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TEXTO 1
História do seguro no Brasil:
do Século XVI ao Regulamento Murtinho
A previdência e o seguro, alinhando-se entre as mais antigas atividades
econômicas regulamentadas no Brasil, tiveram início ainda no Século XVI, com os
jesuítas, e em especial o Padre José de Anchieta, criador de formas de mutualismo
ligadas à assistência. Sua mais remota regulamentação data do Século XVIII, quando
foram promulgadas as "Regulações da Casa de Seguros de Lisboa", postas em vigor por
alvará de 11 de agosto de 1791, e mantidas até a proclamação da independência em
1822. Com a abertura dos portos brasileiros em 1808, tem início a exploração de
seguros marítimos, através da Companhia de Seguros Boa Fé, sediada na Bahia,
primeira sociedade seguradora a funcionar no país.
Quase tão antiga quanto a operação de seguros no Brasil é sua fiscalização,
iniciada em 1831, com a instituição da Procuradoria de Seguros das Províncias
Imperiais, que atuava com fundamento nas leis portuguesas. Embora o Código
Comercial de 1850 só definisse normas para o setor de seguros marítimos, em meados
do Século XIX inúmeras seguradoras conseguiram aprovar seus estatutos, dando início
à operação de outros ramos de seguros elementares, inclusive o de Vida.
Finalmente, em 1860, surgem as primeiras regulamentações relativas à
obrigatoriedade de apresentação de balanço e outros documentos, além da exigência de
autorização para funcionamento das seguradoras. Em 1895 as empresas estrangeiras
também passam a ser efetivamente supervisionadas, com base em legislação nacional.
Normas e instituições sucederam-se ao longo das décadas, até que, em 1901, é editado o
Regulamento Murtinho ( Decreto 4.270), pelo qual é criado a Superintendência Geral de
Seguros, subordinada ao Ministério da Fazenda, com a missão de estender a fiscalização
a todas as seguradoras que operavam no País.
A intervenção do Estado,
a modulação dos conflitos, e a criação do IRB
Nessa trajetória multissecular da história do seguro no Brasil, é relevante
destacar que a moldura institucional das empresas, o tipo de produtos e o perfil dos
profissionais que têm atuado no setor ao longo do tempo, foram definidos pela
sociedade. A intervenção do Estado normatizador e fiscalizador surge apenas quando o
mercado, já em funcionamento, adquire complexidade e diversidade nos negócios,
passando a requerer um mecanismo de modulação de interesses. Normas que atendendo
aos superiores interesses do País, ditados pela conjuntura histórica, preservem o
funcionamento das instituições do mercado e assegurem o cumprimento das coberturas
contratadas pelos segurados.
Assim foi em 1940, com a efetiva instalação do IRB - Instituto de Resseguros
do Brasil, entidade criada em 1932 num contexto cerradamente estimulado por
aspirações nacionalistas, e destinada a ser instrumento estatal de ordenação econômica.
Tinha como proposta política a proteção do mercado brasileiro contra a presença então
dominadora das companhias estrangeiras, e como desafios operacionais a regulação do
resseguro e o fomento às operações de seguros em geral. Objetivos atingidos, graças
acima de tudo à qualidade e competência dos quadros técnicos formados pelo próprio
IRB, que se tornaria um celeiro de talentos para o mercado.
Com o passar do tempo, entretanto, seu modelo monopolista e centralizador
começou a dar mostras de esgotamento, e de já não atender plenamente às novas
exigências do mercado. Idealizado para ser fundamentalmente uma instituição ocupada
com o resseguro, o IRB vinha ultrapassando os limiites de suas funções originárias.
Paulatinamente ia assumindo um caráter órgão fiscalizador, exorbitando de suas
funções, numa anomalia institucional que feria sua verdadeira missão de resseguradora.
E paradoxalmente, idealizado para estimular o fortalecimento das seguradoras
brasileiras, o IRB acabaria por afrontar os objetivos que haviam orientado sua criação,
chegando a inibir a criatividade e a livre concorrência entre as empresas do
setor.
SUSEP: a reforma de 1985
e o fortalecimento da livre-concorrência
Em 1966, com a edição do Decreto-lei 73, o governo instituiu o Sistema
Nacional de Seguros Privados, criando a SUSEP- Superintendência de Seguros
Privados, órgão controlador e fiscalizador da constituição e funcionamento das
sociedades seguradoras e entidades abertas de previdência privada. Dotada de poderes
para apurar a responsabilidade e apenar corretores de seguros que atuem culposa ou
dolosamente em prejuízo das seguradoras ou do mercado, a SUSEP assume, pela
primeira vez no Brasil, a tutela direta dos interesses dos consumidores de seguros.
O IRB, que até então praticamente exercera funções hegemônicas na definição
dos modos de operação de seguros no Brasil, passa a dividir com a SUSEP algumas
atribuições que, embora distintas nos termos da legislação, por quase duas décadas
acabaram se superpondo em importantes aspectos. Mas a partir de 1985 a SUSEP dá
início a uma fase de profundas transformações, que começavam por sua reorganização
interna, pondo fim à cultura burocratizante e paternalista que até então marcara sua
atuação, e culminavam na definitiva conformação e público reconhecimento de sua
identidade institucional.
Assumindo na plenitude suas funções de reguladora do mercado segurador, a
SUSEP implanta o sistema de audiência pública e aberta a todos os segmentos, para a
formulação de medidas gerais e tomada de decisões. Promove a desregulação gradual da
atividade seguradora, e atendendo a expresso desejo das empresas, que pediam mais
liberdade para suas operações, dá autonomia à criação de produtos. Estimula a formação
de empresas regionais. Modifica os critérios e requisitos para aplicação de reservas
técnicas em ativos mobiliários. Acaba com a exigência de carta-patente para o
funcionamento das seguradoras. E para enfrentar a realidade da inflação que corroía
valores segurados, promove a indexação dos contratos, que passam a ser atualizados
com base na correção monetária.
Estavam criadas as condições de liberdade e realismo contratual, que
possibilitariam o crescimento do mercado num ambiente de justa e desejável
concorrência.
A Constituição de 88, a Carta de Brasília
e o Plano Diretor do Mercado
No processo de discussão da proposta de texto constitucional de 1988, as
empresas seguradoras acabaram por conseguir alguns avanços discretos. Tinham
atuado, na constituinte, de modo pouco articulado e excessivamente cauteloso,
limitando-se quase que ao papel de observadoras, divididas quanto às questões que lhes
eram essenciais, mas assim mesmo o seguro, a capitalização e a previdência privada
haviam adquirido novo status. Nos termos do Art. 21, item VIII da Constituição
Federal, tinham ultrapassado os limites estritos da seguridade e evoluído para o de
investidores institucionais, passando a integrar o sistema financeiro nacional, ao lado
das demais instituições que, desde então, aguardam a regulamentação de suas
atividades, previstas no art.192 da Constituição.
Quatro anos depois, em cerimônia de posse de sua Presidência, a Fenaseg dá
publicidade a uma declaração de princípios norteadores da atividade seguradora, a Carta
de Brasília. Primeira manifestação conjunta e consensual das empresas de seguro,
publicamente apresentada como plataforma de demandas e propostas ao Governo, a
Carta se construía em torno de três princípios: compromisso com a economia de
mercado e a livre competição, responsabilidade econômica e social do setor de seguros
diante dos agentes produtivos e da população brasileira, e opção pela modernidade que
se baseia na experiência do próprio mercado, cuja voz deve ser mais ouvida. Como
propostas de mudanças, a Carta enfatizava a necessidade da ampliação da imagem
pública do seguro, a desregulamentação do setor, a colaboração com o Governo em
assuntos e operacionalização da previdência no Brasil, a desestatização do seguro de
acidente de trabalho, e maior liberdade na operação do seguro-saúde.
Dois meses após a Carta de Brasília, numa ação conjunta do IRB, SUSEP e
Secretaria de Política Econômica, é lançado um Plano Diretor do Sistema de Seguros,
Capitalização e Previdência Complementar. Esse documento reafirmava a importância
da desregulamentação do setor, e apresentava propostas de modernização da atividade
seguradora: política de liberação de tarifas, controle de solvência das empresas, abertura
do setor ao capital estrangeiro, redefinição do papel do corretor, reestruturação do IRB
com a gradual redução do monopólio do resseguro até sua final extinção, retorno do
seguro de acidente de trabalho ao setor privado, e regulamentação de novas
modalidades de seguros, como o de crédito agrícola e crédito à exportação.
Internacionalização do mercado:
os novos tempos
Repercutindo as propostas constantes da Carta de Brasília e do Plano Diretor do
Sistema de Seguros, Capitalização e Previdência Complementar, duas importantes
medidas, de natureza legal e administrativa, marcam a história do seguro no Brasil no
ano de 1996: a liberação da entrada de empresas estrangeiras no mercado, e a quebra do
monopólio ressegurador do IRB. A primeira, consubstanciada num parecer da
Advocacia Geral da União, em resposta a consulta do Ministro da Fazenda sobre a
possibilidade de autorização para o funcionamento de empresa seguradora estrangeira
nos ramos vida/previdência. Decidindo pela inconstitucionalidade da Resolução CNSP
nº 14/86, que impedia que o capital estrangeiro participasse com mais de 50% do capital
ou um terço das ações de seguradora brasileira, o Parecer GO-104 foi o respaldo legal
para que, imediatamente, mais de 20 empresas estrangeiras entrassem no Brasil a partir
de junho de 1996. A segunda medida consta da Emenda nº 13 feita à Constituição
federal, e recebeu declarado acolhimento pelo Governo e apoio da Fenaseg, ao por fim
ao monopólio do resseguro pelo IRB, e ao dar nova redação ao Art. 192, item II do
texto constitucional.
Essa abertura do mercado brasileiro às seguradoras estrangeiras mantém estrita
sintonia com a tendência de globalização dos mercados, que nos últimos anos vem
ocorrendo em escala planetária. Trata-se de um processo que, abrangendo o mundo
inteiro, induz à quebra das barreiras e dos isolamentos geográficos, e ao surgimento de
um novo quadro de relações produtivas, em que o capital a cada dia torna-se menos
político e mais financeiro que nunca. E o Brasil, pelo porte de sua economia, desponta
com irresistível apelo aos capitais globalizados, e tem sabido aproveitar essa vantagem
conjuntural: somente em 1998 o país recebeu mais de U$ 28,7 bilhões em investimentos
estrangeiros diretos.
É relevante destacar que os efeitos da abertura do mercado segurador ao capital
externo foram percebidos já em 1996 e 1997, anos marcos por acentuada movimentação
institucional e inúmeros processos de fusões de seguradoras brasileiras e estrangeiras.
Como conseqüência, a participação dessas empresas no total de prêmios arrecadados no
Brasil, que em 1994 representava apenas 4,16%, sobe para 6,33% em 1996, 17,94% em
1997, e 21,12% no primeiro semestre de 1998.

Fonte: Federação Nacional das Empresas de Seguros Privados e de Capitalização –
FENASEG

TEXTO 2
INÍCIO DA ATIVIDADE SEGURADORA NO BRASIL
A atividade seguradora no Brasil teve início com a abertura dos portos ao comércio
internacional, em 1808. A primeira sociedade de seguros a funcionar no país foi a
"Companhia de Seguros BOA-FÉ", em 24 de fevereiro daquele ano, que tinha por
objetivo operar no seguro marítimo.
Neste período, a atividade seguradora era regulada pelas leis portuguesas. Somente em
1850, com a promulgação do "Código Comercial Brasileiro" (Lei n° 556, de 25 de
junho de 1850) é que o seguro marítimo foi pela primeira vez estudado e regulado em
todos os seus aspectos.
O advento do "Código Comercial Brasileiro" foi de fundamental importância para o
desenvolvimento do seguro no Brasil, incentivando o aparecimento de inúmeras
seguradoras, que passaram a operar não só com o seguro marítimo, expressamente
previsto na legislação, mas, também, com o seguro terrestre. Até mesmo a exploração
do seguro de vida, proibido expressamente pelo Código Comercial, foi autorizada em
1855, sob o fundamento de que o Código Comercial só proibia o seguro de vida quando
feito juntamente com o seguro marítimo. Com a expansão do setor, as empresas de
seguros estrangeiras começaram a se interessar pelo mercado brasileiro, surgindo, por
volta de 1862, as primeiras sucursais de seguradoras sediadas no exterior.
Estas sucursais transferiam para suas matrizes os recursos financeiros obtidos pelos
prêmios cobrados, provocando uma significativa evasão de divisas. Assim, visando
proteger os interesses econômicos do País, foi promulgada, em 5 de setembro de 1895, a
Lei n° 294, dispondo exclusivamente sobre as companhias estrangeiras de seguros de
vida, determinando que suas reservas técnicas fossem constituídas e tivessem seus
recursos aplicados no Brasil, para fazer frente aos riscos aqui assumidos.
Algumas empresas estrangeiras mostraram-se discordantes das disposições contidas no
referido diploma legal e fecharam suas sucursais.
O mercado segurador brasileiro já havia alcançado desenvolvimento satisfatório no final
do século XIX. Concorreram para isso, em primeiro lugar, o Código Comercial,
estabelecendo as regras necessárias sobre seguros maritimos, aplicadas também para os
seguros terrestres e, em segundo lugar, a instalação no Brasil de seguradoras
estrangeiras, com vasta experiência em seguros terrestres.

SURGIMENTO DA PREVIDÊNCIA PRIVADA
O século XIX também foi marcado pelo surgimento da "previdência privada" brasileira,
pode-se dizer que inaugurada em 10 de janeiro de 1835, com a criação do MONGERAL
- Montepio Geral de Economia dos Servidores do Estado -proposto pelo então Ministro
da Justiça, Barão de Sepetiba, que, pela primeira vez, oferecia planos com
características de facultatividade e mutualismo. A Previdência Social só viria a ser
instituída através da Lei n° 4.682 (Lei Elói Chaves), de 24/01/1923.

A CRIAÇÃO DA SUPERINTENDÊNCIA GERAL DE SEGUROS
O Decreto n° 4.270, de 10/12/1901, e seu regulamento anexo, conhecido como
"Regulamento Murtinho", regulamentaram o funcionamento das companhias de seguros
de vida, marítimos e terrestres, nacionais e estrangeiras, já existentes ou que viessem a
se organizar no território nacional. Além de estender as normas de fiscalização a todas
as seguradoras que operavam no País, o Regulamento Murtinho criou a
"Superintendência Geral de Seguros", subordinada diretamente ao Ministério da
Fazenda. Com a criação da Superintendência, foram concentradas, numa única
repartição especializada, todas as questões atinentes à fiscalização de seguros, antes
distribuídas entre diferentes órgãos. Sua jurisdição alcançava todo o território nacional
e, de sua competência, constavam as fiscalizações preventiva, exercida por ocasião do
exame da documentação da sociedade que requeria autorização para funcionar, e
repressiva, sob a forma de inspeção direta, periódica, das sociedades. Posteriormente,
em 12 de dezembro de 1906, através do Decreto n° 5.072, a Superintendência Geral de
Seguros foi substituída por uma Inspetoria de Seguros, também subordinada ao
Ministério da Fazenda.

O CONTRATO DE SEGURO NO CÓDIGO CIVIL BRASILEIRO
Foi em 1º de janeiro de 1916 que se deu o maior avanço de ordem jurídica no campo do
contrato de seguro, ao ser sancionada a Lei n° 3.071, que promulgou o "Código Civil
Brasileiro", com um capítulo específico dedicado ao "contrato de seguro". Os preceitos
formulados pelo Código Civil e pelo Código Comercial passaram a compor, em
conjunto, o que se chama Direito Privado do Seguro. Esses preceitos fixaram os
princípios essenciais do contrato e disciplinaram os direitos e obrigações das partes, de
modo a evitar e dirimir conflitos entre os interessados. Foram esses princípios
fundamentais que garantiram o desenvolvimento da instituição do seguro.

SURGIMENTO DA PRIMEIRA EMPRESA DE CAPITALIZAÇÃO
A primeira empresa de capitalização do Brasil foi fundada em 1929, chamada de "Sul
América Capitalização S.A". Entretanto, somente 3 anos mais tarde, em 10 de março de
1932, é que foi oficializada a autorização para funcionamento das sociedades de
capitalização através do Decreto n° 21.143, posteriormente regulamentado pelo Decreto
n° 22.456, de 10 de fevereiro de 1933, também sob o controle da Inspetoria de Seguros.
O parágrafo único do artigo 1 o do referido Decreto definia: "As únicas sociedades que
poderão usar o nome de "capitalização" serão as que, autorizadas pelo Governo, tiverem
por objetivo oferecer ao público, de acordo com planos aprovados pela Inspetoria de
Seguros, a constituição de um capital minimo perfeitamente determinado em cada plano
e pago em moeda corrente, em um prazo máximo indicado no dito plano, à pessoa que
subscrever ou possuir um titulo, segundo cláusulas e regras aprovadas e mencionadas no
mesmo titulo".

CRIAÇÃO DO DNSPC
Em 28 de junho de 1933, o Decreto n° 22.865 transferiu a "Inspetoria de Seguros" do
Ministério da Fazenda para o Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio. No ano
seguinte, através do Decreto n° 24.782, de 14/07/1934, foi extinta a Inspetoria de
Seguros e criado o Departamento Nacional de Seguros Privados e Capitalização
-DNSPC, também subordinado àquele Ministério.
PRINCÍPIO DE NACIONALIZAÇÃO DO SEGURO
Com a promulgação da Constituição de 1937 (Estado Novo), foi estabelecido o
"Princípio de Nacionalização do Seguro", já preconizado na Constituição de 1934. Em
conseqüência, foi promulgado o Decreto n° 5.901, de 20 de junho de 1940, criando os
seguros obrigatórios para comerciantes, industriais e concessionários de serviços
públicos, pessoas fisicas ou jurídicas, contra os riscos de incêndios e transportes
(ferroviário, rodoviário, aéreo, marítimo, fluvial ou lacustre), nas condições
estabelecidas no mencionado regulamento.

CRIAÇÃO DO INSTITUTO DE RESSEGUROS DO BRASIL - IRB
Nesse mesmo período foi criado, em 1939, o Instituto de Resseguros do Brasil (IRB),
através do Decreto-lei n° 1.186, de 3 de abril de 1939. As so- ciedades seguradoras
ficaram obrigadas, desde então, a ressegurar no IRB as responsabilidades que
excedessem sua capacidade de retenção própria, que, através da retrocessão, passou a
compartilhar o risco com as sociedades seguradoras em operação no Brasil. Com esta
medida, o Governo Federal procurou evitar que grande parte das divisas fosse
consumida com a remessa, para o exterior, de importâncias vultosas relativas a prêmios
de resseguros em companhias estrangeiras.
É importante reconhecer o saldo positivo da atuação do IRB, propiciando a criação
efetiva e a consolidação de um mercado segurador nacional, ou seja,
preponderantemente ocupado por empresas nacionais, sendo que as empresas com
participação estrangeira deixaram de se comportar como meras agências de captação de
seguros para suas respectivas matrizes, sendo induzidas a se organizar como empresas
brasileiras, constituindo e aplicando suas reservas no País.
O IRB adotou, desde o início de suas operações, duas providências eficazes visando
criar condições de competitividade para o aparecimento e o desenvolvimento de
seguradoras de capital brasileiro: o estabelecimento de baixos limites de retenção e a
criação do chamado excedente único. Através da adoção de baixos limites de retenção e
do mecanismo do excedente único, empresas pouco capitalizadas e menos
instrumentadas tecnicamente -como era o caso das empresas de capital nacional
-passaram a ter condições de concorrer com as seguradoras estrangeiras, uma vez que
tinham assegurada a automaticidade da cobertura de resseguro.

CRIAÇÃO DA SUSEP
Em 1966, através do Decreto-lei n° 73, de 21 de 'novembro de 1966, foram reguladas
todas as operações de seguros e resseguros e instituído o Sistema Nacional de Seguros
Privados, constituído pelo Conselho Nacional de Seguros Privados (CNSP);
Superintendência de Seguros Privados (SUSEP); Instituto de Resseguros do Brasil
(IRB); sociedades autorizadas a operar em seguros privados; e corretores habilitados.
O Departamento Nacional de Seguros Privados e Capitalização - DNSPC -foi
substituído pela Superintendência de Seguros Privados - SUSEP -entidade autárquica,
dotada de personalidade jurídica de Direito Público, com autonomia administrativa e
financeira, jurisdicionada ao Ministério da Indústria e do Comércio até 1979, quando
passou a estar vinculada ao Ministério da Fazenda.
Em 28 de fevereiro de 1967, o Decreto n° 22.456/33, que regulamentava as operações
das sociedades de capitalização, foi revogado pelo Decreto-lei n° 261, passando a
atividade de capitalização a subordinar-se, também, a numerosos dispositivos do
Decreto-lei n° 73/66. Adicionalmente, foi instituído o Sistema Nacional de
Capitalização, constituído pelo CNSP, SUSEP e pelas sociedades autorizadas a operar
em capitalização.
Fonte: Anuário Estatístico da SUSEP 1997

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História do seguro no Brasil: do Século XVI ao Regulamento Murtinho

  • 1. TEXTO 1 História do seguro no Brasil: do Século XVI ao Regulamento Murtinho A previdência e o seguro, alinhando-se entre as mais antigas atividades econômicas regulamentadas no Brasil, tiveram início ainda no Século XVI, com os jesuítas, e em especial o Padre José de Anchieta, criador de formas de mutualismo ligadas à assistência. Sua mais remota regulamentação data do Século XVIII, quando foram promulgadas as "Regulações da Casa de Seguros de Lisboa", postas em vigor por alvará de 11 de agosto de 1791, e mantidas até a proclamação da independência em 1822. Com a abertura dos portos brasileiros em 1808, tem início a exploração de seguros marítimos, através da Companhia de Seguros Boa Fé, sediada na Bahia, primeira sociedade seguradora a funcionar no país. Quase tão antiga quanto a operação de seguros no Brasil é sua fiscalização, iniciada em 1831, com a instituição da Procuradoria de Seguros das Províncias Imperiais, que atuava com fundamento nas leis portuguesas. Embora o Código Comercial de 1850 só definisse normas para o setor de seguros marítimos, em meados do Século XIX inúmeras seguradoras conseguiram aprovar seus estatutos, dando início à operação de outros ramos de seguros elementares, inclusive o de Vida. Finalmente, em 1860, surgem as primeiras regulamentações relativas à obrigatoriedade de apresentação de balanço e outros documentos, além da exigência de autorização para funcionamento das seguradoras. Em 1895 as empresas estrangeiras também passam a ser efetivamente supervisionadas, com base em legislação nacional. Normas e instituições sucederam-se ao longo das décadas, até que, em 1901, é editado o Regulamento Murtinho ( Decreto 4.270), pelo qual é criado a Superintendência Geral de Seguros, subordinada ao Ministério da Fazenda, com a missão de estender a fiscalização a todas as seguradoras que operavam no País. A intervenção do Estado, a modulação dos conflitos, e a criação do IRB Nessa trajetória multissecular da história do seguro no Brasil, é relevante destacar que a moldura institucional das empresas, o tipo de produtos e o perfil dos profissionais que têm atuado no setor ao longo do tempo, foram definidos pela sociedade. A intervenção do Estado normatizador e fiscalizador surge apenas quando o mercado, já em funcionamento, adquire complexidade e diversidade nos negócios, passando a requerer um mecanismo de modulação de interesses. Normas que atendendo aos superiores interesses do País, ditados pela conjuntura histórica, preservem o funcionamento das instituições do mercado e assegurem o cumprimento das coberturas contratadas pelos segurados. Assim foi em 1940, com a efetiva instalação do IRB - Instituto de Resseguros do Brasil, entidade criada em 1932 num contexto cerradamente estimulado por aspirações nacionalistas, e destinada a ser instrumento estatal de ordenação econômica.
  • 2. Tinha como proposta política a proteção do mercado brasileiro contra a presença então dominadora das companhias estrangeiras, e como desafios operacionais a regulação do resseguro e o fomento às operações de seguros em geral. Objetivos atingidos, graças acima de tudo à qualidade e competência dos quadros técnicos formados pelo próprio IRB, que se tornaria um celeiro de talentos para o mercado. Com o passar do tempo, entretanto, seu modelo monopolista e centralizador começou a dar mostras de esgotamento, e de já não atender plenamente às novas exigências do mercado. Idealizado para ser fundamentalmente uma instituição ocupada com o resseguro, o IRB vinha ultrapassando os limiites de suas funções originárias. Paulatinamente ia assumindo um caráter órgão fiscalizador, exorbitando de suas funções, numa anomalia institucional que feria sua verdadeira missão de resseguradora. E paradoxalmente, idealizado para estimular o fortalecimento das seguradoras brasileiras, o IRB acabaria por afrontar os objetivos que haviam orientado sua criação, chegando a inibir a criatividade e a livre concorrência entre as empresas do setor. SUSEP: a reforma de 1985 e o fortalecimento da livre-concorrência Em 1966, com a edição do Decreto-lei 73, o governo instituiu o Sistema Nacional de Seguros Privados, criando a SUSEP- Superintendência de Seguros Privados, órgão controlador e fiscalizador da constituição e funcionamento das sociedades seguradoras e entidades abertas de previdência privada. Dotada de poderes para apurar a responsabilidade e apenar corretores de seguros que atuem culposa ou dolosamente em prejuízo das seguradoras ou do mercado, a SUSEP assume, pela primeira vez no Brasil, a tutela direta dos interesses dos consumidores de seguros. O IRB, que até então praticamente exercera funções hegemônicas na definição dos modos de operação de seguros no Brasil, passa a dividir com a SUSEP algumas atribuições que, embora distintas nos termos da legislação, por quase duas décadas acabaram se superpondo em importantes aspectos. Mas a partir de 1985 a SUSEP dá início a uma fase de profundas transformações, que começavam por sua reorganização interna, pondo fim à cultura burocratizante e paternalista que até então marcara sua atuação, e culminavam na definitiva conformação e público reconhecimento de sua identidade institucional. Assumindo na plenitude suas funções de reguladora do mercado segurador, a SUSEP implanta o sistema de audiência pública e aberta a todos os segmentos, para a formulação de medidas gerais e tomada de decisões. Promove a desregulação gradual da atividade seguradora, e atendendo a expresso desejo das empresas, que pediam mais liberdade para suas operações, dá autonomia à criação de produtos. Estimula a formação de empresas regionais. Modifica os critérios e requisitos para aplicação de reservas técnicas em ativos mobiliários. Acaba com a exigência de carta-patente para o funcionamento das seguradoras. E para enfrentar a realidade da inflação que corroía valores segurados, promove a indexação dos contratos, que passam a ser atualizados com base na correção monetária.
  • 3. Estavam criadas as condições de liberdade e realismo contratual, que possibilitariam o crescimento do mercado num ambiente de justa e desejável concorrência. A Constituição de 88, a Carta de Brasília e o Plano Diretor do Mercado No processo de discussão da proposta de texto constitucional de 1988, as empresas seguradoras acabaram por conseguir alguns avanços discretos. Tinham atuado, na constituinte, de modo pouco articulado e excessivamente cauteloso, limitando-se quase que ao papel de observadoras, divididas quanto às questões que lhes eram essenciais, mas assim mesmo o seguro, a capitalização e a previdência privada haviam adquirido novo status. Nos termos do Art. 21, item VIII da Constituição Federal, tinham ultrapassado os limites estritos da seguridade e evoluído para o de investidores institucionais, passando a integrar o sistema financeiro nacional, ao lado das demais instituições que, desde então, aguardam a regulamentação de suas atividades, previstas no art.192 da Constituição. Quatro anos depois, em cerimônia de posse de sua Presidência, a Fenaseg dá publicidade a uma declaração de princípios norteadores da atividade seguradora, a Carta de Brasília. Primeira manifestação conjunta e consensual das empresas de seguro, publicamente apresentada como plataforma de demandas e propostas ao Governo, a Carta se construía em torno de três princípios: compromisso com a economia de mercado e a livre competição, responsabilidade econômica e social do setor de seguros diante dos agentes produtivos e da população brasileira, e opção pela modernidade que se baseia na experiência do próprio mercado, cuja voz deve ser mais ouvida. Como propostas de mudanças, a Carta enfatizava a necessidade da ampliação da imagem pública do seguro, a desregulamentação do setor, a colaboração com o Governo em assuntos e operacionalização da previdência no Brasil, a desestatização do seguro de acidente de trabalho, e maior liberdade na operação do seguro-saúde. Dois meses após a Carta de Brasília, numa ação conjunta do IRB, SUSEP e Secretaria de Política Econômica, é lançado um Plano Diretor do Sistema de Seguros, Capitalização e Previdência Complementar. Esse documento reafirmava a importância da desregulamentação do setor, e apresentava propostas de modernização da atividade seguradora: política de liberação de tarifas, controle de solvência das empresas, abertura do setor ao capital estrangeiro, redefinição do papel do corretor, reestruturação do IRB com a gradual redução do monopólio do resseguro até sua final extinção, retorno do seguro de acidente de trabalho ao setor privado, e regulamentação de novas modalidades de seguros, como o de crédito agrícola e crédito à exportação. Internacionalização do mercado: os novos tempos Repercutindo as propostas constantes da Carta de Brasília e do Plano Diretor do Sistema de Seguros, Capitalização e Previdência Complementar, duas importantes medidas, de natureza legal e administrativa, marcam a história do seguro no Brasil no ano de 1996: a liberação da entrada de empresas estrangeiras no mercado, e a quebra do
  • 4. monopólio ressegurador do IRB. A primeira, consubstanciada num parecer da Advocacia Geral da União, em resposta a consulta do Ministro da Fazenda sobre a possibilidade de autorização para o funcionamento de empresa seguradora estrangeira nos ramos vida/previdência. Decidindo pela inconstitucionalidade da Resolução CNSP nº 14/86, que impedia que o capital estrangeiro participasse com mais de 50% do capital ou um terço das ações de seguradora brasileira, o Parecer GO-104 foi o respaldo legal para que, imediatamente, mais de 20 empresas estrangeiras entrassem no Brasil a partir de junho de 1996. A segunda medida consta da Emenda nº 13 feita à Constituição federal, e recebeu declarado acolhimento pelo Governo e apoio da Fenaseg, ao por fim ao monopólio do resseguro pelo IRB, e ao dar nova redação ao Art. 192, item II do texto constitucional. Essa abertura do mercado brasileiro às seguradoras estrangeiras mantém estrita sintonia com a tendência de globalização dos mercados, que nos últimos anos vem ocorrendo em escala planetária. Trata-se de um processo que, abrangendo o mundo inteiro, induz à quebra das barreiras e dos isolamentos geográficos, e ao surgimento de um novo quadro de relações produtivas, em que o capital a cada dia torna-se menos político e mais financeiro que nunca. E o Brasil, pelo porte de sua economia, desponta com irresistível apelo aos capitais globalizados, e tem sabido aproveitar essa vantagem conjuntural: somente em 1998 o país recebeu mais de U$ 28,7 bilhões em investimentos estrangeiros diretos. É relevante destacar que os efeitos da abertura do mercado segurador ao capital externo foram percebidos já em 1996 e 1997, anos marcos por acentuada movimentação institucional e inúmeros processos de fusões de seguradoras brasileiras e estrangeiras. Como conseqüência, a participação dessas empresas no total de prêmios arrecadados no Brasil, que em 1994 representava apenas 4,16%, sobe para 6,33% em 1996, 17,94% em 1997, e 21,12% no primeiro semestre de 1998. Fonte: Federação Nacional das Empresas de Seguros Privados e de Capitalização – FENASEG TEXTO 2 INÍCIO DA ATIVIDADE SEGURADORA NO BRASIL A atividade seguradora no Brasil teve início com a abertura dos portos ao comércio internacional, em 1808. A primeira sociedade de seguros a funcionar no país foi a "Companhia de Seguros BOA-FÉ", em 24 de fevereiro daquele ano, que tinha por objetivo operar no seguro marítimo. Neste período, a atividade seguradora era regulada pelas leis portuguesas. Somente em 1850, com a promulgação do "Código Comercial Brasileiro" (Lei n° 556, de 25 de junho de 1850) é que o seguro marítimo foi pela primeira vez estudado e regulado em todos os seus aspectos.
  • 5. O advento do "Código Comercial Brasileiro" foi de fundamental importância para o desenvolvimento do seguro no Brasil, incentivando o aparecimento de inúmeras seguradoras, que passaram a operar não só com o seguro marítimo, expressamente previsto na legislação, mas, também, com o seguro terrestre. Até mesmo a exploração do seguro de vida, proibido expressamente pelo Código Comercial, foi autorizada em 1855, sob o fundamento de que o Código Comercial só proibia o seguro de vida quando feito juntamente com o seguro marítimo. Com a expansão do setor, as empresas de seguros estrangeiras começaram a se interessar pelo mercado brasileiro, surgindo, por volta de 1862, as primeiras sucursais de seguradoras sediadas no exterior. Estas sucursais transferiam para suas matrizes os recursos financeiros obtidos pelos prêmios cobrados, provocando uma significativa evasão de divisas. Assim, visando proteger os interesses econômicos do País, foi promulgada, em 5 de setembro de 1895, a Lei n° 294, dispondo exclusivamente sobre as companhias estrangeiras de seguros de vida, determinando que suas reservas técnicas fossem constituídas e tivessem seus recursos aplicados no Brasil, para fazer frente aos riscos aqui assumidos. Algumas empresas estrangeiras mostraram-se discordantes das disposições contidas no referido diploma legal e fecharam suas sucursais. O mercado segurador brasileiro já havia alcançado desenvolvimento satisfatório no final do século XIX. Concorreram para isso, em primeiro lugar, o Código Comercial, estabelecendo as regras necessárias sobre seguros maritimos, aplicadas também para os seguros terrestres e, em segundo lugar, a instalação no Brasil de seguradoras estrangeiras, com vasta experiência em seguros terrestres. SURGIMENTO DA PREVIDÊNCIA PRIVADA O século XIX também foi marcado pelo surgimento da "previdência privada" brasileira, pode-se dizer que inaugurada em 10 de janeiro de 1835, com a criação do MONGERAL - Montepio Geral de Economia dos Servidores do Estado -proposto pelo então Ministro da Justiça, Barão de Sepetiba, que, pela primeira vez, oferecia planos com características de facultatividade e mutualismo. A Previdência Social só viria a ser instituída através da Lei n° 4.682 (Lei Elói Chaves), de 24/01/1923. A CRIAÇÃO DA SUPERINTENDÊNCIA GERAL DE SEGUROS O Decreto n° 4.270, de 10/12/1901, e seu regulamento anexo, conhecido como "Regulamento Murtinho", regulamentaram o funcionamento das companhias de seguros de vida, marítimos e terrestres, nacionais e estrangeiras, já existentes ou que viessem a se organizar no território nacional. Além de estender as normas de fiscalização a todas as seguradoras que operavam no País, o Regulamento Murtinho criou a "Superintendência Geral de Seguros", subordinada diretamente ao Ministério da Fazenda. Com a criação da Superintendência, foram concentradas, numa única repartição especializada, todas as questões atinentes à fiscalização de seguros, antes
  • 6. distribuídas entre diferentes órgãos. Sua jurisdição alcançava todo o território nacional e, de sua competência, constavam as fiscalizações preventiva, exercida por ocasião do exame da documentação da sociedade que requeria autorização para funcionar, e repressiva, sob a forma de inspeção direta, periódica, das sociedades. Posteriormente, em 12 de dezembro de 1906, através do Decreto n° 5.072, a Superintendência Geral de Seguros foi substituída por uma Inspetoria de Seguros, também subordinada ao Ministério da Fazenda. O CONTRATO DE SEGURO NO CÓDIGO CIVIL BRASILEIRO Foi em 1º de janeiro de 1916 que se deu o maior avanço de ordem jurídica no campo do contrato de seguro, ao ser sancionada a Lei n° 3.071, que promulgou o "Código Civil Brasileiro", com um capítulo específico dedicado ao "contrato de seguro". Os preceitos formulados pelo Código Civil e pelo Código Comercial passaram a compor, em conjunto, o que se chama Direito Privado do Seguro. Esses preceitos fixaram os princípios essenciais do contrato e disciplinaram os direitos e obrigações das partes, de modo a evitar e dirimir conflitos entre os interessados. Foram esses princípios fundamentais que garantiram o desenvolvimento da instituição do seguro. SURGIMENTO DA PRIMEIRA EMPRESA DE CAPITALIZAÇÃO A primeira empresa de capitalização do Brasil foi fundada em 1929, chamada de "Sul América Capitalização S.A". Entretanto, somente 3 anos mais tarde, em 10 de março de 1932, é que foi oficializada a autorização para funcionamento das sociedades de capitalização através do Decreto n° 21.143, posteriormente regulamentado pelo Decreto n° 22.456, de 10 de fevereiro de 1933, também sob o controle da Inspetoria de Seguros. O parágrafo único do artigo 1 o do referido Decreto definia: "As únicas sociedades que poderão usar o nome de "capitalização" serão as que, autorizadas pelo Governo, tiverem por objetivo oferecer ao público, de acordo com planos aprovados pela Inspetoria de Seguros, a constituição de um capital minimo perfeitamente determinado em cada plano e pago em moeda corrente, em um prazo máximo indicado no dito plano, à pessoa que subscrever ou possuir um titulo, segundo cláusulas e regras aprovadas e mencionadas no mesmo titulo". CRIAÇÃO DO DNSPC Em 28 de junho de 1933, o Decreto n° 22.865 transferiu a "Inspetoria de Seguros" do Ministério da Fazenda para o Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio. No ano seguinte, através do Decreto n° 24.782, de 14/07/1934, foi extinta a Inspetoria de Seguros e criado o Departamento Nacional de Seguros Privados e Capitalização -DNSPC, também subordinado àquele Ministério.
  • 7. PRINCÍPIO DE NACIONALIZAÇÃO DO SEGURO Com a promulgação da Constituição de 1937 (Estado Novo), foi estabelecido o "Princípio de Nacionalização do Seguro", já preconizado na Constituição de 1934. Em conseqüência, foi promulgado o Decreto n° 5.901, de 20 de junho de 1940, criando os seguros obrigatórios para comerciantes, industriais e concessionários de serviços públicos, pessoas fisicas ou jurídicas, contra os riscos de incêndios e transportes (ferroviário, rodoviário, aéreo, marítimo, fluvial ou lacustre), nas condições estabelecidas no mencionado regulamento. CRIAÇÃO DO INSTITUTO DE RESSEGUROS DO BRASIL - IRB Nesse mesmo período foi criado, em 1939, o Instituto de Resseguros do Brasil (IRB), através do Decreto-lei n° 1.186, de 3 de abril de 1939. As so- ciedades seguradoras ficaram obrigadas, desde então, a ressegurar no IRB as responsabilidades que excedessem sua capacidade de retenção própria, que, através da retrocessão, passou a compartilhar o risco com as sociedades seguradoras em operação no Brasil. Com esta medida, o Governo Federal procurou evitar que grande parte das divisas fosse consumida com a remessa, para o exterior, de importâncias vultosas relativas a prêmios de resseguros em companhias estrangeiras. É importante reconhecer o saldo positivo da atuação do IRB, propiciando a criação efetiva e a consolidação de um mercado segurador nacional, ou seja, preponderantemente ocupado por empresas nacionais, sendo que as empresas com participação estrangeira deixaram de se comportar como meras agências de captação de seguros para suas respectivas matrizes, sendo induzidas a se organizar como empresas brasileiras, constituindo e aplicando suas reservas no País. O IRB adotou, desde o início de suas operações, duas providências eficazes visando criar condições de competitividade para o aparecimento e o desenvolvimento de seguradoras de capital brasileiro: o estabelecimento de baixos limites de retenção e a criação do chamado excedente único. Através da adoção de baixos limites de retenção e do mecanismo do excedente único, empresas pouco capitalizadas e menos instrumentadas tecnicamente -como era o caso das empresas de capital nacional -passaram a ter condições de concorrer com as seguradoras estrangeiras, uma vez que tinham assegurada a automaticidade da cobertura de resseguro. CRIAÇÃO DA SUSEP Em 1966, através do Decreto-lei n° 73, de 21 de 'novembro de 1966, foram reguladas todas as operações de seguros e resseguros e instituído o Sistema Nacional de Seguros Privados, constituído pelo Conselho Nacional de Seguros Privados (CNSP); Superintendência de Seguros Privados (SUSEP); Instituto de Resseguros do Brasil (IRB); sociedades autorizadas a operar em seguros privados; e corretores habilitados.
  • 8. O Departamento Nacional de Seguros Privados e Capitalização - DNSPC -foi substituído pela Superintendência de Seguros Privados - SUSEP -entidade autárquica, dotada de personalidade jurídica de Direito Público, com autonomia administrativa e financeira, jurisdicionada ao Ministério da Indústria e do Comércio até 1979, quando passou a estar vinculada ao Ministério da Fazenda. Em 28 de fevereiro de 1967, o Decreto n° 22.456/33, que regulamentava as operações das sociedades de capitalização, foi revogado pelo Decreto-lei n° 261, passando a atividade de capitalização a subordinar-se, também, a numerosos dispositivos do Decreto-lei n° 73/66. Adicionalmente, foi instituído o Sistema Nacional de Capitalização, constituído pelo CNSP, SUSEP e pelas sociedades autorizadas a operar em capitalização. Fonte: Anuário Estatístico da SUSEP 1997