SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 3
Baixar para ler offline
Editorial
Circulação Extracorpórea
A cirurgia cardíaca com Circulação Extracorpórea
representou uma das grandes conquistas médicas e da área
biológica no século XX [1-6]. Ela pode perfeitamente ser
comparada à conquista do espaço sideral e à chegada do
homem à Lua.
Podemos, também, confrontá-la com a evolução
desencadeada pelo domínio do átomo, que permitiu a
produção de grandes quantidades de energia a partir da
matéria.
Infelizmente, a conquista da energia atômica também
permitiu ao homem a criação de armas destruidoras, que
colocam em risco a própria integridade do planeta.
Ao contrário desta, o advento da Circulação
Extracorpórea criou novas possibilidades para a cura de
doenças cardíacas, jamais imaginadas na primeira metade
do século passado.
A possibilidade de corrigir defeitos do coração sob visão
direta foi sonho antigo, perseguido por muitos com
insistência, apesar dos sucessivos fracassos, que
frustraram quantos se aventuraram a substituir a função de
bomba do coração e as funções ventilatória e respiratória
dos pulmões.
Hoje, fica difícil aos mais jovens avaliarem as incontáveis
dificuldades superadas para que um dia o cirurgião pudesse
desviar todo o sangue do paciente para um circuito externo
e mantê-lo vivo.
Isto possibilitou adentrar as cavidades cardíacas, em
um campo quase exangue e corrigir defeitos congênitos [7-
10] ou adquiridos [11-15], que limitavam a vida daqueles
que tivessem a desventura de apresentar tais problemas
no órgão propulsor do sangue e da própria vida.
Poderia fazer aqui um retrospecto de todas as
experiências realizadas por cientistas de renome, antes que
os conhecimentos e as condições materiais permitissem
que a batalha fosse vencida.
A história da cirurgia cardíaca é uma verdadeira saga
que, ao trilhar o caminho para esta conquista de alto alcance
científico e social, teve que dominar preconceitos e tabus
[1-6].
No bojo desta nova tecnologia, vieram muitos outros
conhecimentos relacionados à fisiologia da circulação, às
reações do organismo às agressões cirúrgicas e ao domínio
do saber em relação ao meio interno, no qual todas as nossas
células estão imersas e onde o metabolismo se desenvolve,
com a produção da energia que nos faz viver [16-27]. Destes
estudos, resultou também a compreensão da homeostase,
complexo sistema de auto-regulação para manter os
múltiplos parâmetros vitais em níveis normais, durante a
produção da referida energia.
Deste processo resultam catabólitos, calor, gás
carbônico, ácidos, água e outros elementos químicos que
têm que ser transformados e/ou eliminados.
Isto permitiu grande avanço da Medicina e da pesquisa,
não se restringindo apenas ao sistema cardiovascular, mas
beneficiando de forma conspícua o conhecimento que se
fazia necessário em quase todos os campos da Biologia.
Cito, como exemplos, a compreensão das variações dos
equilíbrios ácido-básico e hidrosalino, indispensáveis para
se conseguir a estabilidade destes sistemas durante a
Circulação Extracorpórea.
Estes conhecimentos beneficiaram não só a cirurgia
cardiovascular, mas todas as especialidades, criando
conceitos básicos para os cuidados aos pacientes durante
as intervenções cirúrgicas de grande ou pequeno porte,
incluindo o subsequente período pós-operatório.
Dominado este campo da fisiologia, foi possível entender
as consequências dos desequilíbrios ácido-básico e
hidrosalino em estados críticos, como o choque
cardiogênico, o choque séptico e tantos outros. Torna-se
também fundamental para a equipe multidisciplinar que
realiza a cirurgia cardíaca – compreendendo cirurgiões
cardíacos, anestesiologistas, perfusionistas, intensivistas,
enfermeiros, fisioterapeutas, psicólogos, enfim, todo o
grupo de apoio – entender que é da experiência acumulada
em anos de prática e estudos dentro deste atraente campo
que resulta a segurança oferecida hoje aos pacientes.
O perfusionista, em particular, tem grande
responsabilidade durante o procedimento cirúrgico, pois
virtualmente terá em suas mãos e sob seus olhos a vida do
paciente que está sendo operado.
Neste período em que a circulação sanguínea e a
respiração estão sendo mantidas artificialmente, a fisiologia
orgânica deve ser monitorada e ajustada para ficar dentro
dos mais estritos parâmetros da normalidade.
O estudo das trocas gasosas é fundamental para a
condução correta da Circulação Extracorpórea. Sem
conhecê-la de forma adequada, será impossível manter o
paciente em condições perfeitas de fornecimento de
III
Domingo M. BRAILE*
IV
oxigênio e substratos, seguidos da retirada de gás carbônico
e catabólitos da forma mais perfeita possível. O controle da
temperatura durante toda a operação é outro ponto de
grande importância e suas implicações, tanto no período
de hipotermia, muitas vezes necessária para diminuir o
metabolismo, como no período do aquecimento, deverão
fazer parte dos conhecimentos sólidos do perfusionista e
de toda a equipe responsável pela condução do ato
cirúrgico.
A hipotermia profunda com parada circulatória total é
um procedimento que transcende a nossa imaginação,
dando-nos a possibilidade de parar totalmente a circulação
por uma hora ou mais, e depois do aquecimento, conduzido
com critérios rígidos, ver o paciente voltar ao seu estado
de metabolismo homeotérmico e à vida.
Esta técnica permite restaurar lesões em cardiopatias
congênitas complexas, em crianças de muito baixo peso
ou, de forma geral, em áreas de difícil acesso, dando ao
cirurgião a oportunidade de trabalhar com campo exangue
na correção de defeitos, que de outra forma seriam
impossíveis de corrigir.
O estudo dos equipamentos e o conhecimento de cada
detalhe do seu funcionamento são fundamentais [28-30],
não só para o perfusionista, como para toda a equipe, que
deverá trabalhar em perfeito entrosamento, de forma que
nenhum detalhe escape à observação correta e instantânea
do responsável, evitando, assim, colocar em risco a vida
do paciente ou sua integridade física ou mental [31,32].
A entrada de ar no circuito arterial é um descuido
desastroso, dependente exclusivamente da atenção
permanente do perfusionista, que pode ser eventualmente
auxiliado neste mister por sensores que detectem bolhas,
interrompam o bombeamento do sangue e soem alarmes.
Na verdade, a cirurgia cardíaca com Circulação
Extracorpórea é um procedimento de alta complexidade e
assim deve ser entendido.
Para que os profissionais possam realizá-lo com
segurança, devem ter conhecimentos profundos,
fortemente incorporados ao seu raciocínio, de forma que
as decisões sejam automáticas e imediatas.
Para adquirir estas habilidades, duas premissas devem
ser contempladas: conhecimentos teóricos sólidos e
treinamento exaustivo em serviços que tenham condições
de ensinar com competência, responsabilidade e segurança
os profissionais que se dediquem às funções específicas
nesta área de atuação.
Eu tive o privilégio de viver quase toda a evolução da
Cirurgia Cardíaca nestes últimos 50 anos e posso garantir-
lhes que participar desta “aventura” foi uma vivência que
não pode ser descrita em simples palavras.
Foi uma experiência admirável, que deixou em mim a
marca indelével de uma das maiores conquistas vitoriosas,
no campo da Medicina e Cirurgia.
Permanece, contudo, o desafio da suprema regra de ouro
da Cirurgia Cardíaca: No dia seguinte à operação, o
paciente deverá estar estável, acordado, alerta e
extubado. O eventual sangramento já terá cessado, a
diurese estará dentro dos parâmetros normais, assim como
os exames de rotina. Ele está pronto para ser transferido
da UTI para o quarto. Mais um paciente foi salvo e nossa
missão foi cumprida!
*Prof. Emérito, Livre Docente de Cirurgia Cardíaca
daFAMERPeUNICAMP,EditordaRevistaBrasileirade
Cirurgia Cardiovascular.
REFERÊNCIAS
1. Braile DM, Gomes WJ. Evolução da cirurgia cardiovascular: a
saga brasileira. Uma história de trabalho, pioneirismo e sucesso.
Arq Bras Cardiol. 2010;94(2):151-2.
2. Braile DM. História da Cirurgia Cardíaca. Arq Bras Cardiol.
1996;66(6):329-37.
3. Gomes WJ, Saba JC, Buffolo E. 50 anos de circulação
extracorpórea no Brasil: Hugo J. Felipozzi, o pioneiro da
circulação extracorpórea no Brasil. Rev Bras Cir Cardiovasc.
2005;20(4):1-6.
4. Prates PR. Pequena história da cirurgia cardíaca: e tudo
aconteceu diante de nossos olhos... Rev Bras Cir Cardiovasc.
1999;14(3):177-84.
5. Costa IA. História da cirurgia cardíaca brasileira. Rev Bras Cir
Cardiovasc. 1998;13(1):1-7.
6. PratesPR.Abomba.RevBrasCirCardiovasc.2010;25(3):V-VI.
7. Canale LS, Monteiro A, Colafranceschi AS, Pinto DF. Tática
de canulação em miniesternotomia superior para o tratamento
cirúrgico de cardiopatias congênitas. Rev Bras Cir Cardiovasc.
2010;25(2):245-8.
8. LenziAW, Miyague NI, Ferreira WS, Sallum FS. Mortalidade
hospitalar na cirurgia de reconstrução da via de saída do
ventrículo direito com homeonxerto pulmonar. Rev Bras Cir
Cardiovasc. 2010;25(1):25-31.
9. Furlanetto G, Henriques SS, Pasquinelli FS, Furlanetto BHS.
Nova técnica: translocação aórtica e pulmonar com
preservação da valva pulmonar. Rev Bras Cir Cardiovasc.
2010;25(1):99-102.
10. Furlanetto G, Furlanetto BHS, Henriques SS, Kapins CEB,
Lopes LM, Olmos MCC, et al. Nova técnica: Operação de
Norwood com perfusão regional cerebral e coronariana. Rev
Bras Cir Cardiovasc. 2009;24(4):447-52.
V
11. Poffo R, Pope RB, Selbach RA, Mokross CA, Fukuti F, Silva
Júnior I, et al. Cirurgia cardíaca videoassistida: resultados de
um projeto pioneiro no Brasil. Rev Bras Cir Cardiovasc.
2009;24(3):318-26.
12. Haddad R, Fagundes WV, Pinheiro BB. Aortoplastia redutora
com contenção externa associada à troca valvar aórtica em
pacientes de alto risco. Rev Bras Cir Cardiovasc.
2009;24(2):194-9.
13. Alves Júnior L, RodriguesAJ, Évora PRB, Basseto S, Scorzoni
FilhoA, Luciano PM, et al. Fatores de risco em septuagenários
ou mais idosos submetidos à revascularização do miocárdio e
ou operações valvares. Rev Bras Cir Cardiovasc.
2008;23(4):550-5.
14. Benfatti RA, Pontes JCDV, Gomes OM, DiasAEMÁS, Gomes
Júnior JF, Gardenal N, et al. Substituição valvar mitral com
papilopexia cruzada e constrição anular em pacientes com
insuficiência cardíaca. Rev Bras Cir Cardiovasc.
2008;23(3):372-7.
15. Silva VF, Real DSS, Branco JNR, Catani R, Kim HC, Buffolo
E, et al. Operação de Bentall e De Bono para correção das
doenças da raiz aórtica: análise de resultados a longo prazo.
Rev Bras Cir Cardiovasc. 2008;23(2):256-61.
16. MotaAL, RodriguesAJ, Évora PRB. Circulação extracorpórea
em adultos no século XXI. Ciência, arte ou empirismo? Rev
Bras Cir Cardiovasc. 2008;23(1):78-92.
17. Felicio ML,Andrade RR, CastigliaYMM, Silva MAM,Vianna
PTG, MartinsAS, et al. Cistatina C e taxa de filtração glomerular
em cirurgia cardíaca com circulação extracorpórea. Rev Bras
Cir Cardiovasc. 2009;24(3):305-11.
18. Antunes N, Dragosavc D, Petrucci Junior O, Oliveira PPM,
Kosour C, Blotta MHSL, et al. Ultrafiltração para remover
mediadores inflamatórios durante circulação extracorpórea na
revascularização do miocárdio. Rev Bras Cir Cardiovasc.
2008;23(2):175-82.
19. Torina AG, Petrucci O, Oliveira PPM, Severino ESBO,
Vilarinho KAS, Lavagnoli CFR, et al. Efeitos da ultrafiltração
modificada na função pulmonar e necessidade de
hemotransfusão em pacientes submetidos à revascularização
do miocárdio. Rev Bras Cir Cardiovasc. 2010;25(1):59-65.
20. Ferreira CA, Vicente WVA, Évora PRB, RodriguesAJ, Klamt
JG, Carlotti APCP, et al. Aprotinina não influencia troponina
I, NTproBNP e função renal em crianças operadas com
circulação extracorpórea. Rev Bras Cir Cardiovasc.
2009;24(4):519-32.
21. Ferreira CA, Vicente WVA, Évora PRB, RodriguesAJ, Klamt
JG, Carlotti APCP, et al. Aprotinina preserva plaquetas em
crianças com cardiopatia congênita acianogênica operadas com
circulação extracorpórea? Rev Bras Cir Cardiovasc.
2009;24(3):373-81.
22. Figueiredo LC,Araújo S,Abdala RCS,AbdalaA, Guedes CAV.
CPAP de 10 cmH2O durante a circulação extracorpórea não
melhora a troca gasosa pós-operatória. Rev Bras Cir
Cardiovasc. 2008;23(2):209-15.
23. Rocha TS, Silveira AS, Botta AM, Ricachinevsky CP, Mulle
LD, Nogueira A, et al. Lactato sérico como marcador de
morbimortalidade no pós-operatório de operação de Jatene em
lactentes. Rev Bras Cir Cardiovasc. 2010;25(3):350-8.
24. Passaroni AC, Silva MAM, Martins AS, Kochi AC. Uso de
nifedipina e incidência de lesão renal aguda em pós-operatório
de cirurgia de revascularização do miocárdio com CEC. Rev
Bras Cir Cardiovasc. 2010;25(1):32-7.
25. Evora PRB, Ribeiro PJF, Vicente WVA, Reis CL, Rodrigues
AJ, Menardi AC, et al. Azul de metileno no tratamento da
síndrome vasoplégica em cirurgia cardíaca. Quinze anos de
perguntas, respostas, dúvidas e certezas. Rev Bras Cir
Cardiovasc. 2009;24(3):279-88.
26. Dussin LH, Moura L, Gib MC, Saadi EK, Barbosa GV, Wender
OCB, et al. Análise ultra-estrutural do miocárdio usando
solução cardioplégica cristalóide com e sem procaína em
pacientes submetidos à troca valvar aórtica. Rev Bras Cir
Cardiovasc. 2008;23(3):389-95.
27. Silveira Filho LM, Petrucci Jr O, Carmo MR, Oliveira PPM,
Vilarinho KAS, Vieira RW, et al. Trimetazidina como aditivo
em solução cardioplégica sem pré-tratamento não traz proteção
adicional ao miocárdio isquêmico: estudo em modelo suíno de
coração isolado. Rev Bras Cir Cardiovasc. 2008;23(2):224-34.
28. Finoti RG, Braile DM, Croti UA, Oliveira MAB, Godoy MF,
Leal JCF, et al.Avaliação de oxigenador de membrana infantil
em ovinos. Rev Bras Cir Cardiovasc. 2008;23(3):358-64.
29. Vieira Junior FU, Vieira RW, Antunes N, Petrucci O, Oliveira
PP, Serra MMP, et al. Análise do perfil hidrodinâmico em
diferentes modelos de bombas de rolete utilizadas em circulação
extracorpórea. Rev Bras Cir Cardiovasc. 2009;24(2):188-93.
30. Vieira Junior FU, Vieira RW, Costa ET,Antunes N, Junior OP,
Oliveira PPM, et al. Visualização de refluxo em aspirador de
sangue e reservatório de cardiotomia usados em circulação
extracorpórea. Rev Bras Cir Cardiovasc. 2009;24(4):533-9.
31. Martin JFV, Melo ROV, Sousa LP. Disfunção cognitiva
após cirurgia cardíaca. Rev Bras Cir Cardiovasc.
2008;23(2):245-55.
32. Souza HJB, Moitinho RF. Estratégias para redução do uso de
hemoderivados em cirurgia cardiovascular. Rev Bras Cir
Cardiovasc. 2008;23(1):53-9.

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

Assistência de Enfermagem na Estimulação Cardíaca Artificial
Assistência de Enfermagem na Estimulação Cardíaca ArtificialAssistência de Enfermagem na Estimulação Cardíaca Artificial
Assistência de Enfermagem na Estimulação Cardíaca Artificialresenfe2013
 
Iam pos cirurgia valvar incor 2009
Iam pos cirurgia valvar incor 2009Iam pos cirurgia valvar incor 2009
Iam pos cirurgia valvar incor 2009galegoo
 
Intervenção Coronária Percutânea
Intervenção Coronária PercutâneaIntervenção Coronária Percutânea
Intervenção Coronária Percutânearesenfe2013
 
Iv curso teórico prático monitorização hemod
Iv curso teórico prático monitorização hemodIv curso teórico prático monitorização hemod
Iv curso teórico prático monitorização hemodctisaolucascopacabana
 
Aula cirurgia cardiaca 2013
Aula cirurgia cardiaca 2013Aula cirurgia cardiaca 2013
Aula cirurgia cardiaca 201391271579
 
Infarto no perioperatório de cirurgia cardíaca
Infarto no perioperatório de cirurgia cardíacaInfarto no perioperatório de cirurgia cardíaca
Infarto no perioperatório de cirurgia cardíacaMário Barbosa
 
Monitorização Hemodinamica
Monitorização HemodinamicaMonitorização Hemodinamica
Monitorização HemodinamicaRodrigo Biondi
 
Mercredi monitorização hemodinamica
Mercredi monitorização hemodinamicaMercredi monitorização hemodinamica
Mercredi monitorização hemodinamicactisaolucascopacabana
 
Doenças da Aorta
Doenças da AortaDoenças da Aorta
Doenças da Aortaresenfe2013
 
Gasometria arterial
Gasometria arterialGasometria arterial
Gasometria arterialresenfe2013
 
PÓS OPERATÓRIO IMEDIATO DE CIRURGIA CARDÍACA
PÓS OPERATÓRIO IMEDIATO DE CIRURGIA CARDÍACAPÓS OPERATÓRIO IMEDIATO DE CIRURGIA CARDÍACA
PÓS OPERATÓRIO IMEDIATO DE CIRURGIA CARDÍACAAlexandre Francisco
 
Reposição volêmica em terapia intensiva 2014
Reposição volêmica em terapia intensiva 2014Reposição volêmica em terapia intensiva 2014
Reposição volêmica em terapia intensiva 2014Yuri Assis
 
Ressuscitação Cardiopulmonar
Ressuscitação Cardiopulmonar Ressuscitação Cardiopulmonar
Ressuscitação Cardiopulmonar resenfe2013
 
Monitorização a beira do leito
Monitorização a beira do leitoMonitorização a beira do leito
Monitorização a beira do leitoresenfe2013
 
Caso clínico Hipertensão Arterial Pulmonar
Caso clínico Hipertensão Arterial PulmonarCaso clínico Hipertensão Arterial Pulmonar
Caso clínico Hipertensão Arterial Pulmonarresenfe2013
 
Pacientes com requisitos especiais
Pacientes com requisitos especiais Pacientes com requisitos especiais
Pacientes com requisitos especiais resenfe2013
 
RESPOSTA A FLUIDOTERAPIA NA SEPSE
RESPOSTA A FLUIDOTERAPIA NA SEPSERESPOSTA A FLUIDOTERAPIA NA SEPSE
RESPOSTA A FLUIDOTERAPIA NA SEPSEYuri Assis
 
Pós-operatório de cirurgia cardíaca pediátrica
Pós-operatório de cirurgia cardíaca pediátricaPós-operatório de cirurgia cardíaca pediátrica
Pós-operatório de cirurgia cardíaca pediátricaresenfe2013
 

Mais procurados (20)

Assistência de Enfermagem na Estimulação Cardíaca Artificial
Assistência de Enfermagem na Estimulação Cardíaca ArtificialAssistência de Enfermagem na Estimulação Cardíaca Artificial
Assistência de Enfermagem na Estimulação Cardíaca Artificial
 
Iam pos cirurgia valvar incor 2009
Iam pos cirurgia valvar incor 2009Iam pos cirurgia valvar incor 2009
Iam pos cirurgia valvar incor 2009
 
Intervenção Coronária Percutânea
Intervenção Coronária PercutâneaIntervenção Coronária Percutânea
Intervenção Coronária Percutânea
 
Iv curso teórico prático monitorização hemod
Iv curso teórico prático monitorização hemodIv curso teórico prático monitorização hemod
Iv curso teórico prático monitorização hemod
 
Aula cirurgia cardiaca 2013
Aula cirurgia cardiaca 2013Aula cirurgia cardiaca 2013
Aula cirurgia cardiaca 2013
 
Fisiologia Cardiovascular
Fisiologia CardiovascularFisiologia Cardiovascular
Fisiologia Cardiovascular
 
Infarto no perioperatório de cirurgia cardíaca
Infarto no perioperatório de cirurgia cardíacaInfarto no perioperatório de cirurgia cardíaca
Infarto no perioperatório de cirurgia cardíaca
 
Monitorização Hemodinamica
Monitorização HemodinamicaMonitorização Hemodinamica
Monitorização Hemodinamica
 
Mercredi monitorização hemodinamica
Mercredi monitorização hemodinamicaMercredi monitorização hemodinamica
Mercredi monitorização hemodinamica
 
Doenças da Aorta
Doenças da AortaDoenças da Aorta
Doenças da Aorta
 
Gasometria arterial
Gasometria arterialGasometria arterial
Gasometria arterial
 
PÓS OPERATÓRIO IMEDIATO DE CIRURGIA CARDÍACA
PÓS OPERATÓRIO IMEDIATO DE CIRURGIA CARDÍACAPÓS OPERATÓRIO IMEDIATO DE CIRURGIA CARDÍACA
PÓS OPERATÓRIO IMEDIATO DE CIRURGIA CARDÍACA
 
Reposição volêmica em terapia intensiva 2014
Reposição volêmica em terapia intensiva 2014Reposição volêmica em terapia intensiva 2014
Reposição volêmica em terapia intensiva 2014
 
Aula 1
Aula 1Aula 1
Aula 1
 
Ressuscitação Cardiopulmonar
Ressuscitação Cardiopulmonar Ressuscitação Cardiopulmonar
Ressuscitação Cardiopulmonar
 
Monitorização a beira do leito
Monitorização a beira do leitoMonitorização a beira do leito
Monitorização a beira do leito
 
Caso clínico Hipertensão Arterial Pulmonar
Caso clínico Hipertensão Arterial PulmonarCaso clínico Hipertensão Arterial Pulmonar
Caso clínico Hipertensão Arterial Pulmonar
 
Pacientes com requisitos especiais
Pacientes com requisitos especiais Pacientes com requisitos especiais
Pacientes com requisitos especiais
 
RESPOSTA A FLUIDOTERAPIA NA SEPSE
RESPOSTA A FLUIDOTERAPIA NA SEPSERESPOSTA A FLUIDOTERAPIA NA SEPSE
RESPOSTA A FLUIDOTERAPIA NA SEPSE
 
Pós-operatório de cirurgia cardíaca pediátrica
Pós-operatório de cirurgia cardíaca pediátricaPós-operatório de cirurgia cardíaca pediátrica
Pós-operatório de cirurgia cardíaca pediátrica
 

Semelhante a Circulação extracorpórea

AULA M PAES LEME FUNDAMENTOS C CARD.pdf
AULA M PAES LEME FUNDAMENTOS C CARD.pdfAULA M PAES LEME FUNDAMENTOS C CARD.pdf
AULA M PAES LEME FUNDAMENTOS C CARD.pdfShunierFajardo
 
Suporte circulatório - ECMO
Suporte circulatório - ECMOSuporte circulatório - ECMO
Suporte circulatório - ECMOgisa_legal
 
Revisao teste de caminhada de 6 minutos
Revisao teste de caminhada de 6 minutosRevisao teste de caminhada de 6 minutos
Revisao teste de caminhada de 6 minutosFlávia Salame
 
2002 transplante de fígado indicação e sobrevida-grupo integrado de transpl...
2002 transplante de fígado   indicação e sobrevida-grupo integrado de transpl...2002 transplante de fígado   indicação e sobrevida-grupo integrado de transpl...
2002 transplante de fígado indicação e sobrevida-grupo integrado de transpl...Nádia Elizabeth Barbosa Villas Bôas
 
Cirurgias paliativas em cardiopatias congênitas
Cirurgias paliativas em cardiopatias congênitasCirurgias paliativas em cardiopatias congênitas
Cirurgias paliativas em cardiopatias congênitasgisa_legal
 
PCR - PARADDA CARDIORESPIRATORIA / universidade
PCR - PARADDA CARDIORESPIRATORIA / universidade PCR - PARADDA CARDIORESPIRATORIA / universidade
PCR - PARADDA CARDIORESPIRATORIA / universidade Rui Amorim
 
ICC nas CC do adulto
ICC nas CC do adultoICC nas CC do adulto
ICC nas CC do adultogisa_legal
 
Ausculta cardiaca bases fisiopatológicas
Ausculta cardiaca bases fisiopatológicasAusculta cardiaca bases fisiopatológicas
Ausculta cardiaca bases fisiopatológicasgisa_legal
 
2007 aspectos jurídicos sobre os critérios de escolha do receptor nos transpl...
2007 aspectos jurídicos sobre os critérios de escolha do receptor nos transpl...2007 aspectos jurídicos sobre os critérios de escolha do receptor nos transpl...
2007 aspectos jurídicos sobre os critérios de escolha do receptor nos transpl...Nádia Elizabeth Barbosa Villas Bôas
 
Atendimento inicial-politraumatizadofinal-141025012159-conversion-gate01
Atendimento inicial-politraumatizadofinal-141025012159-conversion-gate01Atendimento inicial-politraumatizadofinal-141025012159-conversion-gate01
Atendimento inicial-politraumatizadofinal-141025012159-conversion-gate01Dina Alves
 
Importância clínica rx no diag de cc
Importância clínica rx no diag de ccImportância clínica rx no diag de cc
Importância clínica rx no diag de ccgisa_legal
 
4 semiologia cardiovascular
4 semiologia cardiovascular  4 semiologia cardiovascular
4 semiologia cardiovascular gisa_legal
 
Forças mecânicas nos sistemas cardiovascular e circulatório
Forças mecânicas nos sistemas cardiovascular e circulatórioForças mecânicas nos sistemas cardiovascular e circulatório
Forças mecânicas nos sistemas cardiovascular e circulatórioVinicius Bassaneze
 

Semelhante a Circulação extracorpórea (20)

AULA M PAES LEME FUNDAMENTOS C CARD.pdf
AULA M PAES LEME FUNDAMENTOS C CARD.pdfAULA M PAES LEME FUNDAMENTOS C CARD.pdf
AULA M PAES LEME FUNDAMENTOS C CARD.pdf
 
Suporte circulatório - ECMO
Suporte circulatório - ECMOSuporte circulatório - ECMO
Suporte circulatório - ECMO
 
Revisao teste de caminhada de 6 minutos
Revisao teste de caminhada de 6 minutosRevisao teste de caminhada de 6 minutos
Revisao teste de caminhada de 6 minutos
 
2002 transplante de fígado indicação e sobrevida-grupo integrado de transpl...
2002 transplante de fígado   indicação e sobrevida-grupo integrado de transpl...2002 transplante de fígado   indicação e sobrevida-grupo integrado de transpl...
2002 transplante de fígado indicação e sobrevida-grupo integrado de transpl...
 
Rcp
RcpRcp
Rcp
 
Rcp
RcpRcp
Rcp
 
Cap 09-rcp
Cap 09-rcpCap 09-rcp
Cap 09-rcp
 
Cirurgias paliativas em cardiopatias congênitas
Cirurgias paliativas em cardiopatias congênitasCirurgias paliativas em cardiopatias congênitas
Cirurgias paliativas em cardiopatias congênitas
 
PCR - PARADDA CARDIORESPIRATORIA / universidade
PCR - PARADDA CARDIORESPIRATORIA / universidade PCR - PARADDA CARDIORESPIRATORIA / universidade
PCR - PARADDA CARDIORESPIRATORIA / universidade
 
6 ccsdftmt05.
6 ccsdftmt05.6 ccsdftmt05.
6 ccsdftmt05.
 
ICC nas CC do adulto
ICC nas CC do adultoICC nas CC do adulto
ICC nas CC do adulto
 
Ausculta cardiaca bases fisiopatológicas
Ausculta cardiaca bases fisiopatológicasAusculta cardiaca bases fisiopatológicas
Ausculta cardiaca bases fisiopatológicas
 
Protocolo de me
Protocolo de meProtocolo de me
Protocolo de me
 
2007 aspectos jurídicos sobre os critérios de escolha do receptor nos transpl...
2007 aspectos jurídicos sobre os critérios de escolha do receptor nos transpl...2007 aspectos jurídicos sobre os critérios de escolha do receptor nos transpl...
2007 aspectos jurídicos sobre os critérios de escolha do receptor nos transpl...
 
Atendimento inicial-politraumatizadofinal-141025012159-conversion-gate01
Atendimento inicial-politraumatizadofinal-141025012159-conversion-gate01Atendimento inicial-politraumatizadofinal-141025012159-conversion-gate01
Atendimento inicial-politraumatizadofinal-141025012159-conversion-gate01
 
Análie das Estratégias de Ventilação Mecânica na Lesão Pulmonar Aguda e na Sí...
Análie das Estratégias de Ventilação Mecânica na Lesão Pulmonar Aguda e na Sí...Análie das Estratégias de Ventilação Mecânica na Lesão Pulmonar Aguda e na Sí...
Análie das Estratégias de Ventilação Mecânica na Lesão Pulmonar Aguda e na Sí...
 
Importância clínica rx no diag de cc
Importância clínica rx no diag de ccImportância clínica rx no diag de cc
Importância clínica rx no diag de cc
 
4 semiologia cardiovascular
4 semiologia cardiovascular  4 semiologia cardiovascular
4 semiologia cardiovascular
 
semiologia cardio.pdf
semiologia cardio.pdfsemiologia cardio.pdf
semiologia cardio.pdf
 
Forças mecânicas nos sistemas cardiovascular e circulatório
Forças mecânicas nos sistemas cardiovascular e circulatórioForças mecânicas nos sistemas cardiovascular e circulatório
Forças mecânicas nos sistemas cardiovascular e circulatório
 

Circulação extracorpórea

  • 1. Editorial Circulação Extracorpórea A cirurgia cardíaca com Circulação Extracorpórea representou uma das grandes conquistas médicas e da área biológica no século XX [1-6]. Ela pode perfeitamente ser comparada à conquista do espaço sideral e à chegada do homem à Lua. Podemos, também, confrontá-la com a evolução desencadeada pelo domínio do átomo, que permitiu a produção de grandes quantidades de energia a partir da matéria. Infelizmente, a conquista da energia atômica também permitiu ao homem a criação de armas destruidoras, que colocam em risco a própria integridade do planeta. Ao contrário desta, o advento da Circulação Extracorpórea criou novas possibilidades para a cura de doenças cardíacas, jamais imaginadas na primeira metade do século passado. A possibilidade de corrigir defeitos do coração sob visão direta foi sonho antigo, perseguido por muitos com insistência, apesar dos sucessivos fracassos, que frustraram quantos se aventuraram a substituir a função de bomba do coração e as funções ventilatória e respiratória dos pulmões. Hoje, fica difícil aos mais jovens avaliarem as incontáveis dificuldades superadas para que um dia o cirurgião pudesse desviar todo o sangue do paciente para um circuito externo e mantê-lo vivo. Isto possibilitou adentrar as cavidades cardíacas, em um campo quase exangue e corrigir defeitos congênitos [7- 10] ou adquiridos [11-15], que limitavam a vida daqueles que tivessem a desventura de apresentar tais problemas no órgão propulsor do sangue e da própria vida. Poderia fazer aqui um retrospecto de todas as experiências realizadas por cientistas de renome, antes que os conhecimentos e as condições materiais permitissem que a batalha fosse vencida. A história da cirurgia cardíaca é uma verdadeira saga que, ao trilhar o caminho para esta conquista de alto alcance científico e social, teve que dominar preconceitos e tabus [1-6]. No bojo desta nova tecnologia, vieram muitos outros conhecimentos relacionados à fisiologia da circulação, às reações do organismo às agressões cirúrgicas e ao domínio do saber em relação ao meio interno, no qual todas as nossas células estão imersas e onde o metabolismo se desenvolve, com a produção da energia que nos faz viver [16-27]. Destes estudos, resultou também a compreensão da homeostase, complexo sistema de auto-regulação para manter os múltiplos parâmetros vitais em níveis normais, durante a produção da referida energia. Deste processo resultam catabólitos, calor, gás carbônico, ácidos, água e outros elementos químicos que têm que ser transformados e/ou eliminados. Isto permitiu grande avanço da Medicina e da pesquisa, não se restringindo apenas ao sistema cardiovascular, mas beneficiando de forma conspícua o conhecimento que se fazia necessário em quase todos os campos da Biologia. Cito, como exemplos, a compreensão das variações dos equilíbrios ácido-básico e hidrosalino, indispensáveis para se conseguir a estabilidade destes sistemas durante a Circulação Extracorpórea. Estes conhecimentos beneficiaram não só a cirurgia cardiovascular, mas todas as especialidades, criando conceitos básicos para os cuidados aos pacientes durante as intervenções cirúrgicas de grande ou pequeno porte, incluindo o subsequente período pós-operatório. Dominado este campo da fisiologia, foi possível entender as consequências dos desequilíbrios ácido-básico e hidrosalino em estados críticos, como o choque cardiogênico, o choque séptico e tantos outros. Torna-se também fundamental para a equipe multidisciplinar que realiza a cirurgia cardíaca – compreendendo cirurgiões cardíacos, anestesiologistas, perfusionistas, intensivistas, enfermeiros, fisioterapeutas, psicólogos, enfim, todo o grupo de apoio – entender que é da experiência acumulada em anos de prática e estudos dentro deste atraente campo que resulta a segurança oferecida hoje aos pacientes. O perfusionista, em particular, tem grande responsabilidade durante o procedimento cirúrgico, pois virtualmente terá em suas mãos e sob seus olhos a vida do paciente que está sendo operado. Neste período em que a circulação sanguínea e a respiração estão sendo mantidas artificialmente, a fisiologia orgânica deve ser monitorada e ajustada para ficar dentro dos mais estritos parâmetros da normalidade. O estudo das trocas gasosas é fundamental para a condução correta da Circulação Extracorpórea. Sem conhecê-la de forma adequada, será impossível manter o paciente em condições perfeitas de fornecimento de III Domingo M. BRAILE*
  • 2. IV oxigênio e substratos, seguidos da retirada de gás carbônico e catabólitos da forma mais perfeita possível. O controle da temperatura durante toda a operação é outro ponto de grande importância e suas implicações, tanto no período de hipotermia, muitas vezes necessária para diminuir o metabolismo, como no período do aquecimento, deverão fazer parte dos conhecimentos sólidos do perfusionista e de toda a equipe responsável pela condução do ato cirúrgico. A hipotermia profunda com parada circulatória total é um procedimento que transcende a nossa imaginação, dando-nos a possibilidade de parar totalmente a circulação por uma hora ou mais, e depois do aquecimento, conduzido com critérios rígidos, ver o paciente voltar ao seu estado de metabolismo homeotérmico e à vida. Esta técnica permite restaurar lesões em cardiopatias congênitas complexas, em crianças de muito baixo peso ou, de forma geral, em áreas de difícil acesso, dando ao cirurgião a oportunidade de trabalhar com campo exangue na correção de defeitos, que de outra forma seriam impossíveis de corrigir. O estudo dos equipamentos e o conhecimento de cada detalhe do seu funcionamento são fundamentais [28-30], não só para o perfusionista, como para toda a equipe, que deverá trabalhar em perfeito entrosamento, de forma que nenhum detalhe escape à observação correta e instantânea do responsável, evitando, assim, colocar em risco a vida do paciente ou sua integridade física ou mental [31,32]. A entrada de ar no circuito arterial é um descuido desastroso, dependente exclusivamente da atenção permanente do perfusionista, que pode ser eventualmente auxiliado neste mister por sensores que detectem bolhas, interrompam o bombeamento do sangue e soem alarmes. Na verdade, a cirurgia cardíaca com Circulação Extracorpórea é um procedimento de alta complexidade e assim deve ser entendido. Para que os profissionais possam realizá-lo com segurança, devem ter conhecimentos profundos, fortemente incorporados ao seu raciocínio, de forma que as decisões sejam automáticas e imediatas. Para adquirir estas habilidades, duas premissas devem ser contempladas: conhecimentos teóricos sólidos e treinamento exaustivo em serviços que tenham condições de ensinar com competência, responsabilidade e segurança os profissionais que se dediquem às funções específicas nesta área de atuação. Eu tive o privilégio de viver quase toda a evolução da Cirurgia Cardíaca nestes últimos 50 anos e posso garantir- lhes que participar desta “aventura” foi uma vivência que não pode ser descrita em simples palavras. Foi uma experiência admirável, que deixou em mim a marca indelével de uma das maiores conquistas vitoriosas, no campo da Medicina e Cirurgia. Permanece, contudo, o desafio da suprema regra de ouro da Cirurgia Cardíaca: No dia seguinte à operação, o paciente deverá estar estável, acordado, alerta e extubado. O eventual sangramento já terá cessado, a diurese estará dentro dos parâmetros normais, assim como os exames de rotina. Ele está pronto para ser transferido da UTI para o quarto. Mais um paciente foi salvo e nossa missão foi cumprida! *Prof. Emérito, Livre Docente de Cirurgia Cardíaca daFAMERPeUNICAMP,EditordaRevistaBrasileirade Cirurgia Cardiovascular. REFERÊNCIAS 1. Braile DM, Gomes WJ. Evolução da cirurgia cardiovascular: a saga brasileira. Uma história de trabalho, pioneirismo e sucesso. Arq Bras Cardiol. 2010;94(2):151-2. 2. Braile DM. História da Cirurgia Cardíaca. Arq Bras Cardiol. 1996;66(6):329-37. 3. Gomes WJ, Saba JC, Buffolo E. 50 anos de circulação extracorpórea no Brasil: Hugo J. Felipozzi, o pioneiro da circulação extracorpórea no Brasil. Rev Bras Cir Cardiovasc. 2005;20(4):1-6. 4. Prates PR. Pequena história da cirurgia cardíaca: e tudo aconteceu diante de nossos olhos... Rev Bras Cir Cardiovasc. 1999;14(3):177-84. 5. Costa IA. História da cirurgia cardíaca brasileira. Rev Bras Cir Cardiovasc. 1998;13(1):1-7. 6. PratesPR.Abomba.RevBrasCirCardiovasc.2010;25(3):V-VI. 7. Canale LS, Monteiro A, Colafranceschi AS, Pinto DF. Tática de canulação em miniesternotomia superior para o tratamento cirúrgico de cardiopatias congênitas. Rev Bras Cir Cardiovasc. 2010;25(2):245-8. 8. LenziAW, Miyague NI, Ferreira WS, Sallum FS. Mortalidade hospitalar na cirurgia de reconstrução da via de saída do ventrículo direito com homeonxerto pulmonar. Rev Bras Cir Cardiovasc. 2010;25(1):25-31. 9. Furlanetto G, Henriques SS, Pasquinelli FS, Furlanetto BHS. Nova técnica: translocação aórtica e pulmonar com preservação da valva pulmonar. Rev Bras Cir Cardiovasc. 2010;25(1):99-102. 10. Furlanetto G, Furlanetto BHS, Henriques SS, Kapins CEB, Lopes LM, Olmos MCC, et al. Nova técnica: Operação de Norwood com perfusão regional cerebral e coronariana. Rev Bras Cir Cardiovasc. 2009;24(4):447-52.
  • 3. V 11. Poffo R, Pope RB, Selbach RA, Mokross CA, Fukuti F, Silva Júnior I, et al. Cirurgia cardíaca videoassistida: resultados de um projeto pioneiro no Brasil. Rev Bras Cir Cardiovasc. 2009;24(3):318-26. 12. Haddad R, Fagundes WV, Pinheiro BB. Aortoplastia redutora com contenção externa associada à troca valvar aórtica em pacientes de alto risco. Rev Bras Cir Cardiovasc. 2009;24(2):194-9. 13. Alves Júnior L, RodriguesAJ, Évora PRB, Basseto S, Scorzoni FilhoA, Luciano PM, et al. Fatores de risco em septuagenários ou mais idosos submetidos à revascularização do miocárdio e ou operações valvares. Rev Bras Cir Cardiovasc. 2008;23(4):550-5. 14. Benfatti RA, Pontes JCDV, Gomes OM, DiasAEMÁS, Gomes Júnior JF, Gardenal N, et al. Substituição valvar mitral com papilopexia cruzada e constrição anular em pacientes com insuficiência cardíaca. Rev Bras Cir Cardiovasc. 2008;23(3):372-7. 15. Silva VF, Real DSS, Branco JNR, Catani R, Kim HC, Buffolo E, et al. Operação de Bentall e De Bono para correção das doenças da raiz aórtica: análise de resultados a longo prazo. Rev Bras Cir Cardiovasc. 2008;23(2):256-61. 16. MotaAL, RodriguesAJ, Évora PRB. Circulação extracorpórea em adultos no século XXI. Ciência, arte ou empirismo? Rev Bras Cir Cardiovasc. 2008;23(1):78-92. 17. Felicio ML,Andrade RR, CastigliaYMM, Silva MAM,Vianna PTG, MartinsAS, et al. Cistatina C e taxa de filtração glomerular em cirurgia cardíaca com circulação extracorpórea. Rev Bras Cir Cardiovasc. 2009;24(3):305-11. 18. Antunes N, Dragosavc D, Petrucci Junior O, Oliveira PPM, Kosour C, Blotta MHSL, et al. Ultrafiltração para remover mediadores inflamatórios durante circulação extracorpórea na revascularização do miocárdio. Rev Bras Cir Cardiovasc. 2008;23(2):175-82. 19. Torina AG, Petrucci O, Oliveira PPM, Severino ESBO, Vilarinho KAS, Lavagnoli CFR, et al. Efeitos da ultrafiltração modificada na função pulmonar e necessidade de hemotransfusão em pacientes submetidos à revascularização do miocárdio. Rev Bras Cir Cardiovasc. 2010;25(1):59-65. 20. Ferreira CA, Vicente WVA, Évora PRB, RodriguesAJ, Klamt JG, Carlotti APCP, et al. Aprotinina não influencia troponina I, NTproBNP e função renal em crianças operadas com circulação extracorpórea. Rev Bras Cir Cardiovasc. 2009;24(4):519-32. 21. Ferreira CA, Vicente WVA, Évora PRB, RodriguesAJ, Klamt JG, Carlotti APCP, et al. Aprotinina preserva plaquetas em crianças com cardiopatia congênita acianogênica operadas com circulação extracorpórea? Rev Bras Cir Cardiovasc. 2009;24(3):373-81. 22. Figueiredo LC,Araújo S,Abdala RCS,AbdalaA, Guedes CAV. CPAP de 10 cmH2O durante a circulação extracorpórea não melhora a troca gasosa pós-operatória. Rev Bras Cir Cardiovasc. 2008;23(2):209-15. 23. Rocha TS, Silveira AS, Botta AM, Ricachinevsky CP, Mulle LD, Nogueira A, et al. Lactato sérico como marcador de morbimortalidade no pós-operatório de operação de Jatene em lactentes. Rev Bras Cir Cardiovasc. 2010;25(3):350-8. 24. Passaroni AC, Silva MAM, Martins AS, Kochi AC. Uso de nifedipina e incidência de lesão renal aguda em pós-operatório de cirurgia de revascularização do miocárdio com CEC. Rev Bras Cir Cardiovasc. 2010;25(1):32-7. 25. Evora PRB, Ribeiro PJF, Vicente WVA, Reis CL, Rodrigues AJ, Menardi AC, et al. Azul de metileno no tratamento da síndrome vasoplégica em cirurgia cardíaca. Quinze anos de perguntas, respostas, dúvidas e certezas. Rev Bras Cir Cardiovasc. 2009;24(3):279-88. 26. Dussin LH, Moura L, Gib MC, Saadi EK, Barbosa GV, Wender OCB, et al. Análise ultra-estrutural do miocárdio usando solução cardioplégica cristalóide com e sem procaína em pacientes submetidos à troca valvar aórtica. Rev Bras Cir Cardiovasc. 2008;23(3):389-95. 27. Silveira Filho LM, Petrucci Jr O, Carmo MR, Oliveira PPM, Vilarinho KAS, Vieira RW, et al. Trimetazidina como aditivo em solução cardioplégica sem pré-tratamento não traz proteção adicional ao miocárdio isquêmico: estudo em modelo suíno de coração isolado. Rev Bras Cir Cardiovasc. 2008;23(2):224-34. 28. Finoti RG, Braile DM, Croti UA, Oliveira MAB, Godoy MF, Leal JCF, et al.Avaliação de oxigenador de membrana infantil em ovinos. Rev Bras Cir Cardiovasc. 2008;23(3):358-64. 29. Vieira Junior FU, Vieira RW, Antunes N, Petrucci O, Oliveira PP, Serra MMP, et al. Análise do perfil hidrodinâmico em diferentes modelos de bombas de rolete utilizadas em circulação extracorpórea. Rev Bras Cir Cardiovasc. 2009;24(2):188-93. 30. Vieira Junior FU, Vieira RW, Costa ET,Antunes N, Junior OP, Oliveira PPM, et al. Visualização de refluxo em aspirador de sangue e reservatório de cardiotomia usados em circulação extracorpórea. Rev Bras Cir Cardiovasc. 2009;24(4):533-9. 31. Martin JFV, Melo ROV, Sousa LP. Disfunção cognitiva após cirurgia cardíaca. Rev Bras Cir Cardiovasc. 2008;23(2):245-55. 32. Souza HJB, Moitinho RF. Estratégias para redução do uso de hemoderivados em cirurgia cardiovascular. Rev Bras Cir Cardiovasc. 2008;23(1):53-9.