O documento discute as eleições municipais de 2008 e a necessidade da esquerda socialista criar uma alternativa política real para as eleições presidenciais de 2010. Argumenta que a frente de esquerda formada em 2006 foi insuficiente e que é preciso constituir uma frente política mais ampla, baseada num programa comum e na unidade de ação, que incorpore movimentos sociais e outras organizações populares.
Como Costa vai engolir a esquerda parlamentarGRAZIA TANTA
Na Grécia surgiu um Syriza que anulou o desacreditado Pasok, adoptando a agenda deste último. Em Portugal, foi o PS que se preveniu e prepara a sua sobrevivência cooptando a esquerda parlamentar. Dois caminhos diferentes para uma normalização neoliberal em tempos de crise duradoura
Política, manifestações e o pensamento conservador no Brasil - Parte IUFPB
As ações do Estado e dos diversos movimentos sociais não podem ser consideradas antagônicas, apesar de opostas, pois surgem em um cenário de interdependência entre si e são fruto do atual momento histórico e do arranjo de forças do capitalismo no Brasil e no mundo, com reverberações sócio culturais no campo da política. Essa não é uma provocação ao debate para aqueles que comemoram dados espetaculares e estatísticas em relação a outros países, que acham bacana a “corrida maluca” por índices como o de Gini ou PIB, os quais foram criados como forma de medir, ranquear e julgar o desenvolvimento capitalista dos “países em desenvolvimento” em relação aos “países desenvolvidos”.
Como Costa vai engolir a esquerda parlamentarGRAZIA TANTA
Na Grécia surgiu um Syriza que anulou o desacreditado Pasok, adoptando a agenda deste último. Em Portugal, foi o PS que se preveniu e prepara a sua sobrevivência cooptando a esquerda parlamentar. Dois caminhos diferentes para uma normalização neoliberal em tempos de crise duradoura
Política, manifestações e o pensamento conservador no Brasil - Parte IUFPB
As ações do Estado e dos diversos movimentos sociais não podem ser consideradas antagônicas, apesar de opostas, pois surgem em um cenário de interdependência entre si e são fruto do atual momento histórico e do arranjo de forças do capitalismo no Brasil e no mundo, com reverberações sócio culturais no campo da política. Essa não é uma provocação ao debate para aqueles que comemoram dados espetaculares e estatísticas em relação a outros países, que acham bacana a “corrida maluca” por índices como o de Gini ou PIB, os quais foram criados como forma de medir, ranquear e julgar o desenvolvimento capitalista dos “países em desenvolvimento” em relação aos “países desenvolvidos”.
O teatro eleitoral em portugal – 2005 15GRAZIA TANTA
1 - Uma década em dez pontos perdida
2 - As eleições nos últimos dez anos e a estagnação política
2.1 - O desempenho do partido-estado (PSD/PS)
2.2 - Os comportamentos na esquerda
2.3 - A direita assumida
Modernamente, os países estruturam seus governos com base nos sistemas presidencialista e parlamentarista. No sistema presidencialista, no regime republicano, como ocorre no Brasil, o presidente eleito recebe mandato popular para governar durante um determinado período de tempo enquanto, no sistema parlamentarista, nos regimes republicano ou monárquico, o partido majoritário no Parlamento é incumbido de escolher o primeiro-ministro, estruturar a maioria parlamentar necessária para governar e montar seu gabinete. Se o partido majoritário não conseguir compor um novo governo, seriam realizadas novas eleições parlamentares. No sistema presidencialista, pode acontecer o presidente eleito governar sem possuir a maioria parlamentar necessária, fato este que se constitui em fator de instabilidade política de difícil superação como vem ocorrendo no Brasil há muitos anos e, particularmente na conjuntura atual.
Diferentemente do sistema parlamentarista que possibilita a substituição do governo em exercício por outro em momentos de crise política, o sistema presidencialista dificulta este tipo de solução haja vista que o presidente eleito só pode ser apeado do poder legalmente durante seu mandato em caso de crime de responsabilidade ou pela força através de golpe de estado.
A análise da autocrítica do PT permite constatar que sua resolução não reconheceu que ele próprio criou as condições para o afastamento de Dilma Rousseff do poder graças à incompetência do governo federal que foi responsável pela bancarrota da economia brasileira, além de não apresentar solução para a crise econômica do País da qual resultaram a insolvência da União, dos Estados e Municípios, a falência de cerca de 40% das empresas nacionais, 11 milhões de desempregados, a inflação superior a 10% ao ano e a rejeição por parte de 80% da população brasileira. Em sua autocrítica o PT não fez referência ao fato de ter realizado um verdadeiro assalto aos cofres públicos institucionalizando a corrupção em todas as instâncias do governo. O PT acusa a direita de comprometer seus interesses quando governou de 2002 a 2016 com a direita ao afirmar que o partido ficou “refém de acordos táticos” para conseguir administrar o país que ampliou o poder de fogo de setores mais à direita. O PT faz, também, demonstra sua flagrante incompetência ao não identificar que a crise mundial de 2008 traria graves consequências para o Brasil com a instabilidade que evoluiu até atingir o nível catastrófico atual.
Democratização do Parlamento
Autores: Org.: Zilah Wendel Abramo e Mila Frati
Sinopse:
Resultado do seminário Democratização do Parlamento, realizado em abril de 2005, em São Paulo, o livro reúne os debates travados naquela ocasião, quando parlamentares do Brasil e da Alemanha trocaram experiências sobre o exercício do mandato legislativo, os mecanismos de participação social e o funcionamento das casas legislativas. O seminário e a edição do livro foram realizados em parceria com o Instituto Rosa Luxemburg Stifitung e faz parte do programa de formação de vereadores do Partido dos Trabalhadores.
O ESTADO BRASILEIRO EM DEBATE: ENTRE AS MUDANÇAS NECESSÁRIAS E AS ELEIÇÕES 2014UFPB
O debate sobre “Qual o Estado que queremos?” e “Estado para quê e para quem?” percebe-se que é evitado por muitos setores e grupos políticos tanto de oposição, como alguns grupos partidários que compõem a situação no atual governo. Além de ser um debate considerado “complicado” do ponto de vista teórico, técnico e político, é considerado pouco viável do ponto de vista eleitoral. Claro, que, além disso, propor o debate sobre um Estado promotor de igualdade social tenderia a desestabilizar zonas de conforto, desconcentrar poder e recursos públicos direcionados para corporações e grupos mercantis privados. Esse debate sobre Estado no Brasil junto com a sociedade talvez seja adiado por muito tempo ainda, por mais que não faltem evidências de que precisa ser feito.
Pesquisa Datafolha mostra que 71% dos brasileiros são contra a reforma da Previdência. Há maioria antirreforma entre todos os grupos sociodemográficos do País. O Datafolha fez 2.781 entrevistas em 172 municípios na quarta (26) e na quinta (27), antes da greve geral contra o governo Temer ocorrida no dia 28/04/2017. Para 60% dos brasileiros, a reforma trabalhista proposta por Michel Temer irá beneficiar, sobretudo os patrões, de acordo com a última pesquisa Datafolha. A maioria dos brasileiros acha que a reforma trabalhista e a terceirização privilegiam mais os empresários do que os trabalhadores. Ainda segundo o levantamento, os próprios empresários também pensam assim. Este quadro demonstra a existência de um verdadeiro divórcio entre o Estado e a Sociedade Civil no Brasil.
O teatro eleitoral em portugal – 2005 15GRAZIA TANTA
1 - Uma década em dez pontos perdida
2 - As eleições nos últimos dez anos e a estagnação política
2.1 - O desempenho do partido-estado (PSD/PS)
2.2 - Os comportamentos na esquerda
2.3 - A direita assumida
Modernamente, os países estruturam seus governos com base nos sistemas presidencialista e parlamentarista. No sistema presidencialista, no regime republicano, como ocorre no Brasil, o presidente eleito recebe mandato popular para governar durante um determinado período de tempo enquanto, no sistema parlamentarista, nos regimes republicano ou monárquico, o partido majoritário no Parlamento é incumbido de escolher o primeiro-ministro, estruturar a maioria parlamentar necessária para governar e montar seu gabinete. Se o partido majoritário não conseguir compor um novo governo, seriam realizadas novas eleições parlamentares. No sistema presidencialista, pode acontecer o presidente eleito governar sem possuir a maioria parlamentar necessária, fato este que se constitui em fator de instabilidade política de difícil superação como vem ocorrendo no Brasil há muitos anos e, particularmente na conjuntura atual.
Diferentemente do sistema parlamentarista que possibilita a substituição do governo em exercício por outro em momentos de crise política, o sistema presidencialista dificulta este tipo de solução haja vista que o presidente eleito só pode ser apeado do poder legalmente durante seu mandato em caso de crime de responsabilidade ou pela força através de golpe de estado.
A análise da autocrítica do PT permite constatar que sua resolução não reconheceu que ele próprio criou as condições para o afastamento de Dilma Rousseff do poder graças à incompetência do governo federal que foi responsável pela bancarrota da economia brasileira, além de não apresentar solução para a crise econômica do País da qual resultaram a insolvência da União, dos Estados e Municípios, a falência de cerca de 40% das empresas nacionais, 11 milhões de desempregados, a inflação superior a 10% ao ano e a rejeição por parte de 80% da população brasileira. Em sua autocrítica o PT não fez referência ao fato de ter realizado um verdadeiro assalto aos cofres públicos institucionalizando a corrupção em todas as instâncias do governo. O PT acusa a direita de comprometer seus interesses quando governou de 2002 a 2016 com a direita ao afirmar que o partido ficou “refém de acordos táticos” para conseguir administrar o país que ampliou o poder de fogo de setores mais à direita. O PT faz, também, demonstra sua flagrante incompetência ao não identificar que a crise mundial de 2008 traria graves consequências para o Brasil com a instabilidade que evoluiu até atingir o nível catastrófico atual.
Democratização do Parlamento
Autores: Org.: Zilah Wendel Abramo e Mila Frati
Sinopse:
Resultado do seminário Democratização do Parlamento, realizado em abril de 2005, em São Paulo, o livro reúne os debates travados naquela ocasião, quando parlamentares do Brasil e da Alemanha trocaram experiências sobre o exercício do mandato legislativo, os mecanismos de participação social e o funcionamento das casas legislativas. O seminário e a edição do livro foram realizados em parceria com o Instituto Rosa Luxemburg Stifitung e faz parte do programa de formação de vereadores do Partido dos Trabalhadores.
O ESTADO BRASILEIRO EM DEBATE: ENTRE AS MUDANÇAS NECESSÁRIAS E AS ELEIÇÕES 2014UFPB
O debate sobre “Qual o Estado que queremos?” e “Estado para quê e para quem?” percebe-se que é evitado por muitos setores e grupos políticos tanto de oposição, como alguns grupos partidários que compõem a situação no atual governo. Além de ser um debate considerado “complicado” do ponto de vista teórico, técnico e político, é considerado pouco viável do ponto de vista eleitoral. Claro, que, além disso, propor o debate sobre um Estado promotor de igualdade social tenderia a desestabilizar zonas de conforto, desconcentrar poder e recursos públicos direcionados para corporações e grupos mercantis privados. Esse debate sobre Estado no Brasil junto com a sociedade talvez seja adiado por muito tempo ainda, por mais que não faltem evidências de que precisa ser feito.
Pesquisa Datafolha mostra que 71% dos brasileiros são contra a reforma da Previdência. Há maioria antirreforma entre todos os grupos sociodemográficos do País. O Datafolha fez 2.781 entrevistas em 172 municípios na quarta (26) e na quinta (27), antes da greve geral contra o governo Temer ocorrida no dia 28/04/2017. Para 60% dos brasileiros, a reforma trabalhista proposta por Michel Temer irá beneficiar, sobretudo os patrões, de acordo com a última pesquisa Datafolha. A maioria dos brasileiros acha que a reforma trabalhista e a terceirização privilegiam mais os empresários do que os trabalhadores. Ainda segundo o levantamento, os próprios empresários também pensam assim. Este quadro demonstra a existência de um verdadeiro divórcio entre o Estado e a Sociedade Civil no Brasil.
OS CENÁRIOS DAS ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS NO BRASIL.pdfFaga1939
Este artigo tem por objetivo traçar cenários para as eleições presidenciais do Brasil em 2022. Na disputa pela Presidência da República, Lula e Bolsonaro têm a preferência do eleitorado, seguidos por Ciro Gomes com larga diferença. Ao considerar Lula e Bolsonaro como seus candidatos preferenciais, o povo brasileiro não está percebendo que ambos têm programas econômicos neoliberais que, no caso de Bolsonaro, é radicalmente ultraneoliberal, enquanto no caso de Lula incorpora elementos desenvolvimentistas e humanistas. Ciro Gomes, por sua vez, que apresenta o melhor programa econômico para o Brasil porque é nacional desenvolvimentista, muito dificilmente superará Lula ou Bolsonaro no 1º turno das eleições presidenciais. Um cenário pressupõe que as eleições ocorrerão sem incidentes e o vencedor assumirá o poder a partir de 2023 e o cenário alternativo é o de não haver eleições graças ao golpe de estado a ser perpetrado por Bolsonaro antes e durante as eleições. Isto significa dizer que o Brasil poderá ter dois futuros alternativos: 1) Neoliberalismo com políticas sociais humanistas e democracia com Lula no poder se for vitorioso nas eleições se elas forem realizadas; e, 2) Ultra-neoliberalismo com arrocho social e ditadura com Bolsonaro no poder se for bem sucedido em impedir a realização de eleições.
O Brasil é hoje um país dividido entre petismo e antipetismo que se traduziu nas últimas eleições presidenciais. Tomando por base os resultados das eleições presidenciais em seu primeiro turno, constata-se que os partidários do PT representam 41,59% (eleitores de Dilma Roussef). A diferença (58,41%) representa o posicionamento de oponentes do PT que não aceitam a política posta em prática por este partido e seus dirigentes na condução dos destinos da nação. A existência de um país dividido e radicalizado que se registra no momento faz com que se torne uma tarefa de difícil realização para Dilma Roussef governar o Brasil. A permanência do PT no poder com a vitória de Dilma Roussef no segundo turno das eleições se constitui em fator de instabilidade político institucional porque sem o apoio da maioria da nação ela perdeu a condição de governar a nação. Dilma Roussef passou a ser uma cópia de Nicolas Maduro na presidência da Venezuela que enfrenta sérios problemas de governabilidade em seu país profundamente dividido. A governabilidade de um país por um governante não depende apenas da legitimidade obtida com a vitória nas eleições presidenciais, mas fundamentalmente do apoio efetivo da grande maioria da nação.
O gigantesco impasse político do brasil e seus cenários futurosFernando Alcoforado
O gigantesco impasse político do Brasil no momento atual só será resolvido efetivamente com a convocação de uma nova Assembleia Constituinte para ordenar a vida nacional em novas bases. Só assim será possível fazer com que a crise econômica atual possa ser resolvida e sejam evitados os escândalos de corrupção que se sucedem continuamente nos tempos atuais envolvendo todos os poderes da República no Brasil e mais recentemente a Petrobras. Só assim será possível fazer frente à falência da democracia representativa no país que manifesta sinais claros de esgotamento não apenas pelos escândalos de corrupção nos poderes da República, mas, sobretudo, ao desestimular a participação popular, reduzindo a atividade política a processos eleitorais que se repetem periodicamente em que o povo elege seus ditos representantes os quais, com poucas exceções, após as eleições passam a defender interesses de grupos econômicos em contraposição aos interesses daqueles que os elegeram.
Depois da romaria eleitoral o programa segue dentro de momentosGRAZIA TANTA
1 – Os acontecimentos recentes
2 – Cenários para os próximos tempos
A1 – Passos e o acólito Portas conseguem governar com a compreensão do PS
A2 – Formação de um bloco central com ou sem Portas como adereço
A3 – A solução Papademos
A4 – A maioria de “esquerda”
3 – Notas sobre os intervenientes
4 - Os que só contam como farsa
Análise dos pré candidatos à presidência da república do brasilFernando Alcoforado
O Brasil tem pelo menos 11 pré-candidatos à Presidência da República. São eles Lula, Bolsonaro, Ciro Gomes, Marina Silva. Manuela D´Ávila, Álvaro Dias, Geraldo Alckmim, João Amoêdo, Guilherme Boulos, Paulo Rabello de Castro e Henrique Meirelles, entre outros. O futuro do Brasil depende da capacidade do povo brasileiro de fazer as escolhas adequadas na eleição do Presidente da República e governadores estaduais e de seus representantes no Congresso Nacional e Assembleia Legislativa em 2018. O eleitor racional deveria elegê-los levando em conta suas propostas que levem à superação da crise atual e à retomada do desenvolvimento e seus compromissos com a celebração de um novo pacto social no Brasil com a convocação de uma nova Assembleia Nacional Constituinte. Estão apresentadas em seguida avaliações sobre cada um dos candidatos à Presidência da República.
Semelhante a As eleições de 2008 e as alternativas da esquerda socialista no brasil (20)
Balançoconjunturaldasituaçãodo brasil grupobrasilmar07
As eleições de 2008 e as alternativas da esquerda socialista no brasil
1. AS ELEIÇÕES DE 2008 E AS ALTERNATIVAS DA
ESQUERDA SOCIALISTA NO BRASIL
(Ivan Pinheiro*)
As eleições municipais deste ano, apesar de absolutamente
despolitizadas, acabaram por armar o cenário em que se dará a batalha
eleitoral de 2010. Se a esquerda socialista não aprender com os resultados
de 2008, vai continuar assistindo o jogo institucional de fora do campo, pela
televisão, uma briga de cachorro grande entre dois projetos, cada vez mais
parecidos, ambos se apresentando como a melhor alternativa para
destravar e alavancar o capitalismo: o campo majoritário do PT e o PSDB. O
centro do debate serão números macro-econômicos, ou seja, a comparação
entre os governos FHC e Lula do ponto de vista do "risco Brasil", do preço
do dólar, da balança comercial, das reservas internacionais, de quem criou
mais (e piores) empregos e captou mais investimentos estrangeiros. Para
usar uma expressão dos comentaristas econômicos burgueses, "quem fez
melhor o dever de casa", leia-se, quem mais favoreceu o capital, que
continua, no governo Lula, a aumentar sua participação na riqueza nacional,
em detrimento do trabalho.
E o pior é que, se a esquerda socialista e os movimentos populares
não criarem uma alternativa, quem vai decidir o jogo será o PMDB, o
partido que sai mais fortalecido dessas eleições e que já começa a falar
grosso, querendo as Presidências do Senado e da Câmara, ameaçando
candidatura própria em 2010, para negociar mais espaço de poder, além
dos seis ministérios que já ocupa. E é bom lembrar que o PMDB só tem
compromisso com Lula até 2010 e assim mesmo se o partido continuar
confortável em seu governo.
Aliás, esse jogo pode ser resolvido antes de começar o primeiro
tempo. Alguns fatores podem levar a um consenso burguês que imponha,
em 2010, uma solução de "união nacional", em torno de alguém como Aécio
Neves, que se apresenta "acima das classes e dos partidos", reencarnando
seu avô, Tancredo Neves, a julgar pela experiência piloto vitoriosa em Belo
Horizonte, onde haverá um governo de "coabitação" PT/PSDB, na barriga de
aluguel da legenda do PSB. Se este governo for um sucesso, a burguesia
pode forçar a edição nacional dessa experiência. Afinal, os dois partidos
fizeram aliança em mais de 1.000 municípios nestas eleições.
O fator com mais potencial para pressionar uma solução desse tipo é
a imprevisível crise mundial do capitalismo, que já "atravessou o Atlântico"
e começa a trazer turbulências para a economia brasileira. O agravamento
da crise e o risco de Lula ficar refém do PMDB podem levar o governo
federal para posições mais conservadoras.
Até porque a força do PMDB fica maior ainda, quando se verifica que
a disputa pelo segundo lugar, nestas eleições, entre PTxPSDB, não teve
vencedor. Não havendo uma segunda força incontestável, a primeira paira
acima das duas. Ambos saem destas eleições mais ou menos do mesmo
tamanho, em número de prefeitos e vereadores. Serra teve uma vitória em
2. São Paulo, mas com um candidato "terceirizado" , filiado ao DEM, partido
derrotado nacionalmente, condenado a sublegenda do PSDB, que consolidou
sua hegemonia na oposição de direita, que inclui (quem diria!) o PPS.
O PT ficou do mesmo tamanho, mas perdeu qualidade, saindo das
capitais mais importantes para a periferia. Perdeu três segundos turnos em
capitais para o PMDB. Não se pode dizer que Lula foi derrotado nestas
eleições, mas saiu com menos peso político. A falácia da transferência de
votos se esfarelou, praticamente tirando do páreo a candidata a "poste",
Dilma Russef, gerente principal do "choque de capitalismo" . Outro potencial
candidato da base do governo, o indefectível Cyro Gomes, pilotou um
terceiro lugar na campanha em Fortaleza, que considerava seu quintal. E
como deu trabalho para Lula eleger Luiz Marinho, em São Bernardo, onde o
Presidente mora, vota e tem seu berço político: foram necessários dois
turnos e a campanha mais cara de todo o país, na relação custo/eleitor! A
situação do PT em 2010 pode não ser confortável. Pela primeira vez, Lula
não será candidato a Presidente e até agora não apareceu o "candidato
natural" do Partido.
Diante deste quadro, deve saltar aos olhos de quem se considera de
esquerda a necessidade de se tentar criar uma alternativa à bipolaridade
conservadora ou ao consenso burguês. A primeira coisa é abandonar a
ilusão de uma candidatura "de esquerda" do PT à sucessão de Lula (que
nem é "de esquerda"), até porque qualquer candidatura do PT só terá
alguma possibilidade se aprovada pelo PMDB. Aliás, pode acontecer de o
PMDB oferecer a Vice ao PT em 2010, pois, com a crise econômica, a
tendência é que Lula, na ocasião, já não desfrute mais do atual índice de
popularidade.
A segunda questão é reconhecer que a frente de esquerda formada
em 2006 é absolutamente insuficiente para se auto-proclamar alternativa
de poder. Não se trata aqui de analisar a questão somente pelo resultado
eleitoral dos três partidos que a compuseram (PCB, PSOL e PSTU), que foi
abaixo da expectativa, sobretudo no caso do PSOL, partido-frente, herdeiro
de uma tradição eleitoral da antiga esquerda do PT, portador de quatro
mandatos no Congresso Nacional. Os resultados matemáticos desses
partidos foram fracos, principalmente pela desigualdade de condições frente
aos partidos burgueses e reformistas, que dispõem de recursos fabulosos
dos setores do capital que os financiam. Mas o fato é que esses três
partidos, mesmo juntos, não se tem apresentado como uma real alternativa
de poder.
Tanto é que a frente de esquerda não se reproduziu nacionalmente
nestas eleições exatamente porque em 2006 não passou de uma coligação
eleitoral, sem sequer um programa, sem continuidade, sem se transformar
numa FRENTE POLÍTICA real, permanente. Uma frente de esquerda tem
que apresentar um projeto político alternativo, para além das eleições, e
não ser um mero expediente para eleger parlamentares e dar musculatura a
máquinas partidárias.
A criação de uma alternativa real de poder em 2010 não pode ser
apenas um ato de vontade da esquerda. Se o movimento de massas não se
3. reanimar, a reedição de uma frente de partidos com registro em 2010 (PCB,
PSOL e PSTU) será apenas um gesto burocrático, mais uma coligação
eleitoral, fadada novamente à derrota. O que precisamos, além de apostar
no movimento de massas, é constituir uma FRENTE POLÍTICA, baseada num
programa comum e na unidade de ação, uma frente muito mais ampla do
que esses três partidos citados e que incorpore outras organizações
populares, movimentos sociais, personalidades e correntes de esquerda não
registradas no TSE, até para enfrentar as conseqüências da crise do
capitalismo, que certamente recairão nas costas dos trabalhadores e do
povo em geral.
Mas não pode ser uma frente política apenas para disputar eleições,
mas para unir, organizar e mobilizar os setores populares num bloco
histórico para lutar por uma alternativa de esquerda para o país, capaz de
galvanizar os trabalhadores pelas transformações econômicas, sociais e
políticas, na construção de uma sociedade fraterna e solidária. As
experiências recentes na América Latina mostram que a esquerda socialista
só tem possibilidade de se tornar alternativa de poder e de realizar
mudanças a partir de eleições, se a vitória eleitoral for produto do avanço
do movimento de massas e se vier a enfrentar os inimigos de classe e
romper os limites da legalidade burguesa.
(*) Ivan Pinheiro é Secretário Geral do PCB (Partido Comunista Brasileiro)