114-3401 E-mail: f2j@f2j.edu.br • Web site: www.f2j.edu.br Impresso no Brasil / Printed in Brazil É PROIBIDA À REPRODUÇÃO De acordo com à lei 5.988, de 14 de dezembro de 1973, artigos 122-130. DEPÓSITO LEGAL na Biblioteca Nacional, conforme decreto nº 1.825, de 20 de dezembro de 1907. PESQUISA HISTÓRICA E ENTREVISTAS Coordenação Bianca Daébs Seixas Almeida Equipe Jilson Soares Rebeca Daébs Seixas Zózimo Trabuco PRODUÇÃO EDITORIAL E GRÁFICA Texto final Derval Cardoso Gramacho Normalização Rosane Rubim Projeto gráfico e Editoração eletônica Joel Calixto Supervisão gráfica Vinícius Carvalho Fotografias Antonio Aguido Arquivo do Colégio e da Faculdade 2 de Julho Famílias (Calasans Neto, Gláuber Rocha e Luís Eduardo Magalhães) Revisão, Edição e Coordenação geral Sílvio César Tudela Impressão Gráfica Belo Visual Tiragem 1.000 exemplares Ficha catalográfica F143 Faculdade 2 de Julho 2 de Julho: 80 anos construindo o saber. Salvador: F2J, 2008. ISBN: 978-85-61144-01-2 1. Memória 2. Fundação 2 Julho 3. Colégio 2 de Julho 4. Faculdade 2 de Julho I. Título CDU: 82-94 Untitled-1 6 14/08/2008, 18:02
  • 7. À Família 2 de Julho À Comunidade baiana Untitled-1 7 14/08/2008, 18:02
  • 9. SUMÁRIO APRESENTAÇÃO 13 PREFÁCIO 17 CRONOLOGIA 21 PROTESTANTISMO E EDUCAÇÃO 23 DO SONHO AMERICANO À CONSOLIDAÇÃO DO COLÉGIO 2 DE JULHO 33 O PROCESSO DE NACIONALIZAÇÃO E A FUNDAÇÃO 2 DE JULHO 59 MARCAS DO COLÉGIO 2 DE JULHO NA SOCIEDADE BAIANA 75 A FACULDADE 2 DE JULHO: RUMO AO FUTURO 93 REFERÊNCIAS 121 NOTAS 125 Untitled-1 9 14/08/2008, 18:02
  • 13. Apresentação 2 DE JULHO 80 ANOS CONSTRUINDO O SABER é um lançamento do Programa Editorial da Faculdade 2 de Julho, implantada no ano 2000, filha mais nova da Instituição. Pretende complementar “A Memória Histórica do Colégio 2 de Julho”, publicada em 1997. Na última década a Instituição cresceu. O seu maior avanço configurou-se na implantação da Faculdade, no início com três cursos e, atualmente, com sete, alimentando sonhos de tornar-se um Centro Universitário de referência no Nordeste brasileiro. A Escola Americana criada em 1927 na cidade do Salvador, Bahia, sem grandes pretensões, resultou, em nosso tempo, num “Centro Educacional Baiano” reunindo cursos desde a educação infantil, ensino fundamental e ensino médio, ao ensino superior da graduação à pós-graduação. A Instituição, que emergiu da consciência missionária, celebra, pois, os 80 anos de história em 2007, bastante ampliada em sua missão e nos seus horizontes. O livro dos 80 anos ora apresentado pretende ser uma contribuição da Academia mais na interpretação da história do que na sua narrativa. A pesquisa histórica, tão bem conduzida pela historiadora Bianca Daébs Seixas Almeida, buscou responder a algumas questões relevantes, entre as quais, por que os missi-onários norte-americanos encaminhados ao Brasil com a missão de evangelizar preocuparam-se antes com a educação? E encontra na ideologia protes-tante, centrada na liberdade humana, a motivação possível, porquanto os reformadores foram incisivos no entendimento da educação como instrumento fundamental no processo de construção da liberdade e da cidadania. Por que o Colégio 2 de Julho, criado e administrado pelos missionários americanos por quase meio século, veio a ser estruturado em Fundação de direito privado, sem fim econômico, quando outras Untitled-1 13 14/08/2008, 18:02
  • 14. instituições originárias da mesma Igreja Presbiteriana dos Estados Unidos re-ceberam outras destinações? Que forças foram determinantes no processo de nacionalização? Por que a Faculdade, nos dias atuais, enfoca a questão da ética e dos direitos humanos, chegando a projetar um Memorial dos Direitos Humanos, com dimensões nacionais, a ser implementado no Solar Conde dos Arcos? Por que atualmente se valoriza tanto a pessoa do missionário Jaime N. Wright e que papel ele desempenhou no processo de nacionalização e criação da Fundação? São questões trabalhadas no documentário, utilizando-se inclusive da oralidade, com testemunhas oculares, que lançam inéditas luzes e revelações sobre a história da Instituição, ao longo de suas oito décadas de compro-metimento com a educação de qualidade, com a democracia, a formação da cidadania e com o desenvolvimento da Bahia. “O livro dos 80 anos ora apresentado 14 2 DE JULHO: 80 anos construindo o saber pretende ser uma contribuição da Academia mais na interpretação da história do que na sua narrativa” 2 DE JULHO 80 ANOS é o registro de um projeto educacional desenvolvido com o sentido de missão. Assim foi e assim sempre o será. O testemunho de uma história de orgulho para a Igreja e para o povo baiano, a iluminar a construção do futuro. Instituição que no dealbar do século XXI continua com a mesma missão a cumprir, com desafios novos a vivenciar. Situação que faz lembrar um dos versos de Fernando Pessoa: “Hoje os mares são os mesmos de anos atrás, mas os perigos do caminho já não são iguais”. Certamente a missão permanece a mesma, o compromisso vocacional tam-bém, mas os perigos do caminho são maiores, as ameaças se agigantaram, exigindo renovação dos sonhos, perspicácia na identificação dos novos desafios e capacidade de gestão profissional com ampla visão de futuro. A Instituição, por certo, lastreada em novos paradigmas, continuará apoiando as oportunidades de acesso, os esforços em favor da democratização do saber, da inclusão social, dando seguimento ao projeto de educação diferenciada, destinado à formação de cidadãos líderes, de profissionais competentes, com avanços na produção da cultura e do conhecimento, seguindo os mais elevados padrões de qualidade e de excelência. Cabe ressaltar, também, que o documentário comemorativo dos 80 anos resulta de uma construção coletiva. Merecem destaques e agradecimentos: a Fundação 2 de Julho pelo incentivo, o Colégio pelas informações e empenho, o Presbitério do Salvador pelo apoio heróico, a historiadora Bianca Almeida e sua equipe pelo trabalho dedicado, a conselheira e professora Leda Jesuíno pelo magnífico prefácio, o professor Derval Gramacho pela Untitled-1 14 14/08/2008, 18:02
  • 15. 2 DE JULHO: 80 anos construindo o saber 15 produção do texto, a bibliotecária Rosane Rubim pelo cuidadoso trabalho de normalização, o fotógrafo Antonio Aguido pela dedicação, o jornalista Sílvio César Tudela, o designer Vinícius Carvalho, o diagramador Joel Calixto e a toda equipe da ASCOM pelo árduo trabalho de apuração, conferência de informações, escolha e restauração das fotos, criação gráfica, revisão, edição e editoração final. Destaca-se e homenageia-se, enfim, a todos que partilharam dos sonhos e construíram a audaciosa caminhada dos 80 anos. Josué da Silva Mello Diretor Geral da Faculdade 2 de Julho Untitled-1 15 14/08/2008, 18:02
  • 17. Prefácio A Fundação 2 de Julho é uma significativa expressão no panorama educacional da Bahia, que se vem tornando, ao longo do tempo, um grande foco de energia irradiosa, penetrando com a força da sua potencialidade pelas artérias do sistema de educa-ção que vem sendo vivenciado nestes dias tumultuados de um mundo em mudança. No momento em que a educação enfrenta uma problemática existencial de tal porte, que Morin considera como sendo uma “agonia planetária”, por estar o mundo enfrentando uma “policrise”, as organizações voltadas para a missão de educar sentem-se envolvidas em problemas surpre-endentemente complexos que, acrescentados aos que rotineiramente pertencem ao quotidiano, formam obstáculos feitos de dificuldades de várias dimensões. A Fundação 2 de Julho, inserida nesse contexto permeado de divergências, convergências e polêmicas acirradas em torno das mais variadas teorias educacionais, frutos de ideologias antagôni-cas, de posicionamentos radicalizados, vem atravessando as tempestades do clima intelectual do seu tempo, de tempestuosos furações e chuvas torrenciais, apresentando-se a uma “sociedade líquida”, como quer o sociólogo Bauman, com fortaleza de ânimo e impressionante coragem para enfrentar a superficialidade do seu tempo. De tal grandeza é a sua contribuição que se tornou digna de uma respeitabilidade que se expande agora, aos 80 anos, para uma glorificação. Octogenária, experiente, sofrida e vencedora, chega à serenidade da sua plenitude ainda vigorosa e com direito a sonhar... Em educação, sonhar é vital, e a Utopia é imprescindível. Entre o Ideal do Sonho e o Real da Vida, a Fundação 2 de Julho faz o seu caminho caminhando, pois sabe, no seu âmago, que não há Untitled-1 17 14/08/2008, 18:02
  • 18. caminhos, há caminhantes... Seu caminho, como todas as estradas no terre-no educacional, é feito de pedregulhos e atapetado de folhas secas, frágeis ao toque dos pés cansados do caminhante. Seu caminho, como tantos outros construídos no solo movediço da imensa área da educação, é construído a cada dia com as agruras e as glórias do semeador que aceita a chuva torrencial que prejudica a semeadura, acolhe o sol inclemente que retarda a colheita e continua a semear, tentando sempre separar o joio do trigo. Seu caminho, como são os caminhos dos idealistas críticos e não ingênuos, apresenta-se, no labor diário do exausto caminhante que o percorre, prenhe de curvas perigosas e sombrias passagens, ladeadas de precipícios. “A história do 2 de Julho [...] é uma história 18 2 DE JULHO: 80 anos construindo o saber de coragem, de determinação e [...] de amor à humanidade” Aos seus 80 anos, debruça-se o “2 de Julho” sobre o seu passado para apresentar, uma visão panorâmica, a sua história, que é a sua vida de embates e vitórias, lutas e fracassos, perdas e ganhos, flores e espinhos, envolvida sempre no “Eros Pedagógico” do seu corpo material e espiritual que o vivifica, constituído pelos seus professores e funcionários, seus alunos e ex-alunos, seus amigos e, principalmente, pelos seus fundadores: Irene e Peter Baker, cuja presença ainda é viva, fortalecendo o ânimo e a coragem dos que atualmente o sustentam com vigorosa vontade de ir em frente, de seguir adiante, de formar não apenas cidadãos; muito mais além, formar pessoas que acreditem que a vida é fenômeno universal, resultante de uma energia que circula no finito e no infinito... Aos seus 80 anos, ao contar a sua história, estamos diante de uma estória de amor que começa assim: era uma vez, um príncipe e uma princesa em busca de um palácio numa cidade linda. E, um dia, o encontraram e nele viveram felizes com muitos e muitos filhos a quem amaram profundamente, apaixonadamente e fizeram deles homens e mulheres que os amaram e sempre tentaram viver de acordo com tudo que aprenderam com eles. Tornaram-se cidadãos e honraram os seus pais e tentam até hoje fazer daquele palácio um monumento destinado ao culto do amor incondicional ao Homem através da educação fundamentada na Fé, Esperança e na Caridade, as virtudes cardinais que o príncipe e a princesa lhes colocaram no coração, seguindo Jesus. A história do 2 de Julho, que vem a público, contextualizando a instituição desde o seu início, numa sociedade de pós-guerra, procurando demonstrar quanto a missão protestante estava ligada à educação dentro do “saber funcionando como amparo da fé”, é uma história de coragem, de determinação e, sobretudo, de amor à humanidade. Untitled-1 18 14/08/2008, 18:02
  • 19. 2 DE JULHO: 80 anos construindo o saber 19 A Escola Americana que se tornou Ginásio e depois Colégio 2 de Julho, ocupando um espaço histórico como é o Solar Conde dos Arcos, alçou vôo no tempo, superando dificuldades internas das instituições mantenedoras, fiel à afirmação de Lutero, citado neste livro no sentido de que é sempre preciso ter escolas para satisfazer nossas necessidades como habitantes deste mundo; tese seguida pelos calvinistas e adotada pelos presbiterianos. Da junta das Missões Estrangeiras, veio o casal Baker para Salvador, e o que representou o seu trabalho, para a educação nesta Cidade, está bem apresentado no livro. Os autores se preocuparam em destacar as inovações que foram corajosamente implantadas pelo casal Baker, sobretudo a co-educação. Os passos largos e definidos que deu o Colégio até galgar os degraus do nível superior e ver ao seu lado instalada uma Faculdade já tão acreditada estão descritos nestas páginas que delineiam a trajetória da Fundação 2 de Julho, com a dedicação de quem admira, com a exatidão de quem examina com seriedade, com a sensibilidade de quem percebe o que está além dos fatos visíveis, com a lucidez de quem se conscientiza da responsabilidade de suas afirmações, com o conhecimento da verdade histórica que esclarece e liberta de pronunciamentos tendenciosos. Na verdade, é um livro de quem escreve com Amor uma história de Amor. Foi escrito com o Amor com que ele foi fundado e que permanece nos corações dos que hoje o dirigem. Nele, vai valer a pena penetrar nos corações que aí pulsam como se estivessem fora da letra no papel e, percorrendo aquele imenso pátio de construções atuais, recordar os velhos tempos, quando os tamarineiros floriam e as crianças corriam e os adolescentes “flertavam”, aquilatar como os novos prédios foram construídos com os ideais elevados dos Bakers, dos Graves, do reverendo Jaime Wright, dos diretores e funcionários que se sucederam e deram a sua valiosa colaboração, cujos nomes estão em destaque pelo autor, fazendo jus à contribuição que deles recebeu o “nosso 2 de Julho”. É neste “2 de Julho” tão nosso que este livro está fixado e é de muita reverência à educação que suas páginas estão plenas. Profª. Leda Jesuíno dos Santos Conselheira da Fundação 2 de Julho Untitled-1 19 14/08/2008, 18:02
  • 21. Cronologia 1927 Criação do Colégio Americano na Rua João das Botas, no Canela 1928 Transferência para o Solar Conde dos Arcos, na Av. Leovigildo Filgueiras, 81 1931 Alteração do nome para Ginásio Americano 1939 Alteração do nome para Instituto 2 de Julho 1943 Autorização de funcionamento do curso colegial, alterando-se o nome para Colégio 2 de Julho 1950 Transferência do casal Baker para o Mackenzie (SP) 1966 Início do processo de nacionalização: Conselho Superior de Administração 1976 Criação da Fundação 2 de Julho 2000 Criação da Faculdade 2 de Julho Untitled-1 21 14/08/2008, 18:03
  • 22. PROTESTANTISMO E EDUCAÇÃO Untitled-1 23 14/08/2008, 18:03
  • 24. A educação no pensamento dos reformadores A educação foi tema central no pensamento dos líderes da Reforma Religiosa, nos séculos XV e XVI, na Europa. Este movimento começou a ser gestado no século XIV, quando vários religiosos se mostravam inquietos diante das práticas da Igreja Católica e de suas lideranças, notadamente o Tribunal do Santo Ofício. Também chamado de Santa Inquisição, ele foi criado oficialmente em 1229, no Concílio de Toulouse, na França, pelo Papa Gregório IX, inspirado nas idéias do Papa Lúcio III, apontado como o mentor da Inquisição, em 1184. No ano de 1252, o Papa Inocêncio IV publica o documento Ad Exstirpanda, que subsidiou o seu pedido, acatado por toda Igreja, de ter autoridade para exterminar todos os hereges, considerados como uma ameaça ao Cristianismo. Na verdade, o Tribu-nal do Santo Ofício era um instrumento para impor à força a supremacia da Igreja Católica, com o poder de exterminar aqueles que rejeitavam o Cristianismo na forma imposta por ela. Entre os que se recusavam a seguir as rígidas orientações da Igreja estava o padre inglês John Wyclif (1324-1384). Ele contestava a autoridade do papa e criticava a incompatibilidade das normas do clero e da Igreja com os ensinamentos de Jesus e seus apóstolos. A principal questão apontada por Wyclif era a das propriedades e da riqueza do clero, além de denunciar a prática da venda de indulgên-cias e a vida perdulária de padres, bispos e outros religiosos sustentados com o dinheiro do povo. Wyclif fez a primeira tradução da Bíblia para a língua inglesa, pois considerava que esta obra deveria ser um bem comum de todos os cristãos e precisava estar ao alcance das mãos para uso cotidiano e na língua nativa de cada povo. Na sua compreensão, a Bíblia devia ser a base de toda a doutrina da Igreja e a única forma da fé cristã, pois, entendia que “a verdadeira autoridade emana da Bíblia, que contém Untitled-1 25 14/08/2008, 18:03
  • 25. 26 2 DE JULHO: 80 anos construindo o saber o suficiente para governar o mundo, e sem o conhecimento do que nela está contido não haveria paz na sociedade”. Suas idéias mobilizaram vários segmentos da sociedade inglesa da época, que logo viu surgir um grupo de seguidores que passou a ser chamado de lolardos. Os integrantes desta Ordem eram considerados padres, mas eles não recebiam a consagração formal, não faziam votos e se dedicavam ao ensino do Evangelho ao povo, conforme as teorias e pensamentos de Wyclif. Esses pregadores itinerantes andavam agrupados dois a dois, descalços, usando longas túnicas e portavam cajados nas mãos. Em 1381, após uma insurreição popular, o rei Ricardo II proibiu os lolardos de continuar disseminando o pensamento de seu inspirador. Eles foram apontados como incentivadores da revolta. Nos séculos seguintes, a Igreja se fraciona com a Reforma, que dá origem a uma nova ordem: a Igreja Reformada ou a Reforma Protestante. Martinho Lutero, João Calvino, Menno Simons, John Knox, Thomas Cranmer, entre outros, foram os principais nomes que encabeçaram o movimento reformista, motivado, sobretudo, pela discordância dos métodos aplicados pela Igreja Católica. Eles eram lastreados nas teses de Wyclif que pregava a fé pela razão e conhecimento, ou seja, era preciso alfabetizar o povo, dar a ele acesso à literatura sagrada e a oportunidade de ter conhecimento sobre a verdade que, para Wyclif e os reformistas, era Jesus Cristo. Os protestantes se conduziam pela lógica “conhecereis a verdade e a verdade vos libertará”1. Jesus era a verdade, e não haveria verdade que, em última instância, não remetesse à verdade que estava n’Ele, de modo que toda busca por conhecimento não só era bem aceita como também incentivada e fazia parte da ação estratégica de evangelização dos missionários. Os reformistas defendiam a elevação da autoridade religiosa do indivíduo que, no exercício pleno de sua fé e iluminado pelo Espírito Santo, estivesse apto a ler a Bíblia e outros livros religiosos, e a interpretar sobre aquilo que leu, sem a intermediação da Igreja e sem prejuízo de sua salvação. Como dizia Wyclif: “O cristão não precisa do Papa, pois Deus está em toda parte e nosso Papa é o Cristo”. Um dos fatores estimulantes dos ideais reformistas foi a invenção da imprensa pelo alemão Johann Gutenberg (1390-1468). Ela abria finalmente a possibilidade de atender aos reclames dos protestantes que era a distribuição da Bíblia para todos os cristãos, na língua original de cada povo. A invenção de Gutenberg possibilitava a popularização do conhecimento e não foi à-toa que a primeira obra por ele impressa tenha sido justamente um exemplar da Bíblia em alemão. Se isto agradava aos reformistas, sem sombra de dúvida desagradava à Igreja Católica, cujos líderes entendiam que dar a Bíblia ao Untitled-1 26 14/08/2008, 18:03
  • 26. “Ainda que não existisse alma, nem inferno, nem céu, seria preciso ter escolas para satisfazer nossas necessidades como habitantes deste mundo” 2 DE JULHO: 80 anos construindo o saber 27 conhecimento público era o mesmo que perder o poder e o controle que tentavam manter sobre o povo e os governos através de mecanismos como o próprio Tribunal do Santo Ofício, ou seja, a Inquisição. Hill2, ao analisar o movimento reformista, comenta que John Foxe3 (1516- 1587) atribuiu o advento da escrita impressa como um presente dado ao homem pela intervenção direta de Deus. Isso porque o novo método permitia a realização da ideologia que norteava a Reforma. Thomas Beard (1568- 1632), reverendo inglês, puritano e autor de teatro, comungava da mesma opinião de Foxe, de acordo com Hill, pois via a Providência Divina por trás do que considerava a coincidência entre a época da invenção e desenvolvimento da imprensa e a tradução do texto bíblico para o inglês. Assim, a liberdade de impressão tornou possível a Reforma e as concepções mais amplas de liberdade religiosa. Lutero e Calvino entendiam que a promoção do texto bíblico deveria vir acompanhada da instrução, alfabetização e educação. Neste sentido, Lutero, contrariando a vocação católica contra a qual se movia a Reforma, afirmava: “Ainda que não existisse alma, nem inferno, nem céu, seria preciso ter escolas para satisfazer nossas necessidades como habitantes deste mundo[...]”.4 A educação é, desde o primeiro momento, uma necessidade altamente valorizada por todos os protestantes históricos, com destaque singular para os presbiterianos ou reformados. A Reforma teve também um segundo momento que passou à História como a “Segunda Reforma” ou “Reforma da Suíça”, desde quando se dá após a Reforma capitaneada por Lutero. Ocorrida em Zurique, Suíça, teve como líder inicial Ulrich Zwingli (1484-1531), de quem Lutero era crítico severo. Com a morte de Zwingli, a liderança do movimento foi entregue nas mãos de um homem respeitado entre seus pares pela sua grande capacidade intelectual e administrativa, o francês João Calvino (1509-1564), que atuou durante 25 anos na cidade de Genebra, naquele país. Calvino foi um dos mais importantes teólogos protestantes do século XVI. De sua vasta produção literária destaca-se “Institutas da Religião Cristã”, obra na qual deixa claro o seu pensamento e revela sua grande apreciação pela dádiva do intelecto e seu cultivo do mesmo através da educação. O teólogo francês considerava o estudo da Bíblia e do conhecimento do mundo criado por Deus como atividades de suma importância e esse entendimento o levou a propor, em primeiro lugar, que a Igreja Reformada de Genebra elegesse, entre seus líderes, um grupo de doutores ou mestres, Untitled-1 27 14/08/2008, 18:03
  • 27. 28 2 DE JULHO: 80 anos construindo o saber que ficaria encarregado especificamente de desenvolver atividades educativas voltadas para a infância e a juventude. Em segundo lugar, investiu na criação de uma instituição de ensino primário, secundário e superior, denominada Academia de Genebra (1559), precursora da atual Universida-de de Genebra. Para Nascimento5, uma das motivações para a criação daquela Academia foi o entendimento de que os pastores das igrejas reformadas deveriam ser homens solidamente preparados para desempenhar adequadamente as suas funções. Ela explica que o currículo da Academia de Genebra atribuía grande valor aos estudos humanísticos, ou seja, às línguas, à literatura e às artes da Antigüidade clássica greco-romana. Entendia que os autores antigos, além de sua capacidade retórica e clareza de pensamento, comunicavam verdades sobre importantes conhecimentos. Na realidade, essa ênfase à educação refletia a teoria teológica de Calvino6: Deus é o Senhor de toda vida; a mente humana foi por Ele criada e deve ser usada para Sua Glória. Através do Seu Espírito Santo, Deus atua em todos os seres humanos e os capacita a produzir coisas boas e belas em todas as áreas do conhecimento: toda verdade é verdade de Deus, esteja onde estiver. Nascimento7 explica que a importância atribuída por Calvino à educação foi mantida pelos seus herdeiros em toda a Europa, pois o movimento conhecido como Segunda Reforma ou Reforma Suíça alcançou divulgação em todo o continente, com forte expressão em países como França, Alemanha, Holanda, Hungria e nas Ilhas Britânicas. Os pastores calvinistas eram, quase todos, homens instruídos e disciplinados nas melhores tradições reformadas. Entre esses homens, destacou-se John Knox, que levou a Escócia a abraçar o calvinismo oficialmente em 1560, quando o parlamento criou a Primeira Igreja Nacional Protestante. Essa igreja abraçou conscientemente o Presbiterianismo, uma forma de organização eclesiástica na qual o governo é exercido pelos presbíteros, oficiais eleitos por suas comunidades e reunidos em colegiados (seção, presbitério, sínodo e assembléia geral). Naquele país, o Presbiterianismo foi um protesto contra o sistema político religioso vigente, o Episcopalismo, ou seja, uma igreja governada por bispos nomeados pelos reis. O novo continente e as missões A partir de 1620 começaram a chegar aos Estados Unidos da América os primeiros missionários formados pelo movimento reformado. A formação Untitled-1 28 14/08/2008, 18:03
  • 28. 2 DE JULHO: 80 anos construindo o saber 29 daquele país contou com uma forte contribuição dos calvinistas, em geral, e dos presbiterianos, em particular. Entre os primeiros colonizadores protestantes, estavam alguns grupos de puritanos, que se instalaram em Massachusetts, Nova Inglaterra. Esses puritanos eram de orientação calvinista, mas adotaram uma forma de governo diferente do Presbiterianismo: o Congregacionalismo. Enquanto o Presbiterianismo consiste em uma federação de igrejas, as igrejas congregacionais são autônomas, com as comunidades independentes entre si. No entanto, o que os pioneiros calvinistas não abdicaram foi de fazer da educação uma prioridade desde o início da colonização. E, em 1636, criaram, nos arredores de Boston, o Colégio de Harvard, precursor da hoje famosa Universidade Harvard. Nos séculos seguintes, os Estados Unidos da América receberam milhares de presbiterianos oriundos do Velho Continente, especialmente escoceses e irlandeses, que foram os principais responsáveis pela formação da Igreja Presbiteriana nos EUA, iniciada, em 1706, com a criação do primeiro presbitério, e concluída, em 1789, com a organização da Assembléia Geral. No mesmo século, os presbiterianos norte-americanos criaram o Colégio de New Jersey (1746), atual Universidade Princeton, considerado como o maior dos investimentos da ordem religiosa naquele período. O compromisso dos reformados com a educação se intensificou de modo acentuado naquela nova nação. A atividade educativa recebeu a influência de valores, ideais e aspirações da jovem e dinâmica república, bem como de novos movimentos filosóficos, como o Iluminismo (movimento cultural e intelectual ocorrido na França na segunda metade do século XVIII), com a sua crença inabalável no progresso. Entretanto, a motivação predominante entre os presbiterianos continuou a ser de natureza religiosa. Tanto que nos séculos XVIII e XIX se registra a ocorrência de grandes avivamentos religiosos, que ficaram conhecidos como despertamento. Tanto o Primeiro Grande Despertamento (nos anos de 1730 e 1740), quanto o segundo, nas primeiras décadas do século XIX, produziram notáveis efeitos na área educacional. Mas foi o Segundo Grande Despertamento que provocou nos protestantes norte-americanos o interesse pelas missões internacionais como meio de propagar a fé evangélica e também promover, em outros países, a cultura norte-americana. Com este objetivo, a Igreja Presbiteriana dos Estados Unidos da América (PCUSA) criou, em 1837, a Junta de Missões Estrangeiras, sediada em New York, de onde saíram, inicialmente, missionários para a Índia, Tailândia, China, Colômbia e Japão. O sexto país incluído no roteiro da Missão foi o Brasil, onde o primeiro missionário, reverendo Ashbel Green Simonton, desembarcou, em 1859. Untitled-1 29 14/08/2008, 18:03
  • 29. 30 2 DE JULHO: 80 anos construindo o saber Desde o primeiro instante aqui, Simonton entendeu a importância da edu-cação, tanto religiosa quanto acadêmica, como estratégia de evangelização. No dia 21 de janeiro de 1860, ele escreveu em seu Diário: Comprometi-me a dar diariamente uma hora ou duas de aulas às crianças do Sr. Eubank, tanto de educação religiosa quanto intelectual, e os encontrei prontos para aprender. [...] Tive uma longa e interessante conversa com o Sr. Eubank sobre as condições do Brasil. O plano de se ter aqui uma escola protestante, de grau elevado, para os ingleses e brasileiros que queiram freqüentá-la, tem ocupado muito os meus pensamentos ultimamente.8 Simonton fundou o primeiro jornal protestante a circular no Brasil, o “Imprensa Evangélica”, que foi publicado de 1864 a 1892. Ele organizou a primeira escola presbiteriana no País e as suas propostas para a evangelização estabeleci-am: 1) A santidade da igreja deve ser ciosamente mantida no testemunho de cada crente; 2) é preciso inundar o Brasil de Bíblias, livros e folhetos; 3) cada crente deve comunicar o Evangelho a outra pessoa; 4) é necessário formar um ministério nacional idôneo; 5) escolas paroquianas para os filhos dos crentes devem ser estabelecidas9. A sua morte, em 1867, ocasionada pela febre amarela, o impediu de levar adiante seus planos educacionais, mas os missionários que lhe sucederam concretizaram o seu sonho. A partir de 1870, os presbiterianos começaram a implantar escolas em diversos municípios do território brasileiro. É imbuído deste espírito e norteado pelo mesmo ideal de contribuir para a elevação do homem, possibilitando-o crescer através da educação e conseqüentemente aprimorar o seu espírito sequioso do saber, que o casal Baker vem para o Brasil e se instala em Salvador (BA). Aqui a família Baker vai cumprir a sua missão de formar cidadãos para a Pátria e cristãos para Deus. Untitled-1 30 14/08/2008, 18:03
  • 30. DO SONHO AMERICANO À CONSOLIDAÇÃO DO COLÉGIO 2 DE JULHO Untitled-1 33 14/08/2008, 18:03
  • 32. O cenário de 1927 Era o ano de 1927. O País caminhava ao sabor dos ventos da jovem República que não conseguira apagar todos os resquícios do Império e da vocação separatista herdada do período escravocrata, reve-lada nas cenas sociais urbanas, onde verdureiros, peixeiros e padeiros, entre outros, sempre negros e mestiços, transportavam nas cabeças enormes e pesados tabuleiros nos quais mercavam, porta a porta, seus produtos. O Brasil andava no ritmo dos bondes, dos trens e alguns poucos navios. Tentava se reorganizar internamente ao mesmo tempo em que buscava se impor perante o mercado internacional. Contudo, o seu principal produto, o café, era uma cultura em crise desde 1925, quando a produção nacional alcançou as 21 milhões de sacas, quantidade superior às 14 milhões consumidas mundialmente. Os Estados Unidos da América, o maior produtor industrial de então, dava sinais de desaquecimento do consumo e desgaste das atividades produtivas e de mercado que viria, dois anos mais tarde, resultar no episódio conhecido, posteriormente, como o crack da Bolsa de Valores de New York. Na verdade, o tempo ainda se encarregava de apagar as lembranças mais recentes da Primeira Grande Guerra. Os países europeus, onde se concen-traram as batalhas, empenhavam-se na reorganiza-ção dos seus meios de produção e da estrutura social, na recuperação dos prejuízos do patrimônio físico e no restabelecimento de suas finanças. O rádio era uma novidade na vida da população brasileira. Poucas cidades tinham o orgulho de contar com uma emissora em funcionamento. Salvador era uma dessas raras capitais. Desde 1924 funcionava a Rádio Sociedade da Bahia, que anos depois integraria o grupo dos Diários Associados, do empresário Assis Chateaubriand. Untitled-1 35 14/08/2008, 18:03
  • 33. No plano político, o Brasil estava sob o comando do presidente Washington Luís Pereira de Sousa (1926-1930), para quem, governar era “abrir estradas”. Assim, seu governo se dedicava aos investimentos no setor rodoviário e, em paralelo, tentava administrar uma reforma financeira que objetivava dar 36 2 DE JULHO: 80 anos construindo o saber CASAL BAKER Sempre juntos e comprometidos com a educação lastro econômico ao País, inclusive com a formação de uma reserva em ouro. Sob seu co-mando nasceu a ligação rodoviária Rio de Janeiro, então Capital Federal, e São Paulo, e se prolongou até Minas Gerais. A intenção, além de incrementar o transporte terrestre de passageiros, era dar vazão à produção cafeeira, facilitando o acesso aos portos. A Bahia da época estava entregue ao sucessor de José Joaquim Seabra, Francisco Marques Góes Calmon (1924-1928), um homem não muito afeito à política e cujo nome fora lembrado de última hora tendo como referência o seu desempenho à frente do banco onde trabalhava. Calmon ganhou apoio de setores mais jovens da sociedade e formou a sua equipe com nomes que haviam obtido destaque nas atividades acadêmicas. Foi neste panorama que, em certa tarde de 1927, Irene Hight Baker, missionária protestante e educadora, esposa do também missionário e educador Peter Garret Baker, chegados ao Brasil três anos antes, em 1924, pára diante do Palácio Conde dos Arcos, no bairro do Garcia, e vê, ali, a possibilidade de concretizar um sonho: implantar a escola que fôra o encargo dado a eles pela Missão Presbiteriana do Brasil Central. O velho sobrado colonial perten-cera a Dom Marcos de Noronha e Brito, VIII Conde dos Arcos, e o último vice-rei do Brasil (1806-1808), pois o cargo foi extinto com a chegada da família real portuguesa. No início daquele ano, o casal criara a Escola Americana que funcionava na sua residência, na Rua Bom Gosto, no bairro do Canela. Em virtude do número de estudantes ter superado as expectativas, o espaço tornara-se pequeno e os dois decidiram procurar um outro local para morar e acomodar melhor os estudantes. Além disso, havia uma procura por vagas de internato para os que vinham do interior e eles pensavam, também, atender àquele públi-co. O processo de transferência da escola para o novo endereço foi rápido. Logo os estudantes estavam ambientados e o casal Baker começava a elaborar planos para expandir a escola e adquirir o tradicional e histórico palácio. Untitled-1 36 14/08/2008, 18:03
  • 34. ESCOLA AMERICANA Residência do casal foi a semente da instituição 2 DE JULHO: 80 anos construindo o saber 37 O trabalho missionário O casal Baker veio para o Brasil seguindo os passos de outros tantos missionários já designados pela Missão Protestante dos Estados Unidos da América para ampliar e fortalecer o trabalho de evangelização do povo brasileiro. Em artigo sobre a vida e dedicação do casal, a professora e integrante do Conselho de Curadores da Fundação 2 de Julho, Leda Jesuíno Santos, faz a seguinte narrativa: Eles vieram de longe, nos idos de 1924, unidos pela força vital da juventude plena. E vieram para ficar, arar o terreno e semear em uma opção fundamentada na absoluta certeza de que havia um projeto de vida traçado no mapa axiológico de suas vidas10. O trabalho de evangelização começou na segunda metade do século XIX, apesar de, naquela época, o governo brasileiro reconhecer apenas a religião Católica Apostólica Romana como a única oficial e, portanto, com direito a criar templo e realizar cultos. No entanto, a Constituição de 1824, outorga-da pelo Imperador Dom Pedro I, concedia o direito a outras instituições reli-giosas de praticarem suas atividades, desde que respeitadas as limitações contidas na Carta Magna. O artigo 5º da Constituição Imperial afirmava: A religião católica apostólica romana continuará a ser a religião do Império. Todas as outras religiões serão permitidas com seu culto domés-tico ou particular, em casas para isso destinadas, sem forma alguma exterior de templo11. A Constituição de 1891, promulgada após a Proclamação da República (1889), é que estabelece a liberdade de culto e a afirmação de um Estado laico. Assim, o parágrafo 3º do artigo 72 daquele diploma deixa explícito: “Todos os indivíduos e confissões religiosas podem exercer pública e livremente o seu culto, associando-se para esse fim e adquirindo bens”. E acrescenta nos parágrafos seguintes: § 4º - A República só reconhece o casamento civil, cuja celebração será gratuita. § 5º - Os cemitérios terão caráter secular e serão administrados pela autoridade municipal, ficando livre a todos os cultos religiosos a prática dos respectivos ritos em relação aos seus crentes, desde que não ofen-dam a moral pública e as leis. § 6º - Será leigo o ensino ministrado nos estabelecimentos públicos. § 7º - Nenhum culto ou igreja gozará de subvenção oficial, nem terá relações de dependência ou aliança com o Governo da União ou dos Estados.12 Untitled-1 37 14/08/2008, 18:03
  • 35. “A partir de 1927, começara a ser escrita ali uma nova página da História, na qual a produção do saber consolidaria os ideais de uma sociedade livre e democrática [...]” 38 2 DE JULHO: 80 anos construindo o saber A partir da implantação da liberdade religiosa, a atividade das missões pro-testantes aumentou consideravelmente, pois acreditavam haver um cam-po fértil a ser semeado e, em se lançando sobre ele boas sementes, por cer-to, daria bons frutos. Os missionários que chegavam ao Brasil traziam a in-cumbência de, em paralelo ao trabalho de evangelização de comunida-des, implantar escolas para elevar o índice de alfabetização da população nativa. A missão protestante estava intrinsecamente ligada à educação. Isto porque esta religião prega, como a sua principal diretriz, a leitura, a compreensão e a interpretação das Sagradas Escrituras para a salvação, o que só é possível se o indivíduo for devidamente instruído. Essa era a lógica do teísmo pedagógico, que significa o saber funcionando como amparo da fé. A partir dessa idéia, os evangélicos investem na construção de uma educação geral e mais abrangente, desde quando todos deveriam ler a Bíblia, sem distinção e discriminação, para encontrar Deus em Sua Palavra. Assim, logo após a sua chegada a Salvador, em 1924, o casal Baker dá início ao projeto de implantação de uma escola. Fixa residência no bairro de Mata Escura, hoje Vasco da Gama, onde, na própria casa, os dois começam a dar aulas. Mais tarde, mudam-se para a Rua Bom Gosto, atual Rua João das Botas, no Canela, onde criam, oficialmente, em 1927, a Escola Americana. Com o crescimento do grupo de estudantes, o casal resolve buscar um novo espaço. Não foi preciso ir longe. No vizinho bairro do Garcia, os Baker encontraram o espaço adequado ao seu projeto. Localizado na Avenida Leovigildo Filgueiras, 81, estava o imponente casarão que servira de morada ao vice-rei do Brasil, Conde dos Arcos. O palácio era propício à instalação das salas de aula, laboratórios, área de recreação e internato, além de lhes servir como moradia. No Garcia, já naquela época, havia dois tradicionais colégios católicos. O local, portanto, era favorável à iniciativa do casal que logo ocupou o novo prédio. Os Baker passaram a acalentar a possibilidade de adquirir a proprie-dade e consolidar ali o projeto de educação protestante na Bahia e no Brasil. Naquele momento, quando ocupa o Palácio Conde dos Arcos, a Escola Americana funcionava apenas com o curso primário. O empenho do casal Baker em fornecer uma educação de excelência e cada vez mais comprometida com o seu entendimento de que não se constrói uma sociedade democrática sem conhecimento suficiente para o exercício da Untitled-1 38 14/08/2008, 18:03
  • 36. cidadania, inclui, a partir de 1929, a oferta de mais um nível educacional: o curso ginasial. O reconhecimento oficial daquele curso, em 1931, faz com que a escola passe a se chamar Ginásio Americano. Após este episódio, a instituição implantou também o Curso de Admissão, que preparava o estudante para prestar o exame obrigatório para o ingresso no ginasial13. Assim, o Ginásio passa a oferecer três cursos à comunidade. Diante da expansão das atividades do Ginásio, os Baker resolveram escrever à Missão solicitando ajuda para a compra da propriedade. A organização respondeu negativamente, pois as dificuldades financeiras daquele momento, ainda conseqüência da crise econômica de 1929, impediam-na de fazer novas aquisições, o que implicaria em mais despesas, com as quais não poderia arcar. A referenciada crise econômica se instalou a partir do final da Primeira Guerra Mundial (1914-1918). Naquela época, a indústria dos EUA respondia por quase 50% da produção mundial. O país havia desenvolvido um estilo de vida conhecido como american way of life, que se caracterizava pelo aumento na aquisição de bens de consumo, a exemplo de automóveis, eletrodomésticos e toda sorte de produtos industrializados. Findo o conflito, os países europeus voltaram-se à organização e desenvolvimento de sua estrutura produtiva e, para tanto, reduziram as importações de produtos americanos, enquanto os Estados Unidos mantinham acelerado o ritmo de sua produção industrial e agrícola. O excesso de oferta de produtos e a redução do poder aquisitivo dos consumidores aumentaram o desequilíbrio do mercado, agravado pela rápida atualização das indústrias inglesa, francesa e alemã, o que contribuiu para a ocorrência do crack da Bolsa de Valores de New York, que funcionava como termômetro econômico do mundo capitalista, em 29 de outubro de 1929. No pregão daquele dia, a bolsa experimentou uma queda no valor das ações das maiores e principais empresas como nunca visto antes. Isso afetou também o Brasil, que dependia das exportações de café, principalmente para o mercado norte-americano. 2 DE JULHO: 80 anos construindo o saber 39 VILA CÉLIA Internato feminino nos anos 1930 Diante deste quadro, o projeto do casal Baker ficou registrado e à espera de um momento mais propício à realização da compra do imóvel tão desejado. Untitled-1 39 14/08/2008, 18:03
  • 37. PAVILHÃO DE AULAS Os anos 1930 foram marcados pelo ritmo das construções Quando Irene Baker voltou a Salvador, em 1977, para participar das 40 2 DE JULHO: 80 anos construindo o saber comemorações do cinqüentenário do Colégio 2 de Julho, relatou, em entrevista, como ela e seu marido conseguiram, apesar da crise econômica, comprar o Solar Conde dos Arcos. Ela conta que, uma noite, no ano de 1933, retornavam do cinema e encontraram, no cadeado do portão do palácio, um telegrama em código, procedente dos Estados Unidos. Depois de decodificá-lo, perceberam que o conteúdo do texto era a autorização da Missão para a aquisição da propriedade. A organização disponibilizava a quantia de US$ 10 mil dólares, o suficiente para realizar a compra definitiva do palácio e dos terrenos contíguos que integravam a Chácara Práguer, propriedade, desde 1893, da família de Francisca Rosa Barreto Práguer. Irene Baker contou que posteriormente ficou sabendo que o dinheiro veio da venda de uma das escolas do BOARD (Quadro de Missões Estrangeiras da Igreja Presbiteriana de New York), na Pérsia, atual Irã. A escola estava localizada na fronteira persa e parte da propriedade se estendia para territórios estrangeiros. O governo daquele país propôs comprar o imóvel com o pagamento em prestações. A primeira parcela, no valor de US$ 10 mil dólares, foi revertida na aquisição do palácio, que passou a pertencer à mantenedora do então Ginásio Americano, a Igreja Presbiteriana dos Estados Unidos da América, sob a responsabilidade do casal Baker, seus representantes e admi-nistradores legais. Untitled-1 40 14/08/2008, 18:03
  • 38. 2 DE JULHO: 80 anos construindo o saber 41 De posse da Chácara Práguer, sítio no qual se incluía o solar, Peter e Irene Baker, naquele mesmo ano, iniciaram uma série de construções nos terrenos, visando a amplia-ção das instalações do Ginásio e do interna-to. Ainda em 1933, o palácio foi tombado pelo IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Ar-tístico Nacional), com o objetivo de preservar aquele importante monumento da história brasileira. Primeiro, porque o solar ainda guarda, entre suas paredes, as lembranças de uma época rica, particularmente pela diversi-dade de pensamentos, sentimentos e ideolo-gias que marcaram de forma acentuada todo o período colonial; além dos eventos realizados em seu interior e deixaram suas im-pressões no tempo e na alma dos que ali viveram ou transitaram, legadas à memória de seus descendentes. Em segundo lugar, porque, a partir de 1927, começara a ser escrita ali uma nova página da História, na qual a produção do saber consolidaria os ideais de uma sociedade livre e democrática, construída nos alicerces de uma educação libertadora, da qual o ser humano é o sujeito principal. Ampliando os horizontes O casal Baker tinha, em seu trabalho, o propósito de oferecer o melhor aos seus estudantes. Além de zelar pela parte pedagógica e manter uma rígida disciplina que passava da assiduidade e pontualidade até como comportar-se dentro e fora da sala de aula, também se preocupava em receber e acomodar os estudantes de modo digno e confortável. O primeiro pavilhão de aulas construído pelos Baker depois da compra do terreno recebeu o nome de Erasmo Braga, realizado no período de 1933 a 1938. Durante esse tempo, o Ginásio Americano alugou a “Vila Célia”, imóvel nº 101 da Avenida Leovigildo Filgueiras, com o objetivo de instalar ali o internato feminino. De 1938 a 1939 ergueram-se o pavilhão Castro Alves e também a residência dos diretores, em terreno contíguo ao palácio . Foi em 1939, pelo desejo do casal de homenagear a Bahia, que o Ginásio Americano teve o seu nome mudado para Instituto 2 de Julho, uma clara Untitled-1 41 14/08/2008, 18:03
  • 39. 42 2 DE JULHO: 80 anos construindo o saber PAVILHÃO BAKER Em construção e já inaugurado Untitled-1 42 14/08/2008, 18:03
  • 40. 2 DE JULHO: 80 anos construindo o saber 43 Untitled-1 43 14/08/2008, 18:03
  • 41. 44 2 DE JULHO: 80 anos construindo o saber AUDITÓRIO BAKER Inaugurado em 1949, o local recebeu importantes personalidades e eventos Untitled-1 44 14/08/2008, 18:03
  • 42. 2 DE JULHO: 80 anos construindo o saber 45 Untitled-1 45 14/08/2008, 18:03
  • 43. 46 2 DE JULHO: 80 anos construindo o saber alusão à data da Independência Baiana do jugo português. A denomina-ção de Instituto foi adotada em função de a oferta de cursos já não se ajustar mais à designação de Ginásio. O quadro de cursos da instituição continuou a crescer até que, em 1943, passou a ser ofertado também o Co-legial, que compreendia os chamados Clássico e Científico. Naquele ano, o presidente Getúlio Vargas assinou o Decreto nº 11.474, de 3 de fevereiro, que autorizou o funcionamento do Colégio 2 de Julho em substituição ao Institu-to. O reconhecimento oficial, no entanto, só se concretizou em 1952, através da Portaria nº 167, de 13 de março de 1952, do então Ministério da Educação e Saúde, assinada pelo ministro Simões Filho. No ano de 1949, o Colégio 2 de Julho inicia as obras de edificação do Audi-tório Baker, projetado pelo engenheiro Luís Moura Bastos, e um novo pavi-lhão com 12 salas de aula. A construção do auditório era muito cara e, por isso, o casal apelou para o apoio de amigos, igrejas e organismos internaci-onais, destacando-se as igrejas presbiterianas de Ridgewood (New Jersey), de Houtington (New York), e grupos de jovens e universitários, além da própria liderança da Igreja Presbiteriana dos Estados Unidos da América, mantenedora do Ginásio. Concluídas as obras do auditório, naquele mesmo ano, deu-se início à cam-panha para a compra das cadeiras e de um piano, equipamentos necessários ao funcionamento do espaço. Com doações da comunidade estudantil, pais de estudantes e ex-estudantes foi possível inaugurar o auditório em 18 de outubro de 1949. A preocupação de construir novas instalações capazes de propiciar melhores acomodações e mais conforto para os estudantes se baseava no entendimento do casal Baker de que isto tinha reflexos na qualidade geral do processo de ensino-aprendizagem. Mas para que o ensino fosse eficiente, acreditava, era preciso atingir o homem na sua totalidade. E não se atingiria esse objetivo se não cuidasse de uma parte importante do ser humano: o corpo físico. A idéia, dentro dos conceitos protestantes de educação, é de que “O corpo é a morada do Espírito. É a oficina em que trabalha a alma, instrumento de que ela se serve para manifestar-se ao mundo material”14. Daí se entender que o corpo deve ser objeto de constante cuidado, pois a eficiência física é um dos fins da educação. A práxis da Educação Física sempre fez parte do currículo em todos os colégios protestantes, onde existe a compreensão de que o ensino deve ser eficiente e preparar o ser humano para a vida prática. Essa preparação exige um desenvolvimento integral do indivíduo a partir de um corpo sadio e pronto para qualquer tipo de atividade. O esporte organizado sempre foi, desde a Grécia Antiga, um instrumento poderoso Untitled-1 46 14/08/2008, 18:03
  • 44. PRIMEIRAS TURMAS MISTAS Colégio 2 de Julho foi o pioneiro na iniciativa 2 DE JULHO: 80 anos construindo o saber 47 para desenvolver a disciplina e o espírito cooperativo. Tal entendimento se revelou na implantação de quadras poliesportivas no Colégio de modo a propiciar a prática saudável de esportes variados. Do mesmo modo, devido aos seus princípios e entendimento de que educação é um processo integral, a professora Irene Baker preocupou-se em construir uma capela dentro do espaço físico do Colégio. Ela acreditava que corpo sadio e disciplinado, aliado a um Espírito equilibrado, dava ao indivíduo as condições necessárias para ousar na vida e agir com maturidade diante dela. 2 de Julho no Movimento Escola Nova O casal Baker também revolucionou a educação, em Salvador, quando assumiu incluir em suas salas de aula grupos mistos de estudantes. Na época, as demais escolas religiosas de classe média na Bahia se dividiam por gênero. O Colégio Antônio Vieira, por exemplo, só aceitava meninos em seu corpo discente e o Colégio das Sacramentinas apenas meninas. Localizado no mes-mo quarteirão que estas duas instituições de ensino de orientação Católica Romana, o Colégio 2 de Julho ousou acolher em suas dependências e educar meninos e meninas da capital e do interior do Estado. Untitled-1 47 14/08/2008, 18:03
  • 45. 48 2 DE JULHO: 80 anos construindo o saber Estes estudantes compartilhavam não apenas as salas de aula, mas o cotidi-ano do Colégio, vez que boa parte deles vivia ali em regime de internato. Tamanha ousadia aumentava a responsabilidade do casal e de seus cola-boradores, principalmente dos censores, cuja função precípua era vigiar os estudantes, a fim de manter a ordem e os bons costumes. Além disso, o Colégio inaugurou uma série de novidades no campo educa-cional baiano. Uma delas foi o envolvimento com a pedagogia do movi-mento Escola Nova. Este movimento começou a se esboçar nos anos 1920 e se consolidou na década seguinte, tanto na Europa Ocidental quanto na América, onde, no Brasil consegue a adesão de relevantes personagens da educação, a exemplo de Lourenço Filho (1897-1970) e Anísio Teixeira (1897- 1970). A Escola Nova era também conhecida como Escola Ativa ou Progressista e apresentava uma proposta inovadora, conceituada pelo filósofo e pedagogo norte-americano John Dewey, para quem a escola devia deixar de ser o local de transmissão de conhecimento para se tornar comunidades nas quais o conhecimento seria construído de acordo com o perfil de cada uma delas. Sobre as ações do 2 de Julho e a postura inovadora de seus criadores, Teixeira escreve: Em seguida, destaca-se o fato de, desde o princípio, ter se definido como uma escola mista, para meninas e meninos, inovação que outras escolas particulares ainda não tinham implantado e que se constituiria, juntamente com práticas pedagógicas ligadas à Escola Nova, uma novidade no panorama educacional baiano. O caráter misto de sua clientela tornou-se ainda mais evidente quando foi instalado o sistema de internato, para meninos e meninas, o qual catalisou as necessida-des e os interesses de famílias do interior do Estado, enviando seus filhos para estudar em Salvador15. Em seu texto a “Educação das Virgens”, a professora Elizete Silva Passos16 explica como se dava a educação das meninas-moças nos tradicionais colégios católicos de Salvador: “O Colégio Nossa Senhora das Mercês come-çou a funcionar, em 1897, com um processo educativo fundamentado em princípios morais que conduzissem à pureza do corpo e do espírito”. Ela observa que até o ano de 1956 aquela instituição se dedicava apenas à educação feminina e a maioria das estudantes morava na própria escola. Para garantir uma formação adequada às alunas, eram adotadas práticas que possibilitassem o disciplinamento do corpo e da vontade. A realização das atividades do dia obedecia a um controle minucioso do tempo. Ela expõe que ali havia até a delimitação dos espaços físicos, através da imposição dos lugares que as alunas deveriam ocupar na sala de aula. Untitled-1 48 14/08/2008, 18:03
  • 46. A partir dos anos 40 do século XX, o Colégio 2 de Julho passou a oferecer para os estudantes aulas de arte culinária e economia doméstica. Embora, em termos de conteúdo estudado, o currículo fosse o mesmo para ambos os sexos, com a inclusão destes ensinamentos, o Colégio antecipava, em quase uma década, tendências que só foram experimentadas nos anos 1950, quando o Brasil viveu um período de ascensão da classe média. A disciplina era levada a sério por estudantes e professores. Em seu depoimento a Rosado, a professora e historiadora Marli Geralda Teixeira observa que o caráter eclético do seu público, que professava credos distintos, aliado ao fato de educarem, no mesmo espaço físico, meninos e meninas, consistia um diferencial naquele momento, mas o Colégio 2 de Julho não se diferenciava de outras escolas congêneres no tocante às relações de poder. Teixeira17 comenta: 2 DE JULHO: 80 anos construindo o saber 49 ESCOLA NOVA O Colégio antecipou em uma década as tendências da sociedade O autoritarismo dos seus fundadores estabelecia uma rígida disciplina que era suavizada pelas diretrizes contraditoria-mente democratizantes e pelas novi-dades de sua pedagogia. Além dos diretores e professores, os estudantes eram conduzidos pelos censores, que eram discentes bolsistas selecionados para realizar este trabalho, com o fruto do qual custeavam seus estudos na instituição. Era uma espécie de “bolsa trabalho”. Os censores funcionavam como “o olhar” da direção entre os estudantes. Constava, entre suas atribuições, acompanhar e tomar conta das “bancas” à tarde e à noite, a fim de que os estudantes preparassem as atividades exigidas pelos professores. Os censores eram os responsáveis pela administração dos dormitórios e cuidavam igualmente do recreio: vigiavam os banheiros para que os estudantes não fumassem e evitar que os namorados se encontrassem às escondidas. Cumpria-lhes manter a ordem e os bons costumes durante as refeições. Estudantes indisciplinados perdiam o direito de sair aos domingos para passear, ir ao cinema, jogar futebol ou namorar. Mas apesar da vigilância e do cuidado com a disciplina, o Colégio 2 de Julho, a primeira instituição de ensino particular a incluir um público misto, em Salvador, contribuiu para Untitled-1 49 14/08/2008, 18:03
  • 47. 50 2 DE JULHO: 80 anos construindo o saber reduzir os limites que na época se impunham ao processo de formação edu-cacional das mulheres, notadamente na primeira metade do século XX. O casal Baker amplia suas ações Realizar um projeto como o que os Baker sonharam provavelmente custou dias e noites de planejamento, trabalho e dedicação, mas esta concretização resultou em um significativo legado para o povo baiano. Os Baker entendiam sua vocação nos mesmos termos em que Lutero18 explica essa aptidão como um dom especial e pessoal pronto para ser vivido e experienciado onde quer que se faça necessário, e sempre a serviço do “Reino de Deus”, que está acima de qualquer espaço físico ou instituição, priorizando a gratuidade da vida e a dignidade da pessoa humana. Desse modo, conforme conta a professora Leda Jesuíno (informação verbal)19, além de dirigir o Colégio, os Baker encontraram tempo para colaborar com a criação da Associação Cultural Brasil - Estados Unidos, atendendo à comunidade que desejava aprender a Língua Inglesa. De acordo com a professora Leda Jesuíno, ao idealizar a Faculdade de Filosofia (da Universidade Federal da Bahia), o professor Isaías Alves selecionou os me-lhores professores da época para integrar o corpo docente do curso. Apesar de todo seu cuidado na escolha dos nomes, ele foi severamente criticado porque o currículo do curso incluía disciplinas como Antropologia e Etnografia e não havia, na Bahia, professores especializados para ministrá-las. As pressões não o intimidaram e ele convidou os professores Tales de Azevedo e Wander-lei Pinho; e, para Literatura e Língua Inglesa, chamou os Baker, que se inte-graram ao grupo, ali atuando até quando foram chamados para dirigir o Instituto Mackenzie, em São Paulo, mantido pelos presbiterianos. Mesmo tendo se mudado para São Paulo, em 1951, o Colégio 2 de Julho continua a ser a “menina dos olhos” do casal. De 1927 a 1940, os Baker estive-ram à frente da direção do Colégio. No período de 1940 a 1945, por decreto do Governo Federal, eles foram afastados do cargo, pois, em função da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), o governo brasileiro resolveu proibir que estrangeiros ocupassem cargos de chefia, a exemplo de diretores de institui-ções de ensino. Naquele momento tiveram o apoio do professor da casa, Basílio Catalá Castro, também pastor presbiteriano, que assumiu a direção oficiosamente, enquanto o casal, extra-oficialmente, continuava a coman-dar o Colégio. Encerrada a guerra e vencido Hitler, o governo brasileiro cessou o interdito que proíbia os estrangeiros de responderem por cargos de chefia e o casal Untitled-1 50 14/08/2008, 18:03
  • 48. pôde reassumir as funções de diretores do 2 de Julho, até 1951, quando foi substituído pelos missionários norte-americanos Ellis Lee Graves e sua esposa Emilia Graves, que tinham como vice-diretores os professores Norman Duns More e Rogério Perkins. Depois que se aposentou, o casal Baker regressou aos Estados Unidos da América, onde continuou a servir às causas educacional e protestante como voluntários. Em 1963, em Silvertmore, no estado da Pensilvânia, encerra a jornada terrena Peter Baker, que dedicou 67 anos de sua vida à educação e à missão evangélica. Sua esposa, Irene Baker, resistiu à perda do seu amigo e companheiro e viveu mais 23 anos, falecendo em 1986, aos 82 anos. A professora Leda Jesuíno, uma de suas alunas mais queridas, publicou no jornal A Tarde, de Salvador, o artigo intitulado “A mestra que veio de longe”, onde destaca: 2 DE JULHO: 80 anos construindo o saber 51 BASÍLIO CATALÁ CASTRO Primeiro brasileiro na direção do Colégio Sua serenidade tornava-se evidente, quando em volta de si reunia os alunos para ensinar inglês através de belas canções ou quando à sombra dos velhos tamarineiros sentava-se com seus pequeninos para as aulas de geografia que se tornavam imaginárias viagens em volta do globo terrestre. Possuía a fórmula mágica de transformar um difícil conteúdo pedagógico em um texto facilmente assimilável. Na estrutura de sua aula todas as peças estavam azeitadas e se articulavam bem. A sua vocação era lídima [...]20 Na sua última visita ao Colégio, em 1977, o Conselho Estadual de Educação prestou-lhe significativa homenagem, outorgando-lhe, no dia 26 de outubro, o titulo de “Educadora Emérita”. A professora Leda Jesuíno lembra que, naquele dia, as homenagens foram calorosas e reuniram na Faculdade de Filosofia alguns dos ex-alunos da mestra para um encontro que assim descreveu: [...]os frutos ao pé da árvore-mãe em pleno solo pátrio. E em um fim de tarde, sob a inspiração do simbólico lema Brasilidum Sobolem Traditione Paro, inscrito no brasão que enriquecia o vetusto salão nobre da então Faculdade de Filosofia, Theresinha Guimarães, Nélia Dias Costa, Dagmar Barreiros, Luiz Angélico da Costa e Maria Emiliatros, irmanados todos em um sentimento maior: a gratidão. Irene Baker estava lúcida, consciente da sua missão, imponente de sua humildade e muito orgulhosa da sua seara.[...] No Colégio 2 de Julho ela reviveu o galgar daquelas escadarias. Conviveu com as naus, os cabelos e os arcos dos painéis de azulejos policromáticos do século XVIII que amenizaram o seu labor diário e abençoou a sua colheita. 21 Leda Jesuíno finaliza o artigo ressaltando que a imagem do casal Baker vai estar sempre relacionada ao amanhecer de uma nova era, pois eles Untitled-1 51 14/08/2008, 18:03
  • 49. PRÉDIO IRENE GUSMÃO Obra construída em 1955, durante a gestão de Ellis Graves IRENE BAKER Homenageada por Edelvira Castro, viúva de Basílio Catalá, em 1977, por ocasião dos 50 anos do Colégio Untitled-1 52 14/08/2008, 18:03
  • 50. “A relação dos Baker com o 2 de Julho era uma manifestação de amor [...] que se mostra no ato simples de substituir o nome da Escola Americana [...] pela data de Independência da Bahia” 2 DE JULHO: 80 anos construindo o saber 53 consideravam o homem como um ser biopsico-espiritual dentro de uma vi-são educacional humanística e liberal. A relação dos Baker com o 2 de Julho era uma manifestação de amor. Amor que se revela na suplantação até mesmo da saudade da Pátria distante e que se mostra no ato simples de substituir o nome da Escola Americana, homenagem ao seu país de origem, pela data de Independência da Bahia. Era uma doação amorosa, como amorosa é toda a relação exercida no magistério. É através do amor que o professor-educador faz despertar no educando o dom do aprender e do apreender dons e saberes. Foi este amor que levou Dona Irene a doar - porque amor é, acima de tudo, doação - em testamento, todos os seus bens para a Fundação 2 de Julho. O casal Graves Antes de assumir a direção do Colégio 2 de Julho, o casal Ellis Lee e Emília Graves esteve à frente de outra instituição presbiteriana, o Instituto Ponte Nova, fundado em 1906, no interior da Bahia, pelo casal de missionários William Alfred Waddel e Laura Chamberlain Wadel. O casal Graves pertencia à classe média alta norte-americana. A professora Emília dedicava-se à educação infantil e, além de ensinar Música, possuía conhecimentos nas áreas de Pedagogia e Psicologia, o que contribuiu para o êxito de seu trabalho com as crianças. Além de vir de uma família abastada, Ellis Lee Graves era dotado de incomum beleza física que o levou a fazer testes para ator, em Hollywood, antes de optar pelo trabalho missionário. Mas a vocação para o ministério falou mais alto, embora a verve artística não tenha sido esquecida. No Brasil, atuou no filme “O Punhal”, escrito por Jaime Wright e produzido, em 1959, em Itacira, município de Wagner (Bahia), pelo reverendo Ricardo William Waddel22. Como diretor do Colégio 2 de Julho, Ellis Graves deu continuidade às obras de construção iniciadas ainda no período do casal Baker. Em 1951, com recursos da Junta de Missões, adquiriu novos imóveis que foram anexados à área do Colégio. De 1954 a 1955 realizou a construção do internato feminino que passou a funcionar em instalações próprias, transferindo-se da “Vila Célia”, onde funcionava desde 1937, em um imóvel alugado, para o espaço do Colégio. Neste mesmo período ocorreram duas construções significativas, Untitled-1 53 14/08/2008, 18:03
  • 51. Êxito no trabalho de música com as crianças 54 2 DE JULHO: 80 anos construindo o saber CASAL GRAVES a casa do vice-diretor e o apartamento da Missão, destinado a acolher os missionários visitantes que chegavam a Salvador a passeio ou a negócio. Quando os Graves, os últimos norte-americanos que dirigiram o colégio, aposentaram-se, em 196023 , foram sucedidos pelo professor Enoch Senna Souza, que vinha sendo preparado para substituí-los. Associação de Ex-Alunos do Colégio 2 de Julho Peter Baker e Irene Baker, desejosos de continuar mantendo contato com os estudantes que se formavam, promoveram, no dia 11 de novembro de 1937, no Hotel Meridional, um jantar para os ex-estudantes do então Ginásio Americano, ao qual compareceram 28 pessoas. Naquela ocasião, Peter Baker apresentou aos presentes sua idéia de constituir uma sociedade formada pelos ex-estudantes do Ginásio, proposta que teve aprovação unânime. Criou-se, dessa forma, a Associação dos Graduados do Ginásio Americano, sendo eleitos Carlos Rodrigues Nogueira, para presidente, e Manoel Nunes da Cunha Régis, para secretário, compondo a primeira diretoria. Untitled-1 54 14/08/2008, 18:03
  • 52. FORMATURA DO CURSO GINASIAL Na primeira fileira (de baixo para cima) o professor Clériston Andrade, paraninfo, e na fileira acima , o aluno Josué Mello, orador da turma 2 DE JULHO: 80 anos construindo o saber 55 De acordo com Rosado24 [...] originalmente só poderiam participar da Associação os graduados em Ciências e Letras. Em 1942, o Ginásio passou por profundas mudanças, graduando-se a última turma em Ciências e Letras, sendo este curso substituído pelo Curso Colegial. Conseqüentemente, a Associação passou a admitir somente os que concluíam o colegial no Instituto 2 de Julho, novo nome do Ginásio Americano. Dois feitos da Associação dos Graduados merecem especial destaque: a fundação da biblioteca, no final da década de 1930, que foi denominada Biblioteca Basílio Catalá Castro, e o concurso para escolha do hino. A idéia de compor um hino para o Colégio 2 de Julho25 começou a ser gestada em uma reunião, no dia 23 de novembro de 1940, no Palácio do Conde dos Arcos, onde Peter Baker destacou a importância de o Instituto ter um hino composto pelos seus graduados. A proposta foi aceita unanimemente e nomeou-se a professora Irene Baker, presidente de honra da Associação, e o graduado Martinho Lutero dos Santos para promoverem os meios de realizar o concurso que foi vencido pelos graduados Ananias James de Oliveira (letra) e Sylvio de Souza Pinheiro (música). Além do hino do Colégio, outra significativa contribuição de seus ex-alunos foi a criação do escudo da escola, idealizado e desenhado pelo médico Manoel Nunes da Cunha Régis, que foi estudante e professor do 2 de Julho, membro do Conselho Deliberativo e um dos fundadores do Colégio Augusto Galvão, em Campo Formoso (Bahia). Em 1980, o reverendo Áureo Bispo dos Santos propôs a reestruturação da Associação, que começou a admitir todos aqueles que haviam estudado no Colégio e, assim, a Associação dos Graduados do Ginásio Americano passou a denominar-se Associação de Ex-Alunos do Colégio 2 de Julho. Untitled-1 55 14/08/2008, 18:03
  • 53. 56 2 DE JULHO: 80 anos construindo o saber Hino do Colégio 2 de Julho No cenário glorioso da vida, Entre brilhos de amor e de fé, Tantas glórias da escola querida Os teus filhos já cantaram de pé. Nesta terra de Ruy, onde canta, O canoro e gentil sabiá, Nossa voz com vigor se levanta “2 de Julho” entre festas está! Salvador é a terra formosa, De matiz e esplendor naturais. Salvador é um berço de rosas, Ninho quente dos “gênios mortais”. Mas, se um dia eu deixar esta terra, Para as lutas e embates da vida, Guardarei este nome que encerra Em meu peito esta escola querida. 2 de Julho, esta data inaudita, Que enaltece tão rica nação É o nome da casa bendita Onde andamos buscando instrução. No Brasil tudo é forte, altaneiro. Pra lutar, trabalhar e vencer; “2 de Julho” nasceu brasileiro Brasileiro ele há de viver. Coro Salve, Salve, 2 de Julho Justo orgulho da Bahia Facho aceso do saber, Do prazer e da alegria Letra de Ananias James de Oliveira Música de Sylvio de Souza Pinheiro Untitled-1 56 14/08/2008, 18:03
  • 54. O PROCESSO DE NACIONALIZAÇÃO E A FUNDAÇÃO 2 DE JULHO Untitled-1 59 14/08/2008, 18:03
  • 56. Período de transição O fato de se ter um brasileiro na direção do Colégio não significava dizer que a sua administração era nacional, desde quando o reverendo Enoch Senna Souza continuava respondendo à Missão Presbiteriana norte-americana. Ele mesmo conta (informação verbal)26 que: [...] sua relação com o Colégio 2 de Julho iniciou quando era estudante, na gestão do casal Baker. Depois foi presidente da Associação dos Graduados do Colégio (a atual Associação dos Ex-Alunos). Após se graduar em Teologia pelo Seminário Presbiteriano do Recife, foi convidado por Ellis Graves, para trabalhar junto com ele no Colégio, onde atuou como vice-diretor e capelão, antes de tornar-se diretor. O reverendo lembra que no tempo em que dirigiu o Colégio junto com sua esposa Jane Régis Senna Sou-za, o 2 de Julho ainda guardava as referências dos colégios Presbiterianos confessionais, mas sem a catequese. Apenas os alunos internos estavam obri-gados a participar da Escola Bíblica Dominical. Quanto às questões administrativas, o reverendo Enoch explica que ele introduziu transformações que dividiram a história da instituição em fases distintas: 1ª O Colégio era independente, apesar de ser dirigido por missionários. Na época do casal Baker, ele era da Missão, obede-cia à Missão e não havia Conselho. 2ª No momento em que se criou o Conse-lho houve um interregno; Quando os Gra-ves se aposentaram e se retiraram, ele as-sumiu como diretor do Colégio e ficou su-bordinado à Missão Presbiteriana do Brasil Central, que era do BOARD de New York. 3º Depois veio a época dos Conselhos. O primeiro nomeado foi o “Conselho Deliberativo”, em que as pessoas que o integravam eram de destaque na sociedade e/ou ligadas à Igreja Presbiteriana. Nesse Conselho, do qual o reverendo era membro ex-ofício, tinha assento garantido um representante da Missão, que, na época, foi o reverendo Jaime Wright. (informação verbal)27 Untitled-1 61 14/08/2008, 18:03
  • 57. 62 2 DE JULHO: 80 anos construindo o saber Para o professor Enoch Senna, o tempo em que conduziu a vida do Colégio foi de grande aprendizado para ele e sua esposa. Durante sua administra-ção foram adquiridos novos imóveis, realizou-se a reforma do campo de futebol, foram construídas novas salas de aula, foi reformado o internato feminino e construída a Biblioteca Irene Baker. Lembra, com orgulho, que, no ano de 1968, o Colégio 2 de Julho recebeu o título de Consagração Pública de melhor colégio particular de Salvador. O reverendo Enoch conta com um misto de saudade e de orgulho o que ele considera ter sido a “recompensa pelo nosso trabalho”: Naquele tempo havia a Delegacia Regional do MEC (Ministério da Educação e Cultura) que supervisionava o nível de ensino. O inspetor seccional era o padre Manoel Barbosa. Ele fazia reuniões periódicas com orientações para as escolas. Um dia nós levamos o Regimento do Colégio 2 de Julho para ele aprovar. Ele disse: “O que vocês fazem nós não precisamos aprovar”. Ele assinou o Regimento, sem ler uma palavra, e me devolveu (informação verbal)28. Sua saída da direção do Colégio se deu pelo fato de discordar do modelo de organização proposto para gerir a instituição. Ele acreditava que ela acabaria por cercear a liberdade do diretor. Quando ele decidiu deixar o cargo, o 2 de Julho sofria os reflexos da crise política eclesiástica que envol-via a Igreja Presbiteriana do Brasil (IPB) durante o período do governo militar no País, o que afetou a estrutura administrativa do Colégio e ameaçou o seu projeto educacional. No entanto, os descompassos políticos, eclesiásticos e sociais daquele mo-mento não se constituíam impedimento para o desenvolvimento do projeto iniciado, em 1927, pela família Baker. Longe disso, prenunciavam o nascimento de uma nova era, na qual este projeto se evidenciaria pela sua pujança e poder de união capaz de transcender as barreiras das diferenças culturais e superar a questão confessional para tornar-se um bem comum do povo baiano. O processo de transferência, também chamado de processo de nacionaliza-ção, do Colégio 2 de Julho, mantido pela Missão Presbiteriana dos Estados Unidos desde 1927, data de sua criação pelo casal de missionários e professo-res Peter Garret Baker e Irene Hight Baker, para a Fundação 2 de Julho, insti-tuída em 1976, foi marcado por uma série de eventos dentro da Igreja Presbiteriana. Em 1960, quando assumiu a direção do Colégio, após a saída dos norte-americanos, o reverendo Enoch de Senna Souza devia obediência à Missão Presbiteriana. Em 1966, a Missão resolveu criar um órgão para acompanhar e apoiar a administração brasileira, decisão que deu origem ao Conselho Deliberativo. O mesmo tinha uma composição mista. Integravam-no alguns Untitled-1 62 14/08/2008, 18:03
  • 58. JANE E ENOCH SOUZA Juntos na Direção do Colégio entre 1960 e 1976 2 DE JULHO: 80 anos construindo o saber 63 norte-americanos, membros do Presbitério de Sal-vador, e um representante do Sínodo. O primeiro presidente do Conselho foi o reverendo Edézio Chéquer, à época pastor da Igreja Presbiteriana do Brasil (IPB) e muito ligado ao reve-rendo Boanerges Ribeiro, então presidente do Su-premo Concílio, que se empenhou pessoalmente para que a Missão Presbiteriana passasse o contro-le e o patrimônio do Colégio 2 de Julho para a IPB. A denominação, em pleno período do governo militar que se instalou no Brasil, em 1964, estava no auge do processo fundamentalista e em uma cru-zada antiecumênica, contra qualquer outro movi-mento social que aos olhos de seus fiéis lembrasse uma ação comunista. A iniciativa do Supremo Concílio da IPB encontrou, na Bahia, a resistência moral e intelectual de pastores que integravam o Presbitério do Salvador e, conseqüentemente, faziam parte do Sínodo Bahia-Sergipe. Testemunha ocu-lar de todo este episódio, o reverendo João Dias de Araújo, perseguido pelos fundamentalistas da IPB, registra nas páginas de seu livro “Inquisição sem Fogueiras” as principais cenas e as histórias das personagens envolvidas em todo esse processo. O interesse pela posse do Colégio 2 de Julho é devido ao seu status como instituição de ensino de qualidade e se constituir, naquele momento, como uma referência na área educacional, gozando de grande prestígio junto à sociedade soteropolitana, e chamando a atenção não só por sua pedagogia inovadora, mas também pelo patrimônio físico acumulado. Desse modo, assumi-lo era ter a oportunidade de influenciar uma parcela significativa da sociedade baiana. O Conselho Mundial de Igrejas, diante da realidade social brasileira, decidiu-se “favorável às classes sociais de baixo poder aquisitivo”, e dentro deste princípio “buscava na educação o caminho para fazê-las ascender socialmente”. Por isso, “a Igreja Presbiteriana dos Estados Unidos decidiu doar à Igreja Presbiteriana do Brasil todos os seus bens existentes no País”29, entre os quais se incluía o Colégio 2 de Julho que, no entanto, a Missão Americana decidiu manter em seu poder. A primeira tentativa no sentido de conseguir a transferência do Colégio 2 de Julho para a IPB foi feita pelo reverendo Edézio Chéquer, tão logo assumiu a direção do Conselho Deliberativo representando os interesses da ala fundamentalista. Essa investida fracassou, pois a formação inicial do conselho só durou quatro meses e, em julho de 1966, foi eleito presidente do Sínodo o Untitled-1 63 14/08/2008, 18:03
  • 59. 64 2 DE JULHO: 80 anos construindo o saber JOSUÉ MELLO Presidente do Conselho Superior de Administração (1966-1976) pastor Josué da Silva Mello que, nesta condição, tinha assento garantido no conselho do Colégio. Ao assumir sua função de conselheiro, ele propôs a substituição do Conselho Deliberativo pelo Conselho Superior de Administração, que funcionou de 1966 a 1976, sob a sua presidência. A sua ação, contando com o apoio de outras lideranças do Presbitério de Salvador, como Celso Dourado, Sebastião Elias e outros, obstruiu, em grande parte, a inserção direta do Supremo Concílio no Colégio, dificultando a negociação que pretendia obter a posse da instituição de ensino pela IPB. Estas lideranças foram homenageadas e batizam com o seu nome alguns prédios que compõem a Insti-tuição. O Conselho Superior de Administração funcionou durante dez anos e durante todo este período foi presidido pelo pastor e professor Josué Mello. Semanalmente ele deixava os seus afazeres na cidade de Feira de Santana, distante 107 quilômetros de Salvador, para presidir as reuniões da Mesa do Conselho e, junto com o diretor do Colégio, reverendo Enoch de Senna Souza, analisar os problemas da instituição e emprestar-lhe apoio e suporte nas situações mais difíceis. As principais atribuições do Conselho Superior de Administração, conforme o próprio professor Josué Mello, eram: acompanhar a administração geral, estabelecer políticas estratégicas, apreciar contratações e demissões, além das atividades que faziam parte do cotidiano administrativo do Colégio 2 de Julho (informação verbal)30. Este Conselho representou a transição processual entre a administração ame-ricana e a criação da Fundação 2 de Julho, plenamente baiana. A Fundação 2 de Julho O Presbitério do Salvador, representado pelos seus líderes, os reverendos Se-bastião Elias da Silva, Josué da Silva Mello e Celso Loula Dourado, respaldou o Conselho Superior de Administração no processo de criação da Fundação 2 de Julho. No período de transição do Colégio da administração americana para uma gestão essencialmente brasileira, foram levantadas três alternativas: Untitled-1 64 14/08/2008, 18:03
  • 60. 2 DE JULHO: 80 anos construindo o saber 65 1. Vender o Colégio 2 de Julho, devolvendo os recursos da venda aos seus doadores nos Estados Unidos; 2. Doar o Colégio 2 de Julho à Igreja Presbiteriana do Brasil, como dese-jaram as lideranças regional e nacional da IPB; 3. Doar o Colégio 2 de Julho ao povo baiano, criando-se uma Fundação para gerir o patrimônio e dar seguimento aos ideais educacionais de seus fundadores. Esta última alternativa foi defendida pela liderança do Presbitério do Salva-dor, principalmente pelo professor Josué Mello, contando com o devido apoio do reverendo Jaime Nelson Wright, representante da Igreja Presbiteriana dos Estados Unidos no Brasil, que conseguiu conciliar os discursos, vencer os obs-táculos e fazer convergir os pensamentos para uma administração autôno-ma conduzida por brasileiros, em sua maioria educadores de formação cristã evangélica, através de uma Fundação de direito privado, sem fins lucrativos, supervisionada pelo Ministério Público. Esta proposta desagradou não só aos dirigentes da IPB, como ao então diretor do Colégio, reverendo Enoch de Senna Souza, que, observa Rosado31 [...] embora defensor do ecumenismo, divergiu quanto à estrutura pro-posta para a Fundação por considerar que o diretor do Colégio estaria subordinado a um secretário executivo, o que resultaria em restrição às atribuições do primeiro. Tal situação gerou uma série de conflitos inter-nos que afetou diretamente o cotidiano da comunidade acadêmica e administrativa do Colégio 2 de Julho. Assim, a Fundação 2 de Julho foi criada e implantada no dia 26 de dezem-bro de 1976, na assembléia realizada na sala da biblioteca do Colégio 2 de Julho, presidida por Jayme Nelson Wright, procurador da Comissão da Missão e Relações Ecumênicas da Igreja Presbiteriana Unida do Brasil Central (COEMAR) e representante da Missão Presbiteriana do Brasil Central (MPBC), e com as presenças de Josué da Silva Mello, EniIson Rocha Souza, Antônio Timóteo dos Anjos, Áureo Bispo dos Santos, Gil Souza, Jack Thomas Sydenstricker e Orlando Isaac Kalil Filho, todos escolhidos como implantadores da Fundação 2 de Julho. A assembléia aprovou o Estatuto, depois do que se procedeu a eleição para compor a primeira Mesa Diretora do Conselho de Curadores. O primeiro presidente do Conselho foi o pastor e professor Josué da Silva Mello, que o integrou até 1984, retornando em dezembro de 2003. Em 1984, coube-lhe apresentar a proposta de criação da Faculdade 2 de Julho, implantada em março de 2000, e da qual é o atual diretor geral, cargo que assumiu em maio de 2004. (informação verbal)32. Da primeira constituição da mesa do Conselho de Curadores tomaram parte Antônio Timóteo dos Anjos Sobrinho (vice-presidente) e Enilson Rocha Souza (secretário). Untitled-1 65 14/08/2008, 18:03
  • 61. 1. Josué da Silva Mello 2. Antônio Timóteo dos Santos 3. Enilson Rocha Souza 4. Gil Souza 5. Áureo Bispo dos Santos 6. Jack Thomas Sydenstricker 7. Orlando Isaac Kalil Filho 8. Adélia Luiza Portela Magalhães 9. Arenilda Mignac 10. Lauro Borba da Silva 11. Agenor Cefas Cavalcante Jatobá 12. Marli Geralda Teixeira 13. João Rocha da Silva 14. Roberto Dias Abbehusen 15. Djalma Rosas Torres 16. Marisa de Freitas Ferreira Coutinho 17. Saul Venâncio de Quadros Filho RELAÇÃO DOS CONSEL (de dezembro de 1976 até o presente, por momento INSTALAÇÃO DO PRIMEIRO CONSELHO DA FUNDAÇÃO Da esquerda para a direita: Enilson Rocha Souza, Orlando Isaac Kalil Filho, Jaime Wright, Irene Baker, Josué Mello, Gil Souza, Áureo Bispo e Antônio Timóteo dos Santos Untitled-1 66 14/08/2008, 18:03
  • 62. AÇÃO DOS CONSELHEIROS dezembro de 1976 até o presente, por momento de ingresso) 18. Edyala Yglésias 19. Italva Almeida Simões 20. Euriconelson de Souza Sampaio 21. Lindaura Gomes Rabelo 22. Sérgio Augusto Miranda de Souza 23. Leda Jesuíno dos Santos 24. Romélia Santos 25. Nina Pereira Machado 26. Waldir Matos Régis 27. Moisés Dominguez Souza 28. Vera Lúcia Souza Bastos Teles 29. João Dias de Araújo 30. Cleber de Oliveira Paradela 31. Heloisa Helena Fernandes Gonçalves da Costa 32. Maria Lúcia Cardoso de Souza 33. Jaime David Cardoso Pereira Untitled-1 67 14/08/2008, 18:03
  • 63. 68 2 DE JULHO: 80 anos construindo o saber A mesa, conforme reza o Estatuto, indicou Celso Loula Dourado para diretor pedagógico e João Dias de Araújo para secretário executivo do Colégio 2 de Julho. No ato da transferência do patrimônio da COEMAR para a Fundação 2 de Julho assinaram os documentos o professor Josué Mello, presidente do Con-selho de Curadores, o vice-presidente Antônio Timóteo dos Anjos Sobrinho e o secretário Enilson Rocha Souza. A esta solenidade esteve presente a profes-sora Irene Baker, fundadora do Colégio, que veio participar dos festejos do cinqüentenário de atividades do educandário, comemorado naquela data. Instituída pela COEMAR e pela MPBC, a Fundação 2 de Julho é pessoa jurídica de direitos privados, sem fins lucrativos, com sede e foro em Salvador, passando a ser mantenedora e proprietária do Colégio 2 de Julho e tem por finalidade manter programas educacionais de acordo com os princípios cristãos em que deve basear-se a formação moral da juventude33. Com a criação da Fundação 2 de Julho estava garantido o legado educa-cional e sócio-cultural do Colégio 2 de Julho ao povo baiano. A Fundação 2 de Julho é administrativamente composta pelos seguintes ór-gãos: • Assembléia Geral de Nomeação; • Conselho de Curadores; • Mesa Diretora; • Conselho Técnico. A Assembléia Geral de Nomeação, que concentra poderes para eleger os membros do Conselho de Curadores, é constituída por representantes de vários segmentos da comunidade do Colégio e da Faculdade 2 de Julho, entre eles: membros do Conselho de Curadores; dois representantes do cor- JAIME WRIGHT Ato de assinatura da transferência do patrimônio da COEMAR para a Fundação 2 de Julho, em 1976 Untitled-1 68 14/08/2008, 18:03
  • 64. 2 DE JULHO: 80 anos construindo o saber 69 po docente de cada uma das instituições mantidas pela Fundação; presi-dente do diretório estudantil da Faculdade e presidente da Associação de Ex-Alunos. A estrutura organizacional compreende também o Conselho de Curadores de nove membros escolhidos entre brasileiros de ilibada reputação, de notó-ria competência, educadores, cristãos e de formação evangélica em sua maioria, implantando-se, assim, uma organização autenticamente ecumênica. A Mesa Diretora eleita pelo Conselho de Curadores está investida de amplos poderes de administração, sem prejuízo da competência exclusiva do Con-selho de Curadores. Ela é composta de um presidente, um vice-presidente e um secretário. O Conselho Técnico é um órgão consultivo do Conselho de Curadores (por este indicado) no que diz respeito à administração, supervisão e orientação educacional. Cabe a ele emitir pareceres sobre todos os temas de sua com-petência e tem a seguinte composição: • Diretoria Administrativa - Pedagógica; • Orientadores Educacionais; • Supervisores Pedagógicos. A voz profética de Jaime Wright Os teus filhos edificarão as antigas ruínas; levantarás os fundamentos de muitas gerações, e será chamado reparador de brechas, e restaurador de veredas para que o país se torne habitável. (Isaías 58:1-12) Em 1977, durante a celebração do cinqüentenário do Colégio 2 de Julho, já um patrimônio do povo da Bahia, o reverendo Jaime Wright profere o sermão intitulado: “Reparar Brechas e Restaurar Veredas”, no qual enfatiza, com a ousadia profética de quem ama e, por isso mesmo, corrige, as condutas que desviaram o Colégio dos seus objetivos. Ele conclama os presentes a se man-terem vigilantes para não deixar que erros do passado fossem novamente cometidos, acentuando que o Colégio 2 de Julho não poderia jamais es-quecer o seu compromisso com os princípios cristãos, nem da prática da justiça social, colocada pelo reverendo, como condição sine qua non para que o Colégio 2 de Julho fosse abençoado tendo suas veredas restauradas e suas brechas reparadas. Untitled-1 69 14/08/2008, 18:03
  • 65. Do mesmo modo que Richard Shaull, o reverendo Jaime Wright acreditava que o princípio do amor e da gratuidade que inspirou o Cristianismo deveria fazer diferença em uma sociedade marcada pelas desigualdades. O referencial ético dos cristãos não poderia ser diluído pelos apelos consumistas 70 2 DE JULHO: 80 anos construindo o saber “O referencial ético dos cristãos não poderia ser diluído pelos apelos consumistas de um mundo capitalista, nem pela ação fundamentalista de pessoas e instituições que se acreditavam detentoras de uma verdade absoluta” de um mundo capitalista, nem pela ação fundamentalista de pessoas e instituições que se acreditavam detentoras de uma verdade absolu-ta. Antes de tudo, entende que o homem deveria lembrar-se de que “O caráter se enriquece e a vida se alegra não pelo cumprimento de regras pela consciência do dever, mas sim, por atos de serviços generosos motivados por amor”34. No culto de Ação de Graças, realizado no dia 16 de outubro de 1977, o reverendo Jaime Wright falou, em seu sermão, sobre “as conseqüências da verdadeira prática religiosa”, dando ênfase à postura do homem de fé diante dos ensinamentos bíblicos: Porventura não é este o jejum que escolhi? Que soltes as ligaduras dos oprimidos e despedaces todo o jugo? Porventura não é também que repartas o teu pão com o faminto, e recolhas em casa os pobres desabrigados? E se vires o nu, o cubras, e não te escondas do teu semelhante? Então romperá a tua luz como a alva, a tua cura brotará sem detença, e a tua justiça irá adiante de ti, e a glória do Senhor será a tua retaguarda. Então clamarás, e o Senhor te responderá; gritarás por socorro, e ele dirá: Eis-me aqui. (Isaías 58:6-9b) Os quatros versos do versículo 6 todos eles expressam a idéia da libertação. É a mensagem de esperança desde o Antigo Testamento até o Novo. Disse Jesus: “O Espírito do Senhor está sobre mim, pelo que me ungiu para anunciar as boas novas aos pobres; enviou-me para proclamar libertação aos cativos e restauração da vista aos cegos, para pôr em liberdade os oprimidos”. (Lucas 4:1-8) Promessas Sensacionais “Se tirares do meio de ti o jugo, o dedo que ameaça o falar injurioso, se abrires sua alma ao faminto e fartar, a tua escuridão será como o meio-dia. O Senhor te guiará continuamente, fartará a tua alma até em lugares áridos, e fortificará os teus ossos; serás como um jardim regado, e como um manancial, cujas águas jamais faltam. Os teus filhos edificarão as antigas ruínas; levantarás os fundamentos de muitas gerações, e será chamado reparador de brechas, e restaurador de veredas para que o país se torne habitável”. (Isaías 58:9-12) Uma das grandes surpresas do coração humano é que o sacrifício pes-soal sem amor não alcança nem mérito e nem a paz. Disse São Paulo: “Ainda que entregue o meu próprio corpo para ser queimado, se não tive amor, nada disso me aproveitará”. (I Coríntios 13:3) Nenhuma mera forma de religiosidade por mais que se atenha a uma receita divina ou por mais conscienciosamente que seja observada pode conduzir à luz e à paz do Céu as afeições humanas. Se nos apegarmos ao necessitado com amor e com os braços da misericórdia, o Senhor nos guiará continuamente, fartará a nossa alma, fortificará os nossos ossos, e fará a luz nascer na escuridão. Untitled-1 70 14/08/2008, 18:03
  • 66. JAIME WRIGHT Lembrando o compromisso cristão e a prática da Justiça Social 2 DE JULHO: 80 anos construindo o saber 71 O caráter se enriquece e a vida se alegra não pelo cumprimento de regras pela consciência do dever, mas sim, por atos de serviços genero-sos motivados por amor. No final de cinqüenta anos, damos graças a Deus por todas as boas coisas que aconteceram por causa da existência do Colégio 2 de Julho e por causa de todos os servos obedientes que Ele usou para o engrandecimento da Sua Causa. E o que poderíamos esperar daqui por diante? A Palavra de Deus é clara. Suas promessas são sensacionais. Se tirarmos do meio de nós o jugo, o dedo que ameaça o falar injurioso; se abrirmos a nossa alma ao faminto; se fartarmos a alma aflita; se fizermos tudo isso, · O Senhor nos guiará; · Nossos filhos edificarão o futuro; · Levantaremos os fundamentos de muitas gerações; · Seremos chamados reparadores de brechas e restauradores de vere-das. Se fizermos tudo isso, o Colégio 2 de Julho será sempre abençoado, e será sempre uma benção, contribuindo para que a nossa pátria se torne habitável, para todos. Que seja sempre assim!35 O reverendo convidou todos a assumirem suas responsabilidades na construção de um projeto de educação que ele entendia como parte do projeto de Deus por um mundo mais digno. Encerrou sua mensagem recheada de consciência e paixão, falando do amor como bálsamo e da esperança como condição de libertação para tantos cativeiros impostos aos seres humanos destituídos da dignidade para a qual Deus os criou. “Que a Pátria se torne habitável para todos!” Essas palavras foram cravadas do seio da Untitled-1 71 14/08/2008, 18:03
  • 67. 72 2 DE JULHO: 80 anos construindo o saber história da instituição por uma das pessoas que mais a amou e acreditou no seu ideal de educação. A Fundação hoje O Conselho de Curadores da Fundação 2 de Julho está assim constituído: • Moisés Dominguez Souza Presidente • Jaime David Cardoso Pereira Vice-presidente • Heloisa Helena F. Gonçalves da Costa Secretária • Cleber de Oliveira Paradela Secretário executivo • Agenor Cefas Cavalcante Jatobá • Italva Almeida Simões • João Dias de Araújo • Leda Jesuíno dos Santos • Maria Lúcia Cardoso de Souza • Romélia Santos A Fundação 2 de Julho tem como missão desenvolver programas edu-cacionais de acordo com os princípios cristãos em que deve basear-se a formação moral da juventude. Entre esses princípios merecem desta-que a promoção dos direitos e deveres dos indivíduos como membros da comunidade, o respeito pela dignidade e pelas liberdades funda-mentais da pessoa humana, o fortalecimento de uma sociedade democrática, o preparo do cidadão e da sociedade para o uso e a criação de recursos científicos e tecnológicos no sentido de possibilitar melhores condições de vida às populações, a preservação e a expansão do patrimônio cultural como um bem do povo e o reconhecimento de que a educação constitui um direito de todos, fortalecendo a consciência de responsabilidade pela formação de uma sociedade mais justa.36 Untitled-1 72 14/08/2008, 18:03
  • 68. Enilson Rocha Souza 1987-1993 Marli Geralda Teixeira 1998-1999 2 DE JULHO: 80 anos construindo o saber 73 PRESIDENTES Áureo Bispo dos Santos 1984-1986 Arenilda Mignac 1997-1998 Josué Mello 1976-1984 Saul Quadros 1994-1996 Agenor Cefas Cavalcante Jatobá 1999-2007 Moisés Domingues Souza 2007 Para compor a galeria dos diretores e presidentes adotou-se o critério do exercício no cargo por mais de um ano Untitled-1 73 14/08/2008, 18:03
  • 69. MARCAS DO COLÉGIO 2 DE JULHO NA SOCIEDADE BAIANA Untitled-1 75 14/08/2008, 18:03
  • 71. NEUZA E CELSO DOURADO Juntos na condução do Colégio em duas ocasiões 2 DE JULHO: 80 anos construindo o saber 77 Um novo tempo Com a saída do reverendo Enoch de Senna Souza, a Mesa Diretora do Conselho de Curadores da recém criada Fundação 2 de Julho indicou os nomes dos reverendos Celso Loula Dourado para dirigir o colégio e o reverendo João Dias de Araújo para ser o secretário executivo da Fundação, que assumiram com o apoio das professoras37 Neuza Amélia Régis Dourado e Itamar Bueno de Araújo, e, ao lado dos corpos docen-te e discente, mais os fun-cionários, deram continui-dade ao projeto educaci-onal do Colégio. Coube ao pastor Celso Loula Dourado e a sua es-posa, professora Neuza Régis Dourado, a direção do Colégio que, naquele momento, precisava de muito trabalho e afeto para manter-se vivo e atu-ante, cumprindo seu obje-tivo de educar de modo integral, em consonância com os princípios cristãos que norteavam a institui-ção desde sua criação. Durante essa gestão foram executados novos proje-tos, a exemplo da construção da quadra de espor-tes para basquete e vôlei e um estacionamento para os professores. As mudanças, principalmente a criação da Funda-ção, proporcionaram à instituição a retomada dos seus ideais educacionais, pedagógicos e políticos. O Colégio demonstra definitivamente a força de sua nacionalidade e seu compromisso ético e social ao abrir suas portas para acolher em seu seio o Segundo Congresso Nacional pela Anistia Ampla Geral e Irrestrita que se realizou, em 15 de novembro de 1979, no auditório Baker do Colégio 2 de Julho. Untitled-1 77 14/08/2008, 18:03