Conferência SC 24 | Data Analytics e IA: o futuro do e-commerce?
Políticas para apoiar IDE brasileiro no exterior
1. Relatório dos Investimentos Brasileiros no
Exterior - 2013
Recomendações de Políticas
Públicas para o Brasil
Unidade de Negociações Internacionais
Diretoria de Desenvolvimento Industrial
CNI - Confederação Nacional da Indústria
2. Sumário Executivo
• As empresas transnacionais brasileiras tem tido dificuldades para
manter os mesmos níveis de investimentos no exterior de meados da
década de 2000;
• O Brasil perde participação nos fluxos e estoques de investimentos
no exterior e é atualmente um ator pequeno, mesmo entre os seus
pares emergentes;
• A ausência de políticas minimamente coordenadas entre os órgãos
para o apoio à internacionalização ajudam a explicar esse cenário;
• Há ações com incentivos contraditórios: iniciativas positivas no
BNDES e um sistema de tributação que reduz a competitividade e
aumenta a insegurança jurídica dos investimentos no exterior;
3. Índice
1. O Brasil e a evolução recente dos fluxos de IDE
2. O Brasil e as políticas de apoio ao IDE
3. Resultados da Pesquisa da CNI
4. 1. O Brasil e a evolução recente dos
fluxos de saída IDE
5. Alteração na geografia da saída de investimentos: ganho de
protagonismo dos países em desenvolvimento
Gráfico 1: Participação nos fluxos de investimentos externos mundiais –
por grupo de países
Fonte: UNCTAD
7. Brasil tem tido dificuldade de sustentar os fluxos de
investimentos no exterior
Fonte: UNTAD, World Investment Report, 2013
8. Alteração na geografia da saída de investimentos: ganho de
protagonismo dos países em desenvolvimento
Tabela 1: Média dos fluxo de investimentos por triênio
País
2001-2003
2003-2006
2007-2009
2010-2012
US$
Part.
US$
Part.
US$
Part.
US$
Part.
Brasil
157,9
0,03%
6.833,3
0,8%
5.813,2
0,3%
2.579,2
0,2%
China e HK
15.526,9
2,5%
33.900,0
4,0%
102.267,1
5,7%
159.712,1
10,7%
Índia
4.086,2
0,7%
8.529,6
1,0%
43.716,3
2,5%
12.162,0
0,8%
México
373,3
0,1%
648,0
0,1%
2.069,3
0,1%
16.037,7
1,1%
Turquia
1.650,4
0,3%
4.066,2
0,5%
18.259,3
1,0%
2.667,0
0,2%
Mundo
615.610,7
100,0%
846.033,8
100,0
1.780.823,1
100,0
1.497.639,7
100,0
Fonte: UNTAD, World Investment Report, 2013
9. Brasil participa com menor volume relativo no
estoque global de investimentos
Tabela 2: Participação do Brasil no estoque mundial de investimentos
País / Região
1990
1995
% mundo % mundo
2000
% mundo
2005
% mundo
2010
% mundo
2012
% mundo
Brasil
1,96%
1,17%
0,65%
0,63%
0,89%
0,99%
Argentina
0,29%
0,28%
0,26%
0,19%
0,14%
0,14%
Chile
0,01%
0,07%
0,14%
0,18%
0,29%
0,41%
México
0,13%
0,11%
0,10%
0,51%
0,49%
0,58%
Total América Latina
2,66%
1,94%
1,47%
1,86%
2,19%
2,54%
China
0,21%
0,47%
0,35%
0,45%
1,50%
2,16%
Hong Kong, China
0,57%
2,08%
5,43%
4,38%
4,92%
5,55%
Índia
0,01%
0,01%
0,02%
0,08%
0,46%
0,50%
Rússia
0,00%
0,09%
0,25%
1,17%
1,73%
1,75%
África do Sul
0,72%
0,61%
0,40%
0,30%
0,42%
0,35%
Total BRICS
2,90%
2,36%
1,67%
2,63%
5,01%
5,75%
Total em Desenvolvimento
6,92%
8,71%
11,28%
11,51%
16,49%
18,90%
Total Desenvolvidos
93,08%
91,17%
88,45%
87,28%
81,60%
79,15%
Total Mundo
100,00%
100,00%
100,00%
100,00%
100,00%
100,00%
Fonte: UNCTAD
10. Brasil não ocupa mais as primeiras posições como
investidor mundial
Tabela 3: Fluxo de saída de investimentos – principais países
#
2008
2012
1
Estados Unidos
Estados Unidos
2
Bélgica
Japão
3
Reino Unido
China
4
França
Hong Kong, China
5
Japão
Reino Unido
6
Canadá
Alemanha
7
Espanha
Canadá
8
Alemanha
Rússia
9
Holanda
Suíça
10
Itália
Ilhas Virgens Britânicas
11
Hong Kong, China
França
12
China
Suécia
13
Rússia
Coréia do Sul
14
Suíça
Itália
15
Ilhas Virgens Britânicas
México
16
Austrália
Cingapura
17
Suécia
Chile
18
Ásutria
Noruega
19
Índia
Irlanda
20
Brasil
Luxemburgo
Fonte: UNCTAD
Em 2012 o Brasil
Em 2012 o Brasil
ficou na 179º
ficou na 179º
posição no ranking
posição no ranking
de 182 países,
de 182 países,
estando apenas
estando apenas
melhor classificada
melhor classificada
que Espanha,
que Espanha,
Islândia e Holanda.
Islândia e Holanda.
12. Por que investir no exterior é importante?
• Empresas que realizam IED elevam a produtividade;
• Apresentam aumento nas exportações;
• Em geral, há expansão na contratação de empregados;
• Empresas possuem mão de obra mais qualificada;
• Empresas possuem maior propensão a inovar;
• Empresas ficam mais fortes e aptas para enfrentar a
concorrência internacional.
13. Como o Brasil está em termos de políticas de
incentivo ao investimento no exterior?
Pontos positivos: Há algumas iniciativas com avaliações favoráveis dos
benefícios da internacionalização, mas seu alcance tem sido limitado até
agora (BNDES).
Pontos negativos: Inexistência de um conjunto coerente de políticas que
incentivem a internacionalização de empresas (grupo de trabalho da
CAMEX foi dissolvido).
País possui sistema de tributação que reduz drasticamente a
competitividade dos IDE do país frente à concorrência.
14. Brasil conta com poucos instrumentos para fomentar os investimentos
no exterior
Tabela 4: Instrumentos de política para fomentar o investimento no exterior – países selecionados
País
Informação/
Assistência
técnica
África do Sul
China
Coreia do Sul
Índia
Malásia
México
Tailândia
Vietnã
Brasil
Fonte: Unctad/Sauvant
▪
▪
▪
▪
▪
▪
Financiamento
▪
▪
▪
▪
▪
▪
▪
Seguros e
garantias
▪
▪
▪
Incentivos
Acordos
fiscais e
internacionais
tributários
▪
▪
▪
▪
▪
▪
▪
▪
▪
▪
▪
▪
▪
▪
16. A pesquisa da CNI:
• Pesquisa realizada com 28 empresas transnacionais
brasileiras, que representaram cerca de um terço do valor
total das exportações do país em 2012;
• Dentre as 28 empresas, 22 são do setor industrial.
• As empresas são oriundas de setores variados como:
mineração, equipamentos de transporte, autopeças,
financeiro, construção civil, alimentos, metal-mecânico,
máquinas e equipamentos, vestuário, químico e cosméticos.
17. Gráfico 3: Principais motivações para o investimento no exterior
Pontuação de 1 – pouco importante - a 4 muito importante
Fonte: CNI – Relatório dos Investimentos Brasileiros no Exterior 2013
18. Gráfico 4: Países / regiões dos investimentos das empresas entrevistadas
(número de assinalações)
19. Gráfico 5: Áreas de recomendações de políticas
Pontuação de 1 – pouco importante - a 4 muito importante
20. Tributação no centro da agenda
Tabela 5: Prioridades de políticas públicas
Prioridades de Políticas Públicas das Transnacionais Brasileiras (de 1 a 5)
1 Eliminar tributação automática dos lucros das empresas no exterior
2 Ampliar o número de acordos de bitributação
Aplicar os acordos de bitributação, já firmados, de acordo com práticas
internacionais (modelo OCDE)
Eliminar restrições da Receita Federal do Brasil à dedução dos prejuízos
4
no exterior
Ampliar o apoio da diplomacia brasileira na defesa de interesses das
5
empresas junto aos governos de países de destino dos investimentos
Reconhecimento pela Receita Federal do Brasil dos incentivos fiscais
6
concedidos pelo país de destino dos investimentos
3
7 Celebrar acordos de proteção de investimentos
Fonte: Pesquisa CNI
3,85
3,81
3,67
3,62
3,52
3,41
3,35
21. Gráfico 6: Recomendações na área tributária
Pontuação de 1 – pouco importante - a 4 muito importante
25. Gráfico 8: Recomendações na área de financeira
Fonte: CNI – Relatório dos Investimentos Brasileiros no Exterior 2013
Pontuação de 1 – pouco importante - a 4 muito importante
27. Tributário
• Celebrar acordos contra a bitributação prioritariamente com
Estados Unidos, Colômbia, Austrália, Alemanha e Reino Unido;
• Aproximar o modelo de acordos contra a bitributação no Brasil
às práticas da OCDE;
• Eliminar as incertezas jurídicas do modelo brasileiro de
tributação dos lucros obtidos no exterior.
28. Diplomacia Econômica
• Negociar acordos de proteção aos investimentos para reduzir o
risco político, principalmente com Argentina, China, México, Angola
e Moçambique
• Aumentar o apoio da diplomacia brasileira junto aos governos
estrangeiros na defesa dos interesses das empresas do Brasil
29. Financiamento
• Agilizar a implementação do BNDES em Londres, para reduzir o
custo do financiamento para empresas brasileiras
• Oferecer garantias contra risco político, ampliando a atuação do
fundo garantidor do BNDES
Notas do Editor
A criação de um ambiente regulatório e de políticas que não onere a internacionalização e não retire competitividade das empresas brasileiras no exterior diante de suas concorrentes é essencial e constitui um primeiro movimento para colocar (ou recolocar) o país no compasso da economia global.
Análises:
1. Reversão do saldo comercial em 7 anos. De um superávit de quase US$ 10 bi, para déficit de quase US$ 6 bi. Déficit superará US$ 10 bi em 2013 (estava em US$ 9,6 bi até outubro).
2. Exportações para os EUA “andaram para trás”. Valor de 2008 ainda não foi recuperado. Em 2013 o valor também não será recuperado e na verdade, ficará abaixo de 2012, já que as vendas aos EUA estão caindo em 2013 (9% de queda entre janeiro e outubro).
O México foi o país da região que mais investiu no exterior em 2012. Seus investimentos chegaram a 25,597 bilhões de dólares, mais do dobro do volume do ano anterior e muito superior ao máximo registrado dois anos atrás. América Móvil foi a principal protagonista deste processo, ao expandir suas atividades para a Europa. As empresas chilenas investiram 21,090 bilhões de dólares no exterior em 2012, o que representou um novo recorde, e concentraram sua expansão na América do Sul, principalmente no comércio varejista, indústria florestal e transporte
Brasil não acompanha outros emergentes a partir dos anos 90. Brasil apresenta dificuldades para sustentar o fluxo de investimentos.
Melhora na década de 2000: consolidação da posição internacional da Vale e da Petrobrás.
Brasil em 1990: 28% do estoque total de IED dos países em desenvolvimento e por cerca de 2% do estoque global. 2012: 0,99% do mundo e 5,2% em relação aos PEDs.
Novos atores globais: BRICS, Malásia, México e Chile.
O Brasil ainda é, mesmo entre os seus pares emergentes, um ator pequeno global.
A não realização destes investimentos pode acarretar perda de dinamismo dessas empresas sob pressão da concorrência internacional, ocasionando impactos negativos sobre o emprego e a competitividade da economia.
Modelo tributário brasileiro concebido para um país importador de capitais;
Preocupação central do modelo é evitar a corrosão da base tributária;
Brasil tem sistema de compensação de prejuízos no exterior muito restritivo, o que gera tributação desproporcional à renda global da empresa;
Número limitado de acordos para evitar a bitributação. Acordos existentes não incluem parceiros importantes do Brasil (EUA, ALE, RU);
Pano de fundo: incerteza jurídica sobre prevalência de acordos internacionais sobre legislação doméstica. Interpretação da RFB;
Tributação da contratação de serviços no exterior específicos e não disponíveis no mercado doméstico onera operações internacionais
Empresas em estágio avançado de internacionalização.
Busca por recursos naturais, acesso a novos mercados e ativos estratégicos, proximidade com clientes globais empurram multis do Brasil ao exterior.
Reformulação no modelo brasileiro de tributação de lucros auferidos no exterior para eliminar as incertezas jurídicas relacionadas com a interpretação do artigo 74 da MP 2.158-35;
Aproximar as práticas brasileiras às predominantes nos países da OECD. Acordos internacionais devem se sobrepor à legislação doméstica, impedindo a tributação do lucro auferido no exterior antes de sua distribuição e eliminando a tributação sobre lucros reinvestidos nas operações produtivas;
Concluir, prioritariamente, a negociação de acordos para evitar a dupla tributação com Estados Unidos, Austrália, China, Colômbia e retomar acordo com a Alemanha;