Este documento resume os livros de 1 e 2 Samuel, que narram a história de Israel desde o sacerdote Eli até o final do reinado de Davi. Samuel, Saul e Davi são protagonistas centrais, com Samuel estabelecendo a monarquia e ungindo Saul como o primeiro rei, que enfrentou invasões de inimigos. Davi, escolhido por Deus, sucedeu Saul e consolidou o reino de Israel.
1. Paróquia São Dimas – Catequese Bíblica – 1 e 2 Samuel
Caríssimos Irmãos,
Dando continuidade ao nosso estudo bíblico, prosseguimos na análise
dos livros históricos, examinando os livros de Samuel (1 e 2 Sm).
Estes livros fazem parte de um projeto histórico-teológico maior, que
tem quatro etapas: conquista da terra (Josué), confederação tribal
(Juízes), instituição da monarquia (Samuel), desenvolvimento e final
dramático da monarquia (Reis). Na realidade, a presença de Samuel
limita-se à primeira parte do primeiro livro, sendo Saul e Davi os
protagonistas do resto da obra.
Os dois livros de Samuel continuam a história narrada por Juízes, a
partir da figura de Eli, sacerdote e juiz, até o final do reinado de Davi,
passando por Samuel e Saul, ou seja, desde 1.050 até 970 a.C. Os
inimigos ameaçavam as tribos, faltava um chefe único que mobilizasse
todo Israel e garantisse tanto a unidade nacional como a fidelidade
religiosa das tribos.
O povo pede a Samuel um rei (1Sm 8, 5), e apesar de alertados por
Deus – por meio de Samuel – dos inconvenientes da realeza (como os
tributos e o custo de manter uma corte, por exemplo), o povo ainda
assim deseja um monarca, no que Deus então assente (1Sm 8, 22). Os
modelos monárquicos existentes em redor de Israel implicavam certa
divinização do rei, e adotá-los supunha um risco de afastamento de
Javé, o único e verdadeiro Senhor. O equívoco desfaz-se, no entanto,
porque o próprio Senhor dá a sua aprovação. Tanto Saul como David (e,
mais tarde, Salomão) são "ungidos" de Deus (ou seja, eram assistidos
pelo Espírito Santo) e "obrigados" a manter-se submissos à sua
vontade, pois Deus é o verdadeiro rei do povo.
A monarquia israelita só foi consolidada no reinado de Davi, que
conseguiu estabelecer a paz por tempo suficiente para organizar
administrativamente o reino e estabelecer a capital, Jerusalém, que
passa a ser um dos sinais de identidade mais importantes do judaísmo.
Estes aspectos são intencionalmente destacados em diversas passagens
(2 Sm 5; 6; 24,18-25).
O profeta aparece como elemento limitador do poder do Rei; é a
memória constante do senhorio de Deus. Face à tendência institucional
(2 Sm 7), significa o elemento carismático; e, perante a pretensão
absolutista do poder, assegura a consciência crítica (2 Sm 12). Samuel
e Natã encarnam, de maneira especial, essas funções.
Samuel, o último dos juízes, foi um filho dado por Deus a uma mulher
estéril, Ana (1Sm 1). Na Bíblia, os filhos de promessas sempre têm uma
Maria Thereza Tosta Camillo
2. Paróquia São Dimas – Catequese Bíblica – 1 e 2 Samuel
missão particular (ex. Isaac, Sansão, João Batista). Samuel tem uma
função decisiva na história da instituição da realeza (1 Sm 8-12) e
ungiu o primeiro rei de Israel.
Saul, o primeiro Rei de Israel, escolhido por Deus, precisou enfrentar
invasões de inimigos estrangeiros durante quase todo o seu reinado. Por
sua desobediência (1Sm 13, 8-15,15,10-23), foi rejeitado por Deus e
passou a perseguir Davi, jovem da tribo de Judá e amigo de seu filho
Jônatas, que tinha sido escolhido por Deus para sucedê-lo (1Sm 16).
Saul parece ter sofrido de doença psíquica, que lhe tirava a paz.
Davi, por sua vez, “[...] é um personagem complexo, que atravessou as
mais diversas experiências fundamentais da vida. Jovem pastor do
rebanho paterno, passando por alternadas e às vezes dramáticas
experiências, ele se converte em rei de Israel, pastor do povo de Deus.
Homem de paz, combateu muitas guerras; incansável e tenaz buscador
de Deus, traiu o amor e isso é uma característica sua: sempre foi um
buscador de Deus, ainda que tenha pecado gravemente muitas vezes;
humilde e penitente, acolheu o perdão divino, também o castigo divino, e
aceitou um destino marcado pela dor.” [1]
Davi era um “orante apaixonado” (2Sm 12,20; 15,25s), que sabia
suplicar e louvar, sendo-lhe atribuída a autoria de muitos dos Salmos,
verdadeiras obras primas de poesia religiosa. A este “homem conforme o
coração de Deus” (1 Sm 16,13), é feita a promessa, por meio do profeta
Natã (2Sm 7, 1-17), a partir da qual se fundou a esperança messiânica:
“Teu trono será firme para sempre” (2Sm 7,16). O Novo Testamento se
refere a estas promessas feitas à Casa de Davi por três vezes: At 2,30;
2Cor 6,18; Hb 1,5. É possível enxergar em Davi uma antecipação do
mistério de Cristo, eleito para a salvação de todos, rei do povo espiritual
de Deus.
No próximo Domingo prosseguiremos no estudo dos livros históricos
pelo exame dos livros de 1 e 2 Reis. O texto desta catequese será
disponibilizado na internet, na Página da paróquia no Facebook, junto
com os demais.
Fontes: Bíblia Sagrada Ed. Vozes; Bíblia de Jerusalém; Curso Bíblico –
Escola Mater Ecclesiae – Pe. Estêvão Bettencourt OSB; Curso Bíblico
Catequisar.com.br (Samuel). Notas: [1] S.S. Bento XVI, Catequese do dia
22-VI-2011 (ZENIT)
Maria Thereza Tosta Camillo