O documento é uma coleção de poemas de Gileno Araújo que refletem sobre vida, aprendizados, mudança e espiritualidade. Os poemas descrevem a jornada interior de autodescoberta e como as experiências de vida levam a uma maior compreensão e sabedoria.
3. Depois que Vivi [Gileno Araújo]
[ 2 ]
Depois que Vivi
Depois de tudo o que foi vivido
O espírito quer se superar
Quieto no mais íntimo de si
A repensar a existência
Feliz por ter compreendido
A dinâmica da vida
A sequência dos fatos
E qual a melhor escolha a fazer
Aprendendo a beber o sacrifício
Colher os frutos da resignação
Diante do insuperável
Aprendendo a valorizar a integridade
Como a máxima conquista
De quem prefere ficar em paz
4. Depois que Vivi [Gileno Araújo]
[ 3 ]
Enquanto a Mente Reage
Enquanto a mente reage
Criando sinapses
Descobrindo caminhos para a paz
Vou ficando possuído
Por um espírito de superação
Que renova as energias
Fortalecendo a vontade
Para tudo ser simples
Para o sentimento novo
De viver e trabalhar
Em boa sintonia
Se para isto há que se evitar
A ebulição do mundo
Que assim seja
A ausência de decepções é uma bênção
5. Depois que Vivi [Gileno Araújo]
[ 4 ]
Todo Revolucionário
Todo revolucionário
Tem o dever de escandalizar a sociedade
Não pelo intuito de causar mal estar
Mas simplesmente porque para haver mudança
Há que se acuar a zona de conforto
De quem segue tomado de esquecimento
Numa ausência inaceitável
Diante dos grandes dramas sociais
É preciso gritar
Para fazer calar a dor
De estar contido na doença do mundo
6. Depois que Vivi [Gileno Araújo]
[ 5 ]
Alma em Movimento
A alma em movimento
Muda o sentido de existir
No íntimo do sentimento de ser livre
Na prolongada espera
Modifica
A disposição
De ser ainda o que faz falta
Em sua atitude
Perante a vida
7. Depois que Vivi [Gileno Araújo]
[ 6 ]
A Essência do Mistério
Não havendo de onde tirar
A essência do mistério
O antro onde a hipótese sorri
Procurando a ponta do novelo
Para reagir diante da vida
Diante do tempo
Diante do mundo
Que não diz adeus
Para sorrir de novo
Aos elementos que reagem
Criando uma cortina de fumaça
8. Depois que Vivi [Gileno Araújo]
[ 7 ]
A Razão de Existir
Em busca de um sentido
Em direção ao olho de tudo
Rumando para o centro da luz
Onde esperando está
O estado de êxtase
A mirabolante hora
Onde a essência desperta
O ritmo do tempo imortal
Que exuberante revela
A razão de existir
9. Depois que Vivi [Gileno Araújo]
[ 8 ]
A Cada Dia
A cada dia que passa
Prossigo aprendendo
Os limites da consciência
Foram colocados à prova
E de tudo o que vivi
Restou a experiência
Apontando rumos
Despertando a vontade
De tentar um pouco mais
Movimento perpétuo de mudança
10. Depois que Vivi [Gileno Araújo]
[ 9 ]
Aprendizado Contínuo
Continuo
Precisando aprender
A perdoar a humanidade
Contudo
O movimento de sonhar
Tende a renascer
É um processo lento
E difícil
Mas a oportunidade
Para uma nova tentativa
Revela agradáveis surpresas
E uma inestimável
Sensação de liberdade
11. Depois que Vivi [Gileno Araújo]
[ 10 ]
Forças do Destino
Forças do destino
Acumuladas agora
Na mais profunda essência da vida
Onde a alma se agita
Movimentado a condição de ser vivo
A vontade de potência que desperta
Ativando o dom de agir
Exercitando a natureza do espírito
Tudo reunido
Compõe a base
Onde com firmeza
Apóia-se o caminhante
Para assim prosseguir
Projetando-se adiante na eternidade
12. Depois que Vivi [Gileno Araújo]
[ 11 ]
Absorvendo as Possibilidades
A complexidade da certeza
Vai surgindo
A partir de pequenas dúvidas
Que brotam e rebrotam
Fazendo perguntas ao vazio
E o viajante do tempo
Vai absorvendo as possibilidades
Como um ramalhete de flores
Que só despertam interesse
Quando reunidas à totalidade
13. Depois que Vivi [Gileno Araújo]
[ 12 ]
Aprendendo a Ser Livre
Ainda aprendendo a ser livre
Tendo talvez reunido
Mais informação sobre isto
Que a maioria dos mortais
Porém longe
Muito longe
De chegar a qualquer conclusão
Sobre o assunto
14. Depois que Vivi [Gileno Araújo]
[ 13 ]
No Campo da Supra-consciência
Mais uma vez
No campo da supra-consciência
O “Eu Sou”
É uma porta antiga
Sempre entreaberta
Revelando infinitas maravilhas
Que se juntam
Para trazer mais vida
E os mistérios do amor
Além de todas as outras
Elaboradas visões
Do belo imortal
E de tudo o que é sublime
15. Depois que Vivi [Gileno Araújo]
[ 14 ]
A Névoa
Naquele escuro abandono em que eu vivia
Não havia amanhã nem muito menos poesia
Os dias eram um transcorrer de repetições incoerentes
A vida era a demência
Transformada em rotina
Sempre a desejar a luz
Contudo
A esperança era uma janela verde
Num dia de chumbo
Talvez por isto algo mudou
Talvez por isto
Pela fresta da porta
Uma névoa luminosa adentrou
Contaminando meu viver
Com o fazer poético
Que todos os medos dissipou
16. Depois que Vivi [Gileno Araújo]
[ 15 ]
O Fluxo da Vida
Como tudo o que deve sobreviver
A intensa expressão da chama
Vida que arde
Fortalecendo sua própria manifestação
A reação do ser
Perante o todo
Afirmando seu existir
De modo contundente
Zilhões de incontáveis seres
Erguendo-se para uma consciência alternada
Um fluxo de vida
Aprimorando-se
ininterruptamente
17. Depois que Vivi [Gileno Araújo]
[ 16 ]
Antes do Fim
Antes do fim
Enquanto é possível
Deixar escorrer a seiva da poesia
Sobre todos os erros e acertos
Purificando tudo
Lavando a alma
Para sentir-se ainda merecedor
De toda a magia
Que das altas esferas
Vem chegando devagar
Antes de vir a acontecer
Um imprevisto qualquer
Que obstrui o caminho
Prosseguir
Com firmeza
Calcando o chão
Nessa caminhada
Em direção à ausência de mácula
18. Depois que Vivi [Gileno Araújo]
[ 17 ]
O Comandante da Luz
A comandar a luz
Com a voz firme de quem resiste
Ao avanço das sombras
Sobre este mundo desatento
Convocando poderes
Que se relacionam com a harmonia universal
Para libertar a humanidade
Do jugo de suas próprias criações nefastas
Sem jamais desistir
Para que a liberdade possa se manifestar
No propósito dos homens
Com grande sabedoria
E poder
19. Depois que Vivi [Gileno Araújo]
[ 18 ]
Um Poema
Juntando palavras
Que traduzem significados e ideias
Como peças de um quebra-cabeças
Ou uma colagem aleatória
Seja como for:
Palavras
Que traduzem a vida
Resumindo em poucas linhas
Um poema
20. Depois que Vivi [Gileno Araújo]
[ 19 ]
Os Mistérios da Alma
Em recolhimento
No mais íntimo silêncio
Saciando o desejo de mergulhar
Nos profundos mistérios da alma
Mergulhar como um explorador dos oceanos
Contemplando exóticas criaturas
Estranhas formações geológicas
E da mesma forma são os segredos do indecifrável
Há que se perder
Nesse intenso amálgama de percepções
Explorar inusitadas emoções
Que podem ensinar muito sobre quem somos
Navegando no sacrifício
Descobrir o belo que há na intimidade do ser
Feito um tesouro esquecido
À espera de um resgate
Para ser compartilhado
Feito o pão da vida
21. Depois que Vivi [Gileno Araújo]
[ 20 ]
Os Mecanismos da Mente
Por querer confrontar os mecanismos da mente
Que de forma persistente revelam a inércia de ser apenas
uma parte de si. Querendo viver de um jeito diferente,
para reagir contra os limites da fração pequena do que
constitui o ser humano. Mas a vida escolhe caminhos
alheios à vontade do indivíduo. A observação não é o
bastante para prever os próximos acontecimentos.
A vida escolhe um outro jeito
Eu escolho um outro jeito
O padecimento vai se constituindo numa estrada calçada
com espinhos.
A percepção é uma poça rasa.
As palavras se repetem, contudo não posso parar.
A fina linha que separa entre o antes e o depois o meu
momento está fazendo curvas em torno da origem.
O meu espírito está travado numa proverbial lamentação
infundada.
Os minutos escorrem, as emoções explodem.
Eu poderia sair, poderia ir a algum outro lugar, mas não
tenho qualquer vontade.
Estou ficando meio louco nesta manhã de domingo.
Eu confesso.
Eu confesso que estou meio louco.
Eu confesso que já fui muito mais louco.
Eu confesso que meu plano para deixar de ser louco está
indo para o brejo.
22. Depois que Vivi [Gileno Araújo]
[ 21 ]
A vontade é um véu, usado por uma caveira enlameada.
Não tenho como dizer agora o que virá depois, porque o
agora virou algo meio doloroso, que não sei se vai me
levar ao fundo do poço.
Por acreditar
Na porção mais elevada
De um espírito errante
Ainda é possível reaver
Os mais belos devaneios
De uma criança
É possível entrever
Um tempo de mudança
É possível escrever
Uma ode ao tempo
É possível
É possível
E o que vier disto será a ponta de um iceberg
O que veio antes disso
É um bloco de gelo sujo
A vida impura
Congelada no tempo
23. Depois que Vivi [Gileno Araújo]
[ 22 ]
Jornada a Lugar Nenhum
No alto da montanha
Onde descanso o pensamento
Diante do urbano tormento
De ver a vida a se arrastar
Um sobressalto ocorre
Como o som de um tiro
No silêncio
Quebrando a quietude da noite
É triste a realidade
Onde o dia a dia mostra
Uma corrida insana
Para lugar nenhum
A amplidão iluminada
Onde deveria estar contida
Uma civilização em crescimento
É apenas um fogo fátuo sem calor
Em torno da luz fria dos ambientes requintados
Circulam mariposas mortas
Zumbis de algo sem poesia
Num cotidiano sem alegria
Preferi essa estrada
Que na mente segue larga
Permitindo prosseguir para Lugar Nenhum
24. Depois que Vivi [Gileno Araújo]
[ 23 ]
O Despertar da Compaixão
Existe uma lacuna em cada um
Que é a parte a ser preenchida
Com um tipo de vivência
Capaz de repercutir na essência
Como uma grande lição
Uma experiência de vida
Tão profundamente transformadora
Que ao se viver tal acontecimento
Jamais será possível
Voltar a ser como antes
Está estranhamente associado
A este ponto de mutação
O despertar de um inexplicável sentimento
De compaixão
25. Depois que Vivi [Gileno Araújo]
[ 24 ]
Depois de Abrir uma Página em Branco
Depois de abrir uma página em branco
A experiência de viver
Vai ficando cada vez mais confusa
Pelo que não se pode repetir
Pelo que não se quer para si
Por todos os falsos amigos
Que não souberam ser amigos
Por todos os idiotas
Que não aprenderam a ser gente
Nessa página em branco
Tudo deve ser diferente
Mas eis que vejo a página
Feito uma parede
E nela minha cabeça bate
E volta a bater
O novo é tudo o que se repete
26. Depois que Vivi [Gileno Araújo]
[ 25 ]
Esperando o Portal
Aprendendo a reagir
Para evitar o passo decisivo
Que num profundo abismo
Projetaria o insensato caminhante
Acordo para o dia da mudança
A transformação
É uma questão de agilidade
Ao menor indício de um portal entreaberto
O viajante precisa estar preparado
27. Depois que Vivi [Gileno Araújo]
[ 26 ]
Um Só Organismo sobre a Terra
O desgaste vem
Com a força dos anos
Vividos numa realidade cruel e desumana
Ninguém pode dizer que é uma ilha
Alheio ao mundo ao redor
Onde há tanto sofrimento...
Ninguém pode se dizer
Imune à dor
Ou livre da necessidade
De contar com a ajuda do próximo
Todos precisamos uns dos outros
Todos somos um só organismo
Sobre a Terra
Mas sabemos que demora
Até isto ser compreendido
Portanto espera, e nasce de novo,
E renasce, para então morrer,
E nascer outra vez
E aí, quem sabe,
Talvez o mundo seja outro
28. Depois que Vivi [Gileno Araújo]
[ 27 ]
Quem sabe não mais
Se levantará irmão contra irmão
Nação contra nação
Não mais, nunca mais
Quem sabe vencida esta doença chamada Capital
A cura possa se tornar definitiva...
Quem sabe...
29. Depois que Vivi [Gileno Araújo]
[ 28 ]
Ao Fascista
Eu te conheço, fascista,
Tenho perseguido teu rastro
Ao longo da história
Te enxerguei na pele de Mussolini
Ou com a cara feia de Franco
Tu foste horrível em Hitler
E ridículo
E te vi não só em teus líderes
Mas também em teus comandantes
E até nos soldados
Eu te vi na cara de raiva
De um conservador fanático
Na multidão hipnotizada
Eu te vi também partindo para matar muçulmanos
Na última cruzada
Eu te vi erguendo a mão com olhos vidrados
Gritando HEIL, HEIL, HEIL!!!
Todos os que encontraram a fome e os traumas da guerra
Caindo em bombas
Sobre suas casas
Eu te vi, maldito fascista,
Eu te vi, seu canalha
30. Depois que Vivi [Gileno Araújo]
[ 29 ]
Esgueirando-se com essa cara de príncipe
Almejando ardentemente os beneplácitos da glória
Sempre quer estar às voltas com o poder
É sempre candidato
Cheio de ardis retorna
Cheio de aparato
Quer dizer a todos que está tudo errado
É um chato ordinário com mania de grandeza
Faz a cabeça do povo
Para vir com esperteza
É dissimulado
Maníaco e traidor
Fascista, tu és uma transfiguração da lei e da ordem
Usa o que é correto em forma de discurso
E o incorreto em forma de ação
Fascista, maldito, miserável, tu és filho do cão.
31. Depois que Vivi [Gileno Araújo]
[ 30 ]
Na força do acaso
E se por um acaso
No cadafalso dos mais íntimos momentos
Quando a morte nos visita
Pudéssemos estar vivendo
O tempo do que não vivemos
Do que nunca será vivido
Mas permanece
Como um universo alternativo
No campo dos sonhos
Onde perdido se foi
Aquele que olhou demorado
Para dentro de si mesmo
Para onde vai um fluxo de vida
Que todo dia se reúne novamente
No seu de si mesmo corpo quente
Para prosseguir com a vida
Este ser em si
O cidadão
O cumpridor da lei
O que zela por seus deveres
E procura ser um bom cozinheiro
Quem é qualquer um
Quem é um homem comum
Quem é o que... É o que... É o que... É o que...
O QUE O QUE O QUE O QUE...
32. Depois que Vivi [Gileno Araújo]
[ 31 ]
Um Profundo Mergulho
Providenciei um profundo mergulho
Nas águas da introspecção
Meu objetivo
Tornou-se ser capaz
De adentrar com intensidade
O universo paralelo
Que existe na profundidade do ser
A continuidade dessa procura
Fará com que a mente,
Essa anomalia errática,
Possa se demorar
Nas águas do profundo mistério
Assim
Será possível permanecer em silêncio
O coro dos insensatos
Passará por aqui ávido por meus ouvidos
Estarei ausente
Estarei alheio
Serei outro
33. Depois que Vivi [Gileno Araújo]
[ 32 ]
Não Vivi o Suficiente
Não vivi o suficiente
Para sentir que pude colocar as mãos
No pescoço da vida
Não viajei o suficiente
Não amei o suficiente
Não vivi o suficiente
Para cumprir o papel que me coube neste mundo
Mas nunca será o bastante
Porém vivi o tanto necessário
Para errar muito e me arrepender em dobro
Para descobrir o quanto de ilusão
Motiva grande parte das ações humanas
Vivi o que era preciso
Para aprender a dar valor ao imprescindível
A sabedoria para apreciar
O acontecimento de estar às voltas com a família humana