A reportagem em quadrinhos A Marcha da Maconha é o relato da experiência de dois jornalistas presentes no evento dae manifestação. A marcha foi proibida, mas houve protestos em prol da democracia. Os repórteres entrevistaram os militantes, além de registrarem os momentos através de fotos. Através desse material, transcriaram a reportagem para os quadrinhos, mostrando que a simbiose entre jornalismo e a nona arte é possível: não se perde o cunho informativo jornalístico, nem a artisticidade dos quadrinhos. Essa junção funcionou como atrativo para leitores, e permitiu uma exploração sensível das personagens e fatos envolvidos nas situações narradas.
Aula Mestrado PPGC/UFPB walter benjamin - 29 abril 2014 - Claudio C Paivaclaudiocpaiva
AULA DO MESTRADO EM COMUNICAÇÃO e CULTURAS MIDIÁTICAS.
TEORIA DA COMUNICAÇÃO E CULTURA MIDIÁTICA - Terça 29/04
Textos de apoio:
- Walter Benjamin e a Imaginação Cibernética
Cláudio Cardoso de Paiva, 1999. In: BOCC - Biblioteca on line de Ciências da Comunicação. http://migre.me/iYCId
- A obra de arte na era de sua reprodutibilidade técnica (1936). In: Walter Benjamin. Obras Escolhidas. vol. 1 [Texto completo em PDF; Disponível em: http://migre.me/iYD12]
No contexto da comunicação midiática e suas mediações socioculturais, a tese traz como proposta central uma análise das representações do jornalista no cinema e das apropriações dessas narrativas por aqueles que desejam seguir a profissão no futuro.
O corpus da pesquisa é constituído por 50 filmes que apresentam jornalistas, sendo que três foram analisados em profundidade, por apresentarem temas recorrentes e criarem traços de mitologia sobre a profissão: A montanha dos sete abutres, Todos os homens do presidente e Intrigas de Estado.
Os parâmetros metodológicos incluem: o levantamento bibliográfico, a análise em profundidade, a exibição de obras, o debate e a aplicação de questionários.
A fundamentação teórica inclui autores como: Brian McNair, Roland Barthes, Cornelius Castoriadis, Raymond Williams e Jesús Martín-Barbero.
Como objetivos específicos, busca-se: 1) realizar um panorama dos Journalism movies e sua evolução, determinando tipos e temas recorrentes; 2) identificar a criação de possíveis mitologias sobre o Jornalismo por meio do cinema; 3) identificar as sintonias e as dissonâncias na forma como as imagens são apropriadas por estudantes de Jornalismo, contribuindo na criação de um imaginário próprio sobre a profissão.
Palavras-chave: 1. Jornalismo. 2. Cinema. 3. Representações midiáticas. 4. Apropriações culturais. 5.Teorias da recepção.
E-book MÍDIA TECNOLOGIA E LINGUAGEM JORNALÍSTICA - Coletivo PPJ/UFPBclaudiocpaiva
Ebook Coletivo do Programa de Pós Graduação em Jornalismo - Mestrado Profissional em Jonalismo (o 1º do Brasil). Centro de Comunicação, Turismo e Artes - UFPB. Organizado por Emilia Barreto; Virgínia Sá Barreto; Sandra Moura; Cláudio Cardoso de Paiva; Thiago Soares. 2014
Da Cultura De Massa à Cibercultura O Caso Do FenôMeno Da Cultura Pop Japonesa...Giovana S. Carlos
Resumo do artigo:
O presente artigo pretende descrever rapidamente diferentes estágios pelos quais a mídia passou com ênfase em processos culturais, principalmente, na participação do público na circulação de conteúdos. Para tanto, num primeiro momento são revistos os conceitos de cultura de massa, cultura das mídias e cibercultura. Em seguida, exemplificam-se esses três estágios através do fenômeno da cultura pop japonesa no Ocidente tendo em perspectiva o engajamento dos fãs.
Palavras-chave: comunicação; cultura; mídia; fã; pop japonês.
*Apresentado no XXXII INTERCOM, em Curitiba/PR, 2009.
A Revista Onis Ciência é voltada para as ciências sociais. Dirigida a professores e investigadores, estudantes de graduação e pós-graduação, a Revista abre espaço para a divulgação de dossiês, artigos, ensaios, resenhas críticas, traduções e entrevistas.
Análise do papel da mulher na poesia de Agostinho Neto (1922-1979) à luz de t...REVISTANJINGAESEPE
Fernandes, F. S. . (2021). Análise do papel da mulher na poesia de Agostinho Neto (1922-1979) à luz de teorias psicanalíticas: Analysis of the role of women in the poetry of Agostinho Neto (1922-1979) in the light of psychoanalytic theories. NJINGA E SEPÉ: Revista Internacional De Culturas, Línguas Africanas E Brasileiras, 1(Especial), 78–92. Recuperado de https://revistas.unilab.edu.br/index.php/njingaesape/article/view/856
Aula Mestrado PPGC/UFPB walter benjamin - 29 abril 2014 - Claudio C Paivaclaudiocpaiva
AULA DO MESTRADO EM COMUNICAÇÃO e CULTURAS MIDIÁTICAS.
TEORIA DA COMUNICAÇÃO E CULTURA MIDIÁTICA - Terça 29/04
Textos de apoio:
- Walter Benjamin e a Imaginação Cibernética
Cláudio Cardoso de Paiva, 1999. In: BOCC - Biblioteca on line de Ciências da Comunicação. http://migre.me/iYCId
- A obra de arte na era de sua reprodutibilidade técnica (1936). In: Walter Benjamin. Obras Escolhidas. vol. 1 [Texto completo em PDF; Disponível em: http://migre.me/iYD12]
No contexto da comunicação midiática e suas mediações socioculturais, a tese traz como proposta central uma análise das representações do jornalista no cinema e das apropriações dessas narrativas por aqueles que desejam seguir a profissão no futuro.
O corpus da pesquisa é constituído por 50 filmes que apresentam jornalistas, sendo que três foram analisados em profundidade, por apresentarem temas recorrentes e criarem traços de mitologia sobre a profissão: A montanha dos sete abutres, Todos os homens do presidente e Intrigas de Estado.
Os parâmetros metodológicos incluem: o levantamento bibliográfico, a análise em profundidade, a exibição de obras, o debate e a aplicação de questionários.
A fundamentação teórica inclui autores como: Brian McNair, Roland Barthes, Cornelius Castoriadis, Raymond Williams e Jesús Martín-Barbero.
Como objetivos específicos, busca-se: 1) realizar um panorama dos Journalism movies e sua evolução, determinando tipos e temas recorrentes; 2) identificar a criação de possíveis mitologias sobre o Jornalismo por meio do cinema; 3) identificar as sintonias e as dissonâncias na forma como as imagens são apropriadas por estudantes de Jornalismo, contribuindo na criação de um imaginário próprio sobre a profissão.
Palavras-chave: 1. Jornalismo. 2. Cinema. 3. Representações midiáticas. 4. Apropriações culturais. 5.Teorias da recepção.
E-book MÍDIA TECNOLOGIA E LINGUAGEM JORNALÍSTICA - Coletivo PPJ/UFPBclaudiocpaiva
Ebook Coletivo do Programa de Pós Graduação em Jornalismo - Mestrado Profissional em Jonalismo (o 1º do Brasil). Centro de Comunicação, Turismo e Artes - UFPB. Organizado por Emilia Barreto; Virgínia Sá Barreto; Sandra Moura; Cláudio Cardoso de Paiva; Thiago Soares. 2014
Da Cultura De Massa à Cibercultura O Caso Do FenôMeno Da Cultura Pop Japonesa...Giovana S. Carlos
Resumo do artigo:
O presente artigo pretende descrever rapidamente diferentes estágios pelos quais a mídia passou com ênfase em processos culturais, principalmente, na participação do público na circulação de conteúdos. Para tanto, num primeiro momento são revistos os conceitos de cultura de massa, cultura das mídias e cibercultura. Em seguida, exemplificam-se esses três estágios através do fenômeno da cultura pop japonesa no Ocidente tendo em perspectiva o engajamento dos fãs.
Palavras-chave: comunicação; cultura; mídia; fã; pop japonês.
*Apresentado no XXXII INTERCOM, em Curitiba/PR, 2009.
A Revista Onis Ciência é voltada para as ciências sociais. Dirigida a professores e investigadores, estudantes de graduação e pós-graduação, a Revista abre espaço para a divulgação de dossiês, artigos, ensaios, resenhas críticas, traduções e entrevistas.
Análise do papel da mulher na poesia de Agostinho Neto (1922-1979) à luz de t...REVISTANJINGAESEPE
Fernandes, F. S. . (2021). Análise do papel da mulher na poesia de Agostinho Neto (1922-1979) à luz de teorias psicanalíticas: Analysis of the role of women in the poetry of Agostinho Neto (1922-1979) in the light of psychoanalytic theories. NJINGA E SEPÉ: Revista Internacional De Culturas, Línguas Africanas E Brasileiras, 1(Especial), 78–92. Recuperado de https://revistas.unilab.edu.br/index.php/njingaesape/article/view/856
As diferenças entre as gerações: a importância de conhecer seu público (Tradi...Mauro de Oliveira
Um dos maiores desafios é conhecer o seu público-alvo. Podemos ter diferentes pessoas em um mesmo grupo e o ideal é conhecer suas principais características. Como funciona a cabeça da Geração X? Como falar com a Geração Y? O Baby Boomer é um potencial consumidor?
Aula de pós-graduação - Centro Universitário Senac
Várias pessoas confundem os termos Redes Sociais com Mídias Sociais, muitas vezes usando-as de forma indistinta. Elas não significam a mesma coisa. O primeiro é uma categoria do último. Nessa apresentação você vai poder ver as diferenças de conceitos, dicas, opiniões e ferramentas do primeiro brasileiro a escrever um livro sobre mídias sociais, em 2005. CEO da Mentes Digitais.
As Características das Gerações: Tradicionalistas, Baby Boomers, X, Y, ZMauro de Oliveira
Conhecer o público alvo com quem pretendemos nos comunicar e interagir é fundamental para o sucesso de qualquer ação. Os diferentes grupos podem ser divididos por vários fatores: cor, raça, gênero, religião, orientação sexual, idade ou habilidades. Uma divisão aceita e estudada por muitos pesquisadores é feita por Gerações, ou seja, de acordo com o ano de nascimento dos indivíduos. Assim, temos cinco grande grupos atualmente como potenciais consumidores.Os veteranos/tradicionalistas, nascidos entre 1922 e 1943; baby boomers, entre 1943 e 1960; Geração X, entre 1960 e 1980; Geração Y, nascidos entre 1980 e 2000 e Geração Z, a mais recente, formada por pessoas nascidas neste século.
Esta apresentação foi realizada no curso de pós-graduação em Treinamento de Força da Escola de Educação Física da USP- Universidade de São Paulo.
Nesta apresentação, são apresentadas as principais características de cada uma delas, seus fatores geradores, o impacto dos eventos sociais, guerras, músicas e consumo sobre cada um deles. O objetivo é compreender como pensam, as principais diferenças e, assim, ter mais sucesso em ações de comunicação para os diferentes profissionais interessados nesses indívíduos.
Mangá O FenôMeno Comunicacional No Brasil Giovana S. CarlosGiovana S. Carlos
Resumo do artigo:
Este trabalho tem como objetivo entender como fenômeno comunicacional o consumo brasileiro de Histórias em Quadrinhos japonesas, conhecidas como Mangás, para saber se é possível caracterizá-las como produto massivo, como em seu país de origem. Atualmente, esse gênero narrativo impresso tem tido uma grande penetração nos países ocidentais, apesar das diferenças culturais. Através da compreensão do que é cultura de massa assim como as características dos quadrinhos japoneses procura-se delinear as condições de consumo desse produto estrangeiro, no Brasil.
Palavras-chave: cultura de massa; história em quadrinhos; mangá.
*Apresentado no X INTERCOM SUL, Blumenau/SC, 2009.
Muito Além do Final Feliz: A Trajetória e a Consolidação da Telenovela como P...Phillipe Xavier
Este artigo visa a analisar a trajetória e a consolidação da telenovela como produto cultural, apresentando um histórico de sua origem desde a Idade Média, período das novelas de cavalaria, passando pelo século XIX, com os folhetins e outras obras literárias, e pelo século XX, quando as histórias, antes restritas à oralidade e à escrita, chegaram ao rádio e, por fim, à televisão. Este trabalho traz ainda reflexões sobre como as telenovelas tornaram-se principal item de exportação de emissoras televisivas da América Latina e como elas influenciam a sociedade.
Apresentação sobre o livro "Escrever e pensar cultura na atualidade", de Fabíola Paes de Almeida Tarapanoff (Curitiba: Appris, 2016).
FIAM-FAAM-Centro Universitário
3 de abril de 2017 - "Semana de Jornalismo"
Interações Lúdicas em Jogos e Brincadeiras mediadas por TIC: Contexto da Pand...Marcel Ayres
Apresentação feita no Grupo de Pesquisa em Interações Sociais, Tecnologias Digitais e Sociedade (GITS-UFBA) em conjunto com a doutoranda em Psicologia, Mariana Matos.
Apresentações de Si e Gerenciamento de Impressões em Lives do InstagramMarcel Ayres
Mapeamento e análise de estratégias de Apresentação de Si (Self-Presentation) e Gerenciamento de Impressões (Impression Management) em Lives realizadas no Instagram durante o distanciamento social no Brasil (devido à pandemia do novo Coronavírus COVID-19).
A apresentação foi realizada por Marcel Ayres e Weidel Cabral no Grupo de Pesquisa em Interações Sociais, Tecnologias Digitais e Sociedade (GITS - UFBA) no dia 3 de Abril de 2020.
Apresentação realizada no 12º encontro da Associação Brasileira de Agências de Publicidade – Bahia (ABAP-BA) no dia 8 de novembro de 2018.
A palestra contou com a participação de Marcel Ayres (Hackel), consultor especialista em estratégia digital e marketing conversacional, e de José Paulo Motta, diretor de negócios da Hi-Platform, maior plataforma de atendimento do Brasil.
O tema foi "Marketing Conversacional e Chatbots", apresentando conceitos, aplicações, cases e tendências desta vertente do Marketing que está em franco crescimento, gerando resultados de vendas, melhorando a experiência entre consumidores e marcas e gerando insights para negócios de diferentes portes e segmentos.
Transformação Digital: oportunidades e desafios no segmento financeiroMarcel Ayres
Palestra apresentada por Marcel Ayres e Ana Carolina Monteiro no Innovation Day, evento organizado pela Desenbahia com foco no compartilhamento de conhecimento entre o mercado e a organização. Nesta palestra, o tema foi a Transformação Digital em negócios do setor financeiro, apontando oportunidades, desafios e cases, tanto de empresas nativas digitais, quanto de empresas que estão trabalhando para digitalizar processos e infraestruturas tradicionais. Para isso, foram abordados temas-chave como Social Media, Business Intelligence, Blockchain, Internet das Coisas, Computação Cognitiva, entre outros tópicos.
Game Thinking - Conceitos e Possibilidades de AplicaçãoMarcel Ayres
Palestra apresentanda no evento Blogando em Salvador no dia 25 de setembro de 2016. A apresentação traz uma breve apresentação do conceito de Game Thinking (Pensamento de Jogo) e como ele pode ser percebido em diferentes atividades cotidianas, tais como conteúdos, campanhas, serviços, produtos, atividades dentro das empresas etc. A apresentação finaliza com alguns jogos corporativos (Gamestorming) para aplicação em dinâmicas dentro de empresas, startups e projetos em equipe, com foco na geração de Ideias e Soluções Criativas para problemas diversos.
Twitter: @MarcelAyres
Instagram: @MarcelAyres
Internet das coisas e mobile marketing limites e possibilidadesMarcel Ayres
Artigo produzido para o livro "Publicidade Digital: formatos e tendências da nova fronteira publicitária" (2010) - Iniciativa do Observatório de Publicidade em Tecnologias Digitais (UFBA) em conjunto com a agência Propeg.
Estratégias para o Posicionamento Profissional nas Mídias SociaisMarcel Ayres
Apresentação realizada no Fórum Youth to Business em Salvador - Outubro/2011. No material, algumas dicas e guidelines para o marketing pessoal nas mídias sociais.
Netnografia e coolhunting: Identificando aspectos comportamentais e tendência...Marcel Ayres
Artigo produzido por Marcel Ayres, Aline Bessa e Danila Dourado para o Ebook Comunicação e Marketing Digitais -
http://www.slideshare.net/ayres86/comunicao-e-marketing-digitais
Ebook sobre a relação das Mídias Sociais com as Eleições de 2010. Projeto organizado e produzido pela PaperCliQ - Comunicação e Estratégia Digital, em parceria com os pesquisadores Ruan Carlos e Nina Santos. Participação de profissionais e acadêmicos de todo o Brasil.
1. Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação
XVI Prêmio Expocom 2009 – Exposição da Pesquisa Experimental em Comunicação
A Marcha da Maconha: Jornalismo em Quadrinhos
Marcelo LIMA1
Hortência NEPOMUCENO2
Marcel AYRES3
José Benjamim PICADO4
UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA
RESUMO
A reportagem em quadrinhos A Marcha da Maconha é o relato da experiência de dois
jornalistas presentes no evento dae manifestação. A marcha foi proibida, mas houve
protestos em prol da democracia. Os repórteres entrevistaram os militantes, além de
registrarem os momentos através de fotos. Através desse material, transcriaram a
reportagem para os quadrinhos, mostrando que a simbiose entre jornalismo e a nona arte é
possível: não se perde o cunho informativo jornalístico, nem a artisticidade dos quadrinhos.
Essa junção funcionou como atrativo para leitores, e permitiu uma exploração sensível das
personagens e fatos envolvidos nas situações narradas.
PALAVRAS-CHAVE: Jornalismo, história em quadrinhos, marcha da maconha,
jornalismo em quadrinhos, jornalismo cultural.
INTRODUÇÃO
A História em Quadrinhos jornalística A Marcha da Maconha foi lançada na sexta
edição da revista Fraude, produto desenvolvido pelo grupo PETCOM – Programa de
Educação Tutorial da Faculdade de Comunicação da UFBA. A Fraude se caracteriza pelas
reportagens de jornalismo cultural, prática de influência cada vez mais esparsa no Brasil.
Segundo Daniel Piza, no livro Jornalismo Cultural (2003):
Depois da geração fin-de-siècle de Machado de Assis e José Veríssimo, os
jornais e as revistas vão dar mais espaço ao crítico profissional e informativo,
que não só analisa as obras importantes e cada lançamento, mas também reflete
sobre a cena literária e cultural. (PIZA, 2003. p. 32).
1
Aluno líder do grupo, graduando do quarto semestre em Comunicação Social – Jornalismo da Universidade Federal da
Bahia, pesquisador do grupo de pesquisa em Cultura e Sexualidade (CuS) do Centro de Estudos Multidisciplinares em
Cultura da Universidade Federal da Bahia (CULT), bolsista PETCOM-UFBA e quadrinista.
marcelocaterpillar@gmail.com
2
Graduando do oitavo semestre em Comunicação Social – Produção em Comunicação e Cultura da
Universidade Federal da Bahia.
3
Graduando do quarto semestre em Comunicação Social – Jornalismo da Universidade Federal da Bahia,
pesquisador do grupo de pesquisa em análise de fotografia (GRAFO) do Programa de Pós-Graduação em
Comunicação e Cultura Contemporânea da Universidade Federal da Bahia (PPGCCC) e bolsista PETCOM-
UFBA. marcel.ayres@gmail.com
4
PhD em Comunicação e Semiótica, pela PUC-SP (1998), desenvolve pesquisas e orientação de
graduação e pós-graduação na Faculdade de Comunicação da Universidade Federal da Bahia, em torno
dos regimes textuais característicos da imagem fotográfica, especialmente no campo do jornalismo e da
retórica publicitária, assim como sobre o universo gráfico das narrativas visuais nos quadrinhos
1
2. Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação
XVI Prêmio Expocom 2009 – Exposição da Pesquisa Experimental em Comunicação
As revistas de jornalismo cultural trazem diversos tipos de textos como crônicas,
resenhas, críticas e também trabalhos artísticos tais quais contos e poesias. Essa diversidade
de gêneros e práticas mostra o quanto arte e informação estão entrelaçadas. Basta recordar
do New Journalism, que se valeu das técnicas do jornalismo literário e “marcou época,
instigou corações e mentes a produzir reportagens de profundidade caracterizadas pelo
intenso mergulho do repórter na realidade” (LIMA, 2003).
Foi considerando a potencialização do jornalismo através do diálogo entre arte e
informação que a equipe Fraude inaugurou em 2008 a editoria Imaginando. As reportagens
presentes nessa editoria possuem linguagem experimental e artística, procurando inovar em
suas abordagens. A inserção de quadrinhos nessa editoria veio da inspiração em obras
consideradas Jornalismo em Quadrinhos, como Maus, Gen – Pés Descalços, Palestina e
Área de Segurança – Gorazde5, Pyongyang - Uma Viagem à Coréia do Norte, dentre outras
obras. Essas obras relatam dramas humanos, através de temas sociais importantes que
aparecem nos noticiários e nos jornais freqüentemente, porém sem o aprofundamento
autobiográfico do relato oferecido por esses artistas. Por essa razão, escolhemos um tema
social de destaque que pouco é aprofundado pelas mídias massivas para, de forma análoga a
Joe Sacco, “dar visibilidade aos árabes invisíveis” (ARBEX, 2004). Ou seja, deixar que os
militantes a favor da legalização da maconha falem sobre suas razões de militância.
OBJETIVO
A reportagem em quadrinhos A Marcha da Maconha tem como principal objetivo
experimentar o uso de narrativas quadrinhísticas na elaboração de reportagens literárias de
caráter descritivo e autoral. Dessa maneira, a proposta da reportagem era de discutir
assuntos relacionados a políticas públicas e mobilizações sociais em torno de temas
polêmicos, como o caso da liberalização da maconha. O quadrinho busca relatar
experiências vividas pelos repórteres durante a marcha realizada na cidade de Salvador e
marcada para acontecer no dia 04 de maio de 2008, em mais de 200 cidades no mundo.
JUSTIFICATIVA
Para produzir o quadrinho jornalístico A Marcha da Maconha, levou-se em conta de
que forma o jornalismo literário se entrelaça com as narrativas quadrinísticas e como
diversos autores contemporâneos utilizam a imagem e o texto para relatar, através de
quadros seqüenciais, temas não ficcionais.
5
Palestina e Área de Segurança – Gorazde são álbuns de Joe Sacco, primeiro autor a considerar suas obras
como jornalismo em quadrinhos.
2
3. Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação
XVI Prêmio Expocom 2009 – Exposição da Pesquisa Experimental em Comunicação
Segundo Barthes, em "Análise estrutural da Narrativa", existem inúmeras maneiras
de se construir uma narrativa:
Inumeráveis são as narrativas do mundo. Há em primeiro lugar uma variedade
prodigiosa de gêneros, distribuídos entre substâncias diferentes, como se toda matéria
fosse boa para que o homem lhe confiasse suas narrativas: a narrativa pode ser
sustentada pela linguagem articulada, oral ou escrita, pela imagem, fixa ou móvel, pelo
gesto ou pela mistura ordenada de todas essas substâncias; está presente no mito, na
lenda (...) na pintura, no vitral, no cinema, nas histórias em quadrinhos, no fait divers, na
conversação. Além disso, sob essas formas quase infinitas, a narrativa está presente em
todos os tempos, em todos os lugares, em todas as sociedades... internacional, trans-
histórica, transcultural, a narrativa está aí, como a vida. (BARTHES, 1972:p.19-20)
No quadrim, está intrínseca a relação de pelo menos duas linguagens – a textual e a
6
icônica . Essa junção simbiótica torna a leitura dos quadrinhos bastante complexa e
constitui uma nova linguagem. Segundo Antonio Lara:
“El proceso mental de la lectura de los tebeos es absolutamente diferente al de la
interpretación de las imágenes, de acuerdo com la naturaleza distinta de ambos
lenguajes. Coinciden los dos, evidentemente, em su calidad comunicativa – característica
esencial de todo lenguaje -, pero difieren en todo lo demás. El languaje literario está
basado em la languaje verbal, y es el resultado de la decantación – con un propósito
artístico – de este languaje verbal, el más usado de los languajes posibles, y también el
más perfecto, el más preciso. El languaje icónico es, por el contrario, muy poco
sistemático, y su riqueza comunicativa es bastante equívoca, porque radica,
principalmente, en mostrar, o sea en presentar la cosa, el objeto o la persona de forma
que exige del lector un esfuerzo de interpretación que dependerá de su carácter, cultura y
capacidad de atención(...)De esta interacción dialéctica resulta un lenguaje nuevo(...)”
(LARA, 1971, p. 15-16)
A linguagem dos quadrinhos se pauta por uma série de técnicas próprias. No livro
Système de la Bande Dessinée (1999), Tierry Groensteen ressalta que o sistema das
histórias em quadrinhos é constituído por unidades compostas por signos visuais que estão
articulados entre si tanto na dimensão espacial quanto na dimensão temporal. A vinheta está
fragmentada e presa ao sistema de proliferação de sentidos com o objetivo de construir um
determinado enunciado. Segundo Scott McCloud, no livro Desvendando os Quadrinhos
(2003), os quadros fragmentam o tempo e o espaço, oferecendo ao leitor um ritmo
recortado de momentos dissociados. O desdobramento das imagens quadrinísticas se dá
através da conclusão, que nos permite conectar as elipses entre os quadros e completar
mentalmente uma realidade contínua e unificada (MCCLOUD, 2005). Outra característica
dos quadrinhos é a presença de balões de fala estruturando o tempo narrativo
(FRESNAULT-DERUELLE, 1972, pp. 30-39), como apropriação de técnicas literárias e,
principalmente, da linguagem cinematográfica (ver CIRNE, 1972, pp. 9-71). Esse conjunto
6
McCloud (2005, p. 27) refere-se a ícone como qualquer imagem que represente uma pessoa, local, coisa ou
idéia.
3
4. Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação
XVI Prêmio Expocom 2009 – Exposição da Pesquisa Experimental em Comunicação
de técnicas criativas aproximam o jornalismo em quadrinhos do conceito de “New
Jounalism”.
No livro “New Journalism – o jornalismo como criação literária” (2003), Edvaldo
Pereira Lima define jornalismo literário, também chamado de literatura da realidade e de
literatura criativa de não ficção, como a incorporação de recursos e técnicas de captação e
redação provenientes da literatura. É um jornalismo narrativo, que busca expressar a
realidade contando histórias centradas nas pessoas que participaram dos acontecimentos.
Segundo Lima, espera-se um narrador que dê voz e estilo na condução do texto.
Apesar de não ser comum na prática jornalística brasileira, o jornalismo literário
ainda é praticado na academia e em alguns livros-reportagem. Hoje, no campo jornalístico ,
existe uma grande influência da televisão que pressiona os meios impressos a participarem
da lógica do fast-thinking, da urgência na divulgação dos conteúdos noticiosos e do furo
jornalístico. (BOURDIEU, 1997). Nesse contexto, o jornalismo literário emerge como uma
forma diferenciada de tratar um tema ou acontecimento, saindo do padrão repetitivo dos
grandes media de massa.
Os quadrinhos, por sua vez, apresentam uma relação antiga com os jornais. Antes
mesmo do uso de fotografias na composição de narrativas jornalíticas, as ilustrações,
caricaturas e tirinhas já faziam parte dos periódicos do final do século XIX e início do
século XX. O jornalismo feito em quadrinhos, surge como uma possibilidade de unir arte e
comunicação em um modelo híbrido e experimental de se reportar uma notícia.
Quando o assunto é jornalismo em quadrinhos, a principal referência é o jornalista
maltês, Joe Sacco. Criador de obras como Palestina: uma nação ocupada, Palestina, na
faixa de Gaza, Gorazde entre outras, seus quadrinhos se caracterizam pela utilização de
uma linguagem literária e descritiva para relatar experiências vividas em campos de guerra.
A arte sequencial de Sacco - narrativa gráfico-visual -, utiliza imagens icônicas para
construir discursos sobre um viés mais pessoal. O tratamento dado aos temas abordados
pelo jornalista-quadrinhista, vão além da estrutura de lead, um padrão comum no campo
jornalístico.
Moacy Cirne, no artigo "Pensando um quadrinho-documentário", irá discorrer sobre
as dificuldades em torno da construção de um "quadrinho-verdade".
“Decerto, há o caso de um quadrinho que se pretende jornalístico, no campo do
quadrinho-reportagem, cujo maior exemplo, hoje, é Joe Sacco. Sem dúvida, uma obra
como Palestina – Uma nação ocupada, por exemplo, deve ser saudada por seus inegáveis
méritos quadrinhísticos e mesmo jornalísticos. O prefácio de José Arbex para a edição
brasileira, neste sentido, é revelador: o que parecia impossível, não o é. De qualquer
maneira, não é uma questão fácil. Muito ao contrário. Há, antes de mais nada, um
4
5. Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação
XVI Prêmio Expocom 2009 – Exposição da Pesquisa Experimental em Comunicação
problema formal. O texto jornalístico aspira à „objetividade‟ – isto é, ao relato isento dos
fatos –, mesmo sabendo, de antemão, que fracassará em seu intento (não existe
„objetividade‟ pura, independente do narrador, já que o sujeito da enunciação do discurso
sempre deixará sua marca: mesmo a demonstração de um teorema matemático,
completamente impessoal, será marcada pelo estilo do matemático”. (Cirne, 2002. p. 09)
Essas dificuldades referenciadas por Cirne, em verdade, contribuem para validar o
relato quadrinhístico. Não prezando pela idealizada objetividade, deixa revelar diferentes
pontos de vista parciais dos fatos narrados. “Cada ângulo visual sobre o mundo implica
uma visão ideológica” (CIRNE, 1971, p.36) e proporciona maior diversidade expressiva.
McCloud, em seu Reinventando os Quadrinhos (2005), fala sobre a importância de incluir
diferentes anseios de minorias sociais nos quadrinhos como uma maneira de fortalecer e
ampliar as possibilidades expressivas da ficção.
Por essa razão foi escolhida a marcha da maconha como tema, por representar um
grupo específico que deseja ter suas questões discutidas pelo poder oficial e é ignorado por
diversos veículos de mídia. Quando se conversam questões relativas à maconha fala-se
muito sobre saúde e violência e pouco sobre a condição dos usuários, que possuem
“técnicas de si” para cuidar de sua saúde7 sem deixar de usufruírem dos prazeres
provenientes das propriedades químicas e físicas da droga e da socialidade permitida pelos
grupos de uso coletivo. Como informa o blog do movimento8, para este ano seu objetivo é:
Criar espaços onde indivíduos e instituições interessadas em debater a questão possam se
articular e dialogar; Estimular reformas nas Leis e Políticas Públicas sobre a maconha e
seus diversos usos; Ajudar a criar contextos sociais, políticos e culturais onde todos os
cidadãos brasileiros possam se manifestar de forma livre e democrática a respeito das
políticas e leis sobre drogas; Exigir formas de elaboração e aplicação dessas políticas e
leis que sejam mais transparente, justas, eficazes e pragmáticas, respeitando a cidadania
e os Direitos Humanos.
A posição do coletivo marcha da maconha inclui tanto usuários quanto não-usuários
da maconha, pois se propõe a discutir a presença da droga na sociedade, que alcança todos
os grupos sociais. Esse debate não pode ser ignorado.
MÉTODOS E TÉCNICAS UTILIZADOS
Os repórteres foram a campo e passaram todo o dia 04 de maio com os militantes.
Antes de se identificarem como jornalistas, caminharam como transeuntes desinteressados,
o que proporcionou que escutassem comentários espontâneos sobre a marcha, feitos por
pessoas que passeavam na praça. Após identificação, foram realizadas entrevistas e tiradas
fotos, para registro que auxiliasse na composição dos personagens pelo artista plástico
7
Ver MACRAE em: http://www.neip.info/downloads/t_edw4.pdf
8
http://www.marchadamaconha.org/
5
6. Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação
XVI Prêmio Expocom 2009 – Exposição da Pesquisa Experimental em Comunicação
gaúcho Fabiano Gummo. A coleta de material, no dia, envolveu ida à Delegacia de Tóxicos
e Entorpecentes, onde os militantes presos ficaram detidos. Ao todo, a atividade durou
cerca de oito horas de caminhada, entrevistas e fotografias.
Antes do dia 04, a equipe de reportagem entrevistou Sérgio Vidal, organizador da
marcha, e entrou em contato com a polícia militar, para saber qual seria sua atuação no dia.
Foram realizadas leituras sobre o evento, no blog oficial dele9 e nos jornais locais A Tarde10
e Correio da Bahia11.
Após a coleta de dados e participação no evento, passou-se à confecção do
argumento e, posteriormente, do roteiro. Na confecção de um roteiro de quadrinhos
embasado em uma reportagem, o jornalista segue “um trajeto banhado de traduções e de
transcriações de uma ou mais linguagens (sonoras e visuais, além da verbal) para a
linguagem jornalística” (GUIRADO, 2004, p.09). Se o jornalismo convencional depende
“essencialmente, da habilidade de elaborar frases e parágrafos e saber a melhor sequência
para eles” (GUIRADO, 2004, p. 09), o jornalismo em quadrinhos depende da diagramação
das páginas, uso de figuras de linguagem, do traço, do trabalho de claro-escuro, da criação
de uma narrativa, dentre outras habilidades. Por isso, em algumas passagens do roteiro se
fez referência a trabalho de autores renomados das HQs, como Will Eisner e Joe Sacco.
Na representação dos personagens militantes foi preocupante fazê-los com alguns
traços estereotipados, mas tentando distanciá-los da imagem marginalizada do usuário de
maconha. Assim, tentamos, ao falar de uma parcela abjeta da sociedade, aproximar este
dilema do resto da sociedade. Seguimos as orientações de Alan Moore, ao falar de um
denominador humano básico. Em seu ensaio Como escrever estórias em quadrinhos
(1988), Moore diz que:
“Se você está lendo isso, há uma boa chance que você seja um ser humano. Há também
uma boa chance que, não importa o quão único e especial você seja ou pense que é,
existem certos mecanismos básicos que você compartilha com membros conservadores
do parlamento inglês, mineradores de Yorkshire, lésbicas radicais e policiais” (1988, p.
10)
Portanto, tentamos universalizar o quanto podíamos os personagens envolvidos na
narrativa, para que não fossem vinculados a um gueto, quando sabemos que indivíduos das
diversas classes sociais fazem uso da maconha.
9
http://www.maconhanaroda.blogspot.com/
10
http://www.atarde.com.br/cidades/noticia.jsf;jsessionid=192CF422990B1BF39DAA55679878FA0D.
jbosstosh1?id=875425 e http://www.atarde.com.br/cidades/noticia.jsf?id=875027
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O jornal Correio da Bahia mudou de nome, recentemente, para Correio*
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Após o término da HQ, ela foi apresentada à equipe da revista Fraude, que indicou
algumas alterações de revisão e, por fim, sofreu os últimos toques da equipe de
diagramação da revista.
DESCRIÇÃO DO PRODUTO
O quadrim jornalístico A Marcha da Maconha possui quatro páginas e centra-se no
conflito entre policiais e militantes no dia 04 de maio de 2008, data em que a marcha em
prol da maconha estava marcada para acontecer em todo mundo.
A primeira página serve para situar os leitores e compor um preâmbulo do conflito a
ser narrado. Inicialmente os autores são apresentados visualmente, reforçando a presença
pessoal do repórter na história. Um texto introdutório apresenta detalhes sobre a marcha em
outras cidades do país, até recortar a história para Salvador. Faltando poucos dias para que
acontecesse, ela foi proibida pela juíza Rosemunda Barreto, nas vésperas do feriado de
primeiro de maio. Ela acatou a liminar vinda do Ministério Público, que vetava a marcha
porque comentários no blog dos organizadores convocava os militantes a levarem drogas
para usar durante a manifestação. Dessa forma, os organizadores da marcha foram pegos
desprevenidos e, devido à ameaça de prisão, não puderam comparecer ao domingo nem
mesmo para reclamar a injustiça cometida. Os quadros da parte inferior da página
reproduzem conversas entre a repórter Hortência Nepomuceno e um dos principais
organizadores, Sérgio Vidal, que a explicou sobre o caráter pacífico da movimentação, onde
não seria permitido fumar maconha ou usar qualquer outro tipo de droga. Por causa da
proibição em cima da hora, ele ficou sem ter como cancelar completamente a Marcha.
Na segunda página temos uma referência ao mestre dos quadrinhos, Will Eisner12. A
página é construída em duas colunas que devem ser lidas de forma vertical, embora haja
possibilidade de lê-las horizontalmente. A coluna da esquerda apresenta os militantes, que
chegaram para fazer uma marcha pela democracia, ao invés de marcha da maconha. Eles se
apoiavam no Art. 5º, Inciso XVI da Constituição, que declara que:
“Todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao público,
independentemente de autorização, desde que não frustrem outra reunião anteriormente
convocada para o mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à autoridade
competente; (CONSTITUIÇÃO, 1988)
A marcha atendia a todas essas medidas, inclusive aviso prévio a polícia. Por isso,
os militantes estavam se sentindo injustiçados e cobravam democracia. Na coluna da
12
Ver a história “Two Lives”, publicada originalmente em 12 de dezembro de 1948. Ela pode ser encontrada
traduzida nos livros: Narrativas Gráficas e Quadrinhos & Arte Sequencial.
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direita, os policiais conversam sobre a ação que tomariam. O diálogo entre eles tenta
mostrar que a força policial estava seguindo ordens opressoras diante de um grupo de
militantes que se organizava pacificamente. Mesmo sem entender bem o por quê das
ordens, estavam dispostos a prender quem fosse necessário para silenciar a manifestação. O
último quadro retrata o início da ação policial.
A terceira página desenvolve o conflito entre polícia e militantes, utilizando-se de
diversos quadros mudos, até o ponto em que um rapaz chamado Helder foi preso e diante
de câmeras fotográficas e de vídeo fez um discurso ardoroso sobre seu papel como
militante. Esse momento foi reproduzido num quadro retangular que ocupa uma boa
extensão do fim da página e divide-se em vários balões de fala, vários discursos do
personagem. É uma maneira de dar voz aos militantes oprimidos.
A última página se concentra em, inicialmente, mostrar a reação dos militantes à
ação policial: cerca de três deles foram levados presos por motivos triviais como o uso de
trajes verdes, mesmo sem clara referência ao símbolo da cannabis. Os policiais colocaram
todos os militantes reunidos contra uma das cercas da Praça Dois de Julho e 'conversaram'
sobre o 'erro' dos que ali estavam. Ao tentar argumentar, um jovem foi levado preso e uma
discussão breve, mas intensa, aconteceu. Nesse momento de tensão, nos apropriamos das
idéias contidas em algumas páginas de Joe Sacco. O autor maltês costuma 'entortar' os
recordatórios e balões de fala em momentos de discussão, alterando o tamanho da fonte do
texto, para representar alterações de volume nas gritarias, e inserindo reticências e
exclamações que funcionam como interrupções de uma fala na outra, através de frases
imperativas. O penúltimo quadro lança uma questão: se o movimento fosse a marcha do
aborto, ela seria proibida? É uma maneira de o militante perguntar o quanto sua atitude é
levada a sério diante de outras questões. O último quadro informa o leitor de que essa não
será a última tentativa de realização da marcha da maconha em Salvador.
CONSIDERAÇÕES
Além de trazer uma abordagem diferente para a editoria Imaginando da revista
Fraude, a produção da reportagem em quadrinhos A Marcha da Maconha possibilitou
discussões por partes dos alunos envolvidos, que se interessam particularmente pela nona
arte tanto teoricamente quanto em sua prática. A criação do roteiro envolveu a busca de
informações teóricas em manuais de roteiros, livros de análise de recursos visuais em
quadrinhos e leitura das obras de jornalismo em quadrinhos citadas neste artigo.
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Os repórteres conseguiram, como discutido acima, dar visibilidade ao movimento da
marcha da maconha. Ao invés de tratar o assunto com a distância da maioria das grandes
mídias soteropolitanas, a revista Fraude se aproximou dos militantes dando-lhes voz e
visibilidade. A aproximação, vale lembrar, é um traço que compõe boa parte das HQs
jornalísticas. Numa discussão que deverá esquentar mais nos próximos anos, a legalização
ou não da maconha, é bom que os jornalistas se posicionem e levem suas opiniões para
confronto na sociedade.
Portanto, os envolvidos consideram que os objetivos esperados pela criação da
reportagem em quadrinhos A Marcha da Maconha foram alcançados: ela trouxe uma
abordagem diferente para a editoria Imaginando, serviu para dar voz a um grupo
minoritário e para colocar os estudantes em contato com esse processo de produção de
reportagem, comprovando que quadrinhos e jornalismo não estão distantes no papel de
transmitir informações de qualidade para o público-leitor.
REFERÊNCIAS BIBLIGRÁFICAS
ARBEX, José. Prefácio de Palestina – Nação Ocupada IN: Palestina – Nação Ocupada. São
Paulo, Editora Conrad, 2004.
BOURDIEU, Pierre. Sobre a televisão. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1997.
CONSTITUIÇÃO, 1988. BRASIL. Art. 5º, Inciso XVI
CIRNE, Moacy. Para ler os quadrinhos. Petropólis, Vozes, 1972.
____________. Pensando um quadrinho-documentário. Trabalho apresentado no NP16 Núcleo
de Pesquisa História em Quadrinhos, XXV Congresso Anual em Ciência da Comunicação,
Salvador/BA, 04 e 05, setembro, 2002. Disponível em:
http://intercom.org.br/papers/nacionais/2002/Congresso2002_Anais/2002_NP16CIRNE.pdf
FRESNAULT-DERUELLE, Pierre. La bande desinée: l’univers et les techniques de quelques
‘comics’ d’expression française. Paris, Hachette, 1972.
GROENSTEEN, Tierry. Système de la Bande Dessinée PUF: Paris Universitaires de France 1999.
GUIRADO, Maria Cecília. Busca e transcriação no processo de reportagem. Trabalho
apresentado ao NP 02 Jornalismo/ seção temática Jornalismo Impresso, do XXVIII Congresso
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10. Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação
XVI Prêmio Expocom 2009 – Exposição da Pesquisa Experimental em Comunicação
Brasileiro de Ciências da Comunicação, Rio de Janeiro/RJ, 05-09, setembro, 2005. Disponível em:
http://reposcom.portcom.intercom.org.br/bitstream/1904/17355/1/R1409-1.pdf
LARA, Antonio. O mundo das histórias em quadrinhos. São Paulo, Editora da USP, 1971.
LIMA, Edvaldo Pereira. New Journalism: a reportagem como criação literária. Rio de Janeiro:
Secretaria Especial de Comunicação Social da Prefeitura do Rio de Janeiro, 2003.
MCCLOUD, Scott. Desvendando os quadrinhos. São Paulo: M. Books, 2005.
MOORE, Alan. Como escrever estórias em quadrinhos. IN: The Comics Journal, v 119-121.
Estados Unidos, 1988.
Tradução disponível em:
http://www.esnips.com/doc/8576ff7b-9934-441c-9ee2-4ec4c3659597/Alan%20Moore%20-
%20Como%20Escrever%20Est%F3rias%20em%20Quadrinhos
________________. Reinventando os quadrinhos. São Paulo, M. Books, 2005.
PIZA, Daniel. Jornalismo Cultural. São Paulo: Editora Contexto, 2003.
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Apêndice
Página Um – Marcha da Maconha
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