Aula de Introducao a Sociologia - O que é sociologia.pptx

INTRODUÇÃO
À SOCIOLOGIA
O QUE É SOCIOLOGIA?
O que significa pensar
sociologicamente ?

Objetivos da aula
• ENTENDER O QUE É SOCIOLOGIA E QUAIS AS
ESPECIFICIDADES DESSA DISCIPLINA
• EXPLORAR AS MÚLTIPLAS FACETAS DO EXERCÍCIO
DE PENSAR O MUNDO SOCIOLOGICAMENTE;
• Zigmunt Bauman: “Aprendendo a pensar com a Sociologia”
• Charles W. Mills: “A imaginação sociológica”
• Anthony Giddens: “O que é sociologia"

LEITURAS PRÉVIAS EM SOCIOLOGIA?
O que havia de singular, de diferente nelas?
SIGNIFICADOS QUE VÊM À MENTE?
MORFEMAS QUE COMPÕEM A PALAVRA “SOCIOLOGIA”
Latim “Socius” + Grego “Logos”

“Aprendendo a pensar sociologicamente”
de Zygmunt Bauman
• Primeira versão editada em polonês no ano de
1964, com o título “Sociologia para o dia a dia”
• Nossa tradução veio da edição em inglês de
1990, cuja tradução mais precisa seria
“Pensando sociologicamente”

Como responder à pergunta: o que é sociologia?
• Resposta inicial: uma disciplina científica que combina
um conjunto de práticas de pesquisa e um corpo de
conhecimento acumulado!
• Mas o que faz essas práticas e esses conteúdos serem
exatamente “sociológicos”? O que os torna diferentes de
outros corpos de conhecimento e de outras disciplinas
que têm seus próprios procedimentos?

• Se pensarmos bem, disciplinas como a história, a
antropologia, a geografia humana, a ciência política, a
economia, a filosofia, etc.... todas elas também são um
corpo de conhecimento e um conjunto de práticas que
estudam “o homem” E as ações humanas.
• Se todas são disciplinas científicas que estudam o
mesmo objeto, o que as distingue?

• Primeira tentativa de diferenciação: diferentes
disciplinas, na verdade, se referem a diferentes
divisões no universo de investigação. Ou seja, tratam -
se de divisões existentes nas próprias ações humanas.
• Contudo, não é preciso muito esforço para perceber o
caráter problemático dessa perspectiva. Como separar
uma ação como eminentemente econômica, política
ou social?

“... não há divisão natural do mundo humano que se
reflita em diferentes disciplinas acadêmicas. O que há,
pelo contrário, é uma divisão de trabalho entre os
estudiosos que se debruçam sobre as ações humanas , e
isso é reforçado pela mútua distinção dos respectivos
especialistas, com os direitos exclusivos de cada grupo
quanto à decisão do que pertence e do que não pertence
a suas áreas específicas” (BAUMAN, p.15)

• Segunda tentativa de diferenciação: o que as distinguiria,
então, seria a especialização. Cada disciplina detém seus
próprios métodos e procedimentos profissionais.
• Mais uma vez, notamos rapidamente como essa resposta é
insuficiente. Todas essas disciplinas partem de uma visão
comum de método científico: “buscam coletar fatos
relevantes e garantir sua validade, e, então, testam e
voltam a testar esses fatos no sentido de confirmar a
confiabilidade das informações a respeito deles” (BAUMAN,
p.15).

• Seja a história, seja a economia, seja a antropologia ou a
geografia humana, todas elas observam aspectos das
ações humanas e empregam evidências
históricas/empíricas para interpretá-las através de
modelos de análise de caráter teórico-metodológico.

• TERCEIRA TENTATIVA DE DIFERENCIAÇÃO: O QUE AS
DISTINGUE, ENTÃO, SÃO AS QUESTÕES QUE
PERSEGUEM! O MODO COMO ESSAS QUESTÕES
DETERMINAM OS PONTOS DE VISTA, AS
PERSPECTIVAS PELAS QUAIS AS AÇÕES HUMANAS
SÃO OBSERVADAS, PESQUISADAS, EXPLICADAS PELOS
DIFERENTES ESPECIALISTAS!

• Por exemplo, quais questões motivam AS CIÊNCIAS
ECONÔMICAS e como elas se desdobram em
perspectivas de análise específicas?
• E NO CASO DAS CIÊNCIAS JURÍDICAS?

• A sociologia possui um conjunto próprio de questões que,
então, se desdobra em perspectivas específicas e princípios
autônomos de intepretação do mundo!
• tem como especificidade observar as ações humanas como
elementos de configurações mais amplas. Ou seja, procura
analisar como os atores humanos estão inseridos em redes de
dependência mútua (com diferentes escalas de extensão) e
como essas redes condicionaM e SÃO condicionadas por suas
formas de pensar e agir!!!

• Os contextos sociais em que vivemos não são conjuntos
aleatórios de eventos, estão estruturados ou
padronizados de formas específicas. Mas tais estruturas
não são dadas ou imutáveis, encontram-se em constante
processo de composição: são reestruturadas a todo
momento pelo conjunto de ações individuais!

“Os sociólogos perguntam que consequências isso tem para
os atores humanos, as relações nas quais ingressamos e as
sociedades das quais somos parte. Em resposta, formatam o
objeto da investigação sociológica. Assim, con-figurações,
redes de dependência mútua, condicionamentos recíprocos
da ação e expansão ou confinamento da liberdade dos
atores estão entre as mais preeminentes preocupações da
sociologia” (p.17)

• Dessa forma, Bauman afirma que a questão específica
à sociologia é:
“Como os tipos de relações sociais e de sociedades em
que vivemos têm a ver com as nossas ações e suas
consequências, COM as imagens que formamos uns dos
outros, de nós mesmos e de nosso conhecimento?”

“A imaginação sociológica”
de Charles Wright Mills
• LIVRO ORIGINALMENTE PUBLICADO NOS
ESTADOS UNIDOS, NO ANO DE 1959
• CARÁTER “CRÍTICO” E PROPOSITIVO

• atualmente os homens comuns viveriam atordoados por duas
perspectivas sufocantes do mundo:
• i) de um lado, sua consciência direta estaria limitada por suas
“órbitas privadas”: sua visão, sua capacidade estão limitadas pelo
cenário das suas preocupações individuais e cotidianas: emprego,
família, etc.
• ii) por outro lado, eles também se sentem atemorizados e
incapazes diante das grandes mudanças históricas que se
estendem pelo mundo e a todo tempo transformam a estrutura
de suas sociedades.
A IMAGINAÇÃO SOCIOLÓGICA

• Ainda assim, as pessoas não estariam se esforçando para definir suas
ansiedades e preocupações em termos de transformação histórica e
contradição institucional:
• “Raramente têm consciência da complexa ligação entre suas vidas e o
curso da história mundial; por isso, os homens comuns não sabem,
quase sempre, o que essa ligação significa para os tipos de ser em que
se estão transformando e para o tipo de evolução histórica de que
podem participar. Não dispõem da qualidade intelectual básica para
sentir o jogo que se processa entre os homens e a sociedade, a
biografia e a história, o eu e o mundo” (MILLS, p.10)

• Segundo Mills, essa situação de fragilidade é compreensível e
típica do mundo moderno.
• A “aceleração”, “mundialização” e “profanização” da história
vêm tornando os homens incapazes de se orientaram de acordo
com seus valores. Logo, se sentem incapazes de enfrentar os
horizontes extensos à frente dos quais se vêem colocados.

• Nesse sentido, o que estaria faltando é uma forma de pensamento que lhes
ajude a desenvolver a percepção do que está ocorrendo no mundo e o que
está acontecendo dentro deles mesmos:
• “A imaginação sociológica capacita seu possuidor a compreender o cenário
histórico mais amplo, em têrmos de seus significado para a vida íntima e
para a carreira exterior de numerosos indivíduos. Permite-lhe levar em conta
como os indivíduos, na agitação da sua experiência diária, adquirem
frequentemente uma consciência falsa de suas posições sociais. Dentro dessa
agitação, busca-se a estrutura da sociedade moderna, e dentro dessa
estrutura são formuladas as psicologias de diferentes homens e mulheres.”
(MILLS, p.12)

• Para Mills, o indivíduo só pode compreender sua própria
experiência e avaliar seu próprio destino localizando-se
dentro de seu período. Suas ações, mesmo que de modo
ínfimo, condicionam a sociedade e o curso da história, ao
mesmo tempo em que são condicionadas pela sociedade e
pelo processo histórico!
PRATICANDO A IMAGINAÇÃO SOCIOLÓGICA...

• TODO ATOR SOCIAL POSSUI UM CONHECIMENTO TÁCITO SOBRE
SUA SOCIEDADE E SOBRE COMO AGIR SOCIALMENTE. NESSE
SENTIDO, PODERIA SER CONSIDERADO COMO UM “SOCIÓLOGO
EM POTENCIAL”.
• CONTUDO, QUANDO ESTAMOS IMERSOS EM NOSSAS ROTINAS,
NÃO É FREQUENTE PARARMOS PARA PENSAR SOBRE O
SIGNIFICADO DE NOSSAS AÇÕES E COMPARAR NOSSAS
EXPERIÊNCIAS PESSOAIS COM O DESTINO DOS OUTROS.
SOCIOLOGIA E SENSO COMUM

• O ESTABELECIMENTO DE UMA FRONTEIRA ENTRE O
CONHECIMENTO SOCIOLÓGICO FORMAL E O SENSO COMUM É
UMA QUESTÃO VITAL PARA A IDENTIDADE DA SOCIOLOGIA.
• Bauman, então, aponta para a existência de quatro diferenças
fundamentais entre um e outro tipo de conhecimento:

I) O CONHECIMENTO SOCIOLÓGICO SE SUBORDINA A REGRAS
RIGOROSAS DO DISCURSO CIENTÍFICO:
• Os sociólogos têm um grande cuidado para distinguir
afirmações corroboradas por evidências verificáveis e meras
ideias provisórias e não testadas.
• Enquanto o senso comum é muito pouco auto-vigilante, o
conjunto de procedimentos da Sociologia estão sempre abertos
para fiscalização e crítica!

II) O CONHECIMENTO SOCIAL ORDINÁRIO SE LIMITA AO PRÓPRIO
MUNDO E EXPERIÊNCIAS DE VIDA DAQUELE TEMPO -ESPAÇO.
• AS QUESTÕES QUE A SOCIOLOGIA SE PROPÕE EXIGEM QUE O
PESQUISADOR ESTUDE E COMPARE EXPERIÊNCIAS PROSPECTADAS A
PARTIR DE UMA MULTIPLICIDADE DE MUNDOS: DIFERENTES ÉPOCAS,
DIFERENTES EXPERIÊNCIAS ETNOGRÁFICAS, INÚMEROS RECORTES
DENTRO DE UMA MESMA SOCIEDADE OU ÉPOCA, ETC.

“É POR ESSA RAZÃO QUE A BUSCA DESSA PERSPECTIVA MAIS AMPLA
EFETIVADA PELOS SOCIÓLOGOS FAZ UMA ENORME DIFERENÇA – NÃO
SÓ QUANTITATIVAMENTE, MAS TAMBÉM NA QUALIDADE E NOS USOS
DO CONHECIMENTO. PARA GENTE COMO NÓS, O SABER SOCIOLÓGICO
TEM ALGO A OFERECER QUE O SENSO COMUM, POR MAIS RICO QUE
SEJA, SOZINHO NÃO NOS PODE DAR” (BAUMAN, P.22)

III) SENSO COMUM EXPLICA A AÇÃO HUMANA A PARTIR DE
FERRAMENTAS INTERPRETATIVAS RETIRADAS DO SEU PRÓPRIO
“MUNDO DA VIDA”.
• No caso das sociedades ocidentais, tendemos a perceber tudo o que
acontece no mundo como resultado de uma ação intencional. A
crença na consciência e na vontade racional é quase onipresente.
• Quando conseguimos ir um pouco além, ainda pensamos os eventos
como produto de um sentido imanente, dado.

“A SOCIOLOGIA SE OPÕE TANTO AO MODELO QUE SE FUNDA NA
PARTICULARIDADE DAS VISÕES DE MUNDO, COMO SE ELAS PUDESSEM,
SEM PROBLEMA ALGUM, DAR CONTA DE UM ESTADO GERAL DE COISAS,
QUANTO AO QUE USA FORMAS INQUESTIONÁVEIS DE COMPREENSÃO,
COMO SE ELAS CONSTITUÍSSEM UM MODO NATURAL DE EXPLICAÇÃO DE
EVENTOS (...). QUANDO, EM VEZ DE ATORES INDIVIDUAIS EM AÇÕES
ISOLADAS, TOMA FIGURAÇÕES (REDES DE DEPENDÊNCIA) COMO PONTO DE
PARTIDA DE SUAS PESQUISAS, A SOCIOLOGIA DEMONSTRA QUE A
METÁFORA COMUM DO INDIVÍDUO DOTADO DE MOTIVAÇÃO COMO CHAVE
DA COMPREENSÃO DO MUNDO HUMANO ... NÃO É CAMINHO APROPRIADO
PARA NOS ENTENDER E AOS OUTROS. PENSAR SOCIOLOGICAMENTE É DAR
SENTIDO À CONDIÇÃO HUMANA POR MEIO DE UMA ANÁLISE DAS
NUMEROSAS TEIAS DE INTERDEPENDÊNCIA HUMANA...” !!! (BAUMAN, P.24)

IV) A EFICÁCIA DO SENSO COMUM ESTÁ JUSTAMENTE LIGADA AO SEU
PODER DE AUTOEVIDÊNCIA E AUTOCONFIRMAÇÃO NA PRÁTICA. UM
TIPO DE CONHECIMENTO PRÁTICO QUE ANDA DE MÃOS DADAS COM A
ROTINA.
• ATRAVÉS DO ESTUDO SISTEMÁTICO DE CONTEXTOS AMPLIADOS E
VARIADOS, A SOCIOLOGIA COLOCA EM QUESTÃO COISAS QUE SÃO
TIDAS COMO INQUESTIONÁVEIS, COMO NATURAIS. DE CERTA
FORMA, FAZ PERGUNTAS QUE NINGUÉM QUER SE LEMBRAR DE
FAZER: TRANSFORMA O EVIDENTE EM ENIGMA; PADRÕES NORMAIS
DE VIDA PASSAM DE “ÚNICA POSSIBILIDADE” PARA UMA DAS
MUITAS FORMAS POSSÍVEIS DE DAR ANDAMENTO À VIDA.

• ASSIM, A SOCIOLOGIA É ANTES DE TUDO UMA FORMA
DE PENSAMENTO QUE PROCURA AMPLIAR AS
POSSIBILIDADES DE AUTO-COMPREENSÃO
INDIVIDUAL E SOCIAL!
SOCIOLOGIA COMO COMPREENSÃO

• “PARA TODOS AQUELES QUE ACHAM QUE VIVER A VIDA DE MANEIRA
MAIS CONSCIENTE VALE A PENA, A SOCIOLOGIA É UM GUIA BEM -
VINDO. EMBORA REPOUSE EM CONSTANTE E ÍNTIMA CONVERSAÇÃO
COM O SENSO COMUM, ELA PROCURA ULTRAPASSAR SUAS
LIMITAÇÕES ABRINDO POSSIBILIDADES QUE PODERIAM SER
FACILMENTE IGNORADAS. QUANDO ABORDA E DESAFIA NOSSO
CONHECIMENTO PARTILHADO, A SOCIOLOGIA NOS INCITA E
ENCORAJA A REACESSAR NOSSAS EXPERIÊNCIAS, A DESCOBRIR
NOVAS POSSIBILIDADES E A NOS TORNAR, AFINAL, MAIS ABERTOS E
MENOS ACOMODADOS À IDEIA DE QUE APRENDER SOBRE NÓS
MESMOS E OS OUTROS LEVA A UM PONTO FINAL, EM LUGAR DE
CONSTITUIR UM PROCESSO DINÂMICO E ESTIMULANTE CUJO
OBJETIVO É A MAIOR COMPREENSÃO” (BAUMAN, P.25)

• AO OBJETIVAR AS CONDIÇÕES HISTÓRICO-SOCIAIS DE DIFERENTES
FORMAS DE VIDA, A SOCIOLOGIA CRIA POSSIBILIDADES DE AMPLIAÇÃO
DA LIBERDADE DE PENSAMENTO E AÇÃO;
• Pensamento sociológico é um poder antifixação: torna flexível a
fixidez opressiva das relações sociais.

• “... O INSIGHT SOCIOLÓGICO SOBRE A LÓGICA INTERNA E O SENTIDO DAS
FORMAS DE VIVER DIFERENTES DA NOSSA PODEM NOS LEVAR A PENSAR
DE NOVO SOBRE OS LIMITES ESTABELECIDOS ENTRE NÓS E OS OUTROS.
UMA NOVA COMPREENSÃO GERADA DESSA MANEIRA PODE TORNAR
NOSSA COMUNICAÇÃO COM ‘OS OUTROS’ MAIS FÁCIL E MAIS INCLINADA A
CONDUZIR AO MÚTUO ENTENDIMENTO. MEDO E ANTAGONISMO PODEM
SER SUBSTITUÍDOS POR TOLERÂNCIA. NÃO HÁ MAIOR GARANTIA DE
LIBERDADE INDIVIDUAL QUE A LIBERDADE DE TODOS.” (BAUMAN, p.27)

INDICAÇÃO DE VÍDEO NO YOUTUBE:
“ZIGMUNT BAUMAN – FRONTEIRAS DO PENSAMENTO” (2011)
HTTPS://WWW.YOUTUBE.COM/WATCH?V=POZCBNO -D4A

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