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Avelar Brotero
Divulgação de
Autores de
Expressão
Portuguesa
ALMEIDA GARRETT
NOÉMIA DE SOUSA
Carolina Noémia Abranches de Sousa Soares nasceu
a 20 de setembro de 1926, em Lourenço Marques (hoje
Maputo), Moçambique, e faleceu a 4 de dezembro de
2002, em Cascais, Portugal.
Toda a sua poesia é marcada pela presença
constante
das
raízes
profundamente
africanas, abrindo os caminhos da exaltação da MãeÁfrica, da glorificação dos valores africanos, do
protesto e da denúncia.
A sua obra ficou dispersa por muitos jornais e revistas.
Só em 2011 foi publicado o livro Sangue Negro, que
reúne alguma da sua poesia.
“Se me quiseres conhecer,
Estuda com olhos bem de ver
Esse pedaço de pau-preto
Que um desconhecido irmão maconde
De mãos inspiradas
Talhou e trabalhou
Em terras distantes lá do Norte.”
Negra
Gentes estranhas com seus olhos cheios doutros mundos
quiseram cantar teus encantos
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Teus encantos profundos de África.
Mas não puderam.
Em seus formais e rendilhados cantos,
ausentes de emoção e sinceridade,
quedas-te longínqua, inatingível,
virgem de contactos mais fundos.
Em seus formais cantos rendilhados
foste tudo, negra...
menos tu.
E ainda bem.
Ainda bem que nos deixaram a nós,
do mesmo sangue, mesmos nervos, carne, alma,
sofrimento,
a glória única e sentida de te cantar
com emoção verdadeira e radical,
a glória comovida de te cantar, toda amassada,
moldada, vazada nesta sílaba imensa e luminosa: MÃE
(excerto)
PORQUÊ

Por que é que as acácias de repente
floriram flores de sangue?
Por que é que as noites já não são calmas e doces,
por que são agora carregadas de electricidade
e longas, longas?
Ah, por que é que os negros já não gemem,
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Por que é que os negros gritam,
gritam à luz do dia?
Nossa voz

Ao J. Craveirinha

Nossa voz ergueu-se consciente e bárbara
sobre o branco egoísmo dos homens
sobre a indiferença assassina de todos.
Nossa voz molhada das cacimbadas do sertão
nossa voz ardente como o sol das malangas
nossa voz atabaque chamando
nossa voz lança de Maguiguana
nossa voz, irmão,
nossa voz trespassou a atmosfera conformista da cidade
e revolucionou-a
arrastou-a como um ciclone de conhecimento.
Nossa voz que descobriu até ao fundo,
lá onde coaxam as rãs,
a amargura imensa, inexprimível, enorme como o mundo,
da simples palavra ESCRAVIDÃO:
Nossa voz gritando sem cessar,
nossa voz apontando caminhos
nossa voz xipalapala
nossa voz atabaque chamando
nossa voz, irmão!
nossa voz milhões de vozes clamando, clamando, clamando.
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Somos fugitivas de todos os bairros de zinco e caniço.
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viemos do outro lado da cidade
com nossos olhos espantados,
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De mãos ávidas e vazias,
de ancas bamboleantes lâmpadas vermelhas se
acendendo,
de corações amarrados de repulsa,
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acenando convites aliciantes
como sinais luminosos na noite.
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  • 3.
  • 5. Carolina Noémia Abranches de Sousa Soares nasceu a 20 de setembro de 1926, em Lourenço Marques (hoje Maputo), Moçambique, e faleceu a 4 de dezembro de 2002, em Cascais, Portugal. Toda a sua poesia é marcada pela presença constante das raízes profundamente africanas, abrindo os caminhos da exaltação da MãeÁfrica, da glorificação dos valores africanos, do protesto e da denúncia. A sua obra ficou dispersa por muitos jornais e revistas. Só em 2011 foi publicado o livro Sangue Negro, que reúne alguma da sua poesia.
  • 6. “Se me quiseres conhecer, Estuda com olhos bem de ver Esse pedaço de pau-preto Que um desconhecido irmão maconde De mãos inspiradas Talhou e trabalhou Em terras distantes lá do Norte.”
  • 7. Negra Gentes estranhas com seus olhos cheios doutros mundos quiseram cantar teus encantos para elas só de mistérios profundos, de delírios e feitiçarias... Teus encantos profundos de África. Mas não puderam. Em seus formais e rendilhados cantos, ausentes de emoção e sinceridade, quedas-te longínqua, inatingível, virgem de contactos mais fundos. Em seus formais cantos rendilhados foste tudo, negra... menos tu. E ainda bem. Ainda bem que nos deixaram a nós, do mesmo sangue, mesmos nervos, carne, alma, sofrimento, a glória única e sentida de te cantar com emoção verdadeira e radical, a glória comovida de te cantar, toda amassada, moldada, vazada nesta sílaba imensa e luminosa: MÃE (excerto)
  • 8. PORQUÊ Por que é que as acácias de repente floriram flores de sangue? Por que é que as noites já não são calmas e doces, por que são agora carregadas de electricidade e longas, longas? Ah, por que é que os negros já não gemem, noite fora, Por que é que os negros gritam, gritam à luz do dia?
  • 9. Nossa voz Ao J. Craveirinha Nossa voz ergueu-se consciente e bárbara sobre o branco egoísmo dos homens sobre a indiferença assassina de todos. Nossa voz molhada das cacimbadas do sertão nossa voz ardente como o sol das malangas nossa voz atabaque chamando nossa voz lança de Maguiguana nossa voz, irmão, nossa voz trespassou a atmosfera conformista da cidade e revolucionou-a arrastou-a como um ciclone de conhecimento. Nossa voz que descobriu até ao fundo, lá onde coaxam as rãs, a amargura imensa, inexprimível, enorme como o mundo, da simples palavra ESCRAVIDÃO: Nossa voz gritando sem cessar, nossa voz apontando caminhos nossa voz xipalapala nossa voz atabaque chamando nossa voz, irmão! nossa voz milhões de vozes clamando, clamando, clamando. (excerto)
  • 10. Moças das Docas Somos fugitivas de todos os bairros de zinco e caniço. Fugitivas das Munhuanas e dos Xipamanines, viemos do outro lado da cidade com nossos olhos espantados, nossas almas trançadas, nossos corpos submissos e escancarados. De mãos ávidas e vazias, de ancas bamboleantes lâmpadas vermelhas se acendendo, de corações amarrados de repulsa, descemos atraídas pelas luzes da cidade, acenando convites aliciantes como sinais luminosos na noite. Viemos ... Fugitivas dos telhados de zinco pingando cacimba, do sem sabor do caril de amendoim quotidiano, do doer espáduas todo o dia vergadas sobre sedas que outras exibirão, dos vestidos desbotados de chita, da certeza terrível do dia de amanhã retrato fiel do que passou, sem uma pincelada verde forte falando de esperança. (excerto)
  • 12.
  • 13.
  • 14.
  • 15.
  • 16.
  • 17.
  • 18.
  • 19.
  • 20.
  • 21.
  • 23.
  • 24.
  • 25.
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  • 30.
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  • 35.
  • 36.
  • 37.
  • 38.
  • 39.
  • 40.
  • 42.
  • 43.
  • 44.
  • 45. “As Pupilas do Senhor Reitor” Ilustrações de Alfredo Roque Gameiro (1864 - 1935)
  • 46. “As Pupilas do Senhor Reitor” Ilustrações de Alfredo Roque Gameiro (1864 - 1935)
  • 47. “As Pupilas do Senhor Reitor” Ilustrações de Alfredo Roque Gameiro (1864 - 1935)
  • 48. “As Pupilas do Senhor Reitor” Ilustrações de Alfredo Roque Gameiro (1864 - 1935)
  • 49. “As Pupilas do Senhor Reitor” Ilustrações de Alfredo Roque Gameiro (1864 - 1935)