Este documento apresenta uma proposta curricular para as escolas da rede municipal de ensino de Itapoá-SC do 1o ao 9o ano. A proposta foi elaborada por uma equipe de consultores e professores da rede municipal e contou com a participação de diretores, equipes pedagógicas e professores das escolas. O documento inclui uma introdução da secretária municipal de educação, a lista de participantes no processo de elaboração, a proposta curricular geral e propostas curriculares específicas para as disciplinas de alfabetização, língua portuguesa, matemática
2. 2
FICHA CATALOGRÁFICA
Itapoá (SC), Prefeitura Municipal
Proposta Curricular para as Escolas da Rede
Municipal de Ensino Fundamental -1º. ao 9º.
Ano – Secretaria Municipal de Educação –
2007.
1- Educação – Itapoá (SC).
2- Proposta Curricular. 1. Título
........ p. CDD 375.098164 (????)
Catalogação
(VER UMA BIBLIOTECÁRIA FORMADA
COM CRB)
3. 3
CAPA:
(VER AUTORIA E DAR CRÉDITO)
REVISÃO e EDITORAÇÃO
Revisão: Equipe de consultoria
Editoração:..................................................
4. 4
PREFEITURA MUNICIPAL DE ITAPOÁ – SC
SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO
DIRETORIA DE ENSINO
GESTÃO 2005 -2008
PREFEITO MUNICIPAL
SÉRGIO FERREIRA DE AGUIAR
VICE-PREFEITO
EVANDRO ROBERTO BERBIGIER COSTA
SECRETÁRIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO
MÁRCIA REGINA EGGERT SOARES
DIRETORIA DE ENSINO
TEREZINHA FAVARO DA SILVEIRA Diretora
SANDRA REGINA FERNANDES DA SILVA Coordenadora Pedagógica
VANILDA DE SOUZA Coordenadora Pedagógica
5. 5
CONSULTORIA E ASSESSORIA PEDAGÓGICA
- PLANEJAR PROJETOS EDUCACIONAIS CONSULTORIA E ASSESSORIA S/C
- EIDOS PROJETOS E CONSULTORIA EDUCACIONAL
- DP CONSULTORIA E PROJETOS EDUCACIONAIS
Coordenação Geral - Doutora Zita Ana Lago Rodrigues - Ph.D.
Assessoria Pedagógica - Maria Dolores M. Dibb - Ms.
Assessoria Psicopedagógica - Norma Nycz - Ms.
Assessoria de Planejamento - Josiane Pariz Bertoja - Ms.
- Neide Ferreira - Ms.
Participação Especial - Professor Mario Bandiera - Ms.
Assessoria por segmentos de estudos
Marli Rosa Müller - Ms. - Educação Inclusiva
Adriana da Costa - Ms. - Interdisciplinaridade e Projetos
Carla Ropelato - Ms./Carlos Wolff - Ms. - Avaliação
Assessoria por disciplinas
Vânio César Seemann - Ms. - Alfabetização
Maria Dolores M. Dibb - Ms. - Língua Portuguesa
Paulina Jaegher Muniz - Ms. - Matemática
Angélica Góis Muller Morales - Ms. - Ciências e Educação Ambiental
Andréa M. Fontolan - Ms. - Língua Inglesa
Maria Cristina M. C. Rau - Ms. - Educação Física
Claudia Zanela - Ms. - Geografia e História
Rosanny M. de Morais Teixeira - Esp. - Artes
Emídia da Silva - Ms. - Ensino Religioso
Assessoria para a Educação Infantil
Adriane Beatriz Moecke Galando - Esp.
Margot Helena de Sá Ribas - Esp.
Colaboração e participação nas atividades de elaboração dos conteúdos:
Diretores, Equipes Pedagógicas, Professores e Educadores das Escolas da Rede
Municipal de Ensino de Itapoá-SC (citados nominalmente a seguir, por área de atuação
e disciplinas).
6. 6
Nem eu nem ninguém mais pode caminhar este caminho
por você. Você deve caminhá-lo por si mesmo. Não está
longe, está ao alcance. Talvez você esteja nele desde que
nasceu e não saiba. Talvez esteja em todas as partes, sobre
a água e sobre a terra e, também, junto aos céus.
Walt Whitman (adaptado)
7. 7
APRESENTAÇÃO
O documento que aqui se apresenta é fruto da ação colaborativa e efetivamente
participativa de educadores, professores, profissionais da educação, diretores e
especialistas da rede municipal de ensino do município de Itapoá-SC que, sob a
consultoria e assessoria de profissionais da educação especialmente contratados para tal
tarefa, reflete a dedicação e a preocupação da Gestão Municipal 1995-1998, sob a
coordenação da Secretaria Municipal de Educação e de sua equipe de ensino com a base
curricular, a qualidade de ensino e a perspectiva de uma educação de suas crianças e
jovens, voltadas aos desafios e reptos da contemporaneidade, a qual têm exigido de
todos e de cada um diferentes formas de se relacionar com o saber, o conhecimento e a
ciência.
Com base em tal premissa reflete-se aqui a culminância do esforço de muitos
que, de uma ou outra forma, participaram de um processo de profundas reflexões sobre
o que somos e o que temos, e aquilo que queremos e podemos ser e ter, em termos de
educação, cultura e sociedade, dentro de nosso específico contexto de um município
catarinense, com seus cenários reais, pontos altos e, certamente, alguns déficits que se
pretende superar dentro de nossos recursos, condições e aperfeiçoamentos constantes.
A proposição curricular resultante desse trabalho coletivamente delineado e
executado reflete os avanços no processo educativo dos profissionais da rede municipal
de ensino de Itapoá-SC, que se empenharam e apresentaram inúmeras contribuições,
com bases teóricas sólidas, como repercussão de suas práticas educativas, em discussões
resultantes daquilo que, cotidianamente, executam em sua profissionalidade docente,
pensando, fazendo e refazendo ações educativas comprometidas, solidárias e
democráticas, cujo objetivo último é o aluno fortalecido em sua cidadania, em suas
condições de aprender, de conviver, de fazer e de ser sempre mais e melhor, juntamente
com suas famílias, as quais são, sem sombra de dúvida, nossas maiores e
imprescindíveis colaboradoras nesse processo.
É relevante ressaltar que o presente documento, também complementado e
enriquecido pelas análises e reflexões dos ilustres componentes do Conselho Municipal
de Educação e dos senhores Vereadores da egrégia Câmara de Vereadores do Município
de Itapoá-SC, apesar de “aparentemente pronto e fechado” como diretriz curricular para
a escola municipal, está em aberto e apto a receber possíveis e contribuições teórico-
metodológicas, com as plausíveis complementações que se façam pertinentes e
8. 8
necessárias, visando o aprimoramento da educação municipal entendida como em
permanente construção.
A presente apresentação é, inclusive, oportuna para agradecer e parabenizar a
todos que, de formas diversas, contribuíram de modo a possibilitar, em tempo recorde,
que esta Proposta Curricular se efetivasse e pudesse ser colocada a disposição para
enriquecer a ação pedagógica e educativa na escola pública municipal. As discussões,
redação e versão presente, tida como final de uma etapa de trabalho, mas também como
ponto de partida para que esta etapa seja constantemente enriquecida e aprimorada,
foram momentos de esforço e trabalho que revelaram quanto já avançamos e quanto
ainda temos por caminhar, por trilhas sinuosas, certamente, mas com objetivos
concretos e firmes, visando ofertar ao nosso alunado uma educação voltada à sua
emancipação, autonomia e cidadania.
Serão eles, hoje, amanhã e sempre, o nosso objetivo primeiro e último, a nossa
razão de existir e agir e o nosso desafio permanente, mostrando e demonstrando o
quanto somos e o quanto podemos ser mais e melhores.
Parafraseando Paulo Freire, finalizo dizendo que educação não se faz
solitariamente, mas solidariamente e que sua real expressão se dá quando, em
comunhão, nos educamos mutuamente, em constante processo de aprimoramento,
avaliação e re-avaliação de nossas ações.
PROFESSORA MÁRCIA REGINA EGGERT SOARES
Secretária Municipal de Educação
Itapoá-SC – fevereiro de 2007
9. 9
DIRETORES E EQUIPES PEDAGÓGICAS DAS ESCOLAS PÚBLICAS MUNICIPAIS
DE ITAPOÁ-SC QUE COLABORARAM NA (I ETAPA) ELABORAÇÀO DA
PROPOSTA CURRICULAR PARA O ENSINO FUNDAMENTAL – 1º. ao 9º. ANO
DIRETORES
ELAINE MACHADO DA S. DE FREITAS (PRÉ-ESCOLA GENTE FELIZ)
IRMA ANA SERCHIARI MACHADO (CRECHE PRIMEIROS PASSOS)
JOSÉ CLEMENTINO OLIVEIRA FILHO (EMEF JOÃO MONTEIRO LOBATO)
LUCIANE NASCIMENTO DO ROSÁRIO (CRECHE ARCOS-IRIS)
MARIA ISOLETE LINHARES (EMEF ALBERTO SPECK)
MARIA DE FÁTIMA COSTA (EMEF EUCLIDES EMÍDIO DA SILVA)
MARIA LIRAIA ZIEM NASCIMENTO (EMEF AYRTON SENNA)
MARISTELA FRAZ PERRONI FONTANA (EMEF CLAITON ALMIR HERMES)
MARGOT HELENA DE SÁ RIBAS (CRECHE PEQUENO APRENDIZ)
PATRICIA MACHADO PEREIRA (PRÉ-ESCOLA PALHACINHO FELIZ)
ROSEMERI ALVES DE SOUZA (PRÉ-ESCOLA REINO DAS ÁGUAS
CLARAS)
CLAUDIO SERGIO COSTA DA SILVA (EMEF FREI VALENTIM)
CLEUZA DE SOUZA FINGER (CRECHE MUNDO ENCANTADO)
SONIA APARECIDA ALVES (EMEF MONTEIRO LOBATO)
EQUIPES PEDAGÓGICAS
ADMINISTRAÇÃO
ANGELA MARIA STOCCO
ANGELA SCHIMIDT FERNANDES
CENITA SCHIZZI DANI
JUSSARA MANZANO
MARGOT HELENA DE SÁ RIBAS
VALCI TEREZINHA DE SOUZA
ORIENTAÇÃO
ANA CLAUDIA DE OLIVEIRA JACINTO
MARISTELA FRAZ PERRONI FONTANA
RODE ESTER PESSANHA
SOLANGE APARECIDA ROSA
TEREZINHA FÁVERO DA SILVEIRA
SUPERVISÃO
IRACEMA MARQUES FERREIRA
JOSÉ ANTONIO SOARES
JULIANA ROEDER
LUIZ PEREIRA
ROSANA AMARAL DE LIMA
VANILDA DE SOUZA
10. 10
PROFESSORES DO 1º. ao 9º. ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL QUE
PARTICIPARAM E COLABORARAM NA ELABORAÇÀO DA PROPOSTA
CURRICULAR PARA A ESCOLA PÚBLICA MUNICIPAL DE ITAPOÁ-SC
SÉRIES INICIAIS – 1º ao 5º ANO
ADEMIR DA SILVA COSTA
ANA JOSÉLIA DALLACOOURT RIBAS
ALAIR MARIA SCHNEIDER REOLON
ANDRÉA BATISTA DIAS
ANDREIA ZIMERMANN DE SOUZA
BERENICE DE FÁTIMA HAU MAOSKI
CATIA ELIANE NICOLACHIK
ELASIO FRISANDO
ELISABETE PERCICOTTE
GILMAR SANTIN
HELENA DOS SANTOS S. FERREIRA
IZABEL CORREIA DA SILVA
JANETE LUKASEWICZ
JOELMA APARECIDA ROSA
LUCILENE LUNARDI
LUIZA MONTALVÃO DE OLIVEIRA
MARIA ALMERINDA L. LEDOUX
MARIA ISOLETE LINHARES
MARIA ZILDA DELALIBERA
MARIZELIA FRANZ PERRONY
MAURISETE STINGHEN DA ROCHA
MICHERLI LENZI NEUBER
NAIR FRIZZON VERSON
NEURIS MERI MASSACHETTO
PATRICIA BRAGA PACHECO
PATRICIA MACHADO PEREIRA
RENATA PATRÍCIA DOS SANTOS
ROSNAGELA N. BARBOSA PEREIRA
ROSANGELA N. BARBOSA PEREIRA
ROSEMERI ALVES DE SOUZA
SANDRA REGINA FERNANDES SILVA
SONIA MARLENE KASMIRSKI
SONIA REGINA ZAGONEL
VANIA CLEUZA PINTO DA SILVA
LÍNGUA PORTUGUESA
APARECIDA GRANDINI JOSÉ
KÉLLIN CRISTIAN RIBAS MARTINS
LUCY HELENA WIELEWICKI
MARCIA APARECIDA PARTALA
SONIA APARECIDA ALVES
MATEMÁTICA
EDUARDO FIGUEIREDO
JOSÉ CLEMENTINO OLIVEIRA FILHO
MARCIO ANTONIO FINGER
11. 11
MARIA LUCIA CORDEIRO
RENATO SPINELLI CARMONA
CIÊNCIAS/EDUCAÇÃO AMBIENTAL
CARLA REGINA ZADUSKI
HALINE FREITA MACHADO
MARCO AURELIO DALLA COSTA
SANDRA MARIA DANI BENCK
LÍNGUA INGLESA
CARLOS ALBERTO OSGA JUNIOR
MARCELA CRISTINA SOARES
EDUCAÇÃO FÍSICA
ANDRÉ VINICIUS ARAÚJO
BERNADETE SOARES SANCHES
CLAUDINEI FERREIRA MENDES
CLAUDIO SERGIO COSTA DA SILVA
ELAINE MACHADO DA S. DE FREITAS
ELENICE CORDEIRO DE OLIVEIRA
JULIO CESAR ABREU
LIAMAR RODRIGUES PEREIRA
LUCIANA FERNANDES COAN
MARCELO SCHATZMANN
GEOGRAFIA
JACQUELINE ZAMBONI PAESE
MARIA LIRAIA ZIEM NASCIMENTO
HISTÓRIA
JOSÉ ADOLFO PAWLINA
JULIANA CHERVINSKI
RICARDO LUIZ DA CUNHA
VANIA MARIA LENZI LEDOUX
ARTES
FABIANA BESTEL PAWLINA
LUCIANE DOS SANTOS SILVA
ENSINO RELIGIOSO
MARIA DA GLÓRIA MIRA
12. 12
Índice
A proposta curricular para as escolas da rede municipal de ensino de itapoá - sc -
ensino fundamental - 1º. Ao 9º. Ano......................................................................................15
Referências ..............................................................................................................................23
Alfabetização e letramento .................................................................................................25
A alfabetização e o letramento: desafios na consolidação de uma educação de
qualidade .................................................................................................................................26
Conhecer os usos sociais da escrita .......................................................................................31
Apropriar-se do sistema escrito.............................................................................................31
Desenvolver a leitura..............................................................................................................33
Referências ..............................................................................................................................34
A proposta curricular de língua portuguesa – 1º. Ao 9º. Ano – uma construção
coletiva.....................................................................................................................................36
Introdução...............................................................................................................................37
Pressupostos filosófico–epistemológicos ...............................................................................38
Fundamentação teórica..........................................................................................................39
Objetivos gerais do ensino e da aprendizagem da língua portuguesa ...............................40
Objetivos específicos...............................................................................................................41
Procedimentos metodológicos/conteúdos .............................................................................42
Conteúdos de língua portuguesa do 1º ao 9º ano.................................................................46
Processo avaliativo em língua portuguesa............................................................................58
Referências ..............................................................................................................................59
A matemática e seu processo de ensinar e de aprender ......................................................62
A matemática e seu processo de ensinar e de aprender ......................................................63
Objetivos..................................................................................................................................67
Metodologias ...........................................................................................................................67
Conteúdos................................................................................................................................67
Referências ..............................................................................................................................70
Ciências/educação ambiental.................................................................................................72
Introdução...............................................................................................................................73
Objetivos gerais ......................................................................................................................74
Metodologias ...........................................................................................................................75
Avaliação .................................................................................................................................77
Proposta para os anos iniciais (1° ao 5° ano) .......................................................................77
Proposta para os anos finais (6° ao 9° ano)..........................................................................83
Referências ..............................................................................................................................85
13. 13
A lingua inglesa para o ensino fundamental 1º. Ao 9º. Ano ...............................................87
Introdução...............................................................................................................................88
Objetivos..................................................................................................................................88
Finalidades ..............................................................................................................................89
Metodologia.............................................................................................................................91
Ensino aprendizagem .............................................................................................................92
Proposta de unidades curriculares........................................................................................93
Avaliação .................................................................................................................................96
Referencias ..............................................................................................................................97
A educação física nas escolas da rede municipal de ensino ................................................98
Introdução...............................................................................................................................99
Concepção e objetivos gerais da educação física na educação básica................................99
Educação física no ensino fundamental - 1º. Ao 9º. Ano..................................................100
Para trabalhar na educação física escolar..........................................................................102
Conteúdos de educação física ..............................................................................................108
Princípios didático-pedagógicos para o ensino da educação física e a avaliação ...........109
Referências ............................................................................................................................111
Geografia e história: as diretrizes norteadoras do currículo para o ensino
fundamental – 1º. Ao 9º. Ano...............................................................................................112
História e geografia - anos inicias 1º. Ao 5º ano do ef .......................................................121
História e a geografia - anos finais 6º. Ao 9º ano do ef.....................................................122
Referências ............................................................................................................................126
A arte no ensino fundamental..............................................................................................127
Introdução.............................................................................................................................128
Encaminhamentos metodológicos .......................................................................................131
Objetivos................................................................................................................................134
Diretrizes norteadoras dos conteúdos.................................................................................135
Avaliação ...............................................................................................................................141
Referências ............................................................................................................................141
O ensino religioso..................................................................................................................144
Introdução.............................................................................................................................145
Conteúdos..............................................................................................................................148
Conteúdos..............................................................................................................................148
Conteúdos..............................................................................................................................148
Conteúdos..............................................................................................................................149
14. 14
Conteúdos..............................................................................................................................149
Referências ............................................................................................................................152
Segmentos conceituais..........................................................................................................153
Educação inclusiva ...............................................................................................................154
Introdução.............................................................................................................................155
Os marcos de transformação educacional..........................................................................156
Inclusão: um convite à solidariedade..................................................................................159
Da deficiência às necessidades especiais.............................................................................161
Diferentes espaços educacionais para o enfrentamento da diversidade.................162
A organização do atendimetno na rede regular de ensino................................................163
Serviços de apoio pedagógico ..............................................................................................163
Implicações da educação inclusiva para a construção da proposta curricular das
escolas da rede municial de ensino de itapoá-sc.................................................................164
Indicadores para a construçao das políticas públicas na área educacional................165
Prioridades ............................................................................................................................166
Indicadores para reflexão nas escolas.................................................................................167
Prioridades ............................................................................................................................168
Referências ............................................................................................................................169
Planejamento escolar – interdisciplinaridade e.................................................................171
Projetos de trabalho .............................................................................................................171
Planejamento escolar – interdisciplinaridade e.................................................................172
Referências ............................................................................................................................183
Avaliação ...............................................................................................................................185
Referências ............................................................................................................................190
15. 15
REFLEXÕES CONCEITUAIS E TEÓRICAS
A PROPOSTA CURRICULAR PARA AS ESCOLAS DA REDE MUNICIPAL
DE ENSINO DE ITAPOÁ - SC - ENSINO FUNDAMENTAL - 1º. ao 9º. ANO
Zita Ana Lago Rodrigues – Dra./ Ph.D.
Mediante as reestruturações e as novas diretrizes para o ensino no Brasil, a partir
da Constituição Federal de 1988 e de suas consentâneas determinações estaduais e
municipais, da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - LDB 9394/96, do
Plano Nacional de Educação - PNE/LEI no. 10.172/2001, da Lei 9424/96, que dispõe
sobre o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e da
Valorização do Magistério – FUNDEF-96, das Leis 11.114/05 e 11.274/06, alterando o
artigo 32 da LDB 9394/96, e ampliando para nove anos a duração do Ensino
Fundamental e da Emenda Constitucional no. 53 de 06/dez./06 que dispõe sobre o
Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica - FUNDEB/2006 e das
novas políticas educacionais vigentes no período pós-municipalização do Ensino
Fundamental, entende-se que o processo de formação de professores é condição básica
para uma prática pedagógica comprometida com propostas educacionais de qualidade.
Isto se deve não apenas porque o conhecimento continua avançando, sendo produzido,
estruturado, re-estruturado e disseminado, mas porque a profissão e o trabalho de
ensinar-aprender trazem novas necessidades e exigências ao professor e aos demais
profissionais da educação atuantes na escola.
Tais premissas exigem que os profissionais da educação, os professores e
educadores atualizem constantemente seus saberes, seus fazeres e suas bases teórico-
epistemológicas, sendo necessário pensar e repensar a escola e seus currículos, suas
metodologias de ação, seus sistemas avaliativos e, entre outros aspectos significativos,
as interfaces entre a escola, a ciência e o conhecimento e suas decorrências na formação
do alunado e da própria sociedade.
Portanto, os contextos de inserção da escola, não raro vêm influenciando e
sendo por ela influenciados em suas diversas determinações sócio-políticas, ético-
valorativas, étnicas, religiosas, econômicas e multiculturais, de uma sociedade
cambiante e em fase de profundas e céleres transformações.
16. 16
Mesmo no contexto da escola pública, frente às exigências do mundo
contemporâneo em suas complexas relações e interfaces, a questão dos saberes e
conhecimentos que a demarcam deve ser constantemente pensada e repensada, discutida
e avaliada por toda a comunidade escolar, com vistas a oferecer serviços que realmente
a tornem imprescindível no desenvolvimento da educação, do estímulo à criatividade,
inventividade e ações pró-ativas, e ao necessário e urgente desenvolvimento da
cidadania, da autonomia e da auto-responsabilidade daqueles que nela vivem e
convivem – sejam os gestores, as equipes pedagógicas e de apoio, os professores, os
alunos, ou a comunidades escolares de sua abrangência.
Tais considerações nos levam a ampliar a compreensão sobre a necessidade de
que os sistemas municipais de ensino, implementados a partir das determinações da
Constituição Federal de 1988 e da LDB supra citada - de modo especial em seu art. 26 -
pensem seus modos específicos de proceder ao elaborar e implantar suas Propostas
Curriculares, sempre em consonância com as legislações macro, meso e micro-
estruturais da educação nacional, demarcando de modo claro as suas características, as
suas realidades e os seus contextos regionais da sociedade, da comunidade e da cultura,
ao listar aqueles conteúdos, metodologias e práticas de ensino-aprendizagem que farão
parte das ações pedagógicas cotidianas da escola e da comunidade que nela vive e
convive.
Neste sentido, municípios como Itapoá-SC, conscientes da importância de
aprimorar sua ação educativa formal no âmbito da escola pública municipal, propõem-
se a elaborar e implementar suas determinações, diretrizes e proposições curriculares no
intuito de trabalhar uma educação com maior qualidade e voltada ao atendimento de
suas reais necessidades, respeitando os espaços já constituídos, as produções já
existentes e as competências e disponibilidades dos recursos municipais, do quadro de
profissionais que integram a rede municipal de ensino, acima de tudo, e as exigências
que o mundo contemporâneo apresenta aos egressos da escola, em qualquer de seus
níveis.
Portanto, as atividades desenvolvidas no decorrer dos meses de janeiro e
fevereiro de 2007 voltam-se às considerações acima formuladas e, tendo presente a
necessidade de estimular a reflexão sobre a realidade local/regional da sociedade e da
cultura do município de Itapoá-SC em suas especificidades, promoveram uma inédita
série de atividades de estudos, reflexões, proposições, produções e encaminhamentos,
com a participação de todos os envolvidos com o Sistema Municipal de Ensino, equipe
17. 17
pedagógica da Secretaria Municipal de Educação, Diretores, Especialistas, Pedagogos
Escolares, Professores, Educadores e auxiliares no trabalho pedagógico, envolvidos com
o dia-a-dia da escola, com o firme intuito de constituir o texto básico da Proposta
Curricular para as Escolas da Rede Municipal de Ensino de Itapoá-SC a ser
implementada no decorrer do ano letivo de 2007.
Contando com a consultoria e assessoria de um significativo número de
profissionais da educação com notável experiência no campo do currículo e da educação
básica – de modo especial no Ensino Fundamental do 1º. ao 9º. ano – cujas orientações
desencadearam os estudos, as discussões e a elaboração do texto base da presente
Proposta Curricular da Rede Municipal de Ensino de Itapoá-SC, que reflete as
preocupações dos componentes do Sistema Municipal de Ensino com uma proposta
qualitativa e participativa, visando oferecer ao alunado e a comunidade uma educação
voltada para a construção da autonomia, da emancipação, da cidadania e da
responsabilidade conjunta, com base em valores construentes, humanos, solidários e
democráticos, de todos aqueles que, de algum modo, vinculam-se a escola pública
municipal e participam de seu cotidiano.
Assim sendo, delinearam-se alguns objetivos para a tarefa coletiva desencadeada
desde o momento da concepção da ação, até aquele de sua consecução, avaliação e
constante aprimoramento, propondo-se:
a) compreender o sentido e a importância da formação continuada de
professores para seu desenvolvimento e ação profissional qualitativa e consciente;
b) disponibilizar recursos das mais diversas ordens, financeiros, físicos,
materiais, teóricos e tecnológicos, a fim de que o grupo de profissionais, em especial os
componentes da rede municipal de ensino de Itapoá-SC, tenha possibilidade de,
conjuntamente com as consultorias e assessorias, delimitar o texto básico da Proposta
Curricular para o Ensino Fundamental – 1º. ao 9º. ano - a ser implementada no
município a partir de 2007;
c) elaborar, redigir e editar o texto base da Proposta Curricular para as Escolas
da Rede Municipal de Ensino Fundamental - 1º ao 9º ano - do município de Itapoá-SC,
a ser implementada a partir do ano letivo de 2007.
Mediante tais considerações e tendo-se presentes as profundas transformações
que vêem ocorrendo no mundo do trabalho e as imbricações sistêmicas que tais
transformações apresentam com os saberes, os fazeres e o conhecimento, esteve
18. 18
presente em todos os momentos a necessidade de repensar a escola e seus
procedimentos formais de trabalhar o ensino, a aprendizagem e a educação das crianças
e dos jovens.
Refletindo-se sobre as decorrências que apresentam este ensino, esta
aprendizagem e esta educação, é preciso levar em conta, também, suas decorrências na
vida prática sócio-ambiental, política e cultural de tais alunos, sendo fundamental que se
possa levá-los a constituir sua cidadania, sua emancipação e sua capacidade inter-
relacional consigo, com os outros, com o meio onde vivem e com dimensões
transcendentes (Mounnier, 1979).
Portanto, uma proposição curricular com vistas a contemplar as necessidades da
vida contemporânea, sem perder de vista os elementos clássicos de base histórico-
cultural constituídos pela humanidade, deverá contemplar os meandros do
conhecimento altamente complexo e de base tecnológica que permeia a sociedade atual.
Martins (2004) considerando que, destarte os debates e reflexões que têm sido
desenvolvidos quando se trata da educação formal, da formação docente e do papel
específico da escola, em especial da escola pública, destaca que se está ainda muito
distante da urgência e das considerações que se fazem necessárias, quando a questão é a
preparação para o exercício competente da tarefa de ensinar e fala que um estranho
paradoxo se estabelece hoje, pois o mundo da globalização precisa “(...) difundir suas
conquistas tecnológicas, mas não é capaz de solucionar o entrave em que se chegou
quando se afirma a urgência de capacitar professores para educar, dilema que se amplia
e agrava quando o país em questão pertence ao mundo dos “países periféricos”.
(Martins, 2004, p.111)
É de conhecimento de todos que os avanços da tecnologia não tem encontrado as
contrapartidas necessárias na vida cotidiana dos cidadãos e, entre estes, professores e
alunos envolvidos na realidade da escola pública, a qual está deveras distante do real
acesso às novas tecnologias de informação e comunicação (TICs) e, embora com
avanços consideráveis, as políticas públicas não têm conseguido atingir significativas
parcelas populacionais com mudanças que atendam às suas necessidades básicas e
cruciais – entre elas uma educação emancipatória e de qualidade, com os recursos e
instrumentais para dar conta das demandas cada vez mais gritantes de camadas
historicamente excluídas dos processos sócio-culturais e decisórios.
19. 19
A racionalidade técnica que, segundo Schön (2000), tem permeado os currículos
escolares em seus diversos níveis, derivada do positivismo e do racionalismo cartesiano,
com bases instrumentais e quantificáveis, dirige-se primordialmente a resolução de
problemas e ao estudo de teorias ou regras muito aquém das realidades contextuais,
separando de forma muito significativa o mundo do saber e o mundo prático, ou seja, o
mundo da vida dos sujeitos. Surge daí a necessidade e emergência da escola construir
uma base de realidade voltada aos contextos nos quais se insere como fontes de
experiências, de pesquisa e de abordagens específicas daquelas principais formas de
viver e de resolver questões reais relacionadas às vivências cotidianas de alunos e
professores, sem perder as dimensões dos conhecimentos teóricos que lhes dêem
sustentação e bases empíricas capazes de melhorar estas mesmas vivências práticas.
Com base em Duarte (2003) afirma-se que, sujeito forma-se, apropriando-se dos
resultados da história social e objetivando-se no interior dessa história, ou seja, sua
formação se realiza através das relações que se estabelecem entre a objetivação e a
apropriação de saberes, fazeres e conheceres. Tais relações se efetivam sempre em
conjugação com outras relações concretas e com outros indivíduos, que atuam como
mediadores entre o sujeito e o mundo humano, ou seja o mundo da atividade humana
objetivada. A formação do indivíduo é, portanto, sempre um processo educativo,
mesmo quando não há relação consciente (tanto da parte de quem se educa, quanto da
parte de quem age como mediador) com o processo educativo que está se efetivando no
interior de determinada prática ou instituição social. O aprender, o observar, o
compreender é, portanto, inerente à própria condição humana e, tanto mais será efetivo
quanto mais forem livres, conscientes e significativas as ações que se desencadeiem
com tais objetivos.
No sentido de se possibilitar efetivamente que a formação docente, o
desempenho acadêmico e a vida escolar tenham as interfaces primordiais e necessárias
toma-se, com base em Hernández e Ventura (1998), a premissa reflexiva de que, ao
planejar os programas de formação, seria deveras importante que os professores
buscassem respostas para problemas surgidos em suas próprias experiências de vida e
de formação, vinculando-as às reais estratégias e às diferentes formas de aprendizado do
alunado. Isto, por si só sugere a importância de que tais profissionais se envolvam
substancialmente na constituição e embasamento daquilo que se deve ensinar e daquilo
20. 20
que se necessita aprender, motivando-se, assim, para a busca de inovações e releituras
sobre seu fazer docente cotidiano.
Com base nos avanços ocorridos nos estudos curriculares (Pacheco, 2005) e suas
especificidades nas últimas décadas do século XX, a partir dos quais o currículo passa a
ser visto como construção coletiva e continuada, decorrente da seleção de múltiplas
influências da cultura e das identidades diferenciais, abertas e multifacetárias,
comprometidas com a democratização do saber, a emancipação dos sujeitos e a
ligação/re-ligação dos saberes e conteúdos com a vida e as experiências vividas pelos
sujeitos (Morin, 2000), têm ocorrido reflexões e debates constantes sobre perspectivas
diferenciadas na proposição daquilo que se faz na escola, em suas expressões formais,
para educar, para ensinar e, acima de tudo, para aprender.
Considera Medel (2007, p. 1) que:
O caráter excludente de algumas escolas e dos currículos tradicionais, que
reproduzem as desigualdades sociais ao trabalhar padrões culturais distantes das
realidades dos alunos deve ser abolido, pois, além de “expulsar”, via reprovação
e evasão, os alunos que mais necessitam da escola para sua educação, não estão
mais de acordo com as propostas da educação e da realidade atuais.
Tendo-se como base primeira o contido no Artigo 1º. da atual Lei de Diretrizes e
Bases da Educação Nacional – LDB 9394/96, ao afirmar que “A educação abrange os
processos formativos que se desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, no
trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organizações
da sociedade civil e nas suas manifestações culturais”, não se intenciona relegar a
escola e suas manifestações formais a um segundo plano, mas sim reafirmá-la como
pólo gerador e irradiador dos conhecimentos sistematizados e da cultura em suas mais
diversas manifestações, nas interfaces com a sociedade, as famílias, as organizações, as
entidades políticas, empresariais e da sociedade civil, bem como com as instâncias
governamentais como responsáveis conjuntas pela oferta, com qualidade, seriedade e
competência de uma educação formal comprometida com a vida, a solidariedade e a
preservação dos direitos mínimos de cada um que a ela acesse e nela deva permanecer
durante os tempos e espaços necessários à formação almejada.
21. 21
No Documento de Ministério da Educação “Ensino Fundamental de nove anos
– Orientações gerais” (MEC, 2004, p. 13) afirma-se que o educando, desde o início da
sua vida, apresenta ritmos e maneiras diferenciadas para realizar suas aprendizagens,
porém, apesar de tal fato, entende-se que uma educação voltada para estas diversidades
e peculiaridades individuais necessita ser pensada sobremaneira, com focos voltados
para que:
-“o ser humano seja visto em suas múltiplas dimensões;
- todos possam aprender conforme seus tempos e ritmos diferenciais;
- o desenvolvimento humano seja entendido como processo contínuo;
- o conhecimento seja construído e reconstruído, processual e continuadamente;
- o conhecimento seja abordado em uma perspectiva de totalidade;
- se considere a importância de uma gestão participativa, compartilhada e que tenha
como referência a elaboração coletiva do Projeto Político-Pedagógico da escola,
contemplando a proposição oficial da ampliação do Ensino Fundamental com duração
de nove anos nas escolas e nos sistemas escolares;
- a diversidade metodológica e a avaliação diagnóstica, processual e formativa estejam
presentes e comprometidas com uma aprendizagem interdisciplinar e uma educação
inclusiva, de.tal modo que o aluno, dentro da escola, aprenda de fato e de modo
significativo.”
Além de tais aspectos, que devam ser considerados como referenciais para um
ensino de bases sócio-histórico-contextuais visando o desenvolvimento de um aluno em
sua integralidade biopsicossociocultural, propõe-se no documento supra citado que:
a) a escola seja vista como um pólo irradiador de cultura e conhecimento;
b) o desenvolvimento do aluno seja a principal referência na organização do tempo e do
espaço da escola.
Assim sendo, embora na presente Proposta Curricular se tenha optado pela
apresentação de conteúdos mínimos das disciplinas a serem estudadas e trabalhadas em
cada um dos anos constituintes do Ensino Fundamental – do 1º. ao 9º. ano – não se
entende sejam estes engessados, fechados e estanques, de tal forma que impossibilitem
as reflexões, as complementações, as interfaces, as ações comunicativas construentes e a
22. 22
dinamização das ações didático-pedagógicas no interior da escola e fora dela, quando
requeridas como complementares às ações educativas formais.
Entende-se que o desenvolvimento científico resulta de uma constante mutação e
aprimoramento do conhecimento historicamente acumulado pela humanidade. Não é,
portanto, um produto pronto e acabado a ser depositado na cabeça dos estudantes em
qualquer dos níveis do seu processo de escolarização, mas sim é um procedimento em
construção que determina a transformação dos sujeitos que pretendem conhecer e dos
objetos que se dão a conhecer, em suas inter-relações constantes, tais mudanças,
transformações e aprimoramentos configuram a construção do conhecimento em seus
dinâmicos e céleres processos. E a escola contemporânea necessita, com urgência,
vivenciar tais entendimentos para efetivamente comprometer-se com a aprendizagem e
suas interfaces construentes.
O aparente formato de um programa a ser seguido nas escolas da rede municipal
de ensino de Itapoá-SC, desde o ano letivo de 2007, não se presentifica como um mero
“rol de conteúdos”, mas como semente que se semeou em um conjunto de ações
refletidas, selecionadas e registradas em um momento histórico muito rico, complexo e
auto-responsabilizante construído pelos sujeitos envolvidos – os componentes da rede
municipal de ensino de Itapoá-SC que, reunidos e em amplas discussões, constituíram e
apresentaram seus propósitos de ação pedagógica a partir de tais enunciados.
Acredita-se que os frutos serão, certamente, vivificadores de atividades e ações
através das quais se possa dizer, parafraseando Rubem Alves em suas últimas reflexões
sobre educação, que “fora do contexto das campainhas, dos sinais e dos ritos formais da
escola” se permita que SE VIVA A ESCOLA E SE ESCOLARIZE A VIDA, ou seja,
que se leve para a escola a vida de todos os envolvidos e se leve à vida de cada um, a
significância de uma escola inclusiva, humana e solidariamente democrática, na qual
cada um faça a sua parte e juntos sejamos muito mais e melhores, ao pensar e fazer, ao
viver e conviver, ao dizer e fazer sempre possibilidades, utopias e alternativas,
entrelaçando de forma indissociável o individual, o social, o político, o cultural, o
histórico, o pedagógico, o filosófico, enfim, o humano na educação do homem (Morin,
2000).
23. 23
REFERÊNCIAS
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ZABALZA, M. A. Planificação e desenvolvimento curricular na escola. 7. ed. Porto,
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26. 26
A ALFABETIZAÇÃO E O LETRAMENTO: DESAFIOS NA CONSOLIDAÇÃO
DE UMA EDUCAÇÃO DE QUALIDADE
Vânio Cesar Seemann – Ms.
UM POUCO DE NOSSA HISTÓRIA ...
Com o desafio de construirmos coletivamente a proposta curricular da Rede
Municipal de Ensino de Itapoá, SC, os professores e professoras que atuam na disciplina
de Língua Portuguesa do 1º. ao 9º. ano do Ensino Fundamental reuniram-se, discutiram
e sistematizaram este documento norteador para o processo de alfabetização a ser
desenvolvido no âmbito das escolas. É imperativo que os indicativos aqui arrolados
sejam aprofundadas nos encontros de formação a serem promovidos pelas escolas ou
pela Secretaria Municipal de Educação, de tal forma que se materializem nos Projetos
Políticos Pedagógicos das escolas e, evidentemente, nas práticas educativas,
considerando-se as singularidades e especificidades das escolas em função de seu
entorno sócio-cultural, respeitando-se o princípio da autonomia emanado da Lei
9394/96, visando a formação de cidadãos competentes em termos de leitura, escrita e de
fala.
Desse modo, buscou-se:
a) discutir os conceitos relacionados à alfabetização;
b) mapear as capacidades relevantes a serem construídas pelas crianças nos anos iniciais
do Ensino Fundamental;
c) refletir sobre procedimentos e estratégias de alfabetização;
d) aprofundar a questão da avaliação em sua dimensão formativa na alfabetização.
27. 27
NOSSOS DESAFIOS: PROMOVER O ENCONTRO DA BIOGRAFIA DAS
CRIANÇAS COM A BIOGRAFIA DA HUMANIDADE
Hoje, somos alfabetizadoras e alfabetizadores e temos um olhar diferenciado sobre a
criança. Acreditamos nas potencialidades de cada uma, incentivamos as descobertas,
trabalhando os conteúdos na maioria das vezes contextualizados, resgatando as
experiências que cada um possui, fruto das suas relações e interações com o meio sócio-
cultural. Estabelecemos uma relação afetiva e de reciprocidade (professor e criança,
criança e criança) essencial para o processo de construção do conhecimento. Além
disso, valorizamos os acertos e os erros como possibilidades reais de desenvolvimento
das múltiplas dimensões humanas.
Constatamos, assim, que houve avanços qualitativos. Contudo, precisamos estudar -
investigando, lendo, pensando, discutindo, planejando e avaliando – de forma contínua
e sistemática, para oportunizarmos às crianças atividades de ensino e aprendizagem,
onde elas sejam capazes de construir conceitos, converter problemas em oportunidades,
entender seus direitos e deveres, respeitar o seu semelhante e que sejam capazes, acima
de tudo, de entender a realidade social e, nesse contexto, inserir-se e participar dos
processos de mudança e transformação sociais.
Após diagnosticar a realidade da criança, observando qual o seu nível de
aprendizagem, teremos subsídios para planejarmos as atividades onde é imperativo que
fique explícito (ao professor e à criança) o que será ensinado, como, porquê e para quê.
Além disso, devemos considerar que uma classe nunca é homogênea e, diante disto, há
que se desenvolver atividades diferenciadas para atender à diversidade e, desta forma,
obtermos o êxito. Com esta visão entendemos que a criança deverá qualificar as suas
capacidades em termos de oralidade, de leitura, de escrita e de análise lingüística onde a
brincadeira deve fazer parte, pela dimensão lúdica que as constitui, desenvolvendo o
gosto e o prazer pela leitura, produzindo seus próprios textos e sendo “dono” da palavra.
Tudo isso pressupõe a compreensão do “jogo interlocutivo”.
Entendemos que é imperativo, no processo da alfabetização, que desenvolvamos
uma série de atividades que possibilitem às crianças e adolescentes compreender as
funções sociais da escrita e, dessa forma, o próprio princípio alfabético de nosso sistema
de escrita. Destacamos algumas delas com respectivos exemplos:
- identificar (CI, contas, cartões);
- divulgar informações (rótulos, letreiros, bulas, manuais);
28. 28
- registrar compromissos (contratos, escrituras);
- comunicar à distância (jornal, TV, revistas, chats);
- regular a convivência (leis, propostas curriculares, regimentos);
- preservar e socializar os bens culturais (livros, enciclopédias, Bíblia);
- organização do cotidiano (agenda, listas, diários, bilhetes, anotações);
- incrementar trocas, a comunicação e a convivência (bilhetes, cartas de amor, e-mail).
Além disso, é de suma importância, levando-se em conta as discussões sobre os
gêneros textuais (diferentes textos considerando suas finalidades, especificidades e
interlocução), compreender e valorizar a cultura escrita escolar, bem como o suporte
que é a base material que permite a circulação da escrita:
a) espaços de circulação (urbano, rural);
b) espaços institucionais da manutenção, preservação, distribuição e venda (bancas,
livrarias, bibliotecas, sebos);
c) formas de aquisição e acesso aos textos (empréstimo, compra);
d) diversos suportes de escrita (livros, revistas, jornais, revistas, panfletos);
e) instrumentos e tecnologias empregados para o registro (impressão gráfica,
caneta, lápis).
É importante considerarmos que, enquanto o aluno vai se apropriando do alfabeto e
da escrita, ou seja, do reconhecimento do princípio alfabético de nosso sistema escrito,
ele desenvolva suas produções textuais sendo o professor o mediador assumindo, nos
primeiros momentos, o papel de escriba. Responsabilidade esta que, gradativamente, a
criança assumirá para si como resultado da ação pedagógica significativa.
Na medida em que puder apropriar-se do sistema alfabético da escrita, a criança
deverá ser capaz de transcrever textos que saiba de memória, interagir com textos
diversificados (gêneros textuais), produzindo seus textos, relendo-os, refazendo-os,
considerando o que já está escrito e o que ainda falta escrever. Nesse empreendimento,
urge oportunizar à criança que ela perceba a diferença entre a linguagem oral e a escrita.
A criança, durante o processo de alfabetização e no contexto do letramento,
deverá interpretar a sua escrita e a sua leitura de forma que possa transmitir aos outros
suas idéias, sempre respeitando as opiniões, sabendo identificar o uso desta leitura
dentro do grupo social no qual se insere. Sendo assim, o letramento e a alfabetização
estão intimamente relacionados. Segundo Magda Soares (2001, p.20): “passamos a
enfrentar esta nova realidade social em que não basta apenas saber ler e escrever, é
29. 29
preciso também fazer uso do ler e do escrever, saber responder as exigências da leitura e
da escrita que a sociedade faz continuamente”. Consideramos aqui que a criança,
quando nasce, já se insere dentro do contexto social e na participação da cultura em seu
entorno. Com isso, ao chegar à escola, ela já possui a condição de letramento e começa
a se deparar com os símbolos e sons. Ainda, segundo Soares (2001, p. 18): “o
letramento é, pois, o resultado da ação de ensinar ou de aprender a ler e escrever: o
estado ou a condição que adquire um grupo social ou um indivíduo como conseqüência
de ter se apropriado da escrita”.
Nessa tarefa pedagógica, entendemos que o texto é o fio condutor da ação
alfabetizadora. Nesta perspectiva, consideramos que o texto é dirigido a um
interlocutor virtual, onde a clareza e o significado dependem exclusivamente dos
recursos próprios da escrita, ou seja, não admite recursos extralingüísticos. Além disso,
exige correção gramatical e permite frases mais longas. Contudo, é importante
dizermos que o trabalho com o texto, ou melhor dizendo, com os gêneros textuais, em
hipótese alguma pode se resumir à prática simplista de fazer “redação”.
Na seqüência, considerando os estudos de Maria José Nóbrega (2002/2003),
arrolamos os gêneros textuais a serem trabalhados nessa fase da alfabetização:
1. GÊNEROS DE TEXTOS ORAIS
- Instrucionais
Recados, instruções, ordens e solicitações.
- Interação Pessoal
Conversas telefônicas, bate-papo e conversas formais.
- De Imprensa
Notícias radiofônicas ou televisivas, reportagens radiofônicas e televisivas,
depoimentos radiofônicos ou televisivos – gravados ou presenciais – comentários de
notícias.
- Publicitários
Propagandas e gingles.
- De Divulgação Científica
Exposição, debate e aula.
- Literários e de entretenimento
Relatos de experiências vividas, relatos de acontecimentos do cotidiano,
reprodução de narrativas, causos, piadas, recitação de parlendas, trava-línguas ou
poemas, filmes, canções populares, peças de teatro.
2. GÊNEROS DE TEXTOS ESCRITOS
- Intrucionais
Listas telefônicas, listas de endereços, guia de ruas, enunciados de questões,
rótulos e embalagens, regras de jogos, receitas, bulas, manuais de instrução,
formulários, roteiros.
30. 30
- Epistolares
Bilhetes, cartas pessoais, cartas formais, convites, e-mail, avisos, circulares.
- De imprensa
Notícias, reportagens, editoriais, artigos, depoimentos, entrevistas, crônicas,
charges, tiras, resenhas, carta do leitor, programação de TV e Cinema.
- Publicitários
Slogans, anúncios classificados, propagandas, panfletos, encartes, catálogos.
- Divulgação científica
Verbetes de dicionário, verbetes de enciclopédia, didáticos, hipertexto, biografia,
autobiografia, relatos históricos, tabelas.
- Literários e de entretenimento
Diários pessoais, diários de viagem, crônicas, lendas, mitos, fábulas, contos de
fada, contos de tradição popular, contos, literatura infanto-juvenil, romances, peças de
teatro, quadrinhas, trava-línguas, trovas, poemas, charadas, adivinhas, provérbios e ditos
populares, cantigas de roda, canções populares, cordel.
3. GÊNEROS DE TEXTOS NÃO-VERBAIS
- Imagens
Fotografia, símbolo, pinturas, histórias em quadrinhos, texto de imagem, filme.
Lembramos que no trabalho com os gêneros textuais orais, a ênfase de trabalho
está na escuta (ouvir) e na produção (falar). Nos gêneros textuais escritos e nos gêneros
textuais não-verbais, por sua vez, a ênfase está na leitura (ler) e na produção (escrever).
Para tanto, é de suma importância:
a) dispor de muitos textos diversificados;
b) articular a leitura e análise de textos de diferentes gêneros;
c) valorizar o uso da literatura infantil;
d) explorar situações levantadas nos textos;
e) realizar oficinas de textos;
f) promover eventos demonstrativos com as produções escritas e orais;
g) refletir e realizar a análise lingüística;
h) oportunizar deduções, hipóteses, confirmações e descobertas;
i) valorizar o trabalho com projetos interdisciplinares.
j) desenvolver trabalhos de pesquisa.
No intuito de orientarmos o trabalho alfabetizador, temos como conteúdos
primordiais a leitura, a escrita, a oralidade e análise lingüística, com suas respectivas
capacidades essenciais, que deverão ser trabalhadas com e para nossas crianças. No que
se refere à análise lingüística, entendemos que ela fará parte sistemática das atividades e
será objeto de intensa intervenção por parte do professor, para que de fato sejam
31. 31
desenvolvidas as capacidades do alunado. A partir disso, estabeleceremos a ênfase a ser
dada nos referidos anos escolares, de modo especial nos anos iniciais do Ensino
Fundamental.
É importante dizermos que este mapeamento, de forma alguma, deve ser
entendido ou tratado numa perspectiva linear ou estanque. Pelo contrário, entendemos
que esses conteúdos e capacidades se movimentam, permanentemente, na prática
educativa conforme as necessidades requeridas, quando estão em foco determinadas
pesquisas, projetos e construção de conceitos.
Sendo assim, nas tabelas a seguir arroladas, utilizamos os códigos I
(INTRODUZIR – levar as crianças a se familiarizarem com os conteúdos e conceitos
trabalhados), T (TRABALHAR – implica em desenvolver atividades sistemáticas para
a construção do conhecimento) e C (CONSOLIDAR – sedimentando os aprendizados e
avanços em seus conhecimento e capacidades), conforme já trabalhado com alguns
professores através do Programa Pró-Letramento (MEC, 2006).
CONHECER OS USOS SOCIAIS DA ESCRITA
CAPACIDADES,
CONHECIMENTOS E ATITUDES
1º ANO 2º ANO 3º ANO 4º ANO 5º ANO
Conhecer, utilizar e valorizar os modos
de produção e de circulação da escrita
na sociedade
I T T/C T/C C
Conhecer usos e funções sociais da
escrita
I T T/C T/C C
Conhecer usos da escrita na cultura
escolar
I I/T T/C T/C C
Desenvolver capacidades necessárias
para o uso da escrita no contexto
escolar
I I/T T/C T/C C
Saber usar objetos de escrita presentes
na cultura escolar
I I/T T/C T/C C
Desenvolver capacidades específicas
para escrever
I I/T T/C T/C C
APROPRIAR-SE DO SISTEMA ESCRITO
CAPACIDADES,
CONHECIMENTOS E ATITUDES
1º ANO 2º ANO 3º ANO 4º ANO 5º ANO
Compreender diferenças entre escrita
alfabética e outras formas gráficas
I T/C T/C C C
32. 32
Dominar convenções ortográficas
1) Compreender a orientação e o
alinhamento da escrita
2) Compreender a orientação e o
alinhamento da escrita
I T/C T/C C C
Reconhecer unidades fonológicas como
sílabas, rimas, terminações de palavras
I T T/C C C
Conhecer o alfabeto
1) Compreender a categorização
gráfica e funcional das letras
2) Conhecer e utilizar diferentes tipos de
letras
I T/C T/C T/C C
Dominar as relações entre grafemas e
fonemas
1) Dominar as regularidades
ortográficas
2) Dominar as irregularidades
ortográficas
I T/C T/C T/C C
Compreender a natureza alfabética de
nosso sistema
I T/C T/C C C
DESENVOLVER A ORALIDADE
CAPACIDADES,
CONHECIMENTOS E ATITUDES
1º ANO 2º ANO 3º ANO 4º ANO 5º ANO
Participar das interações cotidianas em
sala de aula
I T T/C T/C C
* Escutando com atenção e
compreensão
I/T T T/C C C
**respondendo às questões propostas
pelo(a) professor (a)
I/T T T/C C C
*** expondo opiniões nos debates com
os colegas e com o(a) professor(a)
I/T T T/C T/C C
Respeitar a diversidade das formas de
expressão oral manifestas por colegas,
professores e funcionários da escola,
bem como, por pessoas da comunidade
extra-escolar
I/T T/C T/C T/C C
Usar a língua falada em diferentes
situações escolares, buscando empregar
a variedade lingüística adequada
I/T T/C T/C T/C C
Planejar a fala em situações formais I/T T/C T/C T/C C
Realizar com pertinência tarefas cujo
desenvolvimento dependa da escuta
atenta e compreensão
I/T T/C T/C T/C C
33. 33
DESENVOLVER A LEITURA
CAPACIDADES,
CONHECIMENTOS E ATITUDES
1º ANO 2º ANO 3º ANO 4º ANO 5º ANO
Desenvolver atitudes e disposição
favoráveis à leitura
I/T T/C T/C T/C T/C
Desenvolver capacidades de decifração
(decodificar e reconhecer globalmente
as palavras)
I T/C T/C T/C T/C
Desenvolver fluência em leitura I T/C T/C T/C T/C
Compreender textos I/T T/C T/C T/C T/C
* Identificar as finalidades e funções da
leitura (suporte, gênero e
contextualização)
I/T I/T/C I/T/C T/C T/C
** Antecipar conteúdos do texto I/T T/C T/C T/C C
***Levantar e confirmar hipóteses
relativas ao conteúdo do texto
I/T T/C T/C T/C C
**** Buscar pistas textuais,
intertextuais e contextuais para ler nas
entrelinhas
I/T T/C T/C T/C T/C
*****Construir a compreensão global
do texto (explícito e o implícito)
I/T T/C T/C T/C T/C
Avaliar eticamente o texto fazendo
extrapolações
I/T T/C T/C T/C T/C
Sob este prisma, consideramos que a biblioteca é um espaço de suma importância
para o desenvolvimento do processo de alfabetização e, obviamente, do letramento das
crianças que convergem para nossas escolas. Um espaço que exige organização, acervo
diversificado contendo diferentes gêneros textuais, recursos audiovisuais e materiais
constituídos por diferentes linguagens (música, imagética, por exemplo), bem como, um
profissional que articule atividades como a “hora do conto”, oriente pesquisas, promova
varais literários, dentre outras atividades pedagógicas e criativas. Desse modo,
podemos dizer que a biblioteca é um lugar histórico e pedagogicamente definido como
de socialização do conhecimento, das informações e da cultura.
No que diz respeito à avaliação estamos convencidos de que a mesma fortalece a
nossa identidade pessoal e profissional. Além disso, promove a valorização da função
docente e, na medida em que assegura a consistência do trabalho pedagógico, produz
sentido e autoria no processo. Para tanto, é fundamental que se desenvolvam:
34. 34
- a observação e o registro (identificação, objetivos, conteúdos, atividades, projetos,
observações sobre os níveis atingidos pela turma e alunos, sugestões para
encaminhamentos);
- os “Coortes diagnósticos” (monitorar algumas capacidades específicas);
- a auto-avaliação (Quem lê em casa? O que lê? Que suportes estão disponíveis?);
- o que as crianças pensam sobre a escrita e a leitura? O que gostam de ler?;
- os portfólios (articular as produções e comentários);
- apresentações e exposições dos trabalhos realizados.
Além disso, considerando as produções textuais, individuais e coletivas, as leituras
desenvolvidas e os discursos orais, podemos e devemos considerar, para efeitos de
diagnóstico, planejamento, desenvolvimento e avaliação das atividades a criatividade, a
criticidade, a organização, o comprometimento, a cooperação, a participação e a
capacidade pesquisadora manifestadas pelas crianças nessa fase de sua escolarização, de
fundamental e crucial importância.
Por fim, lembramos que o uso de ampla variedade de materiais e recursos, além
dos gêneros textuais como jogos, computadores, vídeos, DVDs, CD´s e outros, façam
parte das atividades de aprendizagem de forma sistemática, sobretudo, aqueles que
possibilitem explorar a ludicidade através do jogo e do faz-de-conta, considerando-se as
múltiplas dimensões humanas e, mais que isso, o reconhecimento da criança como um
sujeito de direitos. Sujeito que tem o direito de ler, escrever, ouvir e falar, considerando
as diferentes linguagens, com competência; competência esta que se traduz em condição
muito importante no processo de formação e exercício da cidadania das nossas crianças,
neste tempo e neste momento histórico de transição, complexidade, diversidade e
necessidade de inclusão e respeito à condição humana.
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_________. Parâmetros Curriculares Nacionais. Língua Portuguesa. Brasília:
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35. 35
_________. Programa de formação continuada de professores das séries iniciais do
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FIORIN, José L. & SAVIOLI, Francisco P. Para entender o texto. Leitura e redação.
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________. Lições de texto. Leitura e redação. 2. ed. São Paulo: Ática, 1996.
GALVÃO, Izabel. Henri Wallon. Uma concepção dialética do desenvolvimento
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KLEIMAN, Ângela. Oficina de leitura. Teoria e prática. Campinas: UNICAMP,
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LEMLE, Miriam. Guia teórico do alfabetizador. 2. ed. São Paulo: Ática, 1998.
MORAIS, Artur G. Ortografia: ensinar e aprender. São Paulo: Ática, 1998.
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NOBREGA, Maria J. Anotações de Consultoria. Florianópolis-SC, 2002/2003.
SMOLKA, Ana L. B. A criança na fase inicial da escrita. A alfabetização como
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ZATZ, Lia. Aventura da escrita. História do desenho que virou letra. São Paulo:
Moderna, 1991.
37. 37
A PROPOSTA CURRICULAR DE LÍNGUA PORTUGUESA – 1º. AO 9º. ANO –
UMA CONSTRUÇÃO COLETIVA
Maria Dolores Martinez Dibb - Ms
A palavra mágica
Certa palavra dorme na sombra
de um livro raro.
Como desencantá-la?
É a senha do mundo.
Vou procurá-la.
Vou procurá-la a vida inteira no mundo todo.
Se tarda o encontro, se não a encontro,
não desanimo, procuro sempre.
Procuro sempre, e a minha procura
ficará sendo a minha palavra.
Carlos Drummond de Andrade
INTRODUÇÃO
Ao assumir a proposta de ampliação do Ensino Fundamental para nove anos, os
professores, equipes de ensino e dirigentes do município de Itapoá-SC entenderam que não se
tratava, simplesmente, de promover uma reorganização de conteúdos, mas de proceder uma
reflexão consistente e propositiva sobre os fundamentos e as teorias do conhecimento e da
aprendizagem, adequando o objeto de estudo ao nível de desenvolvimento da criança e do
adolescente, de maneira que, ao conquistar seu interesse e empenho, encontrem-se
alternativas que possibilitem os necessários avanços qualitativos na educação municipal.
Nesse sentido, em fevereiro/2007, reuniram-se professores, educadores, equipes de
ensino e dirigentes, com o apoio de consultores educacionais das diversas áreas do
conhecimento, para uma reflexão que lhes permitisse rever sua prática pedagógica,
contextualizá-la e buscar o necessário aprofundamento ao seu referencial educativo.
Assim, o grupo de professores que atuará nos processos de ensino-aprendizagem de
Língua Portuguesa do 1º. ao 9º.ano do Ensino Fundamental, no decorrer dos anos letivos de
38. 38
2007 e seguintes, após ampla discussão, elaborou este plano curricular, que se estrutura nos
seguintes segmentos:
- pressupostos filosófico-epistemológicos;
- fundamentação teórica;
- objetivos gerais do ensino e da aprendizagem da Língua Portuguesa;
- objetivos específicos;
- procedimentos metodológicos/conteúdos;
- processo avaliativo em Língua Portuguesa;
- referências bibliográficas.
Importa registrar a preocupação dos grupos elaboradores, com a continuidade do
processo de construção e aprimoramento deste plano curricular, de maneira a garantir-lhe a
implementação qualitativa e a re-alimentação periódica, com a necessária fundamentação
teórica, sempre de acordo com as reais necessidades e contextos específicos de sua realidade
local e regional.
PRESSUPOSTOS FILOSÓFICO–EPISTEMOLÓGICOS
O presente plano curricular de Língua Portuguesa tem como pressupostos:
- uma concepção de homem como ser social, resultado do processo histórico conduzido por
ele próprio, com vistas à sua autonomia;
- o entendimento de que o conhecimento é patrimônio coletivo ao qual todos devem ter
acesso, cabendo à escola sistematizá-lo e socializá-lo;
- uma concepção de aprendizagem fundamentada na perspectiva sócio-cultural e
interacionista, através da qual entende-se que as interações sociais têm papel determinante no
desenvolvimento das funções psicológicas superiores do ser humano, especialmente em
relação à construção da linguagem e seus processos comunicacionais;
- a fala/escuta, a leitura/escritura e a análise lingüística como eixos organizadores dos
conteúdos de Língua Portuguesa;
- a compreensão de que a Língua Portuguesa é representada oralmente por diversos falares,
respeitando essas variedades lingüísticas como ricas construções sócio-culturais, a partir das
quais proporcionar-se-á o acesso do educando à linguagem de acordo com a norma culta;
39. 39
- o entendimento de que o objeto de estudo da disciplina é a Língua e seu conteúdo
estruturante é o discurso como prática social;
- a memória, a intersubjetividade, a interpretação, a fruição e a intertextualidade como as
linhas que tecem a leitura;
- a abordagem, nas atividades orais e escritas, dos temas transversais previstos nos
Parâmetros Curriculares Nacionais – Ética, Pluralidade Cultural, Meio Ambiente, Saúde e
Orientação Sexual – tendo em vista seu caráter de instrumento de intervenção social da
linguagem;
- a expectativa de que, através deste plano curricular, seja possível a promoção do
desenvolvimento pessoal e coletivo, da autonomia, da vivência de valores, das práticas
culturais, da sociabilidade, da construção e do exercício da cidadania, com vistas às
transformações sociais imprescindíveis à vida e à sobrevivência dignas nos complexos
contextos sócio-culturais atuais.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Hentz (1998), Coordenador Geral de Ensino e Coordenador do Grupo
Multidisciplinar que elaborou as diretrizes curriculares para a Educação Básica em Santa
Catarina, afirma que: “É impensável uma proposta curricular que se dê no espontaneísmo,
sem que haja um norte, a partir do qual a mesma se fundamente.”
No mesmo documento, são apresentados, como eixos fundantes do processo
educativo, uma concepção de homem e uma concepção de aprendizagem e, a partir desse
posicionamento, define-se “o que ensinar e a maneira de provocar a relação do ser humano
com o conhecimento.”
Nessa perspectiva, o encaminhamento teórico deste plano curricular tem, como
princípio, a concepção histórico-cultural de aprendizagem, também chamada de sócio-
histórica ou sócio-interacionista, construída por Vygotsky (1993), com base no
desenvolvimento do educando como resultado de um processo sócio-histórico, enfatizando o
papel da linguagem e da aprendizagem nesse desenvolvimento, entendendo que é na
interação social que o indivíduo constrói sua identidade, seus valores, seus conceitos:
A formação de conceitos é o resultado de uma atividade complexa
em que todas as funções intelectuais básicas tomam parte. No
entanto, o processo não pode ser reduzido à associação, à atenção, à
formação de imagens, à inferência ou às tendências determinantes.
40. 40
Todas são indispensáveis, porém insuficientes sem o uso do signo,
ou palavra, como o meio pelo qual conduzimos as nossas operações
mentais, controlamos o seu curso e as canalizamos em direção à
solução do problema que enfrentamos.(Vygotsky, 1993, p.11)
Vygotsky (1993) entende que a natureza social dos processos psicológicos
construídos pela criança, a partir dos conceitos socialmente adquiridos através de
experiências vividas, permite-lhe trabalhar com essas situações de forma consciente,
alterando seu funcionamento cognitivo, construindo alternativas para a transformação da
realidade e, assim, possibilitando a redução dos preconceitos e conflitos sociais.
Como a troca de informações entre sujeitos amplia o conhecimento, o diálogo é a
chave para a construção desse processo. O professor não é o único informante da sala. Cada
criança tem sua forma de conceber o mundo, de inferir nele e, mediante a possibilidade da
socialização de experiências, conhecer a realidade, discutir pontos de vista, catalogar
informações e, dessa maneira, construir seu referencial sócio-cognitivo.
O ensino e a aprendizagem da língua, toma como pressupostos os elementos
constitutivos da educação lingüística, assim definidos por Bagno (2002, p.18):
- desenvolvimento ininterrupto das habilidades de ler, escrever, falar
e escutar;
- o conhecimento e reconhecimento da realidade intrinsecamente
múltipla, variável e heterogênea da língua, realidade sujeita aos
influxos das ideologias e dos juízos de valor;
- a constituição de um conhecimento sistemático sobre a língua,
tomada como objeto de análise, reflexão e investigação.
Nessa perspectiva, a dimensão dialógica da linguagem, a partir do grau de letramento
que o aluno traz de seu grupo familiar e cultural, da riqueza de suas diversidades lingüísticas,
assume caráter preponderante da prática educativa, com vistas às experiências reais de uso da
língua materna em sala de aula, em seus aspectos oral e escrito, ampliando-se a partir das
interações estabelecidas pelas convivências entre os alunos e destes com o professor (Soares,
2002)
OBJETIVOS GERAIS DO ENSINO E DA APRENDIZAGEM DA LÍNGUA
PORTUGUESA
41. 41
Tendo em vista os pressupostos anteriormente definidos, foram elencados alguns
objetivos gerais que descrevem a função da prática de língua materna no Ensino
Fundamental:
- Levar a criança a aperfeiçoar sua forma de comunicação, através de atividades
sistemáticas de leitura e produção de textos, de análise e reflexão sobre a língua,
possibilitando-lhe acesso satisfatório à norma padrão, em suas modalidades oral e escrita.
- Possibilitar ao aluno apropriar-se do conhecimento lingüístico oral e escrito,
ampliando sua visão de mundo, levando-o a compreender as possibilidades de interação
proporcionadas pelas linguagens orais e escritas, de maneira a buscar a interação social e a
dialogicidade, a fim de que este compreenda a complexidade do real e se integre ao meio em
que vive.
- Proporcionar ao alunado, condições para utilizar a linguagem como instrumento de
aprendizagem que lhe possibilite o acesso, a compreensão e o uso de informações contidas
nos textos, identificando aspectos relevantes, resumindo-os e procedendo análises críticas
sobre os mesmos.
- Levar o educando a compreender a Literatura como ampla fonte de conhecimento,
prazer e interação, desenvolvendo-lhe a sensibilidade estética, o gosto pela leitura, pela
produção escrita e possibilitando-lhe a expansão lúdica da oralidade.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS (Falar, escutar, ler, escrever)
A prática de Língua Portuguesa, no Ensino Fundamental, deverá permitir que os
alunos possam:
- comunicar-se dialogicamente, expressando claramente suas idéias e
posicionamentos, empregando adequadamente elementos de argumentação;
- utilizar a expressão oral que já conhece, buscando aperfeiçoá-la e adaptá-la a cada
situação de uso;
- compreender que a língua oral e escrita são realidades diferentes;
- entender a relação entre grafemas e fonemas, na constituição da linguagem escrita;
- compreender o sentido nas mensagens orais e escritas – observando seus significados
implícitos e explícitos;
- ler e interpretar variados tipos de texto e de gêneros textuais;
- produzir textos escritos com coesão e coerência, adequando-os à intenção
comunicativa;
42. 42
- fazer uso da escrita alfabética, preocupando-se com sua forma ortográfica;
- considerar a necessidade das várias re-estruturações que a produção textual requer,
tendo o professor como mediador;
- registrar suas idéias e falas, produzindo a escrita com clareza, propriedade, eficiência
e autonomia;
- compreender e atribuir significado às mensagens orais e escritas (Interpolação);
- compreender que a leitura não é mera decodificação de sinais gráficos, mas a busca de
significações;
- realizar leitura, interpretação e análise dos gêneros textuais previstos para cada fase de
ensino e desenvolvimento do aluno;
- assumir crítica e criativamente a sua função de sujeito do discurso, seja falando,
escrevendo, escutando ou interpretando;
- utilizar a língua, na norma padrão, através de práticas efetivas de comunicação,
significativas e contextualizadas;
- entender-se como sujeito com capacidade de produzir textos, desmistificando a idéia de
obrigatoriedade dessa produção, buscando sua autonomia e pressupondo a sócio-interação;
- produzir textos narrativos, descritivos, informativos, dissertativos, normativos,
epistolares, de acordo com cada fase de seu desenvolvimento, refletindo sobre ele e,
reestruturando-o, partindo do erro para a auto-correção;
- elaborar sínteses, resenhas e análises críticas de textos curtos e longos, com pertinência;
- produzir textos orais e escritos, coerentes, coesos, adequados a seus destinatários, aos
objetivos que se propõem e aos assuntos tratados.
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS/CONTEÚDOS
Na perspectiva sócio-cultural-interacionista (Vygotsky, 1993) afirma-se que as
crianças se relacionam com a linguagem escrita e percebem sua necessidade, antes mesmo de
ingressar na escola. A criança que está crescendo em ambiente onde a língua escrita existe,
onde se lê e se escreve, não apenas como atos muito especiais, mas como parte da vida diária,
onde são estimuladas a manusear livros e lhes é permitido escrever e desenhar, manusear e
representar graficamente as informações adquiridas sobre a língua escrita podendo assim
chegar, de forma mais apta, à construção individual de uma boa parte do caminho da
alfabetização. Se, ao contrário, a criança não tem contato com a língua escrita, e ao seu redor
43. 43
não há pessoas que possam ler e escrever, é bem mais difícil que chegue à escola sabendo o
que quer dizer "ler" e entendendo o que quer dizer "escrever".
Assim, cabe ao educador articular os processos de desenvolvimento e aprendizagem
na sala de aula, orientar, mediar e propor desafios aos seus alunos, estimulando sempre a
curiosidade, a criatividade e a discussão, bem como o raciocínio, a testagem de hipóteses e a
familiarização com a pesquisa, a busca e o perquirimento constantes.
Nesse sentido, será necessário criar e desenvolver atividades pedagógicas que
promovam a interação da criança com os objetos e com outras crianças, a fim de que ocorra
efetivamente seu desenvolvimento cognitivo e sócio-cultural de forma integral e
contextualizada.
Tomamos como princípio metodológico da prática de ensino de Língua Portuguesa, a
aprendizagem significante ou significativa, defendida por Ausubel (1980), em oposição à
aprendizagem sem sentido, sem reflexão, baseada apenas na memorização, conforme se
procedia na escola tradicional.
Entendendo que um dos fatores que exerce influência mais importante na
aprendizagem do novo saber, é aquilo que o aprendiz já conhece, caberá ao professor tornar o
conhecimento substantivo, relacionando-o a conhecimentos prévios, já existentes na estrutura
mental do aluno, ampliando através de tais aprendizagens seus conceitos e formas de
expressão.
Por outro lado, tendo como pressuposto a relação dialógica, preconizada por Bakhtin
(1986, pp. 142-143), para a busca do entendimento:
[...] há sempre que se considerar a negociação de significados, a
negociação de valores, pois cada grupo social – cada classe,
profissão, geração, religião, região – tem seu modo próprio,
característico de falar, seu próprio dialeto, suas características. As
palavras não podem ser entendidas fora do contexto e dos sujeitos
que as falam.
Entende-se que a ludicidade deva ser o fio condutor da aprendizagem nos anos
iniciais do Ensino Fundamental, uma vez que, além de atividades prazerosas, as brincadeiras
são excelentes aliadas no processo de construção do conhecimento, tendo em vista que, por
mais simples que sejam, os jogos implicam regras a serem seguidas pelo grupo e isso o
prepara para a tomada de decisões e para a formulação de normas sociais.
Os grupos de professores da rede municipal de ensino de Itapoá-SC, que participaram
das discussões, reflexões e debates com vistas a elaboração deste plano curricular optaram
44. 44
por elencar os conteúdos para o ensino e a aprendizagem da Língua Portuguesa de forma
global, recomendando sua graduação, de acordo com o nível de desenvolvimento do alunado,
em cada um dos anos do Ensino Fundamental, tendo como suporte teórico a afirmação de
Geraldi (2005, p.46), segundo o qual, no Ensino Fundamental: “[...] as atividades devem
girar em torno do ensino da língua e apenas subsidiariamente se deverá apelar para a
metalinguagem, quando a descrição da língua se impõe como meio para alcançar o objetivo
final de domínio da língua, em sua variedade padrão.”
Os procedimentos metodológicos a serem adotados, segundo os resultados dos
debates entre os participantes da presente elaboração, deverão ter como princípio a
aprendizagem significativa e a concepção de que o diálogo na explicitação, discussão,
contraposição e argumentação de idéias é fundamental na aprendizagem da cooperação e no
desenvolvimento de atitude de autoconfiança, de capacidade para interagir e de respeito ao
outro. (PCN-EF, 1997)
Foram sugeridas, como atividades significativas de expressão oral e escrita:
seminários, dramatização de textos teatrais, simulação de programas de rádio e televisão, de
discursos políticos, de produção e apresentação de textos publicitários, a leitura colaborativa,
o emprego de recursos audiovisuais, como slides, cartazes, fotografias, transparências, out
doors, gravador, filmadora, o computador, a Internet, os sites de busca, jornais, revistas, entre
outros recursos.
É importante que se introduzam, progressivamente, de acordo com o nível de
desenvolvimento dos alunos, aspectos notacionais (inferência e ausência de regras
ortográficas, pontuação, divisão silábica, divisão do texto em frases, em períodos, em
parágrafos, uso do dicionário, etc.) e aspectos discursivos (organização das idéias, maior
nível de formalidade no uso da linguagem, argumentação, utilização de recursos coesivos –
pontuação, conectivos, substituições léxicas, manutenção do tempo e da pessoa verbais,
emprego de regência e concordância nominal e verbal), além dos conceitos metalingüísticos,
elementos fundamentais para o conhecimento e uso da Língua oral e escrita.
Os conteúdos de Língua Portuguesa serão definidos, para cada ano do Ensino
Fundamental, pelos professores e equipes pedagógicas, no Projeto Político-Pedagógico de
cada escola, a partir das indicações deste plano curricular listados como indicativos a seguir
explicitados:
a) A Prática de Leitura de Textos:
45. 45
textos “curtos” – bilhetes, mensagens, contos, crônicas, reportagens, lendas, notícias de
jornais, editoriais, poesias, etc;
textos longos – romances, novelas, peças teatrais, etc.
b) A Prática de Produção de Textos (com observância da significatividade e da função
social da escrita):
- correspondência: bilhetes, mensagens, cartas, telegramas, etc.;
- textos narrativos: histórias familiares, notícias, comentários de fatos, lendas e contos, etc.;
- textos descritivos: de pessoas, espaços, ambientes, criação de personagens, fatos, situações;
- textos normativos: regras de jogos, de conduta nos diversos ambientes, do trabalho em
grupos, do regimento da escola, do grêmio estudantil, atas, etc.;
- textos informativos: bulas, receitas, avisos, relatórios, ofícios, memorandos, etc.;
- textos dissertativos: sínteses de debates, de obras literárias, de júris simulados, com a
utilização de argumentação consistente.
c) A Prática de Análise Lingüística:
Aqui, com a finalidade de proporcionar um fio condutor para o trabalho pedagógico, com
base em proposição de Ilari (2005), foram selecionados os conteúdos específicos a serem
trabalhados a partir do 5º ano do Ensino Fundamental;
- Problemas de Estrutura Textual.
- Coesão Textual.
- Coerência Textual.
- Problemas de Ordem Sintática.
- Concordância Nominal.
- Concordância Verbal.
- Regência.
- Problemas de Ordem Morfológica.
- Léxico: adequação vocabular.
- Conjugação Verbal.
- Formas de plural e feminino.
- Problemas de Ordem Fonológica.
- Ortografia.
- Acentuação.
- Divisão Silábica.
46. 46
- Problemas de Ordem Estilística.
- Transformações de orações.
- Reescrita de parágrafos.
- Utilização de recursos estilísticos em prosa e verso.
CONTEÚDOS DE LÍNGUA PORTUGUESA DO 1º AO 9º ANO
1º ANO
COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO ORAL
Textos coletivos (professor como escriba)
Linguagem como função social
Escrita como representação da fala
Expressão oral
Apresentação dos quatro tipos de letras ( Maiúsculo e Minúsculo)
Descrição
Resolução de problemas
Transmissão de recados e avisos individual ou espontâneo
Reprodução de história, cênica, lúdica
LEITURA
Desenvolver:
Leitura simbólica e exploração de rótulos
Nome
Vocabulário
Associação de idéias (histórias diversas)
Relatos
PRODUÇÃO TEXTUAL
Textos de memória: poemas, parlendas, rimas, músicas.
Escrita do nome
Plástica e expressão escrita (ainda não de forma convencional)
Vocabulário
Textos diversificados e interpretações
CONTEÚDOS GRAMÁTICAIS
Alfabeto
Vogais e Consoantes
Ordem Alfabética
Plural e singular
Diminutivo e Aumentativo (Oral)
Masculino e Feminino
2º ANO
COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO ORAL
Audição e relatos de fatos vividos e imaginários
Construção de texto coletivo
47. 47
Pontuação e entonação
Compreensão de mensagem
Narração de fatos reais
Uso do dicionário
LEITURA
Desenvolver:
Textos de memória: cantigas, parlendas, trava-língua, descrição, narração.
Tipologias textuais: poesias e lendas, rótulos, cartazes, músicas e quadrinhas,
fábulas, charge, identidade, certidão de nascimento, cantigas e trava-línguas,
biografia, anedotas, cartões, receitas, bulas, contos de fadas, piadas, parlendas, e-
mail, manchete, opinião.
PRODUÇÃO TEXTUAL
Nome próprio completo (Identidade)
Construção de texto coletivo
Escrita de textos/função social: bilhetes, convites, cartas, notícias, receitas,
folders, gráfico e tabelas, poesias, músicas.
Alteração do final da história
Continuação de história
Construção de texto individual: reais ou fictícios
Construções de texto a partir de desenhos
Ampliação de história
Criação a partir de imagem
CONTEÚDOS GRAMATICAIS
Alfabeto
Ordem Alfabética
O s quatro tipos de Letras
Vogais e Consoantes
Maiúscula e minúscula
Acentuação
Gênero do substantivo (masculino e feminino )
Número de substantivo ( singular e plural)
Substantivos próprios e comuns
Pontuação
Sinônimo e Antônimo
Onomatopéia
Dificuldades ortográficas: ce, ci, ç, S com som de Z, SS; R inicial, R brando, S
no final, S antes de consoante, H inicial, RR, ge, gi, sons do X, Qu, gu, M antes
P e B, Trocas f/v, t/d, h/ga.
3º ANO
COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO ORAL
Narração de histórias
Comentários a partir de leitura e audição de textos
Relato de experiências
48. 48
Levantamento e síntese das idéias
Comparação de diferentes falas: sotaques, culturas regionais, etc.
Apresentação teatral
Mímica
LEITURA
Desenvolver leitura de outras linguagens: ilustrações, gestos, pinturas,
expressões faciais.
Desenvolver leitura-prazer: obras de literatura infantil, revistas em quadrinhos,
etc
Desenvolver leitura-busca de informações: receitas, classificados, anúncios,
documentos pessoais (certidão, identidade), notícias, manchetes, opinião,
propaganda, bulas, índices e referências.
PRODUÇÃO TEXTUAL
Criação de textos a partir de desenhos e/ou história em quadrinhos.
Compreensão da estrutura do sistema escrito: pontuação, acentuação.
Criação de textos a partir de narrativas orais.
Criação de textos a partir de filmes.
Compreensão da estrutura do sistema escrito: artigos, substantivo.
Desenvolver leitura-pretexto para produções decorrentes da leitura: colagens,
desenhos, dramatizações, produções de novos textos.
Compreensão da estrutura do sistema escrito: adjetivos.
Anotações de informações de textos e experiências realizadas.
Produção de história em quadrinhos
Descrição de gravuras
Compreensão da estrutura do sistema escrito: Utilização de verbos.
4º ANO
COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO ORAL
Comentários espontâneos
levantamento de idéias, personagens e acessórios.
exploração de seqüência de fatos e idéias.
Relação entre o texto lido com outras idéias
Reprodução e recriação oral.
LEITURA
Desenvolver leitura de outras linguagens: desenhos, cartazes, mímicas,
símbolos, sons.
Desenvolver leitura-prazer: literatura infantil, poemas, parlendas, adivinhações,
piadas, histórias em quadrinhos.
Desenvolver leitura-busca de informações: debates, quadrinhas, poesias,
adivinhações, dramatizações.
Desenvolver leitura-busca de informações: almanaques, atlas, enciclopédias,
revistas, jornais.
PRODUÇÃO TEXTUAL
49. 49
Anotações de idéias básicas de textos informativos.
Reestruturação de parágrafos
Dificuldades ortográficas
Percepção das relações gênero e número
Construção de diálogo.
Relatório de experiências e atividades realizadas.
Uso correto de acentuação.
Observação de redundância textual.
Reprodução e recriação de narrativas
Uso correto da pontuação.
Expansão de idéias dos textos produzidos
Utilização de recursos de coesão textual
Produção e diferenciação de fato e hipótese.
Relação entre sujeito e verbo.
5º ANO
COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO ORAL
Distinguir idéia central e secundária
Relacionar causa e efeito
Descobrir o objetivo do emissor
Colocar seu ponto de vista, discordando ou modificando suas idéias, através de
argumentação.
Integrar o que ouve ao contexto pessoal.
Selecionar idéias básicas
Verificar a fidelidade da fonte
Tirar conclusões
Incorporar ao vocabulário ativo, palavras de novo sentido.
Perceber a seqüência de fatos
Integrar o que lê ao contexto pessoal
LEITURA
Desenvolver:
Dicção e articulação correta
Fluência e ritmo
Pontuação e entonação
Valorizar a leitura como instrumento de comunicação e auto-realização.
Utilizar diferentes recursos na identificação do significado de palavras.
Distinção entre ficção e realidade, fato e opinião
Causa e efeito
Análise do objetivo do emissor
PRODUÇÃO TEXTUAL
Escolher vocabulário adequado
Observar a coerência entre as palavras
Usar articulação correta entre as palavras
Usar pontuação adequada
Empregar estruturas variadas.
Utilizar níveis de linguagem adequados.
50. 50
Utilizar-se de criatividade, originalidade e espontaneidade.
Fazer uso de elementos descritivos
Expressar suas experiências, idéias e sentimentos.
Desenvolver automatismo de escrita.
Fazer uso de elementos narrativos
Bilhete, opinião
Utilizar-se de seqüência lógica e síntese.
Utilizar vocabulário adequado, estruturas e níveis de linguagem adequados às
situações.
Fazer uso de elementos dissertativos
Carta, e-mail, notícias
6º ANO
1º BIMESTRE
Fonética:
Letra
Fonema
Dígrafo
Encontros vocálicos: ditongo, hiato, tritongo
Encontro consonantal
Sílaba
Classificação das palavras quanto ao número de sílabas: monossílaba, dissílaba,
trissílaba, polissílaba
Separação das sílabas
Ortografia:
Alfabeto
Emprego das letras maiúsculas
Dificuldades ortográficas
Acentuação
Pontuação
Semântica:
O significado das palavras
Redação:
Narração
Descrição
Leitura:
Gêneros variados
2º BIMESTRE
Fonética:
Acento tônico
Sílaba tônica
Classificação quanto à posição do acento tônico: oxítona, paroxítona,
proparoxítona
Monossílabos tônicos
51. 51
Ortografia:
Acentuação
Pontuação
Morfologia:
Substantivo
Classificação: comum, coletivo, concreto, abstrato
Formação: primitivo, derivado, simples, composto
Flexão do substantivo
Gênero: Biformes
Uniformes: epicenos, comuns de dois gêneros, sobrecomuns
Gênero de alguns substantivos
Gênero e mudança de sentido
Número do substantivo
Formação do plural
Plural dos substantivos simples e compostos
Mudança de número com mudança de sentido
Grau do substantivo: aumentativo, diminutivo
Artigo
Classificação: definido, indefinido
Flexão do artigo
Sintaxe:
Frase: declarativa, exclamativa, interrogativa, imperativa
Estilística:
Emissor e receptor
Código e mensagem
Semântica:
O significado das palavras
Redação:
Descrição
Narração
Leitura:
Gêneros variados
3º BIMESTRE
Ortografia:
Acentuação
Pontuação
Dificuldades ortográficas
Morfologia:
Adjetivo
Formação do adjetivo: primitivo, derivado, simples, composto
Flexão do adjetivo
Gênero
Número
Grau: comparativo, superlativo
Locuções adjetivas
Adjetivos pátrios