O documento resume o livro de Juízes e Rute da Bíblia, explicando que os Juízes eram líderes que libertavam Israel dos ataques estrangeiros quando o povo se afastava de Deus, e que Rute, uma moabita, se casou com Booz e deu origem ao rei Davi.
1. Paróquia São Dimas – Catequese Bíblica – Juízes e Rute
Caríssimos Irmãos,
Dando continuidade ao nosso estudo bíblico, prosseguimos na análise
dos livros históricos, examinando o livro de Juízes (Jz) e Rute (Rt).
Para compreender o livro dos Juízes (Jz), precisamos entender o
contexto histórico, político e social de Israel na época a que se refere.
Josué havia morrido sem deixar sucessor. Após a conquista de Canaã,
os israelitas trocaram a vida nômade pela vida agrícola e sedentária. As
tribos de Israel tinham se estabelecido em seus territórios, mas não
havia governo central, ou seja, o único vínculo que as unia era a
religião. Cada tribo em seu território tinha seus próprios interesses e
problemas – o que dava lugar ao individualismo e criava um clima
favorável às invasões dos povos estrangeiros.
A convivência com os pagãos levou a um sincretismo religioso; os
israelitas passaram a prestar culto e homenagem aos deuses cananeus
– Baal, Aserá e Astarte – que, assim acreditavam, garantiam a
fertilidade das colheitas e a fecundidade dos rebanhos. Mesmo quando
cultuavam ao Senhor, os israelitas passaram a fazê-lo nos bosques, nas
colinas, junto às fontes (Jz 6,25.31; 8,33; 9,4), assim como faziam os
cananeus com suas divindades.
Deus então suscitou juízes em Israel, chefes de tribo, dotados por Deus
com especial força e carisma, para libertarem suas tribos de ataques
estrangeiros e julgar as causas e litígios da população. São
apresentados no livro doze juízes, um para cada tribo; destes, seis são
tidos como “maiores”, pois suas histórias são contadas com mais
detalhes, e seis são chamados “menores”, pois pouco se sabe a respeito
deles.
As histórias dos juízes maiores são narradas segundo uma fórmula
proposta em Jz 2, 11-19, que consiste em: os israelitas são infiéis ao
Senhor, que os entrega na mão de invasores; os israelitas se
arrependem e invocam o Senhor, que então suscita um juiz ou
Salvador, que liberta o povo do domínio estrangeiro, garantindo um
período de paz. O autor sagrado assim ensina que a opressão é castigo
da impiedade e que a vitória é consequência do retorno a Deus,
princípio que deriva da ausência de uma noção de vida após a morte. A
Carta aos Hebreus apresenta os êxitos dos Juízes como a recompensa
de sua fé, propondo-os como exemplos para o cristão, que deve rejeitar
o pecado e suportar com valentia a provação a que é submetido (Hb
11,32-34; 12,1).
Maria Thereza Tosta Camillo
2. Paróquia São Dimas – Catequese Bíblica – Juízes e Rute
Os principais Juízes são Gedeão (Jz 6-8), Jefté (Jz 11-12) e Sansão (Jz
13-16).O livro cobre um período de quase duzentos anos, que vai
aproximadamente de 1200 a 1050 aC, ou seja, da morte de Josué até o
primeiro rei de Israel, Saul.
Sansão (Jz 13-16) tinha feito votos de consagração total a Javé
(nazireato, Jz 13, 3-5), o que incluía a obediência a uma série de
preceitos, incluindo a proibição de cortar os cabelos (Nm 6, 1-21).
Enquanto ele permaneceu fiel a esta consagração, mantendo a longa
cabeleira, o Senhor lhe dava força para vencer qualquer inimigo;
quando entregou o segredo a Dalila, mulher estrangeira, traiu seus
votos e ela cortou-lhe os cabelos, sinal de infidelidade interior de
Sansão. Em consequência, o Senhor já não deu o herói a força
necessária para o combate, vindo ele a perecer nas mãos dos filisteus.
O livro de Rute (Rt) traz a história, que se passa no tempo dos Juízes,
da moabita que havia sido desposada por Maalon, filho de Elimelec,
nascido em Belém (de Judá) e emigrado para Moab, em razão de uma
fome que assolava sua cidade natal. Falecendo o marido e o sogro,
acompanhou Noemi, sua sogra, de volta a Belém, onde, para
sobrevivência, pôs-se a catar espigas no campo de Booz, vindo a
descobrir que este era parente de Elimelec. Rute abraçou a fé isrealita e
terminou por desposar Booz, que estava obrigado a tomar, por mulher,
a viúva de seu parente mais próximo sem filhos (levirato). De Booz e
Rute nasceu Obed, pai de Jessé, pai do Rei Davi.
Rute é citada como modelo de conduta filial e de fidelidade, em especial
a sua fala a Noemi, sua sogra: “Aonde fores, eu irei; aonde habitares, eu
habitarei. O teu povo é o meu povo, e o teu Deus, meu Deus.” (Rt 1,16).
O objetivo principal do livro é mostrar como a confiança posta em Deus
é recompensada, e como a sua misericórdia se estendeu até mesmo
sobre uma estrangeira. O ensinamento perene da narrativa é a fé na
providência e a universalidade da salvação – o que é reforçado pela
inclusão de Rute na genealogia de Cristo (Mt 1,5).
No próximo Domingo prosseguiremos no estudo dos livros históricos
pelo exame dos livros de Samuel. O texto desta catequese será
disponibilizado na internet, na Página da paróquia no Facebook, junto
com os demais.
Fontes: Bíblia Sagrada Ed. Vozes; Bíblia de Jerusalém; Curso Bíblico –
Escola Mater Ecclesiae – Pe. Estêvão Bettencourt OSB.
Maria Thereza Tosta Camillo