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07/02/2014 - 00:00

Novo time em campo
Por Sérgio Rizzo

(/sites/default/files/gn/14/02/foto07cul-401-capa-d4.jpg)Carlos Alb erto
Torres, capitão da seleção de 1970, a do Brasil tricampeão, ergue a Taça Jules Rimet: só depois de ganhar essa Copa
o futeb ol entrou na universidade, nota Juca Kfouri

"O que o esporte empresta à alma humana é o amor à luta, ao batalhar, mas nunca as qualidades intelectuais
que são precisas a um general, já não direi grande, mas razoáv el. (...) O mal do esporte está mesmo nisto,
como mostrou Spencer; e é por isso que eu o combato, de todos os modos e feitios. Não posso admitir nem
conceber que o fim da civ ilização seja a guerra. Se assim fosse, ela não teria significação. O fim da civ ilização
é a paz, a concórdia, a harmonia entre os homens; e é para isso que os grandes corações de sábios, de santos,
de artistas têm trabalhado."
O sev ero (e ranzinza) julgamento acima foi escrito em 1 921 por um de nossos principais escritores, Afonso
Henriques de Lima Barreto (1 881 -1 922). Autor de um romance-chav e para a discussão da identidade
nacional, "Triste Fim de Policarpo Quaresma", sátira protagonizada por um patriota que defendia a adoção do
tupi como idioma oficial, Lima Barreto retrucav a, no artigo do qual foi retirado esse trecho, argumentos
defendidos pelo filósofo inglês Herbert Spencer (1 820-1 903), para quem a ativ idade esportiv a era
considerada "útil e indispensáv el como cultiv o intelectual" e "uma preparação para a guerra".
Onde se menciona ativ idade esportiv a, no tex to de Barreto, leia-se futebol - ou, como ainda se grafav a e se
dizia naquela época, "football". Ele começav a a se enraizar na sociedade brasileira. Temos ali um dos
primeiros ex emplos da relação - às v ezes tensa, como se percebe, às v ezes mais amistosa e triunfalista - entre
a literatura brasileira e o esporte que se consagraria não apenas como o mais popular no país, mas também
como um dos elementos definidores da identidade nacional. A intensa div isão de opiniões - que ainda se
mantém aquecida, a poucos meses do ev ento - em relação à Copa do Mundo no Brasil sugere que essa tensão
persistirá, tal como alguns escritores brasileiros se empenharam em representá-la.
O que Lima Barreto pensav a, nesse aspecto, continua tremendamente atual. "Ele considerav a que o futebol
consumia v erbas estatais que dev eriam ser utilizadas para outras coisas", observ a Andrea Hossne,
professora do Departamento de Teoria Literária e Literatura Comparada da Faculdade de Filosofia, Letras e
Ciências Humanas da Univ ersidade de São Paulo e autora da tese de doutorado "A Angústia da Forma e o
Bov arismo: Lima Barreto, Romancista". "Diabo! Uma alimentação sadia, uma habitação higiênica, um bom
clima agem tão eficazmente sobre o nosso organismo como umas marradas ou uns pontapés dominicais,
debaix o de um sol ardente - não acham?", dizia ele em uma crônica. Em outro artigo, o alv o são as
autoridades e todos os que pensam como elas em relação ao apoio estatal: "Para gente desse calibre, a
grandeza de um país não se mede pelo desenv olv imento das artes, da ciência e das letras. O padrão do seu
progresso é o grosseiro 'football' e o x adrez de ociosos ricos ou profissionais".
"Questões fundamentais para Lima Barreto permeiam sua v isão acerca do esporte e do futebol, tais como sua
crítica à política no Brasil, às div isões que lev am a antagonismos e priv ilégios tanto de classe quanto raciais,
sua preocupação com v iolência e conflito", diz Andrea. "Ele cita Spencer, mas é digno de nota que tenha lido
e encontre afinidades mais com as ideias de [Peter] Kropotkin do que de [Charles] Darwin. Enquanto este
falav a da seleção natural baseada na competição, na maior ou menor aptidão para a sobrev iv ência, aquele
tratav a da solidariedade entre indiv íduos e espécies como estratégia para a sobrev iv ência, em especial na
obra 'Mutual Aid', lida em francês por Lima Barreto, que se desdobra também numa v isão política, afinada
com o anarquismo."
É compreensív el, portanto, que tenham chamado a atenção do escritor "muito mais os aspectos de dissenso
e conflito (quando não delito) presentes no futebol no Brasil dentro e fora do campo - aspectos inegáv eis, e
que se perpetuam quando não se ex ponenciam, a ponto de se necessitar a interv enção policial e se proceder
à contagem de mortos e feridos após partidas, com banimento de torcidas organizadas, fenômenos como os
"hooligans" etc. - do que os aspectos positiv os do esporte". Em parte, resume Andrea, "sua crítica ao futebol é
também sua v isão crítica e ácida do país e da nossa v ida em sociedade". "Penso que talv ez ele tenha
identificado uma v isão de classe, nos primórdios do futebol no Brasil, que em tudo se opunha à sua v isão, de
quem se situav a à margem, e ao seu projeto ético-estético."
Ela v ê "prox imidades" entre algumas críticas de Lima Barreto, "o interessantíssimo trabalho de Nelson de
Oliv eira e Liv ia Garcia-Roza em seus contos" (respectiv amente, "Gol" e "O Espelhinho") e a "linguagem algo
preciosista e heroicizante de muitos locutores e comentaristas esportiv os, sobretudo de futebol". Algo que
tem a v er com o esporte, analisa Andrea, como espécie de "sucedâneo possív el na ex periência passional e
cotidiana do ânimo épico, de grandes conquistas e feitos, em disputas que ex igem habilidades específicas,
não raro algum tipo de ex cepcionalidade, com inimigos muito bem demarcados, diferentemente do que o dia
a dia nos apresenta". Mas, por outro lado, algo que talv ez "transcenda o esporte em si como ativ idade,
alcançando uma dimensão da ex pressão, tanto no gesto como na linguagem".

(/sites/default/files/gn/14/02/foto07cul-402-capa-d4.jpg)Campeões em
1958, Pelé ab raça Gylmar: "Qualquer jogador b rasileiro, quando se desamarra de suas inib ições e se põe em estado
de graça, é algo de único em matéria de improvisação, de invenção", escreveu Nelson Rodrigues

O escritor Luiz Ruffato, que organizou a recém-publicada coletânea "Entre as Quatro Linhas - Contos sobre
Futebol", atribui a demora com que o futebol entrou no "horizonte de interesse" dos escritores brasileiros à
ideia equiv ocada de que ele seria "pouco literalizáv el". "Não é v erdade. Ele tem todos os componentes
dramáticos. Com raras ex ceções, os escritores é que não gostav am de futebol. Não v iam como algo que
pudessse ser transformado em literatura. O aumento recente na produção, segundo Ruffato, estaria
associado ao fato de que "há uma nov a geração de escritores que conv iv e com estratos sociais que gostam de
futebol", bem como a uma presença mais forte desse esporte na classe média.
"Entre as Quatro Linhas" foi publicado na Alemanha e lançado durante a homenagem ao Brasil realizada na
Feira de Frankfurt, em 201 3. "Foi um interesse pragmático", ex plica Ruffato, lembrando também a
prox imidade da Copa do Mundo. "Queria um liv ro só com inéditos." Os conv ites respeitaram dois pontos que,
para ele, eram fundamentais: o equilíbrio entre homens e mulheres, "para quebrar com o imaginário
machista" de que o futebol atrai apenas os primeiros, e a reunião de autores de div ersas regiões do país, "para
quebrar o paradigma do eix o Rio-São Paulo". Dos 1 5 autores, 9 são homens, entre eles Fernando Bonassi e
Cristov ão Tezza. Eliane Brum e Adriana Lisboa estão no elenco feminino.
Para o jornalista Juca Kfouri, o que se manifesta até o fim dos anos 1 960 é "uma maneira preconceituosa de a
nossa 'intelligentsia' olhar para o futebol" e, em razão disso, uma bibliografia "paupérrima, seja na ficção ou
na não ficção". Entre os pouquíssimos trabalhos que ele destaca nas décadas que se estendem até o
tricampeonato mundial do Brasil, incluem-se "O Negro no Futebol Brasileiro", de Mário Filho; "Negro,
Macumba e Futebol", de Anatol Rosenfeld; e "O Sol e o V erde", de Sergio Ortiz Porto, "um médico gaúcho que
escrev eu uma história, leitura da minha juv entude, sobre um garoto pobre que faz carreira no futebol".
"Pouquíssima coisa", resume.
A partir dos anos 1 97 0, contudo, Kfouri v ê "a entrada do futebol na univ ersidade", por meio de disciplinas de
sociologia do esporte e da crescente produção de dissertações e teses. Com isso, teria v indo uma
transformação no status que o futebol passou a desfrutar no cenário da cultura. "Não há clube que não tenha
um bom liv ro. 'Estrela Solitária' [de Ruy Castro, sobre Garrincha] abriu caminho para as biografias. Mais
recentemente, há uma trilogia notáv el: 'V eneno Remédio' (José Miguel Wisnik], 'A Dança dos Deuses' [Hilário
Franco Júnior] e 'O Futebol como Linguagem - Da Mitologia à Psicanálise', de um psiquiatra de Ribeirão Preto
[Dav id Azoubel Neto] que foi professor do Sócrates [ex -jogador do Corinthians e da seleção brasileira] e
v iv eu com os índios, uma figura interessantíssima."
Um observ ador estrangeiro - autor do liv ro que Kfouri considera um dos mais importantes para a
compreensão do fenômeno do futebol no Brasil - talv ez possa emprestar um olhar mais isento para o debate
que se traduz, em parte, na produção literária. "Para mim, ex iste uma tensão na psique brasileira entre
sentimentos de superioridade, na linha do 'temos as melhores mulheres, o melhor futebol, música, natureza
etc. do mundo', e sentimentos de inferioridade, por causa da história da colonização e da posição geográfica",
afirma o inglês Alex Bellos, autor de "Futebol - O Brasil em Campo" (2002), premiado no Reino Unido, com o
prestigiado National Book Award de melhor liv ro sobre esportes do ano. "A 'alma brasileira' é uma disputa
entre esses dois ex tremos", acredita ele (leia entrev ista na página 1 1 ).
Para o escritor Sérgio Rodrigues, autor do romance "O Drible", que trata de uma relação conflituosa entre pai
(um jornalista esportiv o do Rio) e filho a partir de inúmeras referências a jogadores, partidas e equipes, "o
melhor que nossa literatura fez por nosso futebol ainda está na não ficção, na fronteira do jornalismo com a
arte, nas crônicas de Nelson Rodrigues e Paulo Mendes Campos e em liv ros como 'O Negro no Futebol
Brasileiro', de Mário Filho, e 'Anatomia de uma Derrota', de Paulo Perdigão". Na criação ficcional, diz, "o
quadro está mudando, mas por muito tempo o futebol, aquilo que ele tem de melhor e mais apaix onante,
parece ter tido um efeito paradox al sobre os escritores: o de tornar mais tímida a fantasia, a fabulação".
Uma saída clássica diante disso, na análise de Rodrigues, foi a de "encenar num cenário futebolístico um
drama social ou político em que a bola era secundária". Ele lembra o caso do romance "Água-Mãe", de José
Lins do Rego, e da peça teatral "Chapetuba Futebol Clube", de Oduv aldo V ianna Filho. "Outra estratégia foi
fechar o foco no drama pessoal de um jogador ou aspirante, retratando a promessa de glória do futebol como
engodo, pelo lado do fracasso." Os ex emplos seriam alguns "contos ex celentes" como "Abril, no Rio, em
1 97 0", de Rubem Fonseca, e "No Último Minuto", de Sérgio Sant'Anna (autor também da nov ela "Páginas sem
Glória"). "Talv ez seja essa dificuldade ou recusa em encarar o jogo na sua grandeza e não apenas na sua
miséria que tenha lev ado à ideia tão difundida, mas a meu v er errada, de que nossa literatura é perna de pau
quando trata de futebol."
Na gênese de "O Drible", o futebol v eio antes do conflito entre pai e filho. "A primeira semente do romance foi
um conto que escrev i há 1 8 anos e na última hora decidi deix ar fora do meu primeiro liv ro, 'O Homem Que
Matou o Escritor' [2000], por achar que poderia desenv olv ê-lo melhor. Àquela altura eu imaginav a que a
(/sites/default/files/gn/14/02/foto07cul-403-capa-d4.jpg)Dunga e a taça do
mundo em 1994: foi na poesia e, sob retudo, na crônica que o futeb ol ganhou "linhas e páginas à altura da importância
que essa modalidade esportiva adquiriu em nosso país", diz professor da Unesp

coisa talv ez rendesse um conto longo, no máx imo uma nov ela, não um romance." Chamav a-se "Peralv o" e
contav a a história de um jogador do V asco da Gama nos anos 60.
Dizia-se que Peralv o "tinha poderes sobrenaturais e poderia ter sido maior que Pelé se não tiv esse a carreira
abortada em circunstâncias trágicas, justamente na partida em que enfrentou pela primeira v ez o craque do
Santos". Rodrigues observ a que, curiosamente, o conto - que tinha cerca de dez páginas - está inteiro dentro
de "O Drible", praticamente sem alterações. "Mas o drama de família em que essa história se insere e também
a moldura futebolística mais ampla, meio histórica e meio mítica, v ieram bem depois, aos poucos, e deram
um trabalho danado." Resumindo, segundo ele: "Peralv o" foi inspiração e o resto, transpiração.
"A despeito de o futebol ser um tema central da cultura brasileira a partir do início do século XX, sua relação
com a literatura se dá aos soluços, de modo muito intermitente", observ a José Carlos Marques, professor do
Departamento de Ciências Humanas da Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação da Univ ersidade
Estadual Paulista (Unesp/Bauru). "Temos aqui algo contrário do que ocorre, por ex emplo, no casamento
entre o futebol e a música brasileira. Não há grandes romances, de autores consagrados ou reconhecidos do
grande público, que tenham incluído o futebol como tema central ou secundário em sua trama narrativ a.
Aliás, no gênero narrativ o, o futebol compareceu de modo mais significativ o em contos e nov elas."
Marques acredita que foi na poesia e, sobretudo, na crônica jornalística que o futebol ganhou "linhas e
páginas à altura da importância que essa modalidade esportiv a adquiriu em nosso país". Autor do liv ro "O
Futebol em Nelson Rodrigues" e líder do Grupo de Estudos em Comunicação Esportiv a e Futebol da Unesp,
ele considera que nas páginas dos jornais se construiu "uma tradição muito brasileira de se comentar e de se
reconstruir o futebol de maneira subjetiv a e, por v ezes, ficcional". O campo é v asto, frisa, mas "é preciso citar
os seminais Mário Filho e Nelson Rodrigues, o ultrarromântico Armando Nogueira, o pontual Paulo Mendes
Campos e o prov ocador Sérgio Porto, por meio de seu 'personagem' Stanislaw Ponte Preta".
Hoje, Marques destaca o trabalho de José Roberto Torero e Xico Sá, "que v êm dando v italidade à crônica
esportiv a por meio da construção literária de seus tex tos - seja pelo caráter ficcional, seja pela riqueza da
composição linguística". Na poesia, João Cabral de Melo Neto e Carlos Drummond de Andrade, que
"escrev eram poemas antológicos sobre o futebol". O próprio Drummond, em suas crônicas, "incluiu inúmeras
v ezes o futebol como tema de discussão e quase sempre de maneira brilhante". Por último, ele faz questão de
citar "a obra despretensiosa de Luiz Schwarcz, o conto infantil 'Minha V ida de Goleiro'", que serv iu de
inspiração para o filme "O Ano em Que Meus Pais Saíram de Férias", de Cao Hamburger.
De maio a julho, cobrindo todo o período de realização da Copa, o Museu da Língua Portuguesa, em São
Paulo, promov erá a ex posição "O Futebol na Ponta da Língua". Obras de Nelson Rodrigues, Luis Fernando
V erissimo e Oswald de Andrade serão presenças já garantidas no elenco, de acordo com o diretor do museu,
Antonio Carlos Sartini. "Estamos desenv olv endo o projeto, mas esses três escritores estarão certamente
entre os representantes da literatura que fala de futebol."
Sob curadoria de Clara Azev edo, que foi diretora do Museu do Futebol, a ex posição ocupará div ersos
espaços do Museu da Língua, não apenas a sala das mostras temporárias. "Queremos que ela mantenha um
diálogo com a nossa ex posição permanente, que inclui, por ex emplo, um filme rodado especialmente para o
museu e narrado por Pelé, sobre o futebol e a língua como elos da nossa identidade cultural", afirma Sartini.
Estão prev istas parcerias com o Museu do Futebol e com o Salão de Humor de Piracicaba para cessão de
material de seus respectiv os acerv os. Entre os "div ersos aspectos dessa brincadeira" (as relações entre a
língua e o futebol) que o museu planeja reunir, Sartini destaca "termos usados comumente hoje que
nasceram no futebol", muitas v ezes criados por radialistas e locutores de TV . Trechos de transmissões
brasileiras v ão mostrar as diferenças regionais no uso do português. "Por meio de uma parceria com a RTP
[Rádio e Telev isão de Portugal], queremos trazer também narrações de partidas feitas em Portugal, Angola e
Moçambique", diz.
Veja tam bém : Prim eiro tem po (http://www.v alor.com .br/u/3422334) e Segundo tem po
(http://www.v alor.com .br/u/3422328)

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  • 2. autoridades e todos os que pensam como elas em relação ao apoio estatal: "Para gente desse calibre, a grandeza de um país não se mede pelo desenv olv imento das artes, da ciência e das letras. O padrão do seu progresso é o grosseiro 'football' e o x adrez de ociosos ricos ou profissionais". "Questões fundamentais para Lima Barreto permeiam sua v isão acerca do esporte e do futebol, tais como sua crítica à política no Brasil, às div isões que lev am a antagonismos e priv ilégios tanto de classe quanto raciais, sua preocupação com v iolência e conflito", diz Andrea. "Ele cita Spencer, mas é digno de nota que tenha lido e encontre afinidades mais com as ideias de [Peter] Kropotkin do que de [Charles] Darwin. Enquanto este falav a da seleção natural baseada na competição, na maior ou menor aptidão para a sobrev iv ência, aquele tratav a da solidariedade entre indiv íduos e espécies como estratégia para a sobrev iv ência, em especial na obra 'Mutual Aid', lida em francês por Lima Barreto, que se desdobra também numa v isão política, afinada com o anarquismo." É compreensív el, portanto, que tenham chamado a atenção do escritor "muito mais os aspectos de dissenso e conflito (quando não delito) presentes no futebol no Brasil dentro e fora do campo - aspectos inegáv eis, e que se perpetuam quando não se ex ponenciam, a ponto de se necessitar a interv enção policial e se proceder à contagem de mortos e feridos após partidas, com banimento de torcidas organizadas, fenômenos como os "hooligans" etc. - do que os aspectos positiv os do esporte". Em parte, resume Andrea, "sua crítica ao futebol é também sua v isão crítica e ácida do país e da nossa v ida em sociedade". "Penso que talv ez ele tenha identificado uma v isão de classe, nos primórdios do futebol no Brasil, que em tudo se opunha à sua v isão, de quem se situav a à margem, e ao seu projeto ético-estético." Ela v ê "prox imidades" entre algumas críticas de Lima Barreto, "o interessantíssimo trabalho de Nelson de Oliv eira e Liv ia Garcia-Roza em seus contos" (respectiv amente, "Gol" e "O Espelhinho") e a "linguagem algo preciosista e heroicizante de muitos locutores e comentaristas esportiv os, sobretudo de futebol". Algo que tem a v er com o esporte, analisa Andrea, como espécie de "sucedâneo possív el na ex periência passional e cotidiana do ânimo épico, de grandes conquistas e feitos, em disputas que ex igem habilidades específicas, não raro algum tipo de ex cepcionalidade, com inimigos muito bem demarcados, diferentemente do que o dia a dia nos apresenta". Mas, por outro lado, algo que talv ez "transcenda o esporte em si como ativ idade, alcançando uma dimensão da ex pressão, tanto no gesto como na linguagem". (/sites/default/files/gn/14/02/foto07cul-402-capa-d4.jpg)Campeões em 1958, Pelé ab raça Gylmar: "Qualquer jogador b rasileiro, quando se desamarra de suas inib ições e se põe em estado de graça, é algo de único em matéria de improvisação, de invenção", escreveu Nelson Rodrigues O escritor Luiz Ruffato, que organizou a recém-publicada coletânea "Entre as Quatro Linhas - Contos sobre Futebol", atribui a demora com que o futebol entrou no "horizonte de interesse" dos escritores brasileiros à ideia equiv ocada de que ele seria "pouco literalizáv el". "Não é v erdade. Ele tem todos os componentes dramáticos. Com raras ex ceções, os escritores é que não gostav am de futebol. Não v iam como algo que pudessse ser transformado em literatura. O aumento recente na produção, segundo Ruffato, estaria associado ao fato de que "há uma nov a geração de escritores que conv iv e com estratos sociais que gostam de futebol", bem como a uma presença mais forte desse esporte na classe média. "Entre as Quatro Linhas" foi publicado na Alemanha e lançado durante a homenagem ao Brasil realizada na Feira de Frankfurt, em 201 3. "Foi um interesse pragmático", ex plica Ruffato, lembrando também a prox imidade da Copa do Mundo. "Queria um liv ro só com inéditos." Os conv ites respeitaram dois pontos que,
  • 3. para ele, eram fundamentais: o equilíbrio entre homens e mulheres, "para quebrar com o imaginário machista" de que o futebol atrai apenas os primeiros, e a reunião de autores de div ersas regiões do país, "para quebrar o paradigma do eix o Rio-São Paulo". Dos 1 5 autores, 9 são homens, entre eles Fernando Bonassi e Cristov ão Tezza. Eliane Brum e Adriana Lisboa estão no elenco feminino. Para o jornalista Juca Kfouri, o que se manifesta até o fim dos anos 1 960 é "uma maneira preconceituosa de a nossa 'intelligentsia' olhar para o futebol" e, em razão disso, uma bibliografia "paupérrima, seja na ficção ou na não ficção". Entre os pouquíssimos trabalhos que ele destaca nas décadas que se estendem até o tricampeonato mundial do Brasil, incluem-se "O Negro no Futebol Brasileiro", de Mário Filho; "Negro, Macumba e Futebol", de Anatol Rosenfeld; e "O Sol e o V erde", de Sergio Ortiz Porto, "um médico gaúcho que escrev eu uma história, leitura da minha juv entude, sobre um garoto pobre que faz carreira no futebol". "Pouquíssima coisa", resume. A partir dos anos 1 97 0, contudo, Kfouri v ê "a entrada do futebol na univ ersidade", por meio de disciplinas de sociologia do esporte e da crescente produção de dissertações e teses. Com isso, teria v indo uma transformação no status que o futebol passou a desfrutar no cenário da cultura. "Não há clube que não tenha um bom liv ro. 'Estrela Solitária' [de Ruy Castro, sobre Garrincha] abriu caminho para as biografias. Mais recentemente, há uma trilogia notáv el: 'V eneno Remédio' (José Miguel Wisnik], 'A Dança dos Deuses' [Hilário Franco Júnior] e 'O Futebol como Linguagem - Da Mitologia à Psicanálise', de um psiquiatra de Ribeirão Preto [Dav id Azoubel Neto] que foi professor do Sócrates [ex -jogador do Corinthians e da seleção brasileira] e v iv eu com os índios, uma figura interessantíssima." Um observ ador estrangeiro - autor do liv ro que Kfouri considera um dos mais importantes para a compreensão do fenômeno do futebol no Brasil - talv ez possa emprestar um olhar mais isento para o debate que se traduz, em parte, na produção literária. "Para mim, ex iste uma tensão na psique brasileira entre sentimentos de superioridade, na linha do 'temos as melhores mulheres, o melhor futebol, música, natureza etc. do mundo', e sentimentos de inferioridade, por causa da história da colonização e da posição geográfica", afirma o inglês Alex Bellos, autor de "Futebol - O Brasil em Campo" (2002), premiado no Reino Unido, com o prestigiado National Book Award de melhor liv ro sobre esportes do ano. "A 'alma brasileira' é uma disputa entre esses dois ex tremos", acredita ele (leia entrev ista na página 1 1 ). Para o escritor Sérgio Rodrigues, autor do romance "O Drible", que trata de uma relação conflituosa entre pai (um jornalista esportiv o do Rio) e filho a partir de inúmeras referências a jogadores, partidas e equipes, "o melhor que nossa literatura fez por nosso futebol ainda está na não ficção, na fronteira do jornalismo com a arte, nas crônicas de Nelson Rodrigues e Paulo Mendes Campos e em liv ros como 'O Negro no Futebol Brasileiro', de Mário Filho, e 'Anatomia de uma Derrota', de Paulo Perdigão". Na criação ficcional, diz, "o quadro está mudando, mas por muito tempo o futebol, aquilo que ele tem de melhor e mais apaix onante, parece ter tido um efeito paradox al sobre os escritores: o de tornar mais tímida a fantasia, a fabulação". Uma saída clássica diante disso, na análise de Rodrigues, foi a de "encenar num cenário futebolístico um drama social ou político em que a bola era secundária". Ele lembra o caso do romance "Água-Mãe", de José Lins do Rego, e da peça teatral "Chapetuba Futebol Clube", de Oduv aldo V ianna Filho. "Outra estratégia foi fechar o foco no drama pessoal de um jogador ou aspirante, retratando a promessa de glória do futebol como engodo, pelo lado do fracasso." Os ex emplos seriam alguns "contos ex celentes" como "Abril, no Rio, em 1 97 0", de Rubem Fonseca, e "No Último Minuto", de Sérgio Sant'Anna (autor também da nov ela "Páginas sem Glória"). "Talv ez seja essa dificuldade ou recusa em encarar o jogo na sua grandeza e não apenas na sua miséria que tenha lev ado à ideia tão difundida, mas a meu v er errada, de que nossa literatura é perna de pau quando trata de futebol." Na gênese de "O Drible", o futebol v eio antes do conflito entre pai e filho. "A primeira semente do romance foi um conto que escrev i há 1 8 anos e na última hora decidi deix ar fora do meu primeiro liv ro, 'O Homem Que Matou o Escritor' [2000], por achar que poderia desenv olv ê-lo melhor. Àquela altura eu imaginav a que a
  • 4. (/sites/default/files/gn/14/02/foto07cul-403-capa-d4.jpg)Dunga e a taça do mundo em 1994: foi na poesia e, sob retudo, na crônica que o futeb ol ganhou "linhas e páginas à altura da importância que essa modalidade esportiva adquiriu em nosso país", diz professor da Unesp coisa talv ez rendesse um conto longo, no máx imo uma nov ela, não um romance." Chamav a-se "Peralv o" e contav a a história de um jogador do V asco da Gama nos anos 60. Dizia-se que Peralv o "tinha poderes sobrenaturais e poderia ter sido maior que Pelé se não tiv esse a carreira abortada em circunstâncias trágicas, justamente na partida em que enfrentou pela primeira v ez o craque do Santos". Rodrigues observ a que, curiosamente, o conto - que tinha cerca de dez páginas - está inteiro dentro de "O Drible", praticamente sem alterações. "Mas o drama de família em que essa história se insere e também a moldura futebolística mais ampla, meio histórica e meio mítica, v ieram bem depois, aos poucos, e deram um trabalho danado." Resumindo, segundo ele: "Peralv o" foi inspiração e o resto, transpiração. "A despeito de o futebol ser um tema central da cultura brasileira a partir do início do século XX, sua relação com a literatura se dá aos soluços, de modo muito intermitente", observ a José Carlos Marques, professor do Departamento de Ciências Humanas da Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação da Univ ersidade Estadual Paulista (Unesp/Bauru). "Temos aqui algo contrário do que ocorre, por ex emplo, no casamento entre o futebol e a música brasileira. Não há grandes romances, de autores consagrados ou reconhecidos do grande público, que tenham incluído o futebol como tema central ou secundário em sua trama narrativ a. Aliás, no gênero narrativ o, o futebol compareceu de modo mais significativ o em contos e nov elas." Marques acredita que foi na poesia e, sobretudo, na crônica jornalística que o futebol ganhou "linhas e páginas à altura da importância que essa modalidade esportiv a adquiriu em nosso país". Autor do liv ro "O Futebol em Nelson Rodrigues" e líder do Grupo de Estudos em Comunicação Esportiv a e Futebol da Unesp, ele considera que nas páginas dos jornais se construiu "uma tradição muito brasileira de se comentar e de se reconstruir o futebol de maneira subjetiv a e, por v ezes, ficcional". O campo é v asto, frisa, mas "é preciso citar os seminais Mário Filho e Nelson Rodrigues, o ultrarromântico Armando Nogueira, o pontual Paulo Mendes Campos e o prov ocador Sérgio Porto, por meio de seu 'personagem' Stanislaw Ponte Preta". Hoje, Marques destaca o trabalho de José Roberto Torero e Xico Sá, "que v êm dando v italidade à crônica esportiv a por meio da construção literária de seus tex tos - seja pelo caráter ficcional, seja pela riqueza da composição linguística". Na poesia, João Cabral de Melo Neto e Carlos Drummond de Andrade, que "escrev eram poemas antológicos sobre o futebol". O próprio Drummond, em suas crônicas, "incluiu inúmeras v ezes o futebol como tema de discussão e quase sempre de maneira brilhante". Por último, ele faz questão de citar "a obra despretensiosa de Luiz Schwarcz, o conto infantil 'Minha V ida de Goleiro'", que serv iu de inspiração para o filme "O Ano em Que Meus Pais Saíram de Férias", de Cao Hamburger. De maio a julho, cobrindo todo o período de realização da Copa, o Museu da Língua Portuguesa, em São Paulo, promov erá a ex posição "O Futebol na Ponta da Língua". Obras de Nelson Rodrigues, Luis Fernando V erissimo e Oswald de Andrade serão presenças já garantidas no elenco, de acordo com o diretor do museu, Antonio Carlos Sartini. "Estamos desenv olv endo o projeto, mas esses três escritores estarão certamente entre os representantes da literatura que fala de futebol." Sob curadoria de Clara Azev edo, que foi diretora do Museu do Futebol, a ex posição ocupará div ersos espaços do Museu da Língua, não apenas a sala das mostras temporárias. "Queremos que ela mantenha um diálogo com a nossa ex posição permanente, que inclui, por ex emplo, um filme rodado especialmente para o
  • 5. museu e narrado por Pelé, sobre o futebol e a língua como elos da nossa identidade cultural", afirma Sartini. Estão prev istas parcerias com o Museu do Futebol e com o Salão de Humor de Piracicaba para cessão de material de seus respectiv os acerv os. Entre os "div ersos aspectos dessa brincadeira" (as relações entre a língua e o futebol) que o museu planeja reunir, Sartini destaca "termos usados comumente hoje que nasceram no futebol", muitas v ezes criados por radialistas e locutores de TV . Trechos de transmissões brasileiras v ão mostrar as diferenças regionais no uso do português. "Por meio de uma parceria com a RTP [Rádio e Telev isão de Portugal], queremos trazer também narrações de partidas feitas em Portugal, Angola e Moçambique", diz. Veja tam bém : Prim eiro tem po (http://www.v alor.com .br/u/3422334) e Segundo tem po (http://www.v alor.com .br/u/3422328)