Dicas para planejar ações de letramento com foco nos conhecimentos e saberes prévios dos alunos
1.
2. Dica 1: traçar o perfil dos alunos a partir do ponto de vista dos conhecimentos prévios atrelados ao letramento, a fim de
planejarmos ações vinculadas, intimamente, ao que é preciso saber, tomando como base o que já se sabe. Dito de outra
forma, uma das maneiras de se trabalhar com os estudantes do EFI (e não só com eles) é justamente apostar no diálogo e
na escuta como elementos reveladores das situações/práticas sociais da leitura e da escrita já vivenciadas pelos alunos,
com vistas à ampliação do repertório. Vale destacar que muitas crianças contam exclusivamente com a escola como
agência de letramento, já que, em outros contextos, elas não têm oportunidade de participar de situações vinculadas ao ler e
escrever. Esse aspecto, sem dúvida, torna ainda mais urgente a intervenção docente de qualidade!
3. Dica 2: traçar o perfil dos alunos a partir ponto de vista dos saberes sobre o sistema de escrita. Comumente, a
sondagem das hipóteses de escrita (atrelada às fases anunciadas por Emilia Ferreiro – pré-silábica, silábica, silábica-
alfabética e alfabética) é o procedimento utilizado pelos professores. Entendo ser fundamental vincular tais dados aos
apontados na dica 1, a fim de favorecer o investimento em práticas bem planejadas e significativas, que envolvam a turma e
promovam condições favoráveis ao aprendizado.
4. Dica 3: planejar, como uma atividade permanente, momentos para leitura, isto é, o investimento na formação do “leitor
literário” que encontra na literatura maneiras de enxergar, ser e estar no mundo. A aposta em eventos de letramento,
atrelados à leitura literária, contribui imensamente na formação do aluno como um leitor, que tem a possibilidade de “ver e
se ver”, reconhecer - a si e ao outro - na/pela literatura – pelos dilemas, conflitos, aventuras, alegrias e tristezas vividas por
personagens. Olhar o mundo “atravessado” pela literatura é, em última instância, um exercício que favorece o
empoderamento dos sujeitos, pois passam a utilizar a palavra, de forma ajustada e consistente, diante de qualquer situação
de interlocução.
5. Dica 4: apostar no trabalho com gêneros do discurso próprios ao universo infantil. É evidente a importância de
elegermos gêneros que “falem de perto com os alunos”, no sentido de que devem apresentar assuntos e modos de
organização compatíveis ao “fôlego discursivo” e aos interesses das crianças. De modo mais simples, precisamos partir de
situações reais de produção, a fim de que os estudantes possam entender, de modo claro, o quê, para quê e como devem
escrever um determinado texto. Nessa direção, vale a aposta em modalidades organizativas, como a sequência didática,
que permitam traçar um passo a passo para a produção textual.
6. Dica 5: agir com flexibilidade, abrindo espaço para a constante investigação e o (re)planejamento. O “pulo do gato" muitas
vezes está em nós, na arte de fazer o "clic" para a aprendizagem. “Ao ensinar a aprender, precisamos nos reinventar,
aprender, desfazer nós, construir escadas. A sala de aula é palco de transformações. Mas a ciranda da leitura e da escrita
precisa ser valorizada para que liberte o aluno das amarras do iletrismo”. (DOLZ, 2004)