Cefaleias: classificação, diagnóstico e tratamento
1. CEFALEIAS
DISCENTES: DOUGLAS RODRIGUES DOCENTE: PROF. ESP. MARIA JOANA
LUCAS LIMA
MARCELLE AGRA
MEYSON SANTOS
NATHÁLIA LIMA
OTÁVIO QUEIROZ
WENNYO CAMILO DA SILVA
GOVERNO DO ESTADO DO PARÁ
UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ
CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE
CURSO DE GRADUAÇÃO EM MEDICINA – CAMPUS MARABÁ
HABILIDADES PROFISSINAIS - 08
NEUROLOGIA
MARABÁ – PA
2022
2. INTRODUÇÃO
- Corresponde de 4 a 9% das consultas na atenção primária.
- São classificadas quanto à etiologia em primária e secundária.
- Enxaqueca ou migrânea.
- Cefaleia tensional.
- Cefaleia em salvas ou trigeminoautonômicas
(hemicraniana paroxística, cluster,
hemicraniana contínua).
- Outras cefaleias primárias (cefaleia da tosse, do
exercício, associada à atividade sexual, hípnica,
diária persistente).
Cefaleias Primárias Cefaleias Secundárias
- Atribuída do trauma de cabeça e/ou cervical.
- Atribuída a doença vascular craniana ou cervical.
- Atribuída a transtorno intracraniano não vascular.
- Atribuída a uma substância ou retirada.
- Atribuída à infecção.
- Atribuída a transtorno da homeostase.
- Atribuída a transtorno psiquiátrico.
- Atribuída a outras estruturas da face.
3. ENXAQUECA OU MIGRÂNEA
- Distúrbio neurobiológico com base gênica, que pode estar
associado a alterações do sistema nervoso e alterações do
sistema trigeminovascular.
- Possui etiologia poligênico, multifatorial e com influência
de fatores ambientais.
- Epidemiologia: Acomete cerca de 18% das mulheres e 6%
dos homens. No Brasil, de 15-16% da população é
acometida. O pico de incidência de migrânea com aura nos
homens acontece aos 5 anos e nas mulheres entre 12 e 13
anos. Na migrânea sem aura, o pico se encontra nos
homens aos 10 e 11 anos, e nas mulheres, entre 14 e 17
anos. A prevalência antes da puberdade é maior em
homens e aos 40 anos. Início após os 50 anos é raro.
4. QUADRO CLÍNICO
- Cefaleia unilateral (60% dos casos).
- Caráter pulsátil.
- Surgimento antes dos 20 anos.
- Piora com esforços físicos ou manobras que
aumentam o fluxo sanguíneo cerebral.
- Melhora em condições que diminuem o afluxo
de sangue ao segmento cefálico.
- Acompanhado da dor, pode-se observar:
palidez, sudorese, anorexia, náuseas e vômitos,
fono e fotofobia e mais raramente, distúrbios
autonômicos.
Quadro Típico Fatores Desencadeantes
- Jejum, chocolate, distúrbios emocionais,
modificações no padrão do sono, estímulos
sensoriais (olfativos, visuais e auditivos) e
ingesta de bebidas alcoólicas.
5. CRISE MIGRANOSA
1.
PREMONITÓR
IA
2. AURA
3. CEFALEIA
4.
RESOLUÇÃO
- Podem surgir até 48h antes da crise.
- Presente em 60% dos casos.
- É um sintoma neurológico temporário, que pode
se referir a área focal do cérebro afetada
(fenômeno da depressão alastrante).
- Autolimitada: Duração até 60 minutos.
- Pode ocorrer antes, durante e depois da cefaleia
e a forma mais comum é a visual.
- Está presente em 20% dos pacientes.
- Fator de risco para doenças cerebro vasculares.
6.
7. TRATAMENTO
Divide-se em tratamento da fase aguda e profilático.
Analgésicos
Simples
Triptanos
Ergotaminas
Neurolépticos
1
2
3
4
Uso controlado, devido
cefaleia crônica causada
por analgesia.
São contraindicados em
portadores de doenças
coronarianas.
São contraindicados em
portadores de doença
vascular periférica.
São utilizados em crises
refratárias. Podem causar
reações extrapiramidais,
sonolência e hipotensão
postural.
TRATAMENTO PROFILÁTICO
- Betabloqueadores: Propanolol
- Bloqueadores dos canais de cálcio: Flunarizina
- Tricíclicos: Amitriptilina, Nortriptilina
- Anticonvulsivantes: Topiramato, Ácido valproico,
Divalproato de sódio.
8. CEFALÉIA TENSIONAL
◼ Cefaleia primária mais frequente, prevalência entre 40-
70%.
◼ Pico na quarta década de vida.
◼ Leve predomínio sexo feminino.
◼ Fisiopatologia pouco compreendida.
9. QUADRO CLÍNICO
◼ Dor de leve a moderada intensidade, caráter opressivo,
quase sempre bilateral
◼ Duração da dor varia de 30min a 7 dias
◼ Normalmente não há sintomas associados. Em alguns
pacientes pode ser percebida, à palpação, hiperestesia e
hipertonia da musculatura pericraniana.
10. CRITÉRIOS DIAGNÓSTICO
◼ Duração de 30min a 7 dias;
◼ Pelo menos duas das características a seguir:
◼ Dor em pressão ou aperto (não pulsátil);
◼ Localização bilateral;
◼ Intensidade leve a moderada;
◼ Dor não é agravada por atividade física de rotina como caminhar ou subir escadas.
◼ Ausência de náusea e vômitos (na cefaleia tensional crônica pode haver vômitos e náusea leve);
◼ Apenas um dos sintomas a seguir pode estar presente (não é obrigatório): fotofobia ou fonofobia;
◼ Não é melhor explicada por nenhum outro diagnóstico da ICHD-3.
11. TRATAMENTO
◼ ABORTIVO
◼ Deve ser realizado com analgésicos comuns ou antiinflamatórios não esteroidais (AINE), via oral.
◼ Doses: paracetamol 650 a 1.000 mg com ou sem cafeína, dipirona 500-1.000 mg, diclofenaco potássico
50-100 mg, ibuprofeno 200-800 mg, dentre outros.
◼ PROFILÁTICO
◼ Quando a frequência de episódios de cefaleia tensional é muito elevada (mais de 15 dias por mês).
◼ Dose: Amitriptilina 10-50 mg/dia ao deitar.
12. CEFALEIAS TRIGÊMINO-AUTONÔMICAS
◼ Grupo de cefaleias idiopáticas;
◼ Crises álgicas de curta duração, unilaterais e muito intensas;
◼ Acompanhadas de sintomas autonômicos típicos.
◼ Tipos: Salvas, hemicrania paroxística, hemicrania contínua, SUNCT e SUNA.
Up to Date, 2022.
13. CEFALEIA EM SALVAS (CLUSTER HEADACHE)
◼ Incomum, afeta principalmente homens de meia idade;
◼ Fatores de risco: etilismo e tabagismo;
◼ Dor: Quase sempre unilateral na região periorbitária,
forte intensidade, descrita como “em facadas”, curta
duração (15 a 180 minutos);
◼ Episódios podem se repetir diariamente durante
semanas, seguidos de longo período assintomático.
Up to Date, 2022.
14. CEFALEIA EM SALVAS (CLUSTER HEADACHE)
◼ Sintomas e sinais que acompanham a dor: hiperemia
conjuntival, lacrimejamento, congestão nasal, sudorese
facial, miose, ptose e edema palpebral.
◼ TRATAMENTO:
- Abortivo: Oxigênio 100%, 10 a 12L/min; Sumatriptano
6mg SC
- Profilático: Verapamil 160-960mg/dia, Valproato de Sódio
1-2g/dia.
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15. HEMICRANIANA PAROXÍSTICA E CONTÍNUA
◼ Raras, predominância em mulheres, idade média de início 34 a 41 anos;
◼ Dor estritamente unilateral, mais frequente na distribuição trigeminal oftálmica (V1), 2 a 30 minutos.
◼ Hiperemia conjuntival, lacrimejamento, congestão nasal e sudorese facial;
◼ Boa resposta à indometacina (20-50mg 8/8 horas).
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16. SUNCT E SUNA
◼ SUNCT: Cefaleia breve, unilateral, neuralgiforme, com injeção conjutival e lacrimenjamento;
◼ SUNA: Cefaleia breve, unilateral, neuralgiforme, com sintomas autonômicos;
◼ Ataques súbitos e breves de dor de cabeça unilateral severa em qualquer uma das três divisões do
nervo trigêmeo acompanhadas de sintomas autonômicos cranianos ipsilaterais;
◼ Gatilhos: tocar no rosto ou couro cabeludo, barbear, manobra de Valsava.
◼ Lidocaína IV eficaz durante as crises.
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18. MENINGITE BACTERIANA
INTRODUÇÃO E EPIDEMIOLOGIA
◼ Ocorre mais no inverno;
◼ 90% dos casos são em crianças de até cinco anos;
◼ Outros fatores de risco: idade avançada, gestação, imunodepressão, alcoolismo, TCE, neurocirurgia
ETIOLOGIA
19. MENINGITE BACTERIANA
QUADRO CLÍNICO
EXAME FÍSICO
◼ Sinais de irritação meníngea: KERNIG e BRUDZINSK;
◼ Hipertensão Intracraniana (HIC);
◼ Petéquias e púrpuras sugerem meningococcemia (sepse pelo meningococo). São precedidas por
exantema de evolução rápida, logo no início do quadro febril.
22. MENINGITE BACTERIANA
DIAGNÓSTICO
◼ Suspeita diagnóstica = coleta de hemoculturas, Punção Lombar (PL) e esquema antibiótico empírico
DIAGNOSTICO DIFERENCIAL
◼ Meningites e meningoencefalites virais (pleocitose mononuclear, glicose normal).
◼ Hemorragia subaracnoide: sem febre, TC diagnóstica em 95% dos casos, PL com sangue
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23. MENINGITE BACTERIANA
ESQUEMAS ANTIBIÓTICOS EMPÍRICOS
◼ Até um mês: cefotaxime + ampicilina.
◼ 1 a 3 meses: (cefotaxime ou ceftriaxone) + ampicilina.
◼ 3 meses a 55 anos: (cefotaxime ou ceftriaxone ou cefepima) + vancomicina.
◼ > 55 anos: (cefotaxime ou ceftriaxone ou cefepima) + vancomicina + ampicilina.
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24. ABCESSO CEREBRAL
◼ Processos supurativos focais do parênquima cerebral;
◼ Quais são as localizações e as bactérias mais frequentes?
◼ Em imunocompetentes: 40% por estreptococos (aeróbios, anaeróbios e viridans ), 30% anaeróbios
(Bacteroides, Fusobacterium...), 25% enterobactérias (Proteus, E. coli, Klebsiella...), 10% S.
aureus.
◼ Em imunocomprometidos: Nocardia, Toxoplasma, Aspergillus, Candida, criptococo.
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25. ABCESSO CEREBRAL BACTERIANO
◼ UM ABSCESSO CEREBRAL BACTERIANO PODE SE ORIGINAR DE:
■ Foco supurativo;
■ TCE penetrante, neurocirurgia;
■ Disseminação hematogênica;
■ Criptogênico (20-30% dos casos).
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26. ABCESSO CEREBRAL BACTERIANO
◼ Quais são as localizações mais frequentes?
■ Frontal e frontoparietal.
◼ QUADRO CLÍNICO
■ Tríade clássica: cefaleia + febre + deficit neurológico focal (os três juntos em < 50% dos casos);
■ Também podem ocorrer convulsões, rebaixamento do nível de consciência, náusea, vômitos.
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28. ABCESSO CEREBRAL BACTERIANO
◼ DIAGNÓSTICO
■ TC: imagem hipodensa com captação anelar de contraste.
■ RM: superior à TC, pois tem capacidade de diagnosticar numa fase mais precoce.
■ Deve ser sempre realizada drenagem do abscesso, com fim terapêutico e diagnóstico (coleta de material
para Gram e cultura). A via preferencial é a estereotáxica.
◼ TRATAMENTO
■ Drenar sempre.
■ Iniciar antibioticoterapia empírica cobrindo anaeróbios.
■ Iniciar anticonvulsivante e manter pelo menos três meses.
■ Dexametasona nos casos com edema importante e hipertensão intracraniana.
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29. NEUROTOXOPLASMOSE
◼ Suspeita na cefaleia de pessoas com AIDS
◼ Sinais e sintomas: cefaleia, febre, confusão mental e letargia (em 50%),
crises convulsivas (30%), hemiparesia, ataxia e paralisia.
◼ TC de crânio com contraste: lesões hipodensas com captação anelar
de contraste.
◼ Líquor e sorologia não servem para diagnóstico
◼ Tratamento: empírico em casos clinicorradiológico suspeito com
sulfadiazina, pirimetamina e ácido folínico.
Up to Date, 2022.
30. OUTRAS INFECÇÕES DE SNC
◼ Neurocriptococose: causador comum de meningite infecciosa na AIDS
◼ Cefaleia, náusea, vômitos e febre em pacientes com CD4 < 100 cel/mm3,
não é comum haver sinais meníngeos.
◼ Diagnóstico: análise do líquor.
◼ Tratamento: anfotericina B, fluconazol oral.
◼ Tuberculoma: manifesta-se como meningoencefalite, não estão associados
a imunodepressão.
◼ Cefaleia, febre, déficit neurológico focal, convulsões
◼ Neurocisticercose: parasitose mais comum do SNC., ingestão de ovos de
Taenia Solium
◼ Convulsões parciais e déficits neurológios focais.
◼ Tratamento: albendazol e praziquantel.
Up to Date, 2022.
31. TUMORES DO SNC
◼ Causas pouco comuns de cefaleia, porém muito grave:
◼ Tumores benignos primários: origem no SNC, crescimento lento e passível de ressecção;
◼ Tumores malignos primários: origem no SNC, irressecáveis devido as estruturas que acometem;
◼ Tumores metastáticos: mais comuns (cerebral ou meníngea)
32. TUMORES DO SNC
◼ QUADRO CLÍNICO (Invasão e compressão)
◼ Sintomas neurológicos focais;
◼ Crises convulsivas;
◼ Alterações comportamentais;
◼ Déficit cognitivo;
◼ Hipertensão intracraniana;
◼ Síndrome da hipertensão intracraniana (cefaleia, vômitos,
papiledema, paralisia do nervo abducente, reflexo de
Cushing – aumento da PAM para compensar a PIC,
rebaixamento do nível de consciência).
33. TUMORES DO SNC
◼ DIAGNÓSTICO:
◼ Sempre suspeitar se apresentar os sinais de alarme;
◼ Investigação:
◼ TC de crânio;
◼ RM de crânio com e sem gadolínio (+ sensível);
◼ Punção lombar.
◼ DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL
◼ Abcessos
◼ AVE
◼ Neurocisticercose
34. TUMORES DO SNC
◼ TRATAMENTO:
◼ Sempre que possível RESSECÇÃO CIRÚRGICA COMPLETA
◼ Quimio e radioterapia;
◼ Anticonvulsivantes SN (levetiracetam, topiramato, lamotrigina, acido valproico)
◼ Corticoide
◼ Profilaxia TVP
◼ HIC (risco de isquemia difusa e herniação):
◼ Manter a PIC < 20mmHg e a PPC > 70mmHg
◼ Drenagem do líquor;
◼ Elevação de cabeceira (30°- 45°);
◼ Manitol;
◼ Sedação
35. TUMORES BENIGNOS PRIMÁRIOS DE SNC
◼ MENINGIOMA (80%)
◼ Origem na dura-máter ou na aracnoide.
◼ Causa apenas compressão, pois raramente invade
◼ estruturas cerebrais.
◼ Imagem: massa extra-axial com captação homogênea de
contraste.
◼ TTO: ressecção cirúrgica
37. TUMORES METÁSTATICOS DE SNC
◼ Mais comuns;
◼ Reconhecer os sítios mais comuns de metástase;
◼ Tratamento de suporte (corticoide, radio e quimio,
anticonvulsivantes);
◼ Ressecção geralmente não é possível
38. REFERÊNCIAS
GARZA, Ivan; SCHWEDT, Todd. Hemicrania continua. Up to Date, fev. 2022.
MATHARU, Manjit; COHEN, Anna. Paroxysmal hemicrania: Clinical features and diagnosis. Up to Date,
fev. 2022.
MATHARU, Manjit; COHEN, Anna. Short-lasting unilateral neuralgiform headache attacks: Clinical features
and diagnosis. Up to Date, fev. 2022.
MAY, Arne. Cluster headache: Epidemiology, clinical features, and diagnosis. Up to Date, fev. 2022.