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III SEMINÁRIO INTERNACIONAL GÊNERO, CULTURA E MUDANÇA
UM OLHAR SOBRE AS INTERAÇOES AFETIVAS HOMENS AFRICANOS NO CONTEXTO DE
MIGRAÇÃO ESTUDANTIL EM FORTALEZA
A VIEW OF AFFECTIVE INTERACTIONS RELATED TO AFRICAN MALES WITHIN THE
CONTEXT OF STUDENT MIGRATION IN FORTALEZA
LANGA, Ercílio Neves Brandão1
Resumo
Este paper aborda as interações afetivas de estudantes africanos residentes em Fortaleza. No contexto dessa migração
estudantil, os africanos não estão inteirados dos limites sociais tradicionais existentes na sociedade fortalezense. Sua
presença e interações afetivas rompem com algumas fronteiras, socialmente estabelecidas nesta metrópole. Seus
relacionamentos articulam dimensões como gênero, raça, classe, etnia, formato de corpo e de cabelo e outras
interseccionalidades, que se sobrepõem e se intersectam como atributos desejáveis e/ou atraentes. Assim, indago-me
sobre o que a experiência de migração produz nas suas identidades étnicoraciais e afetivo-sexuais? Desenvolvo essa
pesquisa através de observações etnográficas, com recurso a conversas informais e entrevistas abertas com esses
sujeitos.
Palavras-chave: Migração estudantil africana, Interações afetivo-sexuais, Interseccionalidades.
Abstract
This paper approaches affective interactions related to male African students living in Fortaleza. Within the context of
that student migration, the Africans are not aware of traditional social limits existing in the local society. The presence of
those nationals and their affective interactions burst open some frontiers that were socially established in this metropolis.
Their relationships articulate dimensions such as gender, race, social class, ethnics, body and hair configurations and
other intersectionalities that overlap and intercept as desired and/or attractive features. What is it, then, the upshot of the
migration experience on those identities characterized by ethnic, racial and sexual hues? This research is developed by
means of ethnographic observations, informal dialogues and open interviews involving the subjects.
Key Words: Migration of African Students, Affective-Sexual Interactions, Intersectionalities.
Introdução: contextualizando as interações afetivas entre africanos e brasileiras em
Fortaleza
A presença de estudantes africanos no estado do Ceará teve início na segunda metade da
década de 1990, com o primeiro grupo oriundo de Angola. Nesse período, vinham somente
estudantes de países africanos que falam a língua portuguesa para integrar-se na Universidade
Federal do Ceará (UFC), através do Programa de Estudantes Convênio – de Graduação (PEC-G).
A partir de 1998, inicia-se a imigração de estudantes bissau-guineenses e cabo-verdianos e, dois
anos depois, estudantes são-tomenses, angolanos e moçambicanos. No início dos anos 2000, há
um aumento significativo do número de estudantes africanos residentes no Ceará, cuja maioria
vem estudar em faculdades particulares, com contratos firmados em seus países de origem, a
partir de publicidade e vestibulares realizados em Guiné-Bissau.
O aumento da imigração de estudantes africanos para o Brasil, no início do século XXI,
1
Doutorando em Sociologia, Universidade Federal do Ceará (UFC), Fortaleza-Ce. E-mail: ercilio.langa@gmail.com.
2
também foi impulsionado pelo discurso governamental do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e
sua política de cooperação e aproximação com a África. Tal política de cooperação, em curso,
visa particularmente atingir o ensino superior, através de criação de distintos mecanismos, como
estágios profissionais, bolsas de estudo e convênios, no sentido de viabilizar a vinda de africanos
para estudar no Brasil. Nesse contexto da migração estudantil, nos encontros cotidianos, em
diferentes situações e circunstâncias, cearenses e africanos, de ambos os sexos, olham-se de
forma ambivalente, discriminando-se e sexualizando-se.
Nas interações, os estudantes africanos, na condição de negros e imigrantes, portanto,
sujeitos marginais, são colocados em posição inferior e de subalternidade, ocupando um lugar
secundarizado em termos de preferências afetivas para relacionamentos estáveis. Ao mesmo
tempo em que são objeto de estigma, os estudantes africanos são também objeto de desejo
sexual para encontros fortuitos, sem compromissos afetivos. Por sua vez, africanos também
desenvolvem olhares estigmatizantes em relação, sobretudo, à população composta por lésbicas,
gays, bissexuais e travestis (LGBT). No entanto, no âmbito da presença africana, tem-se, ainda
com menor expressão e visibilidade, trocas de olhares entre africanos(as) e brasileiros(as) do
mesmo sexo que, assumem distintas identidades como homossexuais, gays, e lésbicas, em
relações veladas, subterrâneas, não assumidas em público.
Uma via investigativa fecunda é considerar o universo simbólico que circunscreve os
negros no imaginário brasileiro. A rigor, os olhares que discriminam e, ao mesmo tempo,
sexualizam negros e negras africanas têm raízes históricas no Brasil, remontando ao período da
escravidão, com ressignificações contemporâneas.
De fato, as relações afetivo-sexuais entre africanos(as) e brasileiros(as) são dominadas
por representações hipersexualizadas acerca do “outro”, no tocante às performances, aptidão e
tamanho dos órgãos sexuais, revelando desejo e fetiche sexual acerca do homem africano, tido,
no imaginário social, como “bom de cama”, insaciável, com performances sexuais acima da média
e sempre disponível para satisfazer fantasias de mulheres e homens cearenses. Entre os
africanos, o Brasil é visto como um lugar exótico, país do carnaval e da sexualidade liberada,
caracterizado pela diversidade sexual e de gênero. Durante os momentos de interação, há esforço
de africanos e de brasileiros para encarnar estereótipos existentes acerca da sexualidade do
outro, dominados por curiosidade e interesses mútuos onde a raça é peça fundamental da
diferença cultural. Nesse tipo de busca, e aproximações, a iniciativa pode partir tanto de africanos,
assim como de brasileiros. Tais encontros articulam gênero, raça, etnicidade e são mediados por
sexo, afetos, presentes e dinheiro (PISCITELLI et al., 2011).2
2
Em seu trabalho, Piscitelli et al., (2011) interessam-se, particularmente, pelas interações afetivo-sexuais entre imigrantes do sexo
masculino de países pobres com mulheres, gays e travestis de outros mais desenvolvidos, que envolvem estereótipos, relações de
dominação, casamentos binacionais etc.
3
É fato inconteste que raça, sexo, formas corporais e cabelos apresentam-se como fatores
de atração, existindo preferência de africanos por mulheres brasileiras corpulentas, de pernas
grossas, de pele mais clara e, particularmente, por mulheres louras. Nesse mercado sexual,
africanos têm preferência por mulheres brasileiras brancas em detrimento das brasileiras negras e
das mulheres africanas. Nessas relações, as mulheres brasileiras bancam quase tudo, ou seja,
pagam as contas no cotidiano, em supermercados, lojas, restaurantes, aluguel de apartamentos,
mensalidades das faculdades e outras formas de ajuda.
O fato de mulheres brasileiras não assumirem, publicamente, o relacionamento afetivo com
africanos, o caráter descartável das relações, o ficar – relações fugazes e fluídas que podem durar
de algumas horas a uma semana, ou um mês no máximo, são outras situações que representam
violência simbólica3
que, atinge os homens africanos na sua autoestima, ao mesmo tempo que
viabilizam melhores condições de vivência na diáspora. Nesse padrão de interação, são as
brasileiras quem mandam e ditam os momentos, as circunstâncias e os lugares em que estas
relações podem ocorrer. Nesses processos, os homens africanos terminam por experienciar
posições inversas que as assumidas no contexto das suas terras de origem, perpassadas de
configurações machistas, de dominância e mando.
Percursos metodológicos: uma etnografia de “perto e de dentro” da migração estudantil
Na condição de estudante moçambicano integrante dessa migração, tenho observado as
interações afetivas entre africanos e africana e entre africano(a) e brasileiro(a)s no cotidiano e nas
festas africanas, bares, boates e discotecas. Tais locais constituem outro espaço privilegiado de
observação, tornando possível fazer uma “etnografia das noites”, descrevendo os rituais, as
interações e as performances dos atores envolvidos. Essa metodologia é inspirada em Magnani
(2002) em estudos sobre a juventude, cidade e etnografia, que o autor designa de olhares “de fora
e de longe” e “de perto e de dentro”. A partir desses olhares, Magnani analisa a dinâmica cultural
e formas de sociabilidade nas grandes cidades. As situações vivenciadas enquanto estudante
africano, que pesquisa, esse “pedaço” africano em Fortaleza nos termos de Magnani (2002), ou
seja, a comunidade em que estou inserido permite-me, privilegiar uma observação de “perto e de
dentro”. Ao mesmo tempo, o fato de pesquisar o cotidiano desses sujeitos na sociedade cearense,
com cultura, contexto e instituições diferentes das encontradas em África, proporciona um olhar
“de fora e de longe”.
3
De acordo com Bourdieu (2002), a violência simbólica se institui por intermédio da adesão que o dominado não pode deixar de
conceder ao dominante quando ele dispõe – para pensar e para se pensar, ou para pensar a sua relação com ele- mais do que
instrumentos de conhecimento que ambos têm em comum e que, não sendo mais que a forma incorporada da relação de dominação,
faz esta relação ser vista como natural. Assim, as classificações são incorporadas e naturalizadas, como por exemplo, alto/baixo,
masculino/feminino, negro/branco.
4
Preferências afetivas, interseccionalidades e a dominação nas interações dos africanos
As preferências afetivo-sexuais, fundadas em determinados atributos tidos como
desejáveis e atraentes – raça, origem, cor do cabelo, formato do corpo, classe, posição social,
renda e outras formas de afirmação e diferenciação – encarnam múltiplas expressões
discriminatórias, configurando aquilo que Crenshaw (2002) e Piscitelli (2008) designam de
“discriminação interseccional ou interseccionalidade”. Crenshaw (2002) argumenta que as
discriminações de raça, etnia, gênero, classe, renda, não são mutuamente excludentes, e assim,
muitas vezes se sobrepõem e se intersectam, criando complexas conexões onde se juntam dois,
três ou mais elementos. Assim, a autora propõe a noção de discriminação interseccional como
uma ferramenta capaz de circunscrever hibridizações nos processos discriminatórios. Tomando
como exemplo a discriminação racial, Crenshaw aponta que, em determinados contextos, esse
fenômeno se apresenta de maneira específica e diferenciada para os indivíduos, atingindo, de
formas distintas, homens e mulheres.
Já Piscitelli (2008) propõe a interseccionalidade como categoria analítica para apreender a
articulação de múltiplas formas de diferenças e desigualdades, esclarecendo que em muitas
situações, não se trata somente de discriminação racial, étnica, sexual, de gênero ou de classe
em esferas separadas, mas, sim, da diferença em seu sentido amplo a articular múltiplas
expressões de discriminação. Tal noção se baseia na premissa de que as pessoas têm
identidades múltiplas, derivadas das relações sociais, históricas e estruturas de poder,
experimentando de forma diferente as várias formas de dominação e discriminação nas suas
trajetórias.
Cumpre salientar que as interações entre jovens africanos e mulheres e homens brasileiros
também ocorrem em meio a tensões e choques culturais e, alguns africanos e africanas sentem-
se usados em relacionamentos permeados de poder e de dominação simbólicos (BOURDIEU,
2002). Nessas relações, as mulheres brasileiras bancam quase tudo, ou seja, pagam as contas no
cotidiano, em supermercados, lojas, restaurantes, aluguel de apartamentos, mensalidades das
faculdades e outras formas de ajuda.
Em seu habitus (BOURDIEU, 2003), os estudantes tendem a gostar de “mulheres
cheinhas”, com carne, com seios e bundas avantajadas, tal é tipo ideal de mulher gostosa,
propalada pelos africanos. Já entre mulheres brasileiras, existe a atração por africanos de pele
mais escura, pelos mais altos e de corpo atlético. Cabe considerar que essa migração assume
expressões heterogêneas, com estudantes de diferentes países, regiões e culturas, embora, ao
mesmo tempo, tais sujeitos apresentem aspectos comuns, um habitus africano, como princípio a
estruturar modos de viver, no contexto de imigração (BOURDIEU, 2003, p.125).
5
Normalmente, as brasileiras que se interessam pelos estudantes africanos são mulheres
brancas mais velhas, coroas, mas também moças das classes populares, mulheres gordas, ou
que não se enquadram no ideal estético e de beleza vigentes na sociedade brasileira. A noção de
coroa configura uma categoria nativa brasileira com que se designam mulheres e homens mais
velhos(as). Entretanto, essa categoria é ressignificada pelos estudantes africanos, que passam a
chamar de coroas não somente ás mulheres mais velhas, mas também aquelas que não se
enquadram no ideal estético vigentes no Brasil
Algumas dessas mulheres possuem uma renda mediana ou alta, poder de compra e de
consumo, carro, casa própria, carreira profissional, condições que, muitas vezes, atraem os caça-
brasileiras,4
jovens estudantes africanos que somente se relacionam afetiva e sexualmente com
mulheres brasileiras. Nesses processos, os homens africanos terminam por experienciar posições
inversas que as assumidas no contexto das suas terras de origem, perpassadas de configurações
machistas, de dominância e mando. Por fim, torna-se necessário ressaltar o papel da violência,
que parece permear e estruturar suas relações afetivas com homens africanos, tidos como
“brutos”. De fato, são notórias as queixas de mulheres africanas e brasileiras sobre a violência nos
relacionamentos com homens africanos.5
Considerações finais
Neste artigo, analisei as interações afetivas vivenciadas por jovens africanos de ambos os
sexos, no contexto da imigração estudantil em Fortaleza. Até ao momento, concluo que as festas
e as relações afetivas abrem preciosas janelas para apreciar e compreender processos de
negociações identitárias em relação à classe, raça, gênero, sexualidade e outros atributos,
engendrados pelos os estudantes africanos na diáspora. Durante as interações, tais atributos se
sobrepõem e se intersectam criando correlações diversas que atingem homens e mulheres de
formas distintas. Nesses processos, os rapazes experienciam posições inversas que as
assumidas no contexto de suas terras de origem, já as moças, se envolvem em nítidas relações
de submissão, a envolver dependência econômico-financeira, em seus relacionamentos tanto com
africanos, como com brasileiros, em relações não estão isentas de choques culturais, assim como
de relações de poder e dominação. Mesmo assim, esses padrões de interações não impedem os
sujeitos de negociar suas posições sociais.
4
Termo inspirado em Cantalice (2009), na sua análise acerca das interações afetivo-sexuais entre jovens brasileiros e turistas do sexo
feminino de países nórdico-europeus.
5
São incontestes os episódios de violência física de homens africanos em seus relacionamentos com mulheres africanas e brasileiras.
Tal fato torna-se visível pela quantidade de denúncias feitas por amigos e vizinhos, assim como pelos Boletins de Ocorrência abertos
por mulheres brasileiras, na única Delegacia da Mulher existente em Fortaleza. Se as mulheres brasileiras denunciam essas situações
e dirigem-se à delegacia, as mulheres africanas parecem consentir tal violência. Assim, torna-se necessária uma pesquisa sobre a
violência no namoro e no ficar com homens africanos e, o diferencial nas reações entre mulheres africanas e brasileiras diante da
violência.
6
Referências
BOURDIEU, Pierre. A Distinção: crítica social do julgamento. 1ª reimp. São Paulo: Edusp,
2008.
______. Questões de sociologia. Lisboa: Fim de Século, 2003.
______. A Dominação Masculina. 2ª ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2002.
CANTALICE, Tiago da Silva T. “Dando um Banho de Carinho!” - os caça-gringas e as
interações afetivo–sexuais em contextos de viagem turística (Pipa-RN). 2009. 260 p.
Dissertação (Mestrado em Antropologia) – Centro de Filosofia e Ciências Humanas. Universidade
Federal de Pernambuco- RE, 2009.
CRENSHAW, Kimberlé. Documento para o encontro de especialistas em aspectos da
discriminação racial relativos ao gênero. Revista Estudos Feministas, v.10, n.001, jan. 2002, p.
171-188.
GEERTZ, Clifford. “Do Ponto de Vista dos Nativos”: a natureza do entendimento antropológico.
In_______. O Saber Local: novos ensaios em antropologia interpretativa. 8ª ed. Petrópolis:
Vozes, 2006, p. 85-107.
GOFFMAN, Erving. Estigma: notas sobre a manipulação da Identidade deteriorada. 4ª ed. Rio
de Janeiro: LTC,1988.
MAGNANI, Guilherme. De perto e de dentro: notas para uma etnografia urbana. Revista
Brasileira de Ciências Sociais, vol. 17, n. 49, jun. 2002, p. 11-30.
PISCITELLI, Adriana. Interseccionalidades, categorias de articulação e experiências de migrantes
brasileiras. Revista Sociedade e Cultura, v.11, n.2, jul./dez. 2008. p. 263-274.
__________________. Introdução: transitando através de fronteiras. In:________ et al. (orgs.).
Gênero, sexo, amor e dinheiro: mobilidades transnacionais envolvendo o Brasil.
Campinas/São Paulo: UNICAMP/PAGU, 2011. p. 5-30.

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UM OLHAR SOBRE AS INTERAÇOES AFETIVAS HOMENS AFRICANOS NO CONTEXTO DE MIGRAÇÃO ESTUDANTIL EM FORTALEZA. Curta Genero 2014. Ercílio Langa

  • 1. 1 III SEMINÁRIO INTERNACIONAL GÊNERO, CULTURA E MUDANÇA UM OLHAR SOBRE AS INTERAÇOES AFETIVAS HOMENS AFRICANOS NO CONTEXTO DE MIGRAÇÃO ESTUDANTIL EM FORTALEZA A VIEW OF AFFECTIVE INTERACTIONS RELATED TO AFRICAN MALES WITHIN THE CONTEXT OF STUDENT MIGRATION IN FORTALEZA LANGA, Ercílio Neves Brandão1 Resumo Este paper aborda as interações afetivas de estudantes africanos residentes em Fortaleza. No contexto dessa migração estudantil, os africanos não estão inteirados dos limites sociais tradicionais existentes na sociedade fortalezense. Sua presença e interações afetivas rompem com algumas fronteiras, socialmente estabelecidas nesta metrópole. Seus relacionamentos articulam dimensões como gênero, raça, classe, etnia, formato de corpo e de cabelo e outras interseccionalidades, que se sobrepõem e se intersectam como atributos desejáveis e/ou atraentes. Assim, indago-me sobre o que a experiência de migração produz nas suas identidades étnicoraciais e afetivo-sexuais? Desenvolvo essa pesquisa através de observações etnográficas, com recurso a conversas informais e entrevistas abertas com esses sujeitos. Palavras-chave: Migração estudantil africana, Interações afetivo-sexuais, Interseccionalidades. Abstract This paper approaches affective interactions related to male African students living in Fortaleza. Within the context of that student migration, the Africans are not aware of traditional social limits existing in the local society. The presence of those nationals and their affective interactions burst open some frontiers that were socially established in this metropolis. Their relationships articulate dimensions such as gender, race, social class, ethnics, body and hair configurations and other intersectionalities that overlap and intercept as desired and/or attractive features. What is it, then, the upshot of the migration experience on those identities characterized by ethnic, racial and sexual hues? This research is developed by means of ethnographic observations, informal dialogues and open interviews involving the subjects. Key Words: Migration of African Students, Affective-Sexual Interactions, Intersectionalities. Introdução: contextualizando as interações afetivas entre africanos e brasileiras em Fortaleza A presença de estudantes africanos no estado do Ceará teve início na segunda metade da década de 1990, com o primeiro grupo oriundo de Angola. Nesse período, vinham somente estudantes de países africanos que falam a língua portuguesa para integrar-se na Universidade Federal do Ceará (UFC), através do Programa de Estudantes Convênio – de Graduação (PEC-G). A partir de 1998, inicia-se a imigração de estudantes bissau-guineenses e cabo-verdianos e, dois anos depois, estudantes são-tomenses, angolanos e moçambicanos. No início dos anos 2000, há um aumento significativo do número de estudantes africanos residentes no Ceará, cuja maioria vem estudar em faculdades particulares, com contratos firmados em seus países de origem, a partir de publicidade e vestibulares realizados em Guiné-Bissau. O aumento da imigração de estudantes africanos para o Brasil, no início do século XXI, 1 Doutorando em Sociologia, Universidade Federal do Ceará (UFC), Fortaleza-Ce. E-mail: ercilio.langa@gmail.com.
  • 2. 2 também foi impulsionado pelo discurso governamental do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e sua política de cooperação e aproximação com a África. Tal política de cooperação, em curso, visa particularmente atingir o ensino superior, através de criação de distintos mecanismos, como estágios profissionais, bolsas de estudo e convênios, no sentido de viabilizar a vinda de africanos para estudar no Brasil. Nesse contexto da migração estudantil, nos encontros cotidianos, em diferentes situações e circunstâncias, cearenses e africanos, de ambos os sexos, olham-se de forma ambivalente, discriminando-se e sexualizando-se. Nas interações, os estudantes africanos, na condição de negros e imigrantes, portanto, sujeitos marginais, são colocados em posição inferior e de subalternidade, ocupando um lugar secundarizado em termos de preferências afetivas para relacionamentos estáveis. Ao mesmo tempo em que são objeto de estigma, os estudantes africanos são também objeto de desejo sexual para encontros fortuitos, sem compromissos afetivos. Por sua vez, africanos também desenvolvem olhares estigmatizantes em relação, sobretudo, à população composta por lésbicas, gays, bissexuais e travestis (LGBT). No entanto, no âmbito da presença africana, tem-se, ainda com menor expressão e visibilidade, trocas de olhares entre africanos(as) e brasileiros(as) do mesmo sexo que, assumem distintas identidades como homossexuais, gays, e lésbicas, em relações veladas, subterrâneas, não assumidas em público. Uma via investigativa fecunda é considerar o universo simbólico que circunscreve os negros no imaginário brasileiro. A rigor, os olhares que discriminam e, ao mesmo tempo, sexualizam negros e negras africanas têm raízes históricas no Brasil, remontando ao período da escravidão, com ressignificações contemporâneas. De fato, as relações afetivo-sexuais entre africanos(as) e brasileiros(as) são dominadas por representações hipersexualizadas acerca do “outro”, no tocante às performances, aptidão e tamanho dos órgãos sexuais, revelando desejo e fetiche sexual acerca do homem africano, tido, no imaginário social, como “bom de cama”, insaciável, com performances sexuais acima da média e sempre disponível para satisfazer fantasias de mulheres e homens cearenses. Entre os africanos, o Brasil é visto como um lugar exótico, país do carnaval e da sexualidade liberada, caracterizado pela diversidade sexual e de gênero. Durante os momentos de interação, há esforço de africanos e de brasileiros para encarnar estereótipos existentes acerca da sexualidade do outro, dominados por curiosidade e interesses mútuos onde a raça é peça fundamental da diferença cultural. Nesse tipo de busca, e aproximações, a iniciativa pode partir tanto de africanos, assim como de brasileiros. Tais encontros articulam gênero, raça, etnicidade e são mediados por sexo, afetos, presentes e dinheiro (PISCITELLI et al., 2011).2 2 Em seu trabalho, Piscitelli et al., (2011) interessam-se, particularmente, pelas interações afetivo-sexuais entre imigrantes do sexo masculino de países pobres com mulheres, gays e travestis de outros mais desenvolvidos, que envolvem estereótipos, relações de dominação, casamentos binacionais etc.
  • 3. 3 É fato inconteste que raça, sexo, formas corporais e cabelos apresentam-se como fatores de atração, existindo preferência de africanos por mulheres brasileiras corpulentas, de pernas grossas, de pele mais clara e, particularmente, por mulheres louras. Nesse mercado sexual, africanos têm preferência por mulheres brasileiras brancas em detrimento das brasileiras negras e das mulheres africanas. Nessas relações, as mulheres brasileiras bancam quase tudo, ou seja, pagam as contas no cotidiano, em supermercados, lojas, restaurantes, aluguel de apartamentos, mensalidades das faculdades e outras formas de ajuda. O fato de mulheres brasileiras não assumirem, publicamente, o relacionamento afetivo com africanos, o caráter descartável das relações, o ficar – relações fugazes e fluídas que podem durar de algumas horas a uma semana, ou um mês no máximo, são outras situações que representam violência simbólica3 que, atinge os homens africanos na sua autoestima, ao mesmo tempo que viabilizam melhores condições de vivência na diáspora. Nesse padrão de interação, são as brasileiras quem mandam e ditam os momentos, as circunstâncias e os lugares em que estas relações podem ocorrer. Nesses processos, os homens africanos terminam por experienciar posições inversas que as assumidas no contexto das suas terras de origem, perpassadas de configurações machistas, de dominância e mando. Percursos metodológicos: uma etnografia de “perto e de dentro” da migração estudantil Na condição de estudante moçambicano integrante dessa migração, tenho observado as interações afetivas entre africanos e africana e entre africano(a) e brasileiro(a)s no cotidiano e nas festas africanas, bares, boates e discotecas. Tais locais constituem outro espaço privilegiado de observação, tornando possível fazer uma “etnografia das noites”, descrevendo os rituais, as interações e as performances dos atores envolvidos. Essa metodologia é inspirada em Magnani (2002) em estudos sobre a juventude, cidade e etnografia, que o autor designa de olhares “de fora e de longe” e “de perto e de dentro”. A partir desses olhares, Magnani analisa a dinâmica cultural e formas de sociabilidade nas grandes cidades. As situações vivenciadas enquanto estudante africano, que pesquisa, esse “pedaço” africano em Fortaleza nos termos de Magnani (2002), ou seja, a comunidade em que estou inserido permite-me, privilegiar uma observação de “perto e de dentro”. Ao mesmo tempo, o fato de pesquisar o cotidiano desses sujeitos na sociedade cearense, com cultura, contexto e instituições diferentes das encontradas em África, proporciona um olhar “de fora e de longe”. 3 De acordo com Bourdieu (2002), a violência simbólica se institui por intermédio da adesão que o dominado não pode deixar de conceder ao dominante quando ele dispõe – para pensar e para se pensar, ou para pensar a sua relação com ele- mais do que instrumentos de conhecimento que ambos têm em comum e que, não sendo mais que a forma incorporada da relação de dominação, faz esta relação ser vista como natural. Assim, as classificações são incorporadas e naturalizadas, como por exemplo, alto/baixo, masculino/feminino, negro/branco.
  • 4. 4 Preferências afetivas, interseccionalidades e a dominação nas interações dos africanos As preferências afetivo-sexuais, fundadas em determinados atributos tidos como desejáveis e atraentes – raça, origem, cor do cabelo, formato do corpo, classe, posição social, renda e outras formas de afirmação e diferenciação – encarnam múltiplas expressões discriminatórias, configurando aquilo que Crenshaw (2002) e Piscitelli (2008) designam de “discriminação interseccional ou interseccionalidade”. Crenshaw (2002) argumenta que as discriminações de raça, etnia, gênero, classe, renda, não são mutuamente excludentes, e assim, muitas vezes se sobrepõem e se intersectam, criando complexas conexões onde se juntam dois, três ou mais elementos. Assim, a autora propõe a noção de discriminação interseccional como uma ferramenta capaz de circunscrever hibridizações nos processos discriminatórios. Tomando como exemplo a discriminação racial, Crenshaw aponta que, em determinados contextos, esse fenômeno se apresenta de maneira específica e diferenciada para os indivíduos, atingindo, de formas distintas, homens e mulheres. Já Piscitelli (2008) propõe a interseccionalidade como categoria analítica para apreender a articulação de múltiplas formas de diferenças e desigualdades, esclarecendo que em muitas situações, não se trata somente de discriminação racial, étnica, sexual, de gênero ou de classe em esferas separadas, mas, sim, da diferença em seu sentido amplo a articular múltiplas expressões de discriminação. Tal noção se baseia na premissa de que as pessoas têm identidades múltiplas, derivadas das relações sociais, históricas e estruturas de poder, experimentando de forma diferente as várias formas de dominação e discriminação nas suas trajetórias. Cumpre salientar que as interações entre jovens africanos e mulheres e homens brasileiros também ocorrem em meio a tensões e choques culturais e, alguns africanos e africanas sentem- se usados em relacionamentos permeados de poder e de dominação simbólicos (BOURDIEU, 2002). Nessas relações, as mulheres brasileiras bancam quase tudo, ou seja, pagam as contas no cotidiano, em supermercados, lojas, restaurantes, aluguel de apartamentos, mensalidades das faculdades e outras formas de ajuda. Em seu habitus (BOURDIEU, 2003), os estudantes tendem a gostar de “mulheres cheinhas”, com carne, com seios e bundas avantajadas, tal é tipo ideal de mulher gostosa, propalada pelos africanos. Já entre mulheres brasileiras, existe a atração por africanos de pele mais escura, pelos mais altos e de corpo atlético. Cabe considerar que essa migração assume expressões heterogêneas, com estudantes de diferentes países, regiões e culturas, embora, ao mesmo tempo, tais sujeitos apresentem aspectos comuns, um habitus africano, como princípio a estruturar modos de viver, no contexto de imigração (BOURDIEU, 2003, p.125).
  • 5. 5 Normalmente, as brasileiras que se interessam pelos estudantes africanos são mulheres brancas mais velhas, coroas, mas também moças das classes populares, mulheres gordas, ou que não se enquadram no ideal estético e de beleza vigentes na sociedade brasileira. A noção de coroa configura uma categoria nativa brasileira com que se designam mulheres e homens mais velhos(as). Entretanto, essa categoria é ressignificada pelos estudantes africanos, que passam a chamar de coroas não somente ás mulheres mais velhas, mas também aquelas que não se enquadram no ideal estético vigentes no Brasil Algumas dessas mulheres possuem uma renda mediana ou alta, poder de compra e de consumo, carro, casa própria, carreira profissional, condições que, muitas vezes, atraem os caça- brasileiras,4 jovens estudantes africanos que somente se relacionam afetiva e sexualmente com mulheres brasileiras. Nesses processos, os homens africanos terminam por experienciar posições inversas que as assumidas no contexto das suas terras de origem, perpassadas de configurações machistas, de dominância e mando. Por fim, torna-se necessário ressaltar o papel da violência, que parece permear e estruturar suas relações afetivas com homens africanos, tidos como “brutos”. De fato, são notórias as queixas de mulheres africanas e brasileiras sobre a violência nos relacionamentos com homens africanos.5 Considerações finais Neste artigo, analisei as interações afetivas vivenciadas por jovens africanos de ambos os sexos, no contexto da imigração estudantil em Fortaleza. Até ao momento, concluo que as festas e as relações afetivas abrem preciosas janelas para apreciar e compreender processos de negociações identitárias em relação à classe, raça, gênero, sexualidade e outros atributos, engendrados pelos os estudantes africanos na diáspora. Durante as interações, tais atributos se sobrepõem e se intersectam criando correlações diversas que atingem homens e mulheres de formas distintas. Nesses processos, os rapazes experienciam posições inversas que as assumidas no contexto de suas terras de origem, já as moças, se envolvem em nítidas relações de submissão, a envolver dependência econômico-financeira, em seus relacionamentos tanto com africanos, como com brasileiros, em relações não estão isentas de choques culturais, assim como de relações de poder e dominação. Mesmo assim, esses padrões de interações não impedem os sujeitos de negociar suas posições sociais. 4 Termo inspirado em Cantalice (2009), na sua análise acerca das interações afetivo-sexuais entre jovens brasileiros e turistas do sexo feminino de países nórdico-europeus. 5 São incontestes os episódios de violência física de homens africanos em seus relacionamentos com mulheres africanas e brasileiras. Tal fato torna-se visível pela quantidade de denúncias feitas por amigos e vizinhos, assim como pelos Boletins de Ocorrência abertos por mulheres brasileiras, na única Delegacia da Mulher existente em Fortaleza. Se as mulheres brasileiras denunciam essas situações e dirigem-se à delegacia, as mulheres africanas parecem consentir tal violência. Assim, torna-se necessária uma pesquisa sobre a violência no namoro e no ficar com homens africanos e, o diferencial nas reações entre mulheres africanas e brasileiras diante da violência.
  • 6. 6 Referências BOURDIEU, Pierre. A Distinção: crítica social do julgamento. 1ª reimp. São Paulo: Edusp, 2008. ______. Questões de sociologia. Lisboa: Fim de Século, 2003. ______. A Dominação Masculina. 2ª ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2002. CANTALICE, Tiago da Silva T. “Dando um Banho de Carinho!” - os caça-gringas e as interações afetivo–sexuais em contextos de viagem turística (Pipa-RN). 2009. 260 p. Dissertação (Mestrado em Antropologia) – Centro de Filosofia e Ciências Humanas. Universidade Federal de Pernambuco- RE, 2009. CRENSHAW, Kimberlé. Documento para o encontro de especialistas em aspectos da discriminação racial relativos ao gênero. Revista Estudos Feministas, v.10, n.001, jan. 2002, p. 171-188. GEERTZ, Clifford. “Do Ponto de Vista dos Nativos”: a natureza do entendimento antropológico. In_______. O Saber Local: novos ensaios em antropologia interpretativa. 8ª ed. Petrópolis: Vozes, 2006, p. 85-107. GOFFMAN, Erving. Estigma: notas sobre a manipulação da Identidade deteriorada. 4ª ed. Rio de Janeiro: LTC,1988. MAGNANI, Guilherme. De perto e de dentro: notas para uma etnografia urbana. Revista Brasileira de Ciências Sociais, vol. 17, n. 49, jun. 2002, p. 11-30. PISCITELLI, Adriana. Interseccionalidades, categorias de articulação e experiências de migrantes brasileiras. Revista Sociedade e Cultura, v.11, n.2, jul./dez. 2008. p. 263-274. __________________. Introdução: transitando através de fronteiras. In:________ et al. (orgs.). Gênero, sexo, amor e dinheiro: mobilidades transnacionais envolvendo o Brasil. Campinas/São Paulo: UNICAMP/PAGU, 2011. p. 5-30.