SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 9
   “Despedidas em Belém” de Luís de Camões com “Mar
    Português” de Fernando Pessoa.
- Despedidas em Belém

A gente da cidade, aquele dia
(Uns por amigos, outros por parentes,
Outros por ver somente), concorria,
Saudosos na vista e descontentes.
E nós, co'a virtuosa companhia
De mil religiosos diligentes,
Em procissão solene, a Deus orando,
Para os batéis viemos caminhando.

   Esta primeira estrofe do poema é oitava.
   Todos os versos desta estrofe têm 10 sílabas métricas.
   A rima é:
     Cruzada: dia/concorria/companhia; parentes/descontentes/diligentes.

     Emparelhada: orando/caminhando.
Em tão longo caminho e duvidoso
Por perdidos as gentes nos julgavam,
As mulheres c'um choro piedoso,
Os homens com suspiros que arrancavam.
Mães, esposas, irmãs, que o temeroso
Amor mais desconfia, acrescentavam
A desesperação e frio medo
De já não nos tornar a ver tão cedo.


   Esta segunda estrofe do poema é oitava.

   Todos os versos desta estrofe têm 10 sílabas métricas.

   A rima é:
     Cruzada: duvidoso/piedoso/temeroso; julgavam/arrancavam/acrescentavam;

     Emparelhada: medo/cedo
Qual vai dizendo: «- Ó filho, a quem eu tinha
Só para refrigério e doce amparo
Desta cansada já velhice minha
Que em choro acabará, penoso e amaro,
Porque me deixais mísera e mesquinha?
Por que de mim te vás, ó filho caro,
A fazer o funéreo enterramento
Onde sejas de peixes mantimento?»



   Esta terceira estrofe do poema é oitava.

   Todos os versos desta estrofe têm 10 sílabas métricas.

   A rima é:

     Cruzada: tinha/minha/mesquinha; amparo/amaro/caro;

     Emparelhada: enterramento/mantimento.
. Luís de Camões engrandece os Descobrimentos
Portugueses, a dor, o sofrimento e o sacrifício das pessoas, e
considera que tais sentimentos afectaram unicamente as
pessoas da cidade de Lisboa.
    O poeta exprime-os na obra através da narração que
Vasco da Gama fez ao rei de Melinde. Vasco da Gama
narrou a partida da armada portuguesa para a descoberta
do caminho marítimo para a Índia, dando maior importância
às despedidas dos navegadores, ao doloroso sacrifício e
desespero das mães, esposas e irmãs.
- Mar Português


Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal!
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão rezaram!
Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso, ó mar!

 Esta primeira estrofe do poema é sextilha.
 As sílabas métricas dos versos desta estrofe são 10, 8, 10, 8, 10, 8, respectivamente.

 Rima emparelhada: sal/Portugal; choraram/rezaram; casar/mar.
Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.
Quem quer passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele é que espelhou o céu.




 Esta segunda estrofe do poema é, também, sextilha.
 As sílabas métricas dos versos desta estrofe são
9, 5, 9, 8, 10, 7, respectivamente.
 Rima emparelhada: pena/pequena; Bojador/dor; deu/céu.
. Fernando Pessoa, Tal como Luís de Camões, revela a
dor, o sofrimento e o sacrifício das pessoas. Mas, Camões
considera que estes sentimentos atingiram todas as pessoas
de Portugal.
    Globalmente, este poema “Mar Português” retrata a
ânsia do desconhecido e a luta que os navegadores
travaram com o mar.
    O autor realça, também, a dor das mães, noivas e filhos
que perderam a sua oportunidade de constituir uma família.

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

Cantigas de amor -resumo
Cantigas de amor -resumoCantigas de amor -resumo
Cantigas de amor -resumoGijasilvelitz 2
 
Despedidas em belém
Despedidas em belémDespedidas em belém
Despedidas em belémLurdes
 
A nostalgia da infância
A nostalgia da infânciaA nostalgia da infância
A nostalgia da infânciaPaulo Portelada
 
Oh! como se me alonga, de ano em ano
Oh! como se me alonga, de ano em anoOh! como se me alonga, de ano em ano
Oh! como se me alonga, de ano em anoHelena Coutinho
 
Tempestade e Chegada à Índia
Tempestade e Chegada à ÍndiaTempestade e Chegada à Índia
Tempestade e Chegada à Índiasin3stesia
 
"Se eu e tu", de João Pedro Mésseder
"Se eu e tu", de João Pedro Mésseder"Se eu e tu", de João Pedro Mésseder
"Se eu e tu", de João Pedro Méssederesodateliesbe
 
Análise do episódio "Inês de Castro"
Análise do episódio "Inês de Castro"Análise do episódio "Inês de Castro"
Análise do episódio "Inês de Castro"Inês Moreira
 
Estrutura de 'Mensagem'
Estrutura de 'Mensagem'Estrutura de 'Mensagem'
Estrutura de 'Mensagem'12_A
 
Episódio "O Gigante Adamastor" d' Os Lusíadas
Episódio "O Gigante Adamastor" d' Os LusíadasEpisódio "O Gigante Adamastor" d' Os Lusíadas
Episódio "O Gigante Adamastor" d' Os LusíadasAnaGomes40
 
Auto da Barca do Inferno
Auto da Barca do InfernoAuto da Barca do Inferno
Auto da Barca do InfernoCristina Seiça
 
Proposição
ProposiçãoProposição
ProposiçãoLurdes
 
Principais Temáticas de Alberto Caeiro
Principais Temáticas de Alberto CaeiroPrincipais Temáticas de Alberto Caeiro
Principais Temáticas de Alberto CaeiroDina Baptista
 

Mais procurados (20)

Cantigas de amor -resumo
Cantigas de amor -resumoCantigas de amor -resumo
Cantigas de amor -resumo
 
Amor é fogo que arde
Amor é fogo que ardeAmor é fogo que arde
Amor é fogo que arde
 
Despedidas em belém
Despedidas em belémDespedidas em belém
Despedidas em belém
 
Cantigas de amigo
Cantigas de amigoCantigas de amigo
Cantigas de amigo
 
A nostalgia da infância
A nostalgia da infânciaA nostalgia da infância
A nostalgia da infância
 
Oh! como se me alonga, de ano em ano
Oh! como se me alonga, de ano em anoOh! como se me alonga, de ano em ano
Oh! como se me alonga, de ano em ano
 
Tempestade e Chegada à Índia
Tempestade e Chegada à ÍndiaTempestade e Chegada à Índia
Tempestade e Chegada à Índia
 
Cena do onzeneiro
Cena do onzeneiroCena do onzeneiro
Cena do onzeneiro
 
Adamastor
AdamastorAdamastor
Adamastor
 
"Se eu e tu", de João Pedro Mésseder
"Se eu e tu", de João Pedro Mésseder"Se eu e tu", de João Pedro Mésseder
"Se eu e tu", de João Pedro Mésseder
 
Análise do episódio "Inês de Castro"
Análise do episódio "Inês de Castro"Análise do episódio "Inês de Castro"
Análise do episódio "Inês de Castro"
 
De tarde - Cesário Verde
De tarde - Cesário VerdeDe tarde - Cesário Verde
De tarde - Cesário Verde
 
Estrutura de 'Mensagem'
Estrutura de 'Mensagem'Estrutura de 'Mensagem'
Estrutura de 'Mensagem'
 
Episódio "O Gigante Adamastor" d' Os Lusíadas
Episódio "O Gigante Adamastor" d' Os LusíadasEpisódio "O Gigante Adamastor" d' Os Lusíadas
Episódio "O Gigante Adamastor" d' Os Lusíadas
 
Lusiadas Figurasdeestilo
Lusiadas FigurasdeestiloLusiadas Figurasdeestilo
Lusiadas Figurasdeestilo
 
Auto da Barca do Inferno
Auto da Barca do InfernoAuto da Barca do Inferno
Auto da Barca do Inferno
 
Proposição
ProposiçãoProposição
Proposição
 
Os Lusíadas
Os LusíadasOs Lusíadas
Os Lusíadas
 
Principais Temáticas de Alberto Caeiro
Principais Temáticas de Alberto CaeiroPrincipais Temáticas de Alberto Caeiro
Principais Temáticas de Alberto Caeiro
 
Teste Luis de Camões
Teste Luis de CamõesTeste Luis de Camões
Teste Luis de Camões
 

Semelhante a Despedidas em Belém e Mar Português: Camões e Pessoa sobre os Descobrimentos

Semelhante a Despedidas em Belém e Mar Português: Camões e Pessoa sobre os Descobrimentos (20)

Nota iii escansão poemas
Nota iii escansão poemasNota iii escansão poemas
Nota iii escansão poemas
 
en-literatura.blogspot.com
en-literatura.blogspot.comen-literatura.blogspot.com
en-literatura.blogspot.com
 
Poetas nacionalismo.pdf
Poetas nacionalismo.pdfPoetas nacionalismo.pdf
Poetas nacionalismo.pdf
 
AntóNio GedeãO (ExposiçãO Pelo 9 º Ano De 2006 2007)
AntóNio GedeãO (ExposiçãO Pelo 9 º Ano De 2006 2007)AntóNio GedeãO (ExposiçãO Pelo 9 º Ano De 2006 2007)
AntóNio GedeãO (ExposiçãO Pelo 9 º Ano De 2006 2007)
 
Semana da Poesia em Miranda do Corvo
Semana da Poesia  em Miranda do CorvoSemana da Poesia  em Miranda do Corvo
Semana da Poesia em Miranda do Corvo
 
Texto poético - Noções de versificação
Texto poético - Noções de versificaçãoTexto poético - Noções de versificação
Texto poético - Noções de versificação
 
Prosodia musical exercícios
Prosodia musical exercíciosProsodia musical exercícios
Prosodia musical exercícios
 
Trovadorismo
TrovadorismoTrovadorismo
Trovadorismo
 
Trovadorismo
TrovadorismoTrovadorismo
Trovadorismo
 
Trovadorismo
TrovadorismoTrovadorismo
Trovadorismo
 
Canastra véia - Cosme F. Marques
Canastra véia   - Cosme F. MarquesCanastra véia   - Cosme F. Marques
Canastra véia - Cosme F. Marques
 
Canastra véia - Cosme Ferreira Marques
Canastra véia   - Cosme Ferreira MarquesCanastra véia   - Cosme Ferreira Marques
Canastra véia - Cosme Ferreira Marques
 
Canastra véia - De Cosme Ferreira Marques
Canastra véia   - De Cosme Ferreira MarquesCanastra véia   - De Cosme Ferreira Marques
Canastra véia - De Cosme Ferreira Marques
 
Camões Lírico
Camões LíricoCamões Lírico
Camões Lírico
 
Camões Lírico
Camões LíricoCamões Lírico
Camões Lírico
 
Camões lírico
Camões líricoCamões lírico
Camões lírico
 
Camões Lírico
Camões LíricoCamões Lírico
Camões Lírico
 
Camões Lírico
Camões LíricoCamões Lírico
Camões Lírico
 
Luís vaz de camões (1524 – 1580
Luís vaz de camões (1524 – 1580Luís vaz de camões (1524 – 1580
Luís vaz de camões (1524 – 1580
 
Atividades cordel (1)
Atividades cordel (1)Atividades cordel (1)
Atividades cordel (1)
 

Despedidas em Belém e Mar Português: Camões e Pessoa sobre os Descobrimentos

  • 1.
  • 2. “Despedidas em Belém” de Luís de Camões com “Mar Português” de Fernando Pessoa.
  • 3. - Despedidas em Belém A gente da cidade, aquele dia (Uns por amigos, outros por parentes, Outros por ver somente), concorria, Saudosos na vista e descontentes. E nós, co'a virtuosa companhia De mil religiosos diligentes, Em procissão solene, a Deus orando, Para os batéis viemos caminhando.  Esta primeira estrofe do poema é oitava.  Todos os versos desta estrofe têm 10 sílabas métricas.  A rima é:  Cruzada: dia/concorria/companhia; parentes/descontentes/diligentes.  Emparelhada: orando/caminhando.
  • 4. Em tão longo caminho e duvidoso Por perdidos as gentes nos julgavam, As mulheres c'um choro piedoso, Os homens com suspiros que arrancavam. Mães, esposas, irmãs, que o temeroso Amor mais desconfia, acrescentavam A desesperação e frio medo De já não nos tornar a ver tão cedo.  Esta segunda estrofe do poema é oitava.  Todos os versos desta estrofe têm 10 sílabas métricas.  A rima é:  Cruzada: duvidoso/piedoso/temeroso; julgavam/arrancavam/acrescentavam;  Emparelhada: medo/cedo
  • 5. Qual vai dizendo: «- Ó filho, a quem eu tinha Só para refrigério e doce amparo Desta cansada já velhice minha Que em choro acabará, penoso e amaro, Porque me deixais mísera e mesquinha? Por que de mim te vás, ó filho caro, A fazer o funéreo enterramento Onde sejas de peixes mantimento?»  Esta terceira estrofe do poema é oitava.  Todos os versos desta estrofe têm 10 sílabas métricas.  A rima é:  Cruzada: tinha/minha/mesquinha; amparo/amaro/caro;  Emparelhada: enterramento/mantimento.
  • 6. . Luís de Camões engrandece os Descobrimentos Portugueses, a dor, o sofrimento e o sacrifício das pessoas, e considera que tais sentimentos afectaram unicamente as pessoas da cidade de Lisboa. O poeta exprime-os na obra através da narração que Vasco da Gama fez ao rei de Melinde. Vasco da Gama narrou a partida da armada portuguesa para a descoberta do caminho marítimo para a Índia, dando maior importância às despedidas dos navegadores, ao doloroso sacrifício e desespero das mães, esposas e irmãs.
  • 7. - Mar Português Ó mar salgado, quanto do teu sal São lágrimas de Portugal! Por te cruzarmos, quantas mães choraram, Quantos filhos em vão rezaram! Quantas noivas ficaram por casar Para que fosses nosso, ó mar!  Esta primeira estrofe do poema é sextilha.  As sílabas métricas dos versos desta estrofe são 10, 8, 10, 8, 10, 8, respectivamente.  Rima emparelhada: sal/Portugal; choraram/rezaram; casar/mar.
  • 8. Valeu a pena? Tudo vale a pena Se a alma não é pequena. Quem quer passar além do Bojador Tem que passar além da dor. Deus ao mar o perigo e o abismo deu, Mas nele é que espelhou o céu.  Esta segunda estrofe do poema é, também, sextilha.  As sílabas métricas dos versos desta estrofe são 9, 5, 9, 8, 10, 7, respectivamente.  Rima emparelhada: pena/pequena; Bojador/dor; deu/céu.
  • 9. . Fernando Pessoa, Tal como Luís de Camões, revela a dor, o sofrimento e o sacrifício das pessoas. Mas, Camões considera que estes sentimentos atingiram todas as pessoas de Portugal. Globalmente, este poema “Mar Português” retrata a ânsia do desconhecido e a luta que os navegadores travaram com o mar. O autor realça, também, a dor das mães, noivas e filhos que perderam a sua oportunidade de constituir uma família.