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BOLETIM DE ECONOMIA 8
                       outubro de 2011

            Conjuntura Econômica em Foco
          A NOVA POLÍTiCA iNDuSTRiAL:
                   AVANÇOS E LimiTES

                                Temas Setoriais
DESEmPENhO DAS gRANDES EmPRESAS DE
 CAPiTAL AbERTO NO PRimEiRO SEmESTRE
    DE 2011: RENTAbiLiDADE Em quEDA E
                     CAixA REfORÇADO
                      Julio Sergio Gomes de Almeida
                                Luis Fernando Novais


                             Anexo Estatístico
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                                            Governador do estado
                                                Geraldo Alckmin
                                       secretário de Gestão Pública
                                              Julio Semeghini

                             Fundação do desenvolvimento administrativo (FundaP)

                                                 diretor executivo
                                                 Geraldo Biasoto Junior

                                         GruPo de economia / FundaP
                                        Luis Fernando Novais (coordenador)
                                                  Mario Roque Bonini
                                               Rafael Fagundes Cagnin
                                                     Ivan Marangoni
                                                 Talita Miranda Ribeiro
                                                   Waldomiro Pecht
                                     Maria Cristina Penido de Freitas (consultora)

                                                        técnico
                                                 José Roberto Rodrigues

                                                        estagiários
                                                Cristiano Augusto Galdino
                                                 Erick Santos da Cunha
                                                Rodrigo Hoefler Latrequia
                                                Thiago Gonçalves Amaral




                                                     eQuiPe de edição
                                                    coordenação editorial
                                                Laís C. C. M. Nabuco de Araújo

                                                    capa , Projeto Gráfico,
                                               editoração eletrônica e revisão
                                                        Newton Sodré




                                     Fundação do desenvolvimento administrativo, Fundap
                                                  rua cristiano viana, 428
                                                  05411-902 são Paulo sP
                                                  telefone (11) 3066 5500

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                                                                          APRESENTAÇÃO




       O boletim de economia é uma publicação mensal do Grupo de Economia da Fundap. Com-
posto de três seções (conjuntura econômica, um estudo sobre temas setoriais e anexo estatístico), o
Boletim aborda temas de interesse do setor público.
       Nesta oitava edição, o artigo da seção de conjuntura faz uma breve análise da nova política
industrial, consubstanciada no Plano Brasil Maior, lançado pelo governo Dilma em agosto de 2011,
enquanto o estudo setorial analisa o desempenho das grandes empresas de capital aberto no primei-
ro semestre de 2011.



                                                                                     SumáRiO




                                                Conjuntura Econômica em Foco [p. 5]
                                                    A NOVA POLÍTiCA iNDuSTRiAL:
                                                             AVANÇOS E LimiTES

                                                                     Temas Setoriais [p. 13]
    DESEmPENhO DAS gRANDES EmPRESAS DE CAPiTAL AbERTO NO
   PRimEiRO SEmESTRE DE 2011: RENTAbiLiDADE Em quEDA E CAixA
                                                 REfORÇADO
                                                                    Julio Sergio Gomes de Almeida
                                                                              Luis Fernando Novais


                                                                  Anexo Estatístico [p. 25]




BOLETIM DE ECONOMIA [ 8 ] / outubro de 2011                                                                    3
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                                                       A NOVA POLÍTiCA iNDuSTRiAL:
                                                                AVANÇOS E LimiTES




                                                                        Grupo de Economia / Fundap




       Este artigo tem por objetivo fazer uma breve análise da nova política industrial, consubstan-
ciada no Plano Brasil Maior (doravante PBM), lançado pelo governo Dilma em 2 de agosto de 2011.
       O lançamento do PBM foi sem dúvida oportuno, já que o setor industrial não vive um bom mo-
mento. O indicador mais sucinto − e também mais revelador − disto é que a produção no setor não
voltou a crescer desde o auge anterior à grande crise internacional em setembro de 2008 – uma crise
que causou forte declínio da indústria, seguido de uma recuperação ao longo de 2009 e em parte de
2010 que apenas recolocou o nível de produção no padrão anterior à crise. Assim, considerando esses
dois movimentos, na média dos últimos três anos a indústria brasileira virtualmente não saiu do lugar.
       Um verdadeiro colapso de competitividade dos setores produtivos nacionais responde pela
estagnação industrial, resultante da valorização de nossa moeda, aliada a uma intensificação sem
precedentes da concorrência mundial por mercados dinâmicos, como é o mercado brasileiro. Essa
trajetória da indústria é fundamental para explicar a desaceleração do PIB brasileiro ao longo deste
ano. Ademais, os atuais sinais de agravamento do quadro financeiro e de crescimento econômico das
economias mais industrializadas carregam ainda mais um ambiente que, para a economia brasileira,
já se mostrava desfavorável pelo fraco desempenho industrial.
       É nesse contexto que um aspecto fundamental do PBM é o fato de que, por meio dele, o novo
governo dá uma demonstração de que atribui ao setor industrial papel decisivo na promoção do
desenvolvimento brasileiro. Daí o seu empenho em transformar em ações relevantes os três pilares
sobre os quais se apoia a nova política industrial: (a) ampliação dos estímulos ao investimento e à ino-
vação; (b) adoção de medidas para a área do comércio exterior; e (c) ações para a defesa da indústria
e do mercado interno.



BOLETIM DE ECONOMIA [ 8 ] / outubro de 2011                             conjuntura econômica em foco                5
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                     Este texto se organiza da seguinte forma. Após esta breve introdução, expõe-se o diagnóstico
              do governo acerca das perspectivas da indústria brasileira − nos termos do próprio texto do PBM − e
              as suas principais metas. Em seguida, um quadro organiza as principais medidas do PMB, nas três
              principais frentes supracitadas. Por fim, tecem-se reflexões acerca dos principais méritos e limitações
              do plano.


              A visão subjAcente Ao plAno e As metAs estAbelecidAs
                     O PBM estabelece a política industrial, tecnológica, de serviços e de comércio exterior a ser
              adotada ao longo do período do novo governo (2011 a 2014). Seu foco parte da ideia de que, com “o
              estímulo à inovação e à produção nacional para alavancar a competitividade da indústria nos merca-
              dos interno e externo, o país se organiza para dar passos mais ousados em direção ao desenvolvimen-
              to econômico e social”, como referido no próprio documento.
                     Com o lançamento do PBM, o atual governo dá continuidade aos dois planos anteriores do
              mandato do presidente Lula: a Política Industrial, Tecnológica e de Comércio Exterior, PITCE (2003-
              2007), e a Política de Desenvolvimento Produtivo, PDP (2008-2010).
                     A seguir, faz-se um resumo da visão subjacente ao PBM e de suas principais metas, tendo por
              base documentos oficiais, especialmente o documento “Plano Brasil Maior 2011/2014 – Inovar para
              Competir, Competir para Crescer”.
                     O PBM elenca seis aspectos vistos como oportunos para a indústria brasileira:
                     • um mercado interno grande e dinâmico, com capacidade de sustentar o crescimento mes-
                        mo no contexto de crise dos países desenvolvidos;
                     • condições favoráveis do mercado de commodities no curto e médio prazos que possibilitam
                        a manutenção do superávit da balança comercial;
                     • presença de um conjunto de empresas, com potencial inovador no Brasil, com capacidade
                        de liderar o processo de modernização produtiva;
                     • acúmulo de competências científicas com potencial para desenvolver produtos e serviços
                        com alto conteúdo tecnológico;
                     • abundância de recursos naturais, de domínio tecnológico e de capacidade empresarial em
                        energias renováveis e na cadeia de petróleo e gás; e
                     • utilização das compras públicas e dos grandes eventos esportivos para alavancar novos
                        negócios e tecnologias.
                     Por outro lado, aponta como desafios:
                     • intensificar o desenvolvimento tecnológico da indústria de transformação;
                     • combater os efeitos da “guerra cambial” e das incertezas do cenário internacional;
                     • enfrentar o acirramento da concorrência internacional nos mercados doméstico e ex-
                        terno;
                     • aprofundar o investimento em infraestrutura física; e
                     • impulsionar a qualificação profissional em níveis técnico e superior, com destaque para a
                        ampliação das engenharias.
                     Em consonância com esse diagnóstico, são quatro os objetivos estratégicos definidos pelo
              Plano:




    6         conjuntura econômica em foco                                    BOLETIM DE ECONOMIA [ 8 ] / outubro de 2011
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      •	 desenvolvimento	 sustentável: por meio da inovação e do investimento como motor para
         ampliar a competitividade, sustentar o crescimento e melhorar a qualidade de vida;
      •	 ampliação	de	mercados: diversificando as exportações e promovendo a internacionaliza-
         ção das empresas brasileiras; elevando a participação nacional nos mercados de tecno-
         logias, bens e serviços para energias; e ampliando o acesso a bens e serviços para a
         população;
      •	 adensamento	 produtivo	 e	 tecnológico	 das	 cadeias	 de	 valor: ampliando o valor agregado
         nacional; elevando a participação dos setores intensivos em conhecimento; fortalecendo as
         micro, pequenas e médias empresas (MPME); e produzindo de forma mais limpa;
      •	 criação	e	fortalecimento	de	competências	críticas: ampliando o investimento fixo; elevando
         o dispêndio empresarial em P&D; e aumentando a qualificação dos recursos humanos.
      Os objetivos estratégicos desdobram-se em um conjunto de 10 metas quantitativas, a serem
alcançadas no período de vigência do Plano – isto é, até 2104. São elas:
      • ampliar o investimento fixo, em percentual do PIB: de 18,4% (2010) para 22,4% em 2014;
      • elevar o dispêndio empresarial em P&D, em percentual do PIB: de 0,59% (2010) para 0,90%
         em 2014;
      • aumentar a qualificação de RH, em percentual de trabalhadores da indústria com, pelo
         menos, nível médio: de 53,7% (2010) para 65,0% em 2014;
      • ampliar o valor agregado nacional, por meio do aumento da relação entre o Valor da Trans-
         formação Industrial e o Valor Bruto da Produção (VTI/VBP): de 44,3% (2009) para 45,3%
         em 2014;
      • elevar o percentual da indústria intensiva em conhecimento; VTI da indústria de alta e mé-
         dia-alta tecnologia/VTI total da indústria: de 30,1% (2009) para 31,5% em 2014;
      • fortalecer as MPME, aumentando em 50% o número de MPME inovadoras: de 37,1 mil
         (2008) para 58,0 mil em 2014;
      • produzir de forma mais limpa, diminuindo o consumo de energia por unidade de PIB indus-
         trial – consumo de energia em tonelada equivalente de petróleo (TEP) por unidade de PIB
         industrial: de 150,7 TEP/R$ milhão (2010) para 137,0 TEP/R$ milhão em 2014;
      • diversificar as exportações brasileiras, ampliando a participação do país no comércio inter-
         nacional: de 1,36% (2010) para 1,60% em 2014;
      • elevar a participação nacional nos mercados de tecnologias, bens e serviços para energias,
         aumentando o Valor da Transformação Industrial/Valor Bruto da Produção (VTI/VBP) dos
         setores ligados a energia: de 64,0% (2009) para 66,0% em 2014;
      • ampliar o acesso a bens e serviços voltados à qualidade de vida, por meio da ampliação do
         número de domicílios urbanos com acesso à banda larga (meta PNBL): de 13,8 milhões de
         domicílios (2010) para 40,0 milhões de domicílios em 2014.


As principAis medidAs do pbm
        As medidas propostas pelo Plano Brasil Maior podem ser classificadas em três frentes de ação:
(a) estímulo ao investimento e à inovação; (b) comércio exterior; e (c) defesa da indústria e do mercado
interno. O Quadro 1, a seguir, resume as principais medidas do PBM.



BOLETIM DE ECONOMIA [ 8 ] / outubro de 2011                             conjuntura econômica em foco                7
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                                              Quadro 1. PrinciPais Medidas do Plano Brasil Maior
               estímulos ao investimento e à inovação
                (a)	Desoneração	tributária
                • Extensão por mais 12 meses da redução do IPI sobre bens de investimento (bens de capital, materiais de construção,
                   caminhões e veículos comerciais leves).
                • Redução gradual do prazo para devolução dos créditos do PIS/Cofins sobre bens de capital.
                (b)	Financiamento	ao	Investimento
                • Extensão, até dezembro de 2012, do Programa de Sustentação do Investimento (PSI) do BNDES, com a inclusão de
                   outros setores e programas.
                • Ampliação do programa de capital de giro (Apoio ao Fortalecimento da Capacidade de Geração de Emprego e Renda -
                   BNDES Progeren).
                • Relançamento do Programa BNDES Revitaliza, com novas condições de financiamento ao investimento.
                • Criação do Programa BNDES Qualificação, com apoio à expansão da capacidade de instituições privadas de ensino
                   técnico e profissionalizante.
                • Criação de Programa para Fundo do Clima do BNDES, com o objetivo de financiar projetos que reduzam a emissão de
                   gases de efeito estufa.
                (c)	Financiamento	e	Incentivo	à	Inovação
                • Novos recursos para o Finep, com aumento de crédito do BNDES para inovação.
                • Crédito pré-aprovado dos planos de inovação de empresas.
                • Ampliação de programas setoriais de inovação do BNDES (exemplo: Profarma, Proplástico, Proaeronáutica).
                (d)	Marco	Legal	da	Inovação	
                • Permissão de contratos com cláusulas de risco tecnológico previstas na Lei de Inovação.
                • Inclusão de projetos de entidades de ciência e tecnologia privadas sem fins lucrativos.
                • Ampliação do atendimento das fundações de apoio às ICT.
                • Modernização do marco legal do Inmetro, o que significou a ampliação do controle e fiscalização de produtos
                   importados e do escopo de certificação.

               comércio exterior
                (a)	Desoneração,	Financiamento	e	Promoção	das	Exportações
                • Instituição do Reintegra: devolução ao exportador de bens industrializados de até 3% do valor exportado.
                • Ampliação e maior agilização do ressarcimento de créditos aos exportadores.
                (b)	Defesa	Comercial
                • Intensificação do antidumping, salvaguardas e medidas compensatórias.
                • Combate à circunvenção, falsa declaração de origem e subfaturamento.
                • Aperfeiçoamento da estrutura tarifária do Imposto de Importação.
                • Aumento da exigência de certificação compulsória.
                • Fortalecimento do combate a importações ilegais.
                • Acordo de cooperação MJ-MDIC para combater a violação de propriedade industrial e de certificação compulsória.
                • Suspensão de ex-tarifário para máquinas e equipamentos usados.
                • Criação de Fundo de Financiamento à Exportação de MPME (Proex Financiamento).
                • Entrada em vigor do Ata-Carnet: facilitação da circulação dos bens em regime de admissão temporária, sem a
                   incidência de tributos.

               defesa da indústria e do mercado interno
                • Desoneração, até 2012, da folha de pagamento para os setores de Confecções, Calçados, Móveis e Software (projeto-piloto).
                • Regime especial para o setor automotivo.
                • Lei n. 12.349/2010: instituição de margem de preferência de até 25% nos processos de licitação para produtos
                  manufaturados e serviços nacionais.
                • Harmonização de políticas de financiamento dos bancos públicos com recursos da União (FAT, Fundos Constitucionais,
                  recursos do Tesouro).




              principAis Acertos e limitAções do plAno
                     O PBM tem vários méritos. O primeiro e mais evidente deles é propor medidas para reduzir o
              custo tributário da indústria em um momento de dificuldades para o setor industrial. O “plano piloto”
              da desoneração da folha é uma contribuição pioneira, que pode ter impactos positivos para os seto-



    8         conjuntura econômica em foco                                                  BOLETIM DE ECONOMIA [ 8 ] / outubro de 2011
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res industriais intensivos em mão de obra1. Pioneira é também a instituição de um percentual de até          (1) Embora certos segmentos
                                                                                                             já sinalizam que permanecerão
3% das exportações para ressarcimento aos exportadores por tributos que não são recuperados quando           voluntariamente fora da nova
                                                                                                             regra; por exemplo, embora a
da venda de produtos para o exterior2. Além disso, com o PBM, o governo completou a remoção de tri-          regra se estenda para os seto-
                                                                                                             res de Têxtil e Móveis, tanto os
butos federais sobre o investimento. A retirada ou a suavização de custos tributários do emprego, do         produtores de tecidos quanto os
                                                                                                             de móveis metálicos preferiram
investimento e das exportações corresponde a um esforço importante do governo e constitui avanço             continuar pagando contribuição
                                                                                                             sobre a folha a passar a pagar
indubitável − embora deva ser sublinhado que correspondem mais propriamente a uma “remoção de                1,5% sobre o faturamento, argu-
                                                                                                             mentando que os salários têm
desincentivos” do que à concessão de incentivos.                                                             peso pequeno no processo pro-
                                                                                                             dutivo, fortemente mecanizado.
       Outro importante avanço promovido no PBM refere-se aos programas de financiamento à ino-
                                                                                                             (2) A regulamentação do Reinte-
vação e ao investimento. A esse respeito, deve-se ressaltar que as medidas no caso do financiamento          gra ainda está em andamento,
                                                                                                             mas já foi definido que setores
ao investimento pelo BNDES não parecem elevar significativamente o volume de recursos dessa ins-             com poucas etapas no proces-
tituição para o financiamento da indústria e serviços. No caso do financiamento ao investimento pelo         so produtivo não terão o bene-
                                                                                                             fício – o que excluirá produtores
BNDES, a tônica foi o estabelecimento de focos específicos para direcionar o financiamento incentiva-        de etanol, açúcar, suco de la-
                                                                                                             ranja e outros industrializados.
do. Tal como recomenda a boa prática da política industrial para as atividades contempladas. Assim,
o Programa de Sustentação do Investimento (PSI) – que já tinha focos em bens de capital, inovação,
exportação e no Pro-Caminhoneiro – passou a incluir: componentes e serviços técnicos especializa-
dos; equipamentos para a área de tecnologia de informação e telecomunicações; ônibus híbridos;
Proengenharia; e Linha Inovação Produção.
       O PSI deve vigorar até dezembro de 2012, assim como o Revitaliza (programa anterior que be-
neficiava setores afetados pela concorrência externa, tais como: têxtil e confecção, couro e calçados,
bens de capital e, agora também, autopeças). Os demais programas incentivados são focados nas
micros, pequenas e médias empresas, no ensino técnico e profissionalizante e em sustentabilidade.
Assim, nesse campo, o PBM agiu inteiramente dentro da boa técnica de política de desenvolvimento:
definiu os segmentos para os quais se dirige o incentivo do financiamento ao investimento com recur-
sos do Tesouro Nacional e fixou a data para o término do incentivo.
       Para o Plano, o foco da nova política industrial está no “estímulo à inovação e à produção na-
cional para alavancar a competitividade da indústria nos mercados interno e externo”. Daí seu slogan:
“inovar para competir, competir para crescer”.
       No caso do financiamento à inovação, o PBM concebe expressivo aporte adicional de recursos
para o financiamento e investimento em inovação, com os recursos novos repassados pelo BNDES
à Finep no valor de R$ 2 bilhões, que se somam a montante equivalente anteriormente aportado na
Finep. O BNDES também criou programas relevantes nessa área, com destaque para o programa de
financiamento dos planos globais de inovação das empresas. Aqui, o aspecto importante a destacar
é que ocorreu uma mudança muitíssimo salutar de foco do apoio financeiro à inovação, que passou
da ótica de um determinado projeto de inovação empresarial para a do plano global de inovação da
empresa.
       Talvez o maior mérito do PBM foi ter partido da visão de que (1) a indústria é um vetor funda-
mental do desenvolvimento brasileiro e (2) a política industrial deve ser concebida como um processo,
fruto de debates com diversos setores da sociedade.
       No espírito de contribuir para a discussão, cabe apontar duas graves lacunas no Plano, que
requerem atenção urgente: o horizonte temporal do Plano e a questão da competitividade.
       No tocante ao primeiro tema, chama a atenção o fato de que o PBM confere um horizonte muito
curto, defensivo e limitado à política industrial brasileira. Tal limitado alcance talvez decorra de o PBM



BOLETIM DE ECONOMIA [ 8 ] / outubro de 2011                               conjuntura econômica em foco                       9
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                                     ater-se ao período de governo que vai até 2014, confinando a política de desenvolvimento − que deve
                                     ter uma necessária referência de longo prazo − a um horizonte curto.
                                            São muitos os desafios que se colocam para a indústria brasileira. Seria fundamental definir
                                     uma seleção de setores, cadeias ou atividades dentro da preocupação de desenvolver desde já as
                                     bases da transformação industrial que sustentará o dinamismo da indústria brasileira no longo prazo.
                                     Economia do petróleo, manufatura de base agroalimentar, indústria de bens, serviços e equipamen-
                                     tos referenciados à sustentabilidade, à nanotecnologia, à habitação, à saúde, além de outros temas
                                     que o debate com a sociedade venha a identificar, poderiam ser alvo de desafios mais ambiciosos, e
                                     para eles poderiam ser direcionados os incentivos das políticas. O receio é que se percam os incen-
                                     tivos e os instrumentos mobilizados pelo Plano, diante da não definição de diretrizes para guiar sua
                                     destinação em prol da transformação da indústria.
                                            Em segundo lugar, a questão da competitividade. Para o PBM, o foco da nova política industrial
                                     está no estímulo à inovação para alavancar a competitividade da indústria. O Plano acerta em alçar
                                     a condição tão elevada a questão da inovação, e também são corretas as medidas adotadas para o
                                     reforço da inovação.
                                            Mas, mesmo no caso de países líderes industriais, as empresas e os setores não são perma-
                                     nentemente inovadores, o que significa dizer que a indústria de um país depende de outros fatores na
                                     definição de sua capacidade de competir com o produto produzido no exterior. Para conquistar maior
                                     competitividade, as economias que mais se destacam têm, além de grande atividade inovadora, pri-
                                     morosa produtividade e não descuidam de uma “competitividade sistêmica” que, igualmente, deve
                                     ser de primeira linha.
                                            Aqui se encontram importantes lacunas do PBM. A palavra “produtividade” sequer é mencio-
                                     nada no texto. Além disso, e até por escapar à sua alçada, não são abordadas no âmbito do PBM as
                                     questões relativas à competitividade sistêmica − mas delas decorre um efeito devastador sobre a
                                     competitividade do produto nacional. O mesmo vale para o câmbio: a intensidade da valorização da
                                     moeda nos últimos anos sobrepujou largamente quaisquer ganhos obtidos com a inovação e com o
                                     aumento da produtividade industrial.
                                            Além disso, como bem lembra o professor David Kupfer, em artigo recente no jornal Valor	Eco-
(3) Cf.: O Plano Brasil Maior. Va-   nômico3, o desenho da política industrial deve levar em conta a evolução do cenário internacional
lor	Econômico, em 29/8/2011.
Disponível em < http://www.          bastante preocupante neste momento. Uma hipótese bastante plausível é que, embora a Europa seja
valor.com.br/5092/990720/o-
plano-brasil-maior> . Acesso em      hoje o epicentro da crise, os EUA enfrentam um período prolongado de recessão. Esse quadro certa-
7/10/2011.
                                     mente terá rebatimento sobre a China, o que poderia reforçar a tendência de o Brasil assumir papel
                                     de destaque na produção de commodities ou outros bens não elaborados, ocupando um espaço
                                     aberto pelo enfraquecimento da pujança chinesa.
                                            Nada mais longe da rota desejável para a indústria nacional. Nas palavras de Kupfer:
                                               “Evidentemente,	uma	transformação	dessa	natureza	virá	na	contramão	dos	objetivos	de	
                                               desenvolvimento	 nacional,	 razão	 pela	 qual	 é	 imprescindível	 a	 inclusão	 da	 dimensão	 da	
                                               mudança	estrutural	na	reflexão	sobre	as	diretrizes	gerais	da	política	industrial.	Especial-
                                               mente	diante	do	aprofundamento	das	incertezas	que	rondam	a	economia	mundial,	o	re-
                                               posicionamento	da	indústria	brasileira	não	poderá	prescindir	da	manutenção	ou	mesmo	
                                               aceleração	do	processo	de	aumento	das	escalas	técnicas	e	econômicas	das	empresas,	da	




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           maior	convergência	entre	o	esforço	exportador	e	as	estratégias	de	internacionalização	das	
           bases	produtivas	dessas	empresas	e	da	retomada	do	processo	de	diversificação	estrutural	
           das	atividades	produtivas,	tanto	na	indústria	quanto	nos	serviços,	recuperando	o	padrão	
           que	historicamente	sempre	caracterizou	o	desenvolvimento	brasileiro.”

       Aparece aqui, de novo, a questão fundamental do alcance que se espera de uma política in-
dustrial: ela deve visar a transformações estruturais, somente concebíveis no longo prazo. Ou seja,
houve avanços importantes com o PBM, mas o desenho de uma política industrial conducente ao
desenvolvimento nacional ainda necessita de muita reflexão.




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    DESEmPENhO DAS gRANDES EmPRESAS DE CAPiTAL AbERTO NO
   PRimEiRO SEmESTRE DE 2011: RENTAbiLiDADE Em quEDA E CAixA
                                                 REfORÇADO




                                                                      Julio Sergio Gomes de Almeida
                                                                   Doutor em Economia. Professor da Unicamp

                                                                                 Luis Fernando Novais
                                                     Economista. Coordenador do Grupo de Economia da Fundap




       O Grupo de Economia da Fundap faz, trimestralmente, um levantamento das informações con-
tábeis das grandes empresas de capital aberto. Essa atualização da pesquisa baseou-se em infor-
mações relativas ao período de janeiro a junho entre 2007 e 2011. No total, foram compiladas 220
grandes empresas que apresentaram dados contábeis para todos os semestres, das quais 136 são
do setor Indústria, 13 do Comércio e 71 de Serviços. As companhias também foram classificadas
em segmentos econômicos dentro de seus respectivos setores e foram agrupadas nas categorias
tradables e non	tradables, isto é, se são produtoras de bens comercializáveis (107 empresas) ou não
comercializáveis (94 empresas). A importância desse conjunto de empresas pode ser avaliada pelo
peso da receita líquida das companhias no PIB do país: no primeiro semestre de 2007, a participação
atingiu 25,1%; ao longo dos anos seguintes, ela chegou a 28,5%, no primeiro semestre de 2011.
       Tendo como referência os primeiros semestres dos últimos cinco anos, nota-se que as grandes
empresas ainda não restauraram as taxas e margens de lucro observadas antes dos efeitos negativos
da crise mundial de 2008, que afetou o Brasil sobretudo em 2009. Ao contrário, as piores condições
econômicas verificadas no primeiro semestre de 2011 fizeram com que a rentabilidade das grandes
empresas, que havia iniciado uma trajetória de recuperação em 2010, diminuísse no período mais
recente. A próxima seção do trabalho detalha a evolução da rentabilidade global e setorial; a última
seção, traça algumas perspectivas para esse conjunto de grandes empresas de capital aberto.


rentAbilidAde: globAl e setoriAl
      A análise do desempenho das grandes empresas de capital aberto terá como referência o indi-
cador básico de medição da rentabilidade – a margem líquida de lucro, que relaciona o lucro líquido



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                                      com a receita e avalia a rentabilidade em relação ao fluxo de vendas. Para complementar a avaliação
                                      dos resultados, são apresentados (1) os valores nominais da receita líquida, dos custos dos produtos
                                      vendidos (CPV) e do lucro líquido, (2) o peso das despesas financeiras líquidas na receita líquida e (3)
                                      a composição dos ativos das empresas.
                                             Nos primeiros seis meses de 2010, as companhias conviveram com um cenário econômico
                                      benigno herdado com a saída da crise global. As medidas anticíclicas adotadas pelo governo, de in-
                                      centivo ao consumo de bens duráveis em 2009, a prorrogação do Programa de Sustentação do Inves-
                                      timento com redução da taxa de juros e o suporte dos bancos públicos na oferta adicional de crédito,
                                      inclusive de capital de giro via BNDES, proporcionaram um ambiente de otimismo que contagiou os
                                      empresários.
                                             Na comparação com o primeiro semestre de 2009, o PIB cresceu 9,2% e a indústria de trans-
                                      formação avançou 15,6%, segundo as contas nacionais, puxados pela demanda interna (consumo
                                      das famílias e investimento). No primeiro semestre de 2010, as importações de produtos industriais
                                      e de matérias-primas aceleraram o ritmo de alta, complementando a oferta doméstica, e o quantum
                                      de exportações de bens manufaturados se recuperou da queda sofrida em 2009 (o câmbio se valo-
                                      rizou em relação a 2008, mas ainda permanecia, na média do período, na faixa de R$/U$ 1,8). Já a
                                      produção física da indústria de transformação elevou-se consistentemente (+16,1%), e o patamar de
                                      preços industriais retomou a trajetória de alta com o IPA–Indústria de Transformação crescendo na
                                      faixa de 3,5% (ver Tabela 1).

                                                            TaBela 1. indicadores econôMicos: PiB, inflação, Juros e Balança coMercial
                   Produção                                               meta     meta                   taxa de     exportações       importações      saldo comercial
                                                               iPa                          volume de
                    Física da                  iPca                       selic    selic                  câmbio     em u$ bilhões     em u$ bilhões      em u$ bilhões
Período    Pib¹                iPca¹                       indústria de                    crédito total
                  indústria de               serviços¹                  (dado de (média do               (média do   da indústria de   da indústria de    da indústria de
                                                         transformação¹                      (% Pib)2
                transformação                                            junho)  semestre)               semestre)   transformação     transformação      transformação
1º sem.
             5,8          4,8         2,1        3,0           1,4        12,0       12,7        31,7        2,0           55,8              44,1               11,8
2007
1º sem.
             6,4          6,3         3,6        3,5           7,7        12,3       11,6        37,8        1,7           65,2              65,9               -0,6
2008
1º sem.
            -2,9        -13,4         2,6        4,3           -3,9        9,3       11,1        41,5        2,2           46,9              48,4               -1,5
2009
1º sem.
             9,2         16,2         3,1        4,8           3,5        10,3        9,3        44,6        1,8           57,3              71,2              -13,9
2010
1º sem.
             3,6          1,6         3,9        5,9           1,5        12,3       11,8        47,1        1,6           70,1              91,3              -21,2
2011

                                            Fonte: IBGE, Ipeadata, Banco Central do Brasil, MDIC.
  (1) Essas tendências manifesta-           (1) Variação em relação ao mesmo semestre do ano anterior}
  ram-se plenamente na Indústria;
  porém, a intensidade de alta da           (2) Final de período.
  receita líquida diferenciou-se
  quando são subtraídas, do agre-
  gado Indústria, as empresas               Demanda interna ascendente e preços favoráveis, confiança em alta e retomada das expor-
  Petrobras e Vale do Rio Doce.
  Por dependerem dos preços           tações repercutiram na capacidade de crescer das grandes empresas de capital aberto, no primeiro
  das commodities (petróleo e
  ferro), que se haviam deprimido     semestre de 2010. A receita líquida do conjunto pesquisado atingiu R$ 471,0 bilhões (+20,1%, em
  no pós-crise de 2008, a receita
  líquida do agregado “Indústria”     relação ao mesmo período de 2009), variação superior à observada anualmente no período 2007-
  havia crescido pouco, anual-
  mente, no período 2007-2009         2009. Os custos dos produtos vendidos (CPV) também se elevaram, mas de modo menos intenso
  (+8,6%), enquanto que no agre-
  gado sem essas empresas (cha-       (+18,9%)1. Neste contexto, o lucro líquido voltou a crescer de forma expressiva para o conjunto das
  mado doravante de subconjunto
  “Indústria de Transformação”) a
                                      220 grandes empresas, com taxa de variação nominal de 36,0% em relação ao primeiro semestre
  alta tinha foi bem maior (18,3%).   de 2009 e valor absoluto de R$ 53,8 bilhões. Excluídas as informações da Petrobras e da Vale do Rio



             14                       temas setoriais                                                                BOLETIM DE ECONOMIA [ 8 ] / outubro de 2011
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Doce, a taxa também foi relevante (32,2%) e o volume foi de R$ 28,3 bilhões (ver Tabelas A1, A2 e A3,
anexas ao final deste artigo).
       Após dois anos de retrações, a rentabilidade se recuperou no primeiro semestre de 2010; a
margem líquida de lucro subiu para 11,4% para o total das empresas com ganhos de 1,3 pontos per-
centuais em relação ao primeiro semestre de 2009. Esse patamar permaneceu abaixo daquele do
período anterior à grande crise mundial ocorrida no último trimestre de 2008, qual seja, o primeiro
semestre de 2007, quando a lucratividade atingiu 13,4% de margem líquida. Convém observar adi-
cionalmente que mesmo antes da crise de 2008 a lucratividade das empresas brasileiras já mostrava
sinais de queda, uma vez que no primeiro semestre daquele ano a margem líquida havia recuado para
11,4%, em decorrência de aumentos dos custos de produção. A menor lucratividade do período aqui
considerado ocorreu no ano de crise, 2009, quando alcançou 10,1% (margem líquida, ver Tabela 2).

                            TaBela 2. MargeM líQuida de lucro soBre a receiTa líQuida
                                                             margem líquida sobre a receita líquida
                              setor
                                                         jun.07    jun.08       jun.09   jun.10   jun.11
          COMÉRCIO                                         2,8%          2,5%     1,3%     3,2%        1,7%
          INDÚSTRIA                                       14,2%      12,0%       11,1%    12,4%       15,3%
           Indústria (menos Petrobras)                    14,5%      10,2%        8,9%    10,9%       13,7%
           Indústria (menos Petrobras e Vale)              9,1%          7,9%     7,2%     7,7%        6,8%
          SERVIÇOS                                        13,7%      11,6%        9,5%    10,9%        9,6%
           Serviços (sem empresas de energia elétrica)    10,8%          8,8%     6,2%     9,5%        7,8%
          COMERCIALIZÁVEIS                                14,2%      11,9%       11,0%    12,3%       15,5%
          NÃO COMERCIALIZÁVEIS                            11,8%      10,4%        8,4%     9,9%        8,1%
          total (menos Petrobras )                        13,4%      10,1%        8,5%    10,3%       11,2%
          total (menos Petrobras e vale)                  10,3%          8,7%     7,6%     8,4%        7,2%
          total                                           13,4%      11,4%       10,1%    11,4%       12,8%

   Fonte: Demonstrações financeiras de 220 empresas de capital aberto.


       Uma característica importante da trajetória ascendente da rentabilidade no primeiro semestre
de 2010 foi que ela ocorreu em todos os três grandes setores – Comércio, Indústria e Serviços – e
nos subconjuntos de Indústria de Transformação (sem a Petrobras e a Vale do Rio Doce); Indústria
(sem Petrobras); e na agregação de Serviços (sem as empresas de energia elétrica). Todavia, notam-
se diferenças de intensidade.
       Do ponto de vista da margem líquida de lucro, o Comércio, por características intrínsecas, tem
o menor patamar de margem (1,3% em 2009), mas foi o setor que mais avançou, com ganho de 1,9
pontos percentuais no primeiro semestre de 2010. Na sequência, o agregado Serviços adicionou 1,4
                                                                                                                    (2) Excluída a Petrobras do
pontos percentuais na sua margem líquida em 2010, e na Indústria o acréscimo foi de 1,3 pontos                      agregado Indústria, a margem
                                                                                                                    líquida passou de 8,9% para
percentuais2.                                                                                                       10,9% (acréscimo de 2,1 pontos
       É importante ainda destacar as diferenças entre o desempenho da Indústria de Transforma-                     percentuais), indicando que foi o
                                                                                                                    crescimento do lucro líquido da
ção e o subconjunto de Serviços (sem energia elétrica). Esses dois subconjuntos representam o core                  Vale do Rio Doce no primeiro se-
                                                                                                                    mestre de 2010 (R$ 9,4 bilhões)
das grandes empresas de capital aberto, excluídas as gigantes Petrobras e Vale do Rio Doce e as 21                  – que dobrou em relação ao ob-
                                                                                                                    tido em 2009 – o fator determi-
empresas de Energia Elétrica. No primeiro caso, nota-se que a margem líquida atingiu 7,7% no pri-                   nante para o maior acréscimo na
                                                                                                                    margem líquida de lucro no agre-
meiro semestre de 2010 e que o acréscimo em relação ao resultado do mesmo período de 2009 foi                       gado Indústria sem Petrobras.




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                                     pequeno (+0,5 pontos percentuais); no segundo caso, a margem subiu para 9,5% com elevação de
                                     3,3 pontos percentuais.
                                            A maior lucratividade observada no segmento de Serviços (sem energia elétrica) deveu-se ao
                                     menor crescimento dos custos dos produtos vendidos, que compensou a forte queda da taxa de
(3) Tanto o menor ritmo de alta da
receita líquida como a queda dos
                                     variação da receita líquida em relação ao padrão de alta observado no período 2007 a 20093 (ver
custos dos produtos vendidos no
primeiro semestre de 2010m em
                                     Tabela 3). Na Indústria de Transformação a evolução foi diferente; as empresas tiveram uma expansão
relação à média de variação dos      mais expressiva da receita líquida no primeiro semestre de 2010, devido, em parte, aos setores cujos
primeiros semestres de 2007 a
2009 no segmento de Serviços         preços são referenciados em commodities	(Alimentos, Química e Siderurgia, que juntos explicaram
(sem energia elétrica) deveram-
se, em grande parte, ao resultado    69,0% do acréscimo da receita em relação ao mesmo período de 2009);	porém, os custos dos produ-
do subsetor de Telefonia (cinco
empresas). No primeiro período,      tos vendidos não caíram na mesma magnitude observada no setor de Serviços (sem energia elétrica).
os custos do produtos vendidos
e as receitas líquidas dessas
empresas cresceram, respectiva-           TaBela 3. cusTo dos ProduTos Vendidos (cPV) e receiTa líQuida. 2007 a 2011 (PriMeiros seMesTres)
mente, 19,5% e 17,1% em média
ao ano, indicando um processo
                                                                                                           variação Percentual (%)
de investimento das operadoras
de telefonia celular em busca                                                            média anual de
de novos mercados. A partir de
                                                                                          crescimento            jun.10−jun.09         jun.11–jun.10
2010, esse movimento se estabi-                             setor
lizou e perdeu força, fazendo com                                                       (2007 e 2009) *
que a variação dos custos dos                                                          Receita               Receita                 Receita
produtos vendidos e da receita                                                                     CPV                      CPV                  CPV
líquida diminuísse para, respec-                                                       Líquida               Líquida                 Líquida
tivamente, 1,9% e 0,7% nesse            COMÉRCIO                                        16,2%      17,4%         29,2%     31,3%      57,1%      54,3%
conjuntos de empresas.
                                        INDÚSTRIA                                        8,6%      14,5%         21,8%     19,8%      17,7%      18,6%
                                         Indústria (menos Petrobras)                    11,1%      20,4%         23,0%     16,1%      20,5%      19,7%
                                         Indústria (menos Petrobras e Vale)             18,3%      24,5%         21,7%     17,3%      14,9%      18,5%
                                        SERVIÇOS                                        14,9%      17,6%         13,7%     13,2%      12,1%      12,1%
                                         Serviços (sem empresas de energia elétrica)    20,0%      21,9%         12,2%     10,2%      12,6%      13,1%
                                        COMERCIALIZÁVEIS                                 7,5%      13,5%         20,1%     18,1%      17,6%      18,3%
                                        NÃO COMERCIALIZÁVEIS                            17,1%      19,7%         20,0%     20,5%      21,0%      22,0%
                                        total (menos Petrobras )                        12,7%      19,3%         20,3%     16,4%      20,8%      20,5%
                                        total (menos Petrobras e vale)                  16,9%      21,5%         19,3%     17,1%      17,7%      19,8%
                                        total                                           10,6%      15,4%         20,1%     18,9%      18,8%      19,5%


                                        Fonte: Demonstrações financeiras de 220 empresas de capital aberto.
                                        (*) Crescimento médio anual dos primeiros semestres entre 2007 e 2011.


                                            Essa trajetória favorável da rentabilidade empresarial em 2010 ensejava um cenário de ele-
                                     vação mais consistente do investimento produtivo, através da reaplicação dos lucros retidos; porém,
                                     as mudanças no contexto econômico afetaram o desempenho das grandes empresas no primeiro
                                     semestre de 2011. No caso da Indústria de Transformação, essa piora já se havia manifestado ao
                                     longo do segundo semestre de 2010, período em que as empresas industriais diminuíram o ritmo de
                                     produção e procuraram reduzir os estoques acumulados no período anterior.
                                            A aceleração da inflação no começo do ano fez com que o Banco Central elevasse a taxa básica
                                     de juros, fato que alterou a confiança do empresariado na sustentabilidade da expansão do mercado
                                     interno no ritmo verificado até então. Ao final do semestre, o PIB reduziu a sua taxa real de cresci-
                                     mento para a faixa de 3,6%, em relação ao mesmo período de 2010; a inflação havia se acelerado,
                                     especialmente nos Serviços, e o processo de valorização do real também tinha se acentuado (a taxa
                                     de câmbio R$/U$ caiu para 1,6 na média do primeiro semestre).



            16                       temas setoriais                                                             BOLETIM DE ECONOMIA [ 8 ] / outubro de 2011
GRUPO DE ECONOMIA / FUNDAP                           www.fundap.sp.gov.br




        No cenário internacional, a crise se transfigurou num problema de endividamento público exa-
cerbado de países que haviam usufruído da liquidez do mercado financeiro através do endividamento
fácil. Agora, a atual crise soberana produz dois efeitos: de um lado, reduz a perspectiva de crescimen-
to das economias avançadas em função do extremo esforço fiscal envolvido no resgate dos países
insolventes, especialmente aqueles que compõem os GIPPS (Portugal, Espanha, Itália e Grécia); de
outro, acirra sobremaneira a competição no mercado mundial.
        Do ponto de vistas das empresas brasileiras, elas sofreram um duplo movimento de alta nos
custos dos produtos e serviços e menor capacidade de gerar receitas, o que afetou a rentabilidade no
primeiro semestre de 2011. O segundo ciclo de elevação dos preços das commodities ocorreu nesse
período – no caso do ferro, a cotação ultrapassou o pico anterior à crise global de 2008, e no petróleo
a alta foi um pouco inferior –; vale destacar que as cotações das matérias-primas industriais tam-
bém subiram de forma consistente. A valorização do real ajudou a compensar parte dessa alta dos
insumos, mas ao mesmo tempo estimulou a substituição de produção nacional por bens importados,
reduzindo o mercado das empresas nacionais, especialmente a de bens intermediários e a de bens
                                                                                                           (4) Entre os primeiros semes-
duráveis, minando concomitantemente a capacidade de gerar receitas via exportação4.                        tres de 2009 e 2011, o valor
                                                                                                           das importações da Indústria de
        Outro fator que se manifestou mais claramente no primeiro semestre de 2011 foi a elevação          Transformação cresceu 88,5%
                                                                                                           atingindo a marca de U$ 91 bi-
do custo do trabalho. Nota-se que ao longo dos últimos anos e até os dias de hoje ocorre um proces-        lhões em 2011, enquanto que
                                                                                                           as suas exportações expandi-
so de formalização dos postos de trabalho e elevação dos salários médios5. O contínuo movimento            ram-se 48,7% (U$ 70,0 bilhões);
                                                                                                           isso significou a geração de um
de obtenção de ganhos reais nas datas-base, que também se manifestou em 2010 com reflexo em                déficit de U$ 21,2 bilhões. No
2011, fez com que a folha de salário se ampliasse. Além disso, as despesas administrativas e outras        primeiro semestre de 2007, a
                                                                                                           Indústria de Transformação ha-
despesas operacionais, cuja oferta tem origem no setor de Serviços, sofreram pressão de alta com           via obtido um superávit de U$
                                                                                                           11,8 bilhões na sua balança
a tendência de elevação da inflação. As empresas poderiam garantir margens menos apertadas se              comercial (ver Tabela 1).

conseguissem repassar aos preços industriais essas pressões de custos; ao que parece isso não foi          (5) Para uma análise detalhada
                                                                                                           do mercado de trabalho no Bra-
possível até agora. O baixo crescimento do IPA–Indústria de Transformação no primeiro semestre de          sil, ver Boletim de Economia n.
                                                                                                           7, disponível em: http://novo.
2011 (+1,5%, em relação ao mesmo período de 2010) reflete essa tendência.                                  fundap.sp.gov.br/arquivos/
                                                                                                           PDF/Boletim_de_Economia_7_
        Esses fatores afetaram negativamente a rentabilidade de todos os segmentos, com exceção            completo.pdf

dos agregados Indústria e indústria sem Petrobras. Nesses casos, o peso dos resultados da Petrobras        (6) A margem líquida de lucro
                                                                                                           subiu de 12,4% para 15,3%
e da Vale do Rio Doce fizeram com que houvesse elevação da lucratividade6. A capacidade dessas             (agregado Indústria) e de 10,9%
                                                                                                           para 13,7% (Indústria sem
empresas de gerar receita praticamente não caiu no primeiro semestre de 2011, e os custos dos pro-         Petrobrás) entre os primeiros
                                                                                                           semestres de 2010 e 2011. O
dutos vendidos subiram menos do que as receitas (agregado sem a Petrobras) ou quase na mesma               volume de lucro líquido da Pe-
                                                                                                           trobrás e da Vale do Rio Doce
proporção (agregado Indústria). Além disso, a menor despesa financeira líquida ou até a obtenção de        somaram R$ 45,5 bilhões com
receitas financeiras líquidas no caso da Petrobras (R$ 6,0 bilhões) fizeram com que o lucro líquido        alta de 73,8% em relação aos
                                                                                                           resultados do primeiro semes-
crescesse no agregado Indústria. Esse resultado proporcionou uma receita líquida como proporção da         tre de 2010.

receita de -0,8% no agregado Indústria (ver Tabela 4). O desempenho dessas duas empresas foi sufi-
ciente para fazer crescer a margem de lucro para o total das 220 empresas, cujo nível atingiu 12,8%
nos primeiros seis meses de 2011 (1,4 pontos percentuais acima do verificado em 2010).
        Essas condições não se repetiram para a Indústria de Transformação como um todo e para o setor
de Serviços com e sem as empresas de energia elétrica. Ao contrário, como já ressaltamos, a deterioração
do ambiente econômico do primeiro semestre de 2011, que se caracterizou pela menor rentabilidade das
exportações de bens manufaturados, pela redução do dinamismo do mercado interno e pelas pressões
generalizadas de custos, acabou produzindo nas grandes empresas uma situação de estreitamento da
capacidade de gerar receita acompanhada por alta nos custos de produção e nos custos operacionais.



BOLETIM DE ECONOMIA [ 8 ] / outubro de 2011                                             temas setoriais                   17
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                                         TaBela 4. desPesa financeira líQuida soBre a receiTa líQuida
                                                                      despesa Financeira líquida sobre a receita líquida
                                           setor
                                                                       jun.07     jun.08      jun.09    jun.10    jun.11
                       COMÉRCIO                                           2,8%         2,7%     2,8%      2,9%       3,4%
                       INDÚSTRIA                                         -0,1%         1,1%     -2,1%     2,7%      -0,8%
                        Indústria (menos Petrobras)                      -0,5%         1,3%     -3,7%     4,0%       0,7%
                        Indústria (menos Petrobras e Vale)               -0,9%      -0,3%       -2,9%     3,4%       1,2%
                       SERVIÇOS                                           2,7%         1,4%     0,4%      4,5%       4,0%
                        Serviços (sem empresas de energia elétrica)       2,4%         1,6%     -0,4%     4,4%       3,7%
                       COMERCIALIZÁVEIS                                  -0,1%         1,1%     -2,2%     2,8%      -0,9%
                       NÃO COMERCIALIZÁVEIS                               2,5%         1,5%     0,8%      3,7%       3,5%
                       total (menos Petrobras )                           0,8%         1,5%     -1,8%     4,0%       2,0%
                       total (menos Petrobras e vale)                     0,8%         0,5%     -1,2%     3,7%       2,4%
                       total                                              0,7%         1,2%     -1,1%     3,1%       0,7%

                 Fonte: Demonstrações financeiras de 220 empresas de capital aberto.


                      O conjunto de companhias da Indústria de Transformação espelhou esse movimento de modo
              mais nítido: o ritmo de crescimento da receita líquida, que havia atingido a taxa de 21,5% nos primeiros
              seis meses de 2010, caiu para 14,9% no mesmo período de 2011, e os custos dos produtos e serviços,
              ao contrário, cresceram num patamar superior de variação (de 17,3% para 18,5%). Isso fez com o volu-
              me de lucro líquido permanecesse praticamente no mesmo nível (R$ 14,6 bilhões) nos dois períodos.
              Nesse contexto, a margem líquida de lucro retraiu-se para 6,8% (0,9 pontos percentuais menor em
              relação ao mesmo período de 2009, a menor margem desde 2007, ver Tabelas A1, A2 e A3, anexas ao
              final deste artigo). Essa queda só não foi mais expressiva uma vez que houve diminuição da despesa
              financeira líquida devido ao efeito positivo da apreciação cambial sobre a dívida externa das empresas.
              Esse gasto representou 3,4% da receita líquida no primeiro semestre de 2010; no mesmo período de
              2011, a participação na despesa financeira líquida na receita caiu para 1,2% (ver Tabela 4).
                      Do ponto de vista setorial, dentro da Indústria de Transformação, várias outras circunstâncias
              condicionaram a lucratividade. Primeiramente, a observação geral de que o movimento de queda da
              margem líquida de lucro não foi homogêneo: a maioria dos 25 setores apresentou tendência de baixa
              na rentabilidade (15 setores) e apenas 10 – portanto, uma minoria – obtiveram aumento nas mar-
              gens líquidas de lucro. A norma mais geral que, do nosso ponto de vista, explica o menor desempenho
              cadente de lucros empresariais nesse setor é a concorrência com o produto importado favorecido pela
              valorização cambial. São os casos de empresas dos setores de Madeira, Máquinas e Equipamentos,
              Material de Transporte, Metalurgia, Química, Siderurgia e Têxtil, Couro e Vestuário. Exceções à regra,
              nesse caso, seriam as empresas de Calçados e Brinquedos que lograram aumentar a rentabilidade
              (caso de Calçados) ou reduzir perdas (Brinquedos). Predominância de custos (não só de mão de obra)
              pode explicar, a nosso ver, a menor rentabilidade na Construção Civil (ver Tabela 5).
                      Por outro lado – vale dizer, do ângulo dos setores cujas empresas aumentaram a lucrativida-
              de–, os destaques são os segmentos produtores de commodities, cujos preços aumentaram muito
              nos meses finais do ano passado e prevaleceram em patamar alto no primeiro semestre deste ano.
              São os casos de Alimentos, Mineração, Papel e Celulose. Aumentou também a rentabilidade de um
              setor industrial “não commoditizado”, o de Material Aeronáutico. Nesse caso, trata-se de setor de



    18        temas setoriais                                                            BOLETIM DE ECONOMIA [ 8 ] / outubro de 2011
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      TaBela 5. Margens de lucro (lucro líQuido / receiTa líQuida). PriMeiros seMesTres (2007 a 2011)

                                                                                                   tendência no
       setores                 subsetores           6m07     6m08       6m09     6m10     6m11     1º semestre
                                                                                                     de 2011*
      Comércio    Comércio de Medicamentos           1,1%     1,7%       2,9%     2,8%     2,2%         -
      Comércio    Comércio (Diversos)                0,8%     8,2%       2,6%     2,7%     2,7%         -
      Comércio    Comércio Varejista                 1,7%     1,4%       0,3%     2,4%     1,4%         -
      Comércio    Comércio Varejista de Gás         14,0%    13,5%       8,9%    13,5%     8,3%         -
      Indústria   Agronegócio                        -1,5%   17,6%       6,7%     6,5%    15,5%         +
      Indústria   Alimentos                          3,4%     0,6%       1,1%     0,8%     1,4%         +
      Indústria   Armas e Munição                    8,1%     9,2%       7,8%    11,0%     2,2%         -
      Indústria   Bebidas e Fumo                    14,6%    13,7%      27,8%    26,9%    31,3%         +
      Indústria   Bioenergia                        -14,2%   -45,7%      -6,0%    9,2%     0,5%         -
      Indústria   Brinquedos e Lazer                -14,5%   -26,7%     -44,1%   -23,8%   -10,3%        +
      Indústria   Calçados                          10,6%     5,5%       9,1%    13,7%    14,9%         +
      Indústria   Construção Civil e Incorporação   11,5%    18,6%      12,2%    14,9%    12,5%         -
      Indústria   Editora                           10,4%     6,5%       4,5%     2,9%     2,2%         -
      Indústria   Embalagens                         0,7%     7,2%      11,4%     8,1%     7,2%         -
      Indústria   Indústria Diversa                  4,0%     -0,2%      -9,7%    1,5%     1,4%         -
      Indústria   Madeira                           15,1%    16,1%       8,7%    12,0%    11,8%         -
      Indústria   Máquinas e Equipamentos            9,1%     8,5%       5,2%     8,3%     1,2%         -
      Indústria   Material Aeronáutico               3,5%     4,8%       8,9%     3,5%     8,4%         +
      Indústria   Material de Construção             -1,2%   10,3%       9,0%    10,3%     6,3%         -
      Indústria   Material de Transporte             4,6%     6,3%       0,8%     9,8%     7,3%         -
      Indústria   Metalurgia                         1,2%     5,8%       3,4%     5,4%     3,4%         -
      Indústria   Mineração                         32,1%    20,9%      18,9%    30,0%    44,8%         +
      Indústria   Papel e Celulose                  23,0%    17,2%      25,5%     6,4%    15,3%         +
      Indústria   Petróleo                          13,5%    15,2%      15,5%    15,5%    18,7%         +
      Indústria   Produtos de Higiene e Limpeza     16,9%    12,3%      17,1%    11,6%    12,4%         +
      Indústria   Química                            3,8%     4,3%       5,1%     6,0%     3,1%         -
      Indústria   Siderurgia                        14,8%    13,6%       3,5%     8,7%     7,0%         -
      Indústria   Têxtil, Couro e Vestuário          -5,4%    -1,3%      -5,1%    4,1%     -0,7%        -
      Indústria   Utilidades Domésticas              6,4%     4,5%       0,9%     4,0%     2,9%         -
      Serviços    Comunicação                        2,4%     3,5%       9,7%     4,0%     7,2%         +
      Serviços    Concessão de Rodovias             21,0%    18,0%      20,0%    23,1%    14,4%         -
      Serviços    Educação                           -0,3%    4,6%      10,1%     6,0%     7,7%         +
      Serviços    Energia                           17,5%    15,7%      15,2%    13,2%    12,7%         -
      Serviços    Exploração de Imóveis             15,5%    17,8%      31,1%    38,7%    40,9%         +
      Serviços    Hotelaria                         -33,9%    -0,7%     -12,9%   -12,8%    4,3%         +
      Serviços    Logística                          7,1%    10,7%      13,4%     5,2%     9,3%         +
      Serviços    Saneamento                        20,0%    19,6%      20,5%    14,1%    14,2%         +
      Serviços    Saúde                              1,1%     5,2%       2,5%     4,1%     4,2%         +
      Serviços    Serviços Diversos                  3,9%     5,4%       2,7%     7,0%     6,0%         -
      Serviços    Tecnologia da Informação          12,8%     7,3%       7,0%     7,3%     4,8%         -
      Serviços    Telefonia                         11,6%    10,6%       0,3%    10,9%     7,9%         -
      Serviços    Transporte Aéreo                   4,7%     -3,0%     15,9%     -2,8%    -1,4%        +

   Fonte: Demostrações financeiras de 220 empresas de capital aberto.
   (*) Tendência em relação ao 1º semestre de 2010




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              exportação, porém com grande coeficiente de importação que ameniza os efeitos de perda de compe-
              titividade externa motivado pela valorização do real devido ao barateamento simultâneo dos produtos
              intermediários usados na produção. Alguns outros setores muito vinculados ao mercado interno e
              menos afetados por importações lograram também elevar a taxa de lucro líquido; são os casos de
              Bebidas e Produtos de Higiene e Limpeza.
                      O setor de Serviços (sem energia elétrica) sentiu do mesmo modo a queda da rentabilidade,
              porém a composição da perda foi diferente em relação às empresas industriais. A margem líquida de
              lucro no subconjunto de Serviços (sem energia elétrica) perdeu 1,7 pontos percentuais em relação ao
              patamar de 2009 e caiu para 7,8% no primeiro semestre de 2011. As empresas conseguiram manter
              a taxa de crescimento da receita líquida na faixa de 12,6% – até se nota uma pequena alta no perí-
              odo recente, mas os custos dos produtos vendidos retomaram a trajetória de alta com expansão de
              13,1% e avanço de 2,1 pontos percentuais em relação à variação do ano anterior. Percebe-se alta nos
              custos em todos os subsetores, mas três deles (Saúde, Telefonia e Transporte Aéreo) destacaram-se
              concentrando 64,0% do aumento nos custos dos produtos vendidos. As margens líquidas não caíram
              de forma mais intensa em virtude da menor despesa financeira líquida; no caso do setor de Serviços
              (sem energia elétrica), a queda dessa despesa como proporção da receita líquida foi menor (de 4,4%
              para 3,5%) na comparação com a Indústria de Transformação.
                      Dentre os 12 subsetores acompanhados no segmento de Serviços (sem energia elétrica), oito
              obtiveram alta na margem líquida de lucro, com destaque para Exploração de Imóveis, Hotelaria, Lo-
              gística e Comunicação. Em sentido contrário e com peso nesse conjunto, as empresas de Telefonia
              e Concessionárias de Rodovias reduziram as suas margens com quedas no volume de lucro líquido.
                      Os dados do comércio foram influenciados pela incorporação das Casas Bahia ao grupo Pão
              de Açúcar. A receita líquida e os custos dos produtos vendidos cresceram em nível elevado (acima de
              50%) em virtude desse processo (ver Tabelas A1 e A2, anexas ao final deste artigo). No agregado, a
              margem líquida de lucro diminuiu para 1,7% no primeiro semestre de 2011 (1,5 pontos percentuais
              abaixo do observado em 2010). A queda da rentabilidade manifestou-se em três dos quatro subse-
              tores acompanhados, especialmente no Comércio Varejista e na Distribuição de Gás. No primeiro
              subsetor, a elevação em U$ 1,0 bilhão nas despesas financeiras, provavelmente em função da incor-
              poração acima citada, fez com que a participação desse gasto na receita líquida crescesse para 3,4%
              no primeiro semestre de 2011 reduzindo o lucro líquido e, consequentemente, a margem líquida de
              lucro em relação ao primeiro semestre de 2010.


              perspectivAs
                     A preocupação com a situação financeira das grandes empresas de capital aberto no Brasil
              faz sentido, hajam vistas as dificuldades ocorridas no auge da crise de 2008, quando um conjunto de
              empresas fez apostas no mercado de derivativos cambiais e, se não fossem socorridas pelo BNDES,
              quase sucumbiram. Hoje praticamente essas operações estão extintas no mercado e as variações
              cambiais relevantes, como a que estamos assistindo hoje em dia, impactam de forma distinta, via
              dívida em moeda estrangeira. Assim, se a desvalorização do real for mantida até o final do ano em
              um contexto de perda de rentabilidade da Indústria de transformação, a lucratividade das empresas
              ficará ainda mais comprometida via elevação das despesas financeiras.




    20        temas setoriais                                              BOLETIM DE ECONOMIA [ 8 ] / outubro de 2011
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       Estudo recente da Economatica (setembro de 2011) compilou o estoque de dívida em moeda            (7) Do universo acompanhado
                                                                                                         pela Economatica, 76 empresas
estrangeira de um conjunto de 241 empresas de capital aberto7 e simulou o impacto da desvalo-            ficaram de fora em função de
                                                                                                         não terem publicado a dívida
rização do real sobre a lucratividade medida pelo Ebit. O estoque de dívida estrangeira (excluída a      em moeda estrangeira nos seus
                                                                                                         relatórios padrões (ITR) entre-
Petrobras), no final de junho de 2011, atingiu o montante de U$ 51,4 bilhões, que se transformaram       gues à CVM, dentre elas a Vale
                                                                                                         do Rio Doce, a CSN, a Gerdau e
em R$ 80,3 bilhões convertidos pelo dólar Ptax de venda em 30 de junho (R$ 1,56). Estimando esse         a Usiminas, dentre outras. Es-
                                                                                                         sas empresas podem ter dados
mesmo estoque de dívida pelo dólar Ptax de venda em 30 de setembro de 2011 (R$ 1,84), o montan-          sobre as dívidas em moeda es-
                                                                                                         trangeira, em notas explicativas,
te de dívida alcançaria a cifra de R$ 95,3 bilhões. Assim, no trimestre julho-setembro a expansão em     que não foram processados no
reais da dívida denominada em moeda estrangeira seria de R$ 15, 1 bilhões. Para essa amostra de          sistema da Economatica.

empresas o lucro Ebit no segundo trimestre de 2011 foi de R$ 25,4 bilhões. Na hipótese de o lucro
esperado no terceiro trimestre ser da mesma magnitude do observado no segundo trimestre, o custo
financeiro relacionado à desvalorização do real alcançaria 59,5% de todo o Ebit do conjunto de empre-
sas no terceiro trimestre de 2011. Na Tabela A4 anexa ao final do artigo (retirada do estudo citado),
estão arroladas setorialmente as dívidas, os lucros e as simulações entre o crescimento da dívida e a
variação do lucro Ebit.
       Na pesquisa da Economatica não são consideradas as estratégias de hedge das empresas.
Nesse sentido, é provável que o impacto seja menor, uma vez que é grande a probabilidade de as
companhias terem feito hedge de suas dívidas em moeda estrangeira; porém, o custo de realizar
essa operação financeira também se ampliou recentemente no Brasil, com as medidas tomadas pelo
governo no sentido de conter o processo de especulação no mercado futuro de dólar.
       Outra estratégia das grandes empresas para evitar transtornos patrimoniais mais graves, caso
a desvalorização do real avance, é manter elevada quantia de recursos disponíveis no ativo circulante
das companhias. No primeiro semestre de 2010, a conta disponível do ativo das 220 companhias
compiladas pelo Grupo de Economia da Fundap alcançou o montante de R$ 173,4 bilhões. Nos pri-
meiros seis meses de 2011 essa cifra caiu para R$ 167,7 bilhões, o que representou, em termos
comparativos, um valor superior ao desembolso do BNDES em 2010. Sem os recursos disponíveis da
Petrobras e da Vale do Rio Doce, o total das disponibilidades atingiu o valor de R$ 111,7 bilhões (ver
Tabela A5, anexa). No corrente ano, nota-se que as empresas optaram por diminuir o ritmo de opera-
ções de crédito, preferindo usar os recursos disponíveis no caixa e/ou nas aplicações financeiras para
honrar as suas despesas operacionais e investimentos.
       Se o cenário internacional não for disruptivo, é grande a chance de o real permanecer desva-
lorizado em uma faixa de R$ 1,80, já que o patamar de reservas do país é elevado. Assim, caso esse
quadro se confirme, os impactos nos estoques privados de dívidas em moeda estrangeira seriam con-
tornáveis, embora alguns setores possam sofrer mais intensamente em função da maior exposição
do seu passivo ao dólar.
       O fato novo relevante nos dados das grandes empresas no primeiro semestre de 2011 é
que, ao contrário de períodos anteriores, foi aberto um leque de possibilidades que se traduzi-
ram em queda da rentabilidade empresarial e alta localizada nas margens líquidas de lucro de
algumas empresas cuja receita é referenciada nas commodities. Ocorreram elevações significa-
tivas de custos domésticos em serviços e mão de obra, a concorrência externa aprofundou-se e
os preços de commodities mantiveram-se em nível elevado no plano internacional, o que afetou
de forma diferenciada a rentabilidade das empresas, segundo sua posição no mercado, sua
capacidade de suportar a concorrência externa ou de absorver, como lucro, os preços elevados



BOLETIM DE ECONOMIA [ 8 ] / outubro de 2011                                           temas setoriais                    21
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                   de produtos primários. O setor de Serviços, excluídas as empresas de energia elétrica, também
                   perdeu rentabilidade nesse contexto, mas a sua capacidade de gerar receitas foi preservada no
                   primeiro semestre de 2011, em relação ao padrão observado em 2010.




                   Anexos

                                         TaBela a1. TaBela . eVolução da receiTa líQuida das grandes eMPresas

                                                                                receita líquida (em r$ bilhões correntes)

                               setor                                                                              Média Anual              jun.11
                                                                                                                                jun.10 /
                                                          jun.07     jun.08     jun.09    jun.10      jun.11     de Crescimento               /
                                                                                                                                 jun.09
                                                                                                                 (2007 e 2009)             jun.10
           COMÉRCIO                                          17,0      20,9       23,0      29,7        46,6          16,2%       29,2%     57,1%
           INDÚSTRIA                                       225,8      287,9      266,3     324,2       381,6           8,6%       21,8%     17,7%
           Indústria (menos Petrobras)                     145,1      186,4      179,1     220,2       265,3          11,1%       23,0%    20,5%
           Indústria (menos Petrobras e Vale)              111,0      153,9      155,5     189,1       217,3          18,3%       21,7%    14,9%
           SERVIÇOS                                          78,1      90,1      103,1     117,2       131,4          14,9%       13,7%    12,1%
           Serviços (sem empresas de energia elétrica)       45,1      53,5       64,9      72,8        82,0          20,0%       12,2%    12,6%
           COMERCIALIZÁVEIS                                220,4      278,8      254,5     305,7       359,4           7,5%       20,1%     17,6%
           NÃO COMERCIALIZÁVEIS                            100,4      120,0      137,7     165,3       200,1          17,1%       20,0%    21,0%
           total (menos Petrobras )                        240,2      297,4      305,1     367,0       443,3          12,7%       20,3%    20,8%
           total (menos Petrobras e vale)                  206,1      264,9      281,5     335,9       395,3          16,9%       19,3%     17,7%
           total                                           320,9      398,8      392,3     471,0       559,6          10,6%       20,1%    18,8%
           %	do	PIB                                         	25,1	     	27,4	    	26,2	     	27,0	      	28,5	            ─           ─        ─-

                       Fonte: Demonstrações financeiras de 220 empresas de capital aberto.




                             TaBelas a2. TaBela . eVolução do cusTo dos ProduTos Vendidos (cPV) das grandes eMPresas
                                                                                     cPv (em r$ bilhões correntes)

                               setor                                                                              Média Anual              jun.11
                                                                                                                                jun.10 /
                                                          jun.07     jun.08     jun.09    jun.10      jun.11     de Crescimento               /
                                                                                                                                 jun.09
                                                                                                                 (2007 e 2009)             jun.10
           COMÉRCIO                                         12,0       14,9       16,5      21,7        33,5          17,4%       31,3%    54,3%
           INDÚSTRIA                                       140,3      190,8     184,0     220,5        261,5         14,5%        19,8%    18,6%
           Indústria (menos Petrobras)                      92,1      127,8      133,6     155,1       185,7         20,4%        16,1%    19,7%
           Indústria (menos Petrobras e Vale)               77,4      112,4     120,0      140,8       166,8         24,5%        17,3%    18,5%
           SERVIÇOS                                         47,3       56,6       65,5      74,2        83,2          17,6%       13,2%    12,1%
           Serviços (sem empresas de energia elétrica)      26,7       32,4       39,6      43,7        49,4         21,9%        10,2%    13,1%
           COMERCIALIZÁVEIS                                137,4      185,9      177,0    209,0        247,2         13,5%        18,1%    18,3%
           NÃO COMERCIALIZÁVEIS                             62,2       76,3       89,1     107,4       131,0         19,7%        20,5%    22,0%
           total (menos Petrobras )                        151,4     199,2      215,6     251,0        302,4         19,3%        16,4%    20,5%
           total (menos Petrobras e vale)                  136,8     183,8      202,1     236,7        283,5         21,5%        17,1%    19,8%
           total                                           199,6     262,2      266,0     316,4        378,2         15,4%        18,9%    19,5%

                       Fonte: Demonstrações financeiras de 220 empresas de capital aberto.




    22             temas setoriais                                                                   BOLETIM DE ECONOMIA [ 8 ] / outubro de 2011
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                         TaBela a3. TaBela . eVolução do lucro líQuido das grandes eMPresas
                                                                          lucro líquido (em r$ bilhões correntes)

                       setor                                                                           Média Anual                   jun.11
                                                                                                                         jun.10 /
                                                 jun.07       jun.08     jun.09   jun.10     jun.11   de Crescimento                    /
                                                                                                                          jun.09
                                                                                                      (2007 e 2009)                  jun.10
 COMÉRCIO                                           0,5          0,5        0,3      1,0        0,8       -19,5%         213,3%      -16,7%
 INDÚSTRIA                                         32,0         34,7       29,4     40,1       58,2        -4,0%          36,3%       45,1%
 Indústria (menos Petrobras)                       21,0         18,9       15,9     24,1       36,3       -13,1%           51,7%     50,6%
 Indústria (menos Petrobras e Vale)                10,1         12,1       11,3     14,6       14,7         5,7%          29,4%        0,9%
 SERVIÇOS                                          10,7         10,4        9,8     12,8       12,7        -4,0%          29,8%       -0,6%
 Serviços (sem empresas de energia elétrica)        4,9          4,7        4,0      6,9        6,4        -9,3%          72,5%       -7,1%
 COMERCIALIZÁVEIS                                  31,3         33,1       27,9     37,5       55,5        -5,5%          34,3%      48,0%
 NÃO COMERCIALIZÁVEIS                              11,8         12,5       11,6     16,3       16,2        -0,9%          40,2%       -0,9%
 total (menos Petrobras )                          32,2         29,9       26,0     37,8       49,8       -10,1%          45,3%      31,6%
 total (menos Petrobras e vale)                    21,2         23,1       21,4     28,3       28,2         0,4%          32,2%       -0,3%
 total                                             43,1         45,6       39,6     53,8       71,7        -4,2%          36,0%       33,2%
   Fonte: Demonstrações financeiras de 220 empresas de capital aberto.


TaBela a4. díVida eM Moeda esTrangeira das grandes eMPresas de caPiTal aBerTo e iMPacTo da desValorização do real
                                                                                  dívida em moeda estrangeira (em milhares de r$)                  % do
                                           dívida em moeda        lucro ebit,
Quantidade                                                                                                                                    crescimento
                                              estrangeira        2o trim. 2011
    de                   setor                                                                                                                da dívida vs
                                           (em milhares de       (em milhares       30/jun./11          30/set./11          Variação
 empresas                                                                                                                                      lucro ebit,
                                             us$, jun.11)            de r$)
                                                                                                                                              2o trim. 2011
         34   Energia Elétrica               11.903.337           7.532.831          18.582.300          22.073.549          3.491.249               46,3
         13   Alimentos e Bebidas              8.757.171          3.413.174          13.670.819          16.239.297          2.568.478               75,3
          9   Telecomunicações                 7.039.422          4.927.119          10.989.241         13.053.903           2.064.662               41,9
          3   Papel e Celulose                 6.987.240               147.322       10.907.780          12.957.137          2.049.357            1.391,1
         58   Outros                           5.193.681          3.035.260            8.107.856          9.631.163          1.523.307               50,2
          5   Petróleo e Gás                   2.747.556                65.326        4.289.209           5.095.067            805.858            1.233,6
         14   Comércio                         2.446.394          1.110.286           3.819.066           4.536.593            717.527               64,6
         15   Veículos e Peças                 2.226.054               685.274        3.475.093           4.127.995            652.902               95,3
          8   Transporte e Serviços            2.046.093               232.165        3.194.155           3.794.274            600.119              258,5
         18   Siderúrgica e Metalúrgica          746.176               167.625        1.164.855           1.383.708            218.853              130,6
         4    Mineração                         605.130           1.819.115                944.668        1.122.153            177.485                9,8
          9   Química                            417.249                40.738             651.367          773.746            122.379              300,4
         18   Têxtil                            251.794                238.288             393.076          466.927             73.851               31,0
         21   Construção                         53.984           1.159.822                 84.274          100.107             15.833                1,4
         3    Eletroeletrônicos                  13.221            -152.647                 20.640           24.518                 3.878             -2,5
         2    Máquinas Industriais                  123                  2.469                 192              228                    36             1,5
         3    Software e Dados                            0            885.875                   0                   0                  0             0,0
         2    Minerais Não Metálicos                      0              6.984                   0                   0                  0             0,0
          1   Agro e Pesca                                0             52.818                   0                   0                  0             0,0
      240     Total Brasil sem Petrobras     51.434.625          25.369.844          80.294.591         95.380.365          15.085.774               59,5
Petrobras     Petróleo e Gás                 46.880.516         12.213.526           73.185.174         86.935.229         13.750.055               112,6
      241     Total Brasil com Petrobras      98.315.140         37.583.370         153.479.765        182.315.596         28.835.831                76,7
              Dólar Ptax                                                                    1,5611           1,8544                 18,79
   Fonte: tabela retirada de estudo realizado pela Economatica, setembro de 2011



BOLETIM DE ECONOMIA [ 8 ] / outubro de 2011                                                                    temas setoriais                       23
GRUPO DE ECONOMIA / FUNDAP                         www.fundap.sp.gov.br




                                                TaBela a5. eVolução do disPoníVel das grandes eMPresas
                                                                               disponível (em r$ bilhões correntes)

                               setor                                                                      Média Anual              jun.11
                                                                                                                        jun.10 /
                                                          jun.07    jun.08   jun.09   jun.10    jun.11   de Crescimento               /
                                                                                                                         jun.09
                                                                                                         (2007 e 2009)             jun.10
           COMÉRCIO                                           3,9      4,1      4,5      4,9       6,0         7,4%        8,9%    21,5%
           INDÚSTRIA                                        60,1      71,5     88,2    117,9     121,4        21,1%       23,5%     2,9%
           Indústria (menos Petrobras)                      42,3      60,4     78,2     93,7      86,7       36,0%        29,4%     -7,5%
           Indústria (menos Petrobras e Vale)               38,6      56,7     61,8     81,8      65,4       26,5%         9,1%    -20,1%
           SERVIÇOS                                         28,8      34,6     31,7     50,6      40,4         4,9%        -8,6%   -20,2%
           Serviços (sem empresas de energia elétrica)      19,1      24,0     22,0     36,4      26,0         7,1%        -8,6%   -28,7%
           COMERCIALIZÁVEIS                                 55,2      66,3     83,4    107,3     115,0       23,0%        25,8%      7,1%
           NÃO COMERCIALIZÁVEIS                             37,6      43,9     40,9     66,1      52,7         4,3%        -6,7%   -20,2%
           total (menos Petrobras )                         75,0      99,2   114,3    149,2      133,0       23,5%        15,3%    -10,8%
           total (menos Petrobras e vale)                   71,3      95,4     98,0   137,3     111,7         17,2%        2,7%    -18,7%
           total                                            92,8    110,2    124,4     173,4     167,7       15,8%        12,9%     -3,3%

                       Fonte: Demonstrações financeiras de 220 empresas de capital aberto.




    24             temas setoriais                                                             BOLETIM DE ECONOMIA [ 8 ] / outubro de 2011
Boletim De Economia 8 Out2011 Completo
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Boletim De Economia 8 Out2011 Completo

  • 1. GRUPO DE ECONOMIA / FUNDAP www.fundap.sp.gov.br BOLETIM DE ECONOMIA 8 outubro de 2011 Conjuntura Econômica em Foco A NOVA POLÍTiCA iNDuSTRiAL: AVANÇOS E LimiTES Temas Setoriais DESEmPENhO DAS gRANDES EmPRESAS DE CAPiTAL AbERTO NO PRimEiRO SEmESTRE DE 2011: RENTAbiLiDADE Em quEDA E CAixA REfORÇADO Julio Sergio Gomes de Almeida Luis Fernando Novais Anexo Estatístico
  • 2. GRUPO DE ECONOMIA / FUNDAP www.fundap.sp.gov.br Governador do estado Geraldo Alckmin secretário de Gestão Pública Julio Semeghini Fundação do desenvolvimento administrativo (FundaP) diretor executivo Geraldo Biasoto Junior GruPo de economia / FundaP Luis Fernando Novais (coordenador) Mario Roque Bonini Rafael Fagundes Cagnin Ivan Marangoni Talita Miranda Ribeiro Waldomiro Pecht Maria Cristina Penido de Freitas (consultora) técnico José Roberto Rodrigues estagiários Cristiano Augusto Galdino Erick Santos da Cunha Rodrigo Hoefler Latrequia Thiago Gonçalves Amaral eQuiPe de edição coordenação editorial Laís C. C. M. Nabuco de Araújo capa , Projeto Gráfico, editoração eletrônica e revisão Newton Sodré Fundação do desenvolvimento administrativo, Fundap rua cristiano viana, 428 05411-902 são Paulo sP telefone (11) 3066 5500 www.fundap.sp.gov.br 2 BOLETIM DE ECONOMIA [ 8 ] / outubro de 2011
  • 3. GRUPO DE ECONOMIA / FUNDAP www.fundap.sp.gov.br APRESENTAÇÃO O boletim de economia é uma publicação mensal do Grupo de Economia da Fundap. Com- posto de três seções (conjuntura econômica, um estudo sobre temas setoriais e anexo estatístico), o Boletim aborda temas de interesse do setor público. Nesta oitava edição, o artigo da seção de conjuntura faz uma breve análise da nova política industrial, consubstanciada no Plano Brasil Maior, lançado pelo governo Dilma em agosto de 2011, enquanto o estudo setorial analisa o desempenho das grandes empresas de capital aberto no primei- ro semestre de 2011. SumáRiO Conjuntura Econômica em Foco [p. 5] A NOVA POLÍTiCA iNDuSTRiAL: AVANÇOS E LimiTES Temas Setoriais [p. 13] DESEmPENhO DAS gRANDES EmPRESAS DE CAPiTAL AbERTO NO PRimEiRO SEmESTRE DE 2011: RENTAbiLiDADE Em quEDA E CAixA REfORÇADO Julio Sergio Gomes de Almeida Luis Fernando Novais Anexo Estatístico [p. 25] BOLETIM DE ECONOMIA [ 8 ] / outubro de 2011 3
  • 4.
  • 5. GRUPO DE ECONOMIA / FUNDAP www.fundap.sp.gov.br A NOVA POLÍTiCA iNDuSTRiAL: AVANÇOS E LimiTES Grupo de Economia / Fundap Este artigo tem por objetivo fazer uma breve análise da nova política industrial, consubstan- ciada no Plano Brasil Maior (doravante PBM), lançado pelo governo Dilma em 2 de agosto de 2011. O lançamento do PBM foi sem dúvida oportuno, já que o setor industrial não vive um bom mo- mento. O indicador mais sucinto − e também mais revelador − disto é que a produção no setor não voltou a crescer desde o auge anterior à grande crise internacional em setembro de 2008 – uma crise que causou forte declínio da indústria, seguido de uma recuperação ao longo de 2009 e em parte de 2010 que apenas recolocou o nível de produção no padrão anterior à crise. Assim, considerando esses dois movimentos, na média dos últimos três anos a indústria brasileira virtualmente não saiu do lugar. Um verdadeiro colapso de competitividade dos setores produtivos nacionais responde pela estagnação industrial, resultante da valorização de nossa moeda, aliada a uma intensificação sem precedentes da concorrência mundial por mercados dinâmicos, como é o mercado brasileiro. Essa trajetória da indústria é fundamental para explicar a desaceleração do PIB brasileiro ao longo deste ano. Ademais, os atuais sinais de agravamento do quadro financeiro e de crescimento econômico das economias mais industrializadas carregam ainda mais um ambiente que, para a economia brasileira, já se mostrava desfavorável pelo fraco desempenho industrial. É nesse contexto que um aspecto fundamental do PBM é o fato de que, por meio dele, o novo governo dá uma demonstração de que atribui ao setor industrial papel decisivo na promoção do desenvolvimento brasileiro. Daí o seu empenho em transformar em ações relevantes os três pilares sobre os quais se apoia a nova política industrial: (a) ampliação dos estímulos ao investimento e à ino- vação; (b) adoção de medidas para a área do comércio exterior; e (c) ações para a defesa da indústria e do mercado interno. BOLETIM DE ECONOMIA [ 8 ] / outubro de 2011 conjuntura econômica em foco 5
  • 6. GRUPO DE ECONOMIA / FUNDAP www.fundap.sp.gov.br Este texto se organiza da seguinte forma. Após esta breve introdução, expõe-se o diagnóstico do governo acerca das perspectivas da indústria brasileira − nos termos do próprio texto do PBM − e as suas principais metas. Em seguida, um quadro organiza as principais medidas do PMB, nas três principais frentes supracitadas. Por fim, tecem-se reflexões acerca dos principais méritos e limitações do plano. A visão subjAcente Ao plAno e As metAs estAbelecidAs O PBM estabelece a política industrial, tecnológica, de serviços e de comércio exterior a ser adotada ao longo do período do novo governo (2011 a 2014). Seu foco parte da ideia de que, com “o estímulo à inovação e à produção nacional para alavancar a competitividade da indústria nos merca- dos interno e externo, o país se organiza para dar passos mais ousados em direção ao desenvolvimen- to econômico e social”, como referido no próprio documento. Com o lançamento do PBM, o atual governo dá continuidade aos dois planos anteriores do mandato do presidente Lula: a Política Industrial, Tecnológica e de Comércio Exterior, PITCE (2003- 2007), e a Política de Desenvolvimento Produtivo, PDP (2008-2010). A seguir, faz-se um resumo da visão subjacente ao PBM e de suas principais metas, tendo por base documentos oficiais, especialmente o documento “Plano Brasil Maior 2011/2014 – Inovar para Competir, Competir para Crescer”. O PBM elenca seis aspectos vistos como oportunos para a indústria brasileira: • um mercado interno grande e dinâmico, com capacidade de sustentar o crescimento mes- mo no contexto de crise dos países desenvolvidos; • condições favoráveis do mercado de commodities no curto e médio prazos que possibilitam a manutenção do superávit da balança comercial; • presença de um conjunto de empresas, com potencial inovador no Brasil, com capacidade de liderar o processo de modernização produtiva; • acúmulo de competências científicas com potencial para desenvolver produtos e serviços com alto conteúdo tecnológico; • abundância de recursos naturais, de domínio tecnológico e de capacidade empresarial em energias renováveis e na cadeia de petróleo e gás; e • utilização das compras públicas e dos grandes eventos esportivos para alavancar novos negócios e tecnologias. Por outro lado, aponta como desafios: • intensificar o desenvolvimento tecnológico da indústria de transformação; • combater os efeitos da “guerra cambial” e das incertezas do cenário internacional; • enfrentar o acirramento da concorrência internacional nos mercados doméstico e ex- terno; • aprofundar o investimento em infraestrutura física; e • impulsionar a qualificação profissional em níveis técnico e superior, com destaque para a ampliação das engenharias. Em consonância com esse diagnóstico, são quatro os objetivos estratégicos definidos pelo Plano: 6 conjuntura econômica em foco BOLETIM DE ECONOMIA [ 8 ] / outubro de 2011
  • 7. GRUPO DE ECONOMIA / FUNDAP www.fundap.sp.gov.br • desenvolvimento sustentável: por meio da inovação e do investimento como motor para ampliar a competitividade, sustentar o crescimento e melhorar a qualidade de vida; • ampliação de mercados: diversificando as exportações e promovendo a internacionaliza- ção das empresas brasileiras; elevando a participação nacional nos mercados de tecno- logias, bens e serviços para energias; e ampliando o acesso a bens e serviços para a população; • adensamento produtivo e tecnológico das cadeias de valor: ampliando o valor agregado nacional; elevando a participação dos setores intensivos em conhecimento; fortalecendo as micro, pequenas e médias empresas (MPME); e produzindo de forma mais limpa; • criação e fortalecimento de competências críticas: ampliando o investimento fixo; elevando o dispêndio empresarial em P&D; e aumentando a qualificação dos recursos humanos. Os objetivos estratégicos desdobram-se em um conjunto de 10 metas quantitativas, a serem alcançadas no período de vigência do Plano – isto é, até 2104. São elas: • ampliar o investimento fixo, em percentual do PIB: de 18,4% (2010) para 22,4% em 2014; • elevar o dispêndio empresarial em P&D, em percentual do PIB: de 0,59% (2010) para 0,90% em 2014; • aumentar a qualificação de RH, em percentual de trabalhadores da indústria com, pelo menos, nível médio: de 53,7% (2010) para 65,0% em 2014; • ampliar o valor agregado nacional, por meio do aumento da relação entre o Valor da Trans- formação Industrial e o Valor Bruto da Produção (VTI/VBP): de 44,3% (2009) para 45,3% em 2014; • elevar o percentual da indústria intensiva em conhecimento; VTI da indústria de alta e mé- dia-alta tecnologia/VTI total da indústria: de 30,1% (2009) para 31,5% em 2014; • fortalecer as MPME, aumentando em 50% o número de MPME inovadoras: de 37,1 mil (2008) para 58,0 mil em 2014; • produzir de forma mais limpa, diminuindo o consumo de energia por unidade de PIB indus- trial – consumo de energia em tonelada equivalente de petróleo (TEP) por unidade de PIB industrial: de 150,7 TEP/R$ milhão (2010) para 137,0 TEP/R$ milhão em 2014; • diversificar as exportações brasileiras, ampliando a participação do país no comércio inter- nacional: de 1,36% (2010) para 1,60% em 2014; • elevar a participação nacional nos mercados de tecnologias, bens e serviços para energias, aumentando o Valor da Transformação Industrial/Valor Bruto da Produção (VTI/VBP) dos setores ligados a energia: de 64,0% (2009) para 66,0% em 2014; • ampliar o acesso a bens e serviços voltados à qualidade de vida, por meio da ampliação do número de domicílios urbanos com acesso à banda larga (meta PNBL): de 13,8 milhões de domicílios (2010) para 40,0 milhões de domicílios em 2014. As principAis medidAs do pbm As medidas propostas pelo Plano Brasil Maior podem ser classificadas em três frentes de ação: (a) estímulo ao investimento e à inovação; (b) comércio exterior; e (c) defesa da indústria e do mercado interno. O Quadro 1, a seguir, resume as principais medidas do PBM. BOLETIM DE ECONOMIA [ 8 ] / outubro de 2011 conjuntura econômica em foco 7
  • 8. GRUPO DE ECONOMIA / FUNDAP www.fundap.sp.gov.br Quadro 1. PrinciPais Medidas do Plano Brasil Maior estímulos ao investimento e à inovação (a) Desoneração tributária • Extensão por mais 12 meses da redução do IPI sobre bens de investimento (bens de capital, materiais de construção, caminhões e veículos comerciais leves). • Redução gradual do prazo para devolução dos créditos do PIS/Cofins sobre bens de capital. (b) Financiamento ao Investimento • Extensão, até dezembro de 2012, do Programa de Sustentação do Investimento (PSI) do BNDES, com a inclusão de outros setores e programas. • Ampliação do programa de capital de giro (Apoio ao Fortalecimento da Capacidade de Geração de Emprego e Renda - BNDES Progeren). • Relançamento do Programa BNDES Revitaliza, com novas condições de financiamento ao investimento. • Criação do Programa BNDES Qualificação, com apoio à expansão da capacidade de instituições privadas de ensino técnico e profissionalizante. • Criação de Programa para Fundo do Clima do BNDES, com o objetivo de financiar projetos que reduzam a emissão de gases de efeito estufa. (c) Financiamento e Incentivo à Inovação • Novos recursos para o Finep, com aumento de crédito do BNDES para inovação. • Crédito pré-aprovado dos planos de inovação de empresas. • Ampliação de programas setoriais de inovação do BNDES (exemplo: Profarma, Proplástico, Proaeronáutica). (d) Marco Legal da Inovação • Permissão de contratos com cláusulas de risco tecnológico previstas na Lei de Inovação. • Inclusão de projetos de entidades de ciência e tecnologia privadas sem fins lucrativos. • Ampliação do atendimento das fundações de apoio às ICT. • Modernização do marco legal do Inmetro, o que significou a ampliação do controle e fiscalização de produtos importados e do escopo de certificação. comércio exterior (a) Desoneração, Financiamento e Promoção das Exportações • Instituição do Reintegra: devolução ao exportador de bens industrializados de até 3% do valor exportado. • Ampliação e maior agilização do ressarcimento de créditos aos exportadores. (b) Defesa Comercial • Intensificação do antidumping, salvaguardas e medidas compensatórias. • Combate à circunvenção, falsa declaração de origem e subfaturamento. • Aperfeiçoamento da estrutura tarifária do Imposto de Importação. • Aumento da exigência de certificação compulsória. • Fortalecimento do combate a importações ilegais. • Acordo de cooperação MJ-MDIC para combater a violação de propriedade industrial e de certificação compulsória. • Suspensão de ex-tarifário para máquinas e equipamentos usados. • Criação de Fundo de Financiamento à Exportação de MPME (Proex Financiamento). • Entrada em vigor do Ata-Carnet: facilitação da circulação dos bens em regime de admissão temporária, sem a incidência de tributos. defesa da indústria e do mercado interno • Desoneração, até 2012, da folha de pagamento para os setores de Confecções, Calçados, Móveis e Software (projeto-piloto). • Regime especial para o setor automotivo. • Lei n. 12.349/2010: instituição de margem de preferência de até 25% nos processos de licitação para produtos manufaturados e serviços nacionais. • Harmonização de políticas de financiamento dos bancos públicos com recursos da União (FAT, Fundos Constitucionais, recursos do Tesouro). principAis Acertos e limitAções do plAno O PBM tem vários méritos. O primeiro e mais evidente deles é propor medidas para reduzir o custo tributário da indústria em um momento de dificuldades para o setor industrial. O “plano piloto” da desoneração da folha é uma contribuição pioneira, que pode ter impactos positivos para os seto- 8 conjuntura econômica em foco BOLETIM DE ECONOMIA [ 8 ] / outubro de 2011
  • 9. GRUPO DE ECONOMIA / FUNDAP www.fundap.sp.gov.br res industriais intensivos em mão de obra1. Pioneira é também a instituição de um percentual de até (1) Embora certos segmentos já sinalizam que permanecerão 3% das exportações para ressarcimento aos exportadores por tributos que não são recuperados quando voluntariamente fora da nova regra; por exemplo, embora a da venda de produtos para o exterior2. Além disso, com o PBM, o governo completou a remoção de tri- regra se estenda para os seto- res de Têxtil e Móveis, tanto os butos federais sobre o investimento. A retirada ou a suavização de custos tributários do emprego, do produtores de tecidos quanto os de móveis metálicos preferiram investimento e das exportações corresponde a um esforço importante do governo e constitui avanço continuar pagando contribuição sobre a folha a passar a pagar indubitável − embora deva ser sublinhado que correspondem mais propriamente a uma “remoção de 1,5% sobre o faturamento, argu- mentando que os salários têm desincentivos” do que à concessão de incentivos. peso pequeno no processo pro- dutivo, fortemente mecanizado. Outro importante avanço promovido no PBM refere-se aos programas de financiamento à ino- (2) A regulamentação do Reinte- vação e ao investimento. A esse respeito, deve-se ressaltar que as medidas no caso do financiamento gra ainda está em andamento, mas já foi definido que setores ao investimento pelo BNDES não parecem elevar significativamente o volume de recursos dessa ins- com poucas etapas no proces- tituição para o financiamento da indústria e serviços. No caso do financiamento ao investimento pelo so produtivo não terão o bene- fício – o que excluirá produtores BNDES, a tônica foi o estabelecimento de focos específicos para direcionar o financiamento incentiva- de etanol, açúcar, suco de la- ranja e outros industrializados. do. Tal como recomenda a boa prática da política industrial para as atividades contempladas. Assim, o Programa de Sustentação do Investimento (PSI) – que já tinha focos em bens de capital, inovação, exportação e no Pro-Caminhoneiro – passou a incluir: componentes e serviços técnicos especializa- dos; equipamentos para a área de tecnologia de informação e telecomunicações; ônibus híbridos; Proengenharia; e Linha Inovação Produção. O PSI deve vigorar até dezembro de 2012, assim como o Revitaliza (programa anterior que be- neficiava setores afetados pela concorrência externa, tais como: têxtil e confecção, couro e calçados, bens de capital e, agora também, autopeças). Os demais programas incentivados são focados nas micros, pequenas e médias empresas, no ensino técnico e profissionalizante e em sustentabilidade. Assim, nesse campo, o PBM agiu inteiramente dentro da boa técnica de política de desenvolvimento: definiu os segmentos para os quais se dirige o incentivo do financiamento ao investimento com recur- sos do Tesouro Nacional e fixou a data para o término do incentivo. Para o Plano, o foco da nova política industrial está no “estímulo à inovação e à produção na- cional para alavancar a competitividade da indústria nos mercados interno e externo”. Daí seu slogan: “inovar para competir, competir para crescer”. No caso do financiamento à inovação, o PBM concebe expressivo aporte adicional de recursos para o financiamento e investimento em inovação, com os recursos novos repassados pelo BNDES à Finep no valor de R$ 2 bilhões, que se somam a montante equivalente anteriormente aportado na Finep. O BNDES também criou programas relevantes nessa área, com destaque para o programa de financiamento dos planos globais de inovação das empresas. Aqui, o aspecto importante a destacar é que ocorreu uma mudança muitíssimo salutar de foco do apoio financeiro à inovação, que passou da ótica de um determinado projeto de inovação empresarial para a do plano global de inovação da empresa. Talvez o maior mérito do PBM foi ter partido da visão de que (1) a indústria é um vetor funda- mental do desenvolvimento brasileiro e (2) a política industrial deve ser concebida como um processo, fruto de debates com diversos setores da sociedade. No espírito de contribuir para a discussão, cabe apontar duas graves lacunas no Plano, que requerem atenção urgente: o horizonte temporal do Plano e a questão da competitividade. No tocante ao primeiro tema, chama a atenção o fato de que o PBM confere um horizonte muito curto, defensivo e limitado à política industrial brasileira. Tal limitado alcance talvez decorra de o PBM BOLETIM DE ECONOMIA [ 8 ] / outubro de 2011 conjuntura econômica em foco 9
  • 10. GRUPO DE ECONOMIA / FUNDAP www.fundap.sp.gov.br ater-se ao período de governo que vai até 2014, confinando a política de desenvolvimento − que deve ter uma necessária referência de longo prazo − a um horizonte curto. São muitos os desafios que se colocam para a indústria brasileira. Seria fundamental definir uma seleção de setores, cadeias ou atividades dentro da preocupação de desenvolver desde já as bases da transformação industrial que sustentará o dinamismo da indústria brasileira no longo prazo. Economia do petróleo, manufatura de base agroalimentar, indústria de bens, serviços e equipamen- tos referenciados à sustentabilidade, à nanotecnologia, à habitação, à saúde, além de outros temas que o debate com a sociedade venha a identificar, poderiam ser alvo de desafios mais ambiciosos, e para eles poderiam ser direcionados os incentivos das políticas. O receio é que se percam os incen- tivos e os instrumentos mobilizados pelo Plano, diante da não definição de diretrizes para guiar sua destinação em prol da transformação da indústria. Em segundo lugar, a questão da competitividade. Para o PBM, o foco da nova política industrial está no estímulo à inovação para alavancar a competitividade da indústria. O Plano acerta em alçar a condição tão elevada a questão da inovação, e também são corretas as medidas adotadas para o reforço da inovação. Mas, mesmo no caso de países líderes industriais, as empresas e os setores não são perma- nentemente inovadores, o que significa dizer que a indústria de um país depende de outros fatores na definição de sua capacidade de competir com o produto produzido no exterior. Para conquistar maior competitividade, as economias que mais se destacam têm, além de grande atividade inovadora, pri- morosa produtividade e não descuidam de uma “competitividade sistêmica” que, igualmente, deve ser de primeira linha. Aqui se encontram importantes lacunas do PBM. A palavra “produtividade” sequer é mencio- nada no texto. Além disso, e até por escapar à sua alçada, não são abordadas no âmbito do PBM as questões relativas à competitividade sistêmica − mas delas decorre um efeito devastador sobre a competitividade do produto nacional. O mesmo vale para o câmbio: a intensidade da valorização da moeda nos últimos anos sobrepujou largamente quaisquer ganhos obtidos com a inovação e com o aumento da produtividade industrial. Além disso, como bem lembra o professor David Kupfer, em artigo recente no jornal Valor Eco- (3) Cf.: O Plano Brasil Maior. Va- nômico3, o desenho da política industrial deve levar em conta a evolução do cenário internacional lor Econômico, em 29/8/2011. Disponível em < http://www. bastante preocupante neste momento. Uma hipótese bastante plausível é que, embora a Europa seja valor.com.br/5092/990720/o- plano-brasil-maior> . Acesso em hoje o epicentro da crise, os EUA enfrentam um período prolongado de recessão. Esse quadro certa- 7/10/2011. mente terá rebatimento sobre a China, o que poderia reforçar a tendência de o Brasil assumir papel de destaque na produção de commodities ou outros bens não elaborados, ocupando um espaço aberto pelo enfraquecimento da pujança chinesa. Nada mais longe da rota desejável para a indústria nacional. Nas palavras de Kupfer: “Evidentemente, uma transformação dessa natureza virá na contramão dos objetivos de desenvolvimento nacional, razão pela qual é imprescindível a inclusão da dimensão da mudança estrutural na reflexão sobre as diretrizes gerais da política industrial. Especial- mente diante do aprofundamento das incertezas que rondam a economia mundial, o re- posicionamento da indústria brasileira não poderá prescindir da manutenção ou mesmo aceleração do processo de aumento das escalas técnicas e econômicas das empresas, da 10 conjuntura econômica em foco BOLETIM DE ECONOMIA [ 8 ] / outubro de 2011
  • 11. GRUPO DE ECONOMIA / FUNDAP www.fundap.sp.gov.br maior convergência entre o esforço exportador e as estratégias de internacionalização das bases produtivas dessas empresas e da retomada do processo de diversificação estrutural das atividades produtivas, tanto na indústria quanto nos serviços, recuperando o padrão que historicamente sempre caracterizou o desenvolvimento brasileiro.” Aparece aqui, de novo, a questão fundamental do alcance que se espera de uma política in- dustrial: ela deve visar a transformações estruturais, somente concebíveis no longo prazo. Ou seja, houve avanços importantes com o PBM, mas o desenho de uma política industrial conducente ao desenvolvimento nacional ainda necessita de muita reflexão. BOLETIM DE ECONOMIA [ 8 ] / outubro de 2011 conjuntura econômica em foco 11
  • 12.
  • 13. GRUPO DE ECONOMIA / FUNDAP www.fundap.sp.gov.br DESEmPENhO DAS gRANDES EmPRESAS DE CAPiTAL AbERTO NO PRimEiRO SEmESTRE DE 2011: RENTAbiLiDADE Em quEDA E CAixA REfORÇADO Julio Sergio Gomes de Almeida Doutor em Economia. Professor da Unicamp Luis Fernando Novais Economista. Coordenador do Grupo de Economia da Fundap O Grupo de Economia da Fundap faz, trimestralmente, um levantamento das informações con- tábeis das grandes empresas de capital aberto. Essa atualização da pesquisa baseou-se em infor- mações relativas ao período de janeiro a junho entre 2007 e 2011. No total, foram compiladas 220 grandes empresas que apresentaram dados contábeis para todos os semestres, das quais 136 são do setor Indústria, 13 do Comércio e 71 de Serviços. As companhias também foram classificadas em segmentos econômicos dentro de seus respectivos setores e foram agrupadas nas categorias tradables e non tradables, isto é, se são produtoras de bens comercializáveis (107 empresas) ou não comercializáveis (94 empresas). A importância desse conjunto de empresas pode ser avaliada pelo peso da receita líquida das companhias no PIB do país: no primeiro semestre de 2007, a participação atingiu 25,1%; ao longo dos anos seguintes, ela chegou a 28,5%, no primeiro semestre de 2011. Tendo como referência os primeiros semestres dos últimos cinco anos, nota-se que as grandes empresas ainda não restauraram as taxas e margens de lucro observadas antes dos efeitos negativos da crise mundial de 2008, que afetou o Brasil sobretudo em 2009. Ao contrário, as piores condições econômicas verificadas no primeiro semestre de 2011 fizeram com que a rentabilidade das grandes empresas, que havia iniciado uma trajetória de recuperação em 2010, diminuísse no período mais recente. A próxima seção do trabalho detalha a evolução da rentabilidade global e setorial; a última seção, traça algumas perspectivas para esse conjunto de grandes empresas de capital aberto. rentAbilidAde: globAl e setoriAl A análise do desempenho das grandes empresas de capital aberto terá como referência o indi- cador básico de medição da rentabilidade – a margem líquida de lucro, que relaciona o lucro líquido BOLETIM DE ECONOMIA [ 8 ] / outubro de 2011 temas setoriais 13
  • 14. GRUPO DE ECONOMIA / FUNDAP www.fundap.sp.gov.br com a receita e avalia a rentabilidade em relação ao fluxo de vendas. Para complementar a avaliação dos resultados, são apresentados (1) os valores nominais da receita líquida, dos custos dos produtos vendidos (CPV) e do lucro líquido, (2) o peso das despesas financeiras líquidas na receita líquida e (3) a composição dos ativos das empresas. Nos primeiros seis meses de 2010, as companhias conviveram com um cenário econômico benigno herdado com a saída da crise global. As medidas anticíclicas adotadas pelo governo, de in- centivo ao consumo de bens duráveis em 2009, a prorrogação do Programa de Sustentação do Inves- timento com redução da taxa de juros e o suporte dos bancos públicos na oferta adicional de crédito, inclusive de capital de giro via BNDES, proporcionaram um ambiente de otimismo que contagiou os empresários. Na comparação com o primeiro semestre de 2009, o PIB cresceu 9,2% e a indústria de trans- formação avançou 15,6%, segundo as contas nacionais, puxados pela demanda interna (consumo das famílias e investimento). No primeiro semestre de 2010, as importações de produtos industriais e de matérias-primas aceleraram o ritmo de alta, complementando a oferta doméstica, e o quantum de exportações de bens manufaturados se recuperou da queda sofrida em 2009 (o câmbio se valo- rizou em relação a 2008, mas ainda permanecia, na média do período, na faixa de R$/U$ 1,8). Já a produção física da indústria de transformação elevou-se consistentemente (+16,1%), e o patamar de preços industriais retomou a trajetória de alta com o IPA–Indústria de Transformação crescendo na faixa de 3,5% (ver Tabela 1). TaBela 1. indicadores econôMicos: PiB, inflação, Juros e Balança coMercial Produção meta meta taxa de exportações importações saldo comercial iPa volume de Física da iPca selic selic câmbio em u$ bilhões em u$ bilhões em u$ bilhões Período Pib¹ iPca¹ indústria de crédito total indústria de serviços¹ (dado de (média do (média do da indústria de da indústria de da indústria de transformação¹ (% Pib)2 transformação junho) semestre) semestre) transformação transformação transformação 1º sem. 5,8 4,8 2,1 3,0 1,4 12,0 12,7 31,7 2,0 55,8 44,1 11,8 2007 1º sem. 6,4 6,3 3,6 3,5 7,7 12,3 11,6 37,8 1,7 65,2 65,9 -0,6 2008 1º sem. -2,9 -13,4 2,6 4,3 -3,9 9,3 11,1 41,5 2,2 46,9 48,4 -1,5 2009 1º sem. 9,2 16,2 3,1 4,8 3,5 10,3 9,3 44,6 1,8 57,3 71,2 -13,9 2010 1º sem. 3,6 1,6 3,9 5,9 1,5 12,3 11,8 47,1 1,6 70,1 91,3 -21,2 2011 Fonte: IBGE, Ipeadata, Banco Central do Brasil, MDIC. (1) Essas tendências manifesta- (1) Variação em relação ao mesmo semestre do ano anterior} ram-se plenamente na Indústria; porém, a intensidade de alta da (2) Final de período. receita líquida diferenciou-se quando são subtraídas, do agre- gado Indústria, as empresas Demanda interna ascendente e preços favoráveis, confiança em alta e retomada das expor- Petrobras e Vale do Rio Doce. Por dependerem dos preços tações repercutiram na capacidade de crescer das grandes empresas de capital aberto, no primeiro das commodities (petróleo e ferro), que se haviam deprimido semestre de 2010. A receita líquida do conjunto pesquisado atingiu R$ 471,0 bilhões (+20,1%, em no pós-crise de 2008, a receita líquida do agregado “Indústria” relação ao mesmo período de 2009), variação superior à observada anualmente no período 2007- havia crescido pouco, anual- mente, no período 2007-2009 2009. Os custos dos produtos vendidos (CPV) também se elevaram, mas de modo menos intenso (+8,6%), enquanto que no agre- gado sem essas empresas (cha- (+18,9%)1. Neste contexto, o lucro líquido voltou a crescer de forma expressiva para o conjunto das mado doravante de subconjunto “Indústria de Transformação”) a 220 grandes empresas, com taxa de variação nominal de 36,0% em relação ao primeiro semestre alta tinha foi bem maior (18,3%). de 2009 e valor absoluto de R$ 53,8 bilhões. Excluídas as informações da Petrobras e da Vale do Rio 14 temas setoriais BOLETIM DE ECONOMIA [ 8 ] / outubro de 2011
  • 15. GRUPO DE ECONOMIA / FUNDAP www.fundap.sp.gov.br Doce, a taxa também foi relevante (32,2%) e o volume foi de R$ 28,3 bilhões (ver Tabelas A1, A2 e A3, anexas ao final deste artigo). Após dois anos de retrações, a rentabilidade se recuperou no primeiro semestre de 2010; a margem líquida de lucro subiu para 11,4% para o total das empresas com ganhos de 1,3 pontos per- centuais em relação ao primeiro semestre de 2009. Esse patamar permaneceu abaixo daquele do período anterior à grande crise mundial ocorrida no último trimestre de 2008, qual seja, o primeiro semestre de 2007, quando a lucratividade atingiu 13,4% de margem líquida. Convém observar adi- cionalmente que mesmo antes da crise de 2008 a lucratividade das empresas brasileiras já mostrava sinais de queda, uma vez que no primeiro semestre daquele ano a margem líquida havia recuado para 11,4%, em decorrência de aumentos dos custos de produção. A menor lucratividade do período aqui considerado ocorreu no ano de crise, 2009, quando alcançou 10,1% (margem líquida, ver Tabela 2). TaBela 2. MargeM líQuida de lucro soBre a receiTa líQuida margem líquida sobre a receita líquida setor jun.07 jun.08 jun.09 jun.10 jun.11 COMÉRCIO 2,8% 2,5% 1,3% 3,2% 1,7% INDÚSTRIA 14,2% 12,0% 11,1% 12,4% 15,3% Indústria (menos Petrobras) 14,5% 10,2% 8,9% 10,9% 13,7% Indústria (menos Petrobras e Vale) 9,1% 7,9% 7,2% 7,7% 6,8% SERVIÇOS 13,7% 11,6% 9,5% 10,9% 9,6% Serviços (sem empresas de energia elétrica) 10,8% 8,8% 6,2% 9,5% 7,8% COMERCIALIZÁVEIS 14,2% 11,9% 11,0% 12,3% 15,5% NÃO COMERCIALIZÁVEIS 11,8% 10,4% 8,4% 9,9% 8,1% total (menos Petrobras ) 13,4% 10,1% 8,5% 10,3% 11,2% total (menos Petrobras e vale) 10,3% 8,7% 7,6% 8,4% 7,2% total 13,4% 11,4% 10,1% 11,4% 12,8% Fonte: Demonstrações financeiras de 220 empresas de capital aberto. Uma característica importante da trajetória ascendente da rentabilidade no primeiro semestre de 2010 foi que ela ocorreu em todos os três grandes setores – Comércio, Indústria e Serviços – e nos subconjuntos de Indústria de Transformação (sem a Petrobras e a Vale do Rio Doce); Indústria (sem Petrobras); e na agregação de Serviços (sem as empresas de energia elétrica). Todavia, notam- se diferenças de intensidade. Do ponto de vista da margem líquida de lucro, o Comércio, por características intrínsecas, tem o menor patamar de margem (1,3% em 2009), mas foi o setor que mais avançou, com ganho de 1,9 pontos percentuais no primeiro semestre de 2010. Na sequência, o agregado Serviços adicionou 1,4 (2) Excluída a Petrobras do pontos percentuais na sua margem líquida em 2010, e na Indústria o acréscimo foi de 1,3 pontos agregado Indústria, a margem líquida passou de 8,9% para percentuais2. 10,9% (acréscimo de 2,1 pontos É importante ainda destacar as diferenças entre o desempenho da Indústria de Transforma- percentuais), indicando que foi o crescimento do lucro líquido da ção e o subconjunto de Serviços (sem energia elétrica). Esses dois subconjuntos representam o core Vale do Rio Doce no primeiro se- mestre de 2010 (R$ 9,4 bilhões) das grandes empresas de capital aberto, excluídas as gigantes Petrobras e Vale do Rio Doce e as 21 – que dobrou em relação ao ob- tido em 2009 – o fator determi- empresas de Energia Elétrica. No primeiro caso, nota-se que a margem líquida atingiu 7,7% no pri- nante para o maior acréscimo na margem líquida de lucro no agre- meiro semestre de 2010 e que o acréscimo em relação ao resultado do mesmo período de 2009 foi gado Indústria sem Petrobras. BOLETIM DE ECONOMIA [ 8 ] / outubro de 2011 temas setoriais 15
  • 16. GRUPO DE ECONOMIA / FUNDAP www.fundap.sp.gov.br pequeno (+0,5 pontos percentuais); no segundo caso, a margem subiu para 9,5% com elevação de 3,3 pontos percentuais. A maior lucratividade observada no segmento de Serviços (sem energia elétrica) deveu-se ao menor crescimento dos custos dos produtos vendidos, que compensou a forte queda da taxa de (3) Tanto o menor ritmo de alta da receita líquida como a queda dos variação da receita líquida em relação ao padrão de alta observado no período 2007 a 20093 (ver custos dos produtos vendidos no primeiro semestre de 2010m em Tabela 3). Na Indústria de Transformação a evolução foi diferente; as empresas tiveram uma expansão relação à média de variação dos mais expressiva da receita líquida no primeiro semestre de 2010, devido, em parte, aos setores cujos primeiros semestres de 2007 a 2009 no segmento de Serviços preços são referenciados em commodities (Alimentos, Química e Siderurgia, que juntos explicaram (sem energia elétrica) deveram- se, em grande parte, ao resultado 69,0% do acréscimo da receita em relação ao mesmo período de 2009); porém, os custos dos produ- do subsetor de Telefonia (cinco empresas). No primeiro período, tos vendidos não caíram na mesma magnitude observada no setor de Serviços (sem energia elétrica). os custos do produtos vendidos e as receitas líquidas dessas empresas cresceram, respectiva- TaBela 3. cusTo dos ProduTos Vendidos (cPV) e receiTa líQuida. 2007 a 2011 (PriMeiros seMesTres) mente, 19,5% e 17,1% em média ao ano, indicando um processo variação Percentual (%) de investimento das operadoras de telefonia celular em busca média anual de de novos mercados. A partir de crescimento jun.10−jun.09 jun.11–jun.10 2010, esse movimento se estabi- setor lizou e perdeu força, fazendo com (2007 e 2009) * que a variação dos custos dos Receita Receita Receita produtos vendidos e da receita CPV CPV CPV líquida diminuísse para, respec- Líquida Líquida Líquida tivamente, 1,9% e 0,7% nesse COMÉRCIO 16,2% 17,4% 29,2% 31,3% 57,1% 54,3% conjuntos de empresas. INDÚSTRIA 8,6% 14,5% 21,8% 19,8% 17,7% 18,6% Indústria (menos Petrobras) 11,1% 20,4% 23,0% 16,1% 20,5% 19,7% Indústria (menos Petrobras e Vale) 18,3% 24,5% 21,7% 17,3% 14,9% 18,5% SERVIÇOS 14,9% 17,6% 13,7% 13,2% 12,1% 12,1% Serviços (sem empresas de energia elétrica) 20,0% 21,9% 12,2% 10,2% 12,6% 13,1% COMERCIALIZÁVEIS 7,5% 13,5% 20,1% 18,1% 17,6% 18,3% NÃO COMERCIALIZÁVEIS 17,1% 19,7% 20,0% 20,5% 21,0% 22,0% total (menos Petrobras ) 12,7% 19,3% 20,3% 16,4% 20,8% 20,5% total (menos Petrobras e vale) 16,9% 21,5% 19,3% 17,1% 17,7% 19,8% total 10,6% 15,4% 20,1% 18,9% 18,8% 19,5% Fonte: Demonstrações financeiras de 220 empresas de capital aberto. (*) Crescimento médio anual dos primeiros semestres entre 2007 e 2011. Essa trajetória favorável da rentabilidade empresarial em 2010 ensejava um cenário de ele- vação mais consistente do investimento produtivo, através da reaplicação dos lucros retidos; porém, as mudanças no contexto econômico afetaram o desempenho das grandes empresas no primeiro semestre de 2011. No caso da Indústria de Transformação, essa piora já se havia manifestado ao longo do segundo semestre de 2010, período em que as empresas industriais diminuíram o ritmo de produção e procuraram reduzir os estoques acumulados no período anterior. A aceleração da inflação no começo do ano fez com que o Banco Central elevasse a taxa básica de juros, fato que alterou a confiança do empresariado na sustentabilidade da expansão do mercado interno no ritmo verificado até então. Ao final do semestre, o PIB reduziu a sua taxa real de cresci- mento para a faixa de 3,6%, em relação ao mesmo período de 2010; a inflação havia se acelerado, especialmente nos Serviços, e o processo de valorização do real também tinha se acentuado (a taxa de câmbio R$/U$ caiu para 1,6 na média do primeiro semestre). 16 temas setoriais BOLETIM DE ECONOMIA [ 8 ] / outubro de 2011
  • 17. GRUPO DE ECONOMIA / FUNDAP www.fundap.sp.gov.br No cenário internacional, a crise se transfigurou num problema de endividamento público exa- cerbado de países que haviam usufruído da liquidez do mercado financeiro através do endividamento fácil. Agora, a atual crise soberana produz dois efeitos: de um lado, reduz a perspectiva de crescimen- to das economias avançadas em função do extremo esforço fiscal envolvido no resgate dos países insolventes, especialmente aqueles que compõem os GIPPS (Portugal, Espanha, Itália e Grécia); de outro, acirra sobremaneira a competição no mercado mundial. Do ponto de vistas das empresas brasileiras, elas sofreram um duplo movimento de alta nos custos dos produtos e serviços e menor capacidade de gerar receitas, o que afetou a rentabilidade no primeiro semestre de 2011. O segundo ciclo de elevação dos preços das commodities ocorreu nesse período – no caso do ferro, a cotação ultrapassou o pico anterior à crise global de 2008, e no petróleo a alta foi um pouco inferior –; vale destacar que as cotações das matérias-primas industriais tam- bém subiram de forma consistente. A valorização do real ajudou a compensar parte dessa alta dos insumos, mas ao mesmo tempo estimulou a substituição de produção nacional por bens importados, reduzindo o mercado das empresas nacionais, especialmente a de bens intermediários e a de bens (4) Entre os primeiros semes- duráveis, minando concomitantemente a capacidade de gerar receitas via exportação4. tres de 2009 e 2011, o valor das importações da Indústria de Outro fator que se manifestou mais claramente no primeiro semestre de 2011 foi a elevação Transformação cresceu 88,5% atingindo a marca de U$ 91 bi- do custo do trabalho. Nota-se que ao longo dos últimos anos e até os dias de hoje ocorre um proces- lhões em 2011, enquanto que as suas exportações expandi- so de formalização dos postos de trabalho e elevação dos salários médios5. O contínuo movimento ram-se 48,7% (U$ 70,0 bilhões); isso significou a geração de um de obtenção de ganhos reais nas datas-base, que também se manifestou em 2010 com reflexo em déficit de U$ 21,2 bilhões. No 2011, fez com que a folha de salário se ampliasse. Além disso, as despesas administrativas e outras primeiro semestre de 2007, a Indústria de Transformação ha- despesas operacionais, cuja oferta tem origem no setor de Serviços, sofreram pressão de alta com via obtido um superávit de U$ 11,8 bilhões na sua balança a tendência de elevação da inflação. As empresas poderiam garantir margens menos apertadas se comercial (ver Tabela 1). conseguissem repassar aos preços industriais essas pressões de custos; ao que parece isso não foi (5) Para uma análise detalhada do mercado de trabalho no Bra- possível até agora. O baixo crescimento do IPA–Indústria de Transformação no primeiro semestre de sil, ver Boletim de Economia n. 7, disponível em: http://novo. 2011 (+1,5%, em relação ao mesmo período de 2010) reflete essa tendência. fundap.sp.gov.br/arquivos/ PDF/Boletim_de_Economia_7_ Esses fatores afetaram negativamente a rentabilidade de todos os segmentos, com exceção completo.pdf dos agregados Indústria e indústria sem Petrobras. Nesses casos, o peso dos resultados da Petrobras (6) A margem líquida de lucro subiu de 12,4% para 15,3% e da Vale do Rio Doce fizeram com que houvesse elevação da lucratividade6. A capacidade dessas (agregado Indústria) e de 10,9% para 13,7% (Indústria sem empresas de gerar receita praticamente não caiu no primeiro semestre de 2011, e os custos dos pro- Petrobrás) entre os primeiros semestres de 2010 e 2011. O dutos vendidos subiram menos do que as receitas (agregado sem a Petrobras) ou quase na mesma volume de lucro líquido da Pe- trobrás e da Vale do Rio Doce proporção (agregado Indústria). Além disso, a menor despesa financeira líquida ou até a obtenção de somaram R$ 45,5 bilhões com receitas financeiras líquidas no caso da Petrobras (R$ 6,0 bilhões) fizeram com que o lucro líquido alta de 73,8% em relação aos resultados do primeiro semes- crescesse no agregado Indústria. Esse resultado proporcionou uma receita líquida como proporção da tre de 2010. receita de -0,8% no agregado Indústria (ver Tabela 4). O desempenho dessas duas empresas foi sufi- ciente para fazer crescer a margem de lucro para o total das 220 empresas, cujo nível atingiu 12,8% nos primeiros seis meses de 2011 (1,4 pontos percentuais acima do verificado em 2010). Essas condições não se repetiram para a Indústria de Transformação como um todo e para o setor de Serviços com e sem as empresas de energia elétrica. Ao contrário, como já ressaltamos, a deterioração do ambiente econômico do primeiro semestre de 2011, que se caracterizou pela menor rentabilidade das exportações de bens manufaturados, pela redução do dinamismo do mercado interno e pelas pressões generalizadas de custos, acabou produzindo nas grandes empresas uma situação de estreitamento da capacidade de gerar receita acompanhada por alta nos custos de produção e nos custos operacionais. BOLETIM DE ECONOMIA [ 8 ] / outubro de 2011 temas setoriais 17
  • 18. GRUPO DE ECONOMIA / FUNDAP www.fundap.sp.gov.br TaBela 4. desPesa financeira líQuida soBre a receiTa líQuida despesa Financeira líquida sobre a receita líquida setor jun.07 jun.08 jun.09 jun.10 jun.11 COMÉRCIO 2,8% 2,7% 2,8% 2,9% 3,4% INDÚSTRIA -0,1% 1,1% -2,1% 2,7% -0,8% Indústria (menos Petrobras) -0,5% 1,3% -3,7% 4,0% 0,7% Indústria (menos Petrobras e Vale) -0,9% -0,3% -2,9% 3,4% 1,2% SERVIÇOS 2,7% 1,4% 0,4% 4,5% 4,0% Serviços (sem empresas de energia elétrica) 2,4% 1,6% -0,4% 4,4% 3,7% COMERCIALIZÁVEIS -0,1% 1,1% -2,2% 2,8% -0,9% NÃO COMERCIALIZÁVEIS 2,5% 1,5% 0,8% 3,7% 3,5% total (menos Petrobras ) 0,8% 1,5% -1,8% 4,0% 2,0% total (menos Petrobras e vale) 0,8% 0,5% -1,2% 3,7% 2,4% total 0,7% 1,2% -1,1% 3,1% 0,7% Fonte: Demonstrações financeiras de 220 empresas de capital aberto. O conjunto de companhias da Indústria de Transformação espelhou esse movimento de modo mais nítido: o ritmo de crescimento da receita líquida, que havia atingido a taxa de 21,5% nos primeiros seis meses de 2010, caiu para 14,9% no mesmo período de 2011, e os custos dos produtos e serviços, ao contrário, cresceram num patamar superior de variação (de 17,3% para 18,5%). Isso fez com o volu- me de lucro líquido permanecesse praticamente no mesmo nível (R$ 14,6 bilhões) nos dois períodos. Nesse contexto, a margem líquida de lucro retraiu-se para 6,8% (0,9 pontos percentuais menor em relação ao mesmo período de 2009, a menor margem desde 2007, ver Tabelas A1, A2 e A3, anexas ao final deste artigo). Essa queda só não foi mais expressiva uma vez que houve diminuição da despesa financeira líquida devido ao efeito positivo da apreciação cambial sobre a dívida externa das empresas. Esse gasto representou 3,4% da receita líquida no primeiro semestre de 2010; no mesmo período de 2011, a participação na despesa financeira líquida na receita caiu para 1,2% (ver Tabela 4). Do ponto de vista setorial, dentro da Indústria de Transformação, várias outras circunstâncias condicionaram a lucratividade. Primeiramente, a observação geral de que o movimento de queda da margem líquida de lucro não foi homogêneo: a maioria dos 25 setores apresentou tendência de baixa na rentabilidade (15 setores) e apenas 10 – portanto, uma minoria – obtiveram aumento nas mar- gens líquidas de lucro. A norma mais geral que, do nosso ponto de vista, explica o menor desempenho cadente de lucros empresariais nesse setor é a concorrência com o produto importado favorecido pela valorização cambial. São os casos de empresas dos setores de Madeira, Máquinas e Equipamentos, Material de Transporte, Metalurgia, Química, Siderurgia e Têxtil, Couro e Vestuário. Exceções à regra, nesse caso, seriam as empresas de Calçados e Brinquedos que lograram aumentar a rentabilidade (caso de Calçados) ou reduzir perdas (Brinquedos). Predominância de custos (não só de mão de obra) pode explicar, a nosso ver, a menor rentabilidade na Construção Civil (ver Tabela 5). Por outro lado – vale dizer, do ângulo dos setores cujas empresas aumentaram a lucrativida- de–, os destaques são os segmentos produtores de commodities, cujos preços aumentaram muito nos meses finais do ano passado e prevaleceram em patamar alto no primeiro semestre deste ano. São os casos de Alimentos, Mineração, Papel e Celulose. Aumentou também a rentabilidade de um setor industrial “não commoditizado”, o de Material Aeronáutico. Nesse caso, trata-se de setor de 18 temas setoriais BOLETIM DE ECONOMIA [ 8 ] / outubro de 2011
  • 19. GRUPO DE ECONOMIA / FUNDAP www.fundap.sp.gov.br TaBela 5. Margens de lucro (lucro líQuido / receiTa líQuida). PriMeiros seMesTres (2007 a 2011) tendência no setores subsetores 6m07 6m08 6m09 6m10 6m11 1º semestre de 2011* Comércio Comércio de Medicamentos 1,1% 1,7% 2,9% 2,8% 2,2% - Comércio Comércio (Diversos) 0,8% 8,2% 2,6% 2,7% 2,7% - Comércio Comércio Varejista 1,7% 1,4% 0,3% 2,4% 1,4% - Comércio Comércio Varejista de Gás 14,0% 13,5% 8,9% 13,5% 8,3% - Indústria Agronegócio -1,5% 17,6% 6,7% 6,5% 15,5% + Indústria Alimentos 3,4% 0,6% 1,1% 0,8% 1,4% + Indústria Armas e Munição 8,1% 9,2% 7,8% 11,0% 2,2% - Indústria Bebidas e Fumo 14,6% 13,7% 27,8% 26,9% 31,3% + Indústria Bioenergia -14,2% -45,7% -6,0% 9,2% 0,5% - Indústria Brinquedos e Lazer -14,5% -26,7% -44,1% -23,8% -10,3% + Indústria Calçados 10,6% 5,5% 9,1% 13,7% 14,9% + Indústria Construção Civil e Incorporação 11,5% 18,6% 12,2% 14,9% 12,5% - Indústria Editora 10,4% 6,5% 4,5% 2,9% 2,2% - Indústria Embalagens 0,7% 7,2% 11,4% 8,1% 7,2% - Indústria Indústria Diversa 4,0% -0,2% -9,7% 1,5% 1,4% - Indústria Madeira 15,1% 16,1% 8,7% 12,0% 11,8% - Indústria Máquinas e Equipamentos 9,1% 8,5% 5,2% 8,3% 1,2% - Indústria Material Aeronáutico 3,5% 4,8% 8,9% 3,5% 8,4% + Indústria Material de Construção -1,2% 10,3% 9,0% 10,3% 6,3% - Indústria Material de Transporte 4,6% 6,3% 0,8% 9,8% 7,3% - Indústria Metalurgia 1,2% 5,8% 3,4% 5,4% 3,4% - Indústria Mineração 32,1% 20,9% 18,9% 30,0% 44,8% + Indústria Papel e Celulose 23,0% 17,2% 25,5% 6,4% 15,3% + Indústria Petróleo 13,5% 15,2% 15,5% 15,5% 18,7% + Indústria Produtos de Higiene e Limpeza 16,9% 12,3% 17,1% 11,6% 12,4% + Indústria Química 3,8% 4,3% 5,1% 6,0% 3,1% - Indústria Siderurgia 14,8% 13,6% 3,5% 8,7% 7,0% - Indústria Têxtil, Couro e Vestuário -5,4% -1,3% -5,1% 4,1% -0,7% - Indústria Utilidades Domésticas 6,4% 4,5% 0,9% 4,0% 2,9% - Serviços Comunicação 2,4% 3,5% 9,7% 4,0% 7,2% + Serviços Concessão de Rodovias 21,0% 18,0% 20,0% 23,1% 14,4% - Serviços Educação -0,3% 4,6% 10,1% 6,0% 7,7% + Serviços Energia 17,5% 15,7% 15,2% 13,2% 12,7% - Serviços Exploração de Imóveis 15,5% 17,8% 31,1% 38,7% 40,9% + Serviços Hotelaria -33,9% -0,7% -12,9% -12,8% 4,3% + Serviços Logística 7,1% 10,7% 13,4% 5,2% 9,3% + Serviços Saneamento 20,0% 19,6% 20,5% 14,1% 14,2% + Serviços Saúde 1,1% 5,2% 2,5% 4,1% 4,2% + Serviços Serviços Diversos 3,9% 5,4% 2,7% 7,0% 6,0% - Serviços Tecnologia da Informação 12,8% 7,3% 7,0% 7,3% 4,8% - Serviços Telefonia 11,6% 10,6% 0,3% 10,9% 7,9% - Serviços Transporte Aéreo 4,7% -3,0% 15,9% -2,8% -1,4% + Fonte: Demostrações financeiras de 220 empresas de capital aberto. (*) Tendência em relação ao 1º semestre de 2010 BOLETIM DE ECONOMIA [ 8 ] / outubro de 2011 temas setoriais 19
  • 20. GRUPO DE ECONOMIA / FUNDAP www.fundap.sp.gov.br exportação, porém com grande coeficiente de importação que ameniza os efeitos de perda de compe- titividade externa motivado pela valorização do real devido ao barateamento simultâneo dos produtos intermediários usados na produção. Alguns outros setores muito vinculados ao mercado interno e menos afetados por importações lograram também elevar a taxa de lucro líquido; são os casos de Bebidas e Produtos de Higiene e Limpeza. O setor de Serviços (sem energia elétrica) sentiu do mesmo modo a queda da rentabilidade, porém a composição da perda foi diferente em relação às empresas industriais. A margem líquida de lucro no subconjunto de Serviços (sem energia elétrica) perdeu 1,7 pontos percentuais em relação ao patamar de 2009 e caiu para 7,8% no primeiro semestre de 2011. As empresas conseguiram manter a taxa de crescimento da receita líquida na faixa de 12,6% – até se nota uma pequena alta no perí- odo recente, mas os custos dos produtos vendidos retomaram a trajetória de alta com expansão de 13,1% e avanço de 2,1 pontos percentuais em relação à variação do ano anterior. Percebe-se alta nos custos em todos os subsetores, mas três deles (Saúde, Telefonia e Transporte Aéreo) destacaram-se concentrando 64,0% do aumento nos custos dos produtos vendidos. As margens líquidas não caíram de forma mais intensa em virtude da menor despesa financeira líquida; no caso do setor de Serviços (sem energia elétrica), a queda dessa despesa como proporção da receita líquida foi menor (de 4,4% para 3,5%) na comparação com a Indústria de Transformação. Dentre os 12 subsetores acompanhados no segmento de Serviços (sem energia elétrica), oito obtiveram alta na margem líquida de lucro, com destaque para Exploração de Imóveis, Hotelaria, Lo- gística e Comunicação. Em sentido contrário e com peso nesse conjunto, as empresas de Telefonia e Concessionárias de Rodovias reduziram as suas margens com quedas no volume de lucro líquido. Os dados do comércio foram influenciados pela incorporação das Casas Bahia ao grupo Pão de Açúcar. A receita líquida e os custos dos produtos vendidos cresceram em nível elevado (acima de 50%) em virtude desse processo (ver Tabelas A1 e A2, anexas ao final deste artigo). No agregado, a margem líquida de lucro diminuiu para 1,7% no primeiro semestre de 2011 (1,5 pontos percentuais abaixo do observado em 2010). A queda da rentabilidade manifestou-se em três dos quatro subse- tores acompanhados, especialmente no Comércio Varejista e na Distribuição de Gás. No primeiro subsetor, a elevação em U$ 1,0 bilhão nas despesas financeiras, provavelmente em função da incor- poração acima citada, fez com que a participação desse gasto na receita líquida crescesse para 3,4% no primeiro semestre de 2011 reduzindo o lucro líquido e, consequentemente, a margem líquida de lucro em relação ao primeiro semestre de 2010. perspectivAs A preocupação com a situação financeira das grandes empresas de capital aberto no Brasil faz sentido, hajam vistas as dificuldades ocorridas no auge da crise de 2008, quando um conjunto de empresas fez apostas no mercado de derivativos cambiais e, se não fossem socorridas pelo BNDES, quase sucumbiram. Hoje praticamente essas operações estão extintas no mercado e as variações cambiais relevantes, como a que estamos assistindo hoje em dia, impactam de forma distinta, via dívida em moeda estrangeira. Assim, se a desvalorização do real for mantida até o final do ano em um contexto de perda de rentabilidade da Indústria de transformação, a lucratividade das empresas ficará ainda mais comprometida via elevação das despesas financeiras. 20 temas setoriais BOLETIM DE ECONOMIA [ 8 ] / outubro de 2011
  • 21. GRUPO DE ECONOMIA / FUNDAP www.fundap.sp.gov.br Estudo recente da Economatica (setembro de 2011) compilou o estoque de dívida em moeda (7) Do universo acompanhado pela Economatica, 76 empresas estrangeira de um conjunto de 241 empresas de capital aberto7 e simulou o impacto da desvalo- ficaram de fora em função de não terem publicado a dívida rização do real sobre a lucratividade medida pelo Ebit. O estoque de dívida estrangeira (excluída a em moeda estrangeira nos seus relatórios padrões (ITR) entre- Petrobras), no final de junho de 2011, atingiu o montante de U$ 51,4 bilhões, que se transformaram gues à CVM, dentre elas a Vale do Rio Doce, a CSN, a Gerdau e em R$ 80,3 bilhões convertidos pelo dólar Ptax de venda em 30 de junho (R$ 1,56). Estimando esse a Usiminas, dentre outras. Es- sas empresas podem ter dados mesmo estoque de dívida pelo dólar Ptax de venda em 30 de setembro de 2011 (R$ 1,84), o montan- sobre as dívidas em moeda es- trangeira, em notas explicativas, te de dívida alcançaria a cifra de R$ 95,3 bilhões. Assim, no trimestre julho-setembro a expansão em que não foram processados no reais da dívida denominada em moeda estrangeira seria de R$ 15, 1 bilhões. Para essa amostra de sistema da Economatica. empresas o lucro Ebit no segundo trimestre de 2011 foi de R$ 25,4 bilhões. Na hipótese de o lucro esperado no terceiro trimestre ser da mesma magnitude do observado no segundo trimestre, o custo financeiro relacionado à desvalorização do real alcançaria 59,5% de todo o Ebit do conjunto de empre- sas no terceiro trimestre de 2011. Na Tabela A4 anexa ao final do artigo (retirada do estudo citado), estão arroladas setorialmente as dívidas, os lucros e as simulações entre o crescimento da dívida e a variação do lucro Ebit. Na pesquisa da Economatica não são consideradas as estratégias de hedge das empresas. Nesse sentido, é provável que o impacto seja menor, uma vez que é grande a probabilidade de as companhias terem feito hedge de suas dívidas em moeda estrangeira; porém, o custo de realizar essa operação financeira também se ampliou recentemente no Brasil, com as medidas tomadas pelo governo no sentido de conter o processo de especulação no mercado futuro de dólar. Outra estratégia das grandes empresas para evitar transtornos patrimoniais mais graves, caso a desvalorização do real avance, é manter elevada quantia de recursos disponíveis no ativo circulante das companhias. No primeiro semestre de 2010, a conta disponível do ativo das 220 companhias compiladas pelo Grupo de Economia da Fundap alcançou o montante de R$ 173,4 bilhões. Nos pri- meiros seis meses de 2011 essa cifra caiu para R$ 167,7 bilhões, o que representou, em termos comparativos, um valor superior ao desembolso do BNDES em 2010. Sem os recursos disponíveis da Petrobras e da Vale do Rio Doce, o total das disponibilidades atingiu o valor de R$ 111,7 bilhões (ver Tabela A5, anexa). No corrente ano, nota-se que as empresas optaram por diminuir o ritmo de opera- ções de crédito, preferindo usar os recursos disponíveis no caixa e/ou nas aplicações financeiras para honrar as suas despesas operacionais e investimentos. Se o cenário internacional não for disruptivo, é grande a chance de o real permanecer desva- lorizado em uma faixa de R$ 1,80, já que o patamar de reservas do país é elevado. Assim, caso esse quadro se confirme, os impactos nos estoques privados de dívidas em moeda estrangeira seriam con- tornáveis, embora alguns setores possam sofrer mais intensamente em função da maior exposição do seu passivo ao dólar. O fato novo relevante nos dados das grandes empresas no primeiro semestre de 2011 é que, ao contrário de períodos anteriores, foi aberto um leque de possibilidades que se traduzi- ram em queda da rentabilidade empresarial e alta localizada nas margens líquidas de lucro de algumas empresas cuja receita é referenciada nas commodities. Ocorreram elevações significa- tivas de custos domésticos em serviços e mão de obra, a concorrência externa aprofundou-se e os preços de commodities mantiveram-se em nível elevado no plano internacional, o que afetou de forma diferenciada a rentabilidade das empresas, segundo sua posição no mercado, sua capacidade de suportar a concorrência externa ou de absorver, como lucro, os preços elevados BOLETIM DE ECONOMIA [ 8 ] / outubro de 2011 temas setoriais 21
  • 22. GRUPO DE ECONOMIA / FUNDAP www.fundap.sp.gov.br de produtos primários. O setor de Serviços, excluídas as empresas de energia elétrica, também perdeu rentabilidade nesse contexto, mas a sua capacidade de gerar receitas foi preservada no primeiro semestre de 2011, em relação ao padrão observado em 2010. Anexos TaBela a1. TaBela . eVolução da receiTa líQuida das grandes eMPresas receita líquida (em r$ bilhões correntes) setor Média Anual jun.11 jun.10 / jun.07 jun.08 jun.09 jun.10 jun.11 de Crescimento / jun.09 (2007 e 2009) jun.10 COMÉRCIO 17,0 20,9 23,0 29,7 46,6 16,2% 29,2% 57,1% INDÚSTRIA 225,8 287,9 266,3 324,2 381,6 8,6% 21,8% 17,7% Indústria (menos Petrobras) 145,1 186,4 179,1 220,2 265,3 11,1% 23,0% 20,5% Indústria (menos Petrobras e Vale) 111,0 153,9 155,5 189,1 217,3 18,3% 21,7% 14,9% SERVIÇOS 78,1 90,1 103,1 117,2 131,4 14,9% 13,7% 12,1% Serviços (sem empresas de energia elétrica) 45,1 53,5 64,9 72,8 82,0 20,0% 12,2% 12,6% COMERCIALIZÁVEIS 220,4 278,8 254,5 305,7 359,4 7,5% 20,1% 17,6% NÃO COMERCIALIZÁVEIS 100,4 120,0 137,7 165,3 200,1 17,1% 20,0% 21,0% total (menos Petrobras ) 240,2 297,4 305,1 367,0 443,3 12,7% 20,3% 20,8% total (menos Petrobras e vale) 206,1 264,9 281,5 335,9 395,3 16,9% 19,3% 17,7% total 320,9 398,8 392,3 471,0 559,6 10,6% 20,1% 18,8% % do PIB 25,1 27,4 26,2 27,0 28,5 ─ ─ ─- Fonte: Demonstrações financeiras de 220 empresas de capital aberto. TaBelas a2. TaBela . eVolução do cusTo dos ProduTos Vendidos (cPV) das grandes eMPresas cPv (em r$ bilhões correntes) setor Média Anual jun.11 jun.10 / jun.07 jun.08 jun.09 jun.10 jun.11 de Crescimento / jun.09 (2007 e 2009) jun.10 COMÉRCIO 12,0 14,9 16,5 21,7 33,5 17,4% 31,3% 54,3% INDÚSTRIA 140,3 190,8 184,0 220,5 261,5 14,5% 19,8% 18,6% Indústria (menos Petrobras) 92,1 127,8 133,6 155,1 185,7 20,4% 16,1% 19,7% Indústria (menos Petrobras e Vale) 77,4 112,4 120,0 140,8 166,8 24,5% 17,3% 18,5% SERVIÇOS 47,3 56,6 65,5 74,2 83,2 17,6% 13,2% 12,1% Serviços (sem empresas de energia elétrica) 26,7 32,4 39,6 43,7 49,4 21,9% 10,2% 13,1% COMERCIALIZÁVEIS 137,4 185,9 177,0 209,0 247,2 13,5% 18,1% 18,3% NÃO COMERCIALIZÁVEIS 62,2 76,3 89,1 107,4 131,0 19,7% 20,5% 22,0% total (menos Petrobras ) 151,4 199,2 215,6 251,0 302,4 19,3% 16,4% 20,5% total (menos Petrobras e vale) 136,8 183,8 202,1 236,7 283,5 21,5% 17,1% 19,8% total 199,6 262,2 266,0 316,4 378,2 15,4% 18,9% 19,5% Fonte: Demonstrações financeiras de 220 empresas de capital aberto. 22 temas setoriais BOLETIM DE ECONOMIA [ 8 ] / outubro de 2011
  • 23. GRUPO DE ECONOMIA / FUNDAP www.fundap.sp.gov.br TaBela a3. TaBela . eVolução do lucro líQuido das grandes eMPresas lucro líquido (em r$ bilhões correntes) setor Média Anual jun.11 jun.10 / jun.07 jun.08 jun.09 jun.10 jun.11 de Crescimento / jun.09 (2007 e 2009) jun.10 COMÉRCIO 0,5 0,5 0,3 1,0 0,8 -19,5% 213,3% -16,7% INDÚSTRIA 32,0 34,7 29,4 40,1 58,2 -4,0% 36,3% 45,1% Indústria (menos Petrobras) 21,0 18,9 15,9 24,1 36,3 -13,1% 51,7% 50,6% Indústria (menos Petrobras e Vale) 10,1 12,1 11,3 14,6 14,7 5,7% 29,4% 0,9% SERVIÇOS 10,7 10,4 9,8 12,8 12,7 -4,0% 29,8% -0,6% Serviços (sem empresas de energia elétrica) 4,9 4,7 4,0 6,9 6,4 -9,3% 72,5% -7,1% COMERCIALIZÁVEIS 31,3 33,1 27,9 37,5 55,5 -5,5% 34,3% 48,0% NÃO COMERCIALIZÁVEIS 11,8 12,5 11,6 16,3 16,2 -0,9% 40,2% -0,9% total (menos Petrobras ) 32,2 29,9 26,0 37,8 49,8 -10,1% 45,3% 31,6% total (menos Petrobras e vale) 21,2 23,1 21,4 28,3 28,2 0,4% 32,2% -0,3% total 43,1 45,6 39,6 53,8 71,7 -4,2% 36,0% 33,2% Fonte: Demonstrações financeiras de 220 empresas de capital aberto. TaBela a4. díVida eM Moeda esTrangeira das grandes eMPresas de caPiTal aBerTo e iMPacTo da desValorização do real dívida em moeda estrangeira (em milhares de r$) % do dívida em moeda lucro ebit, Quantidade crescimento estrangeira 2o trim. 2011 de setor da dívida vs (em milhares de (em milhares 30/jun./11 30/set./11 Variação empresas lucro ebit, us$, jun.11) de r$) 2o trim. 2011 34 Energia Elétrica 11.903.337 7.532.831 18.582.300 22.073.549 3.491.249 46,3 13 Alimentos e Bebidas 8.757.171 3.413.174 13.670.819 16.239.297 2.568.478 75,3 9 Telecomunicações 7.039.422 4.927.119 10.989.241 13.053.903 2.064.662 41,9 3 Papel e Celulose 6.987.240 147.322 10.907.780 12.957.137 2.049.357 1.391,1 58 Outros 5.193.681 3.035.260 8.107.856 9.631.163 1.523.307 50,2 5 Petróleo e Gás 2.747.556 65.326 4.289.209 5.095.067 805.858 1.233,6 14 Comércio 2.446.394 1.110.286 3.819.066 4.536.593 717.527 64,6 15 Veículos e Peças 2.226.054 685.274 3.475.093 4.127.995 652.902 95,3 8 Transporte e Serviços 2.046.093 232.165 3.194.155 3.794.274 600.119 258,5 18 Siderúrgica e Metalúrgica 746.176 167.625 1.164.855 1.383.708 218.853 130,6 4 Mineração 605.130 1.819.115 944.668 1.122.153 177.485 9,8 9 Química 417.249 40.738 651.367 773.746 122.379 300,4 18 Têxtil 251.794 238.288 393.076 466.927 73.851 31,0 21 Construção 53.984 1.159.822 84.274 100.107 15.833 1,4 3 Eletroeletrônicos 13.221 -152.647 20.640 24.518 3.878 -2,5 2 Máquinas Industriais 123 2.469 192 228 36 1,5 3 Software e Dados 0 885.875 0 0 0 0,0 2 Minerais Não Metálicos 0 6.984 0 0 0 0,0 1 Agro e Pesca 0 52.818 0 0 0 0,0 240 Total Brasil sem Petrobras 51.434.625 25.369.844 80.294.591 95.380.365 15.085.774 59,5 Petrobras Petróleo e Gás 46.880.516 12.213.526 73.185.174 86.935.229 13.750.055 112,6 241 Total Brasil com Petrobras 98.315.140 37.583.370 153.479.765 182.315.596 28.835.831 76,7 Dólar Ptax 1,5611 1,8544 18,79 Fonte: tabela retirada de estudo realizado pela Economatica, setembro de 2011 BOLETIM DE ECONOMIA [ 8 ] / outubro de 2011 temas setoriais 23
  • 24. GRUPO DE ECONOMIA / FUNDAP www.fundap.sp.gov.br TaBela a5. eVolução do disPoníVel das grandes eMPresas disponível (em r$ bilhões correntes) setor Média Anual jun.11 jun.10 / jun.07 jun.08 jun.09 jun.10 jun.11 de Crescimento / jun.09 (2007 e 2009) jun.10 COMÉRCIO 3,9 4,1 4,5 4,9 6,0 7,4% 8,9% 21,5% INDÚSTRIA 60,1 71,5 88,2 117,9 121,4 21,1% 23,5% 2,9% Indústria (menos Petrobras) 42,3 60,4 78,2 93,7 86,7 36,0% 29,4% -7,5% Indústria (menos Petrobras e Vale) 38,6 56,7 61,8 81,8 65,4 26,5% 9,1% -20,1% SERVIÇOS 28,8 34,6 31,7 50,6 40,4 4,9% -8,6% -20,2% Serviços (sem empresas de energia elétrica) 19,1 24,0 22,0 36,4 26,0 7,1% -8,6% -28,7% COMERCIALIZÁVEIS 55,2 66,3 83,4 107,3 115,0 23,0% 25,8% 7,1% NÃO COMERCIALIZÁVEIS 37,6 43,9 40,9 66,1 52,7 4,3% -6,7% -20,2% total (menos Petrobras ) 75,0 99,2 114,3 149,2 133,0 23,5% 15,3% -10,8% total (menos Petrobras e vale) 71,3 95,4 98,0 137,3 111,7 17,2% 2,7% -18,7% total 92,8 110,2 124,4 173,4 167,7 15,8% 12,9% -3,3% Fonte: Demonstrações financeiras de 220 empresas de capital aberto. 24 temas setoriais BOLETIM DE ECONOMIA [ 8 ] / outubro de 2011