Considere a seguinte situação fictícia: Durante uma reunião de equipe em uma...
Futebol: muito mais que um esporte
1. Observatório da Alteridade Convida Marcos Maurício Alves da Silva Futebol: muito mais que um esporte. Para Armando Nogueira que fez do futebol poesia.
2.
3.
4.
5.
6.
7.
8.
9.
10.
11. Armando Nogueira, futebol e eu, coitada (Clarice Lispector) (…) Já então era tarde demais para eu resolver, mesmo com esforço, não ser de nenhum partido: eu tinha me dado toda ao Botafogo, inclusive dado a ele a minha ignorância apaixonada pelo futebol. Digo “ignorância apaixonada” porque sinto que eu poderia vir um dia apaixonadamente a entender de futebol. Mas futebol parece-se com balé? O futebol tem uma beleza própria dos movimentos que não precisa de comparações. (30 de março de 1968) A crônica nossa de cada dia Dize-me quem escalas e te direi quem és . José Roberto Torero
12. Sexo e futebol Luis Fernando Ver í ssimo No que se parecem sexo e futebol? No futebol, como no sexo, as pessoas suam ao mesmo tempo, avan ç am e recuam, quase sempre vão pelo meio, mas tamb é m caem para um lado ou para o outro e, à s vezes, h á um deslocamento. Nos dois é important í ssimo ter jogo de cintura. No sexo, como no futebol, muitas vezes acontece um cotovelo no olho sem querer, ou um desentendimento que acaba em expulsão. A í um vai para o chuveiro mais cedo. Dizem que a ú nica diferen ç a entre uma festa de amasso e a cobran ç a de um escanteio é que na grande á rea não tem m ú sica, porque o agarramento é o mesmo... E no escanteio tamb é m tem gente que fica quase sem roupa. Tamb é m dizem que uma das diferen ç as entre o futebol e o sexo é a diferen ç a entre camiseta e camisinha. Mas a camisinha, como a camiseta, tamb é m não distingue; ela tanto pode vestir um craque como um med í ocre. No sexo, como no futebol, você amacia no peito, bota no colo, tem cadência e tem de ter uma explica ç ão pronta na sa í da para o caso de não dar certo. No futebol, como no sexo, tem gente que se benze antes de entrar e sempre sai ofegante. No sexo, como no futebol, tem o feijão com arroz, mas tamb é m tem o requintado, a firula e o lance de efeito. No sexo tamb é m tem gente que vai direto no calcanhar. E tanto no sexo quanto no futebol, o som que mais se ouve é aquele "uuu". No fim, sexo e futebol s ó são diferentes mesmo, em duas coisas. No futebol não se pode usar as mãos. E o sexo, gra ç as a Deus, não é organizado pela CBF. In: COELHO, Eduardo. Donos da Bola. Rio de Janeiro: L í ngua Geral. 2006:102
13.
14. Copa do Mundo de 70 Carlos Drummond de Andrade (…) De repente o Brasil ficou unido contente de existir, trocando a morte o ódio, a pobreza, a doença, o atraso triste por um momento puro de grandeza e afirmação no esporte. Vencer com honra e graça com beleza e humildade e ser maduro e merecer a vida, ato de criação, ato de amor. A Zagallo, zagal prudente, e a seus homens de campo e bastidor fica devendo a minha gente este minuto de felicidade. (20 maio 1970)
15.
16.
17.
18. Goleiro (Eu vou lhe avisar) Jorge Ben Jor Eu vou lhe avisar Goleiro não pode falhar Não pode ficar com fome Na hora de jogar Senão, um frango aqui, um frango ali, Um frango acolá. Que outros cantores falam de futebol? O futebol é visto pelo lado mais eufórico ou disfórico?
19.
20.
21.
22.
23.
24. Los generales y el fútbol. Eduardo Galeano E fica a pergunta: Futebol e política só se unem em ditaduras?
25.
26.
27.
28.
29.
Notas do Editor
Falar que vamos apresentar uma parte do que logo pode vir a ser uma Oficina na qual discutiremos todos os temas aqui tratados de maneira mais profundizada.
Futebol. Essa é a definição do dicionário, mas não é verdadeira porque o futebol não é só um jogo, é muito mais. Futebol é uma alegria triste que está além de qualquer explicação. Por isso hoje não vamos explicar o futebol (coisa como já dissemos é impossível de fazê-lo). Vamos sim, ver como essa manifestação cultural-artística e porque não também, esportiva, surge em diferentes meios; porque os 90 minutos de partida são apenas o início de muito mais.
Viram que no tempo que temos teremos uma pequena amostra. Alguns tópicos pouco pretensiosos, né? Como numa partida nem tiudo acabará aqui. O que está em Mesa redonda entrará neste trabalho que lhes dizia. Uma possível oficina.
Falar da época da faculdade. Do trabalho na Sul América. No ponto 2 falar do MSN com a Andreia e do filme “O ano em que meus pais saíram de férias”. Da viagem à Buenos Aires e do tiozinho na feira do Parque Ridavadia (“ustedes vienen quí a buscar algo de fútbol lo llevan a Brasil y después nos joden” )
Miller traz o futebol em 1894. Morador do Brás. Faz o primeiro jogo nas ruas do gasômetro depois no lugar onde hoje está a ROTA na Tiradentes. Era um jogo, no Brasil, para a burguesia. Só se populariza depois.
Falar dos muitos craques que fizeram a história do futebol brasileiro e dos muitos pernas de pau. Sandro Goiano, Galeano, etc.
Parafraseando Vinícius. Falar que Miller não era um jogador dos ingleses que gostavam do futebol técnica e sim muito mais do futebol drible, arte. Talvez por isso até hoje possamos ter times como o do Santos hoje. (Uma das exceções no mundo é o caso do Braça – um capítulo a parte)
Nessa época o Lima Barreto criou a Liga contra o futebol.
Explicar a teoria do Passolini que diz que futebol europeu se aproxima mais a um romance, onde o conjunto é fundamental, no qual o enredo está bem traçado a ordem não pode mudar muito. O futebol latinoamericano estaria mais próximo a poesia pois em alguns momentos o inesperado acontece, uma frase muda todo o enredo. Claro que todo jogo tem seu momento de prosa e que em qualquer um pode aparecer um momento poético, mas que no geral a estrutura no futebol europeu é sempre a mesma. Na segunda parte falar da importância do narrador. Tanto em uma novela como num jogo (o radinho de pilhas) Sobre Pelé. Contar a história dele num jogo contra o Vasco quando o Vasco ganhava de 2 a 0 e um zaqgueiro chegou para ele e disse: Onde está o Rei? Alguém viu o rei por aí? O Pelé fez 2 gols empatou o jogo, no final pegou a bola e levou pro zagueiro e disse fala pra sua mãe que foi o rei quem mandou. Sobre o Garrincha no dia que ele dribla meio time fica frente e frente pro goleiro e não chuta pro gol depois o técnico pergunta porque demorou tanto e ele diz que o goleiro não queria abrir as pernas. "Campeonatinho mixuruco, nem tem segundo turno!" - Garrincha durante a comemoração da conquista da Copa do Mundo em 58. O Barbosa e a pena de mais de 30 anos. E Dáda com sua frases fantásticas.: Não venham com problemática que eu tenho a solucionática." - Dadá Maravilha (
Falar de outros grandes cronistas do futebol como? Mario Filho, Jose Lins do Rego e Nelson Rodrigues
Lembrar do Rappa (Eu quero ver gol) / Skank (É uma partida de futebol) /
Na Copa de 34 a mídia era incentivada pelos militares a usarem o vocabulário bélico ao narrar e comentar os jogos. Lembrar que o Lima Barreto odiava futebol e não queria ver essa linguagem de guerra nos jornais, jogando irmão contra irmão.
Não. Em 2002 por exemplo os jogadores depois de mais de 24 horas de viagem tiveram que ir ver o FHC. Lembram do Vampeta dando cambalhotas na esplanada? E o Lula também sempre tem a sua frase futebolística pra qualquer momento.
Alguém vê na hora do Globo Esporte alguma reportagem sobre política, trânsito, etc? Não!!! Mas no meio de praticante todos os jornais há uma parte dedicada ao futebol, ou seja, mesmo quem não se interessa pelo assunto sabe o nome de vários jogadores sabe que time está na frente, etc.