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Processos Orgânicos Sustentáveis – Uma Visão Holística
Prof. Adoniel Amparo 1
Curso de
Agricultura Orgânica Sustentável
Método Adonias Amparo
Resplendor - MG
Outubro 2000
Processos Orgânicos Sustentáveis
Uma Visão Holística
Autor
Prof. Adoniel Amparo
Prof. Adoniel Amparo
Chácara Santo Expedito, Lote 9
Estrada Velha de itapuã, Km 17
Salvador-Ba
Tel.: (710 ) 375-1428
e-mail: adoniel@hot mail.com
Processos Orgânicos Sustentáveis – Uma Visão Holística
Prof. Adoniel Amparo 2
“O caminho para uma agricultura sadia e sem venenos passa
necessariamente pela renovação das técnicas agrícolas: manejo
orgânico do solo com tratos culturais não agressivos ou tóxicos,
visando a produção de alimentos limpos que promovem saúde.
O professor ADONIEL AMPARO desenvolve táticas adequadas,
tendo aprimorado tratamentos fitossanitários eficientes,
ecologicamente integrados e socialmente desejáveis, com
baixos custos, baseados em recursos locais da própria unidade
agrícola. É com admiração que estamos acompanhando o seu
empenho e seu sucesso junto aos agricultores.”
José Lutzemberger
Prêmio Nobel Alternativo de Agricultura
ÍNDICE
Processos Orgânicos Sustentáveis – Uma Visão Holística
Prof. Adoniel Amparo 3
Parte I
ECOSSISTEMA ...................................................................................................PÁG. 01
AGRICULTURA
..................................................................... PÁG.04
Parte II
MATÉRIA ORGÂNICA
.....................................................................................P
ÁG. 06
COMPOSTO ORGÂNICO - SUBSTRATO BIOGEO – 1.0 ............................PÁG.09
50 PERGUNTAS E RESPOSTAS SOBRE COMPOSTO ORGÂNICO ............PÁG. 18
A AGRICULTURA IMITANDO A NATUREZA ...............................................PÁG. 32
O BIOGEO E OCONTROLE DE DOENÇAS NAS PLANTAS ........................PÁG. 34
Parte III
O “MB-4” E O EQUILÍBRIO MINERAL DO SOLO .........................................PÁG. 35
Anexo I: O INVESTIMENTO MACABRO..........................................................PÁG. 39
Anexo II: A FEIRA... E AS DOENÇAS ..............................................................PÁG. 41
Anexo III: ECOLOGIA AMBIENTAL................................................................PÁG. 44
Anexo IV: COLHEITAS E PRAGAS,
A RESPOSTA ESTARÁ NOS VENENOS?.......................................PÁG. 58
Anexo V: OU O BRASIL ACABA COM A SAÚVA OU?...................................PÁG. 68
Anexo VI: COMO PREPARAR E APLICAR.....................................................PÁG. 73
Processos Orgânicos Sustentáveis – Uma Visão Holística
Prof. Adoniel Amparo 4
Parte I
ECOSSISTEMAS
APRESENTAÇÃO
Toda a natureza funciona em ecossistemas, conjuntos interligados. Do mesmo modo como
não existe fator econômico isolado, também não existe fator ecológico isolado: cada um
depende e influi sobre os outros. Assim, o nosso planeta não é um depósito de fatores
isolados que se pode usar, retirar, gastar, modificar, desperdiçar. Podemos até fazer tudo
isso, como, aliás, temos feito. Porém há que se pagar um preço muito alto ao se desafiar a
natureza e seus ecossistemas, haja vista as doenças e pragas de que são acometidas as
nossas plantas com reflexos danosos à saúde dos animais e do homem. Tentaremos mostrar
as inter-relações solo-microvida-mesovida-planta-clima, os ecossistemas, as sucessões, os
ciclos vitais e os equilíbrio dinâmicos que apresentam. Somos filhos da terra! Somos uma
célula fecundada que nos legou o código segundo o qual nos desenvolvemos, graças àquilo
que a terra pode nos dar, e assim, somos o que ela nos fez. Ora, se a terra é doente, decaída
e poluída , as chances de sermos sadios, vigorosos e inteligentes são poucas. Todos
fazemos parte da natureza. O ser humano quer acreditar que pode influir sobre a natureza,
modificá-la e destrui-la, sem que sofra as conseqüências dos seus desmandos. Muitos
vivem em cidades, entre concreto armado, vidraças, asfalto, longe da natureza (como se
fosse possível), mas depende dela com cada fibra do seu ser, através da alimentação, do ar,
da água, das radiações, do estrito equilíbrio.
Equilíbrio dinâmicos têm a particularidade de, após percorrido o ciclo, chegarem ao final,
que é o ponto de partida, do qual tudo se inicia novamente. No Brasil temos vários
ecossistemas importantes:
Floresta Amazônica – é um ecossistema estável, porém delicado, cujo solo, a despeito das
árvores gigantescas, é muito pobre;
Mata Atlântica – com sua diversidade e seu equilíbrio natural, mas também um ecossistema
delicado, exigindo ser bem manejado;
Processos Orgânicos Sustentáveis – Uma Visão Holística
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Cerrado – é um ecossistema muito importante, tanto pela área que ocupa, como pela sua
diversidade.
As plantas não são individualizadas, mas fazem parte de um sistema. Devemos, portanto,
aprender a linguagem da natureza através de ecotipos. As chamadas “ervas daninhas” são
indicadores do estágio em que se encontra o solo. Constitui-se num laboratório, apontando
o pH alto ou baixo, a deficiência ou o excesso de nutrientes, camada de impedimento,
excesso ou falta de água, etc. Como se explica erradicar as plantas nativas e substituir a
leitura do solo por análises laboratoriais? Em razão de suas limitações e artificialidade no
ecossistema, os fatores devem ajustar-se perfeitamente um ao outro. Ao lutarmos contra a
natureza, podemos até ganhar algumas batalhas, a última, no entanto, é ganha pela natureza.
Todos os desertos foram feitos pelo homem. “O homem morre com a sua terra.” Havendo
modificação, tudo será diferente. Não devemos tentar dominar a natureza, subjugá-la, mas
sim, entendê-la e respeitar as suas leis. No trato com a ela deve reger a satisfação de
manejá-la adequadamente.
O nosso planeta Terra “...é uma jóia inestimável” (Lutz), planeta precioso, frágil e
vulnerável, diante da patologia mental de sua própria população. Só desta forma podemos
entender o comportamento e agressões de que nosso planeta é vítima. Todos os
ecossistemas são conjuntos de ciclos: da vida, do solo, dos minerais, da água, da energia, e,
através do sol, nossa fonte de energia e base de toda a vida terrestre, nossos ciclos ligam-se
ao cosmo.
As plantas crescem conforme um equilíbrio rítmico entre o sol e a terra, e dependem das
constelações, da lua, interligando, assim, planta, sistema vegetal-solo e clima-cosmo estelar
com a ação do astro-rei, o sol. A harmonia é complexa, havendo uma simetria perfeita com
seus opostos: luz-sombra, calor-frio, noite-dia, chuva-seca. A nossa vida depende dessa
inter-relação harmoniosa. Essa harmonia dos opostos, a sua inter-relação e cooperação, sua
dependência mútua e sua relatividade são controladas pela força criadora, ordenadora e
soberana de Deus. A destruição dessa harmonia, que garante nossa vida, é pecado, porque
cria desordem, decadência, confusão. Na visão bíblica, pecado quer dizer “errar o alvo”. A
tecnologia atual gasta oxigênio com combustão de motores, queimadas, destrói florestas e
plâncton.
Na harmonia natural, homens e animais gastam oxigênio, produzindo gás carbônico; as
plantas e parte dos micróbios gastam o gás carbônico, produzindo oxigênio. A fim de
produzirmos, temos que plantar a terra. Devemos, no entanto, tomar cuidado para que o
dano seja o mínimo possível.
Evite:
a) Grandes derrubadas;
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b) Queimadas;
c) Uso de desfolhante;
d) Aração profunda.
Aconselha-se:
a) A derrubada manual em pequenas áreas (deixando áreas intercalares nativas, a fim de
causar o menor impacto ambiental;
b) Aguardar o desfolhamento natural das árvores;
c) Plantar leguminosas;
d) Encovar as madeiras;
e) Promover destocamento;
f) Preparar o solo, evitando inversão de camadas.
Temos ouvido falar, nos últimos tempos, em ecologia, mas afinal, o que é ecológico?
“Óikos” é do grego “lugar” e “logos” significa “estudo”, de modo que ecologia é a ciência
que estuda a inter-relação dos equilíbrios particulares do diversos lugares com sua vida,
seus solos e seu conjunto. Quer dizer “...estuda os laços que unem os seres vivos ao seu
ambiente, que é o seu meio vital.” (Primavesi)
Equilíbrio dá a convicção de que não existirá falta, tão pouco, excesso, ou seja, estará na
medida certa. Dinâmico, não estático, em constante movimento, modificando-se de acordo
com a programação preestabelecida, até chegar novamente ao início do ciclo. Assim, os
minerais nutritivos passam do solo para a planta, de lá para o animal e o homem e,
finalmente, pelos microorganismos, que decompõem tudo que foi formado pelas plantas e
animais, até chegar ao início da caminhada.
Observemos o ciclo da água: a chuva cai, penetra na terra (se houver poros), alcança o
lençol freático, nasce como vertente, abastece os rios, chega ao mar e daí evapora.,
juntando o vapor oriundo do mar com o que foi evaporado diretamente do solo ou
transpirado pelas plantas, formando nuvens que o vento leva sobre a terra, vindo a chover
novamente. Mas nessa caminhada a água depende de vários fatores, todos equilibrados. A
chuva que cai não pode bater diretamente no solo, encrostando. O solo deve manter os
poros abertos, pelos quais deve infiltrar-se a água. Não pode haver lajes adensadas (pé de
grade), barrando o caminho da água, caso contrário, não abastecerá os rios. Se ocorrer,
produzirá enchentes e, se os rios forem retificados, a água não formará os brejos e
banhados. E se faltarem as matas, as nuvens carregadas de água não descerão com
facilidade e sim quando estiverem muito pesadas. Ocorrerão aguaceiros (tromba d’água e
seca em seguida, longos períodos de estiagem). Não haverá mais fontes que abasteçam os
rios, que oscilam entre cheias pavorosas e vazão reduzida. E em lugar de vegetação
exuberante, teremos caatinga e cerrados.
No ecossistema todos os fatores devem ajustar-se perfeitamente um ao outro, pois fazem
parte de um conjunto que dever ser harmônico. A natureza é sábia, e sendo agredida, “dá
um jeitinho” para voltar ao equilíbrio. O problema atual é que se enxergam somente fatores
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isolados em lugar de conjuntos ecológicos que correspondem à realidade, e assim, se
tomam sintomas por causas. Por isso também não se verifica que a decadência dos solos e,
com isso, das culturas eqüivale à decadência do homem que se nutre de produtos
incompletos e decadentes. Tudo o que vive somente é um elo dos conjuntos ecológicos e
dos ecossistemas. Na natureza, todos os acontecimentos são importantes em razão de
poderem desencadear modificações. Cada acontecimento tem suas conseqüências diretas e
colaterais. Graças às modificações do solo, do ambiente, dos rios e do ar modificou-se o
vigor, a saúde. Assim, no recrutamento militar na Holanda somente 10% dos jovens são
aptos, e os 90% restantes têm sérios problemas de saúde, com diminuição gradativa dos
níveis de inteligência.
No Brasil, “...50% dos jovens têm problemas físicos e mentais” (Primavesi). Segundo
previsão de Smith (do início do século), no ano 2000 a maioria dos seres humanos seriam
débeis mentais ou aleijados.
AGRICULTURA
A prática do cultivo da terra vem de aproximadamente 10 mil anos no Norte da África e
Oeste Asiático; na Europa, há 8 500 anos – atual Grécia -; no Vale do Danúbio e na
Inglaterra, de 6 mil anos atrás. No século XVIII tem início a agricultura moderna – primeira
revolução agrícola. Na Europa ocidental praticam-se a pecuária e a agricultura – rotação de
culturas com plantas forrageiras e leguminosas. Em meados do século XIX é criado o
“quimismo” de Liebig -“lei do mínimo”. A teoria de Liebig, é considerada “reducionista”,
conforme Samuel Dana. Para Dana, Liebig transformava a arte milenar de fertilização em
um problema aritmético. A microbiologia de Pasteno contribuiu decisivamente para a
oposição ao quimismo. A nitrificação é um processo bacteriológico e os nutrientes
utilizados pelas plantas, principalmente o carbono 45% - e o nitrogênio 3% - são
constantemente reciclados pela ação dos microorganismos do solo que, por sua vez,
dependem da matéria orgânica como fonte de nutrientes.
Em 1886, Heiriegel e Wifarth determinaram a existência de bactérias que vivem nos
nódulos, nas raízes das plantas leguminosas, e são capazes de fixar o nitrogênio
atmosférico. Em 1888, Beijerinek isola pela primeira vez essas bactérias (bacilos
redicicola), hoje conhecida como uma das espécies do gênero Rhizobium.
Nasce a Agricultura Industrial produzindo fertilizantes químicos altamente solúveis,
agrotóxicos, máquinas e implementos agrícolas. Esta etapa ficou conhecida como 2ª
Revolução Agrícola, em meados do século XX. Resultado: aumento de produções, em
detrimento de qualidade da resistência das plantas e, assim, a proliferação de pragas e
doenças.
No fim da 2ª Guerra Mundial muitos compostos produzidos com armas químicas foram
transformados em inseticidas, para combater os inimigos da lavoura. Em 1966, cerca de 8
Processos Orgânicos Sustentáveis – Uma Visão Holística
Prof. Adoniel Amparo 8
mil indústrias já operavam na produção de agrotóxicos. A Revolução Verde e seu pacote
tecnológico tinha o objetivo declarado de aumentar a produção.
Sabemos, no entanto, que não é bem assim. Os objetivos não revelados são a venda do
produto, a abertura de mercados e o aumento dos lucros das transnacionais, em detrimento
da qualidade dos produtos agrícolas e da vida da população terceiro-mundista, como
conseqüência do baixo valor nutritivo dos alimentos, resultando no que chamamos de
“fome oculta”, sem falar na contaminação do meio–ambiente (do solo, da água, dos
animais, do homem do campo), na erosão, na perda de fertilidade do solo, na destruição
florestal, com a dilapidação do patrimônio genético e da biodiversidade.
GAIA
Ecosfera compreende: biosfera, hidrosfera, atmosfera e litosfera.
Biosfera é o conjunto de sistemas vivos, e está intimamente ligado à litosfera e hidrosfera,
bem assim, à atmosfera. O todo constitui uma unidade funcional e harmoniosa, equilibrado,
portanto. Tem-se falado ultimamente em “ambiente natural”, que é visto como algo
externo, como se não estivéssemos integrados, como se tudo quanto nos rodeia fosse
estranho e a terra não se constituísse num grande organismo, e nós, órgão desse conjunto.
Imaginemos o nosso planeta cheio de vida, mas segundo a visão moderna reducionista de
alvos estreitos e lineares, a vida fosse constituída de animais, sem plantas portanto. Se não
pode ser assim, como se justifica a destruição das plantas e a intervenção do homem em
algumas delas com o objetivo declarado de melhorá-las e, desta forma, quebrando a
harmonia e causando devastação ao nosso planeta. É como se um de nossos órgãos tentasse
eliminar outro em benefício próprio. Como seria possível, se fazemos parte de um
conjunto? O homem , assim, constitui-se numa célula alterada (cancerosa), tentando
destruir o conjunto. A biosfera é o conjunto de sistemas vivos, plantas e animais. A
hipótese de somente animal não tem sentido, pois este depende da planta, não só para sua
alimentação direta ou indireta - já que a planta faz uma coisa que nenhum animal sabe
fazer: a planta domina a tecnologia da fotossíntese – como também para a manutenção dos
níveis de oxigênio e da temperatura. As plantas captam energia solar, retiram gás carbônico
da atmosfera, combinam com água, produzindo substâncias orgânicas: açúcares, vitaminas,
carboidratos, etc., deixando, de resto, oxigênio. A grande fonte de energia é, sem dúvida, o
Sol. Para captar a luz, a planta fica parada com a superfície de suas folhas voltadas para a
luz solar. Falamos, assim, da alimentação dos animais com os elementos produzidos pelas
plantas e da manutenção dos níveis de oxigênio e da temperatura. Por que devastar? Para
que destruir? Temos agora o inverso: as plantas dependem do animal. Como vimos, a
fórmula da fotossíntese mostra que o alimento principal da planta é o gás carbônico, mas
este é um gás raro na atmosfera. Sabemos que o nitrogênio representa 78%, o oxigênio,
20%, o restante, mais ou menos, 2% - argônio, hélio e outros. O gás carbônico representa
0,033%. São, portanto, os animais que dominam a tecnologia, queimam com oxigênio as
substâncias produzidas pelas plantas e devolvem ao ambiente exatamente aquilo que a
planta retirou. O magnésio está para a fotossíntese assim como o ferro está para a
hemoglobina no sangue dos animais. A planta capta gás carbônico e entrega oxigênio; o
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animal consome oxigênio e devolve gás carbônico. A energia que toca este carrossel é a
radiação do sol, razão pela qual, nós, desse hemisfério de clima tropical, somos
privilegiados pela intensa radiação solar. Em climas tropicais, uma floresta se forma em
18 anos; em climas temperados, são necessários 100 anos As árvores, as florestas, os
banhados, até as algas microscópicas do oceano são órgãos nossos. Vemos na natureza, por
exemplo, a abelha e a flor. A flor fornece néctar que a abelha transforma em mel. Por seu
turno, a abelha fecunda a flor, que vai formar o fruto e a semente, que garantirá a
perpetuação daquela espécie. Já nos perguntamos, por que as plantas produzem frutos
gostosos e chamativos. Ora, as plantas não viajam, mas precisam conquistar espaços: com
seus frutos saborosos pagam para que animais levem a sua semente adiante.
Parte II
MATÉRIA ORGÂNICA
MICRORGANISMOS DO SOLO
Pasteur: “O micróbio não é nada, o ambiente é tudo.” A proliferação dos microorganismos
é limitada pelo pH – riqueza do solo (mineral), espécie de matéria orgânica –, pela
temperatura e pela umidade. Em temperaturas acima de 20 graus, predominam as bactérias.
SABEDORIA
“O solo é como uma mulher frágil. O gigolô, para o qual a mulher é fonte de dinheiro,
explora-a, abusa dela e gosta de vê-la nua. Sentindo-se violentada, a mulher tenta defender-
se. O solo violentado tenta proteger-se, vestindo-se com plantas espinhosas, duras, como
último recurso para afastar o causador de sua ruína...o homem...”
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As doenças aparecem quando as defesas do organismo fracassam. As da planta dependem
diretamente da complexidade da vida do solo. Esquecemos que o solo é um sistema
vivo, de grande complexidade. No solo existem bilhões de bactérias de inúmeras
linhagens, existem algas microscópicas, fungos, protozoários, pequenos insetos, aracnídeos,
moluscos e vermes. Os microorganismos entregam à planta não somente os elementos
NPK, Ca, Mg, etc., mas também, os elementos-traços e substâncias complexas,
indispensáveis à saúde da planta: antibióticos naturais, auxinas (hormônios vegetais),
defensivos naturais. A vida equilibrada do solo propicia a absorção equilibrada dos
nutrientes, macro e micronutrientes, que estão presentes no solo sadio. A vida do solo
estrutura-o de maneira a mantê-lo arejado, com capacidade de retenção de água e regulando
a temperatura. Um solo com vida intensa tem grande resistência à erosão. A função da
praga é acabar com as plantas doentes, cuja causa está no solo. Nossa prioridade é manter
a saúde dos nossos solos. Como podemos observar, a saúde do solo, da planta e do animal
(e também do homem) são uma coisa só. Precisamos, portanto, cuidar do solo, e não,
da planta. Como fazê-lo, ou seja, como adubar o solo? Usando farinha de rocha e
matéria orgânica.
“NEM SÓ DE ADUBO VIVE A TERRA”
Desde a descoberta dos adubos químicos as pessoas perderam, passo a passo, a noção
prática do alimento de que a terra necessita. Passaram a crer que se deve à terra apenas
aquilo que supostamente as plantas retiveram. Mais precisamente, 13 elementos, tidos
como essenciais: NPK, C, Mg, S, Cu, Zn, B, Mn e Fe.
Plantas adubadas com produtos químicos atraem pragas e adoecem com facilidade, atém de
perderem qualidade.
Benefícios proporcionados pela Matéria Orgânica
1. Retenção e troca de nutrientes (CTC): o humos age como se fosse uma super-argila,
muito reativa e renovável. Funciona como uma esponja capaz de reter e liberar todos os
nutrientes. Assim, exerce a liberação de forma tão controlada que, raramente, a planta
está sobre ou subnutrida.
2. Capacidade de resistir às mudanças bruscas do pH: Esta capacidade, também chamada
de poder tampão, é especialmente importante para solos arenosos ou lavados, velhos,
desprovidos de argilas nativas. Nestes solos, a MO é o único elemento capaz de
conferir algum equilíbrio.
3. Reserva de nutrientes: frequentemente nos solos tropicais, a MO do horizonte
superficial constitui a única reserva de nutrientes.
4. Fonte de lenta liberação de todos os nutrientes, macro e micro. Especialmente em clima
chuvoso (1100 ou mais), a lenta liberação é a única garantia de um suprimento
adequado durante todo o ciclo da planta. Não adianta jogar ao pé da planta quilos de
adubos se ela só consegue absorvê-los em quantidades menores
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5. Mobilização de fósforo: Nos solos brasileiros, como de resto, em todos os solos
tropicais, há uma propensão para fixação de fósforo, elemento muito importante para as
plantas. Existe fósforo no solo até em grandes quantidades, mas ele está indisponível às
plantas, por se fixar em argilas tropicais e nas grandes concentrações de alumínio e
ferro livres. A mobilização em fósforo fixado e a sua transformação em fósforo é
decisiva, e explica o grande sucesso das adubações orgânicas.
6. Imobilização de elementos tóxicos (Al e Fe): As moléculas orgânicas de alto peso
molecular são capazes de imobilizar o alumínio e o ferro que estão livres na solução dos
solos muito ácidos. Esta ação eqüivale a uma colagem que elimina a toxidez através da
elevação do pH.
7. Capacidade de Retenção de Água (CRA): Uma queda no teor de MO de 5 para 3%
representa uma queda de 57% para 37, de CRA. Sua característica de esponja também
aumenta a reserva de água no solo e, consequentemente, a disponibilidade de nutrientes
que ficaram imobilizados num solo seco.
8. Estruturação do solo: A MO é a melhor cola para unir e agregar as partículas soltas do
solo (areia, silte e argila), formando grumos esferóides resistentes à desagregação pela
água. Isto melhora tanto a aeração e o enraizamento, quanto a infiltração da água,
resultando numa maior resistência à erosão.
9. Aumento do solo para a fauna e a flora: A MO fornece energia e nutrientes para a
grande cadeia alimentar de pequenos e médios seres do solo. A atividade desses seres é
a garantia de continuidade de todos os processos acima descritos – revolvem
continuamente o solo, criando canais e aumentando a estrutura fofa e arenosa,
facilitando assim a penetração das raízes.
10. Sistema imunológico do solo: As centenas de bichinhos do solo vivem numa interação
tão intensa que criam, através da concorrência, parasitismo antagônico (secreções
antibióticas) e predação, um eficiente equilíbrio dinâmico, evitando que qualquer
espécie possa se multiplicar desenfreadamente e tornar-se praga.
11. Resistência a doenças da parte aérea através da MO: As plantas tornam-se mais
resistentes à proliferação de doenças fúngicas, bacterianas e viróticas, em parte, graças
a uma nutrição mais equilibrada.
12. Estímulo ao crescimento vegetal: O fornecimento de enzimas, vitaminas e proteínas à
raiz tem um papel estimulante sobre as plantas. Mesmo quando fornecido às folhas,
agem de forma estimuladora e tonificante (fermentados).
13. Formação de complexos com micronutrientes: Os micronutrientes são essenciais,
embora a planta necessite deles em minúsculas quantidades. Incorporados à matéria
orgânica, constituem-se numa reserva adequada que não se perde com a lixiviação.
14. Importante: A MATÉRIA ORGÃNICA mantém o solo VIVO e FÉRTIL.
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COMPOSTO ORGÂNICO -
SUBSTRATO BIOGEO – 1.0
INTRODUÇÃO
Trata-se de uma prática milenar que visa a uma fertilidade orgânica duradoura, tendo sido
praticada por diversos povos, permitindo a produção sustentada de variados cultivos ao
longo dos séculos, como, por exemplo, o arroz irrigado do Extremo Oriente. Nela,
aproveita-se tudo que é resíduo orgânico na propriedade, para fabricar o humos de
composto.
MOTIVOS PARA COMPOSTAGEM
 Permite o melhor aproveitamento de restos orgânicos com relação C/N desbalanceada,
que juntos aproximam-se de uma C/N desejada;
 Desinfeta os materiais orgânicos de doenças, pragas e ervas daninhas;
 Afugenta os ratos e camundongos, evitando, assim o pior predador: cobra;
 Permite acumulação e multiplicação de MO, para uma aplicação por teor;
 Reduz, pelo primeiro e penúltimo itens, as perdas de nutrientes.
QUALIDADE DO COMPOSTO
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 Fonte lenta de liberação de macro e micronutrientes orgânicos, de hormônio e de
enzimas;
 Excelente estruturador do solo, favorecendo um rápido enraizamento, formando
grumosidade;
 Aumento da capacidade infiltração de água, reduzindo a erosão;
 Grande ativador da vida do solo, responsável por todos os itens de um solo fértil;
 Permite aumentar o teor de MO, aumentando também a capacidade de retenção de
água;
 Favorece a saúde e a resistência das plantas, que são enfraquecidas por adubos
minerais.
PRINCÍPIOS DE COMPOSTAGEM
A Compostagem é uma seqüência de ações de organismos sobre a MO.
 Primeira fase (termófila e mesófila): atuam principalmente fungos, bactérias,
actinomicetas, protozoários e mirápodes. Nela destacam-se o “cozimento”
(fermentação) e a decomposição de celulose e hemicelulose; a lignina continua sendo
decomposta e será modificada lentamente.
 Segunda fase (transformação): atuam principalmente compotas, protozoários e
minhocas; termina a decomposição de celulose, continua a de lignina e principia a
síntese de ácidos húmicos.
 Terceira fase (amadurecimento): besouros, lactosas, formigas, aranhas. A síntese e
ressíntese de húmus é concluída.
Para uma boa atuação, estes seres precisam de uma alimentação equilibrada de ar e
umidade, em proporções adequadas de calor e de pH.
MATÉRIA-PRIMA
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A princípio todos os restos de culturas ou vegetais e animais podem ser aproveitados.
Devem-se evitar, apenas dejetos humanos e de animais carnívoros. Todo material orgânico
é decompositor. É necessário, portanto, saber avaliar cada qual nas suas características:
1. Compostos de rápida oxidação (rápido aumento da temperatura da pilha): amido,
açúcar, vitaminas e aminoácidos.
2. Compostos de lenta oxidação (são os precursores do húmus): hemicelulose,
celulose e principalmente lignina.
RELAÇÃO C/N
Além do carbono, o principal elemento que caracteriza a matéria-prima é o nitrogênio. Sua
presença em certo grau, é a garantia de que os outros elementos importantes, como enxofre,
fósforo, cálcio, magnésio, potássio e micronutrientes (Fe, Zn, Cu, Mn, Cl) também estão
presentes num grau proporcional. Por isso, ao invés de fazermos uma análise dos teores
de todos esses elementos, só nos interessa, na prática, o teor de nitrogênio, com relação
ao carbono (relação C/N). Materiais ricos em N terão a C/N baixa, pois C é constante.
Materiais pobres em N terão C/N alta.
1. A relação C/N ideal (25 a 30:1): Nesta proporção, os organismos decompositores têm o
alimento balanceado, não tendo que se desfazer de nenhum elemento para criar um
equilíbrio.
2. A relação C/N baixa (-20/1): Nesta proporção, a decomposição eqüivale à podridão de
um cadáver animal. O mau cheiro da podridão nada mais é do que a perda do excesso
de Ne 5 (cheiro amoniacal e sulfúrico).
3. A relação C/N alta (=35/1): Esta proporção constitui um bloqueio à atividade dos
decompositores, pala falta de N.
UMIDADE
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Umidade ideal: 50 a 60%: na prática, o composto deve soltar água, como esponja que foi
espremida antes. Umidade processual: 40 a 45%. Umidade de conservação: 12 a 15%.
Obs.: Para manter a umidade ideal, deve-se cobrir a pilha com folhas de bananeira.
LOCAL APROPRIADO
O local deve ser protegido do vento, do sol e da chuva. Num local coberto e com piso
firme, temos as condições ideais.
Importante:
1. Umedecer a pilha com BioGeo a 10%, mantendo a temperatura de 50º.
2. Enriquecer com farinha de rocha e rocha fosfática (10/2).
A planta é composta de inúmeras células, sendo cada qual uma verdadeira fábrica de
substâncias orgânicas, liberando e transformando energias.
Matéria-prima:
a) Energia (luz solar).
b) Água.
c) CH²O: O carbono, os microorganismos captam do ar; o hidrogênio, retiram da água, do
solo e do ar. Com estes elementos formam-se os carboidratos (amidos, açúcares,
celulose e outros). Temos ainda N, P, Ca, Mg, S, N, que os microrganismos do solo
retiram do ar. Os demais nutrientes mineras são retirados do solo.
d) Biocatalizador (enzimas) que, para funcionarem e promoverem o bom desempenho do
metabolismo vegetal, precisam de ativadores, como K, ou de micronutrientes, como
Mn, Fe, Zn, Cu, B, Mo, V, Ca, Cl, Ni, Se e outros, além de Mg. O Fe e o Mg são
indispensáveis à formação da clorofila, que capta a energia solar. Co²+ H2O =
Carboidratos (CH²O). Quando a planta dispõe de oxigênio no solo, recebe 673 calorias,
contra 20, sem o oxigênio no solo. Efeitos benéficos de temperaturas elevadas
dependem, pois, de:
1) Proteção de um superaquecimento do solo e do ar;
2) Capa vegetal;
Processos Orgânicos Sustentáveis – Uma Visão Holística
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3) Sombreamento;
4) Cobertura morta;
5) Florestas ou açudes.
e) Quantidade suficiente de água, seja por irrigação ou por desenvolvimento radicular,
explorando grande volume de solo; quantidade suficiente de ar no solo, que depende da
estrutura grumosa do solo e de sua proteção.
f) Nutrientes disponíveis suficientes, climas temperados, precisão de insolação para
aumentar a respiração das plantas (com a finalidade de criar energia). Nos climas
tropicais ocorre o inverso: respiração e metabolização são muito ativos, e a fotossíntese
torna-se deficiente. Precisamos restringir a respiração e aumentar a fotossíntese.
Como fazer? Abastecer suficientemente a planta, para evitar o fechamento dos
estômatos, conservando a estrutura grumosa do solo.
g) Gasto econômico dessa água, de que depende a sanidade e a nutrição da planta.
h) Redução da respiração consegue-se através de:
1) Diminuição da temperatura do solo, proteção da insolação;
2) Redução do espaçamento;
3) Culturas intercaladas;
4) Cobertura morta;
5) Semi-sombreamento (aproximadamente 30%);
6) Produção máxima de energia, com o mínimo de glicose (consegue-se com o
arejamento adequado do solo).
Anabolismo rápido (produção rápida de substância orgânicas - os micronutrientes são
essenciais).
PLANTAS INVASORAS
Podem se tornar importantes insumos se devidamente manejadas. O efeito positivo
das invasoras deve ser aproveitado como de inimigos naturais e de predadores dos
Processos Orgânicos Sustentáveis – Uma Visão Holística
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insetos e pragas, como alimento para os microorganismos no solo, como cobertura do
solo.
MICROVIDA DO SOLO
Para que tenhamos vida no solo, que o tornará fértil, precisamos adubá-lo: água - ar – sol –
MO. O que é húmus? Ninguém sabe o que é húmus porque húmus não existe. O que
chamamos de húmus seria um consorciado bacteriano, que devemos estimular e multiplicar
no nosso solo. A planta verde é capaz de formar açúcares, amidos. Estas substâncias
servem de alimento aos animais e ao homem. Os microorganismos decompõem as
substâncias orgânicas em seus componentes básicos: água, gás carbônico e minerais, e a
luz volta em forma de calor. Microorganismos: seres microscópicos que existem em
quantidades incrivelmente grandes. Ex.: 1 colher de chá, 200 milhões de micróbios.
Reproduzem-se numa rapidez incrível, podem gerar até 48 vezes, variando de acordo com
as condições e o meio em que vivem, como temperatura de 25 a 30 graus, pH, riqueza de
minerais e matéria orgânica. O solo está cheio de enzimas, como catálases, ureases,
celubiases, etc. , que oxidam e hidrolisam a matéria orgânica em todas as suas formas, a fim
de prepará-la como alimento para esta ou aquela espécie de microser. Falamos, pois, do
potencial enzimático do solo como expressão de sua atividade microorgânica. Quanto
maior for este potencial, tanto mais fácil torna-se a nutrição vegetal, uma vez que os
microrganismos solubilizam muitas substâncias, as quais a planta também pode aproveitar,
antes que o micróbio o faça. Não somente plantas podem aproveitar os produtos
intermediários da decomposição, mas, igualmente, outros microorganismos competem com
elas. Assim os microsseres defendem seu alimento e seu espaço vital por meio de toxinas,
os tão conhecidos antibióticos. Estes antibióticos são tóxicos para determinados
organismos, aqueles que possuem hábitos alimentares parecidos. Para outros, são
inofensivos. Há organismos que podem inativar os antibióticos, tornando-os inofensivos
A agricultura ecológica possibilita:
 Alimentar os organismos ativos na decomposição, produzindo antibióticos que
protegem a planta.;
 Que substâncias intermediárias produzidas na decomposição da MO possam ser
absorvidas pelas plantas, aumentando o crescimento (após a decomposição);
 Aumentar a CTC (o mais importante);
 Aumentar o poder tampão (modificação brusca do pH). Tanto o estrume como a
adubação verde não enriquecem o solo com MO, mas aumentam a soma de base e
beneficiam a colheita (relação C/N).
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NOSSO PLANETA – A TERRA
“O PLANETA Terra é uma jóia inestimável. Vulnerabilidade, não diante de imaginárias
invasões externas (guerra dos mundos), mas sim, diante da patologia mental de sua própria
população”. Só assim podemos entender o comportamento e a agressão de que ele é vítima.
“Nossa nave está só”. O que caracteriza este planeta e o torna distinto dos demais deste
sistema solar é a maravilhosa sinfonia da evolução orgânica. Temos temperatura propícia à
química da vida, pela distância certa do nosso sol e uma atmosfera muito especial. “VIU
DEUS TUDO QUANTO FIZERA, E EIS QUE ERA MUITO BOM’.
METABOLISMO MOROSO
O metabolismo moroso da planta propicia o ataque de pragas e doenças, porque ocorre:
a) Falta de oxigênio;
b) Falta de enzimas (pela ausência de micronutrientes) ;
c) Falta de nutrientes plásticos S e N;
d) Falta de macronutrientes.
AGRICULTURA ECOLÓGICA
Parte de uma visão sistêmica das coisas (Holísticas).
Processos Orgânicos Sustentáveis – Uma Visão Holística
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Agricultura convencional: visão estreita, reducionista.
A fertilidade do solo depende da microvida.
Agricultura ecológica: promove a vida no solo.
Agricultura convencional: destrói sistematicamente a vida do solo.
O alimento da vida do solo é a matéria orgânica, isto é, Agricultura Ecológica.
Na agricultura convencional, Matéria Orgânica vira Adubo Orgânico e o seu valor é aferido
pelo número de nutrientes que contêm NPK. Para a agricultura ecológica esta concentração
é secundária. O que se quer ativar, estimular e promover é a vida do solo. Esta, por sua vez,
fixará até 200 Kg de nitrogênio por ha da atmosfera e liberará fósforo, potássio, cálcio,
magnésio e os microelementos da rocha-mãe.
MATÉRIA ORGÂNICA
Os macro e micronutrientes são oferecidos às plantas de maneira contínua, sem perdas por
lixiviação. O nitrogênio é fixado pelo Azobacter e pelo Rhizobium. O fósforo e demais
elementos são liberados pela microvida do solo, especialmente a micorriza. O que nos
interessa na matéria orgânica não é o seu conteúdo de NPK, e sim, a energia que contém e
promove a microvida do solo. Ex.: Composto Orgânico contém 118% de nitrogênio.
Mesmo aplicando 1 tonelada por ha, teríamos 18 Kg (menos, portanto da metade de
nitrogênio contido em 200 Kg de sulfato de amônio). Mas a microvida promovida por
este mesmo composto poderá fixar 200 Kg por ha de nitrogênio, o equivalente a 1
tonelada de sulfato de amônio. A flora bacteriana libera fósforo e potássio da rocha-
mãe ou farinha de rochas. Não se deve enterrar MO para não provocar fermentação
anaeróbica.
A base de um controle ecológico de pragas e doenças:
a) Melhoramento das condições biofísicas do solo;
b) O controle da vida do solo através de sua diversificação que, aliás, ocorre paralelamente
com o melhoramento biofísico do solo;
c) Aumento da resistência das plantas, que depende de um metabolismo rápido e
completo, resultado de uma nutrição equilibrada.
BIOGEO – O QUE É?
Trata-se de um pé de cuba misto, composto de estéreo (ou outros), água, farinha de
rocha, tortas, leveduras, xisto, cinzas, água do mar, etc.
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É , portanto, um composto biotecnológico que previne pragas, doenças e
desequilíbrios.
Promotor de crescimento e defensivo natural, baseado na Teoria da Trofobiose, graças
aos seus, cerca de, 80 elementos, mais enzimas (rompendo bloqueios e ultrapassando
barreira fisiológicas). Recomenda-se sua aplicação foliar, via solo, como inoculador de
semente. O seu poder tamponador produz o equilíbrio da planta, propiciando
desenvolvimento harmonioso e equilibrado, ensejando alta produção, mesmo em condições
adversas.
Composição de elementos minerais existem no BIOGEO (Prováveis)
Manganês Bário Estrôncio Enxofre Zircônio
Vanádio Sódio Lítio Cobre Berilo
Boro Lantânio Cromo Carbono Ítrio
Chumbo Nitrogênio Oxigênio Níquel Flúor
Magnésio Cobalto Gálio Estanho Argônio
Cloro Escândio Molibdênio Titânio Nióbio
Silício Scânio Alumínio Ferro Fósforo
Potássio Cálcio Germânio Arsênio Selênio
Cério Bromo Praseodímio Neodímio Samário
Térbio Európio Disprósio Hólmio Érbio
Tungstênio Túlio Tântalo Rênio Ouro
Tálio Mercúrio Bismuto Polônio Radônio
Tório Rádio Urânio Rubídio Rutênio
Cádmio Prata Irídio Antimônio Iodo
Hidrogênio Césio Protactínio Itérbio Índio
Gadolínio
50 PERGUNTAS E RESPOSTOS
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SOBRE COMPOSTO ORGÂNICO
1. Que é Composto?
É um adubo preparado com restos animais e/ou vegetais. Estes resíduos, em seu estado
natural, não têm praticamente nenhum valor agrícola. No entanto, após passarem pelo
processo de compostagem, tornam-se um excelente adubo orgânico.
Foi dado o nome de “composto” a esse adubo porque nas fazendas onde foi preparado
inicialmente montavam-se pilhas compostas de diferentes camadas de materiais orgânicos,
os quais depois de algum tempo eram revolvidos para homogeneização da massa.
2. O Composto é uma novidade?
Não. Empiricamente ele vem sendo preparado há milênios. Tecnicamente, o composto tem
sido fabricado desde o início do presente século, recebendo contínuos aperfeiçoamentos na
tecnologia de sua fabricação. O composto pode ser fabricado (1) com restos existentes na
fazendas, (2) com resíduos urbanos, como o lixo e o lodo do esgoto e (3) com resíduos
industriais, como os de frigoríficos, indústrias de conservas, de curtumes, da fabricação de
café solúvel (borra de café), de certas indústrias farmacêuticas, etc.
3. Como se prepara o Composto de lixo domiciliar?
O tratamento completo dos resíduos sólidos domiciliares (lixo) compreende as seguintes
fases: recebimento do lixo urbano; segregação ou triagem para eliminação de materiais
inertes, como plásticos, vidros, borrachas, metais não ferrosos, etc.; separação magnética
dos metais ferrosos, moagem (facultativo); digestão ou fermentação em usinas
especializadas; compostagem em pátios; acabamento por moagem e peneiramento.
4. O que vem a ser o composto cru, bioestabilizado e humificado?
 prática demonstrou ser necessário classificar o composto de acordo com o seu grau de
fermentação. Assim, classifica-se o composto como:
 Composto cru: é aquele que ainda está em início de decomposição; é danoso às
sementes e raízes. Antes de utilizá-lo, deve-se deixá-lo curtir em montes durante no
mínimo 30 dias.
 Composto bioestabilizado: é o semi-curado. Não mais causa danos às sementes ou
raízes, porém ainda não é um perfeito condicionador do solo. Seu conteúdo em colóides
ainda é baixo. No solo, irá continuar seu processo de cura, enriquecendo-se em humos.
 Composto humificado ou curado: é aquele que sofreu um processo completo de
fermentação. É o mais rico em nutrientes que passaram da forma orgânica para a
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mineral, assimilável pelas raízes, e com maior teor de material coloidal, responsável por
sua capacidade melhoradora do solo.
5. Como se pode reconhecer, na prática, um composto curado?
Um conjunto de observações possibilita o reconhecimento: a) a aparência deve ser de
material bem decomposto, em que, com dificuldade, identifica-se a matéria-prima original,
como pedacinhos de papel, de folhas secas, etc. b) a coloração deve ser bem escura,
enquanto o composto cru é cinzento; c) possuir odor de terra mofada, enquanto o cru tem
cheiro acre e penetrante; d) a umidade deve ser baixa, com aspecto de material seco,
tendendo para produzir poeira quando jogado à distância; e) se for possível determinar o
pH por meio de papéis ou líquidos indicadores, seu valor deve estar acima de 7,0
preferivelmente, levemente alcalino; f) um teste criado pelo autor e que dá uma boa
informação é o seguinte: colocar uma pequena porção de composto na palma da mão,
encharcar com água, trabalhando essa amostra com os dedos até tornar-se pastosa; em
seguida, esfregar o composto entre as palmas da mãos, para obter uma massa aderente à
pele. Se o composto for rico em colóides, ficará nas palmas das mãos uma espécie de
“manteiga” preta. Lavando-se a mão em uma bacia, a água tomará uma forte cor negra. Se
o composto não estiver humificado, portanto, pobre em colóides, não se formará a
“manteiga” preta, nem dará coloração negra forte à água da bacia.
6. Matéria orgânica e humos são sinônimos?
 expressão matéria orgânica refere-se aos materiais de origem animal ou vegetal, como
os encontrados no lixo, por exemplo, podendo estar no estado cru ou em diferentes estágios
de fermentação, inclusive parcialmente humificada. O termos húmus é reservado para
caracterizar a matéria orgânica que sofreu um processo bioquímico de decomposição e deu
origem a uma fração coloidal de constituição diferente da matéria-prima original, e capaz
de proporcionar ao solo melhoria em suas propriedades físicas, químicas e físico-químicas,
além de conter sais minerais que servirão de nutrientes às plantas.
7. O que vem a ser a relação carbono/nitrogênio de um composto?
 relação carbono/nitrogênio, representada pelos símbolos desses elementos químico C/N,
é um índice que indica se a matéria orgânica está na forma crua, bioestabilizada
(semicurada) ou humificada (curada).
Para se obter a relação C/N, divide-se o teor de carbono pelo de nitrogênio, e o teor de
nitrogênio passa a ser representado pela unidade. Assim por exemplo, a palha de milho,
com 54% de carbono e 0,49% de nitrogênio, tem uma relação C/N igual a 110/1 (lê-se
cento e dez para um); o sangue seco tem 48% de C e 12% de N, com relação C/N igual a
4/1; a serragem de madeira e o papel têm relação acima de 500/1. O húmus sempre tem
relação próxima a 10/1. Assim todo material, ao ser humificado, acabará com relação
próxima de10/1. Se a relação da matéria orgânica é acima de 30/1, a compostagem será
mais demorada; se for abaixo de 30/1, o tempo de compostagem será mais rápido; em
ambos os casos, diz-se que o composto está cru. Quando, pela compostagem, a relação for
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abaixando e alcançar o valor entre 18/1 e 20/1, dir-se-á que o composto está humificado ou
curado.
8. Qual é a densidade do composto?
Por Densidade Aparente do composto (Da) entende-se a relação ou divisão do peso pelo
volume ocupado pelo material em seu estado natural, sem compactar. Suponha-se que um
metro cúbico de composto pesou 500 quilogramas. Tem-se Da=P/V=500/1000=0,5 (meio
quilo por litro ou meio grama por centímetro cúbico). As variações das densidades dos
compostos de resíduos urbanos estão entre 0,2 a 0,8 (200 a 800 quilos por metro cúbico),
com uma média de 500 Kg por metro cúbico.
Inversamente, suponha-se que se quer saber qual o volume de uma tonelada de composto,
cuja densidade é 0,4. Tem-se que V=P/Da; substituindo, fica: V=1000/0,4=2500 litros (2,5
metros cúbicos.
As densidades elevadas apresentadas por certos compostos são devido à presença de
contaminantes de alta densidade em relação à matéria orgânica, como terra, vidros, louças,
metais, etc.
9. É importante a granulometria do composto?
Sim. Quanto menor o tamanho de seus grânulos, maior é seu valor agrícola. Um composto
com constituintes grosseiros tem muito material com suas partes internas não
completamente transformadas, sendo proporcionalmente mais pobre em húmus coloidal.
Na terra, a atividade do composto se faz por fenômenos de superfície de exposição;
portanto, quanto mais se mói o composto, mais se aumenta o número de partículas, criando
infinitas áreas de contato com a terra e a água do solo.
 experiência tem demonstrado a superioridade do composto moído sobre o grosseiro.
10. Que é compostagem?
 palavra é um neologismo de nosso idioma, tradução de “composting”, do inglês.
Compostagem é um processo de transformação de resíduos orgânicos em adubo
humificado. Dois estádios podem ser identificados nessa transformação: o primeiro é
denominado digestão e corresponde à fase inicial de fermentação na qual o material alcança
o chamado estado de bioestabilização, em que a decomposição ainda não se completou,
porém, quando bem concretizada, permite que se use o composto como adubo, sem risco de
causar danos às plantas; o segundo estádio, mais longo, é o da maturação em que a massa
em fermentação atinge a humificação, neste estado o adubo apresenta as melhores
condições como melhorador do solo e como fertilizante.
11. Por que se deve fazer a compostagem dos restos orgânicos, antes de usá-los como
adubo?
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Porque os restos orgânicos, como o lixo cru, o esterco fresco de animal, o lodo do esgoto
não fermentado, quando usado ao natural, são danosos às plantas.. Após a compostagem, a
matéria orgânica apresenta-se na forma estável de humos, capaz de acumular-se no solo e
proporcionar-lhe as tão desejadas melhorias de suas propriedades.
12. Qual a importância de se fazer a compostagem da matéria orgânica, antes de
empregá-la como adubo?
 compostagem transforma a matéria orgânica crua em húmus. Quanto maior a
concentração de húmus apresentada por um adubo orgânico, mais eficaz é a sua ação como
melhorador do solo. O maior valor de um composto reside na sua porção humificado. 
matéria orgânica crua, que não sofreu o processo de fermentação e humificação tem pouca
eficiência como condicionadora do solo e como fertilizante. O mesmo acontece com a
serapilheira que se encontra nas matas: as folhas mortas que caem e estão na superfície da
manta vegetal é um material cru de pouco valor; no entanto, as folhas que estão em baixo,
junto ao solo, formando uma massa preta que aos poucos vai se integrando à terra, são um
material de alto valor. Qual deles você preferiria usar como adubo? As folhas secas ou as
decompostas? O lixo cru ou o compostado?
13. Qual a vantagem de usar como adubo os restos orgânicos já compostados?
 vantagem é que no composto a matéria orgânica já se encontra humificada, portanto,
passará a agir imediatamente como melhoradora do solo e como fertilizantes.
Aplicando material cru, será necessário aguardar que ocorra a estabilização, antes de
plantar, e, enquanto não se realizar a humificação, esse material terá baixo valor como
adubo.
14. Durante a compostagem, ou, quando o adubo é aplicado ao solo, havendo
condições favoráveis, como se multiplicam os microrganismos?
Os micróbios benéficos que provocam a humificação da matéria orgânica e que geralmente
já se encontram em resíduos, como o lixo urbano, multiplicam-se de maneira inacreditável.
Basta saber, por exemplo, que uma bactéria produz duas em 20 minutos, quatro em 40
minutos e 8, em uma hora.
Assim, os micróbios existentes aos milhares em poucos gramas de resíduos serão
multimilhões em poucos dias.
Um punhado de composto tomado entre as mãos pode conter um número de
microrganismos maior que a população do mundo inteiro.
15. Durante a compostagem ocorre alguma ação profilática sobre os micróbios
patogênicos?
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Sim.  compostagem provoca um desenvolvimento populacional tão grande que,
preponderando na massa, reduz consideravelmente a proliferação dos patogênicos. 
experiência já demonstrou que é possível fazer composto com restos vegetais de tomateiros
infestados e usar esse adubo na cultura seguinte, sem risco de infestação.
16. Como se formam na compostagem os ácidos húmicos, os humatos e demais
componentes do humos?
Esses componentes são formados pelo ataque dos microrganismos especializados, que
transformam os restos orgânicos em material humificado. Como resultado dessa
transformação biológica (feita por micróbios), a lignina e as proteínas dos restos orgânicos
associam-se e formam uma substância complexa denominada ácido húmico. Só os
microrganismos podem produzir húmus. Nenhum processo químico de laboratório ou
industrial conseguiu fabricá-lo. Os ácidos húmicos são coloidais, isto é, partículas
extremamente pequenas que podem se combinar, por exemplo, com o cálcio, o magnésio, o
potássio, dando os chamados humatos de cálcio, de magnésio e de potássio, compostos que
facilmente liberam esses elementos para as plantas.
17. Composto de resíduos domiciliares adquiridos pelo lavrador tem outra aplicação
além de adubo, para ser empregado diretamente na terra?
Sim. O agricultor pode utilizar o composto oriundo do lixo para preparar novas quantidades
de composto. Sabe-se que para fabricar composto na fazenda são necessárias duas
diferentes matérias-primas: esterco animal que é denominado meio de fermentação, e
palhas, capins, cascas e outras sobras de culturas, chamados restos vegetais. Acontece que
os restos vegetais são de difícil fermentação se não forem inoculados com um material mais
rico em nitrogênio e contendo microrganismos, como é o caso dos estercos animais e do
próprio composto de lixo. Assim sendo, em propriedades agrícolas onde há muita sobra de
resíduos palhosos e poucos animais para produzir esterco, recomenda-se usar o composto
adquirido nas usinas de compostagem de lixo. Para se fabricar o composto na fazenda,
fazem-se pilhas com 3 a 4 metros de largura por 1.5 a 1.8 metros de altura, e comprimento
indeterminado. Ao montar a pilha, distribui-se uma camada de 15 centímetros de restos
vegetais pela área acima referida; sobre essa camada de material de difícil fermentação,
distribui-se outra de composto que é de fácil fermentação, na espessura de uns 5
centímetros; esparrama-se em seguida nova camada de restos, e sobre ela, outra de
composto, assim alternando, até atingir a altura recomendada. Se o material estiver muito
seco, convém irrigar ao montar a pilha. Revolvendo o monte algumas vezes, dentro de 60 a
90 dias o composto estará pronto.
18. Os solos do Estado de São Paulo são ricos em matéria orgânica?
Não. Cerca de 60% da área do Estado de São Paulo possui terras com baixos teores de
matéria orgânica. Cerca de 33% da área é de terras com médio conteúdo, e apenas 7%,
apresentam teores altos. Convém lembrar que estes 7% estão situados em locais de altitude
elevada e topografia acidentada, onde a agricultura se torna mais difícil.
19. As terras cultivadas estão perdendo sua fertilidade natural?
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Sim. A produtividade das terras dos países ricos e desenvolvidos está aumentando graças ao
uso crescente dos fertilizantes minerais. A fertilidade natural dessas terras no entanto, como
prova o pesquisador DHAR, está decrescendo devido a vários fatores, entre eles, a perda
constante de matéria orgânica. Em abono dessa afirmação está o fato de o teor de matéria
orgânica do solo ser usado como um índice de sua produtividade.
20. Qual a recomendação para melhorar a produtividade uma terra?
Se o solo apresentar reação ácida, com alto teor de alumínio, é aconselhável proceder-se
primeiramente a uma calagem de 30 a 60 dias, antes de aplicar os adubos orgânico e
mineral, e de plantar.
A calagem dá aos solos melhores condições para uma rápida multiplicação dos
microrganismos contidos no composto, fornece cálcio aos microorganismos, provoca a
reativação das enzimas absorvidas na argila, nos sesquióxidos e no humos.
Não misture calcário com o composto, pois, conforme seu estado de decomposição, pode
perder nitrogênio, por desprendimento de amônia (caracterizado pelo cheiro de amoníaco).
É importante lembrar que a produtividade depende, além da aplicação correta dos adubos
na época certa, no local adequado e nas doses necessárias, de água suficiente para a planta e
das condições físicas do solo.
21. Os microorganismos existentes no composto orgânico têm alguma ação quando
são levados ao solo pelas adubações?
Sim. Os microorganismos que o composto introduz na terra são verdadeiros “operários
gratuitos” que podem “industrializar” adubos a partir de minerais insolúveis existentes no
solo, ou de matéria orgânica crua.
Um hectare de terra com 2% de humos tem o correspondente a 12,5 toneladas de sulfato de
amônio; 2,5 toneladas de superfosfato simples e 1,2 toneladas de enxofre (SWABY).
22. O uso do composto orgânico nas terras de cultura tem alguma contra-indicação ou
sofre alguma intolerância pelas plantas?
Não. Não há nenhuma contra-indicação ou intolerância. O composto é recomendado para
culturas intensivas, como a das hortaliças, dos viveiros de flores ou de mudas, para jardins e
vasos de ornamentação e para culturas extensivas, como as de café, cana, algodão, milho,
os pomares e as pastagens.
23. A matéria orgânica contida nas terras de cultura é uma fonte de nutriente para as
plantas?
Sim. A única forma com que o solo pode armazenar nitrogênio é a orgânica. Cerca de 98
até 100% do nitrogênio encontrado nos solos está na forma orgânica; o nitrogênio, na forma
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nítrica, não é retido pelo solo, sendo lavado pelas águas das chuvas; cerca de 80 a 100 % do
enxofre está na forma orgânica e 60 a 100% do fósforo, também.
O nitrogênio da matéria orgânica é responsável por 97% da produção mundial de alimentos,
sendo que 3% apenas é atribuída a todo nitrogênio levado ao solo pelos fertilizantes
minerais.
24. Composto orgânico é essencialmente um melhorador do solo? O que é um
melhorador ou condicionador do solo?
Melhorador do solo é um material que tem a particularidade de, como o próprio nome está
indicando, melhorar as propriedades físicas, químicas e físico-químicas da terra.
Os melhoradores do solo são de origem orgânica. Consequentemente, nenhum fertilizante
mineral age como condicionador da terra. Todas as tentativas para fabricar
condicionadores sintéticos falharam por serem antieconômicos.
25. O uso do composto dispensa o emprego de Fertilizantes minerais?
Os experimentos têm sempre demonstrado que os melhores resultados são obtidos quando
se associam as adubações orgânicas com as minerais. Sabe-se que o composto “aduba” o
solo e a planta, isto é, melhora as propriedades do solo e fornece nutrientes às raízes. No
entanto, o composto é um adubo de balanceamento definido, ou melhor explicando:
enquanto se pode comprar fórmulas de fertilizantes minerais com maiores ou menores
porcentagens de nitrogênio, fósforo e potássio, o composto tem uma composição fixa,
sendo sempre mais rico em nitrogênio em relação ao fósforo e ao potássio. Para enriquecê-
lo nestes dois últimos nutrientes, aconselha-se acrescentar fosfato de rocha e cinzas
vegetais antes da compostagem, ou superfosfatos e cloreto, ou ainda sulfato de potássio se o
composto já estiver pronto.
26. O que são e como se formam os microagregados do solo?
Os microagregados do solo são os pequenos agrupamentos de partículas responsáveis pela
manutenção da boa estrutura de uma terra. Os microagregados são formados pela
complexação dos três seguintes componentes: partículas de argila, metais polivalentes
(como o cálcio, o magnésio e o ferro) e colóides orgânicos, como os contidos no composto.
É importante que esses microagregados sejam estáveis, não se desfaçam facilmente. A
estabilidade dessa agregação é garantida pelo fato de certos colóides do composto
exercerem suas ações cimentantes, ocupando a parte central do microagregado, de maneira
que, nessa posição, tornam-se inacessíveis aos microrganismos, que poderiam mineralizar
esses agentes cimentantes orgânicos, desfazendo a agregação.
27. Como o composto pode melhorar a estrutura do solo?
“A estrutura de um solo é a chave de sua fertilidade.” (L. D. BAVER) O composto pode
melhorar direta ou indiretamente a estrutura do solo. Diretamente, agindo como agente
cimentante das partículas do solo para formar os tão desejáveis agregados, unidades que
Processos Orgânicos Sustentáveis – Uma Visão Holística
Prof. Adoniel Amparo 28
darão formação às estruturas. Indiretamente, promovendo o aumento populacional dos
microrganismos, os quais, por meio de suas secreções, seus filamentos e suas carcaças,
promovem a agregação das partículas que irão se agrupar, para formar os diversos tipos de
estrutura.
28. Composto como condicionador do solo é importante para melhorar a
estruturação?
A importância da estruturação é fácil de ser confirmada: um solo de mata virgem, com alto
teor de matéria orgânica, ao ser revolvido, apresenta-se rico de granulações (agregados);
uma terra cansada é pobre de agregados (mal estruturada). O emprego sistemático de
composto orgânico melhora a estruturação devido aos materiais aglutinantes coloidais que
possui, como os ácidos uronídicos, que cimentam as partículas, formando agregados
estáveis, responsáveis pela estruturação do solo.
29. O húmus do composto liga-se a algum componente do solo?
No solo, o humos combina-se com o componente argila, formando os chamados complexos
coloidais ou complexos argilo-húmicos. São estes complexos que cimentam as partículas
do solo, provocando sua estruturação, o nitrogênio amoniacal, evitando que sejam lavados e
cedendo-os às raízes das plantas facilmente.
30. Qual a importância do aumento da aeração do solo pela aplicação sistemática do
composto?
As raízes das plantas, com exceção das aquáticas e outras poucas, não conseguem viver na
ausência do ar. Quando se irriga por inundação um arrozal, por exemplo, verifica-se que
dentro de certo tempo a cultura começa a ficar com coloração verde-amarelada, por falta de
ar para as raízes.
A pesquisa já demonstrou que solos cujo ar apresenta concentração de oxigênio inferior a
10%, não permite o desenvolvimento de raízes.
O composto, como estruturador do solo, torna-o mais solto, mais arejado, eleva o conteúdo
de oxigênio disponível às raízes.
31 Qual o efeito do composto na consistência do solo?
O composto torna a terra mais solta (friável), mais porosa (arejada) e mais leve (menos
densa); as terras friáveis são mais fáceis de serem aradas e quando gradeadas, os torrões se
desfazem mais facilmente; as raízes caminham com maior facilidade e encontram mais ar à
sua disposição. Uma terra rica em matéria orgânica é menos dura quando seca e menos
plástica ou pegajosa quando molhada.
Processos Orgânicos Sustentáveis – Uma Visão Holística
Prof. Adoniel Amparo 29
32. A compactação das terras de cultura pelo uso de certas máquinas agrícolas e pelo
manejo incorreto tem provocado queda da produtividade. O composto pode
contribuir para o controle da compactação?
Sim. O composto, como outras matérias orgânicas, se usado sistematicamente como adubo
e condicionador do solo, da à terra uma certa elasticidade. Assim, passando sobre tal solo
uma máquina pesada, ele se comprime, mas tem a tendência de retomar a forma primitiva,
resistindo mais à compactação. Quem já caminhou sobre um solo turfoso sentiu como ele
reage de maneira elástica ao ser pressionado.
33. O composto facilita o desenvolvimento das raízes das plantas?
Sim. O composto, como toda a matéria orgânica juntada ao solo, torna-o menos compacto,
facilitando o caminhamento das raízes. Lembrar que as raízes crescem insinuando-se nos
vazios existentes na terra. O composto, quando aplicado em um solo, baixa a sua densidade
imediatamente, pois a densidade da terra é, em média, de 1,2 a 14, enquanto que a do
composto é de 0,4 a 0,6 g/cm³.
Na natureza, o desenvolvimento das raízes devido à presença da matéria orgânica é fácil de
ser constatado, observando que na parte superficial do solo, onde existe mais matéria
orgânica, é também onde se observa maior quantidade de raízes.
34. Nitrogênio na forma orgânica, principalmente encontrado no composto, é
assimilado diretamente pelas plantas?
As raízes das plantas assimilam o nitrogênio na forma amoniacal (NH4) ou nítrica (NO3):
portanto, o nitrogênio necessita ser mineralizado para ser assimilado, o que é uma
vantagem, pois o solo pode armazenar esse nutriente na forma orgânica.
Experiências recentes utilizando material radioativo demonstraram que as raízes também
podem absorver certos materiais orgânicos, como os aminoácidos, sem necessidade de que
os microrganismos os desdobrem previamente.
35. Quais os principais requisitos para se instalar viveiros de flores ou hortas em torno
de uma cidade, de forma a constituir um “cinturão verde”?
Todos os viveiristas e horticultores sabem muito bem da necessidade de abundância de
água e adubo orgânico para tais empreendimentos. O composto preparado pelas Prefeituras
Municipais a partir do lixo proporcionará a indispensável matéria orgânica para instalação
do cinturão verde, além de adubo para seus parques e jardins.
36. Por que no Brasil não se utiliza maior quantidade de adubos orgânicos em nossas
lavouras?
Processos Orgânicos Sustentáveis – Uma Visão Holística
Prof. Adoniel Amparo 30
No Brasil não há maior utilização, porque os agricultores ainda não se conscientizaram do
importante papel dos adubos orgânicos. Conseqüentemente, também não se criou a tradição
do uso do composto e outros adubos, como acontece, por exemplo, na China, onde a
estatística mostra que mais de milhão de toneladas em nitrogênio, mais de um quarto de
milhão de toneladas em fósforo e mais de meio milhão de toneladas em potássio são
anualmente incorporadas ás terras, na forma de adubos orgânicos.
37. O composto reduz a insolubilização dos fosfatos dos fetilizantes minerais, em solos
ricos em óxidos de ferro e alumínio?
Sim. O composto reduz a chamada fixação dos fosfatos solúveis que são aplicados como
adubo e que, em solos contendo altos teores de óxidos de ferro e alumínio, tornam-se
insolúveis, não assimiláveis pelas raízes das plantas. Essa é uma das razões pelas quais se
admite que o fósforo das adubações fosfatadas é aproveitado pelas plantas, no primeiro ano,
apenas de 20 a 30% do total aplicado. Misturando o superfosfato de cálcio com o
composto, antes de aplicá-lo em terras ricas em sesquióxidos de ferro e alumínio, estar-se-á
evitando a insolubilização do fósforo.
38. É recomendável usar o composto junto com os adubos minerais?
Sim. A associação “composto com fertilizantes minerais” é vantajosa, pois o adubo
orgânico pode reter certos nutrientes do fertilizante mineral, contra a lavagem pelas águas
da s chuvas que atravessam o perfil do solo. Essa retenção é realizada, nos solos, pela argila
e pela matéria orgânica. Nos solos do Estado de São Paulo ficou demonstrado que a matéria
orgânica é responsável por 50 a 70% dessa retenção. Em solos arenosos, como de certos
cerrados, pobres em argila, a retenção dos nutrientes fica a cargo quase que somente da
matéria orgânica existente, ou, a eles adicionada.
A possibilidade de se combinarem as adubações orgânicas com os minerais é pelo fato de,
segundo experimentos de CHAMINADE, aumentar a absorção de fósforo e potássio pelas
raízes das plantas.
39. O que é o poder quelatante da matéria orgânica do composto?
Poder quelatante ou pinçante é a propriedade que o humos possui de reter certos nutrientes,
seqüestrando-os sem se combinar quimicamente com eles, porém, impedindo que sejam
arrastados pelas águas das chuvas. Contudo, o elemento seqüestrado fica em forma
assimilável pelas raízes.
O pesquisador norte-americano ALLISON é de opinião que um dos papéis mais
importantes realizados pela matéria orgânica no solo é a de formar quelatos com certos
micronutrientes, como o zinco, o cobre e o ferro, garantindo as necessidades alimentares
das culturas. Assim, por exemplo, o ferro do solo está geralmente na forma de óxidos
insolúveis, não assimiláveis pelas plantas. O composto solubiliza o ferro, seu quelato
aprisiona-o na forma catiônica e o cede às raízes.
40. O composto e outros adubos orgânicos têm papel importante como fonte de
nitrogênio, na produção mundial de alimentos?
Processos Orgânicos Sustentáveis – Uma Visão Holística
Prof. Adoniel Amparo 31
Segundo DHAR, o aumento da produção agrícola pela adição de fertilizantes minerais
nitrogenados tem-se mostrado maior do que a obtida com o emprego do fósforo ou do
potássio. A produção mundial de fertilizantes nitrogenados, porém, é presentemente cerca
de trinta vezes menor do que a necessária para suprir as culturas de todo o mundo. E, para
que esses húmus não se esgotem, é necessário evitar sua perda por erosão e restituir ao solo
a matéria orgânica dele removida.
41. O composto é classificado como melhorador do solo ou como um adubo?
O composto é, acima de tudo, um condicionador do solo, assim classificado pelo fato de
sua manteria orgânica humificada estar em maior proporção, cerca de 40 a 70%.
No entanto, além do efeito condicionador ou melhorador do solo, o composto é também
classificado como um fertilizante de baixa concentração em nutrientes, razão pela qual são
sempre empregadas doses elevadas, geralmente acima de 10 toneladas, por hectare. A
concentração em nitrogênio, fósforo e potássio (N-P-K) está, em média, entre 3 e 4%. O
adubo contém ainda cálcio, magnésio e enxofre, além dos micronutrientes, tais como:
zinco, boro, cobre, ferro, manganês, molibdênio e cloro.
42. Como deve ser armazenado o composto?
Se o agricultor não vai usar o composto imediatamente, é preferível armazená-lo debaixo
de um rancho ou no próprio campo, cobrindo a pilha com palhas ou galhos com folhas, para
proteger do sol e do excesso de chuva, a qual deixaria o adubo molhado e mais trabalhoso
para ser distribuído na terra.
O composto cru ou semicurado dever ser guardado em montes com alturas máximas de
1.50 a 1.80 metros, enquanto que o composto curado, que não mais se aquece quando
empilhado, pode ser armazenado com alturas maiores.
43. Como se planeja a distribuição do composto no campo?
Para evitar que se aplique mais adubo em uma parte do campo e falte para outra,
recomenda-se fazerem-se muitos montes iguais, dispostos em vários pontos do terreno.
Distribuindo, depois, cada um desses montes pela área que o circunda, tem-se a certeza de
que toda a terra de cultura receberá uma mesma dosagem de adubo.
Ao se iniciar a distribuição, se houver ventos, lembrar que sempre o operário deve
caminhar tendo o vento soprando pelas suas costas ou lateralmente. Não caminhar nunca
contra a direção do vento.
44. Quais as maneiras de se distribuir o composto nas culturas:
O composto pode ser assim distribuído:
Processos Orgânicos Sustentáveis – Uma Visão Holística
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I. A lanço, aplicado por toda a superfície da terra, transportando-o em uma carroça ou
carreta e jogando-o com pá, ou, utilizando distribuidora própria para estercos ou
para calcário.
II. No fundo do sulco: nas culturas em linha, abrindo-se o sulco com sulcador ou arado
e, em seguida, jogando o adubo, que é transportado em carroça ou carreta, com pá.
III. Em covas: quando se vai instalar uma cultura permanente, como os cafezais, os
pomares, ou florestamento ou reflorestamentos, a melhor oportunidade para se
empregar um adubo orgânico é no fundo da cova, misturado com a terra.
IV. Em coroa: distribuindo em volta da árvore, formando uma faixa afastada do tronco e
não além da projeção da sua copa, devendo em seguida incorporar levemente à
terra.
45. Onde deve ser localizado o composto em relação à planta ou semente?
O composto quando estiver garantidamente bioestabilizado (semicurado) ou melhor ainda,
humificado (curado), pode ser colocado junto com a semente ou a mudinha, sem risco de
causar dano. Quanto ao composto cru aplicado na terra, só se pode semear ou plantar após
20 a 30 dias da sua aplicação.
Os fertilizantes químicos não devem entrar em contato direto com as sementes ou raízes.
Quando misturados ao composto, este adubo orgânico evita danos.
A melhor localização para os adubos orgânicos ou químicos é logo abaixo, ou, abaixo e um
pouco ao lado das sementes ou raízes.
46. Quando se deve adubar?
Os técnicos dividem a época da adubação em vários períodos: 1º) na ocasião do plantio,
isto é, junto com a semente ou com a muda que está sendo transplantada – é a chamada
adubação fundamental; 2º) quando se inicia o crescimento mais intenso da planta,
distribuindo-se o adubo na superfície do solo, ao longo da linha de cultura ou em torno da
muda, e incorporando-o ou não à terra – é a adubação de cobertura; 3º) e finalmente a
adubação de manutenção da fertilidade que se faz nas plantas adultas, geralmente em
culturas perenes na época das chuvas, ou quando se fazem canais ou outros tratos culturais,
aplicando-o em sulcos abertos ao lado da linha de cultura, ou distribuindo-o pela superfície
e incorporando-o ou não à terra.
47. Quais as doses recomendadas?
Processos Orgânicos Sustentáveis – Uma Visão Holística
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As doses variam de acordo com a quantidade de composto disponível, com o tipo de terra,
com a cultura e com a adubação pretendida. De maneira geral, podem ser recomendadas as
seguintes doses:
Para culturas anuais, no fundo do sulco de plantio, as quantidades mínimas são:
 Terras fracas, 10 t/ha.
 Terras médias, 5 t/ha.
Para culturas perenes:
 No plantio: 10 a 20 litros por cova.
 Em planta adulta, em coroa: 10 a 20 litros por pé.
 Em pastagens, em cobertura: mínimo de 5 a 10 t/ha.
Para hortas e viveiros:
 Na cova: de 0,5 a 1 litro.
 No canteiro: de 10 a 20 litros por metro quadrado.
Lembrar que, empregando-se o composto curado, pode-se juntá-lo à semente ou muda; o
composto cru não deve entrar em contato direto com a semente ou as raízes; o composto de
segunda, que contém maior quantidade de material inerte, também chamado de
contaminante, é o mais recomendado para a aplicação em fundo de cova, no plantio de
mudas.
48. Há muita diferença entre distribuir o composto na superfície sem incorporar à
terra , e incorporando?
Sim. Os experimentos demonstraram que o esterco pode, dentro de sete dias após ser
distribuído pela superfície do terreno, em condições desfavoráveis de muito calor e vento,
perder até 50% do total de nitrogênio. Considerando que o composto é um adubo
semelhante ao esterco, dele diferenciando por ter sido preparado a partir de outras matérias-
primas para se obter o mesmo húmus, compreende-se a necessidade de incorporá-lo à terra
logo após ser espalhado no campo, pois 25% do nitrogênio pode ser perdido em doze horas.
49. Há algum experimento feito no Brasil com o composto de lixos domiciliares?
Sim. Aqueles realizados pelo Departamento de Solos, Geologia e Fertilizantes, da Escola
Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, da Universidade de São Paulo, demonstraram,
dentre outras coisas, que:
I. O composto cru é inferior ao que sofreu o processo de compostagem;
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II. As doses de 5 toneladas por hectare são insuficientes para aumentar a produção;
III. As doses de 10 toneladas por hectare garantiram um aumento da produção, sendo
esta superada pelas doses de 20 t/ha;
IV. Mais uma vez foi demonstrado que o adubo orgânico é mais eficiente em solos
arenosos e na cultura do feijão, que em solo argiloso ou com planta da família das
gramíneas, como o arroz.
49. O composto aplicado como adubo tem efeito residual favorável na cultura
seguinte?
Sim. O composto aplicado como adubo beneficia a cultura daquele ano e, em menor escala,
as que se fizerem posteriormente.
Os experimentos em vaso realizados pelo Departamento de Solos, Geologia e Fertilizantes
da Escola Superior de Agricultura “Luiz Queiroz”, da Universidade de São Paulo,
demonstraram que em solo arenoso houve um melhor efeito residual do composto que em
solo argiloso; também o feijão aproveitou melhor esse efeito residual que o arroz.
Tais experimentos vêm confirmar a sabedoria popular dos agricultores europeus e asiáticos,
de que os adubos orgânicos devem ser usados a longo prazo, pois seus efeitos são
comutativos, melhorando as propriedades físicas do solo e fertilizando as culturas.
Texto de EDMAR JOSÉ KIEHL, Professor Adjunto da Universidade de São Paulo
Escola Superior de Agricultura “Luiz Queiroz”, Departamento de Solos, Geologia e Fertilizantes
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A AGRICULTURA IMITANDO A NATUREZA
17 de julho é o DIA DE PROTEÇÃO ÀS FLORESTAS, um bom momento para refletir
como estamos tratando esse importante patrimônio do Planeta. A agricultura tradicional e a
agricultura moderna desmatam para plantar. Desse jeito, acabam com a floresta que é o
ecossistema predominante no Brasil. Ela vem sendo derrubada e destruída para se extrair
madeira, plantar cana, criar pastos, cultivar alimentos e construir cidades. Isso, desde o
descobrimento do País até os dias de hoje. Fazendo diferente, a agroflorestação procura
combinar a agricultura com a floresta. Com esse tipo de plantio, o homem imita e respeita a
riqueza da vida criada pela natureza. A agrofloresta é uma floresta trabalhada pelo homem.
É um consórcio de diferentes plantas cultivadas com espécies da vegetação nativa e outras
árvores adaptadas ás condições locais. Dessa maneira, o agricultor pode colher alimentos
essenciais á nossa vida, sem destruir o ecossistema natural.
Atualmente, e mais do que nunca, a necessidade de práticas agrícolas que conservem os
recursos naturais é urgente no campo. Disto depende a recuperação dos solos erodidos e
degradados, os problemas sociais oriundos do abandono das terras, as baixas produções e a
falta de recursos financeiros.
Vemos crescendo o uso de práticas agrícolas como cultivo em nível, rotação de cultura e
adubações verdes, mas é na adoção de sistemas agrossilvopastoris que repousa o grande
potencial para as condições brasileiras.
Agrossilvicultura é um sistema planejado de uso da terra, no qual árvores são cultivadas em
consórcio com culturas agrícolas e/ou animal, ao mesmo tempo ou em rotação. Os vários
estratos de vegetação otimizam o aproveitamento da radiação solar; os vários tipos de
sistemas radiculares em diferentes profundidades determinam um bom uso do solo e as
culturas anuais e as pastagens beneficiam-se com o enriquecimento da camada superficial
do solo, conseqüencia da reciclagem mineral feita pelas culturas arbóreas.
Alguns exemplos de uso da agrossilvicultura:
1. Cultivo em faixa: prática de manejo em que as culturas, geralmente leguminosas, são
cultivadas nas ruas, entre as fileiras plantadas com árvores ou arbustos, e na qual as
espécies lenhosas são podadas periodicamente.
Benefícios:
 Recupera e conserva a fertilidade dos solos;
 Produz adubo verde;
 Produz húmus;
 Fixa nitrogênio;
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 Protege os cultivos contra o vento e o sol;
 Controla ervas daninhas;
 Produz forragem;
 Produz lenha e mourões.

2. Cultivos intercalados de frutíferas, grãos ou hortaliças.
Benefícios:
 Uso intensificado da terra;
 Produção de frutas;
 Sombra;
 Conservação e melhoramento dos solos;
 Controle da erosão.
3. Cercas vivas.
Benefícios:
 Proteção de terrenos de cultivo, hortas, viveiros e lotes para lenha;
 Redução de custo, trabalho e material requeridos para outros tipos;
 Cercas;
 Produção de lenha ou de fruta;
 Embelezamento.
4. Quebra-ventos:
Benefícios:
 Diminuição do ressecamento dos solos;
 Redução dos danos causados aos cultivos, pelo vento;
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 Redução de madeira para lenha ou construções;
 Embelezamento.
O BIOGEO E
O CONTROLE DE DOENÇAS NAS PLANTAS
Trata-se de um pé de cuba misto, composto de estéreo (ou outros), água, farinha de rochas,
tortas, leveduras, xisto, cinzas, água do mar, etc.
É, portanto, um composto biotecnológico para prevenção de pragas, doenças e
desequilíbrios, promotor de crescimento e defensivo natural baseado na teoria da
Trofobiosoe, graças aos seus cerca de 80 elementos, mais enzimas (rompendo bloqueios e
ultrapassando barreiras fisiológicas). Recomenda-se sua aplicação foliar, via solo, como
inoculador de sementes. O seu poder transformador produz o equilíbrio da planta,
propiciando desenvolvimento harmonioso e saudável, ensejando alta produção mesmo em
condições adversas.
O controle de doenças com os biofertilizantes é devido à presença de metabólicos – ação
direta sobre o patógeno e o hospedeiro. Mecanismo de ação simultânea dos microrganismos
(antibiose – competição – parasitismo), além de ativar mecanismos de resistência quando
aplicados via foliar dado à capacidade de leveduras e bactérias induzirem a resistência do
hospedeiro às doenças, ocorre também pela presença de compostos orgânicos
(aminoácidos – enzimas – coenzimas – vitaminas – fitormônios).
IMPORTANTE: As aplicações foliares devem ser constantes, a fim de vencerem os
bloqueios existentes. Pragas e doenças são conseqüências de equívocos no manejo do
agrossistema, portanto o manejo do combate às pragas e doenças do vegetais só se tornará
efetivo através da correção das causas que as originaram. Como preservar e recompor o
equilíbrio biológico dos agroecossistemas, evitando assim o agravamento dos problemas
fitossanitários.:
A) Diversificação, rotação e consorciação de atividades.
B) Recomposição florística para a melhoria das condições microclimáticas e a conservação
dos recursos naturais, objetivando o equilíbrio ecológico do agroecossistema.
C) Promoção de uma eficiente reciclagem das biomassas disponíveis na propriedade.
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D) Manejo orgânico das áreas agricultadas, com destaque à incorporação constante de
matéria orgânica ao solo, além das coberturas morta e viva e da prática de adubação.
verde.
E) Utilização de geomoplama mais adequado e suas condições, com ênfase na
produtividade, sem descuidar da prevenção dos eventuais estresses ambientais.
F) Busca de uma nutrição adequada e completa para os vegetais e organismos do solo pelo
aporte de elementos de baixa solubilidade.
Parte III
O “MB-4” E O EQUILÍBRIO MINERAL DO
SOLO
O vasto espectro de elementos químicos minerais encontrados no MB-4 leva-o a oferecer
uma variedade grande de nutrientes; a baixa solubilidade e a relação entre eles
proporcionam condições propícias para a vida microbiana do solo.
A maneira ideal de colocar o MB-4 à disposição das plantas é espalhá-lo em área total, em
seguida, fazer a incorporação ao solo. Com essa operação obtém-se a segurança de que o
produto preencheu todas as necessidades.
A quantidade ideal é de difícil estimativa: depende das carências minerais locais. Porém,
deve-se tomar por base a quantidade de 2 t/ha. Não se deve exagerar e, no mesmo ano,
colocar quantidades grandes por hectare, com o intuito de obter resultados rápidos, pois
pode-se incorrer em agressão às microvidas ali existentes. È preferível colocá-lo em doses
menores e continuadas.
A finalidade de espalhar em toda a área e fazer a incorporação é permitir o aumento da
superfície de contato entre o MB-4 e o maior volume de solo possível, de modo a levar o
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produto ao alcance das raízes, favorecendo o contato delas com os nutrientes liberados. É
uma operação realmente trabalhosa, que envolve equipamentos e custos mais elevados, mas
é compensador; reduzirá custos futuros em combate a pragas e doenças, obterá maior
produção e melhor qualidade biológica da cultura, que é o mais importante. É o contrário
do que se faz atualmente, em que se valoriza a produção em detrimento da qualidade
biológica.
Em testes experimentais aplicou-se no sulco, reduzindo a quantidade em 50%, e obtiveram-
se bons resultados.
Procurando-se reduzir custos e facilitar em relação às culturas plantadas, outras maneiras de
aplicação do produto têm sido utilizadas, como: na cova (em contato direto com a
semente); na projeção da copa; em culturas permanentes, como fruteiras, calcula-se a área e
a quantidade equivalente, proporcional a 2 t/ha.
A grande necessidade de certos minerais para a saúde das plantas e dos animais faz com
que essa preocupação estenda-se até o solo, onde está o início da vida vegetal e animal.
Aqui teceremos comentários sobre alguns desses elementos que julgamos oportuno, para
posteriormente aprofundarmo-nos em maiores detalhes.
O Magnésio está contido no MB-4 sob a forma de silicato e, em maior quantidade, de
carbonato. Representa um total que pode variar de 17 a 19% de óxido de magnésio. É um
elemento de grande importância para a vida e Conseqüentemente de grande necessidade
nos solos. Atualmente não se dá o valor devido ao magnésio, talvez por representar em
torno de 2,5% da crosta terrestre e, portanto, muito comum, não desperta grandes interesses
comerciais, sendo relegado a segundo planto. As conseqüências desse desprezo vão se
refletir em prejuízos futuros nas colheitas e na vida animal.
A deficiência de Magnésio no solo foi ampliada pelas altas doses de fertilizantes químicos
solúveis, principalmente os adubos potássio e os nitrogenados amoniacais.
Outros fatores influem no aproveitamento do Magnésio no solo, como clima, umidade,
grande quantidade de íon cálcio.
O Ferro é ofertado ao solo sob a forma de óxido, e está presente no MB-4 na proporção de
6 a 8%. Tem um significado grande para a vida, principalmente a animal. Os solos arenosos
são muito carentes.
Está presente na crosta terrestre, numa concentração em torno de 5%, e a disponibilidade de
ferro no solo pode ser afetada pela compactação, pH elevado, presença de outros metais em
grandes quantidades.
O Silício é fornecido ao solo pelo MB-4 como silicato. Sua presença no produto é a alta
cifra de 39 a 48% em SiO2. É um outro elemento que não teve o reconhecimento devido.
No entanto atualmente inicia-se, muito prudentemente, colocá-lo no merecido lugar. Tem
grande importância no solo, nas plantas e nos animais.
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O Silício nos solos tropicais, com pH entre 4,0 e 4,5, é solubilizado muito rapidamente, e,
juntando-se ao Ferro forma as concreções lateríticos. Este processo é bem observado nas
argilas montmorilhoníticas que, ao perderem Silício, transformam-se em caulinita mais
gibsita. O processo é reversível: com a aplicação do MB-4, a sílica do silicato de magnésio
é liberada e é invertida a aeração. Nos solos argilosos, esse fenômeno é muito observado, e
constata-se com muita evidência o desenvolvimento radicular das plantas, que parecem
adquirirem mais força para penetrar o solo compactado.
O Cálcio é um dos elementos mais ricos na crosta terrestre, atingindo 3,5% do total. No
MB-4 está presente sob a forma de carbonato e silicato de cálcio. Tem seu lugar de
destaque, recebendo a merecida importância que tem para as plantas e para os animais.
Compõe o MB-4 na proporção de 1,5 a 4%.
O Fósforo e o Potássio são dois importantes minerais para o solo, para as plantas e para os
animais. No entanto, é atribuído um valor muito alto a eles. Nas adubações são colocados
sob forma altamente solúvel e em quantidades elevadas. Juntos ao nitrogênio formam o que
a ciência agronômica atual chama de macroelementos primários. Não ficam dúvidas no que
diz respeito à quantidade que entra na constituição e às necessidades da planta, mas a
fórmula e a quantidade quando aplicados deixam a desejar, e consideramos o ato de maior
agressão à natureza neste século. A grande proeza e a coroa de louros ficam para as
multinacionais, que tiraram proveito e, sem medir as conseqüências, arquitetaram
seus planos com a única finalidade de conseguir lucros, custasse o que custasse. Esta
agressão não é somente uma ofensa à Natureza, é responsável pelas doenças e pragas
na agricultura, pelas doenças no animais e principalmente no homem. As mortes de
seres humanos causadas por essa agressão é maior que se juntássemos os mortos de
todas as guerras havidas juntas. Sem contar os milhões de miseráveis que deixou,
depois de sugar o último centavo. É vergonhoso que no final do século XX até mesmo
os países considerados do primeiro mundo, desenvolvidos ainda estejam sendo
iludidos e usem os chamados adubos químicos solúveis, embora em pequena
quantidade.
Quando será que o homem irá se conscientizar de que é e sempre será uma pequena parte
da natureza e, por isso, deve se comportar como tal, observando-a, como bom filho, e
tirando lições para usar em benefício próprio?
Os micronutrientes Sódio, Enxofre, Cobre, Zinco, Manganês, Cobalto, elementos-traço e
muitos outros que ainda não puderam ser detectados fazem parte da composição MB-4.
Sentimos os efeitos pelo comportamento das culturas, o desenvolvimento radicular, o
prolongamento da vida, com todo vigor reprodutivo.
Nota-se que a microvida do solo é intensa e equilibrada. Num experimento em vaso com
solo argiloso, foram feitos três tratamentos: um só com MB-4, que chamaremos de (1); o
segundo com MB-4 e adubo químico (2) e o terceiro só com adubo químico (3). Observou-
se, no primeiro experimento, o feijoeiro com MB-4 em pleno vigor, verde, com vagens
novas, outras já secas e a planta ainda florando. Em um outro vaso, o do terceiro
experimento, o feijoeiro plantado com NPK aparece já morto, atacado por nematóide. As
raízes do feijoeiro com MB-4 (1) são fortes, têm o vigor necessário para penetrar o solo e se
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aprofundar para resistir às intempéries. São longas, ramificadas e parecem querer ocupar
cada espaço no solo. O feijoeiro com NPK (3) não recebeu a adubação ideal. Ela
proporcionou que o nematóide, sentindo-se agredido em seu habitat, se defendesse
atacando a planta. O feijão que recebeu o MB-4 e o adubo químico (2), embora ainda
apresentando nematóide, mostrou um desenvolvimento radicular melhor que o do
experimento (3).
Analisando o fenômeno acima, podemos fazer observações que nos servirão para completar
futuras conclusões. O nematóide atacou as plantas que levaram adubo químico (2) e (3), já
que o solo foi o mesmo. Então, o produto MB-4 deve dispor de algo que não contrariou ou
prejudicou e mesmo ajudou a vida do nematóide. Do modo como vemos não conseguimos
enxergar os outros seres vivos como pragas: porque são ameaçados em suas vidas, têm
mesmo é que se defender.! Nós, os humanos, quando somos ameaçados, procuramos nos
defender e agredimos quem nos ataca. Não procuramos encontrar a causa e o por quê de
estarmos sendo ameaçados.
Tentamos corrigir um dos efeitos quando, se corrigíssemos a causa, seria muito mais fácil.
Bastaria procurar lições na mãe Natureza e teríamos a solução para tudo.
O fenômeno que se apresentou, no pé de feijão com MB-4 (1), de prolongamento da vida,
inclusive proliferando, foi observado também em diversas outras culturas, como soja,
melão, cana, fumo, mamão. É um fenômeno muito importante, sobre o que iremos nos
aprofundar em futuras considerações.
Em solo bem nutrido, a planta é sadia, apresentando um sistema radicular desenvolvido e
não sofrendo ataque dos seres vivos, a que denominamos desdenhosamente de pragas.
O equilíbrio mineral do solo é inteiramente responsável pela saúde da planta, dos animais,
inclusive do homem.
Não existe doença na planta ou no animal, inclusive o homem, que não esteja
relacionada a uma deficiência mineral do solo.
EFEITOS DO MB-4
Todos os benefícios da colage com calcário e mais:
a) Corrige em produtividade (descida rápida);
b) Diminui a saturação de alumínio;
c) Fornece mais de 30 elementos entre macro e micronutrientes (P, K, Ca, Mg, S, Fe);
d) Aumenta o sistema radicular;
Processos Orgânicos Sustentáveis – Uma Visão Holística
Prof. Adoniel Amparo 42
e) Diminui a transpiração da planta, pela presença da sílica (47%), logo, aumenta a
resistência à seca;
f) Tem muita influência na germinação, aumentando sua velocidade, talvez pela presença
do boro;
g) Pode ser usado também como adubo.
Além disso, a Farinha de Rocha MB-4
 Tem propriedades antifúngicas;
 Pode ser usada junto com NPK;
 Pode ser usada como defensivo natural, diluído ou em pó;
 Aplicado com MO, o efeito é miraculoso.
Anexo I
O INVESTIMENTO MACABRO
Quando lemos o título deste artigo achamos um absurdo. Quem seria capaz de fazer tal
investimento?
Mais absurdo ainda é afirmar que todos nós, brasileiros ou não, fazemos, uns mais e outros
menos.
Fazemos esta afirmação, pois quando compramos nossos alimentos, estamos investindo na
nossa saúde. Sempre procuramos adquirir o que é melhor, o mais saudável.
Processos Orgânicos Sustentáveis – Uma Visão Holística
Prof. Adoniel Amparo 43
No entanto, não sabemos com certeza se aquilo que adquirimos é realmente o que
pensamos, ou é uma aparência. Será que estou comprando gato por lebre? Ah! Se fosse,
seria muito bom, não seria o investimento a que nos referimos.
Somos contempladores e coadjuvantes do triste espetáculo. A SAÚDE ESTÁ EM CRISE,
dizem as manchetes em jornais, revistas, noticiários de rádio e televisão.
Quem procura saber qual o motivo da saúde ter se agravado tanto assim? Trata-se de
arranjar mais dinheiro para se poder investir mais em curas de doenças. As causas das
doenças ninguém procura. A primeira intenção é a que fica, vamos tratar a doença, mas a
causa persiste.
Quem procura saber se a carne de boi que consumimos está cheia de hormônios, que se
deixam os animais dopados nos pastos, só comendo e engordando; ou como são criadas as
galinhas de granja, onde se consegue a grande façanha de levar o máximo de 45 dias do
nascimento até o dia do abate, em que é necessário usar muitos hormônios e antibióticos;
ou dos alimentos vegetais, nos quais a nova tecnologia fez que aumentasse a produção,
sem se preocupar com a qualidade dos alimentos; ou a água que bebemos oriundas de rios e
açudes que abastecem as cidades, impregnados de agrotóxicos trazidos pelas chuvas.
Poderíamos perguntar: “Quais as doenças que esses alimentos provocam?” E
responderíamos sem pestanejar; “Todas, inclusive o envelhecimento precoce, a impotência
sexual, a infertilidade de homens e mulheres, esse aumento assombroso da
homossexualidade, a perda de nossas defesas imunológicas, etc.”
O caso é sério, é para ficar assombrado mesmo.
E agora, o que vamos comer?
Não nos resta muita coisa. Como alimento animal, temos ainda um cabrito, um carneiro, a
galinha de capoeira, ovos de capoeira e peixe do mar, pois os açudes e lagoas podem estar
contaminados. Como alimento vegetal não nos resta nada. Até a simples saladinha de
verduras está cheia de agrotóxicos, pois as lavouras foram saturadas de adubos químicos,
perderem suas defesas naturais, ficaram biologicamente incompletas, sujeitas a pragas e
doenças e, por isso, vieram os agrotóxicos, cada dia mais fortes, mais mortais e as pragas e
doenças mais resistentes.
No estágio atual, fazendo-se um comparativo, estamos iguais às lavouras. Foi trocada a
maneira de adubar, isto é, foi mudada a alimentação, provocou o desequilíbrio, que, por sua
vez, comprometeu as defesas, e aí estão as doenças nos seres humanos, com os hospitais
cheios, e muitas infecções hospitalares.
Então, o que fazer?
Diante desse quadro caótico, a MIBASA, através de seu departamento técnico, preocupada
com a situação, resolveu lançar a campanha de alerta à população “ALIMENTO
NATURAL É SAÚDE”, pois o Homem é um hóspede na Natureza, e como tal, se for
bom, fica, caso contrário, será eliminado. E assim teremos o suicídio involuntário, pois
Processos Orgânicos Sustentáveis – Uma Visão Holística
Prof. Adoniel Amparo 44
estamos nos matando com nossas próprias mãos. Quando fazemos uma feira, supomos que
estamos comprando somente nutrientes para nossos corpos, estamos fazendo um
investimento, mas, adicionado à feira, vêm os agrotóxicos, os hormônios, as deficiências de
vitaminas e sais minerais, etc., que causam as nossas doenças. É portanto um investimento
macabro.
OBSERVAÇÕES: A nossa intenção é alertar a população e, agora, professores de
ciências, para que conscientizem os jovens, para que eles não venham passar pelo que
estamos passando, e tenham uma vida com saúde e paz.
Fazemos isto, também, com a intenção de dividirmos as responsabilidades que tomamos
para nós.
Queremos colocar à disposição dos alunos e professores o nosso departamento técnico com
informações e conhecimentos para, juntos, unirmos nossas experiências e encontrarmos
soluções adequadas, na tentativa de superar a crise para as futuras gerações e minorar o
sofrimento desta.
Arapiraca, junho/1996.
Solon Barrozo Barreto – Diretor Técnico da Mineração Barreto S.A. – MIBASA
Anexo II
A FEIRA... E AS DOENÇAS
Atualmente temos mais dificuldades para fazer uma feira. Além das condições financeiras,
vem uma outra preocupação, mais complexa, e que poderá deixar você sem possibilidades
de fazer outra, para o resto da vida, se é que ainda restará vida. Será que o nosso organismo
suportará mais uma semana de agressões, sem mostrar sinais de que está saturado, de que
há muito tempo vem protelando e se esforçando para lhe dar uma boa aparência, com a
esperança de haver uma mudança na conduta alimentar?
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Ecossistemas

  • 1. Processos Orgânicos Sustentáveis – Uma Visão Holística Prof. Adoniel Amparo 1 Curso de Agricultura Orgânica Sustentável Método Adonias Amparo Resplendor - MG Outubro 2000 Processos Orgânicos Sustentáveis Uma Visão Holística Autor Prof. Adoniel Amparo Prof. Adoniel Amparo Chácara Santo Expedito, Lote 9 Estrada Velha de itapuã, Km 17 Salvador-Ba Tel.: (710 ) 375-1428 e-mail: adoniel@hot mail.com
  • 2. Processos Orgânicos Sustentáveis – Uma Visão Holística Prof. Adoniel Amparo 2 “O caminho para uma agricultura sadia e sem venenos passa necessariamente pela renovação das técnicas agrícolas: manejo orgânico do solo com tratos culturais não agressivos ou tóxicos, visando a produção de alimentos limpos que promovem saúde. O professor ADONIEL AMPARO desenvolve táticas adequadas, tendo aprimorado tratamentos fitossanitários eficientes, ecologicamente integrados e socialmente desejáveis, com baixos custos, baseados em recursos locais da própria unidade agrícola. É com admiração que estamos acompanhando o seu empenho e seu sucesso junto aos agricultores.” José Lutzemberger Prêmio Nobel Alternativo de Agricultura ÍNDICE
  • 3. Processos Orgânicos Sustentáveis – Uma Visão Holística Prof. Adoniel Amparo 3 Parte I ECOSSISTEMA ...................................................................................................PÁG. 01 AGRICULTURA ..................................................................... PÁG.04 Parte II MATÉRIA ORGÂNICA .....................................................................................P ÁG. 06 COMPOSTO ORGÂNICO - SUBSTRATO BIOGEO – 1.0 ............................PÁG.09 50 PERGUNTAS E RESPOSTAS SOBRE COMPOSTO ORGÂNICO ............PÁG. 18 A AGRICULTURA IMITANDO A NATUREZA ...............................................PÁG. 32 O BIOGEO E OCONTROLE DE DOENÇAS NAS PLANTAS ........................PÁG. 34 Parte III O “MB-4” E O EQUILÍBRIO MINERAL DO SOLO .........................................PÁG. 35 Anexo I: O INVESTIMENTO MACABRO..........................................................PÁG. 39 Anexo II: A FEIRA... E AS DOENÇAS ..............................................................PÁG. 41 Anexo III: ECOLOGIA AMBIENTAL................................................................PÁG. 44 Anexo IV: COLHEITAS E PRAGAS, A RESPOSTA ESTARÁ NOS VENENOS?.......................................PÁG. 58 Anexo V: OU O BRASIL ACABA COM A SAÚVA OU?...................................PÁG. 68 Anexo VI: COMO PREPARAR E APLICAR.....................................................PÁG. 73
  • 4. Processos Orgânicos Sustentáveis – Uma Visão Holística Prof. Adoniel Amparo 4 Parte I ECOSSISTEMAS APRESENTAÇÃO Toda a natureza funciona em ecossistemas, conjuntos interligados. Do mesmo modo como não existe fator econômico isolado, também não existe fator ecológico isolado: cada um depende e influi sobre os outros. Assim, o nosso planeta não é um depósito de fatores isolados que se pode usar, retirar, gastar, modificar, desperdiçar. Podemos até fazer tudo isso, como, aliás, temos feito. Porém há que se pagar um preço muito alto ao se desafiar a natureza e seus ecossistemas, haja vista as doenças e pragas de que são acometidas as nossas plantas com reflexos danosos à saúde dos animais e do homem. Tentaremos mostrar as inter-relações solo-microvida-mesovida-planta-clima, os ecossistemas, as sucessões, os ciclos vitais e os equilíbrio dinâmicos que apresentam. Somos filhos da terra! Somos uma célula fecundada que nos legou o código segundo o qual nos desenvolvemos, graças àquilo que a terra pode nos dar, e assim, somos o que ela nos fez. Ora, se a terra é doente, decaída e poluída , as chances de sermos sadios, vigorosos e inteligentes são poucas. Todos fazemos parte da natureza. O ser humano quer acreditar que pode influir sobre a natureza, modificá-la e destrui-la, sem que sofra as conseqüências dos seus desmandos. Muitos vivem em cidades, entre concreto armado, vidraças, asfalto, longe da natureza (como se fosse possível), mas depende dela com cada fibra do seu ser, através da alimentação, do ar, da água, das radiações, do estrito equilíbrio. Equilíbrio dinâmicos têm a particularidade de, após percorrido o ciclo, chegarem ao final, que é o ponto de partida, do qual tudo se inicia novamente. No Brasil temos vários ecossistemas importantes: Floresta Amazônica – é um ecossistema estável, porém delicado, cujo solo, a despeito das árvores gigantescas, é muito pobre; Mata Atlântica – com sua diversidade e seu equilíbrio natural, mas também um ecossistema delicado, exigindo ser bem manejado;
  • 5. Processos Orgânicos Sustentáveis – Uma Visão Holística Prof. Adoniel Amparo 5 Cerrado – é um ecossistema muito importante, tanto pela área que ocupa, como pela sua diversidade. As plantas não são individualizadas, mas fazem parte de um sistema. Devemos, portanto, aprender a linguagem da natureza através de ecotipos. As chamadas “ervas daninhas” são indicadores do estágio em que se encontra o solo. Constitui-se num laboratório, apontando o pH alto ou baixo, a deficiência ou o excesso de nutrientes, camada de impedimento, excesso ou falta de água, etc. Como se explica erradicar as plantas nativas e substituir a leitura do solo por análises laboratoriais? Em razão de suas limitações e artificialidade no ecossistema, os fatores devem ajustar-se perfeitamente um ao outro. Ao lutarmos contra a natureza, podemos até ganhar algumas batalhas, a última, no entanto, é ganha pela natureza. Todos os desertos foram feitos pelo homem. “O homem morre com a sua terra.” Havendo modificação, tudo será diferente. Não devemos tentar dominar a natureza, subjugá-la, mas sim, entendê-la e respeitar as suas leis. No trato com a ela deve reger a satisfação de manejá-la adequadamente. O nosso planeta Terra “...é uma jóia inestimável” (Lutz), planeta precioso, frágil e vulnerável, diante da patologia mental de sua própria população. Só desta forma podemos entender o comportamento e agressões de que nosso planeta é vítima. Todos os ecossistemas são conjuntos de ciclos: da vida, do solo, dos minerais, da água, da energia, e, através do sol, nossa fonte de energia e base de toda a vida terrestre, nossos ciclos ligam-se ao cosmo. As plantas crescem conforme um equilíbrio rítmico entre o sol e a terra, e dependem das constelações, da lua, interligando, assim, planta, sistema vegetal-solo e clima-cosmo estelar com a ação do astro-rei, o sol. A harmonia é complexa, havendo uma simetria perfeita com seus opostos: luz-sombra, calor-frio, noite-dia, chuva-seca. A nossa vida depende dessa inter-relação harmoniosa. Essa harmonia dos opostos, a sua inter-relação e cooperação, sua dependência mútua e sua relatividade são controladas pela força criadora, ordenadora e soberana de Deus. A destruição dessa harmonia, que garante nossa vida, é pecado, porque cria desordem, decadência, confusão. Na visão bíblica, pecado quer dizer “errar o alvo”. A tecnologia atual gasta oxigênio com combustão de motores, queimadas, destrói florestas e plâncton. Na harmonia natural, homens e animais gastam oxigênio, produzindo gás carbônico; as plantas e parte dos micróbios gastam o gás carbônico, produzindo oxigênio. A fim de produzirmos, temos que plantar a terra. Devemos, no entanto, tomar cuidado para que o dano seja o mínimo possível. Evite: a) Grandes derrubadas;
  • 6. Processos Orgânicos Sustentáveis – Uma Visão Holística Prof. Adoniel Amparo 6 b) Queimadas; c) Uso de desfolhante; d) Aração profunda. Aconselha-se: a) A derrubada manual em pequenas áreas (deixando áreas intercalares nativas, a fim de causar o menor impacto ambiental; b) Aguardar o desfolhamento natural das árvores; c) Plantar leguminosas; d) Encovar as madeiras; e) Promover destocamento; f) Preparar o solo, evitando inversão de camadas. Temos ouvido falar, nos últimos tempos, em ecologia, mas afinal, o que é ecológico? “Óikos” é do grego “lugar” e “logos” significa “estudo”, de modo que ecologia é a ciência que estuda a inter-relação dos equilíbrios particulares do diversos lugares com sua vida, seus solos e seu conjunto. Quer dizer “...estuda os laços que unem os seres vivos ao seu ambiente, que é o seu meio vital.” (Primavesi) Equilíbrio dá a convicção de que não existirá falta, tão pouco, excesso, ou seja, estará na medida certa. Dinâmico, não estático, em constante movimento, modificando-se de acordo com a programação preestabelecida, até chegar novamente ao início do ciclo. Assim, os minerais nutritivos passam do solo para a planta, de lá para o animal e o homem e, finalmente, pelos microorganismos, que decompõem tudo que foi formado pelas plantas e animais, até chegar ao início da caminhada. Observemos o ciclo da água: a chuva cai, penetra na terra (se houver poros), alcança o lençol freático, nasce como vertente, abastece os rios, chega ao mar e daí evapora., juntando o vapor oriundo do mar com o que foi evaporado diretamente do solo ou transpirado pelas plantas, formando nuvens que o vento leva sobre a terra, vindo a chover novamente. Mas nessa caminhada a água depende de vários fatores, todos equilibrados. A chuva que cai não pode bater diretamente no solo, encrostando. O solo deve manter os poros abertos, pelos quais deve infiltrar-se a água. Não pode haver lajes adensadas (pé de grade), barrando o caminho da água, caso contrário, não abastecerá os rios. Se ocorrer, produzirá enchentes e, se os rios forem retificados, a água não formará os brejos e banhados. E se faltarem as matas, as nuvens carregadas de água não descerão com facilidade e sim quando estiverem muito pesadas. Ocorrerão aguaceiros (tromba d’água e seca em seguida, longos períodos de estiagem). Não haverá mais fontes que abasteçam os rios, que oscilam entre cheias pavorosas e vazão reduzida. E em lugar de vegetação exuberante, teremos caatinga e cerrados. No ecossistema todos os fatores devem ajustar-se perfeitamente um ao outro, pois fazem parte de um conjunto que dever ser harmônico. A natureza é sábia, e sendo agredida, “dá um jeitinho” para voltar ao equilíbrio. O problema atual é que se enxergam somente fatores
  • 7. Processos Orgânicos Sustentáveis – Uma Visão Holística Prof. Adoniel Amparo 7 isolados em lugar de conjuntos ecológicos que correspondem à realidade, e assim, se tomam sintomas por causas. Por isso também não se verifica que a decadência dos solos e, com isso, das culturas eqüivale à decadência do homem que se nutre de produtos incompletos e decadentes. Tudo o que vive somente é um elo dos conjuntos ecológicos e dos ecossistemas. Na natureza, todos os acontecimentos são importantes em razão de poderem desencadear modificações. Cada acontecimento tem suas conseqüências diretas e colaterais. Graças às modificações do solo, do ambiente, dos rios e do ar modificou-se o vigor, a saúde. Assim, no recrutamento militar na Holanda somente 10% dos jovens são aptos, e os 90% restantes têm sérios problemas de saúde, com diminuição gradativa dos níveis de inteligência. No Brasil, “...50% dos jovens têm problemas físicos e mentais” (Primavesi). Segundo previsão de Smith (do início do século), no ano 2000 a maioria dos seres humanos seriam débeis mentais ou aleijados. AGRICULTURA A prática do cultivo da terra vem de aproximadamente 10 mil anos no Norte da África e Oeste Asiático; na Europa, há 8 500 anos – atual Grécia -; no Vale do Danúbio e na Inglaterra, de 6 mil anos atrás. No século XVIII tem início a agricultura moderna – primeira revolução agrícola. Na Europa ocidental praticam-se a pecuária e a agricultura – rotação de culturas com plantas forrageiras e leguminosas. Em meados do século XIX é criado o “quimismo” de Liebig -“lei do mínimo”. A teoria de Liebig, é considerada “reducionista”, conforme Samuel Dana. Para Dana, Liebig transformava a arte milenar de fertilização em um problema aritmético. A microbiologia de Pasteno contribuiu decisivamente para a oposição ao quimismo. A nitrificação é um processo bacteriológico e os nutrientes utilizados pelas plantas, principalmente o carbono 45% - e o nitrogênio 3% - são constantemente reciclados pela ação dos microorganismos do solo que, por sua vez, dependem da matéria orgânica como fonte de nutrientes. Em 1886, Heiriegel e Wifarth determinaram a existência de bactérias que vivem nos nódulos, nas raízes das plantas leguminosas, e são capazes de fixar o nitrogênio atmosférico. Em 1888, Beijerinek isola pela primeira vez essas bactérias (bacilos redicicola), hoje conhecida como uma das espécies do gênero Rhizobium. Nasce a Agricultura Industrial produzindo fertilizantes químicos altamente solúveis, agrotóxicos, máquinas e implementos agrícolas. Esta etapa ficou conhecida como 2ª Revolução Agrícola, em meados do século XX. Resultado: aumento de produções, em detrimento de qualidade da resistência das plantas e, assim, a proliferação de pragas e doenças. No fim da 2ª Guerra Mundial muitos compostos produzidos com armas químicas foram transformados em inseticidas, para combater os inimigos da lavoura. Em 1966, cerca de 8
  • 8. Processos Orgânicos Sustentáveis – Uma Visão Holística Prof. Adoniel Amparo 8 mil indústrias já operavam na produção de agrotóxicos. A Revolução Verde e seu pacote tecnológico tinha o objetivo declarado de aumentar a produção. Sabemos, no entanto, que não é bem assim. Os objetivos não revelados são a venda do produto, a abertura de mercados e o aumento dos lucros das transnacionais, em detrimento da qualidade dos produtos agrícolas e da vida da população terceiro-mundista, como conseqüência do baixo valor nutritivo dos alimentos, resultando no que chamamos de “fome oculta”, sem falar na contaminação do meio–ambiente (do solo, da água, dos animais, do homem do campo), na erosão, na perda de fertilidade do solo, na destruição florestal, com a dilapidação do patrimônio genético e da biodiversidade. GAIA Ecosfera compreende: biosfera, hidrosfera, atmosfera e litosfera. Biosfera é o conjunto de sistemas vivos, e está intimamente ligado à litosfera e hidrosfera, bem assim, à atmosfera. O todo constitui uma unidade funcional e harmoniosa, equilibrado, portanto. Tem-se falado ultimamente em “ambiente natural”, que é visto como algo externo, como se não estivéssemos integrados, como se tudo quanto nos rodeia fosse estranho e a terra não se constituísse num grande organismo, e nós, órgão desse conjunto. Imaginemos o nosso planeta cheio de vida, mas segundo a visão moderna reducionista de alvos estreitos e lineares, a vida fosse constituída de animais, sem plantas portanto. Se não pode ser assim, como se justifica a destruição das plantas e a intervenção do homem em algumas delas com o objetivo declarado de melhorá-las e, desta forma, quebrando a harmonia e causando devastação ao nosso planeta. É como se um de nossos órgãos tentasse eliminar outro em benefício próprio. Como seria possível, se fazemos parte de um conjunto? O homem , assim, constitui-se numa célula alterada (cancerosa), tentando destruir o conjunto. A biosfera é o conjunto de sistemas vivos, plantas e animais. A hipótese de somente animal não tem sentido, pois este depende da planta, não só para sua alimentação direta ou indireta - já que a planta faz uma coisa que nenhum animal sabe fazer: a planta domina a tecnologia da fotossíntese – como também para a manutenção dos níveis de oxigênio e da temperatura. As plantas captam energia solar, retiram gás carbônico da atmosfera, combinam com água, produzindo substâncias orgânicas: açúcares, vitaminas, carboidratos, etc., deixando, de resto, oxigênio. A grande fonte de energia é, sem dúvida, o Sol. Para captar a luz, a planta fica parada com a superfície de suas folhas voltadas para a luz solar. Falamos, assim, da alimentação dos animais com os elementos produzidos pelas plantas e da manutenção dos níveis de oxigênio e da temperatura. Por que devastar? Para que destruir? Temos agora o inverso: as plantas dependem do animal. Como vimos, a fórmula da fotossíntese mostra que o alimento principal da planta é o gás carbônico, mas este é um gás raro na atmosfera. Sabemos que o nitrogênio representa 78%, o oxigênio, 20%, o restante, mais ou menos, 2% - argônio, hélio e outros. O gás carbônico representa 0,033%. São, portanto, os animais que dominam a tecnologia, queimam com oxigênio as substâncias produzidas pelas plantas e devolvem ao ambiente exatamente aquilo que a planta retirou. O magnésio está para a fotossíntese assim como o ferro está para a hemoglobina no sangue dos animais. A planta capta gás carbônico e entrega oxigênio; o
  • 9. Processos Orgânicos Sustentáveis – Uma Visão Holística Prof. Adoniel Amparo 9 animal consome oxigênio e devolve gás carbônico. A energia que toca este carrossel é a radiação do sol, razão pela qual, nós, desse hemisfério de clima tropical, somos privilegiados pela intensa radiação solar. Em climas tropicais, uma floresta se forma em 18 anos; em climas temperados, são necessários 100 anos As árvores, as florestas, os banhados, até as algas microscópicas do oceano são órgãos nossos. Vemos na natureza, por exemplo, a abelha e a flor. A flor fornece néctar que a abelha transforma em mel. Por seu turno, a abelha fecunda a flor, que vai formar o fruto e a semente, que garantirá a perpetuação daquela espécie. Já nos perguntamos, por que as plantas produzem frutos gostosos e chamativos. Ora, as plantas não viajam, mas precisam conquistar espaços: com seus frutos saborosos pagam para que animais levem a sua semente adiante. Parte II MATÉRIA ORGÂNICA MICRORGANISMOS DO SOLO Pasteur: “O micróbio não é nada, o ambiente é tudo.” A proliferação dos microorganismos é limitada pelo pH – riqueza do solo (mineral), espécie de matéria orgânica –, pela temperatura e pela umidade. Em temperaturas acima de 20 graus, predominam as bactérias. SABEDORIA “O solo é como uma mulher frágil. O gigolô, para o qual a mulher é fonte de dinheiro, explora-a, abusa dela e gosta de vê-la nua. Sentindo-se violentada, a mulher tenta defender- se. O solo violentado tenta proteger-se, vestindo-se com plantas espinhosas, duras, como último recurso para afastar o causador de sua ruína...o homem...”
  • 10. Processos Orgânicos Sustentáveis – Uma Visão Holística Prof. Adoniel Amparo 10 As doenças aparecem quando as defesas do organismo fracassam. As da planta dependem diretamente da complexidade da vida do solo. Esquecemos que o solo é um sistema vivo, de grande complexidade. No solo existem bilhões de bactérias de inúmeras linhagens, existem algas microscópicas, fungos, protozoários, pequenos insetos, aracnídeos, moluscos e vermes. Os microorganismos entregam à planta não somente os elementos NPK, Ca, Mg, etc., mas também, os elementos-traços e substâncias complexas, indispensáveis à saúde da planta: antibióticos naturais, auxinas (hormônios vegetais), defensivos naturais. A vida equilibrada do solo propicia a absorção equilibrada dos nutrientes, macro e micronutrientes, que estão presentes no solo sadio. A vida do solo estrutura-o de maneira a mantê-lo arejado, com capacidade de retenção de água e regulando a temperatura. Um solo com vida intensa tem grande resistência à erosão. A função da praga é acabar com as plantas doentes, cuja causa está no solo. Nossa prioridade é manter a saúde dos nossos solos. Como podemos observar, a saúde do solo, da planta e do animal (e também do homem) são uma coisa só. Precisamos, portanto, cuidar do solo, e não, da planta. Como fazê-lo, ou seja, como adubar o solo? Usando farinha de rocha e matéria orgânica. “NEM SÓ DE ADUBO VIVE A TERRA” Desde a descoberta dos adubos químicos as pessoas perderam, passo a passo, a noção prática do alimento de que a terra necessita. Passaram a crer que se deve à terra apenas aquilo que supostamente as plantas retiveram. Mais precisamente, 13 elementos, tidos como essenciais: NPK, C, Mg, S, Cu, Zn, B, Mn e Fe. Plantas adubadas com produtos químicos atraem pragas e adoecem com facilidade, atém de perderem qualidade. Benefícios proporcionados pela Matéria Orgânica 1. Retenção e troca de nutrientes (CTC): o humos age como se fosse uma super-argila, muito reativa e renovável. Funciona como uma esponja capaz de reter e liberar todos os nutrientes. Assim, exerce a liberação de forma tão controlada que, raramente, a planta está sobre ou subnutrida. 2. Capacidade de resistir às mudanças bruscas do pH: Esta capacidade, também chamada de poder tampão, é especialmente importante para solos arenosos ou lavados, velhos, desprovidos de argilas nativas. Nestes solos, a MO é o único elemento capaz de conferir algum equilíbrio. 3. Reserva de nutrientes: frequentemente nos solos tropicais, a MO do horizonte superficial constitui a única reserva de nutrientes. 4. Fonte de lenta liberação de todos os nutrientes, macro e micro. Especialmente em clima chuvoso (1100 ou mais), a lenta liberação é a única garantia de um suprimento adequado durante todo o ciclo da planta. Não adianta jogar ao pé da planta quilos de adubos se ela só consegue absorvê-los em quantidades menores
  • 11. Processos Orgânicos Sustentáveis – Uma Visão Holística Prof. Adoniel Amparo 11 5. Mobilização de fósforo: Nos solos brasileiros, como de resto, em todos os solos tropicais, há uma propensão para fixação de fósforo, elemento muito importante para as plantas. Existe fósforo no solo até em grandes quantidades, mas ele está indisponível às plantas, por se fixar em argilas tropicais e nas grandes concentrações de alumínio e ferro livres. A mobilização em fósforo fixado e a sua transformação em fósforo é decisiva, e explica o grande sucesso das adubações orgânicas. 6. Imobilização de elementos tóxicos (Al e Fe): As moléculas orgânicas de alto peso molecular são capazes de imobilizar o alumínio e o ferro que estão livres na solução dos solos muito ácidos. Esta ação eqüivale a uma colagem que elimina a toxidez através da elevação do pH. 7. Capacidade de Retenção de Água (CRA): Uma queda no teor de MO de 5 para 3% representa uma queda de 57% para 37, de CRA. Sua característica de esponja também aumenta a reserva de água no solo e, consequentemente, a disponibilidade de nutrientes que ficaram imobilizados num solo seco. 8. Estruturação do solo: A MO é a melhor cola para unir e agregar as partículas soltas do solo (areia, silte e argila), formando grumos esferóides resistentes à desagregação pela água. Isto melhora tanto a aeração e o enraizamento, quanto a infiltração da água, resultando numa maior resistência à erosão. 9. Aumento do solo para a fauna e a flora: A MO fornece energia e nutrientes para a grande cadeia alimentar de pequenos e médios seres do solo. A atividade desses seres é a garantia de continuidade de todos os processos acima descritos – revolvem continuamente o solo, criando canais e aumentando a estrutura fofa e arenosa, facilitando assim a penetração das raízes. 10. Sistema imunológico do solo: As centenas de bichinhos do solo vivem numa interação tão intensa que criam, através da concorrência, parasitismo antagônico (secreções antibióticas) e predação, um eficiente equilíbrio dinâmico, evitando que qualquer espécie possa se multiplicar desenfreadamente e tornar-se praga. 11. Resistência a doenças da parte aérea através da MO: As plantas tornam-se mais resistentes à proliferação de doenças fúngicas, bacterianas e viróticas, em parte, graças a uma nutrição mais equilibrada. 12. Estímulo ao crescimento vegetal: O fornecimento de enzimas, vitaminas e proteínas à raiz tem um papel estimulante sobre as plantas. Mesmo quando fornecido às folhas, agem de forma estimuladora e tonificante (fermentados). 13. Formação de complexos com micronutrientes: Os micronutrientes são essenciais, embora a planta necessite deles em minúsculas quantidades. Incorporados à matéria orgânica, constituem-se numa reserva adequada que não se perde com a lixiviação. 14. Importante: A MATÉRIA ORGÃNICA mantém o solo VIVO e FÉRTIL.
  • 12. Processos Orgânicos Sustentáveis – Uma Visão Holística Prof. Adoniel Amparo 12 COMPOSTO ORGÂNICO - SUBSTRATO BIOGEO – 1.0 INTRODUÇÃO Trata-se de uma prática milenar que visa a uma fertilidade orgânica duradoura, tendo sido praticada por diversos povos, permitindo a produção sustentada de variados cultivos ao longo dos séculos, como, por exemplo, o arroz irrigado do Extremo Oriente. Nela, aproveita-se tudo que é resíduo orgânico na propriedade, para fabricar o humos de composto. MOTIVOS PARA COMPOSTAGEM  Permite o melhor aproveitamento de restos orgânicos com relação C/N desbalanceada, que juntos aproximam-se de uma C/N desejada;  Desinfeta os materiais orgânicos de doenças, pragas e ervas daninhas;  Afugenta os ratos e camundongos, evitando, assim o pior predador: cobra;  Permite acumulação e multiplicação de MO, para uma aplicação por teor;  Reduz, pelo primeiro e penúltimo itens, as perdas de nutrientes. QUALIDADE DO COMPOSTO
  • 13. Processos Orgânicos Sustentáveis – Uma Visão Holística Prof. Adoniel Amparo 13  Fonte lenta de liberação de macro e micronutrientes orgânicos, de hormônio e de enzimas;  Excelente estruturador do solo, favorecendo um rápido enraizamento, formando grumosidade;  Aumento da capacidade infiltração de água, reduzindo a erosão;  Grande ativador da vida do solo, responsável por todos os itens de um solo fértil;  Permite aumentar o teor de MO, aumentando também a capacidade de retenção de água;  Favorece a saúde e a resistência das plantas, que são enfraquecidas por adubos minerais. PRINCÍPIOS DE COMPOSTAGEM A Compostagem é uma seqüência de ações de organismos sobre a MO.  Primeira fase (termófila e mesófila): atuam principalmente fungos, bactérias, actinomicetas, protozoários e mirápodes. Nela destacam-se o “cozimento” (fermentação) e a decomposição de celulose e hemicelulose; a lignina continua sendo decomposta e será modificada lentamente.  Segunda fase (transformação): atuam principalmente compotas, protozoários e minhocas; termina a decomposição de celulose, continua a de lignina e principia a síntese de ácidos húmicos.  Terceira fase (amadurecimento): besouros, lactosas, formigas, aranhas. A síntese e ressíntese de húmus é concluída. Para uma boa atuação, estes seres precisam de uma alimentação equilibrada de ar e umidade, em proporções adequadas de calor e de pH. MATÉRIA-PRIMA
  • 14. Processos Orgânicos Sustentáveis – Uma Visão Holística Prof. Adoniel Amparo 14 A princípio todos os restos de culturas ou vegetais e animais podem ser aproveitados. Devem-se evitar, apenas dejetos humanos e de animais carnívoros. Todo material orgânico é decompositor. É necessário, portanto, saber avaliar cada qual nas suas características: 1. Compostos de rápida oxidação (rápido aumento da temperatura da pilha): amido, açúcar, vitaminas e aminoácidos. 2. Compostos de lenta oxidação (são os precursores do húmus): hemicelulose, celulose e principalmente lignina. RELAÇÃO C/N Além do carbono, o principal elemento que caracteriza a matéria-prima é o nitrogênio. Sua presença em certo grau, é a garantia de que os outros elementos importantes, como enxofre, fósforo, cálcio, magnésio, potássio e micronutrientes (Fe, Zn, Cu, Mn, Cl) também estão presentes num grau proporcional. Por isso, ao invés de fazermos uma análise dos teores de todos esses elementos, só nos interessa, na prática, o teor de nitrogênio, com relação ao carbono (relação C/N). Materiais ricos em N terão a C/N baixa, pois C é constante. Materiais pobres em N terão C/N alta. 1. A relação C/N ideal (25 a 30:1): Nesta proporção, os organismos decompositores têm o alimento balanceado, não tendo que se desfazer de nenhum elemento para criar um equilíbrio. 2. A relação C/N baixa (-20/1): Nesta proporção, a decomposição eqüivale à podridão de um cadáver animal. O mau cheiro da podridão nada mais é do que a perda do excesso de Ne 5 (cheiro amoniacal e sulfúrico). 3. A relação C/N alta (=35/1): Esta proporção constitui um bloqueio à atividade dos decompositores, pala falta de N. UMIDADE
  • 15. Processos Orgânicos Sustentáveis – Uma Visão Holística Prof. Adoniel Amparo 15 Umidade ideal: 50 a 60%: na prática, o composto deve soltar água, como esponja que foi espremida antes. Umidade processual: 40 a 45%. Umidade de conservação: 12 a 15%. Obs.: Para manter a umidade ideal, deve-se cobrir a pilha com folhas de bananeira. LOCAL APROPRIADO O local deve ser protegido do vento, do sol e da chuva. Num local coberto e com piso firme, temos as condições ideais. Importante: 1. Umedecer a pilha com BioGeo a 10%, mantendo a temperatura de 50º. 2. Enriquecer com farinha de rocha e rocha fosfática (10/2). A planta é composta de inúmeras células, sendo cada qual uma verdadeira fábrica de substâncias orgânicas, liberando e transformando energias. Matéria-prima: a) Energia (luz solar). b) Água. c) CH²O: O carbono, os microorganismos captam do ar; o hidrogênio, retiram da água, do solo e do ar. Com estes elementos formam-se os carboidratos (amidos, açúcares, celulose e outros). Temos ainda N, P, Ca, Mg, S, N, que os microrganismos do solo retiram do ar. Os demais nutrientes mineras são retirados do solo. d) Biocatalizador (enzimas) que, para funcionarem e promoverem o bom desempenho do metabolismo vegetal, precisam de ativadores, como K, ou de micronutrientes, como Mn, Fe, Zn, Cu, B, Mo, V, Ca, Cl, Ni, Se e outros, além de Mg. O Fe e o Mg são indispensáveis à formação da clorofila, que capta a energia solar. Co²+ H2O = Carboidratos (CH²O). Quando a planta dispõe de oxigênio no solo, recebe 673 calorias, contra 20, sem o oxigênio no solo. Efeitos benéficos de temperaturas elevadas dependem, pois, de: 1) Proteção de um superaquecimento do solo e do ar; 2) Capa vegetal;
  • 16. Processos Orgânicos Sustentáveis – Uma Visão Holística Prof. Adoniel Amparo 16 3) Sombreamento; 4) Cobertura morta; 5) Florestas ou açudes. e) Quantidade suficiente de água, seja por irrigação ou por desenvolvimento radicular, explorando grande volume de solo; quantidade suficiente de ar no solo, que depende da estrutura grumosa do solo e de sua proteção. f) Nutrientes disponíveis suficientes, climas temperados, precisão de insolação para aumentar a respiração das plantas (com a finalidade de criar energia). Nos climas tropicais ocorre o inverso: respiração e metabolização são muito ativos, e a fotossíntese torna-se deficiente. Precisamos restringir a respiração e aumentar a fotossíntese. Como fazer? Abastecer suficientemente a planta, para evitar o fechamento dos estômatos, conservando a estrutura grumosa do solo. g) Gasto econômico dessa água, de que depende a sanidade e a nutrição da planta. h) Redução da respiração consegue-se através de: 1) Diminuição da temperatura do solo, proteção da insolação; 2) Redução do espaçamento; 3) Culturas intercaladas; 4) Cobertura morta; 5) Semi-sombreamento (aproximadamente 30%); 6) Produção máxima de energia, com o mínimo de glicose (consegue-se com o arejamento adequado do solo). Anabolismo rápido (produção rápida de substância orgânicas - os micronutrientes são essenciais). PLANTAS INVASORAS Podem se tornar importantes insumos se devidamente manejadas. O efeito positivo das invasoras deve ser aproveitado como de inimigos naturais e de predadores dos
  • 17. Processos Orgânicos Sustentáveis – Uma Visão Holística Prof. Adoniel Amparo 17 insetos e pragas, como alimento para os microorganismos no solo, como cobertura do solo. MICROVIDA DO SOLO Para que tenhamos vida no solo, que o tornará fértil, precisamos adubá-lo: água - ar – sol – MO. O que é húmus? Ninguém sabe o que é húmus porque húmus não existe. O que chamamos de húmus seria um consorciado bacteriano, que devemos estimular e multiplicar no nosso solo. A planta verde é capaz de formar açúcares, amidos. Estas substâncias servem de alimento aos animais e ao homem. Os microorganismos decompõem as substâncias orgânicas em seus componentes básicos: água, gás carbônico e minerais, e a luz volta em forma de calor. Microorganismos: seres microscópicos que existem em quantidades incrivelmente grandes. Ex.: 1 colher de chá, 200 milhões de micróbios. Reproduzem-se numa rapidez incrível, podem gerar até 48 vezes, variando de acordo com as condições e o meio em que vivem, como temperatura de 25 a 30 graus, pH, riqueza de minerais e matéria orgânica. O solo está cheio de enzimas, como catálases, ureases, celubiases, etc. , que oxidam e hidrolisam a matéria orgânica em todas as suas formas, a fim de prepará-la como alimento para esta ou aquela espécie de microser. Falamos, pois, do potencial enzimático do solo como expressão de sua atividade microorgânica. Quanto maior for este potencial, tanto mais fácil torna-se a nutrição vegetal, uma vez que os microrganismos solubilizam muitas substâncias, as quais a planta também pode aproveitar, antes que o micróbio o faça. Não somente plantas podem aproveitar os produtos intermediários da decomposição, mas, igualmente, outros microorganismos competem com elas. Assim os microsseres defendem seu alimento e seu espaço vital por meio de toxinas, os tão conhecidos antibióticos. Estes antibióticos são tóxicos para determinados organismos, aqueles que possuem hábitos alimentares parecidos. Para outros, são inofensivos. Há organismos que podem inativar os antibióticos, tornando-os inofensivos A agricultura ecológica possibilita:  Alimentar os organismos ativos na decomposição, produzindo antibióticos que protegem a planta.;  Que substâncias intermediárias produzidas na decomposição da MO possam ser absorvidas pelas plantas, aumentando o crescimento (após a decomposição);  Aumentar a CTC (o mais importante);  Aumentar o poder tampão (modificação brusca do pH). Tanto o estrume como a adubação verde não enriquecem o solo com MO, mas aumentam a soma de base e beneficiam a colheita (relação C/N).
  • 18. Processos Orgânicos Sustentáveis – Uma Visão Holística Prof. Adoniel Amparo 18 NOSSO PLANETA – A TERRA “O PLANETA Terra é uma jóia inestimável. Vulnerabilidade, não diante de imaginárias invasões externas (guerra dos mundos), mas sim, diante da patologia mental de sua própria população”. Só assim podemos entender o comportamento e a agressão de que ele é vítima. “Nossa nave está só”. O que caracteriza este planeta e o torna distinto dos demais deste sistema solar é a maravilhosa sinfonia da evolução orgânica. Temos temperatura propícia à química da vida, pela distância certa do nosso sol e uma atmosfera muito especial. “VIU DEUS TUDO QUANTO FIZERA, E EIS QUE ERA MUITO BOM’. METABOLISMO MOROSO O metabolismo moroso da planta propicia o ataque de pragas e doenças, porque ocorre: a) Falta de oxigênio; b) Falta de enzimas (pela ausência de micronutrientes) ; c) Falta de nutrientes plásticos S e N; d) Falta de macronutrientes. AGRICULTURA ECOLÓGICA Parte de uma visão sistêmica das coisas (Holísticas).
  • 19. Processos Orgânicos Sustentáveis – Uma Visão Holística Prof. Adoniel Amparo 19 Agricultura convencional: visão estreita, reducionista. A fertilidade do solo depende da microvida. Agricultura ecológica: promove a vida no solo. Agricultura convencional: destrói sistematicamente a vida do solo. O alimento da vida do solo é a matéria orgânica, isto é, Agricultura Ecológica. Na agricultura convencional, Matéria Orgânica vira Adubo Orgânico e o seu valor é aferido pelo número de nutrientes que contêm NPK. Para a agricultura ecológica esta concentração é secundária. O que se quer ativar, estimular e promover é a vida do solo. Esta, por sua vez, fixará até 200 Kg de nitrogênio por ha da atmosfera e liberará fósforo, potássio, cálcio, magnésio e os microelementos da rocha-mãe. MATÉRIA ORGÂNICA Os macro e micronutrientes são oferecidos às plantas de maneira contínua, sem perdas por lixiviação. O nitrogênio é fixado pelo Azobacter e pelo Rhizobium. O fósforo e demais elementos são liberados pela microvida do solo, especialmente a micorriza. O que nos interessa na matéria orgânica não é o seu conteúdo de NPK, e sim, a energia que contém e promove a microvida do solo. Ex.: Composto Orgânico contém 118% de nitrogênio. Mesmo aplicando 1 tonelada por ha, teríamos 18 Kg (menos, portanto da metade de nitrogênio contido em 200 Kg de sulfato de amônio). Mas a microvida promovida por este mesmo composto poderá fixar 200 Kg por ha de nitrogênio, o equivalente a 1 tonelada de sulfato de amônio. A flora bacteriana libera fósforo e potássio da rocha- mãe ou farinha de rochas. Não se deve enterrar MO para não provocar fermentação anaeróbica. A base de um controle ecológico de pragas e doenças: a) Melhoramento das condições biofísicas do solo; b) O controle da vida do solo através de sua diversificação que, aliás, ocorre paralelamente com o melhoramento biofísico do solo; c) Aumento da resistência das plantas, que depende de um metabolismo rápido e completo, resultado de uma nutrição equilibrada. BIOGEO – O QUE É? Trata-se de um pé de cuba misto, composto de estéreo (ou outros), água, farinha de rocha, tortas, leveduras, xisto, cinzas, água do mar, etc.
  • 20. Processos Orgânicos Sustentáveis – Uma Visão Holística Prof. Adoniel Amparo 20 É , portanto, um composto biotecnológico que previne pragas, doenças e desequilíbrios. Promotor de crescimento e defensivo natural, baseado na Teoria da Trofobiose, graças aos seus, cerca de, 80 elementos, mais enzimas (rompendo bloqueios e ultrapassando barreira fisiológicas). Recomenda-se sua aplicação foliar, via solo, como inoculador de semente. O seu poder tamponador produz o equilíbrio da planta, propiciando desenvolvimento harmonioso e equilibrado, ensejando alta produção, mesmo em condições adversas. Composição de elementos minerais existem no BIOGEO (Prováveis) Manganês Bário Estrôncio Enxofre Zircônio Vanádio Sódio Lítio Cobre Berilo Boro Lantânio Cromo Carbono Ítrio Chumbo Nitrogênio Oxigênio Níquel Flúor Magnésio Cobalto Gálio Estanho Argônio Cloro Escândio Molibdênio Titânio Nióbio Silício Scânio Alumínio Ferro Fósforo Potássio Cálcio Germânio Arsênio Selênio Cério Bromo Praseodímio Neodímio Samário Térbio Európio Disprósio Hólmio Érbio Tungstênio Túlio Tântalo Rênio Ouro Tálio Mercúrio Bismuto Polônio Radônio Tório Rádio Urânio Rubídio Rutênio Cádmio Prata Irídio Antimônio Iodo Hidrogênio Césio Protactínio Itérbio Índio Gadolínio 50 PERGUNTAS E RESPOSTOS
  • 21. Processos Orgânicos Sustentáveis – Uma Visão Holística Prof. Adoniel Amparo 21 SOBRE COMPOSTO ORGÂNICO 1. Que é Composto? É um adubo preparado com restos animais e/ou vegetais. Estes resíduos, em seu estado natural, não têm praticamente nenhum valor agrícola. No entanto, após passarem pelo processo de compostagem, tornam-se um excelente adubo orgânico. Foi dado o nome de “composto” a esse adubo porque nas fazendas onde foi preparado inicialmente montavam-se pilhas compostas de diferentes camadas de materiais orgânicos, os quais depois de algum tempo eram revolvidos para homogeneização da massa. 2. O Composto é uma novidade? Não. Empiricamente ele vem sendo preparado há milênios. Tecnicamente, o composto tem sido fabricado desde o início do presente século, recebendo contínuos aperfeiçoamentos na tecnologia de sua fabricação. O composto pode ser fabricado (1) com restos existentes na fazendas, (2) com resíduos urbanos, como o lixo e o lodo do esgoto e (3) com resíduos industriais, como os de frigoríficos, indústrias de conservas, de curtumes, da fabricação de café solúvel (borra de café), de certas indústrias farmacêuticas, etc. 3. Como se prepara o Composto de lixo domiciliar? O tratamento completo dos resíduos sólidos domiciliares (lixo) compreende as seguintes fases: recebimento do lixo urbano; segregação ou triagem para eliminação de materiais inertes, como plásticos, vidros, borrachas, metais não ferrosos, etc.; separação magnética dos metais ferrosos, moagem (facultativo); digestão ou fermentação em usinas especializadas; compostagem em pátios; acabamento por moagem e peneiramento. 4. O que vem a ser o composto cru, bioestabilizado e humificado?  prática demonstrou ser necessário classificar o composto de acordo com o seu grau de fermentação. Assim, classifica-se o composto como:  Composto cru: é aquele que ainda está em início de decomposição; é danoso às sementes e raízes. Antes de utilizá-lo, deve-se deixá-lo curtir em montes durante no mínimo 30 dias.  Composto bioestabilizado: é o semi-curado. Não mais causa danos às sementes ou raízes, porém ainda não é um perfeito condicionador do solo. Seu conteúdo em colóides ainda é baixo. No solo, irá continuar seu processo de cura, enriquecendo-se em humos.  Composto humificado ou curado: é aquele que sofreu um processo completo de fermentação. É o mais rico em nutrientes que passaram da forma orgânica para a
  • 22. Processos Orgânicos Sustentáveis – Uma Visão Holística Prof. Adoniel Amparo 22 mineral, assimilável pelas raízes, e com maior teor de material coloidal, responsável por sua capacidade melhoradora do solo. 5. Como se pode reconhecer, na prática, um composto curado? Um conjunto de observações possibilita o reconhecimento: a) a aparência deve ser de material bem decomposto, em que, com dificuldade, identifica-se a matéria-prima original, como pedacinhos de papel, de folhas secas, etc. b) a coloração deve ser bem escura, enquanto o composto cru é cinzento; c) possuir odor de terra mofada, enquanto o cru tem cheiro acre e penetrante; d) a umidade deve ser baixa, com aspecto de material seco, tendendo para produzir poeira quando jogado à distância; e) se for possível determinar o pH por meio de papéis ou líquidos indicadores, seu valor deve estar acima de 7,0 preferivelmente, levemente alcalino; f) um teste criado pelo autor e que dá uma boa informação é o seguinte: colocar uma pequena porção de composto na palma da mão, encharcar com água, trabalhando essa amostra com os dedos até tornar-se pastosa; em seguida, esfregar o composto entre as palmas da mãos, para obter uma massa aderente à pele. Se o composto for rico em colóides, ficará nas palmas das mãos uma espécie de “manteiga” preta. Lavando-se a mão em uma bacia, a água tomará uma forte cor negra. Se o composto não estiver humificado, portanto, pobre em colóides, não se formará a “manteiga” preta, nem dará coloração negra forte à água da bacia. 6. Matéria orgânica e humos são sinônimos?  expressão matéria orgânica refere-se aos materiais de origem animal ou vegetal, como os encontrados no lixo, por exemplo, podendo estar no estado cru ou em diferentes estágios de fermentação, inclusive parcialmente humificada. O termos húmus é reservado para caracterizar a matéria orgânica que sofreu um processo bioquímico de decomposição e deu origem a uma fração coloidal de constituição diferente da matéria-prima original, e capaz de proporcionar ao solo melhoria em suas propriedades físicas, químicas e físico-químicas, além de conter sais minerais que servirão de nutrientes às plantas. 7. O que vem a ser a relação carbono/nitrogênio de um composto?  relação carbono/nitrogênio, representada pelos símbolos desses elementos químico C/N, é um índice que indica se a matéria orgânica está na forma crua, bioestabilizada (semicurada) ou humificada (curada). Para se obter a relação C/N, divide-se o teor de carbono pelo de nitrogênio, e o teor de nitrogênio passa a ser representado pela unidade. Assim por exemplo, a palha de milho, com 54% de carbono e 0,49% de nitrogênio, tem uma relação C/N igual a 110/1 (lê-se cento e dez para um); o sangue seco tem 48% de C e 12% de N, com relação C/N igual a 4/1; a serragem de madeira e o papel têm relação acima de 500/1. O húmus sempre tem relação próxima a 10/1. Assim todo material, ao ser humificado, acabará com relação próxima de10/1. Se a relação da matéria orgânica é acima de 30/1, a compostagem será mais demorada; se for abaixo de 30/1, o tempo de compostagem será mais rápido; em ambos os casos, diz-se que o composto está cru. Quando, pela compostagem, a relação for
  • 23. Processos Orgânicos Sustentáveis – Uma Visão Holística Prof. Adoniel Amparo 23 abaixando e alcançar o valor entre 18/1 e 20/1, dir-se-á que o composto está humificado ou curado. 8. Qual é a densidade do composto? Por Densidade Aparente do composto (Da) entende-se a relação ou divisão do peso pelo volume ocupado pelo material em seu estado natural, sem compactar. Suponha-se que um metro cúbico de composto pesou 500 quilogramas. Tem-se Da=P/V=500/1000=0,5 (meio quilo por litro ou meio grama por centímetro cúbico). As variações das densidades dos compostos de resíduos urbanos estão entre 0,2 a 0,8 (200 a 800 quilos por metro cúbico), com uma média de 500 Kg por metro cúbico. Inversamente, suponha-se que se quer saber qual o volume de uma tonelada de composto, cuja densidade é 0,4. Tem-se que V=P/Da; substituindo, fica: V=1000/0,4=2500 litros (2,5 metros cúbicos. As densidades elevadas apresentadas por certos compostos são devido à presença de contaminantes de alta densidade em relação à matéria orgânica, como terra, vidros, louças, metais, etc. 9. É importante a granulometria do composto? Sim. Quanto menor o tamanho de seus grânulos, maior é seu valor agrícola. Um composto com constituintes grosseiros tem muito material com suas partes internas não completamente transformadas, sendo proporcionalmente mais pobre em húmus coloidal. Na terra, a atividade do composto se faz por fenômenos de superfície de exposição; portanto, quanto mais se mói o composto, mais se aumenta o número de partículas, criando infinitas áreas de contato com a terra e a água do solo.  experiência tem demonstrado a superioridade do composto moído sobre o grosseiro. 10. Que é compostagem?  palavra é um neologismo de nosso idioma, tradução de “composting”, do inglês. Compostagem é um processo de transformação de resíduos orgânicos em adubo humificado. Dois estádios podem ser identificados nessa transformação: o primeiro é denominado digestão e corresponde à fase inicial de fermentação na qual o material alcança o chamado estado de bioestabilização, em que a decomposição ainda não se completou, porém, quando bem concretizada, permite que se use o composto como adubo, sem risco de causar danos às plantas; o segundo estádio, mais longo, é o da maturação em que a massa em fermentação atinge a humificação, neste estado o adubo apresenta as melhores condições como melhorador do solo e como fertilizante. 11. Por que se deve fazer a compostagem dos restos orgânicos, antes de usá-los como adubo?
  • 24. Processos Orgânicos Sustentáveis – Uma Visão Holística Prof. Adoniel Amparo 24 Porque os restos orgânicos, como o lixo cru, o esterco fresco de animal, o lodo do esgoto não fermentado, quando usado ao natural, são danosos às plantas.. Após a compostagem, a matéria orgânica apresenta-se na forma estável de humos, capaz de acumular-se no solo e proporcionar-lhe as tão desejadas melhorias de suas propriedades. 12. Qual a importância de se fazer a compostagem da matéria orgânica, antes de empregá-la como adubo?  compostagem transforma a matéria orgânica crua em húmus. Quanto maior a concentração de húmus apresentada por um adubo orgânico, mais eficaz é a sua ação como melhorador do solo. O maior valor de um composto reside na sua porção humificado.  matéria orgânica crua, que não sofreu o processo de fermentação e humificação tem pouca eficiência como condicionadora do solo e como fertilizante. O mesmo acontece com a serapilheira que se encontra nas matas: as folhas mortas que caem e estão na superfície da manta vegetal é um material cru de pouco valor; no entanto, as folhas que estão em baixo, junto ao solo, formando uma massa preta que aos poucos vai se integrando à terra, são um material de alto valor. Qual deles você preferiria usar como adubo? As folhas secas ou as decompostas? O lixo cru ou o compostado? 13. Qual a vantagem de usar como adubo os restos orgânicos já compostados?  vantagem é que no composto a matéria orgânica já se encontra humificada, portanto, passará a agir imediatamente como melhoradora do solo e como fertilizantes. Aplicando material cru, será necessário aguardar que ocorra a estabilização, antes de plantar, e, enquanto não se realizar a humificação, esse material terá baixo valor como adubo. 14. Durante a compostagem, ou, quando o adubo é aplicado ao solo, havendo condições favoráveis, como se multiplicam os microrganismos? Os micróbios benéficos que provocam a humificação da matéria orgânica e que geralmente já se encontram em resíduos, como o lixo urbano, multiplicam-se de maneira inacreditável. Basta saber, por exemplo, que uma bactéria produz duas em 20 minutos, quatro em 40 minutos e 8, em uma hora. Assim, os micróbios existentes aos milhares em poucos gramas de resíduos serão multimilhões em poucos dias. Um punhado de composto tomado entre as mãos pode conter um número de microrganismos maior que a população do mundo inteiro. 15. Durante a compostagem ocorre alguma ação profilática sobre os micróbios patogênicos?
  • 25. Processos Orgânicos Sustentáveis – Uma Visão Holística Prof. Adoniel Amparo 25 Sim.  compostagem provoca um desenvolvimento populacional tão grande que, preponderando na massa, reduz consideravelmente a proliferação dos patogênicos.  experiência já demonstrou que é possível fazer composto com restos vegetais de tomateiros infestados e usar esse adubo na cultura seguinte, sem risco de infestação. 16. Como se formam na compostagem os ácidos húmicos, os humatos e demais componentes do humos? Esses componentes são formados pelo ataque dos microrganismos especializados, que transformam os restos orgânicos em material humificado. Como resultado dessa transformação biológica (feita por micróbios), a lignina e as proteínas dos restos orgânicos associam-se e formam uma substância complexa denominada ácido húmico. Só os microrganismos podem produzir húmus. Nenhum processo químico de laboratório ou industrial conseguiu fabricá-lo. Os ácidos húmicos são coloidais, isto é, partículas extremamente pequenas que podem se combinar, por exemplo, com o cálcio, o magnésio, o potássio, dando os chamados humatos de cálcio, de magnésio e de potássio, compostos que facilmente liberam esses elementos para as plantas. 17. Composto de resíduos domiciliares adquiridos pelo lavrador tem outra aplicação além de adubo, para ser empregado diretamente na terra? Sim. O agricultor pode utilizar o composto oriundo do lixo para preparar novas quantidades de composto. Sabe-se que para fabricar composto na fazenda são necessárias duas diferentes matérias-primas: esterco animal que é denominado meio de fermentação, e palhas, capins, cascas e outras sobras de culturas, chamados restos vegetais. Acontece que os restos vegetais são de difícil fermentação se não forem inoculados com um material mais rico em nitrogênio e contendo microrganismos, como é o caso dos estercos animais e do próprio composto de lixo. Assim sendo, em propriedades agrícolas onde há muita sobra de resíduos palhosos e poucos animais para produzir esterco, recomenda-se usar o composto adquirido nas usinas de compostagem de lixo. Para se fabricar o composto na fazenda, fazem-se pilhas com 3 a 4 metros de largura por 1.5 a 1.8 metros de altura, e comprimento indeterminado. Ao montar a pilha, distribui-se uma camada de 15 centímetros de restos vegetais pela área acima referida; sobre essa camada de material de difícil fermentação, distribui-se outra de composto que é de fácil fermentação, na espessura de uns 5 centímetros; esparrama-se em seguida nova camada de restos, e sobre ela, outra de composto, assim alternando, até atingir a altura recomendada. Se o material estiver muito seco, convém irrigar ao montar a pilha. Revolvendo o monte algumas vezes, dentro de 60 a 90 dias o composto estará pronto. 18. Os solos do Estado de São Paulo são ricos em matéria orgânica? Não. Cerca de 60% da área do Estado de São Paulo possui terras com baixos teores de matéria orgânica. Cerca de 33% da área é de terras com médio conteúdo, e apenas 7%, apresentam teores altos. Convém lembrar que estes 7% estão situados em locais de altitude elevada e topografia acidentada, onde a agricultura se torna mais difícil. 19. As terras cultivadas estão perdendo sua fertilidade natural?
  • 26. Processos Orgânicos Sustentáveis – Uma Visão Holística Prof. Adoniel Amparo 26 Sim. A produtividade das terras dos países ricos e desenvolvidos está aumentando graças ao uso crescente dos fertilizantes minerais. A fertilidade natural dessas terras no entanto, como prova o pesquisador DHAR, está decrescendo devido a vários fatores, entre eles, a perda constante de matéria orgânica. Em abono dessa afirmação está o fato de o teor de matéria orgânica do solo ser usado como um índice de sua produtividade. 20. Qual a recomendação para melhorar a produtividade uma terra? Se o solo apresentar reação ácida, com alto teor de alumínio, é aconselhável proceder-se primeiramente a uma calagem de 30 a 60 dias, antes de aplicar os adubos orgânico e mineral, e de plantar. A calagem dá aos solos melhores condições para uma rápida multiplicação dos microrganismos contidos no composto, fornece cálcio aos microorganismos, provoca a reativação das enzimas absorvidas na argila, nos sesquióxidos e no humos. Não misture calcário com o composto, pois, conforme seu estado de decomposição, pode perder nitrogênio, por desprendimento de amônia (caracterizado pelo cheiro de amoníaco). É importante lembrar que a produtividade depende, além da aplicação correta dos adubos na época certa, no local adequado e nas doses necessárias, de água suficiente para a planta e das condições físicas do solo. 21. Os microorganismos existentes no composto orgânico têm alguma ação quando são levados ao solo pelas adubações? Sim. Os microorganismos que o composto introduz na terra são verdadeiros “operários gratuitos” que podem “industrializar” adubos a partir de minerais insolúveis existentes no solo, ou de matéria orgânica crua. Um hectare de terra com 2% de humos tem o correspondente a 12,5 toneladas de sulfato de amônio; 2,5 toneladas de superfosfato simples e 1,2 toneladas de enxofre (SWABY). 22. O uso do composto orgânico nas terras de cultura tem alguma contra-indicação ou sofre alguma intolerância pelas plantas? Não. Não há nenhuma contra-indicação ou intolerância. O composto é recomendado para culturas intensivas, como a das hortaliças, dos viveiros de flores ou de mudas, para jardins e vasos de ornamentação e para culturas extensivas, como as de café, cana, algodão, milho, os pomares e as pastagens. 23. A matéria orgânica contida nas terras de cultura é uma fonte de nutriente para as plantas? Sim. A única forma com que o solo pode armazenar nitrogênio é a orgânica. Cerca de 98 até 100% do nitrogênio encontrado nos solos está na forma orgânica; o nitrogênio, na forma
  • 27. Processos Orgânicos Sustentáveis – Uma Visão Holística Prof. Adoniel Amparo 27 nítrica, não é retido pelo solo, sendo lavado pelas águas das chuvas; cerca de 80 a 100 % do enxofre está na forma orgânica e 60 a 100% do fósforo, também. O nitrogênio da matéria orgânica é responsável por 97% da produção mundial de alimentos, sendo que 3% apenas é atribuída a todo nitrogênio levado ao solo pelos fertilizantes minerais. 24. Composto orgânico é essencialmente um melhorador do solo? O que é um melhorador ou condicionador do solo? Melhorador do solo é um material que tem a particularidade de, como o próprio nome está indicando, melhorar as propriedades físicas, químicas e físico-químicas da terra. Os melhoradores do solo são de origem orgânica. Consequentemente, nenhum fertilizante mineral age como condicionador da terra. Todas as tentativas para fabricar condicionadores sintéticos falharam por serem antieconômicos. 25. O uso do composto dispensa o emprego de Fertilizantes minerais? Os experimentos têm sempre demonstrado que os melhores resultados são obtidos quando se associam as adubações orgânicas com as minerais. Sabe-se que o composto “aduba” o solo e a planta, isto é, melhora as propriedades do solo e fornece nutrientes às raízes. No entanto, o composto é um adubo de balanceamento definido, ou melhor explicando: enquanto se pode comprar fórmulas de fertilizantes minerais com maiores ou menores porcentagens de nitrogênio, fósforo e potássio, o composto tem uma composição fixa, sendo sempre mais rico em nitrogênio em relação ao fósforo e ao potássio. Para enriquecê- lo nestes dois últimos nutrientes, aconselha-se acrescentar fosfato de rocha e cinzas vegetais antes da compostagem, ou superfosfatos e cloreto, ou ainda sulfato de potássio se o composto já estiver pronto. 26. O que são e como se formam os microagregados do solo? Os microagregados do solo são os pequenos agrupamentos de partículas responsáveis pela manutenção da boa estrutura de uma terra. Os microagregados são formados pela complexação dos três seguintes componentes: partículas de argila, metais polivalentes (como o cálcio, o magnésio e o ferro) e colóides orgânicos, como os contidos no composto. É importante que esses microagregados sejam estáveis, não se desfaçam facilmente. A estabilidade dessa agregação é garantida pelo fato de certos colóides do composto exercerem suas ações cimentantes, ocupando a parte central do microagregado, de maneira que, nessa posição, tornam-se inacessíveis aos microrganismos, que poderiam mineralizar esses agentes cimentantes orgânicos, desfazendo a agregação. 27. Como o composto pode melhorar a estrutura do solo? “A estrutura de um solo é a chave de sua fertilidade.” (L. D. BAVER) O composto pode melhorar direta ou indiretamente a estrutura do solo. Diretamente, agindo como agente cimentante das partículas do solo para formar os tão desejáveis agregados, unidades que
  • 28. Processos Orgânicos Sustentáveis – Uma Visão Holística Prof. Adoniel Amparo 28 darão formação às estruturas. Indiretamente, promovendo o aumento populacional dos microrganismos, os quais, por meio de suas secreções, seus filamentos e suas carcaças, promovem a agregação das partículas que irão se agrupar, para formar os diversos tipos de estrutura. 28. Composto como condicionador do solo é importante para melhorar a estruturação? A importância da estruturação é fácil de ser confirmada: um solo de mata virgem, com alto teor de matéria orgânica, ao ser revolvido, apresenta-se rico de granulações (agregados); uma terra cansada é pobre de agregados (mal estruturada). O emprego sistemático de composto orgânico melhora a estruturação devido aos materiais aglutinantes coloidais que possui, como os ácidos uronídicos, que cimentam as partículas, formando agregados estáveis, responsáveis pela estruturação do solo. 29. O húmus do composto liga-se a algum componente do solo? No solo, o humos combina-se com o componente argila, formando os chamados complexos coloidais ou complexos argilo-húmicos. São estes complexos que cimentam as partículas do solo, provocando sua estruturação, o nitrogênio amoniacal, evitando que sejam lavados e cedendo-os às raízes das plantas facilmente. 30. Qual a importância do aumento da aeração do solo pela aplicação sistemática do composto? As raízes das plantas, com exceção das aquáticas e outras poucas, não conseguem viver na ausência do ar. Quando se irriga por inundação um arrozal, por exemplo, verifica-se que dentro de certo tempo a cultura começa a ficar com coloração verde-amarelada, por falta de ar para as raízes. A pesquisa já demonstrou que solos cujo ar apresenta concentração de oxigênio inferior a 10%, não permite o desenvolvimento de raízes. O composto, como estruturador do solo, torna-o mais solto, mais arejado, eleva o conteúdo de oxigênio disponível às raízes. 31 Qual o efeito do composto na consistência do solo? O composto torna a terra mais solta (friável), mais porosa (arejada) e mais leve (menos densa); as terras friáveis são mais fáceis de serem aradas e quando gradeadas, os torrões se desfazem mais facilmente; as raízes caminham com maior facilidade e encontram mais ar à sua disposição. Uma terra rica em matéria orgânica é menos dura quando seca e menos plástica ou pegajosa quando molhada.
  • 29. Processos Orgânicos Sustentáveis – Uma Visão Holística Prof. Adoniel Amparo 29 32. A compactação das terras de cultura pelo uso de certas máquinas agrícolas e pelo manejo incorreto tem provocado queda da produtividade. O composto pode contribuir para o controle da compactação? Sim. O composto, como outras matérias orgânicas, se usado sistematicamente como adubo e condicionador do solo, da à terra uma certa elasticidade. Assim, passando sobre tal solo uma máquina pesada, ele se comprime, mas tem a tendência de retomar a forma primitiva, resistindo mais à compactação. Quem já caminhou sobre um solo turfoso sentiu como ele reage de maneira elástica ao ser pressionado. 33. O composto facilita o desenvolvimento das raízes das plantas? Sim. O composto, como toda a matéria orgânica juntada ao solo, torna-o menos compacto, facilitando o caminhamento das raízes. Lembrar que as raízes crescem insinuando-se nos vazios existentes na terra. O composto, quando aplicado em um solo, baixa a sua densidade imediatamente, pois a densidade da terra é, em média, de 1,2 a 14, enquanto que a do composto é de 0,4 a 0,6 g/cm³. Na natureza, o desenvolvimento das raízes devido à presença da matéria orgânica é fácil de ser constatado, observando que na parte superficial do solo, onde existe mais matéria orgânica, é também onde se observa maior quantidade de raízes. 34. Nitrogênio na forma orgânica, principalmente encontrado no composto, é assimilado diretamente pelas plantas? As raízes das plantas assimilam o nitrogênio na forma amoniacal (NH4) ou nítrica (NO3): portanto, o nitrogênio necessita ser mineralizado para ser assimilado, o que é uma vantagem, pois o solo pode armazenar esse nutriente na forma orgânica. Experiências recentes utilizando material radioativo demonstraram que as raízes também podem absorver certos materiais orgânicos, como os aminoácidos, sem necessidade de que os microrganismos os desdobrem previamente. 35. Quais os principais requisitos para se instalar viveiros de flores ou hortas em torno de uma cidade, de forma a constituir um “cinturão verde”? Todos os viveiristas e horticultores sabem muito bem da necessidade de abundância de água e adubo orgânico para tais empreendimentos. O composto preparado pelas Prefeituras Municipais a partir do lixo proporcionará a indispensável matéria orgânica para instalação do cinturão verde, além de adubo para seus parques e jardins. 36. Por que no Brasil não se utiliza maior quantidade de adubos orgânicos em nossas lavouras?
  • 30. Processos Orgânicos Sustentáveis – Uma Visão Holística Prof. Adoniel Amparo 30 No Brasil não há maior utilização, porque os agricultores ainda não se conscientizaram do importante papel dos adubos orgânicos. Conseqüentemente, também não se criou a tradição do uso do composto e outros adubos, como acontece, por exemplo, na China, onde a estatística mostra que mais de milhão de toneladas em nitrogênio, mais de um quarto de milhão de toneladas em fósforo e mais de meio milhão de toneladas em potássio são anualmente incorporadas ás terras, na forma de adubos orgânicos. 37. O composto reduz a insolubilização dos fosfatos dos fetilizantes minerais, em solos ricos em óxidos de ferro e alumínio? Sim. O composto reduz a chamada fixação dos fosfatos solúveis que são aplicados como adubo e que, em solos contendo altos teores de óxidos de ferro e alumínio, tornam-se insolúveis, não assimiláveis pelas raízes das plantas. Essa é uma das razões pelas quais se admite que o fósforo das adubações fosfatadas é aproveitado pelas plantas, no primeiro ano, apenas de 20 a 30% do total aplicado. Misturando o superfosfato de cálcio com o composto, antes de aplicá-lo em terras ricas em sesquióxidos de ferro e alumínio, estar-se-á evitando a insolubilização do fósforo. 38. É recomendável usar o composto junto com os adubos minerais? Sim. A associação “composto com fertilizantes minerais” é vantajosa, pois o adubo orgânico pode reter certos nutrientes do fertilizante mineral, contra a lavagem pelas águas da s chuvas que atravessam o perfil do solo. Essa retenção é realizada, nos solos, pela argila e pela matéria orgânica. Nos solos do Estado de São Paulo ficou demonstrado que a matéria orgânica é responsável por 50 a 70% dessa retenção. Em solos arenosos, como de certos cerrados, pobres em argila, a retenção dos nutrientes fica a cargo quase que somente da matéria orgânica existente, ou, a eles adicionada. A possibilidade de se combinarem as adubações orgânicas com os minerais é pelo fato de, segundo experimentos de CHAMINADE, aumentar a absorção de fósforo e potássio pelas raízes das plantas. 39. O que é o poder quelatante da matéria orgânica do composto? Poder quelatante ou pinçante é a propriedade que o humos possui de reter certos nutrientes, seqüestrando-os sem se combinar quimicamente com eles, porém, impedindo que sejam arrastados pelas águas das chuvas. Contudo, o elemento seqüestrado fica em forma assimilável pelas raízes. O pesquisador norte-americano ALLISON é de opinião que um dos papéis mais importantes realizados pela matéria orgânica no solo é a de formar quelatos com certos micronutrientes, como o zinco, o cobre e o ferro, garantindo as necessidades alimentares das culturas. Assim, por exemplo, o ferro do solo está geralmente na forma de óxidos insolúveis, não assimiláveis pelas plantas. O composto solubiliza o ferro, seu quelato aprisiona-o na forma catiônica e o cede às raízes. 40. O composto e outros adubos orgânicos têm papel importante como fonte de nitrogênio, na produção mundial de alimentos?
  • 31. Processos Orgânicos Sustentáveis – Uma Visão Holística Prof. Adoniel Amparo 31 Segundo DHAR, o aumento da produção agrícola pela adição de fertilizantes minerais nitrogenados tem-se mostrado maior do que a obtida com o emprego do fósforo ou do potássio. A produção mundial de fertilizantes nitrogenados, porém, é presentemente cerca de trinta vezes menor do que a necessária para suprir as culturas de todo o mundo. E, para que esses húmus não se esgotem, é necessário evitar sua perda por erosão e restituir ao solo a matéria orgânica dele removida. 41. O composto é classificado como melhorador do solo ou como um adubo? O composto é, acima de tudo, um condicionador do solo, assim classificado pelo fato de sua manteria orgânica humificada estar em maior proporção, cerca de 40 a 70%. No entanto, além do efeito condicionador ou melhorador do solo, o composto é também classificado como um fertilizante de baixa concentração em nutrientes, razão pela qual são sempre empregadas doses elevadas, geralmente acima de 10 toneladas, por hectare. A concentração em nitrogênio, fósforo e potássio (N-P-K) está, em média, entre 3 e 4%. O adubo contém ainda cálcio, magnésio e enxofre, além dos micronutrientes, tais como: zinco, boro, cobre, ferro, manganês, molibdênio e cloro. 42. Como deve ser armazenado o composto? Se o agricultor não vai usar o composto imediatamente, é preferível armazená-lo debaixo de um rancho ou no próprio campo, cobrindo a pilha com palhas ou galhos com folhas, para proteger do sol e do excesso de chuva, a qual deixaria o adubo molhado e mais trabalhoso para ser distribuído na terra. O composto cru ou semicurado dever ser guardado em montes com alturas máximas de 1.50 a 1.80 metros, enquanto que o composto curado, que não mais se aquece quando empilhado, pode ser armazenado com alturas maiores. 43. Como se planeja a distribuição do composto no campo? Para evitar que se aplique mais adubo em uma parte do campo e falte para outra, recomenda-se fazerem-se muitos montes iguais, dispostos em vários pontos do terreno. Distribuindo, depois, cada um desses montes pela área que o circunda, tem-se a certeza de que toda a terra de cultura receberá uma mesma dosagem de adubo. Ao se iniciar a distribuição, se houver ventos, lembrar que sempre o operário deve caminhar tendo o vento soprando pelas suas costas ou lateralmente. Não caminhar nunca contra a direção do vento. 44. Quais as maneiras de se distribuir o composto nas culturas: O composto pode ser assim distribuído:
  • 32. Processos Orgânicos Sustentáveis – Uma Visão Holística Prof. Adoniel Amparo 32 I. A lanço, aplicado por toda a superfície da terra, transportando-o em uma carroça ou carreta e jogando-o com pá, ou, utilizando distribuidora própria para estercos ou para calcário. II. No fundo do sulco: nas culturas em linha, abrindo-se o sulco com sulcador ou arado e, em seguida, jogando o adubo, que é transportado em carroça ou carreta, com pá. III. Em covas: quando se vai instalar uma cultura permanente, como os cafezais, os pomares, ou florestamento ou reflorestamentos, a melhor oportunidade para se empregar um adubo orgânico é no fundo da cova, misturado com a terra. IV. Em coroa: distribuindo em volta da árvore, formando uma faixa afastada do tronco e não além da projeção da sua copa, devendo em seguida incorporar levemente à terra. 45. Onde deve ser localizado o composto em relação à planta ou semente? O composto quando estiver garantidamente bioestabilizado (semicurado) ou melhor ainda, humificado (curado), pode ser colocado junto com a semente ou a mudinha, sem risco de causar dano. Quanto ao composto cru aplicado na terra, só se pode semear ou plantar após 20 a 30 dias da sua aplicação. Os fertilizantes químicos não devem entrar em contato direto com as sementes ou raízes. Quando misturados ao composto, este adubo orgânico evita danos. A melhor localização para os adubos orgânicos ou químicos é logo abaixo, ou, abaixo e um pouco ao lado das sementes ou raízes. 46. Quando se deve adubar? Os técnicos dividem a época da adubação em vários períodos: 1º) na ocasião do plantio, isto é, junto com a semente ou com a muda que está sendo transplantada – é a chamada adubação fundamental; 2º) quando se inicia o crescimento mais intenso da planta, distribuindo-se o adubo na superfície do solo, ao longo da linha de cultura ou em torno da muda, e incorporando-o ou não à terra – é a adubação de cobertura; 3º) e finalmente a adubação de manutenção da fertilidade que se faz nas plantas adultas, geralmente em culturas perenes na época das chuvas, ou quando se fazem canais ou outros tratos culturais, aplicando-o em sulcos abertos ao lado da linha de cultura, ou distribuindo-o pela superfície e incorporando-o ou não à terra. 47. Quais as doses recomendadas?
  • 33. Processos Orgânicos Sustentáveis – Uma Visão Holística Prof. Adoniel Amparo 33 As doses variam de acordo com a quantidade de composto disponível, com o tipo de terra, com a cultura e com a adubação pretendida. De maneira geral, podem ser recomendadas as seguintes doses: Para culturas anuais, no fundo do sulco de plantio, as quantidades mínimas são:  Terras fracas, 10 t/ha.  Terras médias, 5 t/ha. Para culturas perenes:  No plantio: 10 a 20 litros por cova.  Em planta adulta, em coroa: 10 a 20 litros por pé.  Em pastagens, em cobertura: mínimo de 5 a 10 t/ha. Para hortas e viveiros:  Na cova: de 0,5 a 1 litro.  No canteiro: de 10 a 20 litros por metro quadrado. Lembrar que, empregando-se o composto curado, pode-se juntá-lo à semente ou muda; o composto cru não deve entrar em contato direto com a semente ou as raízes; o composto de segunda, que contém maior quantidade de material inerte, também chamado de contaminante, é o mais recomendado para a aplicação em fundo de cova, no plantio de mudas. 48. Há muita diferença entre distribuir o composto na superfície sem incorporar à terra , e incorporando? Sim. Os experimentos demonstraram que o esterco pode, dentro de sete dias após ser distribuído pela superfície do terreno, em condições desfavoráveis de muito calor e vento, perder até 50% do total de nitrogênio. Considerando que o composto é um adubo semelhante ao esterco, dele diferenciando por ter sido preparado a partir de outras matérias- primas para se obter o mesmo húmus, compreende-se a necessidade de incorporá-lo à terra logo após ser espalhado no campo, pois 25% do nitrogênio pode ser perdido em doze horas. 49. Há algum experimento feito no Brasil com o composto de lixos domiciliares? Sim. Aqueles realizados pelo Departamento de Solos, Geologia e Fertilizantes, da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, da Universidade de São Paulo, demonstraram, dentre outras coisas, que: I. O composto cru é inferior ao que sofreu o processo de compostagem;
  • 34. Processos Orgânicos Sustentáveis – Uma Visão Holística Prof. Adoniel Amparo 34 II. As doses de 5 toneladas por hectare são insuficientes para aumentar a produção; III. As doses de 10 toneladas por hectare garantiram um aumento da produção, sendo esta superada pelas doses de 20 t/ha; IV. Mais uma vez foi demonstrado que o adubo orgânico é mais eficiente em solos arenosos e na cultura do feijão, que em solo argiloso ou com planta da família das gramíneas, como o arroz. 49. O composto aplicado como adubo tem efeito residual favorável na cultura seguinte? Sim. O composto aplicado como adubo beneficia a cultura daquele ano e, em menor escala, as que se fizerem posteriormente. Os experimentos em vaso realizados pelo Departamento de Solos, Geologia e Fertilizantes da Escola Superior de Agricultura “Luiz Queiroz”, da Universidade de São Paulo, demonstraram que em solo arenoso houve um melhor efeito residual do composto que em solo argiloso; também o feijão aproveitou melhor esse efeito residual que o arroz. Tais experimentos vêm confirmar a sabedoria popular dos agricultores europeus e asiáticos, de que os adubos orgânicos devem ser usados a longo prazo, pois seus efeitos são comutativos, melhorando as propriedades físicas do solo e fertilizando as culturas. Texto de EDMAR JOSÉ KIEHL, Professor Adjunto da Universidade de São Paulo Escola Superior de Agricultura “Luiz Queiroz”, Departamento de Solos, Geologia e Fertilizantes
  • 35. Processos Orgânicos Sustentáveis – Uma Visão Holística Prof. Adoniel Amparo 35 A AGRICULTURA IMITANDO A NATUREZA 17 de julho é o DIA DE PROTEÇÃO ÀS FLORESTAS, um bom momento para refletir como estamos tratando esse importante patrimônio do Planeta. A agricultura tradicional e a agricultura moderna desmatam para plantar. Desse jeito, acabam com a floresta que é o ecossistema predominante no Brasil. Ela vem sendo derrubada e destruída para se extrair madeira, plantar cana, criar pastos, cultivar alimentos e construir cidades. Isso, desde o descobrimento do País até os dias de hoje. Fazendo diferente, a agroflorestação procura combinar a agricultura com a floresta. Com esse tipo de plantio, o homem imita e respeita a riqueza da vida criada pela natureza. A agrofloresta é uma floresta trabalhada pelo homem. É um consórcio de diferentes plantas cultivadas com espécies da vegetação nativa e outras árvores adaptadas ás condições locais. Dessa maneira, o agricultor pode colher alimentos essenciais á nossa vida, sem destruir o ecossistema natural. Atualmente, e mais do que nunca, a necessidade de práticas agrícolas que conservem os recursos naturais é urgente no campo. Disto depende a recuperação dos solos erodidos e degradados, os problemas sociais oriundos do abandono das terras, as baixas produções e a falta de recursos financeiros. Vemos crescendo o uso de práticas agrícolas como cultivo em nível, rotação de cultura e adubações verdes, mas é na adoção de sistemas agrossilvopastoris que repousa o grande potencial para as condições brasileiras. Agrossilvicultura é um sistema planejado de uso da terra, no qual árvores são cultivadas em consórcio com culturas agrícolas e/ou animal, ao mesmo tempo ou em rotação. Os vários estratos de vegetação otimizam o aproveitamento da radiação solar; os vários tipos de sistemas radiculares em diferentes profundidades determinam um bom uso do solo e as culturas anuais e as pastagens beneficiam-se com o enriquecimento da camada superficial do solo, conseqüencia da reciclagem mineral feita pelas culturas arbóreas. Alguns exemplos de uso da agrossilvicultura: 1. Cultivo em faixa: prática de manejo em que as culturas, geralmente leguminosas, são cultivadas nas ruas, entre as fileiras plantadas com árvores ou arbustos, e na qual as espécies lenhosas são podadas periodicamente. Benefícios:  Recupera e conserva a fertilidade dos solos;  Produz adubo verde;  Produz húmus;  Fixa nitrogênio;
  • 36. Processos Orgânicos Sustentáveis – Uma Visão Holística Prof. Adoniel Amparo 36  Protege os cultivos contra o vento e o sol;  Controla ervas daninhas;  Produz forragem;  Produz lenha e mourões.  2. Cultivos intercalados de frutíferas, grãos ou hortaliças. Benefícios:  Uso intensificado da terra;  Produção de frutas;  Sombra;  Conservação e melhoramento dos solos;  Controle da erosão. 3. Cercas vivas. Benefícios:  Proteção de terrenos de cultivo, hortas, viveiros e lotes para lenha;  Redução de custo, trabalho e material requeridos para outros tipos;  Cercas;  Produção de lenha ou de fruta;  Embelezamento. 4. Quebra-ventos: Benefícios:  Diminuição do ressecamento dos solos;  Redução dos danos causados aos cultivos, pelo vento;
  • 37. Processos Orgânicos Sustentáveis – Uma Visão Holística Prof. Adoniel Amparo 37  Redução de madeira para lenha ou construções;  Embelezamento. O BIOGEO E O CONTROLE DE DOENÇAS NAS PLANTAS Trata-se de um pé de cuba misto, composto de estéreo (ou outros), água, farinha de rochas, tortas, leveduras, xisto, cinzas, água do mar, etc. É, portanto, um composto biotecnológico para prevenção de pragas, doenças e desequilíbrios, promotor de crescimento e defensivo natural baseado na teoria da Trofobiosoe, graças aos seus cerca de 80 elementos, mais enzimas (rompendo bloqueios e ultrapassando barreiras fisiológicas). Recomenda-se sua aplicação foliar, via solo, como inoculador de sementes. O seu poder transformador produz o equilíbrio da planta, propiciando desenvolvimento harmonioso e saudável, ensejando alta produção mesmo em condições adversas. O controle de doenças com os biofertilizantes é devido à presença de metabólicos – ação direta sobre o patógeno e o hospedeiro. Mecanismo de ação simultânea dos microrganismos (antibiose – competição – parasitismo), além de ativar mecanismos de resistência quando aplicados via foliar dado à capacidade de leveduras e bactérias induzirem a resistência do hospedeiro às doenças, ocorre também pela presença de compostos orgânicos (aminoácidos – enzimas – coenzimas – vitaminas – fitormônios). IMPORTANTE: As aplicações foliares devem ser constantes, a fim de vencerem os bloqueios existentes. Pragas e doenças são conseqüências de equívocos no manejo do agrossistema, portanto o manejo do combate às pragas e doenças do vegetais só se tornará efetivo através da correção das causas que as originaram. Como preservar e recompor o equilíbrio biológico dos agroecossistemas, evitando assim o agravamento dos problemas fitossanitários.: A) Diversificação, rotação e consorciação de atividades. B) Recomposição florística para a melhoria das condições microclimáticas e a conservação dos recursos naturais, objetivando o equilíbrio ecológico do agroecossistema. C) Promoção de uma eficiente reciclagem das biomassas disponíveis na propriedade.
  • 38. Processos Orgânicos Sustentáveis – Uma Visão Holística Prof. Adoniel Amparo 38 D) Manejo orgânico das áreas agricultadas, com destaque à incorporação constante de matéria orgânica ao solo, além das coberturas morta e viva e da prática de adubação. verde. E) Utilização de geomoplama mais adequado e suas condições, com ênfase na produtividade, sem descuidar da prevenção dos eventuais estresses ambientais. F) Busca de uma nutrição adequada e completa para os vegetais e organismos do solo pelo aporte de elementos de baixa solubilidade. Parte III O “MB-4” E O EQUILÍBRIO MINERAL DO SOLO O vasto espectro de elementos químicos minerais encontrados no MB-4 leva-o a oferecer uma variedade grande de nutrientes; a baixa solubilidade e a relação entre eles proporcionam condições propícias para a vida microbiana do solo. A maneira ideal de colocar o MB-4 à disposição das plantas é espalhá-lo em área total, em seguida, fazer a incorporação ao solo. Com essa operação obtém-se a segurança de que o produto preencheu todas as necessidades. A quantidade ideal é de difícil estimativa: depende das carências minerais locais. Porém, deve-se tomar por base a quantidade de 2 t/ha. Não se deve exagerar e, no mesmo ano, colocar quantidades grandes por hectare, com o intuito de obter resultados rápidos, pois pode-se incorrer em agressão às microvidas ali existentes. È preferível colocá-lo em doses menores e continuadas. A finalidade de espalhar em toda a área e fazer a incorporação é permitir o aumento da superfície de contato entre o MB-4 e o maior volume de solo possível, de modo a levar o
  • 39. Processos Orgânicos Sustentáveis – Uma Visão Holística Prof. Adoniel Amparo 39 produto ao alcance das raízes, favorecendo o contato delas com os nutrientes liberados. É uma operação realmente trabalhosa, que envolve equipamentos e custos mais elevados, mas é compensador; reduzirá custos futuros em combate a pragas e doenças, obterá maior produção e melhor qualidade biológica da cultura, que é o mais importante. É o contrário do que se faz atualmente, em que se valoriza a produção em detrimento da qualidade biológica. Em testes experimentais aplicou-se no sulco, reduzindo a quantidade em 50%, e obtiveram- se bons resultados. Procurando-se reduzir custos e facilitar em relação às culturas plantadas, outras maneiras de aplicação do produto têm sido utilizadas, como: na cova (em contato direto com a semente); na projeção da copa; em culturas permanentes, como fruteiras, calcula-se a área e a quantidade equivalente, proporcional a 2 t/ha. A grande necessidade de certos minerais para a saúde das plantas e dos animais faz com que essa preocupação estenda-se até o solo, onde está o início da vida vegetal e animal. Aqui teceremos comentários sobre alguns desses elementos que julgamos oportuno, para posteriormente aprofundarmo-nos em maiores detalhes. O Magnésio está contido no MB-4 sob a forma de silicato e, em maior quantidade, de carbonato. Representa um total que pode variar de 17 a 19% de óxido de magnésio. É um elemento de grande importância para a vida e Conseqüentemente de grande necessidade nos solos. Atualmente não se dá o valor devido ao magnésio, talvez por representar em torno de 2,5% da crosta terrestre e, portanto, muito comum, não desperta grandes interesses comerciais, sendo relegado a segundo planto. As conseqüências desse desprezo vão se refletir em prejuízos futuros nas colheitas e na vida animal. A deficiência de Magnésio no solo foi ampliada pelas altas doses de fertilizantes químicos solúveis, principalmente os adubos potássio e os nitrogenados amoniacais. Outros fatores influem no aproveitamento do Magnésio no solo, como clima, umidade, grande quantidade de íon cálcio. O Ferro é ofertado ao solo sob a forma de óxido, e está presente no MB-4 na proporção de 6 a 8%. Tem um significado grande para a vida, principalmente a animal. Os solos arenosos são muito carentes. Está presente na crosta terrestre, numa concentração em torno de 5%, e a disponibilidade de ferro no solo pode ser afetada pela compactação, pH elevado, presença de outros metais em grandes quantidades. O Silício é fornecido ao solo pelo MB-4 como silicato. Sua presença no produto é a alta cifra de 39 a 48% em SiO2. É um outro elemento que não teve o reconhecimento devido. No entanto atualmente inicia-se, muito prudentemente, colocá-lo no merecido lugar. Tem grande importância no solo, nas plantas e nos animais.
  • 40. Processos Orgânicos Sustentáveis – Uma Visão Holística Prof. Adoniel Amparo 40 O Silício nos solos tropicais, com pH entre 4,0 e 4,5, é solubilizado muito rapidamente, e, juntando-se ao Ferro forma as concreções lateríticos. Este processo é bem observado nas argilas montmorilhoníticas que, ao perderem Silício, transformam-se em caulinita mais gibsita. O processo é reversível: com a aplicação do MB-4, a sílica do silicato de magnésio é liberada e é invertida a aeração. Nos solos argilosos, esse fenômeno é muito observado, e constata-se com muita evidência o desenvolvimento radicular das plantas, que parecem adquirirem mais força para penetrar o solo compactado. O Cálcio é um dos elementos mais ricos na crosta terrestre, atingindo 3,5% do total. No MB-4 está presente sob a forma de carbonato e silicato de cálcio. Tem seu lugar de destaque, recebendo a merecida importância que tem para as plantas e para os animais. Compõe o MB-4 na proporção de 1,5 a 4%. O Fósforo e o Potássio são dois importantes minerais para o solo, para as plantas e para os animais. No entanto, é atribuído um valor muito alto a eles. Nas adubações são colocados sob forma altamente solúvel e em quantidades elevadas. Juntos ao nitrogênio formam o que a ciência agronômica atual chama de macroelementos primários. Não ficam dúvidas no que diz respeito à quantidade que entra na constituição e às necessidades da planta, mas a fórmula e a quantidade quando aplicados deixam a desejar, e consideramos o ato de maior agressão à natureza neste século. A grande proeza e a coroa de louros ficam para as multinacionais, que tiraram proveito e, sem medir as conseqüências, arquitetaram seus planos com a única finalidade de conseguir lucros, custasse o que custasse. Esta agressão não é somente uma ofensa à Natureza, é responsável pelas doenças e pragas na agricultura, pelas doenças no animais e principalmente no homem. As mortes de seres humanos causadas por essa agressão é maior que se juntássemos os mortos de todas as guerras havidas juntas. Sem contar os milhões de miseráveis que deixou, depois de sugar o último centavo. É vergonhoso que no final do século XX até mesmo os países considerados do primeiro mundo, desenvolvidos ainda estejam sendo iludidos e usem os chamados adubos químicos solúveis, embora em pequena quantidade. Quando será que o homem irá se conscientizar de que é e sempre será uma pequena parte da natureza e, por isso, deve se comportar como tal, observando-a, como bom filho, e tirando lições para usar em benefício próprio? Os micronutrientes Sódio, Enxofre, Cobre, Zinco, Manganês, Cobalto, elementos-traço e muitos outros que ainda não puderam ser detectados fazem parte da composição MB-4. Sentimos os efeitos pelo comportamento das culturas, o desenvolvimento radicular, o prolongamento da vida, com todo vigor reprodutivo. Nota-se que a microvida do solo é intensa e equilibrada. Num experimento em vaso com solo argiloso, foram feitos três tratamentos: um só com MB-4, que chamaremos de (1); o segundo com MB-4 e adubo químico (2) e o terceiro só com adubo químico (3). Observou- se, no primeiro experimento, o feijoeiro com MB-4 em pleno vigor, verde, com vagens novas, outras já secas e a planta ainda florando. Em um outro vaso, o do terceiro experimento, o feijoeiro plantado com NPK aparece já morto, atacado por nematóide. As raízes do feijoeiro com MB-4 (1) são fortes, têm o vigor necessário para penetrar o solo e se
  • 41. Processos Orgânicos Sustentáveis – Uma Visão Holística Prof. Adoniel Amparo 41 aprofundar para resistir às intempéries. São longas, ramificadas e parecem querer ocupar cada espaço no solo. O feijoeiro com NPK (3) não recebeu a adubação ideal. Ela proporcionou que o nematóide, sentindo-se agredido em seu habitat, se defendesse atacando a planta. O feijão que recebeu o MB-4 e o adubo químico (2), embora ainda apresentando nematóide, mostrou um desenvolvimento radicular melhor que o do experimento (3). Analisando o fenômeno acima, podemos fazer observações que nos servirão para completar futuras conclusões. O nematóide atacou as plantas que levaram adubo químico (2) e (3), já que o solo foi o mesmo. Então, o produto MB-4 deve dispor de algo que não contrariou ou prejudicou e mesmo ajudou a vida do nematóide. Do modo como vemos não conseguimos enxergar os outros seres vivos como pragas: porque são ameaçados em suas vidas, têm mesmo é que se defender.! Nós, os humanos, quando somos ameaçados, procuramos nos defender e agredimos quem nos ataca. Não procuramos encontrar a causa e o por quê de estarmos sendo ameaçados. Tentamos corrigir um dos efeitos quando, se corrigíssemos a causa, seria muito mais fácil. Bastaria procurar lições na mãe Natureza e teríamos a solução para tudo. O fenômeno que se apresentou, no pé de feijão com MB-4 (1), de prolongamento da vida, inclusive proliferando, foi observado também em diversas outras culturas, como soja, melão, cana, fumo, mamão. É um fenômeno muito importante, sobre o que iremos nos aprofundar em futuras considerações. Em solo bem nutrido, a planta é sadia, apresentando um sistema radicular desenvolvido e não sofrendo ataque dos seres vivos, a que denominamos desdenhosamente de pragas. O equilíbrio mineral do solo é inteiramente responsável pela saúde da planta, dos animais, inclusive do homem. Não existe doença na planta ou no animal, inclusive o homem, que não esteja relacionada a uma deficiência mineral do solo. EFEITOS DO MB-4 Todos os benefícios da colage com calcário e mais: a) Corrige em produtividade (descida rápida); b) Diminui a saturação de alumínio; c) Fornece mais de 30 elementos entre macro e micronutrientes (P, K, Ca, Mg, S, Fe); d) Aumenta o sistema radicular;
  • 42. Processos Orgânicos Sustentáveis – Uma Visão Holística Prof. Adoniel Amparo 42 e) Diminui a transpiração da planta, pela presença da sílica (47%), logo, aumenta a resistência à seca; f) Tem muita influência na germinação, aumentando sua velocidade, talvez pela presença do boro; g) Pode ser usado também como adubo. Além disso, a Farinha de Rocha MB-4  Tem propriedades antifúngicas;  Pode ser usada junto com NPK;  Pode ser usada como defensivo natural, diluído ou em pó;  Aplicado com MO, o efeito é miraculoso. Anexo I O INVESTIMENTO MACABRO Quando lemos o título deste artigo achamos um absurdo. Quem seria capaz de fazer tal investimento? Mais absurdo ainda é afirmar que todos nós, brasileiros ou não, fazemos, uns mais e outros menos. Fazemos esta afirmação, pois quando compramos nossos alimentos, estamos investindo na nossa saúde. Sempre procuramos adquirir o que é melhor, o mais saudável.
  • 43. Processos Orgânicos Sustentáveis – Uma Visão Holística Prof. Adoniel Amparo 43 No entanto, não sabemos com certeza se aquilo que adquirimos é realmente o que pensamos, ou é uma aparência. Será que estou comprando gato por lebre? Ah! Se fosse, seria muito bom, não seria o investimento a que nos referimos. Somos contempladores e coadjuvantes do triste espetáculo. A SAÚDE ESTÁ EM CRISE, dizem as manchetes em jornais, revistas, noticiários de rádio e televisão. Quem procura saber qual o motivo da saúde ter se agravado tanto assim? Trata-se de arranjar mais dinheiro para se poder investir mais em curas de doenças. As causas das doenças ninguém procura. A primeira intenção é a que fica, vamos tratar a doença, mas a causa persiste. Quem procura saber se a carne de boi que consumimos está cheia de hormônios, que se deixam os animais dopados nos pastos, só comendo e engordando; ou como são criadas as galinhas de granja, onde se consegue a grande façanha de levar o máximo de 45 dias do nascimento até o dia do abate, em que é necessário usar muitos hormônios e antibióticos; ou dos alimentos vegetais, nos quais a nova tecnologia fez que aumentasse a produção, sem se preocupar com a qualidade dos alimentos; ou a água que bebemos oriundas de rios e açudes que abastecem as cidades, impregnados de agrotóxicos trazidos pelas chuvas. Poderíamos perguntar: “Quais as doenças que esses alimentos provocam?” E responderíamos sem pestanejar; “Todas, inclusive o envelhecimento precoce, a impotência sexual, a infertilidade de homens e mulheres, esse aumento assombroso da homossexualidade, a perda de nossas defesas imunológicas, etc.” O caso é sério, é para ficar assombrado mesmo. E agora, o que vamos comer? Não nos resta muita coisa. Como alimento animal, temos ainda um cabrito, um carneiro, a galinha de capoeira, ovos de capoeira e peixe do mar, pois os açudes e lagoas podem estar contaminados. Como alimento vegetal não nos resta nada. Até a simples saladinha de verduras está cheia de agrotóxicos, pois as lavouras foram saturadas de adubos químicos, perderem suas defesas naturais, ficaram biologicamente incompletas, sujeitas a pragas e doenças e, por isso, vieram os agrotóxicos, cada dia mais fortes, mais mortais e as pragas e doenças mais resistentes. No estágio atual, fazendo-se um comparativo, estamos iguais às lavouras. Foi trocada a maneira de adubar, isto é, foi mudada a alimentação, provocou o desequilíbrio, que, por sua vez, comprometeu as defesas, e aí estão as doenças nos seres humanos, com os hospitais cheios, e muitas infecções hospitalares. Então, o que fazer? Diante desse quadro caótico, a MIBASA, através de seu departamento técnico, preocupada com a situação, resolveu lançar a campanha de alerta à população “ALIMENTO NATURAL É SAÚDE”, pois o Homem é um hóspede na Natureza, e como tal, se for bom, fica, caso contrário, será eliminado. E assim teremos o suicídio involuntário, pois
  • 44. Processos Orgânicos Sustentáveis – Uma Visão Holística Prof. Adoniel Amparo 44 estamos nos matando com nossas próprias mãos. Quando fazemos uma feira, supomos que estamos comprando somente nutrientes para nossos corpos, estamos fazendo um investimento, mas, adicionado à feira, vêm os agrotóxicos, os hormônios, as deficiências de vitaminas e sais minerais, etc., que causam as nossas doenças. É portanto um investimento macabro. OBSERVAÇÕES: A nossa intenção é alertar a população e, agora, professores de ciências, para que conscientizem os jovens, para que eles não venham passar pelo que estamos passando, e tenham uma vida com saúde e paz. Fazemos isto, também, com a intenção de dividirmos as responsabilidades que tomamos para nós. Queremos colocar à disposição dos alunos e professores o nosso departamento técnico com informações e conhecimentos para, juntos, unirmos nossas experiências e encontrarmos soluções adequadas, na tentativa de superar a crise para as futuras gerações e minorar o sofrimento desta. Arapiraca, junho/1996. Solon Barrozo Barreto – Diretor Técnico da Mineração Barreto S.A. – MIBASA Anexo II A FEIRA... E AS DOENÇAS Atualmente temos mais dificuldades para fazer uma feira. Além das condições financeiras, vem uma outra preocupação, mais complexa, e que poderá deixar você sem possibilidades de fazer outra, para o resto da vida, se é que ainda restará vida. Será que o nosso organismo suportará mais uma semana de agressões, sem mostrar sinais de que está saturado, de que há muito tempo vem protelando e se esforçando para lhe dar uma boa aparência, com a esperança de haver uma mudança na conduta alimentar?