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FENOMENOLOGIA E POS-FENOMENOLOGIA:
Alternância e projeções do fazer geográfico humanista
na Geografia Contemporânea
O autor, Eduardo Marandola Jr., também professor da disciplina, escolheu o
texto para leitura e fichamento por apresentar uma boa visão da abordagem
fenomenológica na geografia. Embora o resumo fale das ligações com a
geografia anglo-saxônica, o artigo vai além disso.
A partir de uma perspectiva da geografia estadunidense questiona o que é
geografia humanista (p.49) destacando que nem toda geografia humanista é
fenomenológica, afirmação que me pareceu mais ou menos óbvia.
Registra que a partir dos anos 1970 o papel da teorética quantitativa e do
neopositivismo (p.50) tiveram papel importante na geografia e vai buscar apoio
na filosofia husserliana sobre mundo vivido ou mundo da vida e da
fenomenologia existencial heideggeriana sobre a idéia de habitar como
experiência geográfica. Cita outros autores presentes na bibliografia da
disciplina para sobre o redesenhar a noção ou essência de lugar. Holzer talvez
seja a referência mais bem colocada em relação à geografia ser humana sem
deixar de ser ciência.
Assume, portanto, o lugar como bandeira e remete o leitor para Tuan e Relph,
dois outros autores da bibliografia da disciplina. Fala da ocorrência de uma
composição inicial com a tendência marxista no contexto das geografias
alternativas. Confesso que achei o distanciamento da corrente neomarxista a
grande lacuna da discussão sobre a fenomenologia. Esse diálogo poderia ter
se aprofundado inter-transmetodologicamente e seria enriquecedor.
A divisão em 3 campos metodológico e epistemológicos, o neopositivista, o
marxista e o chamado humanista não deixa de ser uma recaída disciplinar para
uma formulação que se pretende, no mínimo, ser interdisciplinar (p.51).
A partir da citação de TUAN, fala sobre a diferença entre espaço e lugar.
2
O autor apresenta DARDEL, também presente nas referências com O Homem
e a Terra, obra considerada como a primeira efetiva manifestação da geografia
fenomenológica.
Insiste na idéia de que essa nova geografia fenomenológica tem uma matriz
anglo-saxônica, aborda novamente a questão da relação com o marxismo e
com a chamada geografia crítica, e faz uma opção por Edward Relph como
autor central nas reflexões sobre lugar, paisagem, ontologia geográfica no
campo da chamada Geografia Cultural (p.52).
Os conceitos centrais de lugar e paisagem são colocados como fundamentais
na Geografia Cultural e abre para a compreensão de uma diferença entre esse
campo e a Geografia Fenomenológica, como um terceiro horizonte. No sentido
de uma abordagem, um sistema filosófico heterodoxo.
Destaca o problema das pesquisas empíricas para a geografia fenomenologista
(p.52) e das carências sobre a tradução de autores representativos como
Husserl e Heidegger.
Apresenta a seguir uma periodização de aspectos da Geografia Humanista no
Brasil a partir de 1970. Destaca o papel de TUAN, RELPH e BUTTIMER. Em
especial o conceito de topofilia de Tuan e sua repercussão na universidade
brasileira.
Já no final do século passado, por volta de 1990 já existiam trabalhos
significativos e contribuições pontuais com reflexões epistemológicas no
campo da academia brasileira.
Diferenciada da geografia humanista, a geografia cultural ganha um maior
destaque na geografia brasileira, tornando-se um movimento renovador (p.54)
concluindo por se caracterizar como o tal terceiro horizonte. Hoje é um campo
consolidado.
A “separação” entre a geografia cultural e a fenomenológica implicou no
desenvolvimento de métodos de trabalho específicos que terminaram por
caracterizar a fenomenologia como a abordagem que tem maior esteio no
estudo do conceito de lugar (p.55).
3
Isso implicou em uma mudança de paradigma e a própria geografia anglo-saxã
vai aposentar o termo geografia humanista (p.55), com ampla adesão à
geografia cultural, embora não incorpore os aspectos relativos à
fenomenologia.
Fala a seguir sobre a relação com o chamado pós-estruturalismo como campo
de conhecimento quase – digamos – hegemônico hoje em diversos aspectos e
cita a existência de uma pós-fenomenologia relacionada com o pós-
estruturalismo, examinando as leituras deleuzianas no contexto dos estudos
culturais e das artes, que reintroduziram a fenomenologia nos estudos da
geografia (p.56) .
Aborda o papel da imagem, das novas tecnologias e seu impacto no sujeito e
assim chega à questão do sujeito em Husserl, caracterizando aí a
fenomenologia, considerando que o pós-estruturalismo é um desdobramento
da fenomenologia e chega então à idéia de Deleuze de superar a
fenomenologia e explica por que colocou-se o pós antes de fenomenologia,
deixando a mesma no passado e trazendo para o contexto atual a pós-
fenomenologia como filosofia do século XXI (p.57).
Evidente que isso é muito questionável. Cita que há quem considere Merleau-
Ponty como autor que faz a ponte entre a fenomenologia e a pós-
fenomenologia. Não custa lembrar que Merleau-Ponty busca uma perspectiva
mais psicológica e comportamentalista em sua formulação.
O autor prefere, acredito, caminhar na direção de Heidegger, sua reflexão
sobre espacialidade e questões ontológicas da era atual (p.57). Fica a
impressão que a formulação de Milton Santos sobre meio técnico-científico-
informacional é desconhecida – no sentido de esquecida - propositadamente.
O autor faz uma ampla explanação sobre o quadro atual da produção e
sintetiza em duas tendências, a deleuziana, que se mantém no campo da
fenomenologia com uma ligação ao pós-estruturalismo e a pós-fenomenologia
que busca compreender as transformações no sujeito a partir da explosão das
tecnologias (p.58), para pensar o mundo contemporâneo a partir dos reflexos
no sujeito.

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Fenomenologia e Pos-Fenomenologia na Geografia

  • 1. 1 FENOMENOLOGIA E POS-FENOMENOLOGIA: Alternância e projeções do fazer geográfico humanista na Geografia Contemporânea O autor, Eduardo Marandola Jr., também professor da disciplina, escolheu o texto para leitura e fichamento por apresentar uma boa visão da abordagem fenomenológica na geografia. Embora o resumo fale das ligações com a geografia anglo-saxônica, o artigo vai além disso. A partir de uma perspectiva da geografia estadunidense questiona o que é geografia humanista (p.49) destacando que nem toda geografia humanista é fenomenológica, afirmação que me pareceu mais ou menos óbvia. Registra que a partir dos anos 1970 o papel da teorética quantitativa e do neopositivismo (p.50) tiveram papel importante na geografia e vai buscar apoio na filosofia husserliana sobre mundo vivido ou mundo da vida e da fenomenologia existencial heideggeriana sobre a idéia de habitar como experiência geográfica. Cita outros autores presentes na bibliografia da disciplina para sobre o redesenhar a noção ou essência de lugar. Holzer talvez seja a referência mais bem colocada em relação à geografia ser humana sem deixar de ser ciência. Assume, portanto, o lugar como bandeira e remete o leitor para Tuan e Relph, dois outros autores da bibliografia da disciplina. Fala da ocorrência de uma composição inicial com a tendência marxista no contexto das geografias alternativas. Confesso que achei o distanciamento da corrente neomarxista a grande lacuna da discussão sobre a fenomenologia. Esse diálogo poderia ter se aprofundado inter-transmetodologicamente e seria enriquecedor. A divisão em 3 campos metodológico e epistemológicos, o neopositivista, o marxista e o chamado humanista não deixa de ser uma recaída disciplinar para uma formulação que se pretende, no mínimo, ser interdisciplinar (p.51). A partir da citação de TUAN, fala sobre a diferença entre espaço e lugar.
  • 2. 2 O autor apresenta DARDEL, também presente nas referências com O Homem e a Terra, obra considerada como a primeira efetiva manifestação da geografia fenomenológica. Insiste na idéia de que essa nova geografia fenomenológica tem uma matriz anglo-saxônica, aborda novamente a questão da relação com o marxismo e com a chamada geografia crítica, e faz uma opção por Edward Relph como autor central nas reflexões sobre lugar, paisagem, ontologia geográfica no campo da chamada Geografia Cultural (p.52). Os conceitos centrais de lugar e paisagem são colocados como fundamentais na Geografia Cultural e abre para a compreensão de uma diferença entre esse campo e a Geografia Fenomenológica, como um terceiro horizonte. No sentido de uma abordagem, um sistema filosófico heterodoxo. Destaca o problema das pesquisas empíricas para a geografia fenomenologista (p.52) e das carências sobre a tradução de autores representativos como Husserl e Heidegger. Apresenta a seguir uma periodização de aspectos da Geografia Humanista no Brasil a partir de 1970. Destaca o papel de TUAN, RELPH e BUTTIMER. Em especial o conceito de topofilia de Tuan e sua repercussão na universidade brasileira. Já no final do século passado, por volta de 1990 já existiam trabalhos significativos e contribuições pontuais com reflexões epistemológicas no campo da academia brasileira. Diferenciada da geografia humanista, a geografia cultural ganha um maior destaque na geografia brasileira, tornando-se um movimento renovador (p.54) concluindo por se caracterizar como o tal terceiro horizonte. Hoje é um campo consolidado. A “separação” entre a geografia cultural e a fenomenológica implicou no desenvolvimento de métodos de trabalho específicos que terminaram por caracterizar a fenomenologia como a abordagem que tem maior esteio no estudo do conceito de lugar (p.55).
  • 3. 3 Isso implicou em uma mudança de paradigma e a própria geografia anglo-saxã vai aposentar o termo geografia humanista (p.55), com ampla adesão à geografia cultural, embora não incorpore os aspectos relativos à fenomenologia. Fala a seguir sobre a relação com o chamado pós-estruturalismo como campo de conhecimento quase – digamos – hegemônico hoje em diversos aspectos e cita a existência de uma pós-fenomenologia relacionada com o pós- estruturalismo, examinando as leituras deleuzianas no contexto dos estudos culturais e das artes, que reintroduziram a fenomenologia nos estudos da geografia (p.56) . Aborda o papel da imagem, das novas tecnologias e seu impacto no sujeito e assim chega à questão do sujeito em Husserl, caracterizando aí a fenomenologia, considerando que o pós-estruturalismo é um desdobramento da fenomenologia e chega então à idéia de Deleuze de superar a fenomenologia e explica por que colocou-se o pós antes de fenomenologia, deixando a mesma no passado e trazendo para o contexto atual a pós- fenomenologia como filosofia do século XXI (p.57). Evidente que isso é muito questionável. Cita que há quem considere Merleau- Ponty como autor que faz a ponte entre a fenomenologia e a pós- fenomenologia. Não custa lembrar que Merleau-Ponty busca uma perspectiva mais psicológica e comportamentalista em sua formulação. O autor prefere, acredito, caminhar na direção de Heidegger, sua reflexão sobre espacialidade e questões ontológicas da era atual (p.57). Fica a impressão que a formulação de Milton Santos sobre meio técnico-científico- informacional é desconhecida – no sentido de esquecida - propositadamente. O autor faz uma ampla explanação sobre o quadro atual da produção e sintetiza em duas tendências, a deleuziana, que se mantém no campo da fenomenologia com uma ligação ao pós-estruturalismo e a pós-fenomenologia que busca compreender as transformações no sujeito a partir da explosão das tecnologias (p.58), para pensar o mundo contemporâneo a partir dos reflexos no sujeito.