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PRECONCEITO RACIAL DE MARCA E PRECONCEITO
RACIAL DE ORIGEM
ORACY NOGUEIRA
Relações Étnico-Raciais 2020.0 aula 02 outubro
Um texto que nos faz pensar
• Escrito numa noite em 1954, para o XXXI Congresso Internacional de Americanistas,
realizando em São Paulo, no Simpósio organizado por Florestan Fernandes.
• O subtítulo é merecedor de destaque: Sugestão de um quadro de referência para a
interpretação do material sobre relações raciais no Brasil.
• Temos o livro intitulado Tanto Preto quanto Branco: Estudos de Relações Raciais, que
conta com o Prefácio de Thales de Azevedo e uma longa Introdução escrita por
Nogueira. É um livro publicado em 1979 e que incorpora o texto Atitude Desfavorável
de alguns anunciantes de São Paulo em relação aos empregados de cor, publicado
inicialmente em 1942.
Biografia e questões
• Cunha (SP) 1917 – Cunha (SP) 1996.
• Com dez anos se muda para Catanduva e depois para Botocatu.
• A década de 1930 tem Getúlio Vargas, tem a reação de São Paulo, e tem as disputas políticas.
• 1933/34 trabalha como repórter no Correio de Botocatu; filia-se ao Partido Comunista
Brasileiro, permanecendo vinculado até os anos 1960.
• Com 19 anos vive o isolamento familiar e a experiência do Sanatório em São José dos
Campos.
• 1940 – ingressa na Escola Livre de Sociologia e Política e se vincula ao professor Donald
Pierson (1936-1952).
• Em 1942, Oracy conclui o bacharelado. Em 1945, defende o mestrado com a dissertação
"Vozes de Campos de Jordão". Experiências sociais e psíquicas do tuberculoso pulmonar no
Estado de São Paulo", publicada em 1950.
• 1945 – convênio entre a ELSP e a Universidade de Chicago permite que Nogueira
siga para os EUA, onde cursa o doutorado, até 1947. Retoma ao Brasil para escrever
a tese, que não é defendida porque sendo filiado ao Partido Comunista Brasileiro, em
1952, com o macartismo, não recebe o visto.
• Continua vinculado à ELSP, ensinando no curso de graduação, a partir de 1943, e na
pós-graduação, a partir de 1947. Pesquisa e participa da Revista Sociologia, de
1948-1958. Colabora com a Comissão de Folclore.
• Com o retorno de Pierson, não encontra espaço na ELSP e aceita o convite para a
cadeira de Ciência da Administração na Faculdade de Ciências Econômicas e
Administração da USP.
• Em 1955, vai ser efetivado como técnico do Instituto de Administração da USP, e a
seguir se torna chefe do Setor de Pesquisas Sociais.
• 1957 vai para o Rio de Janeiro, se integra no Centro Brasileiro de Pesquisas Educacionais (CBPE)
do Instituto Nacional de Estudos Pedagógicos (INEP), do Ministério da Educação, atendendo ao
convite de Darcy Ribeiro, que tinha sido seu aluno na ELSP.
• Em 1961, retorna a São Paulo, ocupando o cargo de técnico do Instituto de Administração e
formaliza o desligamento da ELSP.
• Em 1967 defende sua tese de Livre Docência, junto à cadeira de Sociologia II da Faculdade
Municipal de Ciências Econômicas e Administrativas de Osasco.
• 1968, e Nogueira é admitido como docente na área de Sociologia da Faculdade de Ciências
Econômicas e Administrativas da USP.
• 1970 se transfere para o Departamento de Ciências Sociais da Faculdade de Filosofia, Letras e
Ciências Humanas, como responsável pela cadeira de Métodos e Técnicas de Pesquisa.
• 1978 retorna à Faculdade de Economia e Administração através de concurso para professor
titular de Sociologia aplicada à Economia, até que se aposente em 1983 é onde permanecerá.
marcos
• A sua marca é a capacidade de criar, de pesquisar, de refletir e de
mostrar. Aborda temas como estigma, preconceito, e mostra que para
compreender a situação no Brasil, deve-se distinguir a dinâmica do
racismo aqui construído e praticado, diferente da dinâmica norte-
americana. Preconceito de Marca se desdobra em exercícios
importante.
• Desenvolve outros temas em pesquisa: família, parentesco,
metodologia e técnicas de pesquisa, estudos de comunidade e
sociologia das profissões.
O texto
• Pensar na experiência de expansão e incorporação dos continentes.
• Chegar ao continente americano (norte, central e sul)
• Pensar nos contingentes nativos X colonizadores;
• Pensar no clima e na semelhança ou distanciamento, quando comparado ao local de origem;
• Pensar no modelo de exploração estabelecido.
• O mundo anglo-saxão X o mundo latino.
• Os efeitos não dos grupos originários e sim dos novos conjuntos que se formam a partir da
miscigenação.
• A plantation... Gera um quadro – estratificação social polarizada em duas camadas extremas, quase
sem camada média.
• Os últimos 100 anos e os efeitos de emancipação. Porém, se continua com um desenho que parece
em demasia com o passado. Qual razão? A economia é ainda rural e as ideias, atitudes e estereótipos
vigentes em relação aos negros, indígenas e mestiços
• Reconhecer que há preconceito racial em ambas as grandes partes da América – latina e não
latina – e a distinção das duas modalidades em que o mesmo se apresenta é o que permitirá se
entender a dinâmica atual das respectivas situações raciais.
• Para tal se vai propor o esquema conceitual buscando suscitar questionamentos , traçar
comparações e demandar novas pesquisas, que testem as hipóteses e se perguntar se o que se
está mostrando idealmente, contrastando Brasil e EUA se aplica a outras situações raciais.
• Passemos então ao texto que foi apresentando no Congresso.
• Os estudos que tratam da ‘situação racial’ brasileira, no que se refere ao negro são divididas em
três correntes:
• 1) Nina Rodrigues e Arthur Ramos – enfatiza o estudo do processo de aculturação, identificar as
contribuições das culturas africanas à formação da cultura brasileira;
• 2)Estudos históricos: representada por Gilberto Freyre – a inserção do negro na nossa
sociedade;
• 3)a corrente sociológica, que se debruça sobre o estado atual das relações entre os
componentes brancos e de cor da população brasileira.
Só importa a terceira corrente
• Quem a inaugurou? Pierson, ao realizar o estudo na Bahia – Brancos e Pretos na Bahia: estudo
de contato racial. 1942.
• Impactou e produziu efeitos no campo.
• UNESCO animou estudos que sendo distintos entre si, tem em comum:
• - delimitar a área investigada, permitindo a coleta de dados;
• - apresentar os dados que são utilizados, permitindo o controle e a comparação;
• - permitir que se compare a situação racial no Brasil com a de outros países.
• O objetivo é chegar ao total Brasil, porém, se vai alcançar a partir dos diferentes estudos que se
somarão e assim se alcança o resultado científico...
• Perceba que se busca trazer espaços ecológicos distintos – jogo das variáveis – e assim se pode
construir uma base sólida.
• O continuum rural – urbano vai ser explorado
• Anuncia que se vai operar com dois conceitos ideais.
• O problema do preconceito racial é o problema central nos estudos de relações raciais.
• Os Estados Unidos e o Brasil constituem exemplos de dois tipos de ‘situações raciais’:
• - em um o preconceito racial é manifesto e insofismável
• - em outro o próprio reconhecimento do preconceito tem dado margem a uma controvérsia
difícil de superar.
• Note que para o autor, os que estudaram o Brasil não conseguem perceber o preconceito racial,
pois o modelo é o norte-americano.
• “A tendência do intelectual brasileiro – geralmente branco – a negar ou subestimar o
preconceito, tal como ocorre no Brasil, e a incapacidade do observador norte-americano em
percebê-lo estão em contradição com a impressão generalizada da própria população de cor do
País”.
• Para Nogueira não se trata de falar em intensidade, na comparação, e sim de naturezas
diferentes.
Preconceito: Marca X Origem
• Preconceito de cor  tradução  preconceito de marca
• Entre o Preconceito racial de marca e o preconceito racial de origem, podem ser apontadas as
seguintes diferenças:
• 1.Quanto ao modo de atuar: o preconceito de marca determina uma preterição; o de origem,
uma exclusão incondicional dos membros do grupo atingido, em relação a situações ou
recursos pelos quais venham a competir com os membros do grupo discriminador.
• 2.Quanto à definição de membro do grupo discriminador e do grupo discriminado: pesquisem
o fenômeno de passing.
• 3.Quanto à carga afetiva: o preto é feio no Brasil e não se assume o preconceito.
• 4.Quanto ao efeito sobre as relações interpessoais.
• 5.Quanto à ideologia: onde o preconceito é de marca, a ideologia é, ao mesmo
tempo, assimilacionista e miscigenacionista; onde é de origem, ela é segregacionista e
racista.
• 6.Quanto à distinção entre diferentes minorias.
• 7.Quanto á etiqueta.
• 8.Quanto ao efeito sobre o grupo discriminado.
• 9.Quanto à reação do grupo discriminado.
• 10.Quanto ao efeito da variação proporcional do contingente minoritário.
• 11.Quanto à estrutura social.
• 12.Quanto ao tipo de movimento político a que inspira.
• Conclusão
Sugestão
• Procure identificar na sua memória / bagagem um romance, um filme, uma música ou... Algo
narrativo ... Que lhe permita encarnar a questão apresentada por Oracy Nogueira nesse texto.
• Você já ouviu falar do fenômeno do passing? É compreensível e aplicável ao Brasil?
• O preconceito racial praticado no Brasil é um entrave para a formação de uma consciência de
classe? É um entrave para sustentar uma ação de base política?
• Finalmente, e só para provocar: você avaliar que é mais difícil ser visto como negro no Brasil ou
nos EUA?

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Preconceito racial de marca e origem

  • 1. PRECONCEITO RACIAL DE MARCA E PRECONCEITO RACIAL DE ORIGEM ORACY NOGUEIRA Relações Étnico-Raciais 2020.0 aula 02 outubro
  • 2.
  • 3. Um texto que nos faz pensar • Escrito numa noite em 1954, para o XXXI Congresso Internacional de Americanistas, realizando em São Paulo, no Simpósio organizado por Florestan Fernandes. • O subtítulo é merecedor de destaque: Sugestão de um quadro de referência para a interpretação do material sobre relações raciais no Brasil. • Temos o livro intitulado Tanto Preto quanto Branco: Estudos de Relações Raciais, que conta com o Prefácio de Thales de Azevedo e uma longa Introdução escrita por Nogueira. É um livro publicado em 1979 e que incorpora o texto Atitude Desfavorável de alguns anunciantes de São Paulo em relação aos empregados de cor, publicado inicialmente em 1942.
  • 4. Biografia e questões • Cunha (SP) 1917 – Cunha (SP) 1996. • Com dez anos se muda para Catanduva e depois para Botocatu. • A década de 1930 tem Getúlio Vargas, tem a reação de São Paulo, e tem as disputas políticas. • 1933/34 trabalha como repórter no Correio de Botocatu; filia-se ao Partido Comunista Brasileiro, permanecendo vinculado até os anos 1960. • Com 19 anos vive o isolamento familiar e a experiência do Sanatório em São José dos Campos. • 1940 – ingressa na Escola Livre de Sociologia e Política e se vincula ao professor Donald Pierson (1936-1952). • Em 1942, Oracy conclui o bacharelado. Em 1945, defende o mestrado com a dissertação "Vozes de Campos de Jordão". Experiências sociais e psíquicas do tuberculoso pulmonar no Estado de São Paulo", publicada em 1950.
  • 5. • 1945 – convênio entre a ELSP e a Universidade de Chicago permite que Nogueira siga para os EUA, onde cursa o doutorado, até 1947. Retoma ao Brasil para escrever a tese, que não é defendida porque sendo filiado ao Partido Comunista Brasileiro, em 1952, com o macartismo, não recebe o visto. • Continua vinculado à ELSP, ensinando no curso de graduação, a partir de 1943, e na pós-graduação, a partir de 1947. Pesquisa e participa da Revista Sociologia, de 1948-1958. Colabora com a Comissão de Folclore. • Com o retorno de Pierson, não encontra espaço na ELSP e aceita o convite para a cadeira de Ciência da Administração na Faculdade de Ciências Econômicas e Administração da USP. • Em 1955, vai ser efetivado como técnico do Instituto de Administração da USP, e a seguir se torna chefe do Setor de Pesquisas Sociais.
  • 6. • 1957 vai para o Rio de Janeiro, se integra no Centro Brasileiro de Pesquisas Educacionais (CBPE) do Instituto Nacional de Estudos Pedagógicos (INEP), do Ministério da Educação, atendendo ao convite de Darcy Ribeiro, que tinha sido seu aluno na ELSP. • Em 1961, retorna a São Paulo, ocupando o cargo de técnico do Instituto de Administração e formaliza o desligamento da ELSP. • Em 1967 defende sua tese de Livre Docência, junto à cadeira de Sociologia II da Faculdade Municipal de Ciências Econômicas e Administrativas de Osasco. • 1968, e Nogueira é admitido como docente na área de Sociologia da Faculdade de Ciências Econômicas e Administrativas da USP. • 1970 se transfere para o Departamento de Ciências Sociais da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, como responsável pela cadeira de Métodos e Técnicas de Pesquisa. • 1978 retorna à Faculdade de Economia e Administração através de concurso para professor titular de Sociologia aplicada à Economia, até que se aposente em 1983 é onde permanecerá.
  • 7. marcos • A sua marca é a capacidade de criar, de pesquisar, de refletir e de mostrar. Aborda temas como estigma, preconceito, e mostra que para compreender a situação no Brasil, deve-se distinguir a dinâmica do racismo aqui construído e praticado, diferente da dinâmica norte- americana. Preconceito de Marca se desdobra em exercícios importante. • Desenvolve outros temas em pesquisa: família, parentesco, metodologia e técnicas de pesquisa, estudos de comunidade e sociologia das profissões.
  • 8. O texto • Pensar na experiência de expansão e incorporação dos continentes. • Chegar ao continente americano (norte, central e sul) • Pensar nos contingentes nativos X colonizadores; • Pensar no clima e na semelhança ou distanciamento, quando comparado ao local de origem; • Pensar no modelo de exploração estabelecido. • O mundo anglo-saxão X o mundo latino. • Os efeitos não dos grupos originários e sim dos novos conjuntos que se formam a partir da miscigenação. • A plantation... Gera um quadro – estratificação social polarizada em duas camadas extremas, quase sem camada média. • Os últimos 100 anos e os efeitos de emancipação. Porém, se continua com um desenho que parece em demasia com o passado. Qual razão? A economia é ainda rural e as ideias, atitudes e estereótipos vigentes em relação aos negros, indígenas e mestiços
  • 9. • Reconhecer que há preconceito racial em ambas as grandes partes da América – latina e não latina – e a distinção das duas modalidades em que o mesmo se apresenta é o que permitirá se entender a dinâmica atual das respectivas situações raciais. • Para tal se vai propor o esquema conceitual buscando suscitar questionamentos , traçar comparações e demandar novas pesquisas, que testem as hipóteses e se perguntar se o que se está mostrando idealmente, contrastando Brasil e EUA se aplica a outras situações raciais. • Passemos então ao texto que foi apresentando no Congresso. • Os estudos que tratam da ‘situação racial’ brasileira, no que se refere ao negro são divididas em três correntes: • 1) Nina Rodrigues e Arthur Ramos – enfatiza o estudo do processo de aculturação, identificar as contribuições das culturas africanas à formação da cultura brasileira; • 2)Estudos históricos: representada por Gilberto Freyre – a inserção do negro na nossa sociedade; • 3)a corrente sociológica, que se debruça sobre o estado atual das relações entre os componentes brancos e de cor da população brasileira.
  • 10. Só importa a terceira corrente • Quem a inaugurou? Pierson, ao realizar o estudo na Bahia – Brancos e Pretos na Bahia: estudo de contato racial. 1942. • Impactou e produziu efeitos no campo. • UNESCO animou estudos que sendo distintos entre si, tem em comum: • - delimitar a área investigada, permitindo a coleta de dados; • - apresentar os dados que são utilizados, permitindo o controle e a comparação; • - permitir que se compare a situação racial no Brasil com a de outros países. • O objetivo é chegar ao total Brasil, porém, se vai alcançar a partir dos diferentes estudos que se somarão e assim se alcança o resultado científico... • Perceba que se busca trazer espaços ecológicos distintos – jogo das variáveis – e assim se pode construir uma base sólida. • O continuum rural – urbano vai ser explorado
  • 11. • Anuncia que se vai operar com dois conceitos ideais. • O problema do preconceito racial é o problema central nos estudos de relações raciais. • Os Estados Unidos e o Brasil constituem exemplos de dois tipos de ‘situações raciais’: • - em um o preconceito racial é manifesto e insofismável • - em outro o próprio reconhecimento do preconceito tem dado margem a uma controvérsia difícil de superar. • Note que para o autor, os que estudaram o Brasil não conseguem perceber o preconceito racial, pois o modelo é o norte-americano. • “A tendência do intelectual brasileiro – geralmente branco – a negar ou subestimar o preconceito, tal como ocorre no Brasil, e a incapacidade do observador norte-americano em percebê-lo estão em contradição com a impressão generalizada da própria população de cor do País”. • Para Nogueira não se trata de falar em intensidade, na comparação, e sim de naturezas diferentes.
  • 12. Preconceito: Marca X Origem • Preconceito de cor  tradução  preconceito de marca • Entre o Preconceito racial de marca e o preconceito racial de origem, podem ser apontadas as seguintes diferenças: • 1.Quanto ao modo de atuar: o preconceito de marca determina uma preterição; o de origem, uma exclusão incondicional dos membros do grupo atingido, em relação a situações ou recursos pelos quais venham a competir com os membros do grupo discriminador. • 2.Quanto à definição de membro do grupo discriminador e do grupo discriminado: pesquisem o fenômeno de passing. • 3.Quanto à carga afetiva: o preto é feio no Brasil e não se assume o preconceito. • 4.Quanto ao efeito sobre as relações interpessoais.
  • 13. • 5.Quanto à ideologia: onde o preconceito é de marca, a ideologia é, ao mesmo tempo, assimilacionista e miscigenacionista; onde é de origem, ela é segregacionista e racista. • 6.Quanto à distinção entre diferentes minorias. • 7.Quanto á etiqueta. • 8.Quanto ao efeito sobre o grupo discriminado. • 9.Quanto à reação do grupo discriminado. • 10.Quanto ao efeito da variação proporcional do contingente minoritário. • 11.Quanto à estrutura social. • 12.Quanto ao tipo de movimento político a que inspira. • Conclusão
  • 14. Sugestão • Procure identificar na sua memória / bagagem um romance, um filme, uma música ou... Algo narrativo ... Que lhe permita encarnar a questão apresentada por Oracy Nogueira nesse texto. • Você já ouviu falar do fenômeno do passing? É compreensível e aplicável ao Brasil? • O preconceito racial praticado no Brasil é um entrave para a formação de uma consciência de classe? É um entrave para sustentar uma ação de base política? • Finalmente, e só para provocar: você avaliar que é mais difícil ser visto como negro no Brasil ou nos EUA?