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Liturgia na última etapa da História da salvação
A LITURGIA, SALVAÇÃO NA
HISTÓRIA
A segunda etapa da história da salvação supõe o
momento em que esta alcançou seu maior grau como
epifania da presença divina no tempo, o ponto nodal
em que confluem todas as intervenções divinas que
prepararam a vinda de Jesus, e de onde provém os
novos sinais portadores da salvação. Toda a história
da salvação está recapitulada em Cristo (Ef 1,10).
A LITURGIA, SALVAÇÃO NA
HISTÓRIA
A encarnação significa que Deus se uniu para sempre à
história humana e que a salvação, ainda que em sua
realidade plena é meta-histórica e escatológica,
realizar-se-á ainda que no tempo. Cristo no tempo é o
grande sinal que o Reino de Deus chegou
definitivamente (cf. Mc 1,15; Lc 4,21). De Cristo
brota a luz que ilumina e dá sentido a toda a
história humana em relação com a economia da
salvação. Ele é o Senhor da história, o “Pantocrator”
(cf. Ap 1,8; Hb 13,8).
O mistério pascal, “ephápax” da salvação
●Com efeito, a história humana, contemplada à luz da
fé aparece fecundada de acontecimentos que, ocorridos
uma vez, denotam uma intervenção divina para o
futuro. Estes momentos se chamam em linguagem
bíblica, Kairoi – tempos oportunos e favoráveis – e
respondem à economia divina da salvação.
O mistério pascal, “ephápax” da salvação
●Pois bem, os Kairoi estabelecem um linha de
continuidade ao longo de toda história, de maneira
que seu caráter salvífico está presente em todos os
momentos da história da salvação, ainda quando
cada um tenha sua própria incidência. Surge então
uma característica de todos os kairoi, a de ser
irrepetíveis, – de uma vez para sempre
O mistério pascal, “ephápax” da salvação
Porém entre todos os kairoi salvíficos, há um que está
no centro e é o paradigma de todos os demais. É o
kairós de Jesus Cristo e de su mistério pascal,
plenitude da história salvífica. Este kairós é também
ephápax (cf. Rm 6,10; Hb 7,27; 9,1; 9, 28; 10,2; 1Pd 3,
18).
Do acontecimento à sua celebração
Pois bem, se os kairoi são irrepetíveis e desta lei não
escapa tampouco o mistério pascal de Jesus Cristo, de
que maneira a salvação cumprida em Cristo se pode
oferecer e aplicar a cada geração e a cada homem que
veio ao mundo depois dele? A pergunta poderia
formular-se também assim: como o homem é alçado à
corrente salvífica da história, uma vez que esta
alcançou sua plenitude ephápax, de uma vez para
sempre?
Do acontecimento à sua celebração
O Espírito Santo, realizador do acontecimento Cristo
(Mt 1,18; Lc 1,35) e do mistério pascal (Hb 9,14), é
também o que leva a cabo nos homens a adoção filial
pela qual nos tornamos filhos de Deus (Rm 8,15; Gl
4,5-7). Os homens são salvos ao ser introduzidos na
corrente do amor divino que os faz filhos de Deus e
herdeiros com Cristo. Esta é a missão da Igreja na
terceira etapa da história da salvação descrita antes.
Do acontecimento à sua celebração
Pela ação do Espírito Santo, o anúncio do Evangelho, o
batismo e os demais sacramentos, sobretudo a
Eucaristia, se convertem em kairoi na vida de cada
homem que escuta, crê, se converte, é batizado e
recebe o perdão dos pecados e o dom do Espírito, e
persevera no ensinamento dos Apóstolos,a na
Eucaristia, na comunhão e na oração (At 2,38. 41-42).
Do acontecimento à sua celebração
Ao ephápax, característica dos kairoi bíblicos, sucede
agora o hosákis – cada vez que, quantas vezes – das
ações salvíficas da Igreja, em particular dos atos
litúrgicos. Com efeito, esta nova categoria cronológica
está vinculada está vinculada antes de tudo ao kairós
definitivo e escatológico de Jesus Cristo: “Pois
quantas vezes (hosákis) comeis este pão e bebeis deste
cálice, anunciais à morte do Senhor e sua ressurreição
até que ele volte” (1Cor 11,26).
Do acontecimento à sua celebração
A morte do Senhor e sua ressurreição com a doação do
Espírito Santo, ocorrida de uma vez para sempre, se faz
atual para os que aceitam a proclamação do Evangelho
e realizam os gestos e palavras nos quais Jesus Cristo
mandou perpetuar sua oblação até a sua vinda, isto é, o
rito memorial entregue pelo Senhor a sua Igreja.
(SC 47).
Do acontecimento à sua celebração
A liturgia cristã não só recorda os acontecimentos
que nos salvaram, mas os atualiza, os faz presentes.
O mistério pascal de Cristo se celebra, não se
repete; são as celebrações que se repetem; em cada
uma delas tem lugar a efusão do Espírito Santo que
atualiza o único mistério.
O memorial
Tudo o que se disse sobre a atualização do
acontecimento não seria possível sem um elemento que
estabelece uma profunda relação entre o kairós
histórico salvífico, ocorrido uma só vez (ephápax) e
sua celebração quantas vezes se realize esta (hosákis).
Este elemento é o memorial, uma realidade que
estava já presente na Antiga Aliança e foi escolhida
por Jesus na instituição da Eucaristia. Com efeito,
ali está o mandato: “Fazei isto em comemoração
(anamnesis) minha” (1Cor 11, 24-25).
O memorial
O memorial, em seu conceito pleno, é uma
comemoração real e objetiva, não meramente
subjetiva ou ideal, uma re-presentação e atualização
real sob os sinais sacramentais escolhidos pelo
Senhor para colocar o homem em contato com o
acontecimento ocorrido de uma vez para sempre na
cruz, quer dizer, a redenção humana. Portanto, é um
modo de presença, real não meramente virtual, do
que se sucedeu historicamente e agora se nos
comunica de uma maneira eficaz.
O memorial
Os fundamentos do memorial é preciso buscá-los nas
passagens do Antigo Testamento que fazem referência
à Páscoa (cf. Ex 12) e à instituição de outras festas de
Israel (Lv 23; Est 9,28; etc.). O memorial é uma ação
sagrada, um rito, e inclusive um dia festivo em que
o povo se volta para Deus recordando as suas obras,
mas, sobretudo, em que Deus se “se recorda” a seu
modo de seu povo renovando e reiterando as obras
salvíficas.
O memorial
Naturalmente, este recordar-se Deus de seu povo é um
antropomorfismo, mas revela e pôe em manifesto uma
ação divina, ou seja, uma nova presença ou
intervenção eficaz na vida de seu povo. Por parte do
homem, a recordação das obras realizadas por Deus
significa a resposta da fé e a aceitação agradecida
do coração.
O memorial
O memorial aparece sempre na Bíblia como um
sinal que reúne em si o passado e o presente (função
rememorativa e atualizante) e garante a esperança
no futuro (função profética). Através do memorial,
Deus e sua salvação se fazem de novo presentes aqui
e agora, para nós. A liturgia cristã tem no memorial
o grande sinal da presença do Senhor e da
atualização dos mistérios de Cristo por obra do
Espírito (cf. CCE 1103).
O memorial
Com efeito, “quando a Igreja celebra a Eucaristia,
faz memória da da Páscoa de Cristo e esta se faz
presente: o sacrifício que Cristo ofereceu de uma
vez para sempre na cruz, permanece sempre atual”
(Hb 7, 25-27). “Quantas vezes se renova no altar o
sacrifício da cruz, no qual ‘Cristo, nossa Páscoa, foi
imolado’ (1Cor 5,7), se realiza a obra da nossa
redenção (LG 3)” (CCE 1364). A parte central da
oração eucarística se chama precisamente anamnesis
para expressar que se cumpre o mandato institucional
de Jesus e se faz presente e operante seu mistério
pascal.

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EUBIOSOFIA - MEMÓRIAS DA SOCIEDADE TEOSÓFICA BRASILEIRA
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A Liturgia como memorial da salvação

  • 1. Liturgia na última etapa da História da salvação
  • 2. A LITURGIA, SALVAÇÃO NA HISTÓRIA A segunda etapa da história da salvação supõe o momento em que esta alcançou seu maior grau como epifania da presença divina no tempo, o ponto nodal em que confluem todas as intervenções divinas que prepararam a vinda de Jesus, e de onde provém os novos sinais portadores da salvação. Toda a história da salvação está recapitulada em Cristo (Ef 1,10).
  • 3. A LITURGIA, SALVAÇÃO NA HISTÓRIA A encarnação significa que Deus se uniu para sempre à história humana e que a salvação, ainda que em sua realidade plena é meta-histórica e escatológica, realizar-se-á ainda que no tempo. Cristo no tempo é o grande sinal que o Reino de Deus chegou definitivamente (cf. Mc 1,15; Lc 4,21). De Cristo brota a luz que ilumina e dá sentido a toda a história humana em relação com a economia da salvação. Ele é o Senhor da história, o “Pantocrator” (cf. Ap 1,8; Hb 13,8).
  • 4. O mistério pascal, “ephápax” da salvação ●Com efeito, a história humana, contemplada à luz da fé aparece fecundada de acontecimentos que, ocorridos uma vez, denotam uma intervenção divina para o futuro. Estes momentos se chamam em linguagem bíblica, Kairoi – tempos oportunos e favoráveis – e respondem à economia divina da salvação.
  • 5. O mistério pascal, “ephápax” da salvação ●Pois bem, os Kairoi estabelecem um linha de continuidade ao longo de toda história, de maneira que seu caráter salvífico está presente em todos os momentos da história da salvação, ainda quando cada um tenha sua própria incidência. Surge então uma característica de todos os kairoi, a de ser irrepetíveis, – de uma vez para sempre
  • 6. O mistério pascal, “ephápax” da salvação Porém entre todos os kairoi salvíficos, há um que está no centro e é o paradigma de todos os demais. É o kairós de Jesus Cristo e de su mistério pascal, plenitude da história salvífica. Este kairós é também ephápax (cf. Rm 6,10; Hb 7,27; 9,1; 9, 28; 10,2; 1Pd 3, 18).
  • 7. Do acontecimento à sua celebração Pois bem, se os kairoi são irrepetíveis e desta lei não escapa tampouco o mistério pascal de Jesus Cristo, de que maneira a salvação cumprida em Cristo se pode oferecer e aplicar a cada geração e a cada homem que veio ao mundo depois dele? A pergunta poderia formular-se também assim: como o homem é alçado à corrente salvífica da história, uma vez que esta alcançou sua plenitude ephápax, de uma vez para sempre?
  • 8. Do acontecimento à sua celebração O Espírito Santo, realizador do acontecimento Cristo (Mt 1,18; Lc 1,35) e do mistério pascal (Hb 9,14), é também o que leva a cabo nos homens a adoção filial pela qual nos tornamos filhos de Deus (Rm 8,15; Gl 4,5-7). Os homens são salvos ao ser introduzidos na corrente do amor divino que os faz filhos de Deus e herdeiros com Cristo. Esta é a missão da Igreja na terceira etapa da história da salvação descrita antes.
  • 9. Do acontecimento à sua celebração Pela ação do Espírito Santo, o anúncio do Evangelho, o batismo e os demais sacramentos, sobretudo a Eucaristia, se convertem em kairoi na vida de cada homem que escuta, crê, se converte, é batizado e recebe o perdão dos pecados e o dom do Espírito, e persevera no ensinamento dos Apóstolos,a na Eucaristia, na comunhão e na oração (At 2,38. 41-42).
  • 10. Do acontecimento à sua celebração Ao ephápax, característica dos kairoi bíblicos, sucede agora o hosákis – cada vez que, quantas vezes – das ações salvíficas da Igreja, em particular dos atos litúrgicos. Com efeito, esta nova categoria cronológica está vinculada está vinculada antes de tudo ao kairós definitivo e escatológico de Jesus Cristo: “Pois quantas vezes (hosákis) comeis este pão e bebeis deste cálice, anunciais à morte do Senhor e sua ressurreição até que ele volte” (1Cor 11,26).
  • 11. Do acontecimento à sua celebração A morte do Senhor e sua ressurreição com a doação do Espírito Santo, ocorrida de uma vez para sempre, se faz atual para os que aceitam a proclamação do Evangelho e realizam os gestos e palavras nos quais Jesus Cristo mandou perpetuar sua oblação até a sua vinda, isto é, o rito memorial entregue pelo Senhor a sua Igreja. (SC 47).
  • 12. Do acontecimento à sua celebração A liturgia cristã não só recorda os acontecimentos que nos salvaram, mas os atualiza, os faz presentes. O mistério pascal de Cristo se celebra, não se repete; são as celebrações que se repetem; em cada uma delas tem lugar a efusão do Espírito Santo que atualiza o único mistério.
  • 13. O memorial Tudo o que se disse sobre a atualização do acontecimento não seria possível sem um elemento que estabelece uma profunda relação entre o kairós histórico salvífico, ocorrido uma só vez (ephápax) e sua celebração quantas vezes se realize esta (hosákis). Este elemento é o memorial, uma realidade que estava já presente na Antiga Aliança e foi escolhida por Jesus na instituição da Eucaristia. Com efeito, ali está o mandato: “Fazei isto em comemoração (anamnesis) minha” (1Cor 11, 24-25).
  • 14. O memorial O memorial, em seu conceito pleno, é uma comemoração real e objetiva, não meramente subjetiva ou ideal, uma re-presentação e atualização real sob os sinais sacramentais escolhidos pelo Senhor para colocar o homem em contato com o acontecimento ocorrido de uma vez para sempre na cruz, quer dizer, a redenção humana. Portanto, é um modo de presença, real não meramente virtual, do que se sucedeu historicamente e agora se nos comunica de uma maneira eficaz.
  • 15. O memorial Os fundamentos do memorial é preciso buscá-los nas passagens do Antigo Testamento que fazem referência à Páscoa (cf. Ex 12) e à instituição de outras festas de Israel (Lv 23; Est 9,28; etc.). O memorial é uma ação sagrada, um rito, e inclusive um dia festivo em que o povo se volta para Deus recordando as suas obras, mas, sobretudo, em que Deus se “se recorda” a seu modo de seu povo renovando e reiterando as obras salvíficas.
  • 16. O memorial Naturalmente, este recordar-se Deus de seu povo é um antropomorfismo, mas revela e pôe em manifesto uma ação divina, ou seja, uma nova presença ou intervenção eficaz na vida de seu povo. Por parte do homem, a recordação das obras realizadas por Deus significa a resposta da fé e a aceitação agradecida do coração.
  • 17. O memorial O memorial aparece sempre na Bíblia como um sinal que reúne em si o passado e o presente (função rememorativa e atualizante) e garante a esperança no futuro (função profética). Através do memorial, Deus e sua salvação se fazem de novo presentes aqui e agora, para nós. A liturgia cristã tem no memorial o grande sinal da presença do Senhor e da atualização dos mistérios de Cristo por obra do Espírito (cf. CCE 1103).
  • 18. O memorial Com efeito, “quando a Igreja celebra a Eucaristia, faz memória da da Páscoa de Cristo e esta se faz presente: o sacrifício que Cristo ofereceu de uma vez para sempre na cruz, permanece sempre atual” (Hb 7, 25-27). “Quantas vezes se renova no altar o sacrifício da cruz, no qual ‘Cristo, nossa Páscoa, foi imolado’ (1Cor 5,7), se realiza a obra da nossa redenção (LG 3)” (CCE 1364). A parte central da oração eucarística se chama precisamente anamnesis para expressar que se cumpre o mandato institucional de Jesus e se faz presente e operante seu mistério pascal.