SlideShare uma empresa Scribd logo
AS GRANDES TENDENCIAS DA PINTURA DO SÉCULO XX
Foi em França e na Alemanha que surgiram os primeiros sinais de
renovação da pintura do século XX que ficou marcada:
• pelo dinamismo e euforia artísticos que então se viveram, devidos à
multiplicação das actividades ligadas á arte, feitas pelos
comerciantes e críticos de arte, pelas revistas da especialidade e
pelas exposições particulares realizadas á margem da arte oficial;
• pelo novo homem, saído de uma sociedade citadina, ainda de
contradições, que exigiu o retorno às origens, numa atitude
artística nova;
• pela procura da pureza dos meios de expressão e pelo seu
desligamento da realidade concreta, dando livre curso aos impulsos
e aos sentimentos dos artistas, criando uma plástica que rejeitou
as ideias e as formas antigas e se baseou em princípios autónomos,
revolucionários e individualistas.
Fauvismo
O Fauvismo foi o movimento nascido em França e baptizado em
Paris, por ocasião do Salão de Outono em 1905, pelo critico Louis
Vauxelles, que usou o termo “fauve” para classificar a violenta
expressão cromática patente nas obras destes pintores, em oposição a
uma escultura de caracteristicas clássicas. Constituiu o primeiro e,
talvez, o mais importante movimento de renovação da pintura francesa
deste período que combateu, ao mesmo tempo, o Impressionismo e os seus
efeitos ópticos ilusórios, construindo uma pintura radicalmente nova
que, apesar disso, utilizou os conhecimentos acerca da teoria das
cores estudados no século precedente.
A sua origem remonta diversos ensinamentos e referencias:
• de Cézanne, quando afirma que “à pintura já não cabe relatar mas
sim realizar-se a si mesma”, ou seja, a criação pictórica torna-se
autónoma da realidade objectiva;
• de Van Gogh, quando diz que “em vez de procurar representar o que
tenho diante dos olhos, sirvo-me da cor mais arbitrariamente, para
me exprimir de uma maneira mais forte” e a cor e o individualismo
expressiva vão marcar, decisivamente, a pintura fauve;
• de Gauguin, pela utilização antinaturalista e planificada das
formas, das cores e dos contornos a negro;
• e da arte oriental, em particular da pintura japonesa, planificada
e de contornos lineares.
Apesar de não constituir uma escola organizada, o Fauvismo
pretendeu transmitir ao espectador emoções profundas através da
exaltação das cores que delimitam e definem as formas planificadas,
onde a ilusão da terceira dimensão se perde. Por isso, a perspectiva é
rejeitada e os artistas sujeitam-se á bidimensionalidade da tela,
respeitando o comprimento e a largura da mesma, exprimindo-se dentro
dela. A expressão é dada pela violência das linhas e das cores, onde
se ressaltam os efeitos contrastantes destas, pela pincelada directa e
emotiva, pelo empastamento das tintas e, como consequência, pela
ausência de modelado, num entusiasmo juvenil e individual que é muito
peculiar em Vlaminck, o mais jovem e exaltado pintor deste movimento.
Por este motivo, a construção do espaço pictórico resulta do emprego
da cor e não do desenho, subjugando-se totalmente á expressão.
A temáticas não é relevante para os fauvistas e não tem qualquer
conotação social, política ou outra.
Este movimento durou só alguns anos, dissolvendo-se por volta de
1907. Os seus principais cultores seguiram rumos individuais como a
caso de Matisse, o líder do grupo, e de outros, como Braque e Derain,
que ingressaram no movimento, de sinal contrario, o Cubismo.
Os artistas pertencentes directa ou indirectamente a este
movimento foram: Matisse, Derain, Vlaminck, Marquet, Maguin, Dufy,
entre outros.
Expressionismo
O Expressionismo como forma de expressão geral, pela sua
emotividade intrínseca e pela introspecção, tem sido uma constante em
certas formas artísticas da arte germânica, atingindo momentos de
grande intensidade, por exemplo, no gótico final, no período barroco e
no romantismo.
No séc. XX, surge, primeiramente, com o movimento Die Brücke (A
Ponte – contemporâneo do movimento fauve), nascido em 1905, na cidade
de Dresden; prolongando-se , sob novas formas estéticas, com o
movimento Der Blaeu Reiter (O Cavaleiro Azul), nascido por volta de
1911, na cidade de Munique.
Die Brücke
Contemporâneo do movimento Fauve, o Expressionismo nasceu como
corrente de vanguarda com o objectivo de combater a arte do passado,
condicionada pela tradução da realidade objectiva, renovando os seus
fundamentos, rebelando-se contra a arte académica e contra o
Impressionismo, assim como contra as consequências nefastas da era
industrial. Preconizou, também, uma relação mais pura e directa com a
Natureza. Neste sentido, ultrapassou os objectivos do movimento fauve
que eram apenas estéticos e de renovação plástica.
Tal como aconteceu com os fauve, foram influenciados pelas
formas e pelas cores de Van Gogh e Gauguin. Mas o linearismo dinâmico
de Toulousse-Lautrec foi outra influência nítida, à qual se juntou,
ainda, a arte inquietante do norueguês Munch e a pintura macabra de
Ensor, que os alemães consideram já de corrente Expressionista.
A associação artística Die Brücke, liderada por Ernst Kirchner,
afirmava que este movimento procurava a ponte que leva do visível para
o invisível.
Em 1913, Kirchner escreveu na crónica da Die Brücke: ”Acolhemos
todas as cores que, directa ou indirectamente, reproduzem o puro
impulso criador”, querendo dizer com isto que estavam abertos a formas
expressivas diferentes e individuais.
No entanto, algumas caracteristicas comuns ressaltam da produção
destes artistas, que se podem definir do seguinte modo:
• a sua linguagem foi figurativa e a realidade era colocada como
fonte de conhecimento e de inspiração, mas com o intuito de algo
que se queria criticar, contestar ou destruir – a prostituição, a
miséria, a exploração, a opressão, a dor e a injustiça, sentidas no
inicio do século. Por isso, as suas obras tinham um forte pendor
social, criticando o mundo moderno e as suas “perversidades e
injustiças” as figuras expressavam os sentimentos humanos com
vigor, dramatismo e até angustia revelando o lado trágico da vida.
• A sua estética foi, por consequência, patética e convulsiva,
revelada por figuras deformadas e aguçadas, contornadas por linhas
a negro e por cores ora violentas e contrastadas, ora sombrias, que
punham em evidência os sentimentos, as paixões humanas e um certo
erotismo. Consideram, tal como o movimento francês seu congénere,
que o desenho devia ser dado através da cor, numa manifestação
espontânea, sem prévio delineamento. A cor foi, então, a substância
matérica utilizada com independência em relação ao objecto.
O vigor dramático das figuras foi dado pela supressão de tudo o
que era acessório, acentuando tudo o que lhes parecia fundamental
representar, num processo de simplificação que servia de expressão.
A expressão foi espontânea, temperamental, desenfreada e muitas
vezes irreflectida, aparecendo como um esboço, tosco e inacabado, com
espaços da tela por pintar. Isto é devido à procura de uma linguagem
arcaizante, primitiva e infantil que, com aparente incongruência, se
opôs à temática contemporânea.
O Expressionismo não se confinou apenas à pintura a à Alemanha.
Alargou-se a outros povos do Norte da Europa e teve na literatura, na
escultura e, em particular, na música altos expoentes artísticos.
Este grupo de autores fez diversas exposições entre 1905 e 1913,
mas a 1ª Guerra Mundial provocou a dispersão e o desaparecimento de
alguns artistas. Após 1914, o Expressionismo tomou novos recortes
revelando o desespero, o delírio e a desordem sentida pelo povo
alemão, provocados pela guerra.
Der Blaeu Reiter
Na primeira década deste século, floresceu, na cidade de
Munique, um outro movimento de cariz Expressionista, impulsionado por
um artista russo radicado na Alemanha, Wassily Kandinsky que, em 1910
fundou, juntamente com Franz Marc, o grupo Der Blaeu Reiter (O
Cavaleiro Azul). Kandinsky trouxe para O Cavaleiro Azul outros
artistas da Nova Associação dos Artistas de Munique fundada por ele,
em 1909. Para além destes, faziam parte da nova associação Auguste
Macke, amigo de Marc, e Paul Klee que, embora não pertencesse
directamente ao grupo, comungava dos mesmos ideais.
Os vários elementos de O Cavaleiro Azul estiveram ligados por
atitudes comuns relativamente à arte, embora as suas obras não tenham
caracteristicas idênticas. Assim, quiseram ver a Natureza e o Homem”
numa grande unidade existencial”, pretendendo construir um quadro a
partir das experiências, dos sentimentos subjectivos e das sensações
de cada um, mas com um sentido global, de modo a ser compreendido por
todos “como uma alegoria de construção místico- intimista do mundo”,
tal como afirmou Franz Marc.
Em 1911, fundaram um almanaque com o nome do grupo, editado a
partis de 1912. Este servia para dar a conhecer os grandes objectivos
e o significado mais profundo da nova concepção artística. Fizeram
duas grandes exposições para as quais convidaram artistas de
diferentes quadrantes estéticos e escreveram textos explicando os seus
pontos de vista.
O grande objectivo do grupo não foi fazer pintura dirigida a
alguma entidade ou algum publico particular, mas construir uma arte
pessoal fundada numa meditação, que, tal como disse Kandinsky,
nascesse na “necessidade interior”, não vinculada a qualquer forma de
expressão. Pretendeu, isso sim, conseguir a harmonia não objectiva,
espiritual.
O grande objectivo a que as exposições organizadas por este
grupo se propunham era reunir a Grande Vanguarda da Arte Europeia.
Artistas alemães, russos franceses, italianos e outros, todos reunidos
num só grupo, ultrapassando fronteiras e/ou barreiras nacionais. Era o
elemento artístico que deveria impor-se e não o vocabulário utilizado
por cada um.
De qualquer modo, sofreram influências de pintores franceses
como Cézanne e Matisse. Do primeiro, pela construção de espaço
pictórico e, do segundo, pela magia da cor.
Como pontos comuns ao grupo restrito, destacamos:
• a dimensão lírica da cor, a sua claridade e força luminosa, pura e
límpida, podendo ser dura ou macia, quente ou fria, doce ou amarga,
ou seja, na sua componente tonal, tal com na música, mas sempre
como necessidade interior;
• o dinamismo da forma, sobretudo a sua capacidade de fascinar, a sua
magia interna, a sua emoção, a sua energia psíquica;
• a reconquista da pureza da Natureza, através da figuração, em Marc
e Macke, e com a tendência emotiva e abstracta da superfícies em
Kandinsky que, alias, pinta a sua primeira obra conscientemente
abstracta em 1910 – uma aguarela.
Destas caracteristicas sobressai o aspecto “decorativo” e/ou
sugestivo da obra.
Cubismo
O Cubismo foi um movimento artístico, iniciado por Braque e
Picasso, por volta de 1907, que constitui a maior revolução artística
realizada após o Renascimento. Nasceu como necessidade de entender
pictoricamente o mundo das coisas de uma forma completa, separando as
“imagens fenoménicas” da realização plástica. Isto havia sido já
sentido, anteriormente, por outros artistas mas, agora, os cubistas
pretenderam manter os elementos construtivos das coisas, vistos de uma
forma inteiramente nova, independente da que lhe deu origem e longe da
concepção euclidiana do espaço, criando um objecto artístico autónomo.
O seu nascimento oficial é comummente marcado pelo quadro de
Picasso intitulado Les Demoiselles D’Avignon, obra que testemunha
nitidamente as duas grandes influências do Cubismo:
• por um lado o reconhecimento da importância da obra de Cézanne,
cuja arte se caracteriza pela análise das formas e dos planos
construídos por meio da cor;
• e da arte africana com as suas forma simplificadas, volumétricas e
duras.
Entre 1907 e 1909, estes dois autores, Braque e Picasso,
desenvolveram, separadamente, uma arte semelhante, marcada pela
análise de paisagens e objectos nos quais se fizeram sentir as
reminiscências analíticas de Cézanne, reflectidas nas suas próprias
palavras: “tudo na natureza pode ser reduzido a cones, esferas e
cilindros”. Daí, apelidar-se esta etapa da génese do Cubismo como Fase
Cezanniana. As pinturas deste período, constituídas por paisagens e
casarios, são definidas por grandes planos de cor.
Entre 1909 e 1912, desenvolveu-se a Fase Analítica, definida
pela visão simultânea e multifacetada dos vários aspectos do motivo
observado, fazendo com que o objecto aparecesse na tela como que
quebrado ou explodido.
Nesta fase, os temas mais comuns, foram as naturezas mortas com
objectos do quotidiano, copos, instrumentos musicais.
Esta visão não foi construída por imperativos de análise, mas
com o objectivo da procura da verdade visual do próprio objecto.
Assim, o artista não o representa pelo que vê, mas também, e
sobretudo, pelo que dele conhece, tendo como resultado visual uma
composição bastante complexa. Para simplificar a leitura da obra, as
cores empregues são sóbrias, aparecendo o quadro quase monocromático,
trabalhado em tonalidades de uma cor- base, quase sempre ocres, terras
e cinzentos esverdeados.
Por volta de 1912, Picasso e Braque começam a introduzir nas
suas telas elementos estranhos á pintura, como, fósforos, areia,
madeira, jornal, etc. é por este motivo que a pintura cubista foi
designada por pintura- objecto, devido ao seu desligamento da
Natureza, sendo a tela considerada corporeamente concreta. A pintura
não visou a decoração ou a expressão, mas a realização. Esta fase das
colagens deu-se na passagem do Cubismo Analítico para o Cubismo
sintético, a Segunda grande fase deste movimento.
Juan Gris, mentor do Cubismo Sintético, afirmou que, ao
contrario de Cézanne, “fazia de um cilindro uma garrafa”, partindo de
um pressuposto perfeitamente racionalizado. Esta atitude constituiu
uma viragem no movimento cubista, uma mudança de rumo. Os sólidos de
Cézanne eram, nesta fase, o ponto de partida e não pontos de chegada;
depois, passaram a ser, ainda, mais sintéticos e, gradualmente,
substituídos por formas geométricas simples: quadrado, triângulo e
rectângulo. O cubismo transformou-se numa arte intelectualizada, com
formas fornecidas pela razão e, como consequência, cada vez mais
abstractas, ligadas à mentalidade rigorosa e matemática dos seus
autores.
A par das formas simplificadas surgiu, com maior pujança, a cor
vibrante, em sobreposições e transparências de planos. A emoção volta
a aparecer na pintura “pela mão” da cor, resultado da simplificação
das formas, da redução dos planos e das linhas puras, extraindo tudo o
que era acessório, inútil ou decorativo. Mantiveram, contudo, os temas
do Cubismo Analítico: Naturezas motas com objectos do quotidiano.
Esta abertura à cor e o aparente estatismo demonstrado pelo
Cubismo levaram alguns autores a formular novas atitudes que, segundo
eles, estariam mais de acordo com a vida moderna. Essas ideias foram
expressas em dois movimentos que estiveram próximos no modo como
abordaram a cor. São eles o Orfismo e a Secção de Ouro.
O Orfismo, derivado da Secção de Ouro, teve na cor o elemento
principal da sua arte. Aliou o lirismo à exaltação harmónica das
cores, em justaposições de circulo abstractos, de sentido cósmico e,
portanto, dinâmicos e movimentos intensos.
O Cubismo diluiu-se , enquanto movimento por volta de 1918. No
entanto Braque manteve-se fiel à visão facetada dos objectos durante
toda a sua vida, construindo uma arte solidada e equilibrada.
Futurismo
O Futurismo nasceu em Itália e foi um movimento que se
manifestou primeiramente na literatura para, mais tarde, se estender
ás artes plásticas, à arquitectura, á musica, ao cinema, etc. o seu
surgimento, datado de 20 de Fevereiro de 1901, foi marcado pelo
Manifesto Futurista do poeta Marinetti, publicado no jornal Le Figaro,
em Paris. Nesse texto profético e polémico, o autor propôs a exaltação
da civilização industrial, o movimento da máquina e da velocidade.
Em 1910, surgiu o Manifesto de Pintores Futuristas, subscrito
pelos Pintores Boccione, Carlo Carrá, Severini, etc. estes artistas
propunham-se, também a lutar contra qualquer forma de tradição,
inclusive, contra os movimentos anteriores como o Cubismo, fazendo a
apologia da máquina, da velocidade, da luz, e da própria sensação
dinâmica.
Pretenderam:
• a libertação e a exaltação de energias;
• a reflexão sobre a vida moderna, demonstrando amor por ela;
• a exaltação do presente, da velocidade e das formas mecânicas
produzidas pela civilização;
• expressar a “simultaneidade dos estados de alma na obra de arte”.
O Futurismo constituiu-se, portanto, como um movimento de
rebelião activa e de afirmação das novas e modernas energias da
existência, aproximando-se, em termos emocionais, dos expressionistas
mas, em termos visuais e plásticos, assemelhando-se ao cubismo que
combateu, devido ao seu estatismo.
Por isso, a sua plástica esteve contida na noção de mudança e os
temas recorreram a qualquer assunto que implicasse velocidade e
dinamismo.
Para tal utilizaram:
• os recursos da fotografia e do cinema na alternância de planos, na
sobreposição de imagens, ora fundidas ora encadeadas;
• a mobilidade no contorno das formas que aparecem e desaparecem,
sendo o observador transportado para o meio do quadro.
A nível formal predominam:
• os arabescos contorcidos, as linhas circulares emaranhadas, as
espirais e as elipses, a geometrização dos planos em ângulo agudo,
mais dinâmico , abolindo totalmente os ângulos rectos cubistas na
organização espacial, permitindo a sugestão de fragmentação da luz.
• As cores muito contrastadas, oscilando entre os vermelhos
estridentes, os verde intensos, os amarelos e os laranjas- vivos,
em composições violentas e chocantes.
Abstraccionismo
O aparecimento do abstraccionismo deve-se em parte ás teorias
estéticas, cientificas, espirituais e práticas do fim do séc. XIX. É
com o Expressionismo que se caminha para o abstraccionismo, tendo
vários tipos de abstraccionismo: abstraccionismo lírico e
abstraccionismo geométrico.
Abstraccionismo lírico – tem como principais caracteristicas a
cor e a liberdade do traço. Kandinsky.
Abstracção geométrica – cria uma relação entre a cor, a forma e
a música. Com este movimento vem a criar-se movimentos como o
suprematismo, Construtivismo e neo-plasticismo.
Construtivismo
Queriam que a arte tivesse uma produção de objectos utilitários
e “construídos”. Gabo realiza esculturas onde a forma é obtida pelo
movimento e chama-lhes “construções cinéticas”. As ideias
construtivistas anunciam o fim da arte pela arte e preconizavam uma
arte funcional que a sociedade e o povo podessem tirar partido; a obra
deverá ser total e deve encontar lugar na vida quotidiana e na cidade.
Utilizou e rendeu-se á arte abstracta geométrica, tendo investido em
área como o cinema, o desenho industrial, artes aplicadas, ballet,
mobiliário, etc.
Dadaísmo
Movimento artístico de vanguarda, cujas origens são
simultaneamente europeias e norte-americanas. O ponto de origem é
Zurique, onde, no ano de 1916, um grupo de jovens artistas e
escritores. O Dadaísmo americano desenvolveu-se sobretudo em Nova
Iorque, entre 1915 e 1923, em torno sobretudo dos pintores Marcel
Duchamp e Francis Picabia.
Movimento formado por poetas, críticos e pintores que recusavam
os valores e os modelos da cultura tradicional. Procuravam obter
daqueles que liam e ouviam, reacções negativas, através do insulto e
da dessacralização da ordem estabelecida. A linguagem era agressiva,
provocatória e irónica, jogando com ambiguidades, subvertendo
sentidos, etc. as suas publicações favoreceram a comunicação entre
grupos de artistas, como os construtivistas, os neoplasticistas, etc.
Art Deco
Esta arte decorativa desenvolveu-se no primeiro quartel do séc.
XX e o seu percurso culmina com a realização da grande “Exposição de
Artes Decorativas e Industriais” em 1925, em Paris. Caracteriza-se por
um acentuado decorativismo, cujos elementos são essencialmente
geometrizados e estilizados.
As origens da Art Deco mergulham no movimento Arts and Crafts,
no trabalho do inglês William Morris do final do séc. XIX. Na
Deutscher Werkbund, de 1907, e no Modernismo Artístico de Munique e
Viena. Simultaneamente, a Art Deco integrou alguns aspectos dos
movimentos de vanguarda contemporâneos, particularmente o Cubismo, o
Futurismo e o Neoplasticismo, onde foi buscar a racionalidade da forma
e do espaço.
Esta arte caracterizou-se pela individualidade e pelo
eclectismo. O seu grande sucesso deveu-se ao facto de ter unido a
tradição à modernidade. Acessível a todos e disponível, a Art Deco era
comprada pela classe média, que aderiu ao gosto simultaneamente
requintado e exótico, transformando-a rapidamente num fenómeno de
moda.
Surrealismo
Esta corrente estética formou-se em Paris, de certo modo saída
do movimento Dada. Foi teorizada pelo Porta André Breton, em 1924, com
o Primeiro Manifesto do Surrealismo. No primeiro numero da revista
Revolução Surrealista, da mesma época, colaboraram alguns pintores
como Picasso, Miró, de Chirico, etc. as suas origens pictóricas estão
ligadas ao ready-made de Duchamp e aos Interiores Metafísicos de De
Chirico. Tal como o Dadaísmo, revolta-se contra a arte pela arte. Dada
abriu a Breton novas perspectivas, uma nova era de lucidez. Ele
procurou pela destruição de imagens estereotipadas tornar a realidade
o sonho e o desejo.
De 1924 a 1928, durante o primeiro período surrealista, Picasso,
Max Ernst e Masson recorreram à colagem e ás técnicas da escrita
automática para dar livre curso à expressão do inconsciente, sob a
influencia do álcool. Mason retoma a técnica da areia. A linguagem
metafórica do inconsciente põe em causa as aparências, sublinha o
sentido oculto das imagens e permite a definição de um processo
estético.
O surrealismo põe em evidência as pulsões como funções
organizadoras do Mundo e redefine a obra de arte como a revelação e
lugar de uma eterna rotura, de uma instabilidade. O movimento
surrealista vai organizar regularmente exposições internacionais, até
1966, data em que morre, em Paris, André Breton.
Neo-realismo
No contexto histórico dos anos 20 e 30, desenvolveu-se a
estética neo-realista. Esta caracteriza-se por uma interpretação
figurativa, filtrada pelas tendências do movimento moderno,
nomeadamente, o Cubismo e o Expressionismo. Para além da dimensão
estética, era importante o compromisso ético e social. Foi sobretudo
na América Latina, e particularmente no México, que se desenvolveu
esta nova arte, embora os seus promotores tivessem profundas relações
com o modernismo europeu parisiense. Depois da revolução Mexicana de
1910, os artistas deram inicio à produção de obras inspiradas na
história pré-colombiana, reagindo contra o regime colonial e as suas
consequências. Surgem os grandes murais com temática alusiva aos
episódios da recente revolução e á história dos povos maia e azteca.
Neoplasticismo
O caminho para a abstracção geométrica apareceu no inicio do
século XX e racionalizou-se em 1913, na obra de Piet Mondrian, vindo
do Academismo, do Divisionismo, do Fauvismo, do Expressionismo e até
mesmo do Cubismo.
Em 1918, aparece o Primeiro Manifesto do Movimento Neoplástico,
impresso em várias línguas. Toda a noção de subjectividade, dinamismo,
movimento e profundidade estava proibida nesta corrente. A regra
neoplastica, tal como Mondrian enunciou, exigia o emprego da formas
rigorosamente abstractas e geométricas, baseadas na ortogonalidade das
linhas, assim como o tratamento liso das cores puras fundamentais –
amarelo, azul, vermelho – aliadas às cores neutralizantes – preto,
branco e cinzento. A utilização do ângulo recto, que Mondrian diz ter
descoberto na paisagem holandesa, e a destruição dos volumes são
outras duas caracteristicas importantes esta estética. Todas estas
regras visavam o equilíbrio do quadro, que não devia basear-se na
simetria, mas nos princípios da não lateralidade, da não estabilidade,
recriando um equilíbrio de equivalência, como na obra de Kandinsky. O
Neoplasticismo deve entender-se, não só como expressão estética das
nossas sensações subjectivas, mas como expressão directa do universo
em nós. O equilíbrio das linhas verticais e horizontais permitiu a
criação de uma beleza nova, totalmente independente da natureza.
Decorações de interiores e composição arquitecturais seguiam também
estes princípios.
Pop Art
Esta tendência artística tem origem num debate iniciado na
Inglaterra, no inicio dos anos 50, sobre a comunicação de massas e a
produção de imagens que lhe dizem respeito. Os mitos da vida diária,
que se manifestam na cultura de consumo, os meios de comunicação de
massas e a euforia tecnológica manifestam-se na Pop Art.
A Pop Art mantém o equilíbrio entre as eufóricas perspectivas de
progresso de uma época e as teses catastrófico- pessimistas. A cultura
Pop e o modo de vida estão estreitamente ligadas nos anos 60. A Pop
caracteriza a reacção de uma época e inspira-se no imaginário
popular, propondo, nas suas obras, muitas reelaborações pessoais a
linguagem Pop difunde-se a partir de 59-60, os EUA, onde a importância
dada aos objectos de utilização quotidiana é cada vez maior na área da
representação.
Nos anos 60, dá-se o desenvolvimento pleno da Pop Art, que se
caracteriza, de um modo geral, pela negação de toda a referencia á
emoção subjectiva e ao gesto lírico- dramático e pela utilização
sistemática, aparentemente neutra, de imagens e objectos ligados à
comunicação de massas e á vida quotidiana. Os principais
representantes são Roy Liechtenstein e Andy Warhol.
Hiper-realismo
Pelo recurso á fotografia e ás técnicas fotográficas de registo
da realidade, também pode ser chamado de Fotorealismo. Esta nova arte
vem propor-nos uma visão fotográfica da realidade. Mais importante é o
modo de registar o espaço, semelhante ao efeito óptico produzido pela
máquina fotográfica. O tema era mero pretexto e só o efeito
fotográfico contava. Muitas pinturas utilizam uma técnica de projecção
de fotografias sobre tela. Vários artistas e de várias
especializações, procuram apanhar a realidade de forma violentamente
realista, como se estivesse eternamente paralisada.
Expressionismo abstracto
A designação extensiva da arte abstracta, não geométrica e de
caracter gestualista, engloba manifestações mais especificas como a
pintura de acção, o Gestualismo e a Abstracção Pictural. O
Expressionismo abstracto foi o primeiro movimento artístico enraizado
simultaneamente nas tradições artísticas da modernidade europeia e
americana, devendo-se tal facto à grande influência dos artistas
refugiados nos Estados Unidos durante a 2ª Guerra Mundial.
Op Art
Baseava-se no interesse pelas ilusões ópticas que produziam
sensações de movimento. A rápida popularidade do movimento, e a sua
extensão à moda e ao vestuário, vulgarizou a Op Art e esgotou o seu
significado.
Pós-Modernismo
Designação atribuída a um conjunto diversificado de propostas
que se afastam da modernidade racionalista. O termo aplicou-se
sobretudo na arquitectura e no Design, tendo vindo a ser depois
atribuída às artes plásticas. O Pós-modernismo na arquitectura liga-se
à crise da modernidade, ou seja, à crise do funcionalismo. Os
arquitectos passam a Ter um novo olhar sobre a história e sobre o
sitio, retomando muitas vezes propostas esboçadas pela arquitectura
modernista do principio do séc. XX.
As grandes tendências da pintura do séc. xx

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

Ficha formativa "A Cultura da Gare 2"
Ficha formativa "A Cultura da Gare 2"Ficha formativa "A Cultura da Gare 2"
Ficha formativa "A Cultura da Gare 2"
Ana Barreiros
 
Expressionismo
Expressionismo Expressionismo
Movimentos Dadaísmo e Surrealismo
Movimentos Dadaísmo e SurrealismoMovimentos Dadaísmo e Surrealismo
Movimentos Dadaísmo e Surrealismo
Andrea Dressler
 
Expressionismo
ExpressionismoExpressionismo
Expressionismo
Martinha Sousa
 
Arte e literatura
Arte e literaturaArte e literatura
Arte e literatura
Susana Simões
 
Expressionismo
ExpressionismoExpressionismo
Expressionismo
Agostinho
 
Expressionismo
ExpressionismoExpressionismo
Expressionismo
Jaqueline Silva
 
As Vanguardas: Ruturas com os Cânones das Artes
As Vanguardas: Ruturas com os Cânones das ArtesAs Vanguardas: Ruturas com os Cânones das Artes
As Vanguardas: Ruturas com os Cânones das Artes
Jorge Fernandes
 
O interesse pela realidade social nas artes e na literatura
O interesse pela realidade social nas artes e na literaturaO interesse pela realidade social nas artes e na literatura
O interesse pela realidade social nas artes e na literatura
Susana Simões
 
Expressionismo
ExpressionismoExpressionismo
Expressionismo
ArtesElisa
 
Aula 9
Aula 9Aula 9
As vanguardasno inicio do século XX
As vanguardasno inicio do século XXAs vanguardasno inicio do século XX
As vanguardasno inicio do século XX
Miguel Duarte
 
Expressionismo
ExpressionismoExpressionismo
Expressionismo
Ana Gabriela
 
Movimentos artísticos
Movimentos artísticosMovimentos artísticos
Movimentos artísticos
Bruno Costa
 
HCA grupo A
HCA   grupo AHCA   grupo A
HCA grupo A
becresforte
 
Fauvismo e Expressionismo
Fauvismo e ExpressionismoFauvismo e Expressionismo
Fauvismo e Expressionismo
jorgina8
 
Impressionismo e Expressionismo - 3ª A - 2011
Impressionismo e Expressionismo - 3ª A - 2011Impressionismo e Expressionismo - 3ª A - 2011
Impressionismo e Expressionismo - 3ª A - 2011
Maria Inês de Souza Vitorino Justino
 
As vanguardas artísticas
As vanguardas artísticasAs vanguardas artísticas
As vanguardas artísticas
cr962019
 
Correcao 2ª ficha formativa cultura do cinema
Correcao 2ª ficha formativa cultura do cinemaCorrecao 2ª ficha formativa cultura do cinema
Correcao 2ª ficha formativa cultura do cinema
Ana Barreiros
 
História da Arte: Expressionismo
História da Arte: ExpressionismoHistória da Arte: Expressionismo
História da Arte: Expressionismo
Raphael Lanzillotte
 

Mais procurados (20)

Ficha formativa "A Cultura da Gare 2"
Ficha formativa "A Cultura da Gare 2"Ficha formativa "A Cultura da Gare 2"
Ficha formativa "A Cultura da Gare 2"
 
Expressionismo
Expressionismo Expressionismo
Expressionismo
 
Movimentos Dadaísmo e Surrealismo
Movimentos Dadaísmo e SurrealismoMovimentos Dadaísmo e Surrealismo
Movimentos Dadaísmo e Surrealismo
 
Expressionismo
ExpressionismoExpressionismo
Expressionismo
 
Arte e literatura
Arte e literaturaArte e literatura
Arte e literatura
 
Expressionismo
ExpressionismoExpressionismo
Expressionismo
 
Expressionismo
ExpressionismoExpressionismo
Expressionismo
 
As Vanguardas: Ruturas com os Cânones das Artes
As Vanguardas: Ruturas com os Cânones das ArtesAs Vanguardas: Ruturas com os Cânones das Artes
As Vanguardas: Ruturas com os Cânones das Artes
 
O interesse pela realidade social nas artes e na literatura
O interesse pela realidade social nas artes e na literaturaO interesse pela realidade social nas artes e na literatura
O interesse pela realidade social nas artes e na literatura
 
Expressionismo
ExpressionismoExpressionismo
Expressionismo
 
Aula 9
Aula 9Aula 9
Aula 9
 
As vanguardasno inicio do século XX
As vanguardasno inicio do século XXAs vanguardasno inicio do século XX
As vanguardasno inicio do século XX
 
Expressionismo
ExpressionismoExpressionismo
Expressionismo
 
Movimentos artísticos
Movimentos artísticosMovimentos artísticos
Movimentos artísticos
 
HCA grupo A
HCA   grupo AHCA   grupo A
HCA grupo A
 
Fauvismo e Expressionismo
Fauvismo e ExpressionismoFauvismo e Expressionismo
Fauvismo e Expressionismo
 
Impressionismo e Expressionismo - 3ª A - 2011
Impressionismo e Expressionismo - 3ª A - 2011Impressionismo e Expressionismo - 3ª A - 2011
Impressionismo e Expressionismo - 3ª A - 2011
 
As vanguardas artísticas
As vanguardas artísticasAs vanguardas artísticas
As vanguardas artísticas
 
Correcao 2ª ficha formativa cultura do cinema
Correcao 2ª ficha formativa cultura do cinemaCorrecao 2ª ficha formativa cultura do cinema
Correcao 2ª ficha formativa cultura do cinema
 
História da Arte: Expressionismo
História da Arte: ExpressionismoHistória da Arte: Expressionismo
História da Arte: Expressionismo
 

Semelhante a As grandes tendências da pintura do séc. xx

Expressionismo Alemão
Expressionismo AlemãoExpressionismo Alemão
Expressionismo Alemão
Michele Pó
 
História da arte ii profª sônia pardim (11) movimentos de arte moderna
História da arte ii   profª sônia pardim (11) movimentos de arte modernaHistória da arte ii   profª sônia pardim (11) movimentos de arte moderna
História da arte ii profª sônia pardim (11) movimentos de arte moderna
Safra Brasileira
 
O Modernismo na Arte
O Modernismo na ArteO Modernismo na Arte
O Modernismo na Arte
Michele Wilbert
 
Artes - Trabalho de história e EV
Artes - Trabalho de história e EVArtes - Trabalho de história e EV
Artes - Trabalho de história e EV
ammarahmonteiro
 
Power Point Pintura Modernista
Power Point Pintura ModernistaPower Point Pintura Modernista
Power Point Pintura Modernista
guestbdd8c1f
 
Vanguardas2019.
Vanguardas2019.Vanguardas2019.
Vanguardas2019.
CLEBER LUIS DAMACENO
 
História das artes visuais edite
História das artes visuais editeHistória das artes visuais edite
História das artes visuais edite
John Joseph
 
23 arte abstrata 2020
23 arte abstrata 202023 arte abstrata 2020
23 arte abstrata 2020
CLEBER LUIS DAMACENO
 
Vanguardas Européias
Vanguardas EuropéiasVanguardas Européias
Vanguardas Européias
Arcelino Barbosa
 
Expressionismo - Trabalho de artes
Expressionismo - Trabalho de artesExpressionismo - Trabalho de artes
Expressionismo - Trabalho de artes
Luis_Cesar_Hryckiv
 
Ruptura e inovação nas artes e na literatura inês modesto
Ruptura e inovação nas artes e na literatura inês modestoRuptura e inovação nas artes e na literatura inês modesto
Ruptura e inovação nas artes e na literatura inês modesto
ceufaias
 
História da arte arte moderna
História da arte   arte modernaHistória da arte   arte moderna
História da arte arte moderna
Lú Carvalho
 
Expressionismo
ExpressionismoExpressionismo
Expressionismo
Joel
 
Ismos arte moderna- CBG
Ismos  arte moderna- CBGIsmos  arte moderna- CBG
Ismos arte moderna- CBG
Aline Raposo
 
Arte moderna
Arte modernaArte moderna
Arte moderna
Ana Paula Silva
 
Expressionismo
ExpressionismoExpressionismo
Expressionismo
Miguel Fonseca
 
Ensino médio 1o. bimestre- a arte da primeira metade do século xx-expression...
Ensino médio  1o. bimestre- a arte da primeira metade do século xx-expression...Ensino médio  1o. bimestre- a arte da primeira metade do século xx-expression...
Ensino médio 1o. bimestre- a arte da primeira metade do século xx-expression...
ArtesElisa
 
Mapa Mental de Arte - Vanguardas Europeias.docx
Mapa Mental de Arte - Vanguardas Europeias.docxMapa Mental de Arte - Vanguardas Europeias.docx
Mapa Mental de Arte - Vanguardas Europeias.docx
PolianaMendes21
 
As vanguardas.ppt
As vanguardas.pptAs vanguardas.ppt
As vanguardas.ppt
Nuno Faustino
 
Aula História da Arte / Cursinho Novo Colégio 2018
Aula História da Arte / Cursinho Novo Colégio 2018Aula História da Arte / Cursinho Novo Colégio 2018
Aula História da Arte / Cursinho Novo Colégio 2018
CLEBER LUIS DAMACENO
 

Semelhante a As grandes tendências da pintura do séc. xx (20)

Expressionismo Alemão
Expressionismo AlemãoExpressionismo Alemão
Expressionismo Alemão
 
História da arte ii profª sônia pardim (11) movimentos de arte moderna
História da arte ii   profª sônia pardim (11) movimentos de arte modernaHistória da arte ii   profª sônia pardim (11) movimentos de arte moderna
História da arte ii profª sônia pardim (11) movimentos de arte moderna
 
O Modernismo na Arte
O Modernismo na ArteO Modernismo na Arte
O Modernismo na Arte
 
Artes - Trabalho de história e EV
Artes - Trabalho de história e EVArtes - Trabalho de história e EV
Artes - Trabalho de história e EV
 
Power Point Pintura Modernista
Power Point Pintura ModernistaPower Point Pintura Modernista
Power Point Pintura Modernista
 
Vanguardas2019.
Vanguardas2019.Vanguardas2019.
Vanguardas2019.
 
História das artes visuais edite
História das artes visuais editeHistória das artes visuais edite
História das artes visuais edite
 
23 arte abstrata 2020
23 arte abstrata 202023 arte abstrata 2020
23 arte abstrata 2020
 
Vanguardas Européias
Vanguardas EuropéiasVanguardas Européias
Vanguardas Européias
 
Expressionismo - Trabalho de artes
Expressionismo - Trabalho de artesExpressionismo - Trabalho de artes
Expressionismo - Trabalho de artes
 
Ruptura e inovação nas artes e na literatura inês modesto
Ruptura e inovação nas artes e na literatura inês modestoRuptura e inovação nas artes e na literatura inês modesto
Ruptura e inovação nas artes e na literatura inês modesto
 
História da arte arte moderna
História da arte   arte modernaHistória da arte   arte moderna
História da arte arte moderna
 
Expressionismo
ExpressionismoExpressionismo
Expressionismo
 
Ismos arte moderna- CBG
Ismos  arte moderna- CBGIsmos  arte moderna- CBG
Ismos arte moderna- CBG
 
Arte moderna
Arte modernaArte moderna
Arte moderna
 
Expressionismo
ExpressionismoExpressionismo
Expressionismo
 
Ensino médio 1o. bimestre- a arte da primeira metade do século xx-expression...
Ensino médio  1o. bimestre- a arte da primeira metade do século xx-expression...Ensino médio  1o. bimestre- a arte da primeira metade do século xx-expression...
Ensino médio 1o. bimestre- a arte da primeira metade do século xx-expression...
 
Mapa Mental de Arte - Vanguardas Europeias.docx
Mapa Mental de Arte - Vanguardas Europeias.docxMapa Mental de Arte - Vanguardas Europeias.docx
Mapa Mental de Arte - Vanguardas Europeias.docx
 
As vanguardas.ppt
As vanguardas.pptAs vanguardas.ppt
As vanguardas.ppt
 
Aula História da Arte / Cursinho Novo Colégio 2018
Aula História da Arte / Cursinho Novo Colégio 2018Aula História da Arte / Cursinho Novo Colégio 2018
Aula História da Arte / Cursinho Novo Colégio 2018
 

As grandes tendências da pintura do séc. xx

  • 1. AS GRANDES TENDENCIAS DA PINTURA DO SÉCULO XX Foi em França e na Alemanha que surgiram os primeiros sinais de renovação da pintura do século XX que ficou marcada: • pelo dinamismo e euforia artísticos que então se viveram, devidos à multiplicação das actividades ligadas á arte, feitas pelos comerciantes e críticos de arte, pelas revistas da especialidade e pelas exposições particulares realizadas á margem da arte oficial; • pelo novo homem, saído de uma sociedade citadina, ainda de contradições, que exigiu o retorno às origens, numa atitude artística nova; • pela procura da pureza dos meios de expressão e pelo seu desligamento da realidade concreta, dando livre curso aos impulsos e aos sentimentos dos artistas, criando uma plástica que rejeitou as ideias e as formas antigas e se baseou em princípios autónomos, revolucionários e individualistas. Fauvismo O Fauvismo foi o movimento nascido em França e baptizado em Paris, por ocasião do Salão de Outono em 1905, pelo critico Louis Vauxelles, que usou o termo “fauve” para classificar a violenta expressão cromática patente nas obras destes pintores, em oposição a uma escultura de caracteristicas clássicas. Constituiu o primeiro e, talvez, o mais importante movimento de renovação da pintura francesa deste período que combateu, ao mesmo tempo, o Impressionismo e os seus efeitos ópticos ilusórios, construindo uma pintura radicalmente nova que, apesar disso, utilizou os conhecimentos acerca da teoria das cores estudados no século precedente. A sua origem remonta diversos ensinamentos e referencias: • de Cézanne, quando afirma que “à pintura já não cabe relatar mas sim realizar-se a si mesma”, ou seja, a criação pictórica torna-se autónoma da realidade objectiva; • de Van Gogh, quando diz que “em vez de procurar representar o que tenho diante dos olhos, sirvo-me da cor mais arbitrariamente, para me exprimir de uma maneira mais forte” e a cor e o individualismo expressiva vão marcar, decisivamente, a pintura fauve; • de Gauguin, pela utilização antinaturalista e planificada das formas, das cores e dos contornos a negro; • e da arte oriental, em particular da pintura japonesa, planificada e de contornos lineares.
  • 2. Apesar de não constituir uma escola organizada, o Fauvismo pretendeu transmitir ao espectador emoções profundas através da exaltação das cores que delimitam e definem as formas planificadas, onde a ilusão da terceira dimensão se perde. Por isso, a perspectiva é rejeitada e os artistas sujeitam-se á bidimensionalidade da tela, respeitando o comprimento e a largura da mesma, exprimindo-se dentro dela. A expressão é dada pela violência das linhas e das cores, onde se ressaltam os efeitos contrastantes destas, pela pincelada directa e emotiva, pelo empastamento das tintas e, como consequência, pela ausência de modelado, num entusiasmo juvenil e individual que é muito peculiar em Vlaminck, o mais jovem e exaltado pintor deste movimento. Por este motivo, a construção do espaço pictórico resulta do emprego da cor e não do desenho, subjugando-se totalmente á expressão. A temáticas não é relevante para os fauvistas e não tem qualquer conotação social, política ou outra. Este movimento durou só alguns anos, dissolvendo-se por volta de 1907. Os seus principais cultores seguiram rumos individuais como a caso de Matisse, o líder do grupo, e de outros, como Braque e Derain, que ingressaram no movimento, de sinal contrario, o Cubismo. Os artistas pertencentes directa ou indirectamente a este movimento foram: Matisse, Derain, Vlaminck, Marquet, Maguin, Dufy, entre outros. Expressionismo O Expressionismo como forma de expressão geral, pela sua emotividade intrínseca e pela introspecção, tem sido uma constante em certas formas artísticas da arte germânica, atingindo momentos de grande intensidade, por exemplo, no gótico final, no período barroco e no romantismo. No séc. XX, surge, primeiramente, com o movimento Die Brücke (A Ponte – contemporâneo do movimento fauve), nascido em 1905, na cidade de Dresden; prolongando-se , sob novas formas estéticas, com o movimento Der Blaeu Reiter (O Cavaleiro Azul), nascido por volta de 1911, na cidade de Munique. Die Brücke Contemporâneo do movimento Fauve, o Expressionismo nasceu como corrente de vanguarda com o objectivo de combater a arte do passado, condicionada pela tradução da realidade objectiva, renovando os seus fundamentos, rebelando-se contra a arte académica e contra o
  • 3. Impressionismo, assim como contra as consequências nefastas da era industrial. Preconizou, também, uma relação mais pura e directa com a Natureza. Neste sentido, ultrapassou os objectivos do movimento fauve que eram apenas estéticos e de renovação plástica. Tal como aconteceu com os fauve, foram influenciados pelas formas e pelas cores de Van Gogh e Gauguin. Mas o linearismo dinâmico de Toulousse-Lautrec foi outra influência nítida, à qual se juntou, ainda, a arte inquietante do norueguês Munch e a pintura macabra de Ensor, que os alemães consideram já de corrente Expressionista. A associação artística Die Brücke, liderada por Ernst Kirchner, afirmava que este movimento procurava a ponte que leva do visível para o invisível. Em 1913, Kirchner escreveu na crónica da Die Brücke: ”Acolhemos todas as cores que, directa ou indirectamente, reproduzem o puro impulso criador”, querendo dizer com isto que estavam abertos a formas expressivas diferentes e individuais. No entanto, algumas caracteristicas comuns ressaltam da produção destes artistas, que se podem definir do seguinte modo: • a sua linguagem foi figurativa e a realidade era colocada como fonte de conhecimento e de inspiração, mas com o intuito de algo que se queria criticar, contestar ou destruir – a prostituição, a miséria, a exploração, a opressão, a dor e a injustiça, sentidas no inicio do século. Por isso, as suas obras tinham um forte pendor social, criticando o mundo moderno e as suas “perversidades e injustiças” as figuras expressavam os sentimentos humanos com vigor, dramatismo e até angustia revelando o lado trágico da vida. • A sua estética foi, por consequência, patética e convulsiva, revelada por figuras deformadas e aguçadas, contornadas por linhas a negro e por cores ora violentas e contrastadas, ora sombrias, que punham em evidência os sentimentos, as paixões humanas e um certo erotismo. Consideram, tal como o movimento francês seu congénere, que o desenho devia ser dado através da cor, numa manifestação espontânea, sem prévio delineamento. A cor foi, então, a substância matérica utilizada com independência em relação ao objecto. O vigor dramático das figuras foi dado pela supressão de tudo o que era acessório, acentuando tudo o que lhes parecia fundamental representar, num processo de simplificação que servia de expressão. A expressão foi espontânea, temperamental, desenfreada e muitas vezes irreflectida, aparecendo como um esboço, tosco e inacabado, com espaços da tela por pintar. Isto é devido à procura de uma linguagem
  • 4. arcaizante, primitiva e infantil que, com aparente incongruência, se opôs à temática contemporânea. O Expressionismo não se confinou apenas à pintura a à Alemanha. Alargou-se a outros povos do Norte da Europa e teve na literatura, na escultura e, em particular, na música altos expoentes artísticos. Este grupo de autores fez diversas exposições entre 1905 e 1913, mas a 1ª Guerra Mundial provocou a dispersão e o desaparecimento de alguns artistas. Após 1914, o Expressionismo tomou novos recortes revelando o desespero, o delírio e a desordem sentida pelo povo alemão, provocados pela guerra. Der Blaeu Reiter Na primeira década deste século, floresceu, na cidade de Munique, um outro movimento de cariz Expressionista, impulsionado por um artista russo radicado na Alemanha, Wassily Kandinsky que, em 1910 fundou, juntamente com Franz Marc, o grupo Der Blaeu Reiter (O Cavaleiro Azul). Kandinsky trouxe para O Cavaleiro Azul outros artistas da Nova Associação dos Artistas de Munique fundada por ele, em 1909. Para além destes, faziam parte da nova associação Auguste Macke, amigo de Marc, e Paul Klee que, embora não pertencesse directamente ao grupo, comungava dos mesmos ideais. Os vários elementos de O Cavaleiro Azul estiveram ligados por atitudes comuns relativamente à arte, embora as suas obras não tenham caracteristicas idênticas. Assim, quiseram ver a Natureza e o Homem” numa grande unidade existencial”, pretendendo construir um quadro a partir das experiências, dos sentimentos subjectivos e das sensações de cada um, mas com um sentido global, de modo a ser compreendido por todos “como uma alegoria de construção místico- intimista do mundo”, tal como afirmou Franz Marc. Em 1911, fundaram um almanaque com o nome do grupo, editado a partis de 1912. Este servia para dar a conhecer os grandes objectivos e o significado mais profundo da nova concepção artística. Fizeram duas grandes exposições para as quais convidaram artistas de diferentes quadrantes estéticos e escreveram textos explicando os seus pontos de vista. O grande objectivo do grupo não foi fazer pintura dirigida a alguma entidade ou algum publico particular, mas construir uma arte pessoal fundada numa meditação, que, tal como disse Kandinsky, nascesse na “necessidade interior”, não vinculada a qualquer forma de expressão. Pretendeu, isso sim, conseguir a harmonia não objectiva, espiritual.
  • 5. O grande objectivo a que as exposições organizadas por este grupo se propunham era reunir a Grande Vanguarda da Arte Europeia. Artistas alemães, russos franceses, italianos e outros, todos reunidos num só grupo, ultrapassando fronteiras e/ou barreiras nacionais. Era o elemento artístico que deveria impor-se e não o vocabulário utilizado por cada um. De qualquer modo, sofreram influências de pintores franceses como Cézanne e Matisse. Do primeiro, pela construção de espaço pictórico e, do segundo, pela magia da cor. Como pontos comuns ao grupo restrito, destacamos: • a dimensão lírica da cor, a sua claridade e força luminosa, pura e límpida, podendo ser dura ou macia, quente ou fria, doce ou amarga, ou seja, na sua componente tonal, tal com na música, mas sempre como necessidade interior; • o dinamismo da forma, sobretudo a sua capacidade de fascinar, a sua magia interna, a sua emoção, a sua energia psíquica; • a reconquista da pureza da Natureza, através da figuração, em Marc e Macke, e com a tendência emotiva e abstracta da superfícies em Kandinsky que, alias, pinta a sua primeira obra conscientemente abstracta em 1910 – uma aguarela. Destas caracteristicas sobressai o aspecto “decorativo” e/ou sugestivo da obra. Cubismo O Cubismo foi um movimento artístico, iniciado por Braque e Picasso, por volta de 1907, que constitui a maior revolução artística realizada após o Renascimento. Nasceu como necessidade de entender pictoricamente o mundo das coisas de uma forma completa, separando as “imagens fenoménicas” da realização plástica. Isto havia sido já sentido, anteriormente, por outros artistas mas, agora, os cubistas pretenderam manter os elementos construtivos das coisas, vistos de uma forma inteiramente nova, independente da que lhe deu origem e longe da concepção euclidiana do espaço, criando um objecto artístico autónomo. O seu nascimento oficial é comummente marcado pelo quadro de Picasso intitulado Les Demoiselles D’Avignon, obra que testemunha nitidamente as duas grandes influências do Cubismo: • por um lado o reconhecimento da importância da obra de Cézanne, cuja arte se caracteriza pela análise das formas e dos planos construídos por meio da cor; • e da arte africana com as suas forma simplificadas, volumétricas e duras.
  • 6. Entre 1907 e 1909, estes dois autores, Braque e Picasso, desenvolveram, separadamente, uma arte semelhante, marcada pela análise de paisagens e objectos nos quais se fizeram sentir as reminiscências analíticas de Cézanne, reflectidas nas suas próprias palavras: “tudo na natureza pode ser reduzido a cones, esferas e cilindros”. Daí, apelidar-se esta etapa da génese do Cubismo como Fase Cezanniana. As pinturas deste período, constituídas por paisagens e casarios, são definidas por grandes planos de cor. Entre 1909 e 1912, desenvolveu-se a Fase Analítica, definida pela visão simultânea e multifacetada dos vários aspectos do motivo observado, fazendo com que o objecto aparecesse na tela como que quebrado ou explodido. Nesta fase, os temas mais comuns, foram as naturezas mortas com objectos do quotidiano, copos, instrumentos musicais. Esta visão não foi construída por imperativos de análise, mas com o objectivo da procura da verdade visual do próprio objecto. Assim, o artista não o representa pelo que vê, mas também, e sobretudo, pelo que dele conhece, tendo como resultado visual uma composição bastante complexa. Para simplificar a leitura da obra, as cores empregues são sóbrias, aparecendo o quadro quase monocromático, trabalhado em tonalidades de uma cor- base, quase sempre ocres, terras e cinzentos esverdeados. Por volta de 1912, Picasso e Braque começam a introduzir nas suas telas elementos estranhos á pintura, como, fósforos, areia, madeira, jornal, etc. é por este motivo que a pintura cubista foi designada por pintura- objecto, devido ao seu desligamento da Natureza, sendo a tela considerada corporeamente concreta. A pintura não visou a decoração ou a expressão, mas a realização. Esta fase das colagens deu-se na passagem do Cubismo Analítico para o Cubismo sintético, a Segunda grande fase deste movimento. Juan Gris, mentor do Cubismo Sintético, afirmou que, ao contrario de Cézanne, “fazia de um cilindro uma garrafa”, partindo de um pressuposto perfeitamente racionalizado. Esta atitude constituiu uma viragem no movimento cubista, uma mudança de rumo. Os sólidos de Cézanne eram, nesta fase, o ponto de partida e não pontos de chegada; depois, passaram a ser, ainda, mais sintéticos e, gradualmente, substituídos por formas geométricas simples: quadrado, triângulo e rectângulo. O cubismo transformou-se numa arte intelectualizada, com formas fornecidas pela razão e, como consequência, cada vez mais abstractas, ligadas à mentalidade rigorosa e matemática dos seus autores.
  • 7. A par das formas simplificadas surgiu, com maior pujança, a cor vibrante, em sobreposições e transparências de planos. A emoção volta a aparecer na pintura “pela mão” da cor, resultado da simplificação das formas, da redução dos planos e das linhas puras, extraindo tudo o que era acessório, inútil ou decorativo. Mantiveram, contudo, os temas do Cubismo Analítico: Naturezas motas com objectos do quotidiano. Esta abertura à cor e o aparente estatismo demonstrado pelo Cubismo levaram alguns autores a formular novas atitudes que, segundo eles, estariam mais de acordo com a vida moderna. Essas ideias foram expressas em dois movimentos que estiveram próximos no modo como abordaram a cor. São eles o Orfismo e a Secção de Ouro. O Orfismo, derivado da Secção de Ouro, teve na cor o elemento principal da sua arte. Aliou o lirismo à exaltação harmónica das cores, em justaposições de circulo abstractos, de sentido cósmico e, portanto, dinâmicos e movimentos intensos. O Cubismo diluiu-se , enquanto movimento por volta de 1918. No entanto Braque manteve-se fiel à visão facetada dos objectos durante toda a sua vida, construindo uma arte solidada e equilibrada. Futurismo O Futurismo nasceu em Itália e foi um movimento que se manifestou primeiramente na literatura para, mais tarde, se estender ás artes plásticas, à arquitectura, á musica, ao cinema, etc. o seu surgimento, datado de 20 de Fevereiro de 1901, foi marcado pelo Manifesto Futurista do poeta Marinetti, publicado no jornal Le Figaro, em Paris. Nesse texto profético e polémico, o autor propôs a exaltação da civilização industrial, o movimento da máquina e da velocidade. Em 1910, surgiu o Manifesto de Pintores Futuristas, subscrito pelos Pintores Boccione, Carlo Carrá, Severini, etc. estes artistas propunham-se, também a lutar contra qualquer forma de tradição, inclusive, contra os movimentos anteriores como o Cubismo, fazendo a apologia da máquina, da velocidade, da luz, e da própria sensação dinâmica. Pretenderam: • a libertação e a exaltação de energias; • a reflexão sobre a vida moderna, demonstrando amor por ela; • a exaltação do presente, da velocidade e das formas mecânicas produzidas pela civilização; • expressar a “simultaneidade dos estados de alma na obra de arte”.
  • 8. O Futurismo constituiu-se, portanto, como um movimento de rebelião activa e de afirmação das novas e modernas energias da existência, aproximando-se, em termos emocionais, dos expressionistas mas, em termos visuais e plásticos, assemelhando-se ao cubismo que combateu, devido ao seu estatismo. Por isso, a sua plástica esteve contida na noção de mudança e os temas recorreram a qualquer assunto que implicasse velocidade e dinamismo. Para tal utilizaram: • os recursos da fotografia e do cinema na alternância de planos, na sobreposição de imagens, ora fundidas ora encadeadas; • a mobilidade no contorno das formas que aparecem e desaparecem, sendo o observador transportado para o meio do quadro. A nível formal predominam: • os arabescos contorcidos, as linhas circulares emaranhadas, as espirais e as elipses, a geometrização dos planos em ângulo agudo, mais dinâmico , abolindo totalmente os ângulos rectos cubistas na organização espacial, permitindo a sugestão de fragmentação da luz. • As cores muito contrastadas, oscilando entre os vermelhos estridentes, os verde intensos, os amarelos e os laranjas- vivos, em composições violentas e chocantes. Abstraccionismo O aparecimento do abstraccionismo deve-se em parte ás teorias estéticas, cientificas, espirituais e práticas do fim do séc. XIX. É com o Expressionismo que se caminha para o abstraccionismo, tendo vários tipos de abstraccionismo: abstraccionismo lírico e abstraccionismo geométrico. Abstraccionismo lírico – tem como principais caracteristicas a cor e a liberdade do traço. Kandinsky. Abstracção geométrica – cria uma relação entre a cor, a forma e a música. Com este movimento vem a criar-se movimentos como o suprematismo, Construtivismo e neo-plasticismo. Construtivismo Queriam que a arte tivesse uma produção de objectos utilitários e “construídos”. Gabo realiza esculturas onde a forma é obtida pelo movimento e chama-lhes “construções cinéticas”. As ideias construtivistas anunciam o fim da arte pela arte e preconizavam uma
  • 9. arte funcional que a sociedade e o povo podessem tirar partido; a obra deverá ser total e deve encontar lugar na vida quotidiana e na cidade. Utilizou e rendeu-se á arte abstracta geométrica, tendo investido em área como o cinema, o desenho industrial, artes aplicadas, ballet, mobiliário, etc. Dadaísmo Movimento artístico de vanguarda, cujas origens são simultaneamente europeias e norte-americanas. O ponto de origem é Zurique, onde, no ano de 1916, um grupo de jovens artistas e escritores. O Dadaísmo americano desenvolveu-se sobretudo em Nova Iorque, entre 1915 e 1923, em torno sobretudo dos pintores Marcel Duchamp e Francis Picabia. Movimento formado por poetas, críticos e pintores que recusavam os valores e os modelos da cultura tradicional. Procuravam obter daqueles que liam e ouviam, reacções negativas, através do insulto e da dessacralização da ordem estabelecida. A linguagem era agressiva, provocatória e irónica, jogando com ambiguidades, subvertendo sentidos, etc. as suas publicações favoreceram a comunicação entre grupos de artistas, como os construtivistas, os neoplasticistas, etc. Art Deco Esta arte decorativa desenvolveu-se no primeiro quartel do séc. XX e o seu percurso culmina com a realização da grande “Exposição de Artes Decorativas e Industriais” em 1925, em Paris. Caracteriza-se por um acentuado decorativismo, cujos elementos são essencialmente geometrizados e estilizados. As origens da Art Deco mergulham no movimento Arts and Crafts, no trabalho do inglês William Morris do final do séc. XIX. Na Deutscher Werkbund, de 1907, e no Modernismo Artístico de Munique e Viena. Simultaneamente, a Art Deco integrou alguns aspectos dos movimentos de vanguarda contemporâneos, particularmente o Cubismo, o Futurismo e o Neoplasticismo, onde foi buscar a racionalidade da forma e do espaço. Esta arte caracterizou-se pela individualidade e pelo eclectismo. O seu grande sucesso deveu-se ao facto de ter unido a tradição à modernidade. Acessível a todos e disponível, a Art Deco era comprada pela classe média, que aderiu ao gosto simultaneamente requintado e exótico, transformando-a rapidamente num fenómeno de moda.
  • 10. Surrealismo Esta corrente estética formou-se em Paris, de certo modo saída do movimento Dada. Foi teorizada pelo Porta André Breton, em 1924, com o Primeiro Manifesto do Surrealismo. No primeiro numero da revista Revolução Surrealista, da mesma época, colaboraram alguns pintores como Picasso, Miró, de Chirico, etc. as suas origens pictóricas estão ligadas ao ready-made de Duchamp e aos Interiores Metafísicos de De Chirico. Tal como o Dadaísmo, revolta-se contra a arte pela arte. Dada abriu a Breton novas perspectivas, uma nova era de lucidez. Ele procurou pela destruição de imagens estereotipadas tornar a realidade o sonho e o desejo. De 1924 a 1928, durante o primeiro período surrealista, Picasso, Max Ernst e Masson recorreram à colagem e ás técnicas da escrita automática para dar livre curso à expressão do inconsciente, sob a influencia do álcool. Mason retoma a técnica da areia. A linguagem metafórica do inconsciente põe em causa as aparências, sublinha o sentido oculto das imagens e permite a definição de um processo estético. O surrealismo põe em evidência as pulsões como funções organizadoras do Mundo e redefine a obra de arte como a revelação e lugar de uma eterna rotura, de uma instabilidade. O movimento surrealista vai organizar regularmente exposições internacionais, até 1966, data em que morre, em Paris, André Breton. Neo-realismo No contexto histórico dos anos 20 e 30, desenvolveu-se a estética neo-realista. Esta caracteriza-se por uma interpretação figurativa, filtrada pelas tendências do movimento moderno, nomeadamente, o Cubismo e o Expressionismo. Para além da dimensão estética, era importante o compromisso ético e social. Foi sobretudo na América Latina, e particularmente no México, que se desenvolveu esta nova arte, embora os seus promotores tivessem profundas relações com o modernismo europeu parisiense. Depois da revolução Mexicana de 1910, os artistas deram inicio à produção de obras inspiradas na história pré-colombiana, reagindo contra o regime colonial e as suas consequências. Surgem os grandes murais com temática alusiva aos episódios da recente revolução e á história dos povos maia e azteca. Neoplasticismo O caminho para a abstracção geométrica apareceu no inicio do século XX e racionalizou-se em 1913, na obra de Piet Mondrian, vindo
  • 11. do Academismo, do Divisionismo, do Fauvismo, do Expressionismo e até mesmo do Cubismo. Em 1918, aparece o Primeiro Manifesto do Movimento Neoplástico, impresso em várias línguas. Toda a noção de subjectividade, dinamismo, movimento e profundidade estava proibida nesta corrente. A regra neoplastica, tal como Mondrian enunciou, exigia o emprego da formas rigorosamente abstractas e geométricas, baseadas na ortogonalidade das linhas, assim como o tratamento liso das cores puras fundamentais – amarelo, azul, vermelho – aliadas às cores neutralizantes – preto, branco e cinzento. A utilização do ângulo recto, que Mondrian diz ter descoberto na paisagem holandesa, e a destruição dos volumes são outras duas caracteristicas importantes esta estética. Todas estas regras visavam o equilíbrio do quadro, que não devia basear-se na simetria, mas nos princípios da não lateralidade, da não estabilidade, recriando um equilíbrio de equivalência, como na obra de Kandinsky. O Neoplasticismo deve entender-se, não só como expressão estética das nossas sensações subjectivas, mas como expressão directa do universo em nós. O equilíbrio das linhas verticais e horizontais permitiu a criação de uma beleza nova, totalmente independente da natureza. Decorações de interiores e composição arquitecturais seguiam também estes princípios. Pop Art Esta tendência artística tem origem num debate iniciado na Inglaterra, no inicio dos anos 50, sobre a comunicação de massas e a produção de imagens que lhe dizem respeito. Os mitos da vida diária, que se manifestam na cultura de consumo, os meios de comunicação de massas e a euforia tecnológica manifestam-se na Pop Art. A Pop Art mantém o equilíbrio entre as eufóricas perspectivas de progresso de uma época e as teses catastrófico- pessimistas. A cultura Pop e o modo de vida estão estreitamente ligadas nos anos 60. A Pop caracteriza a reacção de uma época e inspira-se no imaginário popular, propondo, nas suas obras, muitas reelaborações pessoais a linguagem Pop difunde-se a partir de 59-60, os EUA, onde a importância dada aos objectos de utilização quotidiana é cada vez maior na área da representação. Nos anos 60, dá-se o desenvolvimento pleno da Pop Art, que se caracteriza, de um modo geral, pela negação de toda a referencia á emoção subjectiva e ao gesto lírico- dramático e pela utilização sistemática, aparentemente neutra, de imagens e objectos ligados à
  • 12. comunicação de massas e á vida quotidiana. Os principais representantes são Roy Liechtenstein e Andy Warhol. Hiper-realismo Pelo recurso á fotografia e ás técnicas fotográficas de registo da realidade, também pode ser chamado de Fotorealismo. Esta nova arte vem propor-nos uma visão fotográfica da realidade. Mais importante é o modo de registar o espaço, semelhante ao efeito óptico produzido pela máquina fotográfica. O tema era mero pretexto e só o efeito fotográfico contava. Muitas pinturas utilizam uma técnica de projecção de fotografias sobre tela. Vários artistas e de várias especializações, procuram apanhar a realidade de forma violentamente realista, como se estivesse eternamente paralisada. Expressionismo abstracto A designação extensiva da arte abstracta, não geométrica e de caracter gestualista, engloba manifestações mais especificas como a pintura de acção, o Gestualismo e a Abstracção Pictural. O Expressionismo abstracto foi o primeiro movimento artístico enraizado simultaneamente nas tradições artísticas da modernidade europeia e americana, devendo-se tal facto à grande influência dos artistas refugiados nos Estados Unidos durante a 2ª Guerra Mundial. Op Art Baseava-se no interesse pelas ilusões ópticas que produziam sensações de movimento. A rápida popularidade do movimento, e a sua extensão à moda e ao vestuário, vulgarizou a Op Art e esgotou o seu significado. Pós-Modernismo Designação atribuída a um conjunto diversificado de propostas que se afastam da modernidade racionalista. O termo aplicou-se sobretudo na arquitectura e no Design, tendo vindo a ser depois atribuída às artes plásticas. O Pós-modernismo na arquitectura liga-se à crise da modernidade, ou seja, à crise do funcionalismo. Os arquitectos passam a Ter um novo olhar sobre a história e sobre o sitio, retomando muitas vezes propostas esboçadas pela arquitectura modernista do principio do séc. XX.